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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO MESTRADO PROFISSIONAL EM LINGUÍSTICA E ENSINO SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM UMA TURMA DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE JOAO PESSOA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO MARIA IRLANE SOARES DE LIMA JOÃO PESSOA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA E ENSINO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LINGUÍSTICA E ENSINO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM UMA TURMA DO 2º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE JOAO

PESSOA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

MARIA IRLANE SOARES DE LIMA

JOÃO PESSOA

2014

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MARIA IRLANE SOARES DE LIMA

SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM UMA TURMA DO 2º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE JOAO PESSOA: UMA

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

João Pessoa /PB

julho /2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Mestrado Profissional em

Linguística e Ensino sob a orientação da

profa. Dra. Marianne Carvalho Bezerra

Cavalcante como requisito para obtenção do

título de Mestre em Linguística e Ensino.

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L732s Lima, Maria Irlane Soares de.

Sequência didática em uma turma do 2º ano do ensino

fundamental no município de João Pessoa: uma proposta de

intervenção / Maria Irlane Soares de Lima.-- João Pessoa,

2014.

69f. : il.

Orientadora: Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante

Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCHLA

1. Linguística. 2. Linguística e ensino. 3. Gênero textual.

4.Sequência didática. 5. Aquisição da escrita. 6. Letramento.

UFPB/BC CDU: 801(043)

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EXAMINADORES

Profª. Drª. Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante

(UFPB) (Orientadora)

Profª. Drª. Evangelina Maria Brito de Faria

(UFPB)

_____________________________________________________

Profº. Dr. José Temístocles Ferreira Junior

(UFPE)

João Pessoa /PB

Julho / 2014

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A minha família por acreditar, incentivar,

compreender e colaborar para que eu pudesse

concluir mais uma etapa de minha vida acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de força, grandeza e amor, que se faz presente em toda minha vida.

A Marianne Cavalcante, pela sua dedicação, paciência, compreensão e por compartilhar as dúvidas,

as angústias, as alegrias durante o processo.

Aos meus pais, pelo imenso amor que tenho aos dois.

A minha filha e meu filho, pelo amor incondicional.

Ao meu esposo, pela paciência, amor e tolerância.

A Luzia, minha irmã, pela cumplicidade, carinho, torcida e por ser a pessoa mais do bem que eu já

conheci.

A Leila, Priscila, Dulce, Zeza, Thaís, Adivânia, Edamara, Guilhardo, pela força para continuar, pela

troca generosa de ideias e pelo incentivo.

A todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a colocar as ideias no papel.

A todas amigas e amigos que direta ou indiretamente me deram força para que eu pudesse ir até o

final do processo.

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Entre coisas e palavras, principalmente, entre palavras, circulamos.

(Carlos Drummond de Andrade)

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RESUMO

Diante da necessidade de compreender e descrever como os professores atuam em

sala de aula em relação ao trabalho com diversos gêneros textuais, e não apenas o literário, é

que nos propusemos a analisar em uma turma do 2° ano do ensino fundamental, localizado

no município de João Pessoa, como se dá o trabalho do professor e as atividades de

aquisição da escrita em relação aos gêneros textuais e às práticas de letramento e propor duas

intervenções por meio do procedimento sequência didática, uma sobre o gênero textual

convite e outra sobre uma exposição de livros de bolso com reconto de histórias. De uma

forma mais específica acompanhamos as aulas com o objetivo de compreender como se dá o

processo de letramento; observar como as atividades de aquisição da língua escrita são

desenvolvidas; descrever como as atividades de aquisição da língua escrita são

desenvolvidas; analisar as produções escritas dos alunos levando em consideração o gênero

trabalhado e o letramento e elaborar e aplicar em conjunto com a professora duas sequências

didáticas para serem vivenciadas com a turma. Com o intuito de alcançarmos os objetivos a

que nos propomos, elegemos como instrumentos metodológicos a pesquisa – ação tendo

como sujeito pesquisado o (a) professor(a) da sala para que seja observada a sua prática e as

atividades de aquisição da escrita que desenvolve com seus respectivos alunos. Para tanto,

apoiamos-nos no referencial teórico acerca dos gêneros textuais proposto por Marcuschi

(2008) e na abordagem sobre os gêneros orais e escritos na escola, explicitados por

Scheneuwly e Dolz (1997), entre outros. Este trabalho justifica-se pelo fato de as atividades

com o texto em sala de aula, voltadas para o desenvolvimento da leitura e da escrita trazerem

implicações positivas para a aquisição da escrita e, nesse sentido, as atividades com texto

não podem ser desenvolvidas de forma estática, apenas como um modelo a ser lido ou a ser

reproduzido. É preciso levar em consideração os contextos de produção, mostrando aos

alunos que os textos possuem uma função social, que produzem ou reproduzem efeitos de

sentidos no ato da interação. Dessa forma, conclui-se que trabalhar a produção textual escrita

a partir das sequências didáticas possibilitou uma melhor prática e planejamento por parte do

professor e uma aprendizagem sistemática e reflexiva com o gênero textual ensinado aos

alunos.

Palavras-chave : gênero textual. sequência didática. aquisição da escrita. letramento.

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ABSTRACT

Faced with the need to understand and describe how the teachers act in the classroom

in relation to work with various textual genres, not only the literary, we proposed to analyze

in a second grade of elementary school, in the João Pessoa city, how is the teachers’ work

with the acquisition activities writing in relation to the textual genres and literacy practices,

proposing two interventions through didactic sequence procedure: a textual genre about

“invitation” and another about exhibition of pocket books with retelling of stories. More

specifically we follow the classes with the purpose to figure out how is the literacy process,

to observe how the activities of acquisition of written language are developed, to analyze the

written productions of the students taking into consideration the genre worked and the

literacy, developing and implementing together with the teacher two didactic sequences to be

experienced with the class. In order to achieve the goals we set ourselves, we choose as

methodological tools for research - action and we have as individuals surveyed the teacher of

the class, as well as the textual productions of their respective students. For this, we rely on

the theoretical referential about genres proposed by Marcuschi (2008) and approach about

oral and written genres in the school explained by Schenewly and Dolz (1997), among

others. This work is justified by the fact that activities with the text in the classroom focus on

the development of reading and writing thus brings positive implications. The text activities

cannot be developed in a static way, just like a model to be read or produced. It is necessary

to take into a consideration the contexts of production, showing students that the texts have

a social function, producing or reproducing effects of meaning in the act in the of interaction.

Thus, we conclude that work the textual production writing from didactic sequences allowed

a better practice and planning on the part of the teacher and a systematic learning and

reflective with the textual genre taught to students.

Keyword: textual genre, didactic sequence, school, literacy.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... ............10

I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................13

I.I A Escrita na Escola...................................................................................................... ......13

I.II Gênero, Letramento e Ensino............................................................................................16

I.III Sequência Didática:uma proposta de intervenção...........................................................21

II. METODOLOGIA...............................................................................................................26

III. RELATÓRIO DE INTERVENÇÃO................................................................................28

IV-CONCLUSÕES.................................................................................................................66

REFERÊNCIAS.................................................................................................................. ....68

ANEXOS.................................................................................................................................69

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INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, analisamos como se dá o trabalho com a escrita em uma turma do 2°

ano da Educação Básica I no município de João Pessoa, em relação aos gêneros textuais e às

práticas de letramento e aplicamos duas sequências didáticas como proposta de intervenção

para um ensino sistematizado e organizado na modalidade escrita acerca de dois gêneros

textuais não literários. A escolha desta proposta de atividade justifica-se pelo fato de

percebermos que muitos professores dessa série privilegiam processos de leitura e escrita

restringindo-se aos clássicos infantis, deixando de fora a leitura e a produção de outros

gêneros textuais não literários que fazem parte do dia a dia das crianças e que estão

presentes no meio social.

Dentro de uma sistemática pré-determinada, propomos uma análise de como os

gêneros textuais, principalmente os não literários, são trabalhados e se estão numa

perspectiva do letramento, uma vez que no segundo ano do ensino fundamental, e em todas

as séries desse período escolar é fundamental o trabalho com gêneros textuais diversos, de

diferentes suportes, funções sociais, para que os alunos possam identificá-los em várias

situações e saber fazer uso em seu meio social. O trabalho com os textos literários é

importante, mas não pode ser a única fonte de leitura privilegiada nessa fase de alfabetização

e letramento. Por serem os gêneros “formações interativas, multimodalizadas e flexíveis de

organização social e de produção de sentidos” (MARCUSCHI, 2005, p.19), não

configurando produções estáticas, o trabalho com variedades de gêneros tornar-se-á viável,

pois integra a realidade social dos estudantes pertencentes a esta série. Ao permitir que o

sujeito interprete, divirta-se, seduza, sistematize, confronte, induza, documente, informe,

oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma

condição diferenciada na sua relação com o mundo (cf. SOARES,1998). Dessa forma as

crianças precisam fazer uso dessas habilidades em práticas sociais em que escrever e ler são

necessários.

Assumindo uma proposta de trabalho que se assenta na vivência interativa da

linguagem e, por consequência, no letramento, muitos professores precisam proporcionar aos

alunos o convívio e o uso de diferentes gêneros textuais.

Segundo Soares (1999, p.64), ao mesmo tempo em que o aluno deve apropriar-se da

escrita como atividade discursiva, o que acontece pela criação de situações reais de produção

de texto, ele precisa também realizar atividades que o ensinem a estruturar seu texto escrito,

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de forma a atender às características de cada gênero. Como tais atividades implicam o uso do

sistema de escrita, envolvem também reflexão sobre ele e uma possível sistematização das

relações fonemas/letras que se mostrarem mais difíceis para os alunos.

Trabalhar com os gêneros textuais permite uma reflexão sobre como os textos

circulam e como são produzidos em contextos extraescolares, uma vez que a escola não é o

único lugar onde as crianças entram em contato com textos escritos, seja lendo ou

escrevendo.

Nessa perspectiva, as atividades de produção textual escrita em turmas do segundo

ano do ensino fundamental passam a ter mais sentido e significação para as crianças que se

encontram em fase de aquisição da linguagem, uma vez que elas passam a ser envolvidas em

situações concretas de produção de textos, sem precisarem ler textos forjados, desprovidos

de sentido, como os pseudotextos, a exemplo de “Vovó viu a uva” ou “ O boi baba”.

Levando em consideração que os alunos vivem numa sociedade letrada, em que a

língua escrita está presente de forma visível nas atividades cotidianas é relevante o trabalho

com a variedade de gêneros, pois certamente as crianças formularão hipóteses sobre a

utilidade, o funcionamento, a configuração de cada gênero estudado. Para tanto, é necessário

que os professores desenvolvam atividades em sala de aula que favoreçam a observação e

manuseio de muitos textos, pertencentes a gêneros diversificados, presentes em diferentes

suportes¹.

Tendo em vista a necessidade de compreender e descrever como os professores

desenvolvem suas aulas em relação ao trabalho com diversos gêneros textuais, e não apenas

o literário, é que nos lançamos na proposta de analisar como se dá o trabalho de aquisição da

escrita, em uma turma do 2° ano do ensino fundamental, no município de João Pessoa, em

relação aos gêneros textuais e às práticas de letramento.

Nesse enfoque pretendemos como objetivo geral investigar como se dá o trabalho

com a escrita em uma turma do 2° ano do ensino fundamental no município de João Pessoa,

em relação aos gêneros textuais e às práticas de letramento e propor duas sequências

didáticas para serem vivenciadas em conjunto com a professora e os alunos.

De uma forma mais específica, pretendemos acompanhar as aulas em uma turma do

2° ano do ensino fundamental com o objetivo de compreender como se dá o processo de

____________

1- Lugar físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero

materializado como texto ( MARCUSCHI, p.174, 2008)

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letramento nessa turma; observar e descrever como as atividades de aquisição da língua

escrita são desenvolvidas em uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental; analisar as

produções escritas dos alunos levando em consideração o gênero trabalhado e o letramento e

elaborar e aplicar, em conjunto com a professora, duas sequências didáticas para serem

vivenciadas com a turma.

A noção de sequência didática abordada nesse trabalho, refere-se ao conceito

apresentado por Schneuwly e Dolz (2004, p.82) que define como sendo “um conjunto de

atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral

ou escrito”. As atividades são desenvolvidas de forma modular, começando com uma

apresentação da situação de comunicação e definição coletiva do gênero textual a ser

produzido, seguindo com uma produção inicial desse gênero e atividades diversificadas em

diferentes módulos culminando numa produção final.

Em relação ao letramento e considerando que na sociedade atual todo indivíduo está

inserido em um meio social letrado, acreditamos que a escola deva ajudar o aluno a

desvendar o mundo por meio da aquisição da linguagem oral e escrita, tornando-o um

cidadão letrado com a possibilidade de usar os mais variados gêneros textuais conforme os

contextos de interação social.

Nesse sentido este trabalho foi desenvolvido em quatro capítulos. O primeiro capítulo

refere-se a fundamentação teórica que norteia esta pesquisa abordando questões sobre a

escrita na escola, gêneros, letramento e ensino, bem como, a sequência didática como

proposta de intervenção.

No segundo capítulo é apresentada a metodologia aplicada, elegendo como

instrumento metodológico a pesquisa ação, e também a caracterização da escola em que foi

desenvolvido o trabalho.

O terceiro capítulo apresenta o relato de toda a observação e descrição da prática

pedagógica da professora, bem como, explicita todo o processo de intervenção acerca do

trabalho com as sequências didáticas.

O último capítulo discorre sobre as considerações finais, explicitando as implicações

positivas que o trabalho com o desenvolvimento de atividades de produção escrita por meio

do procedimento sequência didática proporcionam ao ensino.

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I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

I.I A escrita na escola

A modalidade escrita da língua exige o desenvolvimento de determinadas

competências que adquirimos na prática diária, em contato com gêneros textuais diversos em

nossa sociedade. Diariamente, interagimos com as pessoas por meio de textos e, a depender

de nossos objetivos, dos nossos propósitos de comunicação, das possíveis audiências,

selecionamos determinado gênero textual para interagirmos com o outro, seja falando ou

escrevendo. Nesse enfoque, as atividades com a escrita precisam estar presentes na escola,

em atividades diárias e significativas, possibilitando aos alunos o reconhecimento da função

social de cada texto produzido.

Garcez (1998) define e caracteriza três perspectivas de ensino da escrita. A primeira

definição aponta que o ensino era voltado para o produto, dentro de uma abordagem

experimental/positivista. Nesse panorama buscava-se conhecer a qualidade do texto escrito

por meio de métodos que envolviam pré-teste e pós-teste. A partir desse método o processo

de produção passou a ser foco de investigação levantando questionamentos acerca de como

os redatores planejam, escrevem, revisam os textos e como os professores podem

diagnosticar as dificuldades apresentadas na escrita.

Com esses questionamentos sendo apontados surge uma segunda perspectiva de

ensino da escrita de base cognitivista. Dentro dessa abordagem tentava-se descobrir como os

processos mentais do sujeito agem no ato da escrita, quais as etapas da escrita e quais

variáveis interferiam no processo de produção textual. Na linha cognitivista, a escrita passou

a ser trabalhada como um processo de expressão individual de pensamentos e sentimentos.

A terceira abordagem da produção escrita adota uma perspectiva sociointeracionista e

envolve uma construção de conhecimentos e habilidades em conjunto, de forma dialógica e

ativa entre alunos e professores. No interacionismo sociodiscursivo, faz-se necessário levar

em consideração o gênero textual a ser produzido, as possíveis audiências, a função social do

texto, os modos de circulação e os aspectos linguísticos que serão necessários para a

produção a depender do gênero textual trabalhado, possibilitando aos alunos o

desenvolvimento da aprendizagem de capacidade de linguagem que, segundo Dolz, Pasquier

e Bronckart (1993) e Dolz e Scheneuwly (1998), seriam de três tipos: capacidadesde ação,

capacidades discursivas e capacidades linguístico-discursivas. As capacidades de ação

possibilitam uma adaptação do uso da linguagem ao contexto de produção apresentando uma

relação direta com o gênero textual. As discursivas relacionam-se as escolhas dos tipos de

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discurso e de sequências textuais e as linguístico-discursivas estão relacionadas às operações

de textualização, aos mecanismos enunciativos, as escolhas lexicais e a construção de

enunciados.

A atividade de escrita numa visão interacionista, conforme afirma Antunes (2003,

p.45), “supõe, desse modo, encontro, parceria, envolvimento entre sujeitos, para que

aconteça a comunhão de ideias, das informações e das intenções pretendidas. Assim, por

essa visão supõe-se que alguém selecionou alguma coisa a ser dita a um outro alguém [...]”.

Nesse enfoque, Antunes (2003) afirma que a atividade de escrita é um momento de partilhar

informações, ideias, intenções, crenças, sentimentos com o outro, para que, de alguma

forma, interaja, mesmo que esse outro não se faça presente no momento da produção do

texto, ele existe e é necessário que seja levado em conta, pois

Quem escreve, na verdade, escreve para alguém, ou seja, está em

interação com outra pessoa. Essa outra pessoa é a medida, é o

parâmetro das decisões que devemos tomar acerca do que dizer, do

quando dizer e de como fazê-lo. (ANTUNES, 2003, p.46)

Nesse sentido, o ato de escrever não é apenas codificar as ideias e as

informações.Para escrever, é necessário que haja um planejamento a respeito do que vai ser

escrito, pensar nos objetivos da escrita, na escolha do gênero textual, fazer a delimitação do

tema que vai ser escrito e levar em consideração as condições de seus leitores, para poder

escolher a linguagem que vai ser utilizada, se mais ou menos formal, dependendo da

situação de interação. Como afirma Antunes (2003, p.54):

A escrita compreende etapas distintas e integradas de realização

(planejamento, operação e revisão), as quais, por sua vez, implicam da

parte de quem escreve uma série de decisões.

Conforme exposto, quando vamos escrever, precisamos planejar o que vai ser escrito,

realizar a escrita propriamente dita e realizar a revisão e uma possível reescrita. Porém,

segundo Antunes (2003) essas etapas são interdependentes e intercomplementares.

Antunes (2003, p. 57-58) apresenta um esquema para uma compreensão mais clara

das etapas da produção escrita, assim:

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Etapas distintas e intercomplementares implicadas na atividade da escrita

1- PLANEJAR 2- ESCREVER 3-REESCREVER

É a etapa para o sujeito: É a etapa para o sujeito: É a etapa para o sujeito:

ampliar seu repertório; pôr no papel o que foi

planejado;

rever o que foi escrito;

delimitar o tema e escolher o

ponto de vista a ser tratado;

realizar a tarefa motora de

escrever;

confirmar se os objetivos

foram cumpridos;

eleger o objetivo, a finalidade

com que vai escrever;

cuidar para que os itens

planejados sejam todos

cumpridos;

avaliar a continuidade

temática;

escolher os critérios de

ordenação das ideias, das

informações;

observar a concatenação

entre os períodos, entre os

parágrafos; ou entre os blocos

superparagráficos;

prever as condições dos

possíveis leitores;

avaliar a clareza do que foi

comunicado; avaliar a

adequação do texto às

condições de situação;

considerar a situação em que

o texto vai circular;

enfim, essa é uma etapa

intermediária, que prevê a

atividade anterior de planejar e

a outra posterior de rever o que

foi escrito;

rever a fidelidade de sua

formulação linguística às

normas da sintaxe e da

semântica, conforme prevê a

gramática da estrutura da

língua;

decidir quanto às estratégias

textuais que podem deixar o

texto adequado à situação;

rever aspectos da superfície

do texto, tais como a

pontuação, a ortografia e a

divisão do texto em

parágrafos.

estar seguro quanto ao que

pretende dizer a seu parceiro;

enfim, estar seguro quanto ao

núcleo de suas ideias e de

normalmente, a escola tem

concentrado sua atenção na

etapa de escrever e tem

enfocado apenas a escrita

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suas intenções. gramaticalmente correta.

(ANTUNES, 2003, P.57-58)

Por meio do quadro acima, fica evidente que não basta apenas solicitar aos alunos

uma determinada atividade de escrita, é necessária a preparação de etapas antes da escrita e

após a escrita, cada uma delas com funções determinadas para que as produções linguísticas

dos alunos atinjam o propósito comunicativo de forma adequada e eficaz. Nesse sentido, é

necessário planejar antes de escrever e revisar e reescrever após a escrita.

I.II Gênero, letramento e ensino

No processo de interação com o outro estamos o tempo todo produzindo textos, que

segundo Beaugrande (1971, p.10) apud Marcuschi (2008, p.72), “texto é um evento

comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas”. Nesse sentido,

fica cada vez mais evidente a relevância do desenvolvimento de atividades com o texto em

sala de aula, seja na modalidade oral ou escrita, uma vez que interagimos usando textos,

sendo estes configurados em gêneros diversos.

Os gêneros textuais são rotinas sociais do nosso dia a dia, são dinâmicos, flexíveis e

não podem ser considerados um modelo estanque, como afirma Marcuschi (2002, p.38):

O gênero é essencialmente flexível e variável, tal como o seu componente crucial, a linguagem. Pois, assim como a língua varia,

também os gêneros variam, adaptam-se, renovam-se e multiplicam-se.

Em suma, hoje a tendência é abordar os gêneros pelo lado dinâmico,

processual, social, interativo, cognitivo, evitando a classificação e

postura estrutural.

Conforme afirma Marcuschi (2002, p.38), é impossível nos comunicarmos sem que

seja por meio de textos configurados em algum gênero textual. O autor também afirma que

“os gêneros textuais são entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis

em qualquer situação comunicativa”.

A fim de desfazer os equívocos que encontramos até mesmo em alguns livros

didáticos, que confundem gênero com tipo textual, Marcuschi (Op. Cit. p. 22-23) nos mostra

uma definição que permite entender as diferenças facilmente:

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Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de

construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos textuais, sintáticos, tempos verbais, relações

lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de

categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição,

descrição, injunção. Usamos a expressão gênero textual como uma

noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que

encontramos em nossa vida diária e que apresentam características

sócio-comunicativa definidas por conteúdos, propriedades funcionais,

estilo, e composição característica. Se os tipos textuais são apenas

meia dúzia, os gêneros são inúmeros, alguns exemplos de gêneros

textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal,

romance, bilhetes, reportagem jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, listas de compras, cardápio de restaurante,

instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de

concurso, piadas, conversação espontânea, conferência, carta

eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.

Para demonstrar as principais diferenças entre tipos e gêneros textuais, Marcuschi

(2002, p.23) apresenta o seguinte quadro sinóptico:

TIPOS TEXTUAIS GENEROS TEXTUAIS

1- Constructos teóricos definidos por

propriedades linguísticas intrínsecas;

1- Realizações linguísticas concretas definidas por

propriedades sócio-comunicativas;

2-Constituem sequências linguísticas ou

sequências de enunciados e não são textos

empíricos;

2-Constituem textos empiricamente realizados

cumprindo funções em situações comunicativas;

3-Sua nomeação abrange um conjunto

limitado de categorias teóricos determinadas

por aspectos lexicais, sintáticos, relações

lógicas, tempo verbal;

3-Sua nomeação abrange um conjunto aberto e

praticamente limitado de designações concretas

determinadas pelo canal, estilo, conteúdo,

composição e função.

4-Designações teóricas dos tipos de narração,

argumentação, descrição, injunção e

exposição.

4-Exemplos de gêneros:

telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal,

romance, bilhetes, reportagem jornalísti-ca,

horóscopo, receita culinária, bula de remédio,

listas de compras, cardápio de restaurante,

instruções de uso, outdoor, inquérito policial,

resenha, edital de concurso, piadas, conversação

espontânea, conferência, cartas eletrônicas, bate-

papo por computador, aulas virtuais e assim por

diante.

(MARCUSCHI, 2002, P.23)

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Conforme Marcuschi (2008,p.159), “as distinções entre um gênero e outro não são

predominantemente linguísticas e sim funcionais.Já os critérios para distinguir os tipos

textuais seriam linguísticos e estruturais, de modo que os gêneros são designações

sociorretóricas e os tipos designações teóricas”. Esse autor afirma que os gêneros textuais

são entidades comunicativas, em que prevalecem aspectos como a função do texto, os

propósitos de comunicação, as ações e os conteúdos e que a tipicidade de um gênero origina-

se das características funcionais e organização retórica. (cf. Marcuschi, 2008, p. 159). Na

relação entre gêneros e tipos, não há dicotomia, um complementa o outro.

O gênero textual tem um propósito que o determina e lhe dá uma esfera de

circulação. Cada gênero textual possui uma forma e uma função, bem como um estilo e um

conteúdo, mas se efetiva socialmente basicamente pela função e não pela forma. É

importante salientar que há algumas confusões sobre a forma de se trabalhar com os gêneros

textuais em sala de aula. Não se deve explorar apenas as características de cada gênero (carta

tem cabeçalho, data, saudação inicial, despedida etc.), pois trabalhar apenas a estrutura do

texto não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma carta. É importante se

discutir por que e para quem escrever.

Segundo Miller (1984), os gêneros não podem ser concebidos como modelos

estanques nem estruturas rígidas, mas como formas culturais e cognitivas de ação social.

Nesse sentido, devemos ver os gêneros como entidades dinâmicas e que, por toda essa

dinamicidade, é difícil contar todos os tipos de gêneros existentes, dificultando assim sua

classificação. Dessa forma, os estudiosos têm se preocupado em explicar como os gêneros se

constituem e circulam socialmente e não mais fazer tipologias, pois como afirmou Bronckart

(1999:103), “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de

inserção prática nas atividades comunicativas humanas”. Com essa afirmação vemos que

não se pode tratar o gênero do discurso desvinculado da realidade social e da relação com as

atividades humanas.

Considerando-se os gêneros textuais formas verbais orais e escritas que resultam de

enunciados produzidos em sociedade e, no âmbito do ensino-aprendizagem de português,

são vias de acesso ao letramento, propõe-se que no ensino as atenções estejam voltadas para

os textos que encontramos em nossa vida diária com padrões sócio-comunicativos

característicos definidos por sua composição, objetivos enunciativos e estilos concretamente

realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas (Cf. MARCUSCHI,

2008 p.155).

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Assim, a concepção de gênero diz respeito à forma, ao conteúdo, aos propósitos

comunicativos e ao percurso social. O gênero textual reflete todo o processo social

envolvido na comunicação que encerra. Quando os gêneros são ensinados como instrumento

para compreensão da língua, não importa quantos ou quais vão ser trabalhados desde que o

objetivo seja usá-los como um meio para formar alunos que aprendam a ler e escrever de

verdade.

Em relação aos gêneros textuais como sistema de controle social, Marcuschi (2008)

discorre que eles são atividades discursivas socialmente estabilizadas, usadas para diversos

tipos de controle social e até para o exercício do poder, uma vez que estamos inseridos numa

sociedade que nos molda e nos conduz a determinadas ações. Nesse sentido, (MARCUSCHI,

2008, p.162) afirma que

Dessa forma, estamos imersos em uma sociedade com vivência cultural diversa

sempre envolvida pela linguagem e os textos que estão inseridos nessa vivência são

estabilizados em gêneros.

Outro aspecto relevante no trato com os gêneros textuais é a questão da

intergenericidade, ou seja, um gênero com a função de outro. É sabido que os gêneros são

denominações históricas e são constituídos socialmente, porém é difícil determinar o nome

de cada gênero de texto. Como afirma Bakhtin, citado por Marcuschi ( 2008, p.163), “os

gêneros se imbricam e interpenetram para constituírem novos gêneros” e dessa maneira

podemos encontrar determinado gênero textual com a função de outro.

Conforme Marcuschi (2008, p.164), quando queremos nomear os gêneros textuais,

geralmente, usamos os critérios a seguir, podendo estes atuarem em conjunto:

forma estrutural (gráfico; rodapé; debate; poema);

propósito comunicativo (errata, endereço);

conteúdo (nota de compra; resumo de novela);

meio de transmissão (telefonema; telegrama; e-mail);

papéis de interlocutores (exame oral; autorização);

contexto situacional (conversação esp.; carta pessoal)

desde que nos constituímos como seres sociais, nos achamos envolvidos

numa máquina sociodiscursiva. E um dos instrumentos mais poderosos

dessa máquina são os gêneros textuais, sendo que de seu domínio e

manipulação depende boa parte da forma de nossa inserção social e de

nosso poder social.

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Porém Marcuschi (2008), afirma que o problema está na identificação do gênero e não

na nomeação, uma vez que é comum fazermos uma mesclagem de formas e funções

burlando o cânon de um gênero.

Outra questão relevante diz respeito ao papel do suporte textual na relação com o

gênero textual, compreendendo suporte como define Marcuschi (2008, p. 174) “ entendemos

aqui como suporte de um gênero um locus físico ou virtual com formato específico que serve

de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto”. Conforme o autor, o

suporte não é neutro em relação ao gênero textual.

O suporte de um gênero possui uma superfície física ou virtuale de formato específico

que serve para fixar, suportar, mostrar um texto, comportando assim, três aspectos:

suporte é um lugar (físico ou virtual);

suporte tem formato específico;

suporte serve para fixar e mostrar o texto.

Marcuschi (2008) também apresenta dois tipos de suportes que diferenciam-se em

suas funções: o convencional e o incidental. O suporte convencional foi feito com a função

de portar ou fixar textos e foi produzido para essa finalidade, tais como, o livro didático, o

jornal, a revista, o rádio, o quadro de avisos.

Já o suporte incidental é ocasional ou eventual, com possibilidade ilimitada de

realização na relação com os textos escritos, porém não se destina para esse fim de modo

sistemático nem na atividade comunicativa regular (Cf. MARCUSCHI, p. 178). São

exemplos de suportes incidentais: embalagem, para-choques e para-lamas de caminhão,

roupas, corpo humano, paradas de ônibus, paredes, calçadas.

Em relação ao letramento e o ensino em um processo de escolarização, não há como

pensar atualmente como sendo desvinculados (o letramento, a alfabetização e a

escolarização), pois é importante tomar a alfabetização a serviço do letramento uma vez que

é necessário adquirir a competência para ler e escrever e envolver-se nas práticas sociais de

escrita. E o letramento como uma prática deve tomar como objeto de ensino a língua como

viva, dinâmica, os usos que dela são feitos, o seu caráter dialógico.

Kleiman (2003, p.11), em seus estudos, define letramento como o conjunto de

práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em

contextos específicos e para objetivos específicos.

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Já Soares (2003, p.18) aborda letramento como resultado da ação de ensinar ou

aprender a ler, ou seja, o estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como

consequência de ter se apropriado da escrita. Segundo a autora, há que se identificar no

conceito de letramento as dimensões social e individual. A escrita, na dimensão individual

do letramento, “estende-se da habilidade de registrar unidades de som até a capacidade de

transmitir significado de forma adequada a um leitor potencial” (SOARES, 2003, p.69), e em

sua dimensão social diz respeito a como as pessoas utilizam a escrita em um determinado

contexto específico e como essas habilidades de escrita se relacionam com as necessidades,

os valores e as práticas sociais. (cf. SOARES, 2003, p.72).

Soares (2003) também afirma que é preciso criar condições para o letramento, que

não basta apenas ensinarmos as crianças a lerem e escreverem, é preciso levá-las a

envolverem-se em práticas sociais de leitura e de escrita. Ler e escrever não podem ser

apenas habilidades de decodificação, é preciso usá-las efetivamente na vida diária. Pois, de

acordo com Kleiman (2003, p.16), “as práticas sociais diárias exigem o uso da leitura e da

escrita nos diferentes gêneros e não somente como tecnologia”.

Diante do exposto, percebemos a necessidade de um trabalho em sala de aula voltado

para o estudo dos gêneros textuais, seja na modalidade oral ou escrita, inserido em um

ensino contextualizado, numa integração de atividades com diferentes propósitos que vão

além do reconhecimento das características de cada gênero. É preciso proporcionar às

crianças o reconhecimento da função social dos textos e os usos em diferentes práticas

sociais.

I.III Sequência didática: uma proposta de intervenção

Com base no conceito de sequência didática apresentado por Schneuwly e Dolz

(2004, p.82) que a define como sendo “um conjunto de atividades pedagógicas organizadas,

de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”, sendo estas

atividades trabalhadas de forma modular, faz-se necessário toda uma motivação prévia para

a apresentação do gênero textual que vai ser estudado e produzido pelos alunos.

Nesse enfoque, o trabalho em sala de aula com as sequências didáticas possibilitará

aos alunos conhecerem gêneros discursivos que não dominam ou dominam de forma

insuficiente e que dificilmente teriam acesso de forma espontânea, permitindo aos alunos

reconhecerem novas práticas de linguagem ajudando-os a identificar e saber a função social

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dos diversos gêneros textuais que estão presentes em nossa vida social, potencializando as

suas capacidades de ler e escrever.

Schneuwly e Dolz (2004, p.83) apresentam uma estrutura de base de uma sequência

didática, como mostra o esquema abaixo:

Conforme a estrutura, na apresentação inicial, o professor descreve de maneira

detalhada a atividade que os alunos irão desenvolver, seja na modalidade oral ou escrita e

conversa sobre o gênero textual a ser produzido, apresentando aos alunos toda a situação de

comunicação em que estarão envolvidos, preparando-os para a primeira produção do gênero

textual a ser trabalhado na sequência. É nesse momento que os alunos constroem uma

representação da situação de comunicação e da atividade de linguagem a ser executada, que

constitui um momento difícil. (cf. Dolz e Schneuwly, 2004 p.84)

A partir da primeira produção dos alunos, o professor passa a avaliar quais são as

capacidades que os alunos já possuem e quais são as capacidades de linguagem (ação,

discursiva, linguístico-discursiva) que precisam desenvolver para apropriarem-se dos

instrumentos de linguagem inerentes ao gênero textual que estão estudando. Segundo Dolz e

Schneuwly (2004, p.87), “a produção inicial é igualmente o primeiro lugar de

aprendizagem da sequência”.

Os módulos, na sequência didática, são constituídos por várias atividades que vão

dando os instrumentos necessários para que os alunos passem a ter o domínio das

capacidades referentes ao gênero de texto que estão produzindo. Nesse sentido, os problemas

que aparecem na produção inicial do gênero vão sendo trabalhados de forma sistemática e

aprofundada. Cabe ao professor, diante das dificuldades apresentadas, selecionar quais

aspectos linguísticos, discursivos ou linguístico-discursivos irão ser abordados em cada

módulo, de modo a possibilitar que os alunos reflitam sobre a organização da estrutura

textual de modo global e vão fazendo os ajustes necessários até chegarem a uma produção

final. Esses módulos fornecem instrumentos para uma reflexão linguística acerca do gênero

estudado.

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Após ter trabalhado nos módulos as dificuldades que o professor detectou referentes

às capacidades necessárias ao domínio de um gênero, deverá ser proposta aos alunos uma

produção final, sendo esta um momento para que eles ponham em prática os conhecimentos

adquiridos ao longo desses módulos e que podem estar ligados aos níveis na produção de

textos, tais como, representação da situação de comunicação, elaboração dos conteúdos,

planejamento do texto e realização do texto. (cf. Dolz e Schneuwly, 2004, p.88)

Os quatro componentes da sequência didática:

A apresentação da situação:

Esse é o momento para que o professor exponha aos alunos qual será o projeto de

comunicação que eles realizarão e já os prepara para a primeira produção do gênero que irão

estudar. Os alunos constroem uma representação da situação de comunicação e a atividade

de linguagem que irão executar, abrangendo duas dimensões principais, conforme Dolz e

Schneuwly, 2004, p.84).

Apresentar um problema de comunicação bem definido – a primeira dimensão é a do

projeto coletivo de produção de um gênero oral ou escrito. Nessa etapa, os alunos

precisam compreender toda a situação de comunicação em que agirão para produzir

um texto oral ou escrito levando em consideração:

Qual é o gênero que será abordado?

A quem se dirige a produção?

Que forma assumirá a produção?

Quem participará da produção?

Preparar os conteúdos dos textos que serão produzidos – a segunda dimensão é a

definição dos conteúdos - nesta etapa, é fundamental que os alunos conheçam e

saibam a importância dos conteúdos e com quais vão trabalhar. Conforme Dolz e

Schneuwly (2004), “as sequências didáticas devem ser realizadas no âmbito de um

projeto de classe, elaborado durante a apresentação da situação, pois este torna as

atividades de aprendizagem significativas e pertinentes”.

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A primeira produção

Nessa fase da sequência didática, os alunos são incentivados a elaborar um primeiro

texto seja ele oral ou escrito, mesmo que não consigam produzir respeitando todas as

características do gênero proposto. Esse momento permite que o professor possa perceber

quais as capacidades que seus alunos já possuem, sendo que esta produção pode ser real,

apenas para a turma ou com um destinatário fictício. Essa etapa da sequência é reguladora

tanto para o professor como para o aluno, pois é o lugar onde os alunos manifestam as

dimensões problemáticas e o professor define o que é preciso trabalhar para que seus alunos

desenvolvam as capacidades de linguagem a fim de estarem mais capacitados para a

realização da produção final (Cf. Dolz e Schneuwly, 2004, p. 86).

Essa primeira produção dos alunos, além de ser o primeiro lugar de aprendizagem

da sequência, permite que o professor observe e perceba o que eles já sabem e quais são as

dificuldades apresentadas, para a partir daí elaborar os módulos.

Os módulos

É um momento da sequência em que o professor trabalhará todos os problemas que

verificou na primeira produção, propondo aos alunos subsídios para superá-los. É sabido que

o movimento de uma sequência didática parte do geral para o simples, ou seja, da produção

inicial para os módulos, trabalhando as diferentes capacidades que são necessárias para que

haja o domínio do gênero em estudo, e para que, por fim, volte ao complexo, que será a

produção final.

Dolz e Schneuwly (2004) propõem para o estudo do gênero com os módulos que o

professor trabalhe problemas de níveis diferentes, que funcionam de maneira simultânea na

mente do indivíduo, tais como:

Representação da situação de comunicação,

Elaboração dos conteúdos;

Planejamento do texto;

Realização do texto.

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É necessário também, no trato com os módulos, variar as atividades e exercícios,

distinguindo três grandes categorias: as atividades de observação e de análise de textos para

que os alunos comparem textos de um mesmo gênero ou de gêneros diferentes; as tarefas

simplificadas de produção de textos; a elaboração de uma linguagem comum.

Além de trabalhar problemas de níveis diferentes e variar as atividades e exercícios

na fase dos módulos, faz-se necessário capitalizar as aquisições, pois durante a realização

dos módulos os alunos aprendem a falar sobre o gênero que está estudando construindo um

conhecimento técnico a respeito do mesmo, compartilhando com a turma o que já foi

trabalhado, discutido, explicitado numa linguagem técnica permitindo a revisão do próprio

texto.

A produção final

A produção final possibilita ao aluno pôr em prática o que aprendeu a respeito do

gênero em estudo, durante as atividades nos módulos, dando-lhe um controle sobre seu

processo de aprendizagem e também dá ao professor a oportunidade de verificar e avaliar os

progressos alcançados.

Dolz e Schneuwly (2004, p. 91-92) esboçam alguns princípios teóricos que nortearam

as escolhas pedagógicas, psicológicas e linguísticas que guiaram a elaboração do

procedimento sequência didática. Nas escolhas pedagógicas, estão inclusas as possibilidades

de avaliação formativa, um projeto que motiva os alunos a escreverem e a maximização pela

diversidade de atividades e exercícios que oportunizam o aluno a apropriação dos

instrumentos e noções propostas. Em relação às escolhas psicológicas, o procedimento

envolve toda a situação de comunicação, o trabalho com os conteúdos e a estruturação do

texto e não apenas palavras e frases soltas, desenvolve uma consciência mais ampla no seu

comportamento de linguagem. Já nas escolhas linguísticas as atividades proporcionam a

produção de textos e discursos, a adaptação da língua as várias situações de comunicação e

os gêneros textuais constituem o objeto do procedimento sequência didática. ( Cf. Op. cit. p.

92)

Dolz e Schneuwly (2004, p.93) apresentam as seguintes finalidades gerais para o

trabalho com a sequência didática:

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preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais

diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos,

imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de

escrever e de falar;

desenvolver no aluno uma relação consciente e voluntária com seu

comportamento de linguagem, favorecendo procedimentos de

avaliação formativa e autorregulação;

construir nos alunos uma representação da atividade de escrita e

de fala em situações complexas, como produto de um trabalho, de

uma lenta elaboração.

Para atingir as finalidades gerais do trabalho com a sequência didática é necessário que

o professor apresente uma grande variedade de atividades, selecionando-as e adaptando-as

de acordo com as necessidades dos alunos. Essas adaptações das sequências exige da parte

do professor

analisar as produções dos alunos em função dos objetivos da sequência

e das características do gênero;

escolher as atividades indispensáveis para a realização da continuidade

da sequência;

prever e elaborar, para os casos de insucesso, um trabalho mais

profundo e intervenções diferenciadas no que diz respeito às dimensões

mais problemáticas. (DOLZ E SCHNEUWLY, 2004, p.94)

É importante ressaltar que o procedimento sequência didática não deve ser a única

forma de trabalho em sala de aula para que os alunos desenvolvam um melhor domínio da

língua. Em outros momentos de aula, devem ser trabalhados aspectos da língua,

principalmente, no nível da textualização, uma vez que é nesse nível da sequência didática,

que pode haver outras abordagens a respeito da língua, tais como, questões de gramática e

sintaxe e questões de ortografia.

II- METODOLOGIA

Com o intuito de alcançarmos os objetivos a que nos propomos, elegemos como

instrumento metodológico a pesquisa – ação para que o objeto em estudo, no caso, as ações

desenvolvidas em sala de aula pelo professor e as produções textuais dos alunos, sejam

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observadas por vivência direta que permitirá analisar empiricamente nosso objeto de estudo,

assim como nos possibilitará contribuir com uma reflexão/transformação acerca desse objeto

por meio do trabalho de intervenção com duas sequências didáticas: convite e exposição de

livros de bolso.

Para a realização do estudo, foi feito um trabalho de campo, através de observações

diretas em sala de aula no período de seis meses, a fim de obtermos o suporte cient ífico

(corpus) que norteará as nossas reflexões no decorrer da análise dos textos produzidos pelos

alunos do 2° ano do ensino fundamental, e nos possibilitará analisar como se dá o processo

de aquisição da língua escrita, os gêneros trabalhados nessa série e se estão numa proposta

de letramento. Também foi aplicada, junto ao professor da sala, uma entrevista avaliativa

referente à proposta de intervenção, que também norteou as nossas reflexões acerca das

ações na sala de aula.

Dessa forma, o estudo tem como sujeitos pesquisados o (a) professor (a) da sala e

seus respectivos alunos. Os dados obtidos através dos instrumentos de coleta foram

submetidos a uma análise de conteúdo qualitativa e quantitativa.

O objeto de estudo desse trabalho foram as aulas planejadas e ministradas pelo(a)

professor(a) que possibilitaram observar e analisar empiricamente o que fazem, como fazem,

quais atividades com a língua portuguesa são propostas em sala de aula e as produções

textuais escritas por dezessete alunos do 2° ano do ensino fundamental, com faixa etária

entre seis a oito anos, para analisarmos como utilizam os gêneros textuais que são abordados

nessa série, considerando o processo de aquisição da linguagem escrita dentro da perspectiva

do letramento.

II-I. Caracterização da Escola

A pesquisa ocorreu na Escola Municipal Aruanda, localizada a Rua Eurídice Félix

Cabral, s/n, Bancários, no município de João Pessoa, em uma turma do 2º ano do Ensino

Fundamental I, no turno da manhã. O período de realização teve a duração de seis meses,

sendo estes divididos entre observações da prática da professora e aplicação de duas

sequências didáticas.

A Escola Municipal Aruanda é administrada por uma gestora geral e duas gestoras

adjuntas. As atividades diurnas são desenvolvidas com turmas do 1º ao 9º ano do Ensino

Fundamental. Essa escola possui uma equipe técnica pedagógica formada por uma

supervisora, duas psicólogas, uma orientadora educacional e uma assistente social.

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A equipe docente é composta por 30 profissionais, sendo 30 graduados, 07

especialistas, 02 com mestrado, 07 professores readaptados e atende a 604 alunos,

subdivididos em 259 alunos do 1ª ao 5º ano e 345 alunos do 6º ao 9º ano.

A escola atende à população da própria comunidade e de outras áreas mais próximas

e oferece o serviço diário de assistência ao educando por meio da merenda escolar.

III- RELATÓRIO DE INTERVENÇÃO

As aulas de língua portuguesa desenvolvidas nessa turma do segundo ano do ensino

fundamental são ministradas apenas nas segundas, quintas e sextas-feiras, totalizando 21

semanas de aula com 63 aulas dadas no período da pesquisa, conforme o planejamento da

professora e devido aos horários de outras disciplinas.

Todos os alunos da turma são alfabetizados, porém alguns ainda leem sem muita

fluência e escrevem com dificuldade, principalmente palavras com formação de sílabas

complexas.

As observações em sala tiveram início no segundo semestre de 2013 e fui muito bem

recebida pela escola, pela professora de sala e pelos alunos.

Para este trabalho, selecionamos a observação e a análise de 24 aulas,

correspondendo às seguintes datas:

agosto setembro outubro

19/08/20013

22/08/2013

23/08/2013

26/08/2013

29/08/2013

05/09/2013

06/09/2013

09/09/2013

11/09/2013

12/09/2013

13/09/2013

16/09/2013

19/09/2013

20/09/2013

23/09/2013

26/09/2013

27/09/2013

30/09/2013

03/10/2013

04/10/2013

07/10/2013

10/10/2013

17/10/2013

18/10/2013

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Na primeira semana de observação, percebi de imediato que a professora levava para

sala de aula gêneros de texto para ministrar suas aulas. Uma das primeiras aulas observadas

envolvendo gênero textual foi com o gênero textual “lenda”.

No dia 19/08/2013 de início, houve uma conversa informal com os alunos sobre o

que era uma lenda, se eles já ouviram falar sobre lendas e se alguém já conhecia alguma.

Dando sequência à aula, a professora levou os alunos à sala de informática para que eles

pesquisassem sobre algumas lendas do estado da Paraíba e sobre outras lendas. As crianças

também foram levadas à biblioteca para realizar uma pesquisa sobre a cultura indígena, uma

vez que elas escolheram para estudar a lenda da fonte do Tambiá. No dia seguinte, a

professora leu a lenda escolhida, conversou com as crianças sobre a história narrada na lenda

e solicitou que representassem a lenda da fonte do Tambiá por meio de desenhos. Como

atividades de escrita, foram feitas frases referente às lendas, conforme pode ser observado

nessas imagens.

Imagem 1 (19/08/2013)

Imagem 2 (19/08/2013)

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Imagem 3 (19/08/2013)

Imagem 4 (19/08/2013)

Percebemos, nestas escritas, que as crianças, embora tenham ficado no nível da

frase, já estão alfabetizadas, já apresentam marcas de autoria, necessitando de intervenções

no que se refere à grafia de algumas palavras, pontuação, concordância e no processo de

segmentação da escrita.

Outra atividade com as lendas, envolvendo a modalidade escrita da língua, foi

desenvolvida na sala. Esta atividade solicitava que os alunos completassem os textos com o

apoio do banco de palavras, conforme cada lenda apresentada (anexo II), embora a escrita

tenha sido trabalhada de forma objetiva, com identificação de cada palavra no banco de

palavras, as crianças demonstraram interesse na sua realização.

Uma atividade de escrita que foi desenvolvida pela turma foi feita a partir de uma

atividade proposta pelo livro didático dos alunos. A atividade se referia ao estudo da língua

abordando a noção de frase e número de palavras. Para esta atividade, a professora escreveu

no quadro uma frase que estava contida no livro.

“ A melhor coisa em festa de aniversário não é o bolo, é o brigadeiro”.

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Em seguida, foi feita a contagem coletiva do número de palavras e os alunos

registraram no livro a resposta. Ainda no dia 19/08/2013, dando sequência à atividade

proposta no livro didático, foi solicitado que os alunos lessem uma piada que estava escrita,

cada aluno lendo uma frase. Em seguida, a professora leu a piada para a turma, fez referência

ao suporte do texto e solicitou que os alunos respondessem a questão do livro didático:

“Quantas frases têm a piada?” Observei que os alunos apresentaram dificuldade para

identificar quantas frases possui a piada. Para que os alunos reconhecessem o número de

frases presente na piada, a professora escreveu no quadro e fez a contagem com eles,

observando os sinais de pontuação. Nessa atividade, não houve a exploração do texto

enquanto gênero, nem tampouco a finalidade ou a função social do mesmo. O gênero textual

foi trabalhado para a contagem apenas do número de frases.

Em continuidade ao projeto folclore, no dia 22/08/2013, houve a apresentação de um

cartaz sobre o folclore, leitura e conversa informal. Nesta aula, a professora dividiu a turma

em grupos, distribuiu uma lenda para cada grupo e solicitou que copiassem a lenda na

cartolina seguida de um desenho representativo. Após a cópia e feito o desenho, cada grupo

apresentou seu cartaz.

Outra atividade interessante desenvolvida em sala, no dia 23/08/2013, da qual os

alunos gostaram muito, foi a exibição do filme “O Lorax- em busca da trúfula perdida

(animação). Logo após a exibição do filme, houve uma conversa sobre os personagens e o

enredo. No dia 26/08/2013, a atividade de escrita desenvolvida nesta aula foi o

preenchimento de uma ficha com questões relacionadas ao filme. (anexo III)

Nesta atividade, houve interação entre os alunos e muita mediação da professora,

principalmente, tanto em relação às questões de ordem fonológica quanto à escrita de

algumas palavras.

No dia 29/08/2013, a professora iniciou a aula solicitando que todos abrissem o livro

de português para aula de ortografia. Nessa aula, foi feita a leitura de um trava-língua

presente no livro e, em seguida, foi colocado no quadro um cartaz com trava-língua para

leitura coletiva.

“O que o Cacá quer?

O Cacá quer caqui!

Que caqui o Cacá quer?

O Cacá quer qualquer caqui.”(Folclore)

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Ao término da leitura, houve questionamentos, tais como: - Quem sabe o que é um

trava-língua? Alguém conhece outro trava-língua? Nesse momento, a professora explicou o

que significava trava-língua e apresentou outros trava-línguas em cartaz para um desafio na

sala com a participação dos alunos. O desafio consistia em quem lia mais rápido e correto

um trava-língua.

Como atividade de escrita, nesse dia, foi feito um exercício no livro didático que

explorava os sons do “c”: ca- ce- -ci – co- cu- cão e “q”: qua- quo- quão, que, qui abordando

questões em relação a fonemas e grafemas. O texto, presente no livro didático, foi usado

como pretexto para o ensino de ortografia.

No dia 05 do mês de setembro, foram levados para sala de aula vários brinquedos

(bola, boneca, cavalo, boi, cachorro, carroça, carrinho, dama, quebra-cabeça). A professora

apresentou-os para a turma e solicitou que um aluno escrevesse a palavra “brinquedo” na

lousa, com a ajuda de outros colegas. Nessa atividade, houve exploração do número de letras

e de sílabas da palavra brinquedo, estudo das sílabas bra, bre, bri, bro, bru, brão e bla, ble,

bli, blo, blu, blão e perguntas sobre os brinquedos que começam com a letra b.

No outro dia, 06/09/2013, como estudo de gênero textual lista, foi solicitado que

listassem os nomes dos brinquedos, na posição vertical, orientando para que colocassem as

palavras umas abaixo das outras. Essa atividade foi desenvolvida na lousa.

Nos dias 09 e 11/09/2013, as aulas foram ministradas por meio do livro didático,

enfocando a leitura e interpretação de conto, estudo ortográfico (ca, co, cu, cão / qua, quo,

quão/ gue, gui). Também foram trabalhados com os alunos alguns sinais de pontuação

(ponto final, exclamação e interrogação) com atividades a serem respondidas no livro. A

escrita foi feita com base nas respostas necessárias sobre as questões referentes ao texto que

foi lido, sendo a maioria delas objetivas.

Nesta mesma semana, no dia 12/09/2013, a professora deu continuidade à aula sobre

os sinais de pontuação e apresentou para os alunos um cartaz com o seguinte texto:

- Cabra cega de onde vens____

- Do moinho____

- O que trazes____

- Pão e vinho____

- Me dá um pouquinho__

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- Não____

Em seguida, solicitou que pontuassem, chamando alguns alunos para realizar a

atividade. Quando havia dúvidas por parte do aluno que foi ao quadro, questionava-se o

restante da turma para que ajudasse o colega.

Na sequência da aula, foi colocado no quadro um cartaz com frases para serem

pontuadas pela turma.

Quem viu primeiro a baleia na praia____

Sim, as borboletas são de várias cores___

Que bonito ver a baleia nadando____

De onde vêm as baleias_____

Que surpresa: A lagarta virou uma borboleta___

A joaninha é vermelha com bolinhas pretas____

Quem já viu uma borboleta azul ____

Que dia bonito____

João comprou pão para o papai___

Cascão detesta tomar banho___

Cada aluno era chamado para pontuar uma frase e, caso não soubesse, a turma o

ajudava. Em seguida, lia a frase com a entonação adequada, conforme o sinal de pontuação.

A aula do dia 13/09/2013 teve como foco o Projeto Ano Cultural, em que todas as

escolas municipais desenvolvem trabalhos em homenagem a artistas da terra. Este ano, as

homenageadas foram Catia de França e Elba Ramalho. Dentro desse projeto, foram

trabalhados com a turma três gêneros textuais: biografia, letra de música e poema.

O primeiro gênero textual a ser trabalhado foi biografia. Como estratégia de ensino, a

professora contou para a turma um pouco sobre a vida de cada cantora e estimulou o diálogo

em sala.

Dando sequência ao projeto e trabalhando o gênero letra de música, no dia

16/09/2013, foi distribuída a letra da música “Ponta do Seixas”(anexo IV). As estratégias

utilizadas para o estudo do texto foram:

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Solicitação da observação do texto para verificação da estrutura (versos e

estrofes);

Atividade de leitura – leitura colaborativa- cada aluno leu dois versos

Leitura do texto feita pela professora;

Conversa com os alunos sobre os pontos turísticos presentes no texto;

Exploração da estrutura do texto para estudo das rimas;

Exposição de cartazes sobre os pontos turísticos de João Pessoa.

Após o trabalho com a letra da música, continuando as atividades sobre o ano

cultural, na quinta-feira, dia 19/09/2013 foi solicitado aos alunos que desenhassem um ponto

turístico de João Pessoa e como atividade de escrita foram estimulados a produzirem um

poema. Antes da atividade de produção foi desenvolvida uma atividade com jogo das rimas.

Os alunos participaram com interesse e surgiram algumas produções para a culminância do

projeto, como vemos exemplos abaixo:

Imagem 5 – (19/09/2013)

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Imagem 6- (19/09/2013)

Imagem 7 (19/09/2013)

Percebemos, nesses exemplos produzidos, que por meio da mediação da professora

os alunos escreveram o texto seguindo a estrutura de um poema, com escolhas lexicais de

um mesmo campo semântico, com a presença de rimas em algumas palavras. Os textos

apresentam alguns aspectos linguísticos (ortográficos) que precisam ser revisados e

reescritos. A atividade de revisão textual foi desenvolvida no dia 20/09/2013.

No dia 23/09/2013, a professora trabalhou com o gênero textual regras do jogo,

enfocando a leitura do texto “Jogo linha de quatro” proposto no livro didático. Após a leitura

silenciosa e a leitura oral feita pela professora, os alunos realizaram a atividade de

interpretação textual que estava proposta no livro didático.

Dia 26/09/2013, a atividade de sala foi trabalhada com o gênero textual cartaz, que

abordava um assunto sobre vacinação de animais contra a raiva. Como procedimento

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didático foi solicitado aos alunos que fizessem uma leitura silenciosa do texto. Após

observação houve uma conversa informal e formação de duplas para que produzissem

cartazes incentivando a vacinação de cães e gatos. Os alunos participaram ativamente da

atividade e com muita integração.

Uma atividade de ortografia, que os alunos desenvolveram no dia 27/09/2013,

focava a emprego do “m” ou “n” antes de consoantes. Para esta atividade, a professora

apresentou as sequências: am, em, im, om, um; an, en, in, on, um, e explicou que o “m” usa-

se antes do “p” e “b” e que o “n” usa-se antes das demais consoantes. Após explicação, os

alunos fizeram a atividade proposta no livro didático, copiaram e responderam também esta

atividade escrita na lousa.

Complete as palavras com m ou n e leia:

li__peza; pla__ta; de__te; bo__ba; ci__to;

ca_po; bo__bo; lo__go; ca__ta; elefa_te

Ponha “n” antes do “t” e forme novas palavras:

pote – ponte cato- ____________ jato-____________

seta - ______ mato-___________ moto-___________

No dia 30/09/2013, os alunos fizeram a leitura de um texto instrucional no livro

didático e desenvolveram as atividades propostas, tanto de leitura como de escrita.

Em outubro, as observações foram iniciadas no dia 03/10/2013, envolvendo o estudo

do emprego do acento agudo e circunflexo. A partir da palavra “bilboquꔲ, a professora

chamou atenção dos alunos a respeito do acento circunflexo empregado na palavra e mostrou

as diferenças que há, tanto em pronúncia quanto escrita, em palavras que recebem o acento:

esta/ está; vovô/ vovó; e/é; entre outras. Os alunos desenvolveram atividades no livro

didático.

No dia 04/10/2013, a aula foi desenvolvida seguindo uma proposta de produção

textual de um bilhete, contida no livro didático, para ser enviado a outra turma da escola,

ensinando como se faz um “bilboquê”.

_________________

2- Brinquedo confeccionado a partir de material reciclado, tais como, garrafa pet, barbante, fita crepe, tinta

guache e folhas de revista.

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A aula do dia 07/10/2013 envolveu uma atividade de leitura também proposta no

livro didático, para que os alunos identificassem no texto as palavras que foram escritas

emendadas e as que foram escritas separadas.

No dia 10/10/2013, houve a abertura da unidade do livro didático referente às

histórias infantis. Nesse dia, a professora fez questionamentos à turma para listar as histórias

que eles conhecem. Após a listagem, foi feita a leitura do conto “Os três cabritinhos”,

seguida de interpretação oral e escrita.

Na primeira quinzena de outubro, as aulas foram desenvolvidas com foco na leitura.

A escrita foi trabalhada para que os exercícios propostos no livro didático fossem

respondidos. Inicialmente, a professora fez vários trabalhos de preparação para a leitura,

explorando os conhecimentos prévios dos alunos acerca do gênero textual que ia ser

estudado. Nesse período, o foco esteve voltado para os contos infantis. Foi apresentada para

turma uma lista contendo alguns títulos infantis tradicionais e perguntado para os alunos

quais eles conheciam.

A seguir, alguns dos contos apresentados nesta aula:

O patinho feio

Os três porquinhos

João e Maria

Pedro e o lobo

Chapeuzinho Vermelho

Soldadinho de chumbo

O lobo e os sete cabritinhos

Em seguida, após conversa sobre os contos, a professora solicitou que os alunos

lessem a história dos três cabritinhos que estava no livro didático. Depois da leitura, os

alunos responderam alguns questionamentos oralmente e algumas atividades escritas de

interpretação textual, no livro.

Também houve uma proposta de produção escrita ( anexo V ) para que os alunos

criassem um outro início para a história “Os três cabritinhos” para apresentarem aos colegas

de classe. Nesse mesmo período foi trabalhado como atividade ortográfica o emprego do

“m” ou “n” em final de sílaba.

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Nos dias 17 e 18/10/2013 a professora preparou uma série de atividades com o tema

“Baú das histórias infantis” contendo vários contos infantis para trabalharmos com a turma e

desenvolvermos as sequências didáticas para convidarmos e apresentarmos os resultados aos

alunos do segundo ano B.

Para o desenvolvimento dessas atividades, a professora teve por meta incentivar os

educandos a realizarem atividades de leitura e de escrita de forma envolvente, dinâmica,

numa perspectiva construtivista, a fim de tornar os alunos capazes de lerem, interpretarem e

produzirem textos com autonomia. Para isso, ela selecionou os seguintes objetivos

específicos:

Selecionar procedimentos de leitura adequados a diferentes objetivos e

interesses e as características do gênero e do suporte;

Desenvolver sua capacidade de construir um conjunto de expectativas (

pressuposições antecipadas dos sentidos, de forma e da função do texto)

apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre gênero, suporte e universo

temático, bem como sobre saliências textuais, recursos gráficos, imagens,

dados da própria obra (índice, prefácio etc);

Ler, de maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenha

construído familiaridade.

Foram utilizados os seguintes materiais para o desenvolvimento dessas aulas:

atividades de interpretações textuais, livros de contos sugeridos, livro didático, vídeos.

A partir do dia 21/10/2013, iniciamos uma pesquisa - ação partilhada com a

professora da sala para do desenvolvimento das sequências didáticas com o gênero convite e

a exposição dos livros de bolso. Para estas intervenções, foram selecionadas 20 aulas

correspondendo as datas a seguir:

outubro novembro

21/10/2013

24/10/2013

25/10/2013

28/10/2013

30/10/2013

31/10/2013

01/11/2013

04/11/2013

05/11/2013

06/11/2013

07/11/2013

08/11/2013

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11/11/2013

12/11/2013

14/11/2013

18/11/2013

19/11/2013

20/11/2013

21/11/2013

22/11/2013

Apresentamos aos alunos toda a situação de comunicação que pretendíamos

desenvolver com o objetivo de convidar o segundo ano B para a exposição de livros de bolso

e recontos de histórias.

Inicialmente, na apresentação da situação, conversamos com os alunos sobre a

elaboração de um convite para a turma do segundo B assistir aos recontos e ver a exposição.

Dessa forma definimos junto com a turma o gênero textual que iríamos produzir, para quem

se dirige a produção, a forma que assumirá o texto e quem seriam os participantes da

produção.

Nesse momento, exploramos os conhecimentos prévios dos alunos a respeito dos

textos epistolares, em particular, o gênero convite. Após discussão e levantamento dos

conhecimentos prévios, formamos vários grupos e distribuímos vários tipos de convites para

que eles observassem a disposição gráfico-visual do texto e procurassem identificar qual era

o tipo de convite: aniversário, casamento, formatura, chá de bebê, chá de cozinha, chá de

fralda, conforme anexo VI.

Em seguida, levantamos questionamentos orais à turma, tais como:

Todos os convites são iguais? Possui a mesma forma?

Nos convites têm o nome do convidado e o nome da pessoa que está

convidando?

Existe indicação do local, dia e hora em todos os convites?

Todos os convites apresentam o motivo, ou seja, para que está sendo

convidado?

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No dia 21/10/2013, antes de propormos a primeira produção do convite com o

objetivo de convidar a outra turma para visitarem a exposição e assistirem ao reconto dos

contos infantis, definimos com a turma, a hora e o dia da visita. Como visamos um projeto

coletivo, sempre combinávamos com a turma cada fase e o que iríamos fazer, deixando claro

para eles os objetivos da aula.

Propomos uma primeira escrita do convite para que pudéssemos observar o que os

alunos já sabem sobre o gênero e o que ainda precisam aprender, para depois serem

trabalhadas nos módulos as dificuldades apresentadas na primeira produção, conforme

exemplos abaixo:

Imagem 08 (21/10/2013)

Imagem 09 (21/10/2013)

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Imagem 10 (21/10/2013)

Imagem 11 (21/10/2013)

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Imagem 12 (21/10/2013)

Imagem 13 (21 / 10 / 2013)

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Imagem 14 (21/10/2013)

Imagem 15 (21/10/2013)

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Imagem 16 (21/10/2013)

Imagem 17 (21/10/2013)

Observamos por meio dos exemplos acima que os alunos elaboraram um primeiro

texto no gênero convite revelando para si e para nós, professores, o que já sabem e o que

ainda precisam aprender. Os textos das imagens 08, 10,11,12,13,15 e 16 não demonstram

insucesso, uma vez que os alunos produziram os textos de acordo com a situação de

comunicação dada, embora ainda não apresentem todas as características do gênero em

estudo de forma bem estruturada.

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Conforme Dolz e Schneuwly (2004) as produções iniciais são reguladoras tanto para

os alunos como para o professor. Por meio dessas produções

o objeto da sequência didática delineia-se melhor em suas

dimensões comunicativas e também se manifesta como lugar de

aprendizagem necessária das dimensões problemáticas. Assim, a

sequência começa pela definição do que é preciso trabalhar a fim de

desenvolver as capacidades de linguagem doa alunos, que

apropriando-se dos instrumentos de linguagem próprios ao gênero,

estarão mais preparados para a produção final (Dolz e Schneuwly,

2004, p.86-87).

Na análise dos textos, observamos que os alunos já conseguem perceber que alguns

elementos são fundamentais em um convite, a exemplo das informações sobre a data, local e

horário do evento. Evidenciamos que alguns alunos apresentaram uma certa dificuldade em

relação ao conteúdo do convite. Os textos das imagens 10 e 15 demonstram essa ausência de

conteúdo, necessitando o desenvolvimento de atividades nos módulos que contemplem as

capacidades linguístico-discursiva. Essas observações são fundamentais porque nos

permitem adaptar a sequência e elaborar os módulos de forma mais adequada as capacidades

reais dos nossos alunos.

No dia 24/10/2013, iniciamos duas atividades dos módulos com base nas dificuldades

que os alunos apresentaram, especificamente, em relação ao conteúdo do texto que

escreveram na produção inicial. Para tanto apresentamos os dois convites a seguir:

Imagem 18 (24/10/2013)

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Convite rosa

Paulo,

Participe do 1º Encontro de Alunos da Escola Aprender. Vai ter muita brincadeira e

diversão. Você não pode faltar, contamos com sua presença!

Endereço: Rua Silva Lopes,367

Data: 20/10/2010

Horário: 15 horas

Felipe

Convite verde

Festa dos amigos

Maria,

Vamos comemorar a nossa amizade

Dia: 21/02/08

Horário: 10 horas

Local: Escola Feliz, sala 5

Aguardo você!

João

Em seguida, fizemos uma atividade de observação e análise dos textos com

questionamentos à turma sobre o conteúdo de cada um deles. Sobre a representação da

situação de comunicação, questionamos se nos dois convites existiam remetente e

destinatário, local, data e hora, qual era a finalidade de cada convite. Na exploração acerca

dos conteúdos, levantamos questionamentos sobre se os dois convites abordavam o mesmo

assunto ou se tinham assuntos diferentes. Esta atividade foi bastante significativa, pois

possibilitou aos alunos, de forma coletiva, realizarem a comparação entre textos do mesmo

gênero.

Outra atividade desenvolvida com o gênero em estudo, também no dia 24/10/2013,

foi a leitura e interpretação escrita de um convite de aniversário ( anexo VII ) para que os

alunos observassem os seguintes aspectos:

Relação entre a linguagem verbal e não verbal;

Público adequado;

Remetente e destinatário;

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Assunto;

Local, dia, mês e ano dos convites;

Horário;

Nesta atividade, embora tenha sido respondida individualmente, houve nossa

mediação por meio dos questionamentos orais a toda turma. Os alunos responderam a

atividade com muita facilidade.

Para a produção final, no dia 25/10/2013, combinamos com a turma se faríamos

vários convites ou se faríamos a reescrita de forma coletiva, produzindo apenas um tipo de

convite. Como a turma estava em fase de alfabetização e letramento, ficou acordado que

seria apenas um convite escrito com a participação de todos, com a mediação e intervenção

de todos os alunos e de nós, professoras.

A reescrita foi feita na lousa e todos participaram ativamente, conforme imagens a

seguir.

Imagem 19 (25/10/2013)

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Imagem 20 (25/10/2013)

Imagem 21 (25/10/2013)

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Imagem 22 (25/10/2013)

Imagem 23 (25/10/2013)

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Imagem 24 (25/10/2013)

Imagem 25 ( 25/10/2013)

Esse momento de reescrita coletiva foi bastante significativo, pois a turma toda

envolveu-se com bastante atenção, cada um dando sugestões e nós, professoras, fizemos as

mediações necessárias questionando o tempo todo a respeito das adequações referentes à

organização geral do texto, se havia ou não incoerência de conteúdo, a falta de coesão e

coerência nas frases, se o texto estava adequado à situação de comunicação proposta, a

ortografia e os processos de segmentação da escrita, elencando, oralmente, uma lista de

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constatações para que aos poucos os alunos fossem reconhecendo as principais

características do gênero em estudo. Cada um se dirigia ao quadro e sugeria alguma

mudança no texto. Após reescrita coletiva, todos copiaram o convite e escolheram um para

ser entregue à turma do segundo ano B.

Imagem 26 ( 25/10/2013)

Logo após a reescrita do texto em sua versão final, foram distribuídos papéis para que

os alunos escrevessem, cada um, a versão final do convite, conforme imagens a seguir.

Imagem 27 ( 25/10/2013)

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Imagem 28 ( 25/10/2013)

Imagem 29 (25/10/2013)

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Imagem 30 (25/10/2013)

Imagem 31 (25/10/2013)

Bom dia 2º ano B

Venha ver a nossa apresentação dos conto infantis com exposição dos nossos livros de

história

será nossa sala no dia 22 de novembro de 2013 as 8 hora.

Turma do 2º ano A

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Podemos observar, nessas produções finais, que embora a reescrita tenha sido feita de

forma coletiva, os textos ainda apresentam alguns desvios ortográficos e de concordância.

Mesmo assim, verificamos que os objetivos apresentados na proposta da situação

comunicativa foram alcançados. Alguns alunos, embora sabendo que a produção final foi

feita por todos, sentiram a necessidade de darem um estilo pessoal à sua produção. Muitos

até assinaram o nome.

Dolz e Schneuwly ( 2004, p. 90) assinalam que a produção final possibilita ao aluno

por em prática o que aprenderam durante as atividades nos módulos e auxilia o professor a

realizar uma análise sobre os progressos do aluno acerca do gênero em estudo.

Na continuidade do desenvolvimento da sequência didática, iniciamos a segunda

etapa das atividades envolvendo a exposição dos livros de bolso e o reconto de histórias

infantis, a serem apresentadas oralmente no dia 22 de novembro de 2013. Iniciamos um

trabalho a partir do dia 28 de outubro, com um projeto chamado “Baú das histórias”. Com

um pequeno baú contendo objetos que representam as histórias infantis, a professora ia

retirando um de cada vez para que os alunos identificassem a qual conto pertenciam. Monta-

se, assim, a listagem com os títulos das histórias utilizando o caderno de leitura e o painel,

para serem apresentados no dia da exposição. Vale salientar que todos os contos

apresentados por ícones que estavam no baú foram contados à turma.

Imagem 32 (28/10/2013)

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Imagem 33 (28/10/2013)

Imagem 34 (28/10/2013)

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Imagem 35 (28/10/2013)

Várias foram as atividades desenvolvidas nos módulos para prepararmos os alunos

para o dia da exposição dos livros, tais como:

1º módulo ( 30/10/2013)- Utilizando a listagem das histórias, foi realizada a atividade de

escrita: Qual é o conto? Em seguida, com a utilização do livro didático houve a realização da

atividade envolvendo a lista dos contos.

2º módulo ( dias 31/10 e 01/11/2013)- Leitura compartilhada da história “Os três

cabritinhos” com interpretação oral e escrita, para identificação do narrador e personagens;

3º módulo (04/11/2013) -Leitura da história “O lobo e os sete cabritinhos” com atividades

de interpretação oral e escrita, fazendo comparações entre as duas histórias lidas. Também

houve o estudo sobre os parágrafos do texto.

4º módulo (05/11/2013) - Leitura da história de Chapeuzinho Vermelho em duas versões (

clássica e obra da caixa de leitura ), discussão em sala sobre as duas versões e logo após

assistiram ao filme “Chapeuzinho Vermelho”;

5º módulo (06/11/2013)- Atividade de sequenciar história com base no clássico

Chapeuzinho Vermelho. Cada criança recebeu uma parte da história, fez a leitura silenciosa

e em seguida foi montado o painel com a ordenação dos fatos. Logo após a montagem, fez-

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se a leitura do conto seguida de questionamentos orais e atividades de interpretação escrita,

no livro didático.

6º módulo (07/11/2013)- Atividade em papel ofício: interpretação textual do conto

Chapeuzinho Vermelho.

7º módulo ( 08/11/2013) – a turma foi organizada em dupla para montar um quebra-cabeça

com a história a ser trabalhada. Após montado, os alunos identificaram qual era a história, no

caso, era Cachinhos Dourados, e realizaram a leitura do conto seguida de interpretação oral e

escrita.

8º módulo (11 e 12/11/2013) -Leitura do conto “Branca de Neve e os sete anões” para a

produção de desenhos utilizando a sequência de escrita;

9º módulo (14/11/2013) -Leitura da história de Cinderela para interpretação oral e escrita

propostos no livro didático;

10º módulo ( 18/11/2013) - Apresentação do conto Rapunzel para atividade de ordenação de

sequência de gravuras da história e atividade de produção textual escrita, proposto no livro

didático.

11º módulo (19/11/2013)- Leitura de imagens da história “A princesa e o sapo”. Versão

contada pelo príncipe. Em seguida, leitura da história clássica e interpretação oral

comparando as diferenças entre as duas histórias. Logo após essa atividade, a história do

conto “João e Maria foi contada aos alunos por meio de dedoche. Em seguida houve uma

roda de conversa com os eles sobre a história contada.

Após a realização dessas atividades, que foram desenvolvidas entre os dias

28/10/2013 até 19/11/2013, no dia 20/11/2013,começamos a organizar os grupos para

contarem as histórias à turma do segundo ano B, que nos visitaria no dia 22 de novembro,

para ver a exposição e ouvir as contações das histórias, às 08 h, conforme a produção do

convite.

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No dia 21/11/2013, com os grupos já formados, definimos com os alunos quais

contos iriam ser contados e quem contaria cada parte da história. Iniciamos, então, os ensaios

das apresentações.

No dia 22/11/2013, organizamos a sala para recebermos os convidados para verem a

exposição dos livros, adivinharem os ícones referentes aos contos retirados do baú e ouvirem

as histórias contadas pelos nossos alunos. Foi um momento prazeroso. Os alunos convidados

participaram tentando adivinhar qual conto iria ser contado por meio da atividade do baú de

histórias e, logo após, um aluno de nossa sala, por vez, contava para eles o conto. As

crianças convidadas participaram ativamente, falando sobre as características dos

personagens e acrescentando fatos não narrados.Os alunos da nossa turma foram bastante

receptivos,ativos e cada grupo esperava a sua vez de recontar as histórias.

Imagem 36 (22/11/2013)

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Imagem 37 (22/11/2013)

A professora avaliou a turma de forma contínua, nas observações feitas durante as

atividades aplicadas aos alunos, tais como, desempenho durante a prática de leitura,

interpretação oral e escrita, criatividade e produção dos trabalhos, numa visão de que a

realização de atividades atrativas e diversificadas proporciona a cada aluno a expressão de

suas habilidades, valorizando dessa forma o potencial de cada um.

Todas as atividades desenvolvidas em sala de aula, tiveram como referência o plano

de curso elaborado pela professora ( anexo VIII ) e os direitos de aprendizagem do 2º ano

presentes no PNAIC- Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa a seguir:

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O PROFESSOR E A SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Questionário referente à aplicação da sequência didática

Em relação ao desenvolvimento das atividades por meio do procedimento sequência

didática, foram aplicados alguns questionamentos à professora da sala a fim de verificarmos

as suas impressões acerca do trabalho com gênero textual de forma sistematizada e

organizada.

1-Trabalhar com o gênero textual, em sala de aula, por meio de sequência didática,

possibilita aos alunos a apropriação do mesmo de maneira mais adequada para saber usá-lo

numa dada situação de comunicação? Justifique.

Com certeza. Pois o trabalho com sequência didática faz com que os alunos se

envolvam de modo gradativo nas situações em que os gêneros circulam. Assim, eles, ao

vivenciarem o trabalho com sequência didática, refletem sobre a língua, seus usos, as

práticas sociais em que os diferentes gêneros circulam. Mas vale ressaltar que ensinar

gêneros textuais na sala de aula não basta que o professor domine a estrutura

composicional do gênero e sua finalidade, é preciso também buscar informações

relevantes para a elaboração do conteúdo informacional que o texto vai conter.

2-As sequências didáticas inserem-se num projeto que motiva os alunos a escrever?

Justifique.

Através do trabalho realizado com sequência didática, os alunos podem ser motivados

a escrever, porém não há uma limitação das aprendizagens. Isso porque possibilita

vivenciar diferentes estratégias de organização do ensino e de aprendizagem no

decorrer da sequência.

3-A diversificação das atividades e dos exercícios, as chances de cada aluno se apropriar dos

instrumentos e noções propostos, respondem às exigências de diferenciação do ensino?

Justifique.

Sim. Quando se faz uma aula por meio do planejamento, o professor organiza melhor

sua prática. Com isso, reflete sobre os objetivos que quer alcançar e as atividades a

serem desenvolvidas são de forma mais consciente com o que se pretende desenvolver.

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Assim, com a diversificação das atividades bem elaboradas a aprendizagem ocorre de

forma mais significativa.

4-As sequências didáticas possibilitam preparar o aluno para dominar sua língua nas

situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhe instrumentos precisos,

imediatamente eficazes para melhorar suas capacidades de escrever e de falar? Justifique.

A sequência didática é o procedimento de ensino organizado em passos ou etapas de

atividades que viabiliza o estudo e o aprofundamento de determinado tema e que

permite a interdisciplinaridade. Com isso, vem a melhor capacidade de escrever e de

falar, pois a ação pedagógica deve estar voltada para a busca do desenvolvimento da

motivação e oportunizar o trabalho com autonomia onde deve exigir do aluno uma

série de atitudes como interesse, motivação, atenção, compreensão e expectativa de

aprender e conhecer.

5-O projeto coletivo de produção de um gênero, seja oral ou escrito, possibilita que

compreendam o melhor possível a situação de comunicação na qual devem agir. Opine.

Quando há o projeto coletivo de produção de um gênero, faz-se necessário que o

professor esteja íntimo do aluno, no que diz respeito a conhecer como eles pensam e

quais estratégias que serão utilizadas para desafiá-los a irem além do que eles já

construíram. Pois o professor é o facilitador, cabe a ele planejar as ações e permitir a

negociação dos alunos em todo o processo. Assim, a organização do trabalho prevê um

produto final com autonomia pessoal e responsabilidade coletiva para o bom

desenvolvimento da produção.

Analisando as respostas da professora dessa turma do 2º ano da Educação Básica I,

em relação às atividades que foram desenvolvidas a partir do procedimento sequência

didática, percebemos que ela tem uma consciência clara e objetiva a respeito do trabalho de

alfabetização e letramento a partir dos gêneros textuais diversos, inerentes à série.

Em suas respostas, evidenciamos uma pertinência do trabalho por meio das

sequências didáticas, quando afirma que elas envolvem o aluno de modo gradativo,

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proporcionando reflexão acerca do estudo da língua e seus usos, bem como, as diferentes

práticas sociais em que os diferentes gêneros textuais circulam.

Não obstante, também houve o entendimento por parte da professora, que o trabalho

realizado com a sequência didática torna os alunos mais motivados a escrever, mesmo

havendo limitações de aprendizagem. Essa motivação, segundo ela, decorre da possibilidade

de vivência com diferentes estratégias de organização do ensino e de aprendizagem nas

etapas da sequência.

Em relação à diversificação das atividades e dos exercícios propostos na sequência

didática responderem às exigências de diferenciação do ensino, a professora afirma que

quando se faz uma aula por meio do planejamento com atividades diversificadas e bem

elaboradas a aprendizagem ocorre de forma mais significativa.

Em suas respostas sobre o procedimento sequência didática, a professora

compreende que este viabiliza ao aluno estudar determinado gênero textual de forma mais

aprofundada e melhorar sua capacidade de escrever e de falar com autonomia, exigindo

desse aluno uma série de atitudes como interesse, motivação, atenção, compreensão e

expectativas de aprender e conhecer.

Quanto ao projeto coletivo de produção de um gênero textual, seja ele escrito ou oral,

há uma abordagem sobre a necessidade do professor conhecer o aluno a ponto de saber quais

estratégias de ensino podem ser utilizadas para lançar desafios à turma que possibilitem ir

além do que eles já sabem. Em seu ponto de vista, o professor é visto como facilitador e cabe

a ele planejar ações e permitir negociações em todo o processo de ensino e aprendizagem.

Dessa maneira, a produção final será desenvolvida com autonomia, mas com

responsabilidade coletiva e um bom resultado da produção.

Em suma, percebemos que houve o entendimento, por parte da professora,sobre o

procedimento sequência didática e valorização de um ensino a partir do mesmo para uma

alfabetização com vistas no letramento.

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CONCLUSÕES

Este relatório resultou da observação, análise e descrição das atividades planejadas e

ministradas em uma turma do 2º ano da Educação Básica I, no município de João Pessoa,

bem como, do desenvolvimento de duas sequências didáticas, uma com o gênero textual

convite e outra com uma exposição de livros de bolso e reconto de histórias, como proposta

de intervenção ao ensino.

Por se tratar de uma turma com número suficiente de alunos para o desenvolvimento

de aulas com foco na alfabetização e no letramento, as aulas transcorreram de forma muito

tranquila e participativa. Todos os alunos se envolveram no processo de forma integrativa e

com vontade de aprender.

Por meio dessa pesquisa – ação, percebemos que as atividades planejadas e

ministradas pela professora da sala estavam todas numa perspectiva de um trabalho com os

gêneros textuais (literários e não literários), a fim de alfabetizar os alunos, fazê-los

apropriarem-se do código e ao mesmo tempo torná-los capazes de identificar e conhecer

diferentes gêneros de textos e suas funções, mediante os objetivos propostos, com o intuito

de torná-los capazes de fazer uso dos textos em diferentes situações sociais.

No período de observação e análise, foi constatado que a professora levava para a

sala de aula textos diversos, além dos que estavam propostos no livro didático. Foram

apresentados à turma textos dos gêneros lista, poema, cantigas de roda, parlendas, piada,

letra de música, cartaz, contos infantis, adivinhações, entre outros. Todos com estratégias de

ensino planejadas previamente, mesmo sem ser com o procedimento sequência didática. O

mais significativo dessas aulas foi que os alunos relatavam para que serviam muitos desses

textos, ou seja, apresentavam conhecimento acerca da função social de muitos dos textos

apresentados e trabalhados pela professora.

Na verdade, evidenciamos que por meio das atividades desenvolvidas a partir dos

gêneros discursivos houve o favorecimento da aquisição da leitura e da escrita numa

proposta do letramento de forma significativa, participativa, onde os alunos interagiam

plenamente na execução das aulas propostas.

Outro aspecto relevante diz respeito ao desenvolvimento das sequências didáticas

como proposta de intervenção, que proporcionaram uma escrita na sala de aula com

objetivos definidos, de forma sistematizada e organizada, dentro de uma situação real. Os

alunos passaram a perceber de forma mais objetiva que a escrita possui uma função social e

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que escrevemos com diferentes objetivos a depender da situação de comunicação que

estivermos participando. Além disso, as atividades propostas nas sequências didáticas

favoreceram um aprendizado aprofundado a respeito dos gêneros que foram trabalhados, a

fim de prepará-los para um melhor domínio da língua para uso nas situações diversas da vida

cotidiana

Nesse sentido, as respostas dadas aos questionamentos feitos à professora

demonstraram que as aulas planejadas e ministradas por ela, bem como, as nossas

intervenções com o procedimento sequência didática, não foram apenas utilizadas para fazer

com que os alunos se apropriassem do código de sua língua materna, e sim, para alfabetizá-

los e ao mesmo tempo proporcionar-lhes o conhecimento de diferentes funções sociais dos

textos para que possam reconhecê-los e utilizá-los em diferentes práticas sociais, ou seja, o

ensino focava alfabetização e letramento.

Após a aplicação da proposta de intervenção, por meio das sequências didáticas,

constatamos a relevância de uma abordagem do ensino de língua materna e de alfabetização

numa perspectiva de letramento, para que as crianças desenvolvam-se dentro de um processo

de aquisição e apropriação do sistema de escrita, tanto alfabético como ortográfico,

participando de atividades de leitura e de escrita diversificadas de modo a fazê-las conhecer

os diferentes usos dos textos em diversas práticas sociais. Dessa forma, o ensino subsidiará

ao aluno uma preparação para ser um sujeito atuante na sociedade.

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ANEXOS

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