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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA FABRÍCIA COSTA DOS SANTOS Criação de Minhocas Eisenia andrei B. em diferentes substratos para a produção de vermicomposto Altamira Pará Brasil Maio de 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE AGRONOMIA

FABRÍCIA COSTA DOS SANTOS

Criação de Minhocas Eisenia andrei B. em diferentes

substratos para a produção de vermicomposto

Altamira – Pará – Brasil

Maio de 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE AGRONOMIA

Criação de Minhocas Eisenia andrei B. em diferentes

substratos para a produção de vermicomposto

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade

Federal do Pará, como parte das exigências para a

obtenção do Título de Engenho Agrônomo.

Orientadora: Profª Drª Andréa Hentz

de Mello

Co-Orientador: Prof MSc. Fernando

Kidelmar Dantas de Oliveira

Altamira – Pará – Brasil

Maio de 2009

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“O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e de correr o risco de viver os

seus sonhos”

Paulo Coelho

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que acreditam nos benefícios da agricultura orgânica, a todos

os agricultores familiares, que sabem que existem alternativas viáveis para a agricultura,

sendo essa sustentada no bem estar de todos os seres.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer...

As palavras tornam-se poucas e inexpressíveis, talvez agradecer significaria mostrar

gratidão, render graças, recompensar alguém, mas impossível dizer e expressar todo o sentimento

de afeto e carinho que tenho aos meus amigos e companheiros, à aqueles que me ajudaram não só

a construir esse trabalho, mas também à todos os que estiveram ao meu lado durante toda a minha

vida, e principalmente durante o curso de Agronomia.

Aos que acreditaram que é possível sim criar minhocas para a produção de húmus, aos

que não desistiram e me mantiveram firme na fé para que pudesse prosseguir com os meus

projetos.

Aos amigos que cultivei durante o tempo na Universidade, aos que encontrei nas idas a

campo ou na busca por mais conhecimento, o qual descobri que é limitado, mas expansível.

Agradecer acima de tudo e de todos a Um Ser Supremo, cheio de amor e misericórdia,

que a cada dia me dá força para prosseguir e que me faz entender que podemos ser melhores se

fizermos tudo de corpo e alma, com humildade o suficiente para entender que todos somos iguais

independentemente de cor, raça, sexo ou conhecimento.

À minha razão de viver, ao ser que mais amo nessa vida, minha querida MÃEZINHA, que

me fez ser a pessoa que sou. Que muitas vezes abdicou de si própria para doar-se a mim. A esse

amor incomparável que destrói todas as barreiras e constrói o impossível. A ela que por mais que

eu fizesse ou dissesse não conseguiria agradecer por todas as bênçãos que ela trouxe para a minha

vida, que me fez ser o que sou. A ela que dizer te amo é muito pouco para demonstrar todo o

carinho e gratidão que sinto. A ela tudo o que tenho e o que sou, à minha guerreira que me ensina

o caminho e que não me deixa desistir. A ela que tem uma fé incomparável e uma força imensa.

Ao Luiz e o seu apoio com a criação de minhocas, a essa paixão pela minhocultura que só

pescador entende. Talvez por isso todos os obstáculos para aquisição de esterco, as dificuldades

na construção do minhocário tenham sido apenas um impulso para continuarmos com as nossas

“bichinhas”.

Ao meu Pai por acreditar em mim.

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Aos meus amigos Francisco e Ricardo, companheiros fiéis, que por um longo tempo

trabalharam junto comigo na produção de húmus.

A professora Andréa, minha orientadora e amiga, que me ajudou na formulação da idéia e

na elaboração do trabalho e ao professor Kidelmar que me ajudou no delineamento experimental.

Aos agricultores que me forneceram esterco. A todos que encontrava e questionava sobre

a criação de minhocas.

Aos meus familiares que me ajudaram com o material necessário, principalmente ao

Paulinho, o tio Tita, a madrinha e a Fabinha.

Aos professores do curso de Agronomia que me fizeram crescer profissionalmente, aos

que sempre estiveram dispostos a ajudar, a ouvir, a incentivar e a Universidade Federal do Pará –

UFPA, pela oportunidade de cursar Agronomia.

Aos meus amigos da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, que

me ouviram, me deram força e me ajudaram a conciliar o estágio com a elaboração do trabalho

em especial a Edna Carvalho, Jailson Brandão, Francisco Eudes, Antonio Castro e ao “garoto”

Sr. Nelson Cruz.

E finalmente ao Paulo Vitor, que durante o curso descobri que ele era mais que um amigo,

meu fiel companheiro, que sempre está ao meu lado me ajudando e me dando a direção. Dando

apoio necessário em tudo o que tenho feito, mostrando-me que nas dificuldades crescemos,

aprendemos e descobrimos a força que possuímos. A ele que me renovou o sentido da vida, que

me faz sentir feliz, apesar de tantas tribulações pelo caminho. Ao amor que ele despertou em mim

e a reciprocidade de nossa cumplicidade.

Enfim agradecer... a todos que estiveram comigo durante essa jornada.

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SUMÁRIO

Páginas

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 15

2.1 A minhocultura ................................................................................................................... 15

2.2 Vermicompostagem, sua importância e suas funções no solo ............................................... 16

2.3 Características das minhocas ............................................................................................... 20

2.4 espécie - Eisenia andrei...................................................................................................... 23

2.5 As instalações ..................................................................................................................... 24

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 27

3.1 CONSTRUÇÃO DO MINHOCÁRIO – PRIMEIRA FASE (PROJETO PILOTO) .............. 27

3.2 Os Procedimentos Realizados no Experimento – Projeto Piloto ........................................... 29

3.2.1 Distribuição dos Tratamentos ........................................................................................... 29

3.2.2 Controle da reprodução das minhocas............................................................................... 31

3.3 OS PROCEDIMENTOS REALIZADOS NA SEGUNDA FASE DO EXPERIMENTO ..... 32

3.3.1 Delineamento Experimental e distribuição dos Tratamentos nas parcelas.......................... 32

3.3.2 Preparação do substrato e da alimentação das minhocas ................................................... 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 35

4.1 Resultados obtidos no Projeto Piloto ................................................................................... 35

4.2 RESULTADOS OBTIDOS NA SEGUNDA FASE DO EXPERIMENTO .......................... 38

4.2.1 Análise de solo ................................................................................................................. 40

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 42

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 43

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 44

8.ANEXOS .............................................................................................................................. 46

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LISTA DE FIGURAS

Páginas

Figura 1: Esquema da anatomia interna de um anelideo............................................................. 21

Figura 2: A espécie Eisenia andrei ............................................................................................ 23

Figura 3: Minhocário de alvenaria, construído em um galpão reformado (antiga baia de animais)

e minhocário do tipo “campeiro”. .............................................................................................. 24

Figura 4: Minhocário em túnel baixo. ........................................................................................ 25

Figura 5: Diferentes tipos de minhocários industriais desenvolvidos pela minhobox.................. 25

Figura 6: Estrutura do minhocário do Projeto Piloto, com os quatro compartimentos utilizados,

dois compartimentos reserva e a caneleta destinada ao armazenamento de água. ....................... 26

Figura 7: Detalhe do minhocário pronto com cobertura, drenagem e proteção com tela ............ 27

Figura 8: Medida prática da umidade no substrato: A) muito seco; B) muito úmido; C) umidade

adequada. .................................................................................................................................. 28

Figura 9: Estrutura do minhocário, disposição do substrato e do alimento fornecido.................. 29

Figura 10: Retirada das minhocas e coleta – primeira fase ......................................................... 30

Figura 11: Primeira fase – quatro compartimentos destinados à avaliação, separação e contagem

das minhocas Eisenia andrei. .................................................................................................... 30

Figura 12: Minhocário redimensionado para realização ............................................................. 31

Figura 13: Tratamentos, repetições e sua disposição no minhocário........................................... 32

Figura 14: Procedimentos realizados no experimento (janeiro-fevereiro de 2009) ..................... 34

Figura 15: Seqüência do processo realizado e do resultado dos Tratamentos para o projeto piloto

................................................................................................................................................. 35

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1: Descrição detalhada de cada Tratamento .................................................................... 29 Tabela 2: Comparativo da quantidade inicial e final de minhocas e de cócons. .......................... 34

Tabela 3: Médias dos Tratamentos ............................................................................................ 37 Tabela 4: Comparativo entre experimentos................................................................................ 37

Tabela 5: Relação da quantidade de minhocas e cócons por Tratamento e repetição. ................ 39 Tabela 6: Resultado da análise do solo inicial e dos vermicompostos ........................................ 40

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LISTA DE QUADROS

Páginas

Quadro 1: Esquema da organização dos Tratamentos e repetições para realização do sorteio..... 32

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CRIAÇÃO DE MINHOCAS Eisenia andrei B. EM DIFERENTES SUBSTRATOS PARA A

PRODUÇÃO DE VERMICOMPOSTO

RESUMO

A criação de minhocas é uma alternativa econômica viável devido ao aproveitamento de

materiais oriundos da própria propriedade, por melhorar os solos e exigir pouca mão-de-obra.

Atualmente necessita-se cada vez mais do desenvolvimento de tecnologias de baixo custo que

visem sanar ou pelo menos minimizar os danos ambientais e garantir fonte de renda. A

minhocultura é uma alternativa simples, o que vem facilitar a sua adoção pelos agricultores

familiares. Esse trabalho tem por objetivo avaliar quais alimentos podem ser aproveitados e fazer

um comparativo do resultado das análises de solo. A espécie criada Eisenia andrei, apresenta

taxas de desenvolvimento e reprodução mais elevadas em relação a performance de outras

espécies. O experimento foi composto de duas fases: projeto piloto e outra com a utilização do

delineamento inteiramente casualizado. O Tratamento 2 (solo + esterco bovino curtido + palha

de arroz e serragem carbonizada) foi o melhor Tratamento para a reprodução das minhocas em

ambos os experimentos.

PALAVRAS-CHAVE: AGRICULTURA ORGÂNICA, MINHOCULTURA,

VERMICOMPOSTAGEM

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1. INTRODUÇÃO

A viabilidade da criação de minhocas em larga escala já era observada em 1940,

principalmente nos Estados Unidos, sendo que neste país as minhocas já eram cultivadas em

canteiros sofisticados, tal fator consagrou o país como Pátria da minhocultura. No Brasil a

minhocultura é uma atividade recente e pouco conhecida, mesmo assim devido aos baixos custos

exigidos em sua implantação muitas pessoas têm se interessado pela atividade seja como fonte de

proteína para a alimentação de pequenos animais ou para a produção de húmus (MARTINEZ,

2006).

Os agricultores sempre foram ótimos observadores da natureza e desde muito tempo

aprenderam a diferenciar à sua maneira, os solos pobres dos solos férteis. Um dos principais

elementos que ajudava nessa diferenciação era a presença de minhocas: sua existência nas áreas

de cultivo era geralmente associada às melhores produções. Infelizmente, as modernas técnicas

intensivas de preparo e manejo de solo promoveram a degradação dos solos reduzindo seus teores

de matéria orgânica e, conseqüentemente, a população de minhocas nos campos (SHIEDECK,

2006).

Atualmente com a exploração agrícola cada vez mais intensa, assim como a utilização de

insumos (fertilizantes, adubos, defensivos e herbicidas) e falta de um planejamento e

acompanhamento juntos aos produtores para uma melhor gestão dos recursos naturais, é cada vez

mais necessário o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo que visem sanar ou pelo menos

minimizar os danos ambientais e garantir fonte de renda, não apenas para o pequeno produtor,

mas também para aqueles que pretendem produzir em uma escala maior.

Martinez (1995) discute a problemática do descarte de resíduos orgânicos, que é crescente

e que vem sendo enfrentada por muitos países, mas que poderia ser amenizada através de adoção

de práticas simples. Entre essas práticas, encontra-se a minhocultura e a vermicompostagem, as

quais utilizam o excepcional potencial das minhocas em transformar e reciclar resíduos

orgânicos, contribuído com a qualidade dos solos agrícolas e do meio ambiente.

A criação de minhocas é uma alternativa viável em amplos os aspectos (econômico,

ambiental e agronômico), devido o aproveitamento de materiais oriundos da própria propriedade,

por melhorar os solos e exigir pouca mão-de-obra. A criação de minhocas não se restringe apenas

à zona rural, justamente pela facilidade de construção do minhocário e pelo manejo desses

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pequenos animais ser relativamente simples. Dependendo da espécie e do objetivo a serem

criadas elas podem ser mantidas em pequenos espaços.

A minhocultura é uma alternativa simples o que vem a facilitar a sua adoção pelos

agricultores familiares. É uma atividade rentável, exige mínima mão-de-obra, sendo a

implantação do minhocário a etapa em se que precisa de maior dispêndio de trabalho e

dependendo do objetivo da criação, também é o período de maior gasto. Na agricultura familiar,

o fator econômico pode ser contornado com a utilização de materiais oriundos da própria

propriedade, fornecendo às minhocas resíduos vegetais e esterco principalmente o bovino como

principal fonte de alimentação (HENTZ, 2008).

Embora muitos agricultores demonstrem interesse em criar minhocas, em geral, poucos

efetivam a criação por acreditarem ser necessária a construção de instalações caras ou complexas,

com uso de tijolos, cimento e telhas para cobertura ou, ainda, a compra ou confecção de caixas de

madeira. Ao contrário do que grande parte dos agricultores pensa, a principal causa do insucesso

está no manejo inadequado do minhocário e não necessariamente na falta de uma maior infra-

estrutura. Muitas vezes, o alimento ofertado para as minhocas é de baixa qualidade ou até mesmo

tóxico, além do minhocário ser montado em um local muito quente, com umidade elevada ou

baixa (SCHIEDECK et. al., 2007).

Acrescenta-se ainda o fornecimento de alimentos impróprios para as minhocas, ou ainda,

o manejo inadequado da alimentação, a qual deve ser manuseada de forma a evitar insetos

predadores ou pequenos animais que podem causar danos as minhocas.

Sabendo qual o melhor substrato para auxiliar na reprodução das minhocas, pode-se

direcionar a criação visando à produção de húmus de qualidade, que também propicie uma boa

reprodução desses anelídeos.

Esse trabalho tem por objetivos avaliar diferentes tipos de alimentos que podem ser

aproveitados, sugerir diferentes formas de implantação de minhocários. Objetiva-se ainda,

desenvolver tecnologias de baixo custo para a reciclagem de resíduos vegetais através da criação

de minhocas Eisenia andrei. Criar e/ou difundir técnicas inerentes à prática da minhocultura e

vermicompostagem; Difundir técnicas de preparo de composto orgânico, incluindo

vermicompostagem e incentivar a utilização desses insumos biológicos; Avaliar a produtividade

da espécie Eisenia andrei em diferentes substratos e avaliar a fertilidade do vermicomposto nos

diferentes Tratamentos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A MINHOCULTURA

Atualmente, com a necessidade de se criar novas formas de se cultivar e manejar o solo,

cada vez mais é constante o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo que visem minimizar

os danos ambientais. Dessa forma a criação de minhocas, a qual tem em vista a produção de

húmus e de minhocas para a venda, é uma alternativa para o aproveitamento de resíduos vegetais

e animais das propriedades agrícolas, sem necessariamente grande demanda financeira, sendo

esta uma alternativa viável de se desenvolver uma agricultura orgânica.

De acordo com Burg & Mayer (1999), há anos a agricultura orgânica já substituiu a

utilização de insumos minerais por orgânicos, sendo que nesta forma de agricultura, os

fertilizantes agrícolas necessários são obtidos a partir da decomposição de resíduos com o auxilio

de técnicas de compostagem, vermicompostagem e de biofertilizantes. Além de atuarem na

nutrição das plantas, estes produtos são eficazes para o controle de doenças e induzem as plantas

a uma maior resistência.

A minhocultura, ou seja, o cultivo de espécimes de minhocas em cativeiro é uma

atividade zootécnica que tem como processo básico a vermicompostagem. Este processo consiste

na transformação dos resíduos orgânicos em uma forma mais estabilizada de matéria orgânica,

resultante da ação das minhocas e da microflora que vive em seu trato digestivo. Através da

criação de minhocas obtêm-se dois produtos finais: a minhoca e o vermicomposto, conhecido

comercialmente como húmus (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2001).

Segundo Solo e vida (2008), a minhocultura é uma atividade em crescimento em uma

sociedade cada vez mais preocupada com os impactos da humanidade no meio ambiente. A

minhocultura, ou vermicompostagem, é a criação racional de minhocas objetivando a geração de

diversos subprodutos para a aplicação na agricultura e nutrição, promovendo a maior

produtividade e a sustentabilidade ecológica de culturas, possibilitando técnicas menos agressivas

de cultivo.

A viabilidade da criação de minhocas foi primeiramente demonstrada nos Estados Unidos

com Thomas Barret que as criava em cativeiro no sistema de canteiros. No Brasil a minhocultura

teve início em 1983, com matrizes trazidas da Itália pelo comendador Lino Morganti, para a sua

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propriedade em Itu no Estado de São Paulo. Atualmente devido aos baixos custos de implantação

do minhocário e por este não exigir grandes espaços, a atividade tem crescido no país, entretanto

ainda é uma atividade pouco difundida (MARTINEZ, 2006).

Segundo Martinez (2006) o principal motivo para a criação de minhocas está relacionado

com a pesca esportiva, nos Estados Unidos aproximadamento 100 milhões de pescadores

movimentam centenas de milhões de dólares anualmente com o comércio de minhocas. No Brasil

devido aos baixos custos para a criação, muitas pessoas têm se interessado pela atividade para

fornecer carne (proteína) barata, para alimentação de peixes, aves, camarão, e também para se

obter húmus para a jardinagem.

As minhocas contribuem para a fertilidade do solo, tal fator é conhecido desde o antigo

Egito. Sua atuação no solo garante aeração, maior oxigenação o que auxilia no enraizamento das

plantas e na retenção de umidade, além de funcionar como arado natural do solo, pois elas se

alimentam da matéria orgânica e geram um composto final – húmus – rico em nutrientes

(HENTZ, 2007).

2.2 VERMICOMPOSTAGEM, SUA IMPORTÂNCIA E SUAS FUNÇÕES NO SOLO

Segundo Biojogral (2008), a vermicompostagem pode ser definida como “a

transformação de resíduos orgânicos”, sendo um sistema de reciclagem de matéria orgânica onde

os restos de cozinha, resíduos de jardim, estrumes, papel e cartão são digeridos por minhocas e

excretados sobre a forma de vermicomposto, um fertilizante e condicionador do solo 100%

natural. A vantagem do vermicomposto em comparação a compostagem natural (sem minhocas)

é a de que pode ser feita em grande escala, permitindo a um agregado familiar de qualquer

tamanho valorizar e reutilizar até dois terços do seu lixo doméstico diário sem qualquer

dificuldade, de uma forma econômica, higiênica e divertida.

Segundo OSTERROHT (1997), o húmus possui várias funções no solo, como:

a) Trabalha no complexo de retenção e troca de nutrientes - atuando como se fosse uma

super argila extremamente reativa e ainda renovável. Funciona como uma esponja capaz

de reter e liberar todos os nutrientes essenciais, muito mais que qualquer argila mineral;

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b) Poder tampão – possui a capacidade de resistir a mudanças bruscas do pH e da saturação

de bases , o que é importante para os solos arenosos ou senis (desprovidos de argilas

reativas);

c) Complexificação (detenção) de Al e Fe tóxicos - As moléculas de alto peso molecular

são capazes de mobilizar o alumínio e o ferro que estão livres (e são tóxicos) na solução

de solos muitos ácidos (pH menor que 5,5).

d) Reserva de nutrientes – em solos distróficos a matéria orgânica do horizonte superficial

constitui a única reserva (até 60% no fósforo);

e) Mobilização de fósforo – esta mobilização é decisiva em solos tropicais, propensos à

fixação, ricos em óxidos de ferro e alumínio. Através da mobilização do fósforo fixado , e

de sua transformação em fósforo orgânico, não se altera o teor total de fósforo, porém

aumenta o fósforo disponível para as plantas (fósforo orgânico);

f) Capacidade de retenção de água – sua característica de “esponja” aumenta a reserva de

água no solo e aumenta também a disponibilidade de nutrientes que ficariam imobilizados

em um solo seco;

g) Formação de agregados: a estrutura grumosa do horizonte superficial – a matéria

orgânica consegue “colar” e agregar as partículas soltas do solo (areia, silte e argila), o

que melhora a infiltração de água, a aeração e o enraizamento, resultando em uma maior

resistência a erosão;

h) Resistência a doenças da parte aérea das plantas – através da matéria orgânica as

plantas tornam-se mais resistentes à proliferação de doenças fúngicas, bacterianas e

viróticas, devido a presença de compostos orgânicos que estimulam o processo de defesa

da planta;

i) Estímulo do crescimento vegetal – o fornecimento de enzimas, vitaminas e proteínas à

raiz parece ter um papel estimulante, mesmo quando fornecido as folhas agem de forma

estimuladora e tonificante;

j) Formação de complexos com micronutrientes – esse processo evita a perda de

micronutrientes por lixiviação, sendo estes indispensáveis para o desenvolvimento da

planta.

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Rios et al., (1993) evidenciaram que as práticas culturais inadequadas têm provocado

graves problemas no meio ambiente principalmente devido a acumulação de resíduos orgânicos

nas áreas urbanas e o empobrecimento dos solos. Diante disso a minhocultura adquire grande

utilidade já que sua aplicação permite reciclar os resíduos orgânicos obtendo assim húmus para

melhorar e recuperar solos empobrecidos. Com isto se consegue aumentar a produção e a

produtividade agropecuária. Do ponto de vista econômico a minhocultura é uma atividade de

baixo investimento, mínimo risco, fácil administração e alta rentabilidade. Com ela é possível

desenvolver sistemas integrais de produção de tal maneira que se potenciam mutuamente

aumentando assim os resultados finais. Além disso, a minhocultura abre possibilidades

interessantes de grande projeção tais como: a piscicultura, a carcinicultura, o reflorestamento dos

bosques e a elaboração de concentrados protéicos.

Pode-se observar que os benefícios do húmus no solo para a manutenção da fertilidade

são inúmeros, e a viabilidade de se obter húmus de qualidade para a produção de mudas,

utilização em hortaliças, substrato componente para essências florestais e plantas ornamentais,

entre tantas outras práticas agrícolas é alternativa viável.

Para a produção de húmus há de se pensar primordialmente em dois elementos

fundamentais: o substrato (podendo ser solo e/ou esterco) e a espécie de minhoca a ser criada.

O solo é um substrato essencial para as plantas que fornece nutrientes necessários para sua

sobrevivência, quando possui boas características físicas e químicas garante uma boa

produtividade para a cultura que será implantada, visto que segundo PRIMAVESI (2006), planta

saudável nunca é atacada por pragas e doenças. Se estas aparecem, é porque a planta já está

doente por não poder mais formar todas as suas substâncias de que geneticamente é capacitada.

Assim, o solo é mais do que apenas um substrato, ele é a garantia de plantas saudáveis e

produtivas, quando as plantas possuem boas características genéticas e o plantio é feito

adequadamente, esse potencial é cada vez mais evidenciado.

O solo é importante para o crescimento vegetal pois supri as plantas com fatores de

crescimento, permite o desenvolvimento e distribuição das suas raízes e possibilita o movimento

dos nutrientes, de água e ar nas superfícies radiculares (WIKIPEDIA, 2009).

O solo juntamente com o esterco formam o substrato básico para a criação de minhocas,

são essenciais para um bom desenvolvimento da espécie a ser criada e todo o processo a ser

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realizado com a vermicompostagem só vem acrescentar nutrientes ao produto final que será o

húmus.

Segundo OSTERROHT (1997), atualmente há uma maior aceitação em relação a

importância da matéria orgânica no solo. Até mesmo Justus von Liebig, cientista alemão que

fundamentou a nutrição mineral da plantas, considerou que ela era essencial para que as plantas

pudessem assimilar os nutrientes da adubação química.

O termo matéria orgânica é muito amplo e que se desdobra em várias etapas e formas

concretas. Contudo é de extrema importância saber diferenciá-las para poder se fazer um bom

aproveitamento das várias adubações orgânicas. O esquema do caminho da biomassa no solo

define os tipos de matéria orgânica, segundo OSTERROHT (1997):

Viva: BIOMASSA = plantas consorciadas, bactérias fixadoras, árvores e

arbustos, ervas invasoras e animais

Recém morta (podas e cortes recentes, cadáveres = MATÉRIA PRIMA

Em decomposição = restos vegetais, animais, sobre o solo e dentro dele,

principais ADUBOS ORGÂNICOS, desde a cobertura morta, o esterco

curtido, adubos verdes e serrapilheiras.

Decomposta e reelaborada = HÚMUS do solo, quando assume forma de

polímeros esferóides, relativamente estáveis e resistentes à decomposição,

dando cor marrom escura típica.

Rosas (2005) relata que a matéria orgânica do solo é formada por restos de plantas e de

outros seres vivos, parcial ou completamente decompostos, em virtude da atividade da biofauna

do solo. O húmus consiste da parte da matéria orgânica bem decomposta, com um elevado grau

de estabilidade e na qual não se reconhece os materiais que lhe deram origem; é principalmente

no húmus que residem as propriedades coloidais da matéria orgânica, possuindo uma capacidade

de troca catiônica muito superior a da argila (matéria mineral). De acordo com a autora, o

Matéria

orgânica

Morta

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complexo de troca do solo e sua textura (proporção relativa dos fragmentos minerais do solo)

definem a capacidade do solo de fornecer nutrientes às plantas.

O húmus é um material orgânico obtido através da vermicompostagem e que disponibiliza

nutrientes necessários as plantas, isso devido principalmente ao trabalho realizado pelas

minhocas através de seu sistema digestivo. Pesquisas confirmam que além de suas funções

beneficiarem o solo, também beneficiam a parte aérea das plantas, pois também funciona como

adubo foliar suave, evitando mais de duzentas pragas agrícolas entre bactérias, fungos

nematóides e insetos (BIOJOGRAL, 2008).

2.3 CARACTERÍSTICAS DAS MINHOCAS

As minhocas pertencem ao Reino Animal, são anelídeos que pertecem a classe dos

oligoquetos e que receberam esse nome por terem poucas cerdas no corpo (oligo= poucos;

chaeta=cerdas). Muitos oligoquetos vivem enterrados em solos úmidos enquanto outros vivem

em água doce. Existem também algumas espécies marinhas. Os oligoquetos não possuem olhos,

com exceção de algumas formas aquáticas que possuem olhos reduzidos (LOPES & ROSSO,

2005).

As minhocas possuem o corpo segmentado e dependendo da quantidade de anéis são

encontrados indivíduos de 5 mm até 3,30 m (gigante das minhocas) (MARTINEZ, 2006).

Segundo Wikipédia (2008), as minhocas são distribuídas pelos solos úmidos de todo o

mundo, algumas de apenas centímetros e outras com um a dois metros de comprimento, caso do

minhocuçu (Glossoscolex sp). O seu corpo é formado por anéis (segmentos corporais). Elas

vivem enterradas (são animais subterrâneos), escavam galerias e canais, buscando abrigo e restos

vegetais, seu principal alimento, ingerido com grandes quantidades de terra. Elas são, portanto,

animais detritívoros, pois se alimentam de detritos de várias origens, que compõem o húmus.

As minhocas têm o corpo cilíndrico, alongado, com a boca e o ânus, em extremidades

opostas; e um anel mais claro, o clitelo, mais próximo da região anterior. As minhocas fixam as

pontas das cerdas no solo, facilitando o seu deslocamento, quando contrai a forte musculatura da

parede do corpo (WIKIPÉDIA, 2008).

A epiderme das minhocas é coberta por uma fina cutícula de quitina e produz bastante

muco, o que as torna viscosas, diminuindo o atrito com o solo e facilitando o deslocamento. O

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muco ainda protege a pele quando em contato com substâncias tóxicas ou nocivas e garante a

umidade indispensável para as trocas dos gases respiratórios em toda a superfície do corpo. Esta é

a chamada respiração cutânea (WIKIPÉDIA, 2008).

Lopes & Rosso (2005) descrevem as minhocas com sistema digestivo apresentando boca

e ânus. Os detritos presentes no solo são ingeridos pela boca, pela ação sugadora da faringe

musculosa. Após passar pela faringe, o alimento é encaminhado ao esôfago, que pode apresentar

diferenciação entre papo e moela: no papo o alimento é armazenado e na moela triturado. A

porção restante do sistema digestivo compreende o intestino, um tubo reto que termina no ânus.

O intestino pode ser dividido em duas regiões funcionais: anterior, relacionada com a

digestão extracelular, e posterior, relacionada com a absorção. Entre essas duas regiões existem

os cecos intestinais e, a partir deles, o intestino posterior passa a apresentar internamente uma

dobra denominada tiflossole. Os cecos e a tiflossole tem basicamente a mesma função: aumentar

a superfície de absorção do alimento digerido (LOPES & ROSSO, 2005).

A respiração é cutânea e o sistema circulatório é do tipo fechado. Ele apresenta um vaso

dorsal contrátil, responsável em grande parte pela propulsão do sangue. Na região anterior do

corpo o vaso dorsal comunica-se com um vaso ventral por meio de vasos laterais contráteis

denominados corações laterais. Esses corações atuam como estruturas acessórias na propulsão do

sangue. O sistema excretor é formado por metanefrídeos localizados em cada segmento. A

minhoca é hermafrodita. Assim em um mesmo indivíduo há o sistema reprodutor feminino e

masculino (LOPES & ROSSO, 2005).

Na metade anterior do corpo das minhocas pode-se distinguir uma área mais espessa, que

abrange mais de um segmento, denominado clitelo, cuja função é secretar um casulo na época da

reprodução. O grau de desenvolvimento do clitelo varia nas diferentes espécies. Geralmente o

clitelo surge quando a minhoca atinge a maturidade sexual, entretanto em algumas espécies ele só

se forma na época do acasalamento (LOPES & ROSSO, 2005).

Na cópula, duas minhocas se unem e ocorre o que se chama fecundação cruzada mútua:

esses animais se dispõem de tal forma que o poro genital masculino de um coincide com o

receptáculo seminal do outro. Assim, os espermatozóides de um passam para o receptáculo

seminal do outro indivíduo, e vice-versa (LOPES & ROSSO, 2005).

Após a eliminação dos espermatozóides os animais se separam; ao redor do clitelo de

cada um deles inicia-se a formação de um casulo, dentro do qual ocorre a eliminação dos

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ovócitos pelo poro genital feminino. O casulo contendo ovócitos é deslocado por contrações da

musculatura do corpo para a região anterior do animal, onde estão localizados os receptáculo

seminais com os espermatozóides do parceiro. Ocorre a fecundação entre os ovócitos produzidos

por um indivíduo e os espermatozóides produzidos pelo outro (LOPES & ROSSO, 2005).

Depois da fecundação, o casulo contendo os ovos é libertado e dele emergem indivíduos

jovens semelhantes a adultos (Figura 1).

Figura 1: Esquema da anatomia interna de um anelideo

Fonte: LOPES & ROSSO (2005).

Devido a facilidade de cruzamento as minhocas são de fácil criação e de rápida

reprodução. Martinez (2006), relata que existem mais de 4 mil espécies de minhocas conhecidas.

As principais espécies comercializadas são apenas três:

1- Eisenia andrei, ou minhoca dos montes de esterco;

2- Lumbricus rubellus, ou minhoca de resíduos orgânicos, a "verdadeira" Californiana

(California-red) essas duas espécies, embora sejam de origem européia, são conhecidas

comercialmente como "vermelha da Califórnia";

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3- Eudrillus eugeniae, "african nightcrawler", a gigante africana, de introdução mais recente,

que vem se constituindo na "vedete" das minhocas, entre criadores e pescadores.

Segundo RIOS et., al (1993) das espécies selecionadas para a criação intensiva são as

minhocas vermelhas, entre elas Eisenia andrei, cujas as características mais importantes são as

seguintes: são extremamente prolífica (reproduz abundantemente); vivem e se reproduzem em

cativeiro, desse modo podem viver em grandes quantidades; são muito vorazes, aceitam todos os

tipos de resíduos orgânicos do campo e da cidade; são uma verdadeira máquina de fabricação de

húmus, que é a base da fertilidade dos solos.

2.4 A ESPÉCIE - EISENIA ANDREI

Segundo WIKIPÉDIA (2008) Eisenia andrei, também conhecida como minhoca

vermelha, é uma das espécies mais utilizadas no processo de vermicompostagem porque prefere

meios ricos em matéria orgânica, processa rapidamente grandes quantidades de resíduos

biodegradáveis, é tolerante a um intervalo mais alargado de fatores ambientais e dá-se bem em

populações densas. Este anelídeo tem aproximadamente 12 cm de comprimento quando atinge a

maturidade e a pigmentação varia do roxo e vermelho, com ou sem listras.

A minhoca Eisenia andrei que por um bom tempo foi confundida com Eisenia fetida por

se assemelharem morfologicamente, entretanto, as duas espécies são da família Lumbricida

possuem características externas peculiares. A minhoca Eisenia fetida apresenta listras evidentes

ao longo do corpo e despigmentação na área que circunda o sulco entre seus segmentos,

mostrando-se amarela ou pálida. Em diversos países essas características fizeram-na ser

vulgarmente conhecidas por “minhoca-listrada” ou “minhoca tigre”. Em contrapartida, a Eisenia

andrei (Figura 2) corresponde a espécie uniformemente listrada com listras pouco aparentes

(GUIMARÃES, 2008).

O comportamento das duas espécies também difere: quando removidas de um mesmo

substrato, a espécie Eisenia fetida se desloca com mais velocidade a procura de um refúgio, o que

se faz supor que as taxias, como a aversão a luminosidade e a falta de substrato, lhe sejam mais

aguçadas. Na minhocultura a espécie Eisenia andrei (Figura 2) apresenta taxas de

desenvolvimento e reprodução mais elevadas em relação a performance da minhoca Eisenia

fetida (GUIMARÃES, 2008).

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Figura 2: A espécie Eisenia andrei

É uma das mais usadas pelos minhocultores, pois possui um bom índice zootécnico, boa

longevidade, vida ativa entre 8 e 16 anos em média. O alto índice reprodutivo em condições

ideais pode gerar 1.500 novas minhocas por ano. Diariamente ingerem uma quantia de alimento

igual a seu próprio peso (1 grama em média), dejetando, sob forma de húmus 60% do alimento

ingerido (ZEOLA et al., 2006).

As minhocas desenvolvem-se bem com uma alimentação rica em nitrogênio protéico, por

isso é que preferem os resíduos animal aos de vegetal. Porém, alimentos com teores elevados de

proteína devem ser evitados por serem altamente fermentáveis no intestino da minhoca

provocando sua morte.

2.5 AS INSTALAÇÕES

As instalações variam de acordo com o objetivo da criação: produção de húmus e/ou para

a produção de minhocas, sendo esta última destinada para isca de pesca, ração animal, ou

alimentação de pequenos animais.

Elas podem ser as mais variadas possíveis, sendo as mais comuns de alvenaria, madeira,

bambu, entre outros materiais que podem ser aproveitados na propriedade. Segundo Shiedeck et.

al. (2006) existem desde as instalações mais simples montadas apenas com leiras de matéria

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orgânica no próprio chão, até as mais caras feitas de tijolos e piso de concreto. Também é

possível aproveitar instalações já existentes na propriedade, como galpões e paióis (Figura 3).

Para agricultores familiares, que não pretendem vender comercialmente o húmus

produzido, mas apenas utilizá-lo na propriedade, o mais indicado é fazer um minhocário de baixo

custo e pouca manutenção, que possa servir para produzir húmus a partir de esterco dos animais e

dos restos de frutas e verduras na propriedade (SHIEDECK, 2007).

Figura 3: Minhocário de alvenaria, construído em um galpão reformado (antiga baia de animais)

e minhocário do tipo “campeiro”.

Fonte: (SHIEDECK et. al. 2007)

De acordo com Shiedeck (2007) existe o minhocário do tipo “campeiro”, como pode ser

observado na Figura 3. É montado sobre o chão capinado, armando uma estrutura de bambus

tramados, o que dispensa o uso de arames, barbantes ou pregos. Este tipo de instalação precisa ser

muito bem localizada, pois é necessario proteger o minhocário da chuva e do sol. Uma grande

vantagem desse tipo de minhocário é que é possível montar várias unidades em diferentes pontos

da propriedade ou mudá-lo sempre que necessário, próximo a área de cultivo.

Os agricultores devem atentar no manejo desses anelídeos, devendo fornecer ambiente

favorável para a reprodução das minhocas, dessa forma deve manter o substrato úmido, o local

deve ser protegido com tela para evitar o ataque de predadores, além de ser coberto para evitar a

incidência dos raios solares e da chuva (SHIEDECK, 2007).

Na agricultura familiar, pode ser optar por utilizar meios alternativos para a implantação

do minhocário, sendo que ele pode ser construído de madeira, bambu (Dendracalamus spp.),

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alvenaria ou até mesmo pode se aproveitar caixas de madeira entre outros. A cobertura pode ser

feita de palha de babaçu (Orbignya spp.) ou palha de outra palmeira disponível na propriedade.

Um fator primordial para o bom desenvolvimento das minhocas é a proteção com tela para evitar

formigas (Atta spp), lagartixas (Hemidactylus mabouia), paquinhas (Gryllotalpa gryllotalpa)

entre outros predadores.

Há também minhocários em túnel baixo (Figura 4), os quais são construídos de madeira,

com cobertura de plástico que devem ficar aberto durante o dia e fechado durante a noite e em

período chuvoso (SCHIEDECK et. al. 2007).

Figura 4: Minhocário em túnel baixo.

Fonte: SCHIEDECK et. al. (2007).

Há também instalações mais sofisticadas sendo elas destinadas para a produção tanto

de minhocas quanto de húmus, ambos destinados à venda. Como exemplo a empresa minhobox,

que vende as minhocas através de pedidos pela internet e por telefone. As instalações podem ser

em caixas (minhobox) ou colchões (minhobed) (Figura 5).

Figura 5: Diferentes tipos de minhocários industriais desenvolvidos pela minhobox.

Fonte: www.minhobox.com.br

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 CONSTRUÇÃO DO MINHOCÁRIO – PRIMEIRA FASE (PROJETO PILOTO)

A primeira fase do projeto foi desenvolvida na área urbana do município de Altamira

localizado no estado do Pará, com latitude 03º12'12" Sul e a uma longitude 52º12'23" oeste e

altitude 109 metros, onde foi construído um canteiro com quatro compartimentos principais

destinados ao experimento e dois compartimentos reservas. A Figura 6 ilustra a estrutura do

minhocário do Projeto Piloto.

Figura 6: Estrutura do minhocário do Projeto Piloto, com os quatro compartimentos utilizados,

dois compartimentos reserva e a caneleta destinada ao armazenamento de água.

O minhocário destinado à criação possui dimensões de 1 metro de comprimento por 1

metro de largura e 0,50 metros de altura, entretanto a altura destinada ao substrato corresponde a

0,20 metros visto que a construção necessita ser um pouco maior para facilitar o manejo das

minhocas.

O canteiro foi construído com paredes externas e internas de alvenaria, as quais foram

rebocadas, isso por possuir maior durabilidade e evitar injúrias a espécie. Cada compartimento

possui 0,25 m2 totalizando nos quatro compartimentos 1 m

2. O piso foi construído de concreto

simples.

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Toda a construção baseou-se no bem estar dos animais, tendo como prioridade a sanidade

das minhocas, pois elas não possuem mecanismos de sanidade se comparado a outros animais.

Para isso foi realizada a pintura do minhocário com uma demão de cal interna e externamente, e

construída uma proteção de tela que abrangesse todo o minhocário para evitar o ataque de

possíveis predadores como ratos, pássaros, lagartos e formigas. Ao redor da estrutura fez-se uma

canaleta para evitar a passagem de predadores, a qual fica constantemente com água.

Posteriormente essa canaleta foi adaptada com cano de PVC, que foi cortado ao meio e colocado

ao redor do minhocário, pois a estrutura de cimento absorvia toda a água colocada. Realizou-se

também a construção de uma cobertura com lona e palha de palmeira protegendo o minhocário da

incidência de raios solares e do excesso de água da chuva (Figura 7).

Na estrutura do minhocário foi construída a drenagem, já que as minhocas são adaptadas a

ambientes com relativa umidade, sendo intolerantes a longos períodos de encharcamento. Por

isso em cada compartimento foi colocado um dreno protegido com uma tela de fios de náilon,

para evitar a fuga das minhocas.

Figura 7: Detalhe do minhocário pronto com cobertura, drenagem e proteção com tela

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3.2 OS PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO EXPERIMENTO – PROJETO PILOTO

3.2.1 Distribuição dos Tratamentos

Depois de construído o canteiro preparou-se o substrato, sendo comum a todos os

compartimentos a mistura na mesma proporção de solo arenoso e esterco bovino curtido na

proporção 1:1 (20 litros de solo arenoso e 20 litros de esterco bovino), que foi previamente

peneirado. Um dos compartimentos foi destinado apenas para o substrato (constituído de solo

arenoso e esterco bovino curtido). No restante foram adicionados diferentes tipos de alimentos.

O experimento foi iniciado no dia 16 de junho de 2008, onde foram separadas as

minhocas e preparado o substrato (solo e esterco) que foi comum a todas as unidades

experimentais, a alimentação diferiu-se, pois se objetivava a análise de qual delas favoreceria a

reprodutividade e qualidade de vermicomposto. No Tratamento 1, denominado testemunha, não

foi colocado alimentação. No Tratamento 2, a alimentação fornecida foi palha de arroz e

serragem carbonizada. No Tratamento 3 foi adicionado casca de pepino e de batata e no

Tratamento 4 casca de laranja e de banana (Tabela 1). Em cada compartimento foram

adicionados 300g de alimentos, essa etapa foi de fundamental importância para a realização da

segunda etapa do experimento por dimensioná-la.

Em cada compartimento foi colocado água de forma que ao contato com as mãos pudesse

verificar apenas duas a três gotas de água escorrendo pelos dedos, como pode ser verificado na

Figura 8.

Figura 8: Medida prática da umidade no substrato: A) muito seco; B) muito úmido; C) umidade

adequada.

Fonte: SCHIEDECK et. al., (2006)

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Tabela 1: Descrição detalhada de cada Tratamento

Em cada compartimento foram adicionados solo arenoso, esterco e foram colocados os

alimentos nos compartimentos que deveriam recebê-lo e adicionado 100 minhocas.

A alimentação foi feita de modo a aproveitar os restos de alimentos disponíveis, e foram

agrupados de maneira que as verduras fossem dispostas em um compartimento, as frutas em

outro e a serragem e a palha de arroz carbonizada em outro compartimento. A palha de arroz e a

serragem foram carbonizadas (queimadas) para facilitar a ingestão pelas minhocas. O alimento

foi fornecido às minhocas a medida que se observava que as mesmas o haviam consumido, e a

rega foi realizada conforme a necessidade. Foi mantida a umidade equilibrada, ou seja, nem

muito úmido e nem seco, mantendo a capacidade de campo.

A Figura 9 melhor ilustra as dimensões do minhocário e a disposição dos Tratamentos

utilizados.

Figura 9: Estrutura do minhocário, disposição do substrato e do alimento fornecido

Unidade de medida: metros

Tratamento 1 Esterco bovino curtido + solo arenoso

Tratamento 2 Esterco bovino curtido + solo arenoso e

palha de arroz e de serragem carbonizada

Tratamento 3 Esterco bovino curtido + solo arenoso e

casca de pepino e de batata

Tratamento 4 Esterco bovino curtido + solo arenoso e

casca de laranja e de banana

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3.2.2 Controle da reprodução das minhocas

A coleta das minhocas para a verificação da reprodutibilidade foi feita manualmente devido

a umidade do húmus, ou seja, ao invés de apenas utilizar a peneira recolheu um a um, tanto as

minhocas quanto os cócons, que foram contados e registrados de acordo com os Tratamentos

aplicados (Figuras 10 e 11).

Figura 10: Retirada das minhocas e coleta – primeira fase

Essa etapa foi finalizada com a coleta do vermicomposto para análise e acondicionamento

do vermicomposto.

Figura 11: Primeira fase – quatro compartimentos destinados à avaliação, separação e contagem

das minhocas Eisenia andrei.

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3.3 OS PROCEDIMENTOS REALIZADOS NA SEGUNDA FASE DO EXPERIMENTO

3.3.1 Delineamento Experimental e distribuição dos Tratamentos nas parcelas

Após a análise de projeto piloto, foi necessário repetir o experimento, o que caracterizou

esta como sendo a segunda fase do trabalho. Para tanto foi utilizado a Estatística Experimental

através do Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC).

No delineamento todos os Tratamentos foram distribuídos ao acaso em todas as unidades

experimentais, sendo constituídos de 4 Tratamentos com 4 repetições, totalizando 16 unidades

experimentais (Figura 12).

Figura 12: Minhocário redimensionado para realização

da segunda fase do experimento.

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Quadro 1: Esquema da organização dos Tratamentos e repetições para realização do sorteio

Delineamento

Inteiramente

Casualizado

Repetição

1

Repetição

2

Repetição

3

Repetição

4

Tratamento 1 T1R1 T1R2 T1R3 T1R4

Tratamento 2 T2R1 T2R2 T2R3 T2R4

Tratamento 3 T3R1 T3R2 T3R3 T3R4

Tratamento 4 T4R1 T4R2 T4R3 T4R4

O esquema ilustrado na Figura 13 exemplifica como foram dispostas as unidades

experimentais, que foram sorteadas de forma a dispor os Tratamentos com suas respectivas

repetições no minhocário. A Figura 13 e o quadro 1 ilustram como o minhocário foi

redimensionado para repetição dos Tratamentos.

Figura 13: Tratamentos, repetições e sua disposição no minhocário.

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3.3.2 Preparação do substrato e da alimentação das minhocas

No dia 06 de dezembro de 2008 iniciou-se a segunda etapa do experimento, separando-se

o solo, que foi previamente peneirado para separar as impurezas (pedras, raízes, folhas secas) e o

esterco curtido, os quais foram colocados nos compartimentos.

Pesou-se toda a alimentação. Realizou-se a rega com 2 litros de água em cada um deles.

Adicionou-se 150 gramas de cada alimento a ser fornecido às minhocas. Dessa forma para o

Tratamento 2 foram adicionadas 150 gramas de palha de arroz e 150 gramas de serragem ambas

carbonizadas; no Tratamento 3, adicionou-se 150 gramas de casca de batata e 150 gramas de

casca de pepino e no Tratamento 4 adicionou-se 150 gramas de casca de laranja e 150 gramas de

casca de banana. Assim, em todas a unidades experimentais foram adicionados 300 gramas de

alimento em cada alimentação realizada. Durante o experimento a alimentação foi realizada a

cada 5 dias.

Comparado com o experimento piloto, o compartimento foi reduzido pela metade, por

isso em cada unidade experimental ao invés de 100 minhocas foram colocadas 50 minhocas.

A rega foi realizada conforme a necessidade, optando-se por colocar a mesma quantia de

água em todos os compartimentos, entretanto durante duas vezes alguns dos compartimentos

reteram mais água, os quais foram colocados água em menor quantidade. Durante o período da

pesquisa as minhocas foram alimentadas 10 vezes e foram realizadas 10 regas. Desde a última

alimentação decorreram 20 dias até a coleta das minhocas.

O experimento foi conduzido por 72 dias. Após esse período foi coletado o húmus.

Semelhante ao projeto piloto, a coleta das minhocas teve que ser realizada separando-as uma a

uma, bem como os cócons.

Como desta vez a quantidade de material foi superior ao anterior e o vermicomposto

estava mais úmido devido ao período chuvoso, a coleta do material foi realizada em quatro dias

(Figura 14).

Após o processo de vermicompostagem, foi enviada uma amostra de cada Tratamento

para análise química, incuindo-se uma amostra do substrato inicial - T0 (sem a

vermicompostagem)

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Figura 14: Procedimentos realizados no experimento (janeiro-fevereiro de 2009)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 RESULTADOS OBTIDOS NO PROJETO PILOTO

Aos 69 dias após montado o experimento, as minhocas Eisenia andrei realizaram a

vermicompostagem e se multiplicaram de acordo com a disponibilidade e tipo de alimento

(substrato). Os dados obtidos em relação à quantia inicial de minhocas e a quantidade final pode

ser observada na Tabela 2:

Tabela 2: Comparativo da quantidade inicial e final de minhocas e de cócons.

Tratamentos Quantidade inicial Quantidade após 69 dias

Oligoquetas Cócons Oligoquetas Cócons

T1 100 0 137 56

T2 100 0 1010 505

T3 100 0 99 0

T4 100 0 49 1

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Figura 15: Seqüência do processo realizado e do resultado dos Tratamentos para o projeto piloto

Inicialmente foram colocadas 100 minhocas em cada compartimento, as alimentações

foram escolhidas de modo a aproveitar os restos de vegetais, fornecendo assim alimento

alternativo às minhocas.

Desde o início até o final (coleta) foram 69 dias em que as minhocas trabalharam o

substrato, entretanto foram 49 dias com a alimentação ficando assim 20 dias sem alimento.

Analisando a Tabela 2, verifica-se que em dois dos Tratamentos (T1 – solo + esterco

bovino curtido e T2 – solo + esterco bovino curtido + palha de arroz e serragem carbonizada ) os

resultados foram satisfatórios em relação a quantidade inicial de minhocas e de cócons

adicionadas em cada Tratamento. A maior reprodução das minhocas deu-se no Tratamento 2

seguido do Tratamento 1 (testemunha) diferenciando estatisticamente dos demais Tratamentos.

Estes dados corroboram com o de Hentz et al. (2008), onde em 45 dias obteve-se o

segundo maior número de indivíduos no Tratamento esterco bovino e casca de arroz e serragem

carbonizadas. Entretanto nos dois Tratamentos restantes houve uma diminuição na quantidade de

minhocas. No Tratamento 3 (Esterco bovino curtido + solo + casca de batata e de pepino) essa

redução foi muito pequena e no T4 (Esterco bovino curtido + solo + casca de laranja e de banana)

houve uma queda de 51% em relação a quantidade inicial, esse Tratamento foi o que teve pior

resultado, visto que nesse período deveria ter um aumento e não um declínio na quantidade de

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minhocas. Um dos fatores que pode ter contribuído nessa redução do T4 deve-se ao fato de haver

um processo de fermentação na casca da laranja, tal fato só pôde ser observado posteriormente.

O Tratamento 2 teve melhor desempenho, aumentou consideravelmente a quantidade de

minhocas, esta de 910 %

Primeiramente pensava-se que no período de 45 dias o vermicomposto estaria pronto,

entretanto devido este ainda não encontrar-se humificado esperou-se mais 24 dias para a

completa formação do húmus. Os 45 dias foram adotados devido a verificação por HENTZ

(2008) em seu experimento em Marabá-PA, onde o processo para a formação do vermicomposto

levou aproximadamente esse período, que corresponde a uma média de dias em que as minhocas

são capazes de processar o material e transformá-lo em húmus.

Em Altamira, comparativamente a Marabá-PA, pode-se verificar que o processo de

vermicompostagem estendeu-se um pouco mais. Esse aumento na quantidade de dias para a

formação do vermicomposto pode estar ligada à proporção do substrato (solo e esterco), tipo de

solo, quantidade de minhocas, qualidade e aceitabilidade dos alimentos e a fatores climáticos.

Estudos realizados para a avaliação da eficiência de vermicompostos diferentes a base de

casca de arroz carbonizada, casca de arroz natural tratada física e quimicamente com álcalis e

esterco bovino verificaram que os vermicompostos constituídos por casca de arroz inteira e

moída (50%) + esterco bovino (50%) e casca de arroz carbonizada (50%) + esterco bovino (50%)

mostraram se mais eficientes para serem utilizados como substrato para a produção de mudas de

alface se comparadas as tratadas com álcalis (KIST et al., 2007a)

Identificando a eficiência da casca de arroz natural, moída e tratada quimicamente com

álcalis e da casca de arroz carbonizada como substrato para a multiplicação das matrizes de

minhoca vermelha africana pode-se observar com os resultados que a adição da casca de arroz ao

esterco bovino favoreceu o desenvolvimento e a taxa de desenvolvimento das minhocas (KIST et

al., 2007b).

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37

4.2 RESULTADOS OBTIDOS NA SEGUNDA FASE DO EXPERIMENTO

Aos 72 dias após a montagem do experimento, utilizando o delineamento inteiramente

casualizado, como observa-se na Tabela 3, o Tratamento 2 foi o que obteve melhor resultado para

a reprodução das minhocas e que o Tratamento 3 foi o que obteve-se melhor resultado para os

cócons

Através dos dados estatísticos pode-se observar as seguintes médias por Tratamento:

Tabela 3: Médias dos Tratamentos

Tratamentos Média de

minhocas*

Média de

cócons*

Tratamento 1 259,00 c 92,75 b

Tratamento 2 862,75 a 59,25 c

Tratamento 3 355,25 b 172 a

Tratamento 4 85,50 d 21,5 d

*Médias das colunas seguidas por letras iguais não diferem estatisticamente pelo Teste de Turkey

(5%) de probabilidade

De acordo com o que pode ser observado na Tabela 3, o Tratamento 2 teve melhor

resultado para a quantidade de minhocas, seguido do Tratamento 3. O Tratamento 1 teve um

valor intermediário e dentre eles o que teve menor desenvolvimento foi o Tratamento 4. Tal fator

não foi confirmado na quantidade de cócons, sendo o Tratamento 3 o melhor Tratamento para o

desenvolvimento de cócons, seguido do Tratamento 1. O Tratamento dois foi intermediário e

assim como no desenvolvimento das minhocas o Tratamento 4 foi o que teve menor resultado.

Tabela 4: Comparativo entre experimentos

*Médias das colunas seguidas por letras iguais não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey

(5%) de probabilidade

(1) Fase 1 – projeto piloto (2) Fase 2 – minhocário com delineamento experimental

Trata

mento

Quantidade inicial Quantidade final

Minhocas

(1)

Minhocas

(2)

Cócons

(1)

Cócons

(2)

Minhocas

(1)

Minhocas

(2)*

Cócons

(1)

Cócons

(2)*

T1 100 50 0 0 137 259,00 c 56 92,75 b

T2 100 50 0 0 1010 862,75 a 505 59,25 c

T3 100 50 0 0 99 355,20 b 0 172 a

T4 100 50 0 0 49 85,50 d 1 21,5 d

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Tabela 5: Relação da quantidade de minhocas e cócons por Tratamento e repetição. Tratamento

e

repetição

Quantidade Tratamento e

repetição

Quantidade Tratamento e

repetição

Quantidade Tratamen

to e

repetição

Quantidade

Minhocas Cócons Minhocas Cócons Minhocas Cócons Minhocas Cócons

T1R1 146 153 T2R1 663 5 T3R1 541 495 T4R1 6 0

T1R2 44 31 T2R2 1312 122 T3R2 581 157 T4R2 59 38

T1R3 268 133 T2R3 364 41 T3R3 105 5 T4R3 232 37

T1R4 578 54 T2R4 1112 69 T3R4 194 31 T4R4 45 11

Soma/Trata

mento

1036 371 Soma/Tratamento

3451 237 Soma/Tratamento

1421 688 Soma/Tratamento

342 86

Média/Trata

mento

259 92,75 Média/Tratamento

862,75 59,25 Média/Tratamento

355,25 172 Média/Tratamento

85,5 21,5

T= Tratamento

R= repetição

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4.2.1 Análise de solo

A Tabela 6 ilustra a análise química dos substratos com os valores iniciais dos nutrientes

presentes sem a adição de minhocas – T0, na testemunha T1 (com adição de minhocas e sem

alimentação) e T2, T3 e T4 com o mesmo substrato diferenciando apenas a alimentação.

Tabela 6: Resultado da análise do solo inicial e dos vermicompostos Tratamentos

Parâmetro analisado unid. T0 T1 T2 T3 T4

Fósforo Mehlich mg/dm3 222,00 328,00 348,00 319,00 286,00

Fósforo remanescente mg/L - - - - -

Fósforo resina mg/dm3 - - - - -

Potássio mg/dm3 2850,00 3270,00 2550,00 2640,00 3150,00

Enxofre mg/dm3 80,00 97,00 117,00 103,00 82,00

Cálcio cmol 2,70 3,40 4,10 3,00 3,00

Magnésio cmol 0,90 3,00 4,00 3,20 2,80

Alumínio cmol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

H+AL cmol 1,30 0,70 1,00 0,80 0,70

pH em H2O - 7,60 8,80 8,00 8,50 8,90

ph em CaCl2 - - - - - -

pH em SMP - - - - - -

Matéria orgânica dag/kg 3,70 4,90 4,90 5,30 4,70

Ferro mg/dm3 99,00 218,00 186,00 221,00 250,00

Zinco mg/dm3 2,30 40,00 39,00 40,00 36,00

Cobre mg/dm3 2,60 3,40 3,10 3,70 3,50

Manganês mg/dm3 61,00 136,00 140,00 108,00 108,00

Boro mg/dm3 21,32 14,03 6,97 6,97 14,03

Sódio mg/dm3 900,00 980,00 1200,00 920,00 940,00

Cloro mg/dm3 - - - - -

Relação Ca/Mg - 3,00 1,10 1,00 0,90 1,10

Relação Ca/K - 0,40 0,40 0,60 0,40 0,40

Relação Mg/K - 0,10 0,40 0,60 0,50 0,30

Sat. Ca na CTC % 22,10 22,00 26,20 21,80 20,60

Sat. Mg na CTC % 7,40 19,40 25,60 23,20 19,20

Sat. K na CTC % 59,90 54,10 41,80 49,20 55,40

Índice de saturação Na % 32,10 27,50 33,40 29,10 28,00

Soma de bases cmol 10,90 14,80 14,60 13,00 13,90

CTC efetiva cmol 10,90 14,80 14,60 13,00 13,90

CTC a pH 7,0 cmol 12,20 15,50 15,60 13,80 14,60

Sat. Alumínio % 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Saturação de bases % 89,40 95,50 93,60 94,20 95,20

Fonte: FULLIN - Laboratório de Análise Agronômica e Ambiental.

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De uma forma geral os resultados da análise de solo diferiram de T0 (solo inicial).

Quando são comparados os Tratamentos que receberam alimentações (T2, T3 e T4), estes

também diferiram da testemunha T1.

Comparados com o solo inicial (T0) os nutrientes Fósforo (P), Enxofre(S), Cálcio (Ca),

Ferro (Fe), Zinco (Zn), Cobre (Cu) e Manganês (Mg) obtiveram valores superiores ao já

existentes no solo, entretanto todos os Tratamentos apresentaram teores inferiores de Boro (B).

Estudos relatam que há uma relação do pH e da matéria orgânica, pois o aumento dos mesmos

reduzem a disponibilidade do boro no solo (SOARES, et. al. 2008).

Houve um aumento do teor de Zinco em todos os Tratamentos, sendo que o T1 e T3

apresentaram 1.739% a mais do nutriente se comparados com o solo inicial. Mesmo apresentando

uma quantia menor aos Tratamentos acima os Tratamentos 2 e 4 apresentaram 1.695% e 1.565%

respectivamente. Tal fator pode ser explicado pelo aumento do pH; dos alimentos que são ricos

no nutriente e pela ação das minhocas no processo de vermicompostagem, as quais

disponibilizam o nutriente no solo.

Em relação a quantidade de Potássio (K) no solo inicial somente o T1 e T4 aumentaram a

quantidade do nutriente com o processo de vermicompostagem, sendo estes em torno de 114% e

110% respectivamente. Os demais reduziram a quantidade do nutriente.

Em todos os Tratamentos houve aumento do pH, sendo o inicial 7,6 (considerado

moderadamente neutro) chegando atingir pH de 8,9 (considerado fortemente neutro). Em todos

os Tratamentos a Soma de bases, a CTC efetiva e a CTC a pH 7,0 foram superiores ao T0. Pode-

se então concluir que a ação das minhocas nesse tipo de substrato provocou aumento do pH

inicial, aumentou a soma de bases ( Ca2+

+ Mg2+

+ K+ + (Na

+) ), a CTC efetiva ( Ca

2+ + Mg

2+ +

K+ + (Na

+) + Al

3+) e a CTC a pH 7,0.

Houve aumento nos teores de matéria orgânica em todos os Tratamentos, sendo que de

acordo com GAMA (2004) o teor médio é de 25 g/kg, sendo considerado de teor baixo os solos

que possuem abaixo de 15g/kg e de teor alto os solos acima de 25 g/kg. O teor de matéria

orgânica do solo inicial foi de 37 g/kg, o da testemunha foi superior com 49 g/kg e os

Tratamentos que receberam alimentações chegaram a valores como 53 g/kg, sendo considerado o

dobro da média.

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5. CONCLUSÕES

O Tratamento 2 (solo + esterco bovino curtido + palha de arroz e serragem carbonizada)

foi o melhor Tratamento para a reprodução das minhocas em ambas as fases.

No delineamento experimental o Tratamento 3 obteve melhores resultados para a

quantidade de cócons.

O teor de matéria orgânica foi superior em todas as composições fornecidas às minhocas

se comparado com o solo inicial.

Todas as composições fornecidas às minhocas obtiveram aumento no pH e na quantidade

de zinco.

Todas as composições fornecidas às minhocas apresentaram diminuição nos teores de

boro.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para os critérios adotados para a elaboração do experimento pode-se constatar que a

quantidade de solo adicionada para compor o substrato não foi favorável no processo de

vermicompostagem, dificultando a coleta do vermicomposto.

Em ambos os experimentos (projeto piloto e projeto final) a duração para a realização da

vermicompostagem foi superior a maioria dos trabalhos relacionados com o processo.

Fatores externos como: clima e predadores devem ser controlados ao máximo para evitar

prejudicar a espécie.

A minhocultura é uma alternativa prática para o aproveitamento dos resíduos orgânicos

urbanos e rurais, e pode ser adotada facilmente, por poder utilizar-se dos materiais da

propriedade.

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Anexos

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Anexo 1: Resultado da Análise de solo elaborada pelo Laboratório Fullin

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Parâmetro

analisado

unid. Comparados com o solo inicial (%)*

T1 T2 T3 T4

Fósforo Mehlich mg/dm3 147,75 156,76 143,69 128,83

Fósforo

remanescente

mg/L - - - -

Fósforo resina mg/dm3 - - - -

Potássio mg/dm3 114,74 89,47 92,63 110,53

Enxofre mg/dm3 121,25 146,25 128,75 102,50

Cálcio cmol 125,93 151,85 111,11 111,11

Magnésio cmol 333,33 444,44 355,56 311,11

Alumínio cmol 0,00 0,00 0,00 0,00

H+AL cmol 53,85 76,92 61,54 53,85

pH em H2O - 115,79 105,26 111,84 117,11

ph em CaCl2 - - - - -

pH em SMP - - - - -

Matéria organica dag/kg 132,43 132,43 143,24 127,03

Ferro mg/dm3 220,20 187,88 223,23 252,53

Zinco mg/dm3 1739,13 1695,65 1739,13 1565,22

Cobre mg/dm3 130,77 119,23 142,31 134,62

Manganês mg/dm3 222,95 229,51 177,05 177,05

Boro mg/dm3 65,81 32,69 32,69 65,81

Sódio mg/dm3 108,89 133,33 102,22 104,44

Cloro mg/dm3 - - - -

Relação Ca/Mg - 36,67 33,33 30,00 36,67

Relação Ca/K - 100,00 150,00 100,00 100,00

Relação Mg/K - 400,00 600,00 500,00 300,00

Sat. Ca na CTC % 99,55 118,55 98,64 93,21

Sat. Mg na CTC % 262,16 345,95 313,51 259,46

Sat. K na CTC % 90,32 69,78 82,14 92,49

Indice de

saturação Na

% 85,67 104,05 90,65 87,23

Soma de bases cmol 135,78 133,94 119,27 127,52

CTC efetiva cmol 135,78 133,94 119,27 127,52

CTC a pH 7,0 cmol 127,05 127,87 113,11 119,67

Sat. Alumínio % 0,00 0,00 0,00 0,00

Saturação de

bases

% 106,82 104,70 105,37 106,49

Anexo 2: Valores comparados com o solo inicial T0 (sem a atuação das minhocas), sendo estes

expressos em porcentagem (%).

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Parametro analisado unid. Comparados com a

testemunha(T1) (%)

T2 T3 T4

Fósforo Mehlich mg/dm3 106,10 97,26 87,20

Fósforo remanescente mg/L - - -

Fósforo resina mg/dm3 - - -

Potássio mg/dm3 77,98 80,73 96,33

Enxofre mg/dm3 120,62 106,19 84,54

Cálcio cmol 120,59 88,24 88,24

Magnésio cmol 133,33 106,67 93,33

Alumínio cmol 0,00 0,00 0,00

H+AL cmol 142,86 114,29 100,00

pH em H2O - 90,91 96,59 101,14

ph em CaCl2 - - - -

pH em SMP - - - -

Matéria organica dag/kg 100,00 108,16 95,92

Ferro mg/dm3 85,32 101,38 114,68

Zinco mg/dm3 97,50 100,00 90,00

Cobre mg/dm3 91,18 108,82 102,94

Manganês mg/dm3 102,94 79,41 79,41

Boro mg/dm3 49,68 49,68 100,00

Sódio mg/dm3 122,45 93,88 95,92

Cloro mg/dm3 - - -

Relação Ca/Mg - 90,91 81,82 100,00

Relação Ca/K - 150,00 100,00 100,00

Relação Mg/K - 150,00 125,00 75,00

Sat. Ca na CTC % 119,09 99,09 93,64

Sat. Mg na CTC % 131,96 119,59 98,97

Sat. K na CTC % 77,26 90,94 102,40

Indice de saturação

Na

% 121,45 105,82 101,82

Soma de bases cmol 98,65 87,84 93,92

CTC efetiva cmol 98,65 87,84 93,92

CTC a pH 7,0 cmol 100,65 89,03 94,19

Sat. Alumínio % 0,00 0,00 0,00

Saturação de bases % 98,01 98,64 99,69

Anexo 3: Valores comparados com a testemunha T1 (com a atuação das minhocas sem a

alimentação), sendo estes expressos em porcentagem (%).