sentidos de avaliação nos discursos da política curricular da

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Filosofia e Ciências Humanas Faculdade de Educação Programa de Pós- Graduação em Educação Mestrado Linha: Currículo e Linguagem SENTIDOS DE AVALIAÇÃO NOS DISCURSOS DA POLÍTICA CURRICULAR DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (2009-2012) Joyce Diniz de Abreu Teixeira Rio de Janeiro Julho /2014

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Programa de Pós- Graduação em Educação

Mestrado

Linha: Currículo e Linguagem

SENTIDOS DE AVALIAÇÃO NOS DISCURSOS DA POLÍTICA

CURRICULAR DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO

RIO DE JANEIRO (2009-2012)

Joyce Diniz de Abreu Teixeira

Rio de Janeiro

Julho /2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

SENTIDOS DE AVALIAÇÃO NOS DISCURSOS DA POLÍTICA

CURRICULAR DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO

RIO DE JANEIRO (2009-2012)

Joyce Diniz de Abreu Teixeira

Orientadora: Profa. Dra. Rosanne Evangelista Dias

Dissertação exigida como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em

educação pelo Programa de Mestrado em

Educação da Universidade Federal do Rio

de Janeiro.

Rio de Janeiro

2014

AGRADECIMENTOS

A narração inscreve a experiência numa temporalidade que não é a de

seu acontecer (ameaçado desde seu próprio começo pela passagem do

tempo e pelo irrepetível), mas a de sua lembrança. A narração também

funda uma temporalidade, que a cada repetição e a cada variante torna

a se atualizar. Beatriz Sarlo

O que é a dissertação senão uma narrativa que funda no tempo presente um discurso

que nasceu híbrido de temporalidades, de histórias e de experiências?

Considero que este texto é fruto de minha história, de uma história que se cruzou,

que se cruza e que se cruzará com outras histórias. Uma reatualização de lembranças,

material afetivo-intelectual que deu forma às palavras.

Foi o caminho da lembrança que escolhi para tecer meus agradecimentos, por

considerar que cada parte da minha história se atualiza nesse texto, de forma muito

particular.

Agradeço minhas experiências de ontem e de hoje que inscrevem meu olhar e minha

escrita sobre o mundo e sobre a educação e que possibilitaram essa empreitada.

Ao primeiro contato com a poesia nos deliciosos momentos em que compartilhei

com minha avó Mocinha o prazer de ouvir e recitar poemas, nas varandas da minha

infância.

Aos ensinamentos sobre estar na vida, que me despertaram o gosto pelo

desconhecido, a atenção ao que me cerca, a tolerância e a luta, o desejo e perseverança.

Lições aprendidas na convivência com meus amados pais, Djalma e Maria Thereza, meus

principais alfabetizadores de mundo.

Às constantes configurações que foram se formando em meu “caleidoscópio

acadêmico”, provocadas pelas trocas com muitos mestres, nas diferentes posições de

estudante, desde o Jardim de Infância até a Pós-graduação e na posição de educadora, com

outros mestres, parceiros de lutas e desafios no cotidiano da escola e fora dela.

Ao estímulo e contribuição de Maria das Graças de Arruda Nascimento, que ao me

convidar a participar do grupo de pesquisa GEPROD- UFRJ sobre o trabalho docente

revigorou minha vontade de continuar a estudar. Nesses gostosos e instigantes encontros de

quartas-feiras, trocamos muitas ideias, rimos, saboreamos textos e lanchinhos que abriram

ainda mais meu apetite e me deram disposição para virar páginas paradas no passado e

escrever novos capítulos.

Ao apoio de Ivone Barros, aluna da Faculdade de Educação da UFRJ e professora

da rede municipal de Educação do Rio de Janeiro, que compartilhou comigo sua rica

experiência, seu olhar crítico sobre a realidade da educação pública e seu processo de

recontextualização da política curricular, além de me disponibilizar materiais, sendo uma

aliada fundamental na minha compreensão de como funciona a política no contexto da

prática.

À parceria construída nesses dois anos de convivência com Rosanne Evangelista

Dias, minha orientadora, que ampliou meu olhar sobre a política curricular, currículo e

discurso, me apresentando à Laclau, Ball e tantos autores que tive oportunidade de

conhecer. Os encontros de segunda-feira, no grupo de pesquisa sobre Políticas de Currículo

e Formação de Professores por ela coordenado, no NEC-UFRJ, nos quais troquei muitas

ideias com o grupo sobre os constructos teórico-metodológicos, em discussões e

seminários, foram momentos importantíssimos de reflexão e aprofundamento. Um “muito

obrigada” especial à Rosanne, por ter apostado na possibilidade do meu diálogo com esta

perspectiva de análise, tão nova para mim, pelos rumos que me ajudou a traçar, assim como

pelo estímulo e paciência com minhas idas e vindas e “paragens”.

Às trocas valiosas com minhas queridas colegas de trabalho, cúmplices acadêmicas

e amigas Suely Barreto e Marcela Moraes, que me deram dicas importantíssimas e me

ajudaram a delinear e enriquecer meu percurso de pesquisa e de escrita.

Ao apoio estratégico, à disponibilidade e competência da “galera” do PPGE, sempre

pronta a ajudar quando precisei.

À minha vontade de recomeçar e de concluir essa etapa da minha trajetória

acadêmica, de minha história.

Ao grande carinho e estímulo de meu marido Joaquim, parceiro de quase toda uma

vida, e de minha querida filha Luiza, meus grandes amores, ninho e conforto. Os

cafezinhos, massagens nas costas e olhares cúmplices revigoraram minha energia. Sua

presença já aliviava o peso da longa jornada, pela certeza de sua torcida contínua, me

esperando na chegada...

RESUMO

As discussões sobre conhecimento escolar, avaliação e democratização da educação pública

vêm assumindo maior relevância no campo do currículo nas três últimas décadas, quando o

Estado passa a produzir políticas públicas curriculares e utilizar sistemas unificados de

avaliação da aprendizagem escolar, alguns dos quais associados a mecanismos de

premiação e responsabilização. A partir do entendimento de que o currículo é uma política

cultural pública na qual discursos buscam se hegemonizar através de práticas articulatórias,

esta pesquisa tem como foco analisar os sentidos de avaliação que buscam se fixar nos

discursos da política curricular da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro

(2009-2012). Para tal, foi feita uma análise documental que privilegiou: a) o Plano

Estratégico do governo de Eduardo Paes; b) os Documentos legais relativos ao sistema de

avaliação deste município, produzidos pela prefeitura e pela SME-RJ, tanto no governo de

Eduardo Paes (Decreto Nº 30.426/2009, Resoluções de Nº 1.060/2009, 1.078/2010 e

1.123/2011) como no governo de seu antecessor, Cesar Maia (Resoluções de Nº 946/2007 e

959/2007 e Indicação Nº4/2007); c) o Decreto de Nº 3.387/2011, que fixa metas e

indicadores de desempenho do Acordo de Resultados; d) o Decreto de Nº 30.860/2009,

relativo ao Prêmio Anual de Desempenho; e) jornais eletrônicos. Em diálogo com a

abordagem dos Ciclos de Política (BALL & BOWE) e da Teoria do Discurso (LACLAU &

MOUFFE), o estudo focaliza os processos de significação de “avaliação escolar” em

definição nesta política. A análise aponta para a constituição de um corte antagônico que se

produz, nesta política, ao sentido de “aprovação automática” em oposição ao sentido de

“qualidade da educação”, significante que passa a ter uma centralidade nesta política e

agrega demandas distintas. O estudo também aponta para fluxos de sentidos e associações

que se constituem em torno dos significantes “qualidade de educação” – “avaliação” -

“eficácia” – “desempenho” – “premiação”, indicando fechamentos contingenciais de

sentidos de “avaliação” que se articulam com demandas do gerencialismo, da meritocracia

e da responsabilização e sua influência na produção dos discursos da política curricular da

rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

Palavras-Chave: Política de currículo; Avaliação escolar; Qualidade da educação;

Progressão automática; SME- RJ

ABSTRACT

Discussions on school knowledge, assessment and democratization of public education

have gained more importance regarding curriculum over the past three decades, when

the estate came up with curricular policies and unified assessment systems on school

learning, some of which are associated with rewarding systems and accountability. From

the understanding that the curriculum is a public cultural policy in which discourses seek

hegemony by means of coordinated practices, this study focuses on analyzing the

meanings of evaluations which seek alignment with curricular policy discourses of the

Municipal Secretariat of Education of Rio de janeiro (2009-2012). For that end, a

document analysis was conducted that focused on: a)the strategic Plan from Eduardo Paes

government ; b) legal documents relating to the assessement system of this council,

created by the City Hall and the SME-RJ, both by the current Eduardo Paes government

(Decree 30426/2009, Regulations Nrs. 1060/2009, 1078/2010 and 1123/2011),and the

former Cesar Maia government (Regulations Nos. 946/2007 and 959/2007 and Statement

No. 4/2007); c) Decree N º 3387/2011, which sets forth targets and performance indicators

of the Agreement results; d) Decree N º 30860/2009 on the Annual Performance Award; e)

Newspapers coverage news . Addressing the theory of Politics cycles (Ball & Bowe) and

Discourse Theory (Laclau & Mouffe), the study focuses on the processes of the meaning of

"educational assessment" to be defined in this policy . Tem analysis points out to the

establishment of an antogonistic cut that is produced in this policy, the meaning of

"automatic approval" as opposed to the meaning of "quality education" , a relevant pillar

in this policy and which encompasses distinct demands. The study also points out to the

flows of meanings and associations which constitute around the significant "quality

education" - "Review" - "effectiveness" - "performance" - "reward", indicating contingency

closures meanings of "review" that articulates with the demands of managerialism,

meritocracy and accountability and its influence on the production of discourses of this

policy and the curricular policy of Municipal schools of Rio de Janeiro.

Keywords: Curriculum Policy; School evaluation; Quality of education; Automatic

progression; SME-RJ

GLOSSÁRIO DE SIGLAS

ANEB - Avaliação Nacional da Educação Básica

ANRESC - Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

BIRD - Banco Mundial

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

CBA - Ciclos Básicos de Alfabetização

CBPE - Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais

CEST - Centro de Estudos do Aluno

CME - RJ – Conselho Municipal de Educação do Rio de Janeiro

CRE - Coordenadoria Regional de Educação

ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

FNDEP - Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública

FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério

IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDE-RIO - Índice de Desenvolvimento da Educação do Município do Rio de Janeiro

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

NCBM - Núcleo Curricular Básico Multieducação

NCLB - Nenhuma Criança Fica para Trás

NAEP- Avaliação Nacional do Progresso em Educação

NIESC - Núcleo de Informação e Estudos Estratégicos

OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OEA - Organização dos Estados Americanos

OEI - Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

PDL - Projeto de Decreto Legislativo

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação

PE - Planejamento Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro

PEJA - Projeto de Educação Juvenil

PISA - Programa Internacional de Avaliação de Alunos

PIRLS - Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura

PNE - Plano Nacional de Educação

PRODEMAN - Programa Interuniversitário de Pesquisas e Demandas Sociais

Rio de Janeiro

SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SAERJ - Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro

SME-RJ - Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro

TIMMS - Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10

I. POLÍTICAS CURRICULARES COMO PRÁTICAS DISCURSIVAS....................18

I.1. “Virada cultural” e “virada linguística”: novos enunciados e perspectivas de

análise para o campo do currículo.............................................................................18

I.2. Articulações entre macro-micro: uma aposta na ruptura do binarismo nos

estudos curriculares............................................................................................. ......26

I.3. Ciclos de políticas e Teoria do discurso: produção de sentidos em jogo na

análise das Políticas Curriculares .............................................................................32

II. QUALIDADE DA EDUCAÇÃO E DEMANDAS DO TEMPO PRESENTE .........41

II.1. “Qualidade”: sentidos em disputa em torno deste significante

polissêmico....................................................................................................... .........42

II.2. Do binômio qualidade da educação-avaliação para o trinômio qualidade da

educação-avaliação-eficácia: novos dilemas e implicações para as políticas

curriculares.......................................................................................................... ......55

III. SENTIDOS DE AVALIAÇÃO NOS DISCURSOS DA POLÍTICA

CURRICULAR DA SME-RJ (2009-2012) ...................................................................... 69

III.1. Política Curricular de Avaliação da SME-RJ (2009-2012)............................. 69

III.2. A “qualidade da educação” em oposição à “promoção automática”..............82

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................103

APÊNDICE

ANEXO

EPÍGRAFE

Pontes cheias-vazias de chuva e de sol

Nas fendas profundas e tênues do pós ontem-hoje,

no entre-lugar onde as fronteiras são passagens ou pontes,

se tem sol e se tem chuva,

se põe a luva e o anel.

Pode-se estar nos ares com pés encostados no chão,

em pulos e saltos inimagináveis entre o que se foi e o que se será.

Lugar de matizes, cores múltiplas que se traduzem na difusa mistura ou noutro tom, sem

cor e multicor.

Pode-se estar em todos os lugares e em lugar nenhum simultaneamente.

Construção continua de processos identitários.

Somos e não somos o que éramos e o que estamos,

somos essência e desessência.

Ponte – lugar de passagem, de desconstrução.

Construção contingente, efêmera,

que dura o tempo-espaço da incerteza.

Entre-lugar da articulação e da infiltração,

lugar híbrido.

Se tem chuvas ácidas e doces.

Há pingos translúcidos de multicores.

Acridocismo, arcoirismo. Hibridismo

Novos cenários...

Joyce Diniz de Abreu Teixeira

INTRODUÇÃO

O tema desta pesquisa é a avaliação escolar na política curricular da Secretaria

Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ), no triênio 2009-2012.

Investigo os sentidos de avaliação que buscam se fixar nos discursos desta política

através da análise documental.

As primeiras perguntas que me fiz, para começar a delinear o problema e delimitar

o campo de análise foram: por que investigar os sentidos de avaliação escolar que buscam

se fixar nas políticas curriculares e, especialmente, naquelas que utilizam sistemas de

avaliação em larga escala? Que sentidos de avaliação vêm sendo assumidos como

hegemônicos nas políticas educacionais brasileiras a partir da década de 1990? Tomando

como recorte a análise da experiência da Secretaria Municipal de Educação do Rio de

Janeiro, que sentidos de avaliação estão se fixando nas políticas curriculares que utilizam

sistemas de avaliação em larga escala, particularmente aquelas que têm se pautado na

responsabilização e na performatividade? Estes questionamentos contribuíram para a

escolha da problemática a ser investigada e da perspectiva de análise desta pesquisa, que

passo a apresentar.

Parto da compreensão das políticas curriculares como processos contínuos de

significação e ressignificação que estão presentes na seleção e organização de

conhecimentos a serem ensinados e avaliados, assim como nas escolhas do como ensinar e

avaliar. Busco analisar as políticas curriculares a partir de distintas demandas, entendidas

como construções discursivas sociais e histórias que envolvem, segundo Retamozo (2009),

pedido e reclamação, desejo e reconhecimento, nos quais operam subjetividades coletivas e

diferentes posições dos sujeitos em processos de luta na construção de sentidos e

condensações significativas.

Entendo as políticas de avaliação como políticas curriculares, nas quais ocorrem

lutas políticas, permeadas por negociações e articulações entre diferentes sujeitos e grupos

sociais, que buscam fixar e hegemonizar, contingencialmente, determinados sentidos

(DIAS, 2009, 2012; DIAS, ABREU & LOPES, 2010; LOPES, 2006). Nesta perspectiva,

investigar as políticas curriculares implica investigar os discursos, procurando analisar os

múltiplos sentidos e as demandas em jogo na disputa política.

Assim, opto por analisar os sentidos de avaliação na política curricular da SME-RJ

(2009-1012), através do diálogo com as perspectivas pós-estruturalistas de currículo,

elegendo como eixo teórico central a abordagem dos Ciclos de Política, de Stephen Ball e

colaboradores (1998) em articulação com Teoria do Discurso, de Ernesto Laclau (2011).

Opero, neste estudo, com a ideia de currículo como prática de significação (SILVA, 1997,

1999), como espaço-tempo de fronteira hibridizado, de enunciação, onde são produzidas e

negociadas diferenças e identidades (MACEDO, 2004, 2006a, 2006b; GABRIEL, 2008).

Currículo entendido como prática cultural e discursiva, na qual entram em jogo articulações

e relações entre cultura-conhecimento-poder.

O processo de aproximação com o tema – avaliação escolar – e de escolha da

problemática, assim como a redefinição do referencial teórico-metodológico, se relacionam

com minha trajetória acadêmica e profissional, pois foi ela que me impulsionou para este

estudo e delineou, gradativamente, a minha enunciação. Processo de idas e vindas

epistemológicas e simbólicas, que foi ressignificando o “o quê” e o “como” pretendia

dialogar com o campo do currículo.

O meu interesse pelo campo do currículo e pelo tema da avaliação vincula-se à

minha trajetória profissional, desde a década de 1970 até hoje, na qual atuei como

professora das séries iniciais e Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental da rede

privada, e também como membro de grupo de pesquisa na área de Formação de

Professores. Em meu percurso como educadora, as práticas curriculares e, em particular, os

processos avaliativos, estiveram presentes nos debates e impasses vividos por mim e por

muitos colegas de profissão. Os debates sobre o trabalho docente e sobre a qualidade da

educação também contribuíram para o meu envolvimento com a luta pela democratização

da educação e pela a justiça social.

Inicialmente, pretendia investigar os conhecimentos e estratégias mobilizados por

professores iniciantes ao lidarem com a avaliação de seus alunos por considerá-la “um

processo social bastante complexo no qual o julgamento profissional dos professores se

confronta com uma multidão de critérios, expectativas, necessidades, normas e

dificuldades” (TARDIF & LESSARD, 2005, p.136). A experiência no Grupo de Estudos e

Pesquisas sobre Profissão Docente (GEPROD-LEPED/UFRJ), coordenado pela Profª Drª

Maria das Graças Chagas de Arruda Nascimento, proporcionou novas reflexões sobre os

impactos das mudanças sociais na profissão docente na contemporaneidade, que

reafirmaram minha intenção de direcionar minha pesquisa sobre avaliação escolar, tendo

como centralidade, naquela ocasião, os saberes docentes.

Em meu ingresso, no ano de 2012, no mestrado do Programa de Pós-Graduação em

Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGE-UFRJ), apresentei um pré-

projeto cujo objeto do estudo se direcionava para o foco acima mencionado. Contudo, ao

cursar as disciplinas na linha de pesquisa de Currículo e Linguagem, para a qual ingressei,

aprofundei meus estudos sobre o campo do currículo e sobre os discursos nas políticas de

currículo, em particular nas políticas curriculares públicas.

As leituras sobre os processos sócio-históricos que delinearam mudanças no papel

do Estado em diversos países, nos tempos de globalização, assim como sobre as reformas

educacionais e utilização de sistemas de avaliação unificados apoiados em políticas de

responsabilização, me instigaram a aprofundar meus estudos sobre os sistemas de

avaliação, em nível internacional e nacional.

As discussões sobre as relações entre currículo, conhecimento escolar e

democratização da educação pública, associados a distintos argumentos em defesa da

qualidade da educação apoiados na eficácia, também despertaram meu interesse, no sentido

de compreender os processos de produção de discursos pautados na performatividade. A

seguir, faço uma breve síntese do contexto sócio-histórico no qual se situam estas

discussões e como elas se relacionam com o tema e a problemática deste estudo.

Os debates sobre democratização do ensino se intensificaram, no Brasil, a partir da

década de 1980, colocando em evidência os temas da qualidade e equidade na educação,

que tiveram uma centralidade nos debates em torno da Educação Pública, envolvendo

diversos segmentos da sociedade. Esses debates foram impulsionados, em grande parte,

pela transição do regime militar para o regime democrático, pela elaboração da

Constituição de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional - LDBEN

9394/96 e do Plano Nacional de Educação – PNE - Lei no 10.172/2001.

Nas discussões ocorridas durante a elaboração dos referidos documentos legais,

destaco o protagonismo do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública – FNDEP, que

representou um importante movimento de luta pela redemocratização da educação. Ao

agregar diferentes setores da sociedade civil organizada, como por exemplo, organizações

de classe, entidades voltadas para o ensino e pesquisa, entidades de trabalhadores

profissionais da educação e do movimento estudantil, e outras, como Ordem dos

Advogados do Brasil - OAB, Academia Brasileira de Imprensa - ABI, assumiu relevante

liderança na produção de políticas na educação.

Essas proposições foram apoiadas por diferentes setores da sociedade, além das

recomendações das agências internacionais, dentre as quais o Banco Mundial (BIRD) e o

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização dos Estados Americanos

(OEA), Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e a Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Muitas dessas propostas foram

resultantes do que foi estabelecido na Conferência Mundial sobre Educação para Todos,

organizada pela UNESCO, no ano de 1990, em Jomtien, na Tailândia, tendo como principal

objetivo reavivar o compromisso mundial de educar todos os cidadãos do planeta.

Deste modo, nos anos 1990, no Brasil e em diferentes países, foram produzidas

políticas que tencionaram criar mecanismos de controle da melhoria dos resultados da

aprendizagem pelo Estado, sendo as avaliações em larga escala, em nível federal, um dos

mecanismos mais utilizados.

No processo de redemocratização ocorrido no país, a partir da década de 1990, foi

constituído o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério (FUNDEF) e, posteriormente, sua substituição pelo Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação (FUNDEB), em 2006. Com a criação destes fundos de financiamento da

educação pública, o governo federal transferiu aos municípios e estados a responsabilidade

pelo ensino do país, ocorrendo um processo de descentralização da gestão dos recursos,

conferindo maior autonomia aos entes federativos, sendo estes aspectos complementares do

processo de descentralização do Estado, que se intensificou na gestão do presidente

Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Assim, o Estado passou a controlar a qualidade

da educação dos diferentes níveis de ensino através de políticas de avaliação em larga

escala, tanto em nível federal, como estadual e municipal.

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) 2007 introduziu um novo sentido

de avaliação na política pública federal: a responsabilização. Segundo Carrasqueira (2013),

as políticas de responsabilização caracterizam-se pela: a) definição de padrões escolares

mínimos a cada ano escolar; b) realização de provas e testes para averiguar os

conhecimentos adquiridos pelos alunos; c) divulgação de resultados das avaliações por

escola; c) intenção de alcançar a melhoria de desempenho dos alunos através dos exames e

testes padronizados. A responsabilização encontra-se explicitada no documento “Plano de

Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas”.

O PDE promove profunda alteração na avaliação da educação básica.

Estabelece, inclusive, inéditas conexões entre avaliação, financiamento e gestão, que invocam conceito até agora ausente do nosso sistema

educacional: a responsabilização e, como decorrência, a mobilização social

(CARRASQUEIRA, 2013, p.19).

[...] Em 2005, o SAEB foi reformulado, a partir da realização da primeira

avaliação universal da educação básica pública. Mais de três milhões de

alunos da quarta e da oitava séries das escolas públicas urbanas realizaram a Prova Brasil graças à adesão de governos estaduais e municipais, cientes

das dificuldades de construir um sistema próprio de avaliação e da

necessidade de um sistema nacional de avaliação que acompanhasse as condições de ensino e aprendizagem dos conteúdos que asseguram

formação básica comum, sobretudo em língua portuguesa e matemática

(IBIDEM, p.21).

Com o PDE, diversos sistemas de avaliação em larga escala, com desenhos

distintos, passaram a ser utilizados pelo governo para a aferição do desempenho dos alunos,

em diferentes níveis de ensino, dentre os quais destaco: o Sistema de Avaliação de

Educação Básica (SAEB), o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o Exame

Nacional de Cursos (Provão) e a Prova Brasil. Também começa a ser utilizado um

indicador de qualidade, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Alguns estados também passam a adotar, a partir de 2001, sistemas próprios de

avaliação do desempenho escolar integrados a políticas de responsabilização, muitos deles

inspirados na política federal, dentre os quais o Paraná: Boletim Escola, Ceará: Prêmio

Escola do Novo milênio, Rio de Janeiro: Nova Escola e São Paulo: Bônus Mérito

(BONAMINO & SOUSA, 2012; BROOKE & CUNHA, 2011; BROOKE, 2008; LOPES,

2013).

O Programa Nova Escola, criado pelo Decreto n. 25.959 de 12 de janeiro de 2000,

durante o governo de Anthony Garotinho (1999 -2002), foi o primeiro modelo de avaliação

unificada, em larga escala, de responsabilização, utilizado na rede pública estadual do Rio

de Janeiro. Segundo Brooke (2006, p. 387), este modelo foi “uma tentativa de melhorar a

gestão das escolas estaduais e de responsabilizar seus diretores e funcionários pelos

resultados dos alunos”, através do Sistema de Avaliação Permanente das Escolas Públicas,

introduzindo o sistema de gratificações diferenciadas para os professores, de acordo o

desempenho dos alunos de cada escola, classificado em cinco níveis. Este modelo foi

bastante criticado, principalmente por professores, e foi substituído, na gestão seguinte

pelo Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ).

A política de avaliação da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro (SME-RI), objeto

deste estudo, teve início no primeiro mandato do prefeito Eduardo Paes (2009-2012), na

gestão de Claudia Costin. A secretária Costin manteve-se no cargo de Secretária de

Educação do Rio de Janeiro no segundo mandato de Paes (2013-2016), retirando-se no ano

de 2014 para assumir cargo no Banco Mundial. Em substituição assumiu o cargo a profa.

Helena Bomeny, subsecretária de Costin na pasta da educação.

A política da SME-RJ é composta por: a) Definições e diretrizes, como o Plano

Estratégico da Prefeitura, as Orientações Pedagógicas e os Descritores; b) Sistemas de

avaliação da aprendizagem escolar, como as Provas bimestrais, a Prova Rio e a Prova

Brasil, sendo as duas últimas associadas ao Índice de Desenvolvimento da Educação do

Município do Rio de Janeiro (IDE-RIO) e ao IDEB, respectivamente; c) Programas, como

o Programa Acelera, o Programa Nenhum a Menos, Escolas do Amanhã, o Reforço

Escolar; d) Materiais didáticos, como os Cadernos Pedagógicos (do professor e do aluno);

e) Bonificações e premiações, como o Prêmio de Desempenho Anual e prêmios para

alunos que se destacam, como netbooks e bicicletas.

Nesta política são aplicados dois tipos de avaliação em larga escala: a Prova Brasil,

nos anos pares, e Prova Rio, nos anos ímpares, cujos resultados são utilizados no cálculo do

índice de desenvolvimento educacional do município, através dos IDEB e do IDE-RIO.

A Prova Rio, um dos principais instrumentos de avaliação desta política, é utilizada

para aferir o desempenho dos alunos do 3º, 4º, 7º e 8º anos da rede municipal do Rio de

Janeiro. Com aplicação a cada dois anos, seus resultados são utilizados pela SME para o

cálculo do IDE-RIO com o propósito de definição de metas a serem alcançadas por cada

escola e para a bonificação das escolas com melhor desempenho.

Carrasqueira (2013) estabelece relações e comparações entre a política do SME-RJ

e o sistema de avaliação utilizado pelo governo federal – Sistema de Avaliação da

Educação Básica (SAEB) e seu complemento, a Prova Brasil, ressaltando que o desenho da

política de avaliação do Rio de Janeiro se caracteriza como uma política de

responsabilização de alto impacto.

O sistema de avaliação da educação do município do Rio de Janeiro é totalmente inspirado no sistema federal – a Prova Brasil e IDEB – no que

diz respeito à metodologia de aplicação e à matriz da prova. Contudo,

apresenta essa característica de forte associação com uma política de

responsabilização de professores e gestores, o que não é semelhante ao

sistema de avaliação do governo federal, sendo essa característica que

classifica essa política educacional como uma política de responsabilização educacional (school accountability) de alto impacto (high-stake) (p.17).

O entendimento de que a política curricular do SME-RJ (2009-2012) é constituída

por complexos mecanismos de responsabilização nos quais estão implicados e associados

os processos de aprendizagem dos alunos e o “desempenho” dos professores contribuiu

para que o foco da pesquisa se reconfigurasse. Assim, a centralidade inicial no trabalho

docente foi se deslocando para as articulações discursivas existentes nas políticas

curriculares, buscando entender sua produção a partir de processos contínuos de

negociação.

Os sistemas de avaliação em larga escala, principalmente aqueles apoiados em

políticas de responsabilização de alto impacto, se relacionam com os processos de ensino.

Daí a importância em analisar que sentidos de avaliação escolar buscam se fixar através da

política de avaliação da SME-RJ, considerando que estes sentidos podem projetar formas

de ensinar, de aprender e de avaliar, influenciando as ações pedagógicas cotidianas, no

contexto da prática.

Apoiando-me no quadro teórico-metodológico apresentado, meu objetivo geral

neste estudo foi o de analisar os processos de significação de avaliação escolar, nos

discursos produzidos pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ),

no triênio 2009-2012, orientando a investigação para as seguintes questões norteadoras: 1º)

Que sentidos de avaliação escolar esses textos procuram fixar? 2º) Quais as possíveis

articulações destes sentidos com os discursos de performatividade?

Para tal, foi feita uma análise documental em diálogo com as contribuições de Ball e

Bowe (1998) em sua articulação com as formulações de Laclau e Mouffe (2004) que

privilegiou: a) O Plano Estratégico do governo de Eduardo Paes; b) Os Documentos legais

relativos ao sistema de avaliação deste município, produzidos pela prefeitura e pela SME-

RJ, tanto no governo de Eduardo Paes (Decreto Nº 30426/2009, Resoluções de NºS

1060/2009, 1078/2010 e 1123/2011) como no governo de seu antecessor, Cesar Maia

(Resoluções de Nºs 946/2007 e 959/2007 e Indicação Nº4/2007); c) O Decreto de Nº

3387/2011, que fixa metas e indicadores de desempenho do Acordo de Resultados; d) O

Decreto de Nº 30860/2009, relativo ao Prêmio Anual de Desempenho; f) Trechos de

publicações impressas e eletrônicas.

Não foram analisadas as Provas Rio por não terem sido disponibilizadas pela

SME-RJ para este estudo.

O recorte temporal para a análise da política investigada abrangeu o período de

2009-2012, embora tenham sido analisados discursos de outros períodos, relativos às

políticas curriculares que antecederam a gestão de Eduardo Paes.

A escolha dos documentos/textos foi feita através de uma seleção prévia a partir dos

significantes: “avaliação” e “avaliação escolar”. Como segundo passo metodológico,

elenquei os sentidos que estes significantes assumem nos materiais selecionados, buscando

evidenciar a cadeia discursiva que se pretende fixar nos discursos dessa política, e os

argumentos produzidos discursivamente em busca da legitimação da política.

Feitas estas considerações, defendo a relevância deste estudo: a) pela centralidade

da avaliação da aprendizagem escolar nas discussões sobre o processo de democratização

da educação por sua relação com o sucesso/fracasso escolar dos alunos; b) pelo caráter

pioneiro da política curricular implantada recentemente pela Secretaria de Educação do Rio

de Janeiro, na gestão do prefeito Eduardo Paes, por ser a primeira política de avaliação em

larga escala pioneira deste município; c) por considerar fértil o estudo discursivo de

políticas pautadas na responsabilização e performatividade, devido à possibilidade de

explicitar e analisar as demandas e sentidos que buscam se fixar nos discursos e suas

possíveis influências no contexto da prática; na intenção de contribuir para reflexões acerca

das possíveis tensões existentes entre propostas unificadas de avaliação e as

particularidades das instituições escolares e de seus agentes sociais no que se refere às

decisões sobre o quê, para quê, como e quando ensinar e avaliar, interrelacionando as

instâncias macro e microestruturais.

Entendo a produção da pesquisa como uma construção decorrente da relação do

pesquisador com aquilo que será investigado. Não há verdades, há olhares, perspectivas de

análise, que são fruto da subjetividade do pesquisador. Minayo (2010) problematiza o

binômio objetividade/subjetividade, ressaltando o caráter interativo e intersubjetivo

inerente ao processo de pesquisa em campo, no qual o pesquisador estará em processo

contínuo de construções e desconstruções a partir do diálogo dos constructos teóricos com

o campo empírico, posição que assumo como pesquisadora. Este posicionamento implica

em reconhecer esta pesquisa como análise parcial e contingente de discursos que foram

produzidos, com base no que pude interpretar e significar com as ferramentas teórico-

metodológicas que escolhi para operar (PARAÍSO, 2012), num processo de construção no

qual empiria-teoria dialogam constantemente.

Assim, concebo esta pesquisa como uma ficção possível sobre a problemática e o

tema em questão, fruto das relações intersubjetivas que estabeleço com os enunciados,

produzindo, também, um discurso híbrido e contingente, que enuncia sentidos parciais,

versões de verdade que buscam se fixar no jogo do poder-saber da produção científica,

neste caso, especialmente, no campo do currículo.

No capítulo 1 analiso a relevância para o campo do currículo da “virada cultural” e

“virada linguística”, que ocorreram a partir das formulações da perspectiva pós-

estruturalistas, pela sua contribuição no questionamento das ideias de essência, verdade e

fundamento e no entendimento dos processos curriculares como produções culturais e

discursivas contingenciais, permeadas por relações de poder. Posicionando-me numa

perspectiva de análise pós-estruturalista, procuro problematizar a polarização entre as

perspectivas de análise que privilegiam a macro ou microinstância no campo do currículo.

Ressalto as possibilidades e limites de se focalizar uma ou outra instância, defendendo uma

superação desta dicotomia. Apresento, também, neste capítulo, as principais contribuições

do quadro teórico-metodológico que com o qual dialogo neste estudo – o Ciclo de Política

(Ball & Bowe, 1998) e a Teoria do Discurso (Laclau, 2011) - procurando ressaltar seus

conceitos centrais e como estas formulações contribuem para um novo olhar sobre as

políticas curriculares. No capítulo 2 desenvolvo reflexões acerca das implicações dos

discursos de eficácia e de perfomatividade para os processos de ensino e de avaliação,

assim como a análise das demandas por qualidade em educação na contemporaneidade.

Analiso a polissemia do significante “qualidade em educação”, contextualizando

historicamente os diferentes sentidos a ele associados, relacionando estes sentidos com a

política curricular analisada neste estudo, especialmente os que se vinculam aos discursos

do gerencialismo e da performatividade, que passam a ter relevância no processo de

universalização dos modelos de reformas educacionais em tempos de globalização.

Desenvolvo, no capítulo 3, a análise dos sentidos de avaliação presentes nos

discursos da política curricular da SME-RJ, no período de 2009-2012, focalizando as

articulações entre os contextos de influência e de definição de textos. Para tal, busco

identificar e analisar as demandas em jogo nestes contextos, no sentido de compreender

como elas participam deste processo discursivo. Analiso, também, os fluxos de sentidos e

associações que se constituem em torno dos significantes “qualidade de educação” –

“avaliação” - “eficácia” – “desempenho” – “premiação” e como novos sentidos que se

estabelecem em torno do significante “qualidade da educação” se relacionam com os

sentidos de avaliação das políticas curriculares das gestões anteriores.

Nas conclusões, destaco o corte antagônico que se produz ao sentido de “aprovação

automática” em oposição ao sentido de “qualidade da educação”, significante que passa a

ter uma centralidade nesta política e agrega demandas distintas. O estudo aponta para uma

reconfiguração significativa em torno do binômio “qualidade de educação-avaliação”,

indicando que sua associação ao significante eficácia constitui fechamentos contingenciais

de sentidos de “avaliação” que se articulam com demandas do gerencialismo, da

meritocracia e da responsabilização.

CAPITULO I

POLÍTICAS CURRICULARES COMO PRÁTICAS DISCURSIVAS

Ah, ânsia humana de ser rio ou cais!

Barrow-on-Furness, Álvaro de Campos

É dialogando com a trajetória das Ciências Sociais e, especialmente com o campo

do currículo que pretendo, neste capítulo, explicitar minha escolha teórico-metodológica.

Para isso, organizei este capítulo em três seções.

Na primeira seção, aponto possíveis implicações das viradas cultural e linguística

para o campo do currículo, situando este estudo na sua articulação com as teorizações sobre

cultura e discurso e suas interfaces com a perspectiva pós-estrutural, tendo como

centralidade a análise da política curricular como prática discursiva.

Na segunda seção, faço uma breve retrospectiva de como têm se dado as relações

entre macro e microinstâncias nas pesquisas do campo do currículo, procurando relacioná-

las com o campo da sociologia da educação e da ciência política. Minha intenção, ao fazer

tal retrospectiva é a de problematizar a dicotomia entre estas instâncias e de indicar as

possibilidades e limites de se privilegiar uma ou outra perspectiva de análise, apostando na

potência de perspectivas de análise pós-estruturalistas que não fixam o olhar sobre a

problemática em um ou outro foco de análise, procurando articular totalidade ou fragmento.

Na terceira seção, apresento os principais eixos teórico-metodógicos deste estudo, a

teoria dos Ciclos de Política, formulada por Stephen Ball e colaboradores e a Teoria do

Discurso, proposta por Ernesto Laclau, destacando a sua contribuição para a análise dos

discursos das políticas curriculares.

I.1. “Virada cultural” e “virada linguística”: novos enunciados e perspectivas de

análise para o campo do currículo

Quais as implicações das chamadas “virada cultural” e “virada linguística” para o

campo do currículo? Que perspectivas de análise surgiram a partir destas novas formas de

entender a cultura e a linguagem? Em que medida estas perspectivas são utilizadas por

mim, integrando o quadro teórico-metodológico com o qual dialogo neste estudo?

Para tentar formular algumas possíveis respostas para estas perguntas retornarei à

epígrafe, um poema escrito por mim a partir da leitura da introdução do livro O local da

cultura (BHABHA,1998), tendo como referência e inspiração o poema Ou isto ou aquilo,

de Cecília Meireles. Este poema, escrito minutos após a leitura do texto de Bhabha, quando

as inquietações e reflexões provocadas por ele me tomaram por completo e precisavam se

corporificar em palavras escritas, significou para mim uma síntese do processo de

deslocamento que se deu em meu olhar de pesquisadora.

Bhabha, importante teórico indiano dos estudos pós-coloniais, com sua crítica

acerca das relações entre culturas “centrais” e “periféricas”, me instigou a pensar mais

profundamente sobre as novas cartografias espaço-temporais que se constituem nestes

tempos pós, nos quais global e local se hibridizam, possibilitando “novas percepções,

projeções, identificações, tanto dos indivíduos, como de coletividades”. (GABRIEL, 2008).

Neste entre-lugar enunciado pelo prefixo “pós” - local de passagem, ponte, onde ocorrem

“colisões” e intercâmbios culturais, disputas enunciativas - emergem novos discursos,

discursos de interstícios, implicando deslocamento do domínio das diferenças, redefinidas a

partir de novas relações constitutivas.

A crítica proposta por Bhabha possibilita uma nova perspectiva de análise sobre os

processos culturais, considerados ambivalentes, ricos em sentidos múltiplos e híbridos, o

que subverte o caráter moderno e essencialista do conceito de origem ou identidade pura da

autoridade dominante. Na enunciação, conceito trazido da linguística e por ele

ressignificado, não há uma unidade ou fixidez primordial nos sentidos ou símbolos de uma

cultura (LOPES, 2011, p. 211), habitando simultaneamente e hibridamente “dominador” e

“dominado”. Enunciação que não soluciona os conflitos e tensões entre culturas, mas que

coloca em foco a sua ambivalência, através de processos discursivos de negação, variação,

repetição e deslocamento.

Nas palavras do próprio Bhabha (1998, p. 19-20)

O que é teoricamente inovador e politicamente crucial é a necessidade de

passar além das narrativas de subjetividades originárias e iniciais e de focalizar aqueles momentos ou processos que são produzidos na articulação

de diferenças culturais. Esses “entre-lugares” fornecem terreno para a

elaboração de estratégias de subjetivação – singular ou coletiva – que dão início a novos signos de identidade e postos inovadores de colaboração e

contestação, no ato de definir a própria idéia de sociedade.

É na emergência dos interstícios – a sobreposição de domínios da diferença

– que as experiências intersubjetivas e coletivas de nação [nationness], o

interesse comunitário ou o valor cultural são negociados.

A partir da perspectiva pós-estruturalista, na qual Bhabha e outros autores de

diferentes campos do saber se situam (LACLAU & MOUFFE, 2004; CANCLINI, 1998,

2003; RETAMOZO, 2009) opero com a ideia de sujeitos que participam, discursivamente,

da produção das políticas curriculares, direta ou indiretamente. Esta opção me possibilita

pensar não só nas possibilidades desses sujeitos, mas também em suas limitações, no

enfrentamento de tensões e conflitos presentes do jogo discursivo. Suas vozes também

estão em cena no que é dito e não dito nos discursos destas políticas, sendo agentes da

construção de cadeias discursivas, significando e ressignificando, reproduzindo e

produzindo novos sentidos, na arena de disputa política, através de diferentes jogos de

linguagem que estão sendo jogados.

Para Laclau e Mouffe (2004), o pensamento pós-estruturalista vem sendo utilizado

como ferramenta para desconstrução de categorias e conceitos tais como: hegemonia,

poder, ordem, representação, universalidade/particularidade, social, político, política, dentre

outros, para entendê-los como produções discursivas contingenciais.

A minha filiação ao pós-estruturalismo nesta investigação se justifica, portanto, pela

possibilidade que esta vertente de análise abre para os estudos das políticas curriculares,

entendendo-as como processos discursivos híbridos, pois, como ressaltam Lopes e Macedo

(2011, p. 41)

Se [...] a realidade é constituída pela linguagem, nem cultura nem conhecimento podem ser tomados como espelho da realidade material. Ao

contrário, eles precisam ser vistos como sistemas simbólicos e linguísticos

contingentes. Não são um repertório de sentidos dos quais alguns serão

selecionados para compor o currículo. São a própria produção de sentidos que se dá em múltiplos momentos e espaços, um dos quais denominamos

currículo.

Esse entendimento implica considerar as “múltiplas determinações de um fenômeno

social, incluindo currículo, avaliação, mas também sociedade economia e Estado. Significa

entender como tudo isso é significado” (LOPES & MACEDO, 2011, p. 252). Implica

operar com a ideia de que “[...] o mundo é construído na e pela linguagem” (LOPES &

MACEDO, 2011, p. 205).

Utilizar a perspectiva pós-estrutural para a análise das políticas curriculares e,

especialmente, neste estudo, para a análise da Política Curricular do SME-RJ abre a

possibilidade de compreender de forma não dicotômica e não essencialista as relações

entre estrutura e ação. Possibilita a superação da ideia de imposição vertical das políticas

curriculares pelo Estado, segundo as quais professores e outros agentes sociais podem ser

submetidos às prescrições e deliberações, assim como da ideia de que as releituras ou

reapropriações realizadas por esses agentes são mecanismos de resistência, por entender

esses processos como híbridos, não dicotômicos. Nesta perspectiva, as políticas curriculares

passam a ser significadas como espaço-tempo de luta caracterizado pelo hibridismo, no

qual os discursos procuram homogeneizar-se contingencialmente. Espaço-tempo de luta no

qual os diferentes grupos sociais, dentre os quais os professores, participam direta ou

indiretamente, exercendo ações políticas de manutenção ou de transformação da ordem

social.

Como a análise que realizo neste estudo se insere no campo do currículo, a seguir

procurarei fazer uma breve síntese de como as diversas áreas do saber contribuíram para as

diferentes formulações no campo do currículo e como estas se articulam com esta pesquisa.

Para tal, utilizo como referência o livro Teorias de Currículo de Lopes e Macedo (2011),

assim como as produções de Moreira e Silva (2001), Silva (2004) e Macedo (2007), tendo

clareza de que essa síntese é apenas uma das possíveis leituras da “história intelectual do

campo, [...] um discurso hegemonizado por um conjunto de articulações cotidianas” [...]

(LOPES & MACEDO, 2011, p. 10).

Segundo Lopes e Macedo (2002) e Macedo (2007), o campo do currículo se

constitui como um campo híbrido e multirreferencial, pois, em virtude de sua

complexidade, exige uma rede múltipla de referenciais para sua interpretação e,

dependendo do enfoque privilegiado, dialoga com as formulações teóricas da Psicologia,

Administração, Pedagogia, Ciências Políticas, Filosofia, Linguística, Antropologia e da

Sociologia, dentre outras. Hibridismo teórico que, segundo Gabriel (2011) parece um sinal

fecundo do esforço do campo em problematizar e operar com questões das mais diversas

que, enunciadas e significadas de distintas formas, integram uma trama de saberes que

possibilitam ao campo do currículo olhar e nomear o mundo através de diferentes

perspectivas.

As formulações denominadas de teorias pós-críticas do currículo, na qual se

inserem as contribuições do pensamento pós-moderno, os estudos pós-estruturalistas e

multiculturais contribuíram para as reflexões do campo sobre diversos aspectos implicados

na relação entre conhecimento, cultura e poder, problematizando alguns pontos que antes

eram negligenciados: De que forma a seleção e a organização dos conteúdos curriculares

têm lidado com as diferenças? Como os diferentes grupos sociais, raciais e étnicos são

contemplados e representados no currículo? Como a cultura de massa se expressa na

cultura escolar? Que lugar os conhecimentos cotidianos, sejam dos alunos ou professores

ou de outros atores sociais, vem ocupando no contexto escolar?

Destaco as contribuições de Foucault, Derrida, Deleuze e dos estudos culturais

desenvolvidos por Hall, Bhabha, Canclini, Mouffe, e Laclau, dentre outros que, segundo

Lopes e Macedo (2011), com sua discussão sobre o discurso e a cultura contribuíram

significativamente para as reflexões no campo do currículo. A perspectiva pós-crítica de

currículo também vem sendo bastante difundida no Brasil por diversos teóricos, dentre os

quais destaco Dias (2013); Gabriel (2013b), Lopes (2011b); Macedo (2006b); Moreira

(2013); Silva (2004); Veiga-Neto (2010); dentre outros.

Os estudos culturais que se desenvolveram a partir da década de 1950 têm como

centralidade os nexos entre cultura e poder no entendimento do social. Lopes e Macedo

(2011) dividem estes estudos em duas fases – a culturalista, de perspectiva estruturalista e a

pós-estruturalista.

Os estudos da primeira fase contribuíram para o entendimento dos processos de

significação, enfatizando a ação dos sujeitos sobre as estruturas sociais. Interessavam-se,

particularmente, pelos processos através dos quais determinados significados “são

incorporados pelas classes trabalhadoras em suas culturas, [...] demonstrando que as

questões econômicas e sociais, assim como as transformações históricas, são culturais”.

(LOPES & MACEDO, 2011, p. 195).

Os estudos da segunda fase deslocam o foco para a linguagem, entendendo que toda

prática social tem uma dimensão cultural, simbólica, isto é, um caráter discursivo. Segundo

Costa, Silveira e Sommer (2003), com os estudos dos analistas contemporâneos da cultura,

houve um deslocamento para a linguagem e uma significativa expansão do conceito de

cultura. A partir de então, cultura não mais entendida como acumulação de saberes ou

processo estético, intelectual ou espiritual, mas estudada e compreendida pelo poder

instituidor que são dotados os discursos circulantes em que circula, através de diferentes

artefatos produtivos, sejam estes um noticiário de TV, um livro didático, uma música. Esta

dimensão epistemológica dos estudos culturais, que concebe a linguagem como instituinte

do mundo, coloca a centralidade na cultura, pois “todas instituições e relações sociais,

todos os processos econômicos, sociais e políticos são culturais” (LOPES e MACEDO,

2011, p?).

A “virada cultural” que se constituiu a partir destes estudos, contribuiu

significativamente para a compreensão dos processos culturais, colocando em xeque as

ideias de fundamento e essência e problematizando concepções de local-universal, as

relações entre cultura e território geográfico ou social, por considerar que nos processos de

globalização das sociedades contemporâneas ocorreu a ampliação dos fluxos simbólicos e,

consequentemente, sua desterritorialização e o hibridismo de culturas, na qual as relações

de poder são cada vez mais oblíquas e descentradas.

Como sintetiza Lopes (2011, p. 211),

Nesta perspectiva, a cultura é sempre híbrida, independentemente de

qualquer interação entre grupos culturais diversos. O hibridismo significa,

então, apenas que não há cultura pura, só novas criações a partir de fragmentos de significações. As culturas são sempre misturas de outras

misturas e não há origem para esta ou aquela cultura. [...] Existe apenas um

fluxo de transformações, um movimento incessante de produção de sentidos que se utiliza de sentidos deslocados no tempo e no espaço.

Alguns autores, como Lopes e Macedo (2011); Silva (2004); Moreira e Silva

(2001), indicam que a “virada cultural” está diretamente vinculada à “virada linguística”,

principalmente através do diálogo dos estudos culturais com pensadores pós-estruturalistas

como Foucault, Derrida e Deleuze que operam com a linguagem como instituinte,

possibilitando reflexões sobre as relações entre saber e poder.

Segundo Lopes e Macedo (2011), podemos creditar aos estudos estruturalistas de

Saussure (1916) no campo da linguística, os primeiros passos em direção à “virada

linguística”, por ter aberto um terreno profícuo para a análise entre significantes e

significados. Somente com os estudos pós-estruturalistas essa relação passa a ser

problematizada. Para as autoras, embora haja uma aproximação entre estruturalismo e pós-

estruturalismo em diversos pressupostos, dentre os quais ressaltam a postura antirrealista,

essas duas perspectivas de análise se distinguem bastante na forma de conceber a relação

entre linguagem e realidade.

Os estruturalistas defendem que os sentidos encontram-se já fixados em estruturas

invariantes e buscam compreender, através da análise estrutural da linguagem, como estes

sentidos constituem o mundo. Para eles, a linguagem é um sistema de signos, cuja relação

entre significante-significado é arbitrária e estável. Esta forma de conceber a linguagem

“privilegia o sincrônico (termos localizados em uma situação, sem história), sem atenção ao

diacrônico (sucessão de termos ao longo do tempo)” (LOPES, 2011, p. 38).

Os pós-estruturalistas questionam essa proposição e a própria noção de estrutura,

ressaltando que a abordagem estruturalista não percebe que a própria ideia de estrutura está

marcada pela linguagem. Ao abandonarem a noção de estrutura e a estabilidade entre

significante-significado, os pós-estruturalistas dão um passo decisivo para a “virada

linguística”, por entenderem que aos significantes que constituem o sistema linguístico

podem ser atribuídos distintos significados, não havendo relações diferenciais fixas entre

eles. Como ressaltam Lopes e Macedo (2011), “todo significante é, portanto, flutuante e seu

sentido somente pode ser definido dentro de uma formação discursiva histórica e

socialmente contingente” (p.40).

A perspectiva pós-estruturalista contribuiu para o campo do currículo por

possibilitar a problematização e a relativização das ideias de essência, verdade e

universalidade, ainda presentes nas teorias críticas de currículo, e pelo entendimento dos

processos sociais e educacionais como produções discursivas e contingenciais, híbridas, nas

quais a produção de significantes e significados é indissociável.

Opto, neste estudo, por utilizar as contribuições pós-estruturalistas por elas me

possibilitarem entendimento da política curricular como produção cultural, híbrida. Nesta

perspectiva, os sentidos produzidos e recriados, seja na definição de metas, na elaboração

dos documentos ou na leitura e releitura dos seus discursos, mesclando os discursos que

circulam na escola, nas vozes dos professores, gestores, pais e alunos, com os discursos

produzidos no meio acadêmico, no mercado e na esfera política, amplia a compreensão da

produção das políticas curriculares.

Entendo que os discursos da política curricular da SME-RJ, através de diferentes

documentos, não significam apenas os discursos do Estado ou dos especialistas que

produziram os textos. Significam produções de sentidos híbridos que trazem consigo

diferentes demandas e vozes, que não podem ser identificadas como originais e puras, mas

como um amálgama, murmúrio. Não são mais soma do isto e do aquilo, são isto e aquilo.

I.2. Articulações entre macro-micro: uma aposta na ruptura do binarismo nos estudos

curriculares

A temática das escolhas teórico-metodológicas no campo da pesquisa em Ciências

Sociais quanto ao foco de análise nas “macroestruturas político-sociais e econômicas” ou

nas “contingências envolvendo sujeitos, ações e instituições” (LOPES, 2006, p. 621),

sinteticamente denominada relação macro-micro, tem sido bastante discutida por diversos

autores (BRANDÃO,2001, 2002; ALVES-MAZZOTTI, 2001; GATTI, 2001; ANDRÉ,

2001; SHIROMA et al., 2005; MACEDO et al, 2004; LOPES, 2006), dentre outros. Esta é

uma discussão que se relaciona diretamente com minha opção teórico-metodológica.

Entendo a pesquisa como uma construção cultural e discursiva, na qual há disputas

por significados. Assim, a escolha epistemológica é, inerentemente, uma opção marcada

por uma posição sociopolítica, na qual embates e conflitos associados ao processo de

produção de conhecimento estão permeados por “relações de poder, que, em um dado

momento histórico, legitimam certas formas de conhecer em detrimento de outras”

(LOPES, 2006, p. 621).

Assumir esta posição implica também entender que a opção teórico-metodológica

transcende uma questão meramente técnica. Brandão (2001) salienta que a polêmica sobre

a maior compatibilidade de uma ou outra perspectiva de análise - macro ou microssocial-

para a pesquisa em sociologia da educação tem como problema de fundo o princípio do

determinismo ou da autonomia da ação social, ou seja, a divergência entre duas formas

distintas de interpretar os fenômenos sociais: a primeira por defender que “a ordem social

se impõe como matriz que estrutura os comportamentos” e a segunda pelo pressuposto de

que a ordem social “é permanentemente reconstruída pelas negociações entre os indivíduos

envolvidos nas ações ou trocas sociais” (p. 154).

Para a autora, a polaridade entre essas duas posições epistemológicas, que procuram

explicar de formas opostas as relações entre todo e parte no mundo social, vem coexistindo

como um permanente desafio para as ciências sociais.

Analiso, a seguir, o que vem sendo apontado como possibilidades e limites da

assunção de cada um desses enfoques, assim como da busca de superação do binarismo

entre macro e micro estruturas, procurando uma articulação entre elas, seja na pesquisa em

geral, seja no campo do currículo.

Segundo os diferentes estudos sobre as relações macro/micro, esta dicotomia se

vincula às tensões existentes entre os discursos estruturalistas e pós-estruturalistas, nas

quais as relações entre estrutura e ação, totalidade e fragmento, transcendência e

contingência, universal e particular estão em permanente discussão.

As abordagens estruturalistas, especialmente as de enfoque marxista, procuram

construir explicações mais gerais sobre as regularidades das relações sociais, direcionando

seu foco de análise para a determinação da estrutura social na produção dos papéis e

posições sociais. Assim, consideram que o plano macrossocial tem maior relevância, pois

são estruturas sociais, políticas e econômicas que determinam as relações e papéis sociais

que os agentes ocupam na sociedade, constituídos por subconjuntos também binários, tais

como classe trabalhadora/classe operária; intelectuais/ massa; feminino/masculino, dentre

outros.

As abordagens pós-estruturalistas opõem-se aos discursos estruturais e modernos,

“marcados pelo caráter transcendente que busca de diferentes formas a constituição de

totalidades orgânicas e unificadas” (LOPES, 2011, p. 621), por entenderem que estes

discursos subestimam as circunstâncias locais e contingenciais dos fenômenos sociais.

Concordo com Lopes (2011) que nem toda pesquisa que privilegia os aspectos

microssociais se filia, epistemologicamente, à perspectiva pós-estrutural ou pós-moderna.

Contudo, as discussões pós-estruturais e pós-modernas contribuem, significativamente,

para o deslocamento do olhar dos pesquisadores das ciências sociais que, passaram a

conferir importância para os fragmentos, dinâmica e discursos microinstâncias, buscando

compreendê-los.

Como pólos opostos e expressivos destas duas perspectivas na análise das políticas

curriculares, encontram-se as teorias marxistas centradas no Estado, também denominadas

estadocêntricas, e as perspectivas de análise pluralistas, nas quais se inserem, segundo

Mainardes, Ferreira e Tello (2011)

o modelo de análise de políticas e programas (Moncrieff Cochran, 1993, Estados

Unidos); a análise cognitiva de políticas (Pierre Muller, 2000, França); o enfoque da cartografia social (Roland Paulston, 1995), que se aproximam das

perspectivas analíticas pós-estruturalistas (p. 160).

Tanto as perspectivas estadocêntricas como pluralistas são, segundo Ball e

Mainardes, Ferreira e Tello (2011) modelos analíticos significativos na pesquisa de

políticas educacionais. As teorias estadocêntricas buscam compreender as relações entre

Estado, classe e capital, privilegiando o papel das macroinstâncias, em especial do Estado,

sobre as microinstâncias. Em contraposição a esta abordagem, as teorias pluralistas não

consideram que a política seja determinada pela economia, mas, sim, por uma

multiplicidade de causas, sendo o Estado apenas um dos elementos do conjunto não

articulado de focos de poder e influência. Desta forma, na perspectiva pluralista, a política é

entendida como uma arena onde uma pluraridade de atores – conselhos regionais,

conselhos escolares, comissões das escolas, diretores, professores, pais e alunos –

participam da construção da política, seja em sua formulação ou implementação. Para

Mainardes, Ferreira, Tello (2011) a perspectiva pluralista, ao opor-se à perspectiva

estadocêntrica, tende a entender a política e os atores que dela participam de forma

autônoma, privilegiando o microssistema.

Brandão (2001) salienta que, após a Segunda Guerra, surgiu um movimento

pendular entre as teorias estruturais e de ação no campo da sociologia da educação. No

Brasil, esse movimento pendular pode ser identificado, segundo a autora, nas pesquisas de

sociologia da Educação, no intervalo temporal da década de 1950 até a década de 1990.

Nos anos 1950 aos anos 1980, segundo Brandão (2001), predominaram análises

macrossociais, com centralidade nas funções sociais da escola e nas relações entre

educação/escola e estrutura social/desenvolvimento econômico, muitas delas inspiradas nas

formulações reprodutivistas de Bourdieu e Passeron (1975). A autora destaca que, em

investigação coordenada por ela sobre as pesquisas sociológicas desenvolvidas no Centro

Brasileiro de Pesquisas Educacionais – CBPE, publicadas na revista Educação e Ciências

Sociais durante o período de 1956/1962 já se identificava uma influência da tradição

microssociológica da Escola de Chicago ainda embrionária no cenário brasileiro.

De acordo com a análise de Brandão, é na década de 1980 que ocorre um

deslocamento significativo da perspectiva macrossocial para a perspectiva microssocial,

impulsionado pela crítica ao positivismo e às enquetes estatísticas (surveys) consideradas

distantes dos problemas das escolas e das salas de aulas. Esta “virada hegemônica no

campo das estratégias metodológicas na sociologia da educação” (BRANDÃO, 2001, p.

161) colocaram em destaque as abordagens microssociais, especialmente os estudos

etnográficos, as histórias de vida e as entrevistas em profundidade, que segundo ela ainda

são mais expressivos até os dias de hoje.

Embora defenda a superação do binarismo macro/micro, a autora salienta que a

articulação entre macro e microssistema ainda não teve uma adesão expressiva no campo

da sociologia da educação, alertando, contudo, que “as opções teórico-metodológicas

devem-se ancorar nas necessidades da investigação e não numa opção a priori do

pesquisador por qualquer uma das alternativas” (BRANDÃO, 2001, p. 153).

Lopes (2006b) analisou as relações macro/micro em teses e dissertações sobre

currículo da educação básica, produzidas em programas brasileiros de pós- graduação da

Região Sudeste, no período de 1996 a 2002, tendo como referência o relatório da pesquisa

O estado da arte do currículo da educação básica (1996-2002), de Lopes et al, publicado

em 2004, pelo INEP. Nesta análise, foram privilegiadas as produções dos grupos e linhas

de pesquisa em currículo, em 13 programas credenciados, totalizando 240 teses e

dissertações. A classificação das abordagens em macro e micro foi feita a partir do foco do

trabalho empírico de cada trabalho analisado.

Foram consideradas como abordagens associadas à perspectiva macro aquelas que

focalizaram: “as disposições legislativas; as propostas curriculares oficiais, incluindo a

história dessas disposições e propostas; a história das disciplinas no sistema educacional,

seja por intermédio de documentos oficiais e/ou livros didáticos; a análise da organização

curricular ou da seleção de conteúdos do currículo ou de um componente curricular

específico no sistema educacional” (LOPES, 2006b, p. 624). Como abordagens associadas

à perspectiva micro, foram consideradas as que “utilizaram uma metodologia centrada na

investigação: do cotidiano da escola ou da prática pedagógica; das concepções dos sujeitos

em uma dada instituição escolar ou da instituição escolar como um todo; do uso dos livros

didáticos, incluindo a história do currículo com privilégio da investigação do cotidiano

escolar; os estudos de caso de forma geral” (LOPES, 2006b, p. 625).

Cabe salientar que, destes 240 trabalhos analisados, 48,3% privilegiaram a instância

micro, 27,9% privilegiaram a instância macro, enquanto 23,8% dos estudos articularam as

instâncias macro e micro. Estes dados, segundo a autora, indicam que a escola é o lócus

central da investigação curricular, contradizendo um pressuposto de que são poucos os

estudos que privilegiam o cotidiano escolar.

Em sua análise, Lopes indica que tanto nas abordagens micro como macro há uma

tendência a uma leitura unívoca, na qual as duas instâncias são vistas isoladamente. Nos

estudos de enfoque micro, há uma tendência à idealização dos sujeitos e das ações e à

análise da escola e da sala de aula como unidades isoladas, sem associá-las ou articulá-las

com as instâncias macroestruturais. Nos estudos de enfoque macro, predominam as

pesquisas sobre as propostas curriculares oficiais – Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN), sistemas legislativos e análise de livros didáticos – cuja tendência é estabelecer uma

relação determinista das mesmas na prática pedagógica. Seja defendendo as propostas

oficiais, seja criticando-as, os estudos com enfoque macro tendem a conceber as

orientações curriculares e materiais didáticos como prescrições, desconsiderando a

possibilidade de reinterpretação e reinvenção das mesmas pelos professores. Há, nessas

análises, uma tendência a mascarar a contingência e apagar as diferenças, pois estas não são

consideradas no seu sistema amplo de interpretação.

Em sua análise, aponta como dado significativo a crescente articulação entre as

instâncias macro e micro a partir da década de 1990, sugerindo que esta ampliação pode ter

se dado em virtude do interesse dos pesquisadores em analisar os impactos das propostas

curriculares em nível nacional, que foram produzidas a partir desta década. Segundo Lopes

(2006b, p. 629),

[...] há significativos estudos que apontam para uma perspectiva mais

dinâmica da relação macro/micro, especialmente quando investigam: a participação de professores nas propostas, os conflitos na produção das

propostas, a participação dos movimentos sociais na constituição da

mudança curricular, a história das práticas institucionais, bem como a articulação do pensamento curricular com a produção de propostas

curriculares, assinadas ou não pela esfera oficial.

Oliveira (2006) reitera para esta tendência de articulação entre as instâncias macro e

micro, ressaltando que muitos debates no campo do currículo têm girado em torno das

tensões que se dão entre as políticas curriculares produzidas pelo Estado e as que são

elaboradas em espaços locais. A autora identifica duas concepções predominantes: as que

privilegiam o caráter prescritivo das políticas oficiais, entendendo que a instância local

estaria submetida aos seus eixos norteadores; as que enfatizam os currículos “praticados”

como espaços de resistência. Salienta, contudo, que, mesmo com argumentos distintos,

estas perspectivas de análise têm um enfoque estadocêntrico, por conceberem que o poder

está no Estado e desconsiderarem que a análise da política curricular requer uma

articulação entre as macro e microinfluências, considerando suas interpenetrações. Citando

Mainardes (2005) e Lopes (2006), Oliveira (2006) defende a ideia de que o poder se

encontra “[...], capilarmente, distribuído por todas as esferas produtoras de discursos

(Foucault, 2003) e que os textos que cada uma dessas esferas produz são novas

representações sujeitas a uma pluralidade de interpretações” (p. 32).

Lopes (2006) propõe a superação da dicotomia entre as perspectivas macro/micro,

ressaltando o papel dos grupos de pesquisa na articulação entre estas instâncias, através do

compartilhamento das discussões que se encontram em produções isoladas e que, ao se

tornarem públicas, podem promover maior reflexão sobre estas questões.

Embora seja identificada, nestes estudos, uma tendência para a articulação entre as

instâncias macro e micro na análise curricular, a problematização e a superação da

dicotomia entre elas e da predominância de perspectivas estadocêntricas apresentam-se

como desafios a serem enfrentados pelas Ciências Sociais, não sendo restrita aos campos da

Educação e do Currículo. Mesmo considerando que estes desafios transcendem os debates

sobre os enfoques estruturalistas e pós-estruturalistas, aposto na potência das formulações

teórico-metodológicas pós-estruturalistas para o seu enfrentamento e o entendimento das

“conexões mutuamente constitutivas entre o global e o local, entre o específico e o geral”

(LOPES, 2006b, p. 633).

Na próxima seção, procurarei evidenciar, especialmente, as contribuições Ball e

Laclau para o entendimento e análise das políticas curriculares numa perspectiva que

considere a interrelação destas instâncias, tendo em vista a sua contingência e circularidade.

I.3. Ciclos de políticas e Teoria do discurso: produção de sentidos em jogo na análise

das Políticas Curriculares

As proposições de Ball & Bowe (1998) e Ball (1998, 2006) se inserem numa

abordagem pós-estruturalista e têm sido utilizadas em diversos países como referencial para

a análise de políticas sociais e educacionais. A perspectiva dos Ciclos Contínuos de

Política, desenvolvida a partir dos estudos realizados sobre as políticas de educação

secundária no Reino Unido, na década de 1980, possibilita uma análise holística das

políticas curriculares, pelo entendimento de que estas se constituem através de um processo

contínuo, não linear. Nesse processo circulam diversos discursos, sejam estes os diversos

interesses e demandas que influenciam as metas e definições da própria diretriz curricular, a

elaboração dos documentos curriculares ou as práticas curriculares existentes no cotidiano

da escola. Desta forma, Ball e colaboradores recusam as abordagens que consideram a

formulação e implementação como processos distintos e hierárquicos na produção das

políticas educacionais.

Lopes (2011) ressalta que a abordagem dos Ciclos de Política contribui para a

superação da dicotomia entre perspectivas de análise macro e micro, por colocar em

questão as vertentes estadocêntricas que consideram o Estado, e as políticas institucionais

por ele produzidas, como capazes de determinar as relações sociais e os processos culturais,

as submetendo à lógica do macrocontexto. Concordo com a autora quando assinala que

[...] Ball questiona certas conexões diretas e unidimensionais que as teorias

centradas no Estado realizam entre prática das escolas e macrocontexto

político-econômico, principalmente porque se embasam em uma concepção

de Estado onipotente que não deixa espaço para a ação humana de contestação, desempoderando os sujeitos da prática educacional (LOPES,

2011, p.25).

A abordagem do Ciclo de Políticas (BALL & BOWE, 1998), eixo central deste

estudo, possibilita o entendimento das políticas curriculares a partir de uma perspectiva

pós-estruturalista, no sentido de compreendê-las como processos cíclicos, complexos e

híbridos, dos quais participam diferentes grupos sociais. No contexto específico desta

pesquisa, esta formulação teórica será utilizada na compreensão da política curricular da

SME-RJ de 2009-2012 como um processo complexo de disputas de sentidos em torno da

avaliação escolar, no qual há articulações entre diversos sujeitos e grupos sociais que

atuam, direta ou indiretamente, nos diferentes contextos, envolvendo negociações e

ressignificações. Ela também me parece fértil para a articulação entre as esferas macro e

microestruturais, considerando os processos de hibridização ou bricolagem que ocorrem,

envolvendo os diferentes contextos nos quais a política é produzida.

Os Ciclos Contínuos de Política, instrumental teórico-metodológico desenvolvido

por Ball e colaboradores, envolvem cinco contextos. a) o contexto de influência, no qual as

metas, objetivos e intenções da política educacional são traçados pelos diferentes sujeitos e

grupos sociais, envolvendo distintas demandas do Estado, dos partidos políticos, das

agências multilaterais que financiam programas, dos grupos privados, das comunidades

epistêmicas incluindo-se nestas as comunidades disciplinares. Segundo Mainardes (2006),

nele os “grupos de interesse disputam para influenciar a definição das finalidades sociais da

educação e do que significa ser educado” (p. 51); b) o contexto de definição de textos, que

se refere à produção dos textos curriculares, dos documentos oficiais e/ou legais e outros

materiais produzidos a partir destes e dos quais também participam diferentes sujeitos e

grupos sociais, em disputa pelos discursos que serão expressos, explicita ou

implicitamente, nestes textos; c) contexto da prática, no qual a política é reinterpretada e

recriada por diferentes autores/atores. Participam mais diretamente desse contexto os

professores, gestores e outros atores educacionais, embora os outros agentes – instituições

diversas, governo, especialistas, entre outros, possam atuar também neste contexto, direta

ou indiretamente; d) contexto de efeito/resultados, diretamente relacionado a questões de

desigualdades e injustiças sociais, tornando mais visíveis os efeitos das políticas no

enfrentamento destas questões; e) contexto da estratégia política, que se refere aos

mecanismos criados para contestar as desigualdades ou injustiças criadas pelas políticas.

Nesta investigação o foco será nos contextos de influência e de definição de textos.

Ball e Bowe (1998) reconhecem que nem todas as vozes são ouvidas nos diferentes

contextos nos quais a política curricular é forjada, mas consideram que nas diversas arenas

há múltiplos significados em jogo.

Utilizando-se de referenciais do campo da teoria literária, trazem uma contribuição

significativa para a compreensão das políticas curriculares como uma prática simbólica e

política pautada em relações discursivas, o que possibilita uma análise menos determinista

da macroestrutura econômica sobre a microestrutura. Consideram que, na transferência de

sentidos de um contexto a outro, há deslizamentos interpretativos. Opõem-se, assim, às

investigações que se limitam a analisar o controle estatal sobre os demais contextos.

No Ciclo de Políticas, embora os contextos sejam elencados separadamente, os

autores apostam na sua dinâmica circular. Compartilho, com eles, desta aposta, entendendo

que as vozes dos grupos sociais e suas demandas atuam perpendicular e ciclicamente nestes

contextos, pela disputa, fixação e reinterpretações dos diferentes sentidos em jogo nos

discursos produzidos nestas políticas.

Na palestra The Policy Cycle/policy analysis, proferida na Universidade do Estado

do Rio de Janeiro (UERJ), em 09/11/2009, Ball explicitou que o trabalho original

desenvolvido por ele e Bowe sobre os Ciclos de Políticas ainda precisa ser mais

desenvolvido e aprofundado, apontando que a questão de fundo é o entendimento do que é

política e como ela é produzida.

Ball ressaltou nesta palestra que podemos identificar, nas produções acadêmicas,

três definições principais do que é política: a) política como força que age nas pessoas para

mudar seu comportamento; b) política como uma construção pautada por princípios e

valores; c) a política como esforços coletivos e múltiplos níveis de interpretação e

tradução, ou como Ball prefere denominá-las, “definições criativas”.

Embora assuma que a terceira definição mais se aproxima das suas formulações,

Ball considera um erro entender ou criticar a política tendo como referência apenas uma

dessas vertentes de interpretação ou conceituação, pois, segundo ele, a política envolve

todos estes aspectos, mesmo que em alguns momentos alguns deles assumam maior

proeminência ou prioridade.

Na referida palestra, em 2009, Ball aprofundou alguns pontos importantes que

fundamentam sua perspectiva de análise de políticas educacionais. Ressaltou que podem ser

identificadas duas principais posições ontológicas, contrastantes, nas análises de políticas.

A concepção tradicional assume a política como linear e ordenada, cujo movimento se dá

em uma única direção, de cima para baixo. Nesta perspectiva, o significado da política é

visto como transparente e, em geral, a política é tida como incontestável. As críticas à

política, assim, recaem sobre os formuladores da política, os políticos e agentes que a

definiram e produziram seus textos. Assim há um entendimento de que, se há alguma falha,

esta se localiza nos sujeitos que a produziram, entendendo esta produção como algo fixo e

determinado e a agência como uma atuação restrita aos burocratas que participam da escrita

dos textos da política.

A outra perspectiva de análise, de base ontológica contrastante com o enfoque

tradicional, pensa a política como um todo desordenado e complexo, instável e

contraditório. O mundo da política não é entendido como linear, mas permeado por

contradições. A política, nesta perspectiva, na qual Ball se filia, é entendida como campo de

conflitos, campo de lutas multifacetárias sobre valores, interesses e significados. Segundo

Ball, cada um dos contextos nos quais a política se constitui é uma arena de lutas,

complexidade e conflitos. Para o autor, podemos entender cada um desses contextos como

presentes nos demais contextos. Muitos atores e muitos interesses procuram fixar

significados específicos. Assim, a ideia de assumir um significado definitivo para qualquer

política é considerado por ele como algo impossível.

Lopes e Macedo (2011) reconhecem a contribuição de Ball para a análise das

políticas curriculares, contudo apontam, na obra do autor, uma centralidade no contexto de

influência, tanto quantitativa como qualitativa, pois em diversos trabalhos o autor privilegia

este contexto, assim como, contraditoriamente, o aborda como originário dos demais.

Este ponto foi abordado por Ball na referida palestra, de 2009, na UERJ. O autor

ressaltou que não pretende privilegiar o contexto de influência como início da política.

Defendeu não haver um ponto fixo que pode ser identificado como o seu ponto de partida.

A política pode iniciar, segundo o autor, em diferentes contextos. Salientou que este

entendimento implica em escapar da linearidade do enfoque moderno e operar com a

política na sua complexidade.

Embora considere que a formulação do Ciclo de Políticas integre algumas ideias

teóricas, Ball esclarece que ela não é uma teoria. O Ciclo de Políticas não descrevem os

processos das políticas, se constituindo como uma metodologia que possibilita a análise e a

compreensão das políticas. Assim, segundo ele, o mais importante é compreender esse

instrumental como uma forma de conceber as políticas, de entender como elas se movem

em cada um dos contextos e entre eles, de compreender a sua trajetória, o seu movimento,

que é imprevisível, e como os sentidos da política se transformam, enquanto esta se move,

assumindo novas formas, num processo permeado por lutas.

Concordo com Ball que o Ciclo de Políticas, mesmo que pautado em formulações

teóricas se constitui como um instrumental metodológico para a análise das políticas

educacionais. Ressalto que esta perspectiva de análise busca romper com enfoques

tradicionais que dicotomizam os momentos formulação e implantação, permitindo maior

articulação entre macro e microinstâncias, consideradas como interdependentes.

Assumir essa perspectiva não significa desconsiderar as relações de poder que estão

em jogo na política. Pelo contrário, ela contribui para a compreensão de que participam do

contexto de influência não só os governos, países, agências multinacionais, mas também

outros grupos e instituições que disputam poder e sentidos. Esta disputa não se restringe aos

momentos de definição de metas, mas de todos os processos pelos quais a política é

produzida e traduzida; na elaboração de inúmeros textos e discursos que traduzem e

recontextualizam políticas educacionais, apresentando formas específicas para audiências

específicas, em textos legais, orientações curriculares, materiais pedagógicos, artigos de

jornais, produções acadêmicas, revistas, DVD e programas de TV, dentre outros. Este

entendimento pressupõe transcender a concepção de Estado-nação, concebendo que as

políticas são flutuantes, transitam internacionalmente, disseminando discursos e sentidos

que expressam interesses conflitantes e divergentes, mas que evidenciam certa similitude,

tanto nos passos das reformas como nos seus discursos, fenômeno denominado por alguns

teóricos, segundo Shiroma et al (2005, p. 429), como “globalização das políticas sociais”

ou “internalização da política”. Quando as políticas circulam, se movimentam de um

contexto a outro, estão sujeitas aos processos de tradução e recontextualização.

Entendo a circularidade do Ciclo de Políticas como um processo contínuo de

transformação da política, através do movimento que ocorre entre os diferentes contextos,

que se hibridizam. Assim, não há uma delimitação dos contextos de influência, produção de

textos e da prática. Considero que os conceitos de demanda e de agência, em sua dimensão

discursiva, são centrais na compreensão desta circularidade, pois é através da participação

dos diferentes agentes sociais, no jogo discursivo, que os sentidos transitam de um contexto

a outro, expressando distintas demandas, que algumas vezes se opõem e em outras

convergem em significantes que abarcam suas diferenças.

Tendo em vista a circularidade dos processos políticos, pode-se entender que no

contexto de influência circulam discursos do contexto da prática e da produção de textos,

inclusive de outras políticas que disputam sentidos com a política que está em processo de

construção. No contexto de produção de textos, encontram-se também os discursos

produzidos nos contextos da prática e de influência. No contexto da prática, nas traduções

dos discursos da política, transformados em ações e em novos sentidos, também se

encontram, mesmo que recontextualizados e recriados, os discursos dos contextos de

influência e da produção de textos.

Assumir esse instrumental teórico-metodológico implica considerar que as políticas

são feitas por uma composição de fragmentos, por um processo de bricolagem, que não se

reduz a mecanismos de aceitação ou de resistência, mas sim em um processo contínuo e

intenso no qual ocorrem recontextualizações por hibridismo. Assim, os textos oficiais das

políticas curriculares, ao serem transportados para espaços mais locais, se fragmentam e

hibridizam-se com outros discursos, transformam-se em novos discursos, produzindo novos

sentidos (OLIVEIRA, 2006).

Como dito anteriormente, privilegio nesta investigação o contexto de definição de

textos em sua articulação com o contexto de influência, através da análise dos diferentes

sentidos de avaliação que buscam se fixar na política curricular da SME-RJ, por considerar

esta escolha mais profícua para este objeto de estudo. Por seu hibridismo, os discursos

presentes nestes contextos são produções discursivas que também simbolizam vozes e

demandas dos demais contextos.

Embora considerem o Ciclo de Políticas como um importante modelo de análise

das políticas curriculares, por superar as determinações estruturais e abrir espaço para as

reinterpretações dos sujeitos, Lopes e Macedo (2011) destacam a necessidade de articulá-lo

às discussões desenvolvidas por Laclau e Mouffe. Para as autoras, tal associação de

abordagens permite maior consistência nas análises dos processos de negociação,

deslizamentos e fixações provisórias de sentidos que ocorrem no jogo discursivo das

políticas curriculares.

A Teoria do Discurso, como é denominada a formulação de Ernesto Laclau (2011)

articula proposições de diferentes tradições marxistas com a hermenêutica pós-

heideggeriana, o pós-estruturalismo, a psicanálise lacaniana e a filosofia da linguagem

segundo Wittgenstein, constituindo uma configuração conceitual na qual o espaço social é

concebido como discurso (GIACAGLIA, 2006) e, portanto, a prática social é entendida

como prática discursiva.

Essa concepção de discurso reveste a formulação desses autores de grande

potência para a análise das políticas, por suplantar a dicotomização entre texto e discurso,

por considerar os processos discursivos como fixações de sentidos provisórias e

contingentes, permeadas por lutas de poder. Assim, a política pode ser entendida como uma

prática discursiva, na qual os sentidos vão se modificando.

Os conceitos de ponto nodal, significante vazio, antagonismo e agonismo, relação

equivalencial são também centrais nas proposições de Laclau e Moufle (2004), trazendo

novas perspectivas para a análise dos deslizamentos de sentidos que ocorrem nas políticas,

e particularmente nas políticas curriculares, complementando o instrumental teórico-

metodológico do Ciclo de Políticas.

Interessa-me, particularmente, neste estudo, a categoria demanda e como ela opera

na prática articulatória na qual ocorre a negociação de sentidos inter e entre os contextos

que constituem as políticas curriculares. Esta categoria, formulada por Laclau (2011),

ocupa centralidade na sua obra, pois as demandas sociais são compreendidas como

construções simbólicas e discursivas eminentemente coletivas, histórico-sociais, que estão

permanentemente em jogo nos processos políticos, através das práticas articulatórias.

O conceito de demanda me parece profícuo para a análise das relações e tensões

entre universalismo e particularismo inerentes ao processo político democrático. Analisá-

las possibilita o entendimento de como algumas demandas particulares disputam o status de

universais, assumindo uma função hegemônica provisoriamente e aglutinando interesses,

valores e visões antes dispersos, em consensos que agregam diferenças, reunidas,

hibridamente, em torno de determinados significados (MATHEUS & LOPES, 2011).

Assim, esta formulação conceitual contribui para o refinamento da análise discursiva da

política curricular da SME-RJ (2009-2012) no sentido de compreender como as demandas

sociais em jogo operam nas fixações provisórias e nos deslizamentos de sentidos de

avaliação.

Considerando o que já foi exposto, tanto o Ciclo de Políticas como a Teoria do

Discurso são escolhas teórico-metodológicas que pressupõem uma escolha epistemológica

pós-estruturalista. Transcendem, portanto, no meu entender, o aspecto técnico, sendo

também escolhas políticas, por implicarem num posicionamento sobre a inter-relação entre

poder-saber-cultura ao analisar as políticas curriculares como práticas discursivas

contingentes.

Paraíso (2012) busca inspiração em diferentes textos, autores/as, linguagens,

materiais e artefatos, que ela denomina como trajetos e procedimentos, para sistematizar as

contribuições do grupo de pesquisa do qual participa na construção de ferramentas teórico-

metodolológicas pós-críticas. Segundo a autora, estas ferramentas oferecem “tanto modos

específicos de interrogar como estratégias para descrever e analisar” (p. 25). São elas: a)

Articular e “bricolar”, como um processo que implica em uma desterritorialização dos

saberes, a eliminação das barreiras das disciplinas, em dialogar com as diferentes

contribuições e informações disponíveis nos diferentes campos – filosofia, poesia, pintura,

cinema, arte - em diferentes suportes e espaços, na rua, nos shows, nos cartazes, na internet,

etc, recortando os fragmentos e compondo novos saberes; b) ler, como processo

investigativo do que já foi produzido pelo objeto de estudo, para conhecer as filiações

teóricas e a potência dos conceitos e ferramentas com as quais se pretende trabalhar; c)

montar, desmontar e remontar o já dito, para juntar e separar, desmontar e remontar o que

já foi dito e pesquisado, construindo um mapa conceitual do objeto a ser estudado; d)

compor, decompor e recompor, separando conceitos que auxiliam a interrogar o objeto e a

pensá-lo de modo diferente, “ler em direção ao desconhecido” (p. 37), fazendo conexões

inesperadas; e) perguntar, interrogar, para procurar entender como funcionam as coisas,

que relações de poder e saber movem os discursos e que modos de subjetivação estão em

funcionamentos neles; f) descrever, detalhadamente, como modo de pesquisar, que

possibilita mostrar “as regras de aparecimento de um discurso, de uma linguagem, de um

artefato, de um objeto e para explicitar as condições históricas de sua existência, sua

‘urgência histórica’” (p. 39); g) analisar as relações de poder, para registrar “como se

produzem efeitos de verdade no interior do discurso” (p.39) ; h) multiplicar, buscando

utilizar o “e” de forma a evitar a fixidez do significado, para ampliar o olhar, ver o objeto

de diferentes perspectivas, sem contudo trair as bases teóricas às quais nos filiamos; i)

poetizar, para “entrar no jogo da disputa por produção de sentidos sem jamais perder a

poesia, [...] buscar intervenções que apontem para a abertura, para a subversão, para a

multiplicação de sentidos”,( p.41); j) estar à espreita, “para abrir-se a encontros com toda a

ordem de signos e linguagens, que possibilitem novas maneiras de ver, ouvir e sentir”

(p.41).

Estes pressupostos indicam que fazer pesquisa numa perspectiva pós-estruturalista é

um processo de construções e desconstruções permanentes de sentidos. As escolhas teórico-

metodológicas apresentadas nessa seção possibilitam o entendimento da política curricular

numa perspectiva enunciativa que busca analisar as relações que são estabelecidas entre

sujeitos e saberes, em tempos-espaços específicos, na produção de discursos híbridos

(GABRIEL, 2008).

CAPITULO II

QUALIDADE DA EDUCAÇÃO E DEMANDAS DO TEMPO PRESENTE

A expressão “qualidade em educação” abarca uma variedade enorme de sentidos e

tem sido utilizada por grupos sociais com demandas bastante distintas, em defesa da

melhoria da educação, especialmente na esfera pública.

Neste capítulo procuro analisar alguns aspectos que contribuem para a compreensão

dos possíveis pontos de contato e de afastamento destes diferentes sentidos de qualidade e

como estes sentidos vêm influenciando as políticas públicas de educação e de avaliação.

Organizei minha argumentação em três partes, com focos distintos.

Inicio a abordagem desta temática, na primeira seção, buscando articular a

polissemia do significante “qualidade de educação” com diversos fatores sociopolíticos e

econômicos que contribuíram para a multiplicidade destes sentidos e para sua fixação

contingencial nas políticas, através das vozes de pesquisadores, professores, gestores,

políticos analisando como este híbrido discursivo pode ser potente na análise que me

proponho a fazer.

Na segunda seção, procuro fazer uma breve retrospectiva de como a relação entre

qualidade da educação e avaliação vem se constituindo no cenário educacional brasileiro,

buscando identificar alguns fatores que contribuíram para o fortalecimento deste binômio.

Com base nos discursos das reformas educacionais brasileiras a partir da década de 1990,

tenciono analisar como os sentidos de eficácia que passaram a ter centralidade nos

discursos educacionais deste período, nacional e internacionalmente, foi reconfigurando o

binômio “qualidade da educação-avaliação”, incorporando a ele mais um significante e

constituindo o trinômio “qualidade da educação-avaliação-eficácia”. Finalizo minha

argumentação, nesta seção, relacionando os discursos de eficácia e qualidade com as

políticas de avaliação em larga escala, principalmente as de responsabilização de alto

impacto, trazendo para o debate visões distintas sobre essa questão e sobre os discursos da

performatividade que começam a se consolidar e se expandir no Brasil, na década de 1990.

II.1. “Qualidade”: sentidos em disputa em torno deste significante polissêmico

As décadas de 1980 e 1990 representam um período significativo de implantação

de reformas educacionais em diversos países, muitas delas em virtude da universalização da

Educação Básica e da perspectiva de um processo de expansão e universalização da Escola

Secundária e do Ensino Superior. Essas reformas foram motivadas, dentre outros fatores,

pelas demandas crescentes por sistemas educacionais mais complexos e abrangentes,

capazes de formar mão de obra em larga escala, com condições de atuar “produtivamente”

e “eficientemente” no mercado de trabalho, assim como pelas demandas sociais por

igualdade de oportunidades.

Alguns fatores podem ser apontados para uma reconfiguração do papel do Estado,

que se concretiza através de políticas públicas mais interventivas em diversos sistemas,

inclusive educativos. Dentre estes fatores, destaco: a) a influência do modelo de política

econômica de Keynes, no período da Guerra Fria, em países capitalistas da Europa e,

posteriormente em outros países, que pressupunha uma participação maior do Estado como

elemento fundamental para a consolidação do capitalismo; b) As novas demandas sociais

que surgiram principalmente no século XX, tendo como base os direitos de cidadania,

dentre as quais se incluem a reivindicação por melhorias na Previdência Social, Saúde e

Educação (DI GIOVANI, 2009, 2010).

Os processos de globalização, marcados pela intensificação de relações sociais

mundiais, envolvendo interconexões, interdependências e hibridizações, tanto nos

contextos econômico, cultural e político, alteraram significativamente os limites territoriais,

nacionais e locais, a forma de relacionamento dentro do Estado e entre eles, e afetaram os

processos identitários (MORROW & TORRES, 2004; BURBULES & TORRES, 2004,

CASTELLS, 2003). Neste contexto, as demandas por reformas educacionais e em defesa

do papel do Estado no monitoramento dos processos educacionais, com a pretensão de

garantir a qualidade das instituições escolares, através de sistemas de avaliação unificados,

passam a ter uma forte influência nas decisões governamentais.

Segundo Schwartzman (2005),

Em todos os países em que os governos centrais tiveram papel preponderante no financiamento e coordenação da educação básica

fundamental, os sistemas tradicionais de avaliação por consenso

evoluíram para busca de padrões nacionais que não dependessem exclusivamente das preferências e orientações subjetivas de cada

professor e escola. [...] A expansão, o aumento dos custos e a

relevância cada vez mais evidente da educação fizeram com que

antigos cânones de qualidade e os respectivos mecanismos de

controle da educação começassem a ser questionados (p.16-18).

A afirmação de Schwartzman aponta para a desvalorização do trabalho docente e da

organização escolar ao desconsiderar a singularidade dessas instituições como produtoras

de qualidade na educação em contraposição a um modelo nacional centralizado de

avaliação. Esta questão é interpretada sob outra ótica por Lingard (2004) e Hypólito (2008).

A globalização também teve uma influência, segundo Lingard (2004), no surgimento de

uma comunidade pós-nacional de políticas educacionais globais, que ultrapassam os limites

territoriais nacionais e locais, caracterizada por diferentes grupos de interesses - burocratas

globalizadores, antigos funcionários públicos, legisladores, conselheiros de políticas,

intelectuais e empresários - envolvidos na elaboração das políticas. Outros grupos sociais

também participam desta comunidade, representando diferentes demandas, buscando

hegemonia nos processos de negociação e de tomada de decisão. Compreendo que, apesar

das diferenças, estes grupos chegam a consensos provisórios, contingenciais, nos processos

articulatórios, resultando, muitas vezes, em aparente convergência entre as políticas

educacionais das diferentes nações.

Segundo Lingard (2004), as organizações internacionais multilaterais - tais como o

Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização dos

Estados Americanos (OEA), Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI),

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). - exercem grande

influência na produção das políticas educacionais, uma vez que muitas delas também são

agentes financiadores e mediadores das diretrizes educacionais globais. O Programa

Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) pode ser considerado um sistema de

avaliação em uma dimensão global, pois sua abrangência ultrapassa os limites locais,

avaliando estudantes de países e culturas distintas.

Para Schwartzman (2005), os Estados Unidos foram precursores da implantação de

políticas públicas de avaliação em larga escala e influenciaram a área de pesquisa em

avaliação escolar em diversos países. Segundo ele, os resultados do relatório Coleman, um

survey encomendado pelo governo norte americano para investigar as desigualdades

educacionais e publicado em 1966, foram importantes para que, além dos aspectos

intraescolares, os fatores extraescolares (condições socioeconômicas e culturais) fossem

considerados na análise das diferenças de desempenho dos estudantes. Este estudo deu

origem a diversas pesquisas educacionais e ao National Assessment of Education Progress

(Avaliação Nacional do Progresso em Educação) – NAEP, um sistema de avaliação da

Educação Básica amostral. Esse modelo foi utilizado tanto para o Sistema de Avaliação da

Educação Básica no Brasil (SAEB) como para outros sistemas de avaliação em larga

escala, em diversos países, o que pode ser um indicador de um desenho de política

educacional global que vem se disseminando.

Hypólito (2008) analisa que este processo de universalização dos modelos de

reformas se pauta na tentativa de imposição da cultura ocidental capitalista hegemônica,

fazendo com que os sistemas educacionais apresentem e difundam padrões e fundamentos

similares, os quais podem ser identificados, segundo ele, como estandardizações globais.

Segundo Hypolito (2010); Hypólito et al (2012), muitas das políticas educacionais

desenvolvidas nas últimas décadas, fortemente influenciadas por essa tendência,

apresentam discursos neoliberais e gerencialistas pautados na ideia de eficiência e na

associação direta entre educação e mercado de trabalho, tendendo para a constituição de um

novo formato curricular orientado por competências e baseado na “neutralidade” e em

“evidências científicas”. Para o autor, o uso de índices, exames e avaliações em larga escala

se torna imprescindível, nessa perspectiva, para tornar evidentes os resultados do ensino.

Nas avaliações de larga escala, o desempenho individual dos alunos passa a ser significado

como “desempenho coletivo” na medida em que é utilizado como indicador do nível da

qualidade da educação, das instituições de ensino, assim como a competência e eficácia da

gestão dos diretores das escolas e do trabalho dos docentes.

O gerencialismo como política educativa tem sido apresentado

como o modelo de gestão eficiente, eficaz, econômico e

democrático, defendido por muitos governos como a única forma de solucionar os problemas escolares. Nas escolas o gerencialismo

chega como algo necessário, moderno e que vem para qualificar o

trabalho de ensino. Por meio de indicadores, métodos científicos,

exames, avaliações, apresenta-se como a melhor solução para buscar uma educação de qualidade (HYPOLITO et al, 2012, p.6).

O autor destaca que estas políticas curriculares também pretendem instituir

significados universalizantes de ensino e de aprendizagem, reduzindo-os a processos

cognitivos mensuráveis cientificamente por indicadores objetivos, subtraindo da educação

seu caráter cultural e histórico. Esta lógica de objetivação dos processos educacionais, que

tem prevalecido nas políticas educacionais públicas brasileiras, em nível nacional, estadual

e municipal, nas quais o Estado intervém como agente regulador e controlador contratando

terceiros para a avaliação externa que subsidiará a prestação de contas à sociedade civil

(accountability) pretende reduzir os problemas da educação ao âmbito técnico-gerencial e

por um processo de estandardização do conhecimento, cada vez mais alinhado às

exigências do mercado de trabalho. A lógica gerencialista na educação tem “implicações na

estrutura e na forma de organização do trabalho da escola, nas práticas pedagógicas e

curriculares, nas relações internas e externas da comunidade escolar, e, igualmente, como

observam Gerwitz e Ball (2011), na cultura e nos valores de escolarização” (HYPOLITO et

al, 2012, p. 7).

Cabe ressaltar que, embora possamos identificar traços comuns em muitas políticas

educacionais, em nações e localidades distintas - como a centralidade da qualidade e

equidade da educação nos debates educacionais; a lógica curricular pautada nas

competências e habilidades; o discurso neoliberal e a mercantilização; as políticas de

avaliação em larga escala pautadas na meritocracia, responsabilização e performatividade -

elas também assumem características próprias em cada nação e localidade. Parto do

pressuposto de que as políticas educacionais são constituídas por complexos processos de

recontextualização e ressignificação, nos quais o “global” e o “particular” hibridizam-se,

delineando novos sentidos e configurações.

O conceito de recontextualização por hibridismo (BALL, 1998; BALL & BOWE,

1998), assim como os conceitos e categorias tomadas da Teoria do Discurso (LACLAU e

MOUFFE, 2004; LACLAU, 2011) contribuem para a compreensão de como os sentidos

locais vão, na prática articulatória, aglutinando os diferentes e divergentes sentidos em

disputa, constituindo, provisória e contingencialmente um sentido universalizante, como é o

caso do sentido de “qualidade da educação”.

Para Ball, em todos os contextos nos quais a política é produzida ocorrem processos

de recontextualização por hibridismo, isto é, há uma complexa disputa em jogo e os

sentidos que pretendem ser hegemônicos são ressignificados por uma multiplicidade de

sujeitos em meio a processos articulatórios (OLIVEIRA, 2012). O autor, ao defender a

produção da política como um complexo processo de negociação, desconstrói a ideia de

produção e implementação como processos distintos, considerando ambos integrantes da

prática articulatória.

Laclau e Mouffe (2004) nos possibilitam compreender melhor como se dão os

processos articulatórios que visam à hegemonia de um sentido, nas políticas curriculares. A

partir desses autores, considero a política curricular como um processo discursivo,

descentrado, colocando em xeque a subordinação do microcontexto ao macrocontexto.

Também nos fazem entender que os sentidos da política não estão postos a priori, mas são

definidos em meio aos processos articulatórios que ocorrem durante todo o processo de sua

constituição, entendida como um processo permanente. Nos processos de significação, os

diferentes sentidos se constituem em elementos de uma cadeia articulatória que se

estabelece visando à hegemonização. Os diferentes grupos sociais participam deste

processo de significação através das demandas em jogo que representam. Na prática

articulatória, há uma flutuação de sentidos, o que leva um significante a assumir novos

significados, no jogo da linguagem da política curricular, diferentes do sentido por ele

assumido num contexto particular. Muitas vezes, estes novos sentidos podem ser

contraditórios e antagônicos com os sentidos anteriormente, hegemônicos. No meio

acadêmico, o significante qualidade de educação tem sido objeto de estudos e reflexões,

trazendo para o debate diferentes perspectivas de análise.

Biesta (2012) contribui para a discussão da temática, analisando como a “cultura da

mensuração” em educação vem se disseminando, tanto nas pesquisas em Educação como

nas reformas educacionais, em diferentes países e localidades. Identifica, nas duas últimas

décadas, um aumento no interesse pela mensuração da educação e também um crescente

uso de resultados de provas e testes padronizados - expressos em tabelas classificatórias e

rankings que informam sobre o desempenho de países, distritos ou unidades escolares -

para fundamentar as políticas educacionais e buscar o aumento de “padrões de qualidade”.

O autor analisa que, com o argumento de justiça social - de que todos devem ter direito a

uma educação de qualidade - a combinação de resultados e rankings com elementos de

responsabilização leva a uma classificação das escolas em bem sucedidas e mal sucedidas;

em professores bem sucedidos ou mal sucedidos, através de uma lógica pouco flexível,

desconsiderando fatores estruturais que interferem nestes resultados, faltando-lhe, portanto,

uma dimensão democrática.

O autor ressalta que as tomadas de decisão sobre os rumos da educação envolvem

julgamento de valor sobre o que é desejável, sobre as finalidades de educação, não se

restringindo a informações factuais. Além disso, traz para o debate a substituição da

“validade normativa” pela “validade técnica” nas mensurações da qualidade da educação,

problematizando se, de fato, os sistemas de avaliação estão medindo o que é relevante e

valorizado ou se estamos tomando como referência nestas avaliações aspectos de mais fácil

mensuração através de evidências. Com base nestes argumentos, faz uma crítica às políticas

de avaliação com centralidade na eficácia, por desconsiderarem a questão do “para que” se

educa e se avalia, reduzindo o que é eficaz em educação à “validade técnica”, cujos

parâmetros de mensuração são questionáveis por se distanciarem dos objetivos e propósitos

da educação.

Com a intenção de contribuir para análise sistemática dos processos e práticas

educacionais, Biesta (2012) defende que é preciso compreender com mais profundidade e

distinguir três funções da educação - a qualificação, a socialização e a subjetivação – de

forma a poder indagar com mais clareza suas finalidades e objetivos, especialmente os da

educação pública.

A função de qualificação consiste, segundo ele, em proporcionar às crianças, jovens

e adultos, conhecimentos habilidades e entendimento, assim como disposições e formas de

julgamento que lhes permitam “fazer alguma coisa”, seja esta aquisição específica, como

uma habilidade profissional ou geral, como a aquisição de habilidades para a vida, para o

exercício da cidadania, dentre outras. Para o autor, esta função tem sido associada a

argumentos econômicos, como a preparação para o mundo do trabalho ou à contribuição da

educação para o desenvolvimento econômico, e vem assumindo uma visão de senso

comum na medida em que associa a qualidade da educação ao progresso acadêmico em um

número restrito de áreas curriculares, como Matemática, Ciências e Língua, mensurável em

provas e testes padronizados. Essa visão de qualificação tem dado credibilidade a diversos

estudos, como Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA –sigla em inglês), o

Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura (PIRLS - na sigla em inglês)

e o TIMMS (Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência). PISA,

PIRLS E TIMMS e não tem contribuído para diminuir as desigualdades sociais e

educacionais, uma vez que reforça a ideia de que o sucesso é uma conquista individual,

negligenciando os demais fatores que contribuem para esta desigualdade e produzindo

novas formas de diferenciação, como a distinção de ser formado numa universidade ou

escola com bom índice ou com mal índice de desempenho nos rankings. Biesta (2012)

afirma que esta concepção de qualidade fundamenta-se nos novos discursos da

aprendizagem, que desloca o foco do processo educativo de seu caráter coletivo – educativo

– para um caráter individualista – pautado em qualidades e capacidades pessoais.

Para o autor, a função da socialização se relaciona com as “formas pelas quais nos

tornamos membros e parte de ordens sociais, culturais e políticas específicas por meio da

educação.” (BIESTA, 2012, p. 818). Através da educação, são transmitidos valores e

normas particulares, sejam estes religiosos, culturais ou profissionais, tendo um papel

relevante nos modos de ser e fazer dos indivíduos. Nas instituições educacionais, a função

de socialização se dá tanto explícita como implicitamente.

A função de subjetivação, também denominadas pelo autor como processos de

individuação, que, segundo o autor, estão relacionados às formas como os processos

educacionais impactam os indivíduos. Para ele, o que é mais relevante na discussão dos fins

da educação é a reflexão sobre “os tipos de subjetividade que são tornados possíveis em

razão de particulares arranjos e configurações educacionais” (BIESTA, 2012, p. 819).

Biesta defende que a questão sobre o que se entende por “boa educação” é

“composta”, uma vez que envolve a tomada de decisão sobre finalidades da educação,

implica na constituição de uma possível interseção com a tríplice função da educação -

qualificação, socialização e subjetivação tendo consciência do que as distingue, dos pontos

de contato e dos inerentes conflitos entre elas. Implica, portanto, num posicionamento

frente a essas funções, tornando claros os aspectos que serão privilegiados, como serão

concebidos e que vinculações se constituirão entre elas.

A distinção entre socialização e subjetivação, como o próprio Biesta aponta, é

problematizada por críticos pós-modernos. Considero que esta é uma questão a ser

problematizada, uma vez que os processos identitários e, portanto, de subjetivação não são

processos independentes dos processos de socialização. Aposto na potência dos processos

educacionais e curriculares na constituição das identidades. Contudo, tendo a considerar a

complexidade dos processos identitários, que são forjados, também, por disputas

discursivas, através de constantes apropriações e releituras das tradições e da cultura, que

transitam pendularmente entre o particular e o universal, anunciando a possibilidade de

serem, simultaneamente e contraditoriamente, sociais e individuais.

Ao analisar as políticas de avaliação em larga escala, utilizadas na Educação Básica

do Brasil, nas últimas três décadas, Sousa (2011) identifica uma mudança de foco. Se na

década de 1980 as avaliações privilegiavam a mensuração da aprendizagem dos alunos, a

partir da década de 1990, com a implantação da Prova Brasil e a criação do Indicador de

Desenvolvimento da Educação (IDEB), o foco passou a ser a avaliação institucional; de

desempenho docente; de cursos e de redes de ensino, através dos resultados nas avaliações

externas, tanto federais, como estaduais e municipais. A autora pondera que, embora as

avaliações em larga escala possam trazer contribuições para a avaliação dos sistemas, para

a formulação de políticas educacionais e para o planejamento do trabalho escolar, não são

suficientes para contemplar a complexidade e amplitude do trabalho escolar. Para ela estas

avaliações são limitadas em diversos aspectos: a) no âmbito do conhecimento avaliado, já

que somente algumas áreas são contempladas – em geral, Português e Matemática; b) no

âmbito dos fatores considerados na análise dos resultados, já que não são incorporados

fatores associados como as características e condições das redes de ensino, escolas, e dos

alunos; c) no âmbito das dimensões da educação privilegiadas, pois o foco nas provas

padronizadas privilegia aspectos técnicos em detrimento de outros aspectos importantes,

especialmente os relacionados a atitudes. Sousa (2011) corrobora com o argumento de

Biesta (2012) sobre a importância da centralidade das finalidades da educação nas

discussões sobre a qualidade da educação, considerando-se a sua complexidade. Segundo

ela,

[...] dependendo do modo como forem divulgados e explorados os

resultados das avaliações em larga escala, corre-se o risco de se

intensificar desigualdades educacionais, com impactos na segmentação de professores e escolas. Daí deve-se atentar para não

utilizar os resultados com fins classificatórios. Não se pode

restringir a concepção de qualidade do ensino aos resultados dessas

avaliações, correndo-se o risco de não se diferenciar as noções de medida e avaliação, além de fragilizar a perspectiva de uma

avaliação formativa (SOUSA, 2011, p. 311).

A autora ressalta que é fundamental distinguir as avaliações em larga escala das

avaliações que se processam no cotidiano das escolas, considerando-se as especificidades,

finalidades, possibilidades e limites da avaliação da aprendizagem e da avaliação de

desempenho.

Dourado e Oliveira (2009) analisam e problematizam o conceito de “qualidade da

educação”, considerando suas múltiplas significações e dimensões, desenvolvendo

argumentos em torno da qualidade da educação socialmente referenciada. Para tal,

analisam dimensões intra e extraescolares que consideram fundamentais para um projeto de

educação para todos, no contexto histórico, político, econômico e cultural da educação

brasileira. Partindo da premissa de que discutir qualidade de educação remete à necessidade

de definir o que se entende por educação, os autores a compreendem como “elemento

constitutivo e constituinte das relações sociais mais amplas, contribuindo,

contraditoriamente, desse modo, para a transformação e a manutenção dessas relações”.

Destacam a transitoriedade do conceito de qualidade, que por ser um conceito histórico se

modifica no tempo e no espaço, de acordo com as demandas e exigências sociais.

Defendem que a busca por uma escola de qualidade socialmente referenciada implica na

definição de fatores e condições que serão considerados como referência analítica e

política, tendo-se em vista a melhoria do processo educativo.

Com base nos argumentos de Darling-Hammond e Asher (1991 apud DOURADO

& OLIVEIRA, 2009), de que os diferentes fatores e dimensões da qualidade da educação

devem expressar relações de validade, credibilidade, incorruptibilidade e

comparatibilidade, Dourado e Oliveira (2009) ressaltam a polissemia da “qualidade da

educação” e ratificam que ela se constitui em um processo complexo e dinâmico,

permeado por estas e outras dimensões, não se restringindo, portanto, a resultados em testes

e provas padronizados. Os autores contribuem para a temática com a sistematização de

fatores que compõem cada uma destas dimensões, detalhando cada uma delas.

Destacam dois níveis da dimensão extraescolar: a) o espaço social, que se relaciona

com a influência do capital econômico, social e cultural dos estudantes e de suas famílias

nos processos de ensino-aprendizagem; com a definição de políticas públicas e projetos

escolares para o enfrentamento de questões sociais, como fome, drogas, violência, etnia e

raça, acesso à cultura, saúde, dentre outros; a forma como as instituições escolares lidam

com as diferenças socioculturais dos estudantes e com sua identidade social e individual;

programas e ações que envolvem a dimensão econômica e cultural, assim como aspectos

motivacionais voltados para a permanência no espaço escolar e êxito no processo de

ensino-aprendizagem; b) as obrigações do Estado, que se referem à ampliação da

obrigatoriedade da educação básica; a definição de diretrizes educacionais nacionais, para

os diferentes níveis, ciclos e modalidades de educação e ensino; definição de níveis de

qualidade; implementação de sistemas de avaliação para subsidiar o processo de gestão

educativa e garantir a melhoria da aprendizagem e de programas suplementares - livro

didático, merenda escolar, transporte escolar, saúde escolar, recursos tecnológicos e

segurança nas escolas – de acordo com as especificidades dos estados e municípios.

Para Dourado e Oliveira, a dimensão intraescolar envolve quatro planos: a) plano do

sistema – condições de oferta de ensino, que se refere a fatores estruturais, tais como:

ambiente, instalações recursos materiais e tecnológicos adequados para a realização de

atividades de ensino; acessibilidade; serviços de apoio aos estudantes; condições de

segurança para alunos, professores e funcionários; definição de custo-aluno anual adequado

que assegure condições de oferta de ensino de qualidade; b) plano de escola- gestão e

organização do trabalho escola, que trata de aspectos organizacionais compatíveis com as

finalidades do trabalho pedagógico, dentre os quais se incluem o planejamento,

monitoramento e avaliação de programas e projetos; projeto pedagógico coletivo;

mecanismos de informação e comunicação, assim como de participação e integração dos

diferentes grupos e pessoas nas atividades escolares; definição de programas curriculares,

metodologias e processos avaliativos adequados aos diferentes níveis, ciclos e etapas do

processo de ensino-aprendizagem, dentre outros; c) plano do professor-formação,

profissionalização e ação pedagógica, que se relacionam com titulação e qualificação

docentes, vínculo com trabalho, incluindo forma de ingresso, condições de trabalho, plano

de carreira, dedicação exclusiva e garantia de carga horária para planejamento, estudo,

reuniões pedagógicas, atendimento aos pais e orientação aos alunos, dentre outros aspectos;

c) plano do aluno – acesso, permanência e desempenho escolar, que se relaciona com

aspectos como a garantia de acesso e oferta de condições educacionais focados no

desenvolvimento dos alunos e na melhoria da qualidade da aprendizagem, considerando a

diversidade sociocultural dos estudantes e de suas famílias, de forma a proporcionar seu

engajamento e valorização da escola.

Os autores defendem que a construção de uma educação de qualidade para todos,

entendida como qualidade social, implica em “garantir a promoção e atualização histórico-

cultural, em termos de formação sólida, crítica, ética e solidária, articulada com políticas

públicas de inclusão e de resgate social” (DOURADO & OLIVEIRA, 2009, p. 811),

implica considerar, de forma articulada, as dimensões extra e intraescolares, assim como

outros fatores, dos quais destaco o financiamento público que resultem em ações concretas

objetivando a democratização dos processos da organização e gestão educacional, que

envolvem a rediscussão das práticas curriculares, dos processos formativos e da dinâmica

da avaliação, tendo em vista a melhoria da educação.

Fernandes e Nazareth (2011) corroboram com o argumento de Biesta (2012) de que

se tem atrelado ao senso comum a ideia de qualidade da educação vinculada aos bons

resultados acadêmicos dos estudantes, principalmente pela disseminação desta concepção

pelas mídias. Defendem que a educação escolar, por ser uma prática social, tem a formação

cidadã como uma de suas funções e que a polissemia do termo indica a sua complexidade e

a sua transcendência em relação ao desempenho dos alunos em exames de proficiência,

aspectos também apontados por Biesta. Apresentam a concepção de “qualidade negociada”,

defendida por Freitas (2005 apud FERNANDES & NAZARETH, 2011), entendida como

uma “qualidade de natureza negociável, processual, contextual e transformadora, como

uma alternativa mais coerente para as discussões científicas sobre educação e da avaliação

educacional. Objetivando problematizar e desvendar as entrelinhas da retórica da qualidade

da educação, ou da boa escola, os autores utilizam o conceito da “qualidade negociada”

para analisar os impactos da avaliação de larga escala nas práticas cotidianas escolares do

ensino fundamental, utilizando como empiria os textos de jornais de grande circulação da

cidade do Rio de Janeiro. A partir dos argumentos de Moreira e Kramer (2007) de que a

qualidade é um conceito historicamente produzido e que não cabe pensá-lo em termos

absolutos, Fernandes e Nazareth, buscam na análise dos textos de jornais, os sentidos de

qualidade da educação que vem sendo divulgados e enfatizados pelas mídias, como

possíveis respostas à questão O que é uma escola de qualidade? As autoras identificam,

nos textos analisados, uma tendência a relacionar qualidade da educação ao desempenho

dos alunos em provas padronizadas (PISA, Prova Brasil e Prova Rio, dentre outras), através

de argumentos que se vinculam ao discurso neoliberal, pautado na neutralidade de escola e

de seus conteúdos – arbitrários, padronizados e mundializados - na eficácia, na

performatividade e na responsabilização dos alunos e das instituições. Os autores

problematizam estes sentidos de qualidade, trazendo para o debate outros discursos, como

os sentidos de qualidade da educação defendidos nas propostas progressistas, que se

pautam em preocupações fundamentalmente políticas, voltadas para a democratização do

acesso à educação escolar e com a formação dos sujeitos para o exercício da cidadania, o

que implica em considerar que função social da escola envolve objetivos numa dupla

dimensão: individual e social.

Ao analisarem os textos dos jornais, Fernandes e Nazareth (2011) concluem que

A avaliação, principalmente por meio de exames, foi colocada no papel de guia

na caminhada pela qualidade da educação na última década. Aliados à cobertura dada pelos jornais no tocante à matéria, a criação de exames, os índices e as

políticas de bonificação de professores e alunos, reforçam a função

classificatória e seletiva. Para colocar a educação no caminho de outra visão de qualidade, mais democrática e emancipatória, se faz necessário a construção de

práticas articuladas de avaliação para a aprendizagem, da instituição e das redes

de ensino, respeitando os professores, os gestores e a comunidade escolar (p. 70)

Embora considerem que um bom desempenho pode ser indicador de qualidade,

problematizam a crença de que as avaliações em larga escala são capazes de estabelecer o

grau de qualidade de uma escola ou uma rede de ensino e apontam essa concepção, bastante

reforçada pelas mídias. Os autores concluem sua análise sinalizando que o papel central

atribuído aos sistemas unificados de avaliação pode gerar efeitos indesejáveis para a

educação, como o esvaziamento de uma das suas principais funções, que é a formação

cidadã e o empobrecimento e padronização curricular, que visam ao atendimento das

demandas e exigências das provas. Para eles, tal redução da função da educação pode

colocar em risco um projeto de sociedade mais democrática e mais inclusiva.

O que podemos identificar em comum nas produções acadêmicas sobre a temática,

destacadas nesta seção, é a defesa de uma análise mais plural da qualidade da educação,

envolvendo as suas finalidades e as diferentes funções da educação, o que implica em

considerar aspectos contextuais, sociopolíticos e econômicos, e as dimensões intra e

extraescolares, de forma a não reduzi-la a aspectos técnicos e pontuais, como a mensuração

do desempenho dos alunos em provas de proficiência.

A qualidade da educação, na perspectiva da recontextualização por hibridismo,

pode ser entendida como um significante que, apesar de abarcar uma variedade de

demandas distintas, assume, nos discursos da política, um sentido que pretende ser

universal, que é fixado, contigencialmente, como sentido hegemônico.

Assim, a compreensão das relações que são estabelecidas entre os sentidos de

qualidade da educação e de avaliação implica na análise das demandas coletivas e das

articulações que estão em jogo no processo articulatório da política curricular. Implica

buscar entender como elas se expressam nos discursos da política e que fechamentos

provisórios de sentidos são produzidos em torno desses significantes.

Nesta perspectiva, o significante “qualidade de educação” pode ser entendido como

um significante amplo que engloba diferentes demandas sobre o que é educação, escola,

conhecimento escolar, avaliação, dentre outros aspectos. Estas demandas são negociadas e,

no processo articulatório, precisam ser esvaziadas de seu sentido particular, assumindo

sentidos diferentes daqueles que eram significados em outro sistema de totalidade. A partir

de suas formulações, podemos compreender a “qualidade da educação” como um

significante vazio, no qual o sentido hegemônico que se fixa em torno deste significante,

contingencialmente, condensa hibridamente diversos sentidos, produzindo um sentido

comum em relação a eles, alterando suas particularidades e diferenças. Segundo Mendonça

(2006, p. 147) “um significante vazio é um significante sem significado” [...], porque [...]

devido ao seu caráter polissêmico, acaba por perder qualquer possibilidade de produzir

sentidos específicos”. Para Laclau (2006, apud MENDONÇA, 2006) sua função é a de

renunciar sua identidade diferencial para ocupar um espaço de significação comunitário, no

qual um significado amplo e impreciso assume, provisória e hegemonicamente, o caráter de

universal, reunindo a diversidade de sentidos particulares. Os significantes vazios

representam a tentativa de universalização de um sentido hegemônico que abarca diversos

sentidos particulares. Como bem sintetiza Giancaglia (2006), o importante é ver que “toda

universalidade nunca é uma universalidade com um conteúdo próprio; ela tem sempre um

conteúdo particular que se universaliza e começa a representar a totalidade das demandas

particulares equivalentes” (p. 107). O discurso hegemônico é um discurso capaz de

aglutinar as diferenças, de representar identidades que antes estavam dispersas, num eixo

significativo articulador – o significante vazio.

Concordo com a argumentação de Gabriel (2011), com base em Retamozo (2009),

de que as investigações sobre as demandas de qualidade, igualdade e diferença

endereçadas à escola são potentes, considerando-se que os sentidos coletivos convocados

em cada demanda se convertem em espaço político de relevância. A autora ressalta que as

disputas articulatórias em torno do significante qualidade da educação exemplificam o

complexo processo de disputas envolvidas “no jogo político que organiza diversos

discursos pedagógicos, justificando as reformas educacionais” (GABRIEL, 2011, p. 10).

Considero o significante “qualidade” relevante para este estudo por reunir demandas

diferentes e ser fértil para a análise das tensões entre universal e particular nas quais estão

implicadas as políticas curriculares que adotam sistemas de avaliação unificados, como os

da SME-RJ, particularmente, nas associações que se constroem em torno o trinômio

“qualidade-avaliação-eficácia”, que passo a abordar na próxima seção.

II.2. Do binômio “qualidade da educação-avaliação” para o trinômio “qualidade da

educação-avaliação-eficácia”: novos dilemas e implicações para as políticas

curriculares

Em que medida o significante qualidade vem se associando ao significante

avaliação nos discursos educacionais e curriculares brasileiros? Quais os sentidos desta

associação? Que fatores têm sido relevantes para que a produção dos múltiplos sentidos

pautados neste binômio e como a associação dele à eficácia traz novas demandas e novas

fixações de sentidos?

Para compreender melhor as variações que vêm revestindo o binômio “qualidade da

educação-avaliação”, procuro relacionar estes significantes aos aspectos sócio-históricos e

culturais que o permeiam, reconstituindo o percurso desta associação, para, posteriormente,

buscar desconstruí-la com base nas reflexões sobre essa trajetória, interrogando as suas

implicações para as práticas curriculares e para o profissionalismo docente.

Os sentidos de avaliação escolar vêm buscando se fixar, no Brasil, ao longo do

tempo, através de permanências, modificações e ressignificações, assumindo diferentes

nuances e enfoques no meio acadêmico e escolar. Este processo pendular e híbrido também

permeia as vinculações entre os significantes “qualidade” e “avaliação”.

Luckesi (2005) analisa que as práticas avaliativas centradas nos exames são herança

das pedagogias dos séculos XVI e XVII, período histórico do processo de ascensão e

consolidação da sociedade burguesa. Ressalta o papel da Pedagogia Jesuítica e da

Pedagogia Comeniana na constituição dessa representação de avaliação, caracterizada pela

ritualização das provas e exames, que assumiam caráter solene através da constituição de

bancas examinadoras e da divulgação pública dos resultados, acompanhada de

manifestações de orgulho, valorização e premiação para os alunos bem sucedidos e de

repúdio, hostilização e humilhação para os alunos mal sucedidos. A função da avaliação era

predominantemente classificatória, seletiva, moralizadora e disciplinadora. Como analisa

Foucault (1989, p. 154), “o exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da

sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar,

classificar e punir”.

Nessa perspectiva de avaliação, a classificação dos alunos se dava,

predominantemente, pelo julgamento do professor com base no seu desempenho

individual. O sucesso e fracasso dos alunos eram, portanto, considerados reflexo da

dedicação e capacidade de cada um, de sua capacidade de responder e corresponder aos

conteúdos e padrões de aprendizagem previamente definidos. Assim, a relação entre

“qualidade” e “avaliação” era estabelecida associando-se a qualidade das instituições

escolares à qualidade de seus alunos: bons alunos eram aqueles que se saiam bem nos

exames e maus alunos aqueles que se saiam mal; boas escolas eram aquelas destinadas a

bons alunos, já que os que não se enquadravam nos padrões de desempenho rigidamente

definidos por elas eram excluídos.

A partir da década de 1960, a avaliação incorporou nuances de cientificidade sob

forte influência da Psicologia Experimental e dos estudos da Psicometria sobre a

mensuração do comportamento humano. Os debates no campo da avaliação educacional

também passam a centrar-se nos aspectos técnicos e instrumentais da avaliação, tendo

como fundamentação as produções norte-americanas de Tyler, Bloom, Popham, Mager,

Ebel, Ausubel (LOPES & MACEDO, 2011), entre outros. A tradução das intenções de

ensino e aprendizagem em objetivos curriculares facilmente observáveis e mensuráveis

chegou às escolas brasileiras para ficar, sob a égide do positivismo, fazendo do campo

educacional sua tradução pragmática. Houve, nesta época, um predomínio do racionalismo

técnico, que associava a qualidade da educação ao domínio das técnicas e metodologias,

enfatizando os meios da educação e, não suas finalidades.

Essa representação da avaliação escolar, e as práticas dela oriundas, como a

disseminação de testes objetivos e provas apenas para a aferição do aproveitamento escolar,

hierarquização e classificação dos estudantes segundo o seu desempenho, passou a ser a

lógica avaliativa dominante na cultura escolar e persiste até hoje com grande força nos

diferentes níveis de ensino, naturalizando-se (GATTI, 2009; ESTEBAN, 2000, 2009;

LUCKESI, 2005).

O currículo universal, único, pautado nos conhecimentos e valores da cultura

dominante, assim como a associação de avaliação aos resultados nos testes e provas,

contribuíram para desconfiguração/reconfiguração e apagamento das particularidades dos

sujeitos, seus processos de aprendizagem, suas identidades sociais e culturais. Esta lógica

evidenciou os mecanismos de seleção presentes nestes processos de avaliação e sua relação

com a lógica capitalista de sucesso e fracasso, perda e ganho, empenho e recompensa. A

avaliação passou, portanto, a ser utilizada como mecanismo de controle e adaptação de

condutas sociais, como “tecnologia disciplinar constituída pela relação hierárquica que dá

visibilidade, vigia e sanciona os sujeitos para normalizá-los submetê-los e direcionar seu

rendimento segundo demandas do modelo de sociedade hegemônico” (ESTEBAN, 2009, p.

50), mascarando a dimensão social da seletividade escolar.

Nas décadas de 1970, as análises de Bourdieu e Passeron (1975) evidenciaram o

caráter reprodutor da escola e a violência simbólica por ela exercida. Suas ideias tiveram

grande influência, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, na produção acadêmica sobre o papel

da escola contribuindo para a problematização do fracasso escolar e para direcionar o foco

dos debates sobre avaliação para os aspectos sociais e políticos a ela relacionados. Contudo,

críticas foram dirigidas à teoria da reprodução por considerarem os teóricos do currículo

que a escola também produz resistência. As contribuições destes sociólogos, assim como de

seus críticos, foram fundamentais para o redimensionamento do papel da escola e do

currículo nos processos de reprodução ou de transformação social, colocando em evidência

que a atividade educativa está comprometida com questões ideológicas e de poder.

Conforme apontam Moreira e Silva (2001):

[...] o currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado

em relações de poder, o currículo transmite visões sociais

particulares e interessadas, o currículo produz identidades sociais. O currículo não é um elemento transcendente, atemporal – ele tem

uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de

organização da sociedade e da educação (p.7-8).

Nas décadas de 1970 e de 1980, a divulgação dos estudos de Jean Piaget no meio

educacional reavivou a centralidade do aluno nos processos curriculares iniciados com o

ideário da Escola Nova. O binômio qualidade-avaliação passou a delinear novos sentidos,

nos quais a avaliação passou a ser identificada como diagnóstico, tendo em vista as

tomadas de decisão pelo professor e pelo aluno para o aprimoramento dos processos de

ensino e de aprendizagem. A associação da avaliação à qualidade se dava pela possibilidade

de indicar mais claramente as particularidades dos alunos, de seus processos de

aprendizagem. Embora esse novo sentido de qualidade tenha contribuído para um novo

olhar para as práticas curriculares, a identidade sociocultural não foi considerada nos

processos de subjetivação dos alunos.

Mais adiante observamos que, à medida que o monitoramento da qualidade passou

a ser feito por Estados, por meio de sistemas de avaliação unificados, em larga escala, o

binômio qualidade-avaliação associou o foco anterior, centrado nos processos de

aprendizagem dos sujeitos, para um foco centrado no controle da qualidade dos sistemas de

ensino via desempenho. Assim, a qualidade da educação passou a ser equivalente de bons

resultados nas provas unificadas, padronizadas, entendidos como eficácia escolar.

A origem das pesquisas sobre eficácia escolar situa-se na década de 1960, nos

Estados Unidos e na Inglaterra, no mesmo período em que foi produzido o Relatório

Coleman. Em sentido contrário ao do Relatório, que enfatizava os fatores extraescolares

promotores das desigualdades no desempenho dos alunos, outras investigações procuravam

identificar os fatores intraescolares que geravam melhores e piores resultados educativos –

o “efeito escola”. Essa nova perspectiva de análise contribuiu para um olhar mais atento

para os fatores microestruturais, para as diferenças produzidas pela própria escola,

direcionando as pesquisas para o cotidiano escolar e para aspectos anteriormente

desconsiderados, como clima institucional, clima acadêmico, formação e salário docente,

relação professor-aluno, disciplina, tipo de gestão, recursos materiais e infraestrutura, entre

outros. Embora possamos considerar que essa nova vertente de análise tenha agregado

novas perspectivas, o foco nos fatores escolares, produtores de desigualdades educacionais,

também teve como consequência a associação destes ao insucesso dos alunos, e a

responsabilização da escola ou de agentes escolares por resultados que não correspondiam

ao esperado.

Biesta analisa que as pesquisas que focalizavam a dinâmica do ensino-

aprendizagem com o objetivo de identificar as variáveis mais relevantes para tornar a

escolaridade mais eficaz conduziram a “uma visão mais estreita de resultados e produtos

relevantes” (BIESTA, 2012, p. 811). Elas também foram responsáveis, segundo o autor, por

subsidiar políticas pautadas em evidências, no gerencialismo, na performatividade e na

responsabilização (accountability), nas quais a eficácia se reduz a aspectos instrumentais e

técnicos, exercendo “um impacto profundo sobre a prática educacional, desde os mais altos

escalões das políticas educacionais em nível nacional e supranacional até as práticas locais

de escolas e professores” (Ibidem, p.812).

Embora considere que as pesquisas atuais tendam a se interessar por questões mais

amplas da melhoria escolar, Biesta destaca que o movimento da eficácia levou a um

deslocamento do foco das discussões na área educacional para a mensuração e

comparação de resultados, deixando de lado o que considera uma questão relevante no

debate da “boa educação”: a finalidade.

Uma das definições mais usuais de eficácia escolar (MORTIMORE, 1991 apud

FRANCO et al, 2007) reforça esta correspondência: “Escola eficaz é aquela que viabiliza

que seus alunos apresentem desempenho educacional além do esperado, face à origem

social dos alunos e à composição social do corpo discente da escola” (p. 280).

Franco et al (2007) consideram que as investigações sobre eficácia escolar pautadas

no conceito de Mortimore procuram apenas identificar as unidades escolares de alto

desempenho educacional, através de uma metodologia que intenciona diferenciar e filtrar os

possíveis efeitos atribuíveis aos alunos, seja por suas característica individuais, seja pela

composição social do grupo de estudantes. Os autores indicam outras perspectivas de

análise de eficácia, que buscam caracterizar políticas e práticas escolares que podem

explicar o alto desempenho educacional das escolas, ao invés de apenas identificar e

classificar as instituições escolares.

Embora considere coerente o argumento dos autores de que as pesquisas sobre

eficácia escolar podem trazer contribuições mais relevantes do que apenas rankear as

instituições escolares, em busca de seu aperfeiçoamento, destaco que, ainda assim, pelo fato

de centrar a análise no desempenho, esta abordagem também reforça, indiretamente, a

associação indevida entre qualidade-avaliação-eficácia/resultados. Ao partir de um padrão

de desempenho e de performance institucional, pautado nos resultados dos alunos, produz

alguns equívocos, ao vincular dados sobre o corpo docente, discente, gestão, entre outros,

ao insucesso dos alunos, numa relação de causa e efeito.

Em entrevista à Revista Nova Escola (2013), Nigel Brooke caracteriza “escola

eficaz” como “aquela que ensina bem os conteúdos curriculares e se preocupa com o aluno

de maneira global, com a formação de valores, ética e cidadania e a criação de

oportunidades”. Esta conceituação nos instiga a formular algumas questões: a) Se é

evidente que a qualidade da educação não se “mede” apenas por provas e testes, que

indicadores poderiam definir uma escola eficaz? b) Como mensurar a formação de valores

e outros aspectos qualitativos de uma formação global? c) É possível saber se a escola

ensina bem os conteúdos curriculares apenas através de testes e provas? d) Bons resultados

em conteúdos mínimos de matemática e língua materna são suficientes para inferir a

qualidade dos estabelecimentos de ensino?

No Brasil, a ampla divulgação, pelas mídias, do ranking das instituições de ensino

nas provas unificadas - Prova Brasil, ENEM, ENADE, Prova Rio, dentre outras – vem

contribuindo para um processo de hierarquização e classificação no qual as diferenças de

aprendizagem e particularidades de práticas curriculares são utilizadas para a segregação e

exclusão social, através da categorização destas instituições de ensino em “de alta

qualidade” ou “de baixa qualidade” / “escolas fracas” ou “escolas fortes” e,

consequentemente, com “bons professores” ou “maus professores”, com “bons alunos” ou

“maus alunos”, ou com clientelas de “alto padrão” ou “baixo padrão”. A particularidade

passa a ser significada como “insuficiência” ou desvio de um padrão de resposta ou

“aprendizagem” esperada.

Bonamino e Sousa (2012) caracterizam estas políticas de avaliação da Educação

Básica no Brasil, tanto a nível federal como estadual e municipal, como de Terceira

Geração. Ressaltam que há evidências nacionais e internacionais de que as políticas de

responsabilização que se apoiam em consequências simbólicas ou materiais envolvem

riscos para o currículo escolar, dentre os quais “ensinar para os testes”, o que levaria a um

empobrecimento curricular, na medida em que seriam desconsiderados aspectos relevantes

do currículo.

De forma geral, as reformas educacionais e políticas de avaliação ocorridas nas

últimas décadas vêm reforçando a ideia de que bons resultados em testes e provas são

equivalentes a qualidade da educação/ensino. Esta associação direta entre avaliação

(desempenho) e qualidade tem contribuído para uma abordagem pouco reflexiva sobre o

papel da avaliação na prática pedagógica como elemento central do processo de

acompanhamento da aprendizagem dos alunos pelo professor.

Matheus e Lopes (2014), ao analisarem os sentidos do significante “qualidade de

educação” vinculados ao currículo, na política educacional brasileira de 2003 a 2012,

durante o governo dos presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, ressaltam

que a polissemia do termo se relaciona com as disputas articulatórias, uma vez que pode

abarcar discursos antagônicos que, no processo articulatório, se hibridizam e se esvaziam,

assumindo novos significados, que se fixam como hegemônicos. As autoras identificam

que, na política brasileira deste período, os discursos vinculados às demandas do mercado,

do empresariado e da tecnocracia, da qualidade total, característicos do governo do

presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo sentido de qualidade se associa a concepções

instrumentais de educação e às ideias de eficiência e eficácia, se hibridizam com os

discursos vinculados às demandas de grupos sociais. Essas demandas relacionam o termo

ao compromisso com questões sociais, com a qualidade social, associadas a bandeiras da

perspectiva crítica da educação e do currículo, nas quais a qualidade é entendida como uma

possibilidade de democratização da educação para todos, pelo foco da cidadania. Assim, os

discursos de qualidade total, característicos do governo anterior a este período, aos quais os

discursos da qualidade social buscam antagonizar-se, acabam ressurgindo e incorporando-

se aos discursos do novo governo. Segundo as autoras,

São tantas as demandas sociais em relação ao que vem a ser

qualidade da educação, desde aquelas sintonizadas com as condições socioeconômicas de vida até as relações interpessoais

nos lugares de trabalho, que a qualidade se esvazia de significado.

É por meio desse vazio, nunca completo, sempre tendencialmente vazio, que a expressão qualidade da educação se torna capaz de

aglutinar diferentes demandas e constituir diferentes sujeitos que

atuam em seu nome, contrapondo-se a uma ideia de escola sem

qualidade. Não se atribui aqui um sentido de negatividade ao esvaziamento. Defendemos ser desse modo político que se opera e

se produz hegemonia. (MATHEUS & LOPES, 2014, p. 341)

Dionísio (2010) faz uma análise da vinculação entre qualidade na educação e

demandas econômicas, via eficácia escolar, afirmando que

Perante o desígnio do progresso económico pela via das

competências escolarmente adquiridas ou validadas, o

engrandecimento da eficácia escolar é ainda reforçado pela inevitabilidade da comparação dos indicadores educativos,

uniformizando-se modelos e indicadores à escala internacional,

tentando dessa forma resistir à crítica pela via da sofisticação da

prova. A sofisticação dos instrumentos de medida conducentes à comparação à escala local, regional, nacional, internacional

(Normand, 2003; 2006) estilhaça a crença na unidade do programa

institucional da escola a partir do momento em que se radiografam performances diferentes de contexto para contexto escolar. Em

nome da transparência e do direito à informação e ao conhecimento

que as famílias devem usufruir para poder escolher a escola mais performativa para os seus educandos, exalta-se a concorrência

como modalidade salutar de melhorar a prestação do serviço

público do “bem educação”. (p.311)

Ball (2012) corrobora com este argumento ressaltando que a perfomatividade

instaura novas relações dos docentes com seu trabalho, dos docentes com os alunos e dos

alunos com o conhecimento, pautadas na lógica do custo-benefício e em metas de

produtividade. A performatividade busca relações com o sistema de sanções, vigilância e de

instauração de um novo sujeito.

Concordo com as críticas que consideram que as pesquisas em eficácia escolar

podem ter diversos efeitos indesejáveis, principalmente quando apoiadas em políticas de

avaliação de alto impacto e responsabilização, por sua interferência nos processos

curriculares - seleção de conteúdos, metodologia de ensino, concepções de ensino-

aprendizagem e avaliação – e, consequentemente, na constituição das identidades docentes

e discentes, dos alunos como dos docentes. Essas políticas de avaliação têm gerando

tensões entre o que é esperado através dos modelos unificados de avaliação e as

particularidades/demandas das instituições escolares, dos alunos, dos professores e famílias,

desviando o foco dos problemas educacionais para a performance.

Em que medida essa definição de currículo assumida neste trabalho contribui para a

análise destas questões? Primeiramente, por abrir a possibilidade de considerar que as

políticas de avaliação em larga escala são processos de disputa de sentidos, dos quais

diferentes agentes participam e buscam defender suas visões de educação, avaliação,

currículo, qualidade, equidade e democratização da educação. Assim, sendo uma prática

cultural complexa, na qual os sentidos vão se fixando e modificando, é contigente e

provisória. Pensar as políticas curriculares nesta perspectiva é pensar tanto nos seus limites

como nas suas possibilidades. É analisar as práticas curriculares como processos complexos

e transitórios, numa articulação entre os aspectos macro e microestruturais de forma

dinâmica e holística.

As interfaces entre as avaliações em larga escala, currículo e docência se dão,

portanto, neste espaço-tempo de fronteira entre saberes, nas quais diferentes demandas se

encontram em disputa.

Os novos sentidos que são produzidos em torno do binômio qualidade-avaliação

pelas políticas de avaliação, principalmente as de terceira geração, nos remetem ao vasto

campo semântico que se constituiu em torno do significante “qualidade” em educação e

como esta pluralidade de sentidos se articula com a ressignificação de universalidade e

particularidade no campo do currículo. O caráter uniformizador destas políticas evidencia

as tensões entre as singularidades e os processos de universalização que envolve os

sujeitos e as instituições, conforme aponta Esteban (2009, p.50)

[...] O exame, configurado a partir de padrões que estimulam a

uniformização dos processos e dos resultados, tem uma atuação

importante no sentido de moldar as práticas, reduzindo as possibilidades de estímulo à diferença, característica da sala de

aula. Assim, legitima desigualdades decorrentes das diferenças,

naturaliza a subalternidade e fomenta, nos sujeitos, o desejo de normalização. Simultaneamente, afasta o/a estudante, sujeito que

aprende, do conhecimento, que deveria ser o objeto da

aprendizagem. Esse processo fragmenta relações, isola sujeitos e os

distancia de seus próprios processos, que perdem seu vigor, com a ênfase dada ao resultado [...] Esse modelo de avaliação externa trata

desempenho como equivalente como equivalente a aprendizagem, e

avaliação como procedimento técnico vinculado a mensuração e controle. Realiza-se por intermédio de instrumentos unificados,

produzindo resultados organizados em uma escala rígida e

previamente determinada, que diferencia, para hierarquizar, contextos, resultados e sujeitos. [...]

Carrasqueira (2013) aponta uma clara influência dos modelos de avaliação a nível

federal (SAEB, Prova Brasil) no modelo de avaliação da SME-RJ (2009-2012) e,

consequentemente, uma influência indireta dos modelos internacionais, já que as políticas

federais brasileiras, segundo ela, apresentam afinidades com as demandas e metas

propostas pelos organismos internacionais e transnacionais.

Defendo a ideia de que o sentido de universalidade que passou a se fixar como

hegemônico através de políticas de avaliação em larga escala, permeado pela ideia de

performatividade e eficácia, interfere significativamente nos processos curriculares e nos

processos de profissionalismo docente, principalmente em políticas de médio e alto

impacto, nas quais estão em jogo o rankeamento público das instituições escolares pelos

resultados dos alunos, bonificações para as instituições e profissionais, a certificação dos

alunos. As interfaces entre avaliação, currículo e docência podem ser observadas e

analisadas a partir de algumas evidências, já apontadas em estudos sobre estes aspectos

dentre os quais destaco Bonamino e Sousa (2012); Ball, (2012); Brooke (2006); Lopes

(2013) e Carvalho e Macedo (2011):

a) A ênfase nos resultados produz, como efeito secundário, mudanças no papel da

avaliação que, ao invés de ser um instrumento de acompanhamento da

aprendizagem do aluno, para uma atuação cotidiana do professor, passa a “definir”

o currículo e gera novas condutas escolares, muitas delas fruto da pressão das

políticas de responsabilização, que, em efeito cascata, cobra resultados dos gestores,

que cobra dos professores, cobra dos alunos, tais como ensinar apenas o que vai

cair na prova para obter bons resultados e bonificações. O foco deixa de ser a

aprendizagem e passa a ser o desempenho, tendo como consequências o

empobrecimento curricular, a desconsideração das particularidades das instituições

escolares, das características e particularidades dos grupos sociais dos alunos e de

suas famílias, dos ritmos e dos processos de aprendizagem. Os processos de decisão

sobre os atos curriculares pelos agentes educacionais, principalmente gestores e

professores, modificam-se, podendo levar a uma prática escolar voltada para as

provas.

b) A culpabilização e penalização das instituições/dos agentes escolares pelo fracasso

escolar contribui para uma cultura de comparação e competição;

c) O olhar desqualificador sobre as diferenças - sejam elas raciais, culturais, sociais, de

aprendizagem – quando passam a ser identificadas como deficiências que precisam

ser sanadas, podem levar à segregação e discriminação, na medida em que os maus

resultados são associados à origem socioeconômica, à cultura dos grupos sociais

economicamente marginalizados e aos traços individuais e características familiares

dos alunos.

d) O sentido de avaliação formativa, cujo foco é analisar os processos de

aprendizagem dos alunos para tomadas de decisão sobre os processos de ensino,

passa a ser substituído pelo sentido de avaliação classificatória, cujo foco é

classificar os alunos segundo seu desempenho;

O profissionalismo docente vem sofrendo mudanças significativas com a

intensificação da cultura performativa que se instalou no meio educacional com as políticas

de avaliação em larga escala, principalmente as caracterizadas como de responsabilização

de alto impacto. Com a performatividade, o trabalho docente é avaliado segundo o alcance

ou não de metas, definidas com base nos resultados dos alunos em provas e testes ou em

demandas externas. As exigências despersonalizadas afetam substancialmente os processos

de identidade profissional.

Diane Ravitch (2011) foi uma defensora, nas décadas de 1990 e 2000, da

transposição das leis do mercado para Educação Pública, acreditando em diversas máximas

do pensamento neoliberal que passou a penetrar nos discursos e nas práticas das reformas

educacionais desta época: investimento em educação através de parceria com setor privado

como forma de atingir maior qualidade e eficácia; testes padronizados para medir o

desempenho das escolas, diretores, professores e alunos, divulgando para a sociedade o seu

desempenho; competição entre escolas; políticas de responsabilização que utilizam

sistemas de bônus e sanções para as escolas e agentes que não atingem as metas

estabelecidas, levando ao fechamento de escolas e demissão de professores.

Ravitch, historiadora e pesquisadora da Universidade de Nova York, atuou como

uma das formuladoras da reforma educacional realizada durante o governo de George H.

W. Bush (1989-1993) e do programa americano denominado No Child Left Behind - NCLB

(Nenhuma Criança Fica para Trás), iniciado durante neste governo durante sua gestão no

cargo de secretária adjunta na Secretaria Nacional de Educação. Foi, também, conselheira

dos governos de Bill Clinton (1993-2000) e George W. Bush (2001-2009), que também

defenderam reformas de mercado para o setor público e deram continuidade às reformas

educacionais iniciadas por ela no governo de seus antecessores.

Com base na sua experiência, especialmente na análise das implicações destas

reformas para o sistema escolar público americano, escreveu um livro, no qual revê suas

posições e faz uma crítica severa às políticas de mercado aplicadas à educação,

denunciando suas distorções e inconsistências. Segundo ela,

As nossas escolas não irão melhorar se nós esperarmos que elas ajam

como empresas privadas buscando o lucro. Escolas não são negócios; elas são um bem público. [...] As escolas não deveriam ter que

apresentar lucros na forma de escores com valores agregados. O

incessante foco nos dados que se tornou lugar-comum nos últimos anos está distorcendo a natureza e a qualidade da educação (RAVITCH,

2011, p. 254).

Ravitch chama a atenção de que o fracasso da educação americana baseada no

modelo do mercado é uma lição a ser aprendida e ressalta que, ao invés proporcionar

qualidade no ensino público, as políticas de responsabilização, das quais o NCLB foi

pioneiro e continua a ser utilizado na avaliação da performance dos estudantes e das escolas

dos diferentes distritos americanos até hoje, “estão corrompendo os valores educativos”.

Aponta que os resultados obtidos com os testes padronizados não são confiáveis e pouco

contribuíram para a melhoria do ensino no país. Dentre as consequências negativas da

utilização de políticas de responsabilização apoiadas em testes padronizados, a autora

destaca: a) a fragilidade da fidedignidade dos resultados de um teste anual para avaliar o

nível de aprendizagem dos alunos, por desconsiderar outros fatores relevantes no processo

de ensino e aprendizagem, que não são mensuráveis num teste de múltipla escolha; b) os

mecanismos de burla e trapaça que começam a ser utilizados para que as instituições e

turmas consigam bons escores nos testes (treinar as questões para o teste, sugerir que

alunos faltem no dia do teste, dentre outras

As principais críticas das interferências das avaliações em larga escala, nos

processos curriculares e na docência são sintetizadas por Ball (2012, p.40), quando o autor

analisa que

a combinação das reformas gerenciais e performativa têm grandes

consequências na prática do ensino e na alma do professor – na

“vida em sala de aula” e no mundo de imaginação do professor

(EGAN, 1994) - aspectos de conduta diversos e específicos são reformulados e o locus de controle sobre a seleção de pedagogias e

currículos é deslocado. A prática de sala de aula é cada vez mais

“composta” de respostas às novas exigências externas. Os professores são considerados e caracterizados de novas maneiras;

cada vez mais eles são considerados como técnicos pedagógicos.

Sem dúvida alguma é necessário avaliar a educação do país. É inegável, também, a

contribuição das pesquisas em avaliação educacional para o diagnóstico global dos sistemas

educacionais, principalmente quando são considerados não só os resultados dos alunos nos

exames, mas também os aspectos contextuais, sejam esses intraescolares – como formação

e salários dos professores, infraestrutura material, tipos de gestão e clima institucional, tipo

de clientela atendida e aspectos curriculares – sejam esses extraescolares – como nível

socioeconômico dos alunos e famílias, níveis de acesso dos alunos e suas famílias aos bens

culturais, entre outros.

Contudo, ainda estamos diante de grandes desafios para o enfrentamento das

desigualdades educacionais no Brasil e em diversos países do mundo que as políticas de

avaliação em larga escala estão longe de solucionar.

A luta pela garantia de acesso ao conhecimento e de uma escolarização de qualidade

nos remete a alguns questionamentos. Passados aproximadamente vinte anos da

implantação das políticas de avaliação em larga escala: Quais os impactos de se avaliar os

sistemas educacionais a partir de um currículo unificado? Como os conhecimentos obtidos

nas pesquisas em avaliação educacional podem contribuir para as reflexões e práticas

educacionais de forma a interferir positivamente no profissionalismo docente e na

diversidade cultural e social dos alunos? É possível se pensar no uso dos conhecimentos do

campo de avaliação e de políticas públicas no sentido de oferecer subsídios para que as

próprias instituições escolares e seus professores possam avaliar seus processos de ensino e

decidir como solucioná-los?

As reflexões sobre as interfaces entre avaliações em larga escala, currículo e

docência são, inerentemente, perpassadas pela problematização das tensões entre

universal/particular, que representam um dos grandes desafios da atualidade.

CAPITULO III

SENTIDOS DE AVALIAÇÃO NOS DISCURSOS DA POLÍTICA CURRICULAR

DE AVALIAÇÃO DA SME-RJ (2009-2012)

O desafio de compreender que sentidos de avaliação buscam se hegemonizar em

uma política curricular vai muito além de uma questão semântica, no qual a polissemia, as

permanências, associações e mudanças deste significante apresentam-se como um rico

material discursivo a ser explorado.

Neste capítulo, me proponho a analisar, mais profundamente, os sentidos de

avaliação hegemonizados e fixados na política curricular da SME-RJ (2009-2012), partindo

do entendimento de que a política curricular é uma construção discursiva, na qual os

significantes que se fixam provisoriamente mobilizam demandas, tendências. Assim, minha

análise terá como foco as articulações discursivas que produzem os sentidos de avaliação

nesta política, em diálogo com os aportes teóricos do ciclo de políticas (BALL & BOWE

1998; BALL, 1998), e da Teoria do Discurso (LACLAU, 2011).

Optei por estruturar o capítulo em duas seções. Na primeira seção caracterizo ações

que marcam a gestão Eduardo Paes na área de educação, explorando as demandas que são

explicitadas pelo governo nas proposições curricular e de avaliação marcados pelos

contextos de influência e de produção nos textos do material empírico selecionado.

Na segunda seção destaco como o significante “promoção automática” foi central

como corte antagônico ao sentido de “qualidade da educação”, desde o período da

campanha de Eduardo Paes. Este antagonismo destaca-se como um dos principais aspectos

que influenciam as diretrizes do sistema de avaliação que seria criado em seu governo.

Analiso como as resistências e críticas ao sistema de avaliação de ciclos, em vigor na

gestão anterior, de Cesar Maia, foram relevantes no contexto de influência para que a

avaliação da educação se tornasse uma das principais bandeiras do candidato à Prefeitura e

se associasse a uma política curricular na qual a cultura escolar da reprovação seria

revigorada.

III.1. Política Curricular de Avaliação da SME-RJ (2009-2012)

Eduardo Paes assumiu a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, em 2009, na qual a

matrícula de alunos do Ensino Fundamental em escolas da rede municipal é

significativamente majoritária em relação às redes estadual e federal do Rio de Janeiro.

Essas matrículas abrangiam quase integralmente a oferta de ensino público da cidade da

Educação Infantil ao segundo segmento do Ensino Fundamental, o que já lhe conferia o

status de maior rede pública municipal do Brasil em números de escolas.

De acordo com dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação do

Rio de Janeiro, as matrículas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, na rede

municipal, em 2009, totalizavam 705.659 alunos, conforme pode ser observado na tabela a

seguir:

A relevância que a educação vem ocupando na administração do município do Rio

de Janeiro justifica a importância dada a esta área de atuação na campanha de Eduardo

Paes, sendo uma das suas principais bandeiras políticas.

Além desse aspecto, alguns fatores do contexto socioeconômico, político e

educacional podem ter tido uma relevância na centralidade da educação na plataforma de

governo de Paes, assim como para os sentidos de avaliação e educação que começam a se

delinear na campanha eleitoral e que se materializam no Plano Estratégico e na política

curricular da SME-RJ (2009). No contexto socioeconômico destaco o processo de

globalização econômica e cultural. No âmbito da política e da administração pública

ressalto as demandas internacionais e nacionais por políticas pautadas na responsabilização

e na meritocracia, utilizando-se modelos de gestão das empresas privadas, assim como a

reconfiguração do papel do Estado. No cenário educacional destaco: a) as demandas por

sistemas de avaliação em larga escala como forma de controle da qualidade da educação

pelo Estado, seja no âmbito dos governos federais, estaduais e municipais; b) as intensas

tensões e debates em torno do sistema de ciclos e de progressão continuada implantado pelo

prefeito do Rio de Janeiro Cesar, em 2007, durante a gestão da Secretária de Educação

Sonia Mograbi, sistema popularmente chamado de “aprovação automática”, aspecto que

será aprofundado na próxima seção.

Ancorada no aporte teórico apresentado nos capítulos anteriores, defendo que o

contexto de produção da política curricular da SME-RJ, que reúne diversos grupos e

pessoas na elaboração do texto da política, é um espaço onde ocorrem disputas discursivas,

articulações em torno do que será definido como verdade, seja sobre avaliação, ensino,

qualidade da educação, aprendizagem, escola, dentre muitos outros significantes. Estes

discursos são híbridos e se articulam com as diversas demandas. Essas demandas, que

representam interesses coletivos distintos, se expressam nas articulações discursivas e nas

disputas de sentido que ocorrem em diferentes contextos – de influência, de produção da

política e da prática (BALL, 1998), hibridizando-se. Assim, os discursos neoliberais

presentes em discursos de políticos ou empresários podem se amalgamar com discursos de

acadêmicos, de professores, criando novas configurações discursivas, que cumprem a

função de buscar um consenso provisório, capaz de reunir diferenças.

Antes de iniciar minha análise dos processos discursivos em jogo na política da

SME-RJ, cabem alguns esclarecimentos sobre os conceitos de política, político e

antagonismo, desenvolvidos por Mouffe (2003) e utilizados por ela e por Laclau em suas

formulações teóricas, tendo centralidade na formulação da Teoria do Discurso.

Os conceitos de política e político são profícuos para compreender como diferentes

grupos e sujeitos com demandas distintas se aliam e estabelecem cadeias discursivas

capazes de aglutinar provisoriamente as diferenças e satisfazer, mesmo que parcialmente,

interesses coletivos. São, portanto, duas dimensões interdependentes e fundamentais para a

reflexão sobre os processos articulatórios que estão em jogo nos processos de produção de

uma determinada política. Para Mendonça (2010) com base na teorização de Mouffe a

política que se caracteriza por sua dimensão ôntica, refere-se às práticas políticas, no seu

sentido convencional. Já o político se caracteriza por sua dimensão ontológica, constituinte

do social, na medida em que no processo articulatório as demandas particulares assumem,

contingencialmente, um caráter universal. Assim, segundo o autor a política pode ser

entendida como um campo empírico para pensar o político.

Para o autor o antagonismo, conceito central da formulação da Teoria do Discurso,

por seu caráter ontológico, se situa na dimensão do político. O discurso antagônico é,

paradoxalmente, a impossibilidade de constituição plena de um discurso hegemônico, da

totalidade discursiva. É pela oposição do discurso antagônico que o discurso hegemônico se

constitui. O exterior antagônico, sentido que se opõe e “fica de fora” da cadeia

equivalencial que agrega sentidos diferentes constituindo o interior discursivo, hegemônico,

é ao mesmo tempo ameaça e condição para da sua existência do interior. Mendonça destaca

que a função do antagonismo na Teoria do Discurso é a de provocar uma “dicotomização

do espaço social” (p.223), uma forma de identificação de identidades políticas que também

pode articular sentidos positivos.

(...) devemos considerar, portanto que o antagonismo não nos diz o que o

sistema discursivo é, mas justamente aponta o que ele não é. Contudo, isso não

quer dizer necessariamente que o discurso é estritamente o oposto do seu polo

antagônico, tendo em vista que nada impede que aspectos positivos de identificação sejam também articulados discursivamente. Isso porque devemos

ter absolutamente claro que, se se pode dizer que o antagonismo é causa da

constituição discursiva pelo processo de identificação que ele promove, não podemos afirmar que ele é a própria articulação de sentidos (MENDONÇA,

2012, p.224).

É apoiada nesses e em outros conceitos desenvolvidos Laclau e Mouffe (2004),

assim como por Ball (1998), que inicio a análise das possíveis influências dos fatores

contextuais destacados anteriormente na política curricular da SME-RJ, com base no acervo

empírico selecionado, destacando os discursos do meio empresarial no currículo escolar.

A política curricular do governo Eduardo Paes surge num cenário nacional e

internacional de globalização econômica, cultural e política, marcado pela universalização

de modelos de reformas dos sistemas educacionais, denominados por Hypólito (2008) por

estandardizações globais. Os significantes “eficiência”, “eficácia”, “desempenho”,

“gestão”, “metas” e “resultados” passam a ser utilizados com muita frequência nas políticas

curriculares, havendo uma transposição da lógica do mercado para a educação. Estes

significantes se associam ao significante “qualidade” formando uma cadeia de equivalência

que procura fixar o sentido de “qualidade” como resultante de uma ação controladora do

Estado, que passa a atuar na administração pública segundo os moldes do mundo

empresarial. Qualidade da educação, nesta nova cadeia de equivalência, passa a ser

entendida como melhor nível de eficiência, traduzido na seguinte associação: melhores

resultados dos alunos em provas externas = mais alunos aprendendo = melhor nível de

ensino = melhor gestão = maior eficiência da rede de ensino.

Ao analisar os discursos de produção da performatividade, de novos modelos de

gerência da vida escolar e do trabalho docente, Tura (2012) identifica que nas primeiras

décadas do século XX os significantes “fracasso escolar”, “desigualdade de oportunidades

educacionais”, “reprovação”, “evasão”, especialmente os dois últimos, emergiram com

grande força nos debates no campo da educação. Esses significantes foram mobilizadores

de “diversos grupos e demandas políticas no sentido de realizar reformas se articularam no

sentido de tendo uma relevância nas reformas educacionais que garantissem melhores

resultados escolares” (TURA, 2012, p. 793). O grande desafio era ampliar a oferta de

ensino e garantir a aprovação e permanência dos alunos na escola. A autora reforça a tese

de Hypólito, afirmando que a substituição destes significantes por “competência” e

“desempenho”, associados à “qualidade de educação” a partir da década de 1980 se deve às

demandas do mercado produtivo.

Segundo Lingard (2004), a associação entre qualidade e eficiência indica a

emergência de novas configurações na forma de atuação do Estado, alinhada às demandas

do mercado e de uma nova cultura institucional, pautada na definição de metas claras e na

produção de resultados ao menor custo possível.

As políticas curriculares influenciadas por estas demandas e tendências passam a

mensurar a qualidade da educação através de exames e provas padronizadas, cujos

resultados definem se as metas educacionais foram alcançadas, alicerçadas em um novo

modelo de administração escolar, pautado na cultura do desempenho e na utilização de

tecnologias de auditoria centradas em testes e inspeção (SANTOS, 2004; TURA, 2012).

Um dos fatores de maior relevância para a compreensão da potencialização desta

tendência de administração escolar no Brasil é a influência dos organismos internacionais

nas definições das políticas nacionais a partir da Conferência de Jomtien, em 1990, na qual

o governo brasileiro participou do acordo pela melhoria dos resultados educacionais. As

regulações transnacionais oriundas deste pacto indicam uma demanda bastante

significativa, no contexto de influência, por um controle maior dos Estados nacionais de

seus sistemas educacionais e, consequentemente, pela formulação de sistemas de avaliação

em larga escala a nível nacional, capazes de monitorar os resultados frente às metas

definidas nestes acordos transnacionais.

Segundo Barreiros (2003, p. 10), “a subordinação da educação à retórica neoliberal,

com a sua consequente associação às necessidades do mercado de trabalho implica também

numa importância maior para a educação básica, mola propulsora na ‘qualificação’

imediata para o mercado.”, o que justificaria a centralidade do Ensino Fundamental e

Médio nas ações do governo federal e a criação do SAEB como um dos instrumentos de

controle do Estado frente às demandas e orientações destes organismos internacionais, em

particular do Banco Mundial, principal agência de fomento e de assistência técnica

educacional para os países em desenvolvimento. Tendo como referência alguns estudos

sobre as políticas educacionais brasileiras (TORRES, 1996; DIAS SOBRINHO, 2002;

FRIGOTTO, 1994) a autora destaca que a prioridade dada à Educação Básica nas políticas

educacionais em diversos países em desenvolvimento indica uma clara interdependência

entre avaliação externa e financiamento, uma vez que o BM ao fornecer empréstimos para

estes países impõe determinadas condições, dentre as quais a qualificação do ensino de

forma a garantir a eficiência e produtividade da educação básica, atendendo, assim as

necessidades do mercado. Para a autora,

O discurso de que o baixo nível de escolarização afeta o desenvolvimento econômico chamou a atenção para a importância

para a promoção do aumento da qualidade do ensino no país. A

política de aumento da qualidade, no entanto, fixou-se na elaboração e execução de inúmeras propostas para o ensino

fundamental (que agrupa a escolaridade obrigatória de 7 a 14

anos), centradas em sistemas de avaliações que regulam a educação

como um todo, assim como criam exigências de delineamentos curriculares (BARREIROS, 2003, p. 13).

Conforme apontado no capítulo 2, a influência dos organismos internacionais nas

políticas de avaliação municipais se dá de forma indireta, uma vez que as metas são

estabelecidas por regulações nacionais. Pressão exercida pelos organismos internacionais e

por setores da sociedade brasileira no sentido de empreender ações para a melhoria da

qualidade do Ensino Básico influenciou o governo federal brasileiro a criar o SAEB e a

impulsionar os municípios e estados a criarem seus próprios mecanismos de avaliação.

Contudo, Dias (2009) já aponta a necessidade de analisar as influências externas como as

dos organismos internacionais considerando os espaços de “negociação” dos diferentes

sujeitos políticos em diferentes esferas do Estado no executivo, no legislativo e em outros

espaços de influência, não só produzindo ideias sobre essas políticas como as legitimando.

Podemos identificar, no contexto de influência da política da SME-RJ, algumas

demandas em disputa, dentre as quais os discursos neoliberais, pela qualidade total, em

plena efervescência neste período, e os discursos da qualidade social, ambos apontados por

Matheus e Lopes (2014) na análise do contexto da produção da política de educação básica

em âmbito federal pós-90.

Analiso este cenário como um forte indicador de que no “contexto de influência” as

demandas neoliberais e gerencialistas que impulsionaram o governo federal a produzir

reformas educacionais apoiadas em avaliações em larga escala tenham sido significativas,

desde a campanha de Eduardo Paes, para delinear sua proposta de governo na área da

Educação e para a definição do Planejamento Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro

(2009-2013), documento que sintetiza as intenções do governo para o período que é objeto

desta análise. Denominarei este documento de PE.

O subtítulo do PE - “O Rio mais integrado e competitivo” (grifo meu) - já dá pistas

de que a administração de Paes utilizaria a competição como um dos mecanismos para

atingir a eficácia e a eficiência.

Esta ideia é reforçada pela associação entre competição e premiação que se expressa

no site do prefeito Eduardo Paes indicando novas metas educacionais.

Um aspecto que merece destaque no discurso do PE é a intenção de estabelecer

parcerias com o setor privado, explicitada em um dos cinco princípios de atuação do

governo “potencializar a capacidade de investimento da Prefeitura através de parcerias com

o setor privado e outras esferas de governo” (p.13). Esta intenção se materializou, na

política curricular da SME-RJ através das parcerias firmadas entre a Prefeitura do Rio de

Janeiro duas Organizações Sociais - a Fundação Roberto Marinho e o Instituto Ayrton

Senna - que fornecem materiais educacionais estruturados e formação de professores para a

prefeitura do Rio de Janeiro em programas de aceleração e realfabetização,

respectivamente. Embora sejam organizações do terceiro setor, estas parcerias indicam uma

tendência à terceirização da prestação de serviços educacionais. Destaco, também, na

apresentação da estrutura conceitual de trabalho do PE a associação entre os significantes

“metas – avaliação – resultados”, no texto que apresenta, em linhas gerais, o plano de

ação da prefeitura:

O primeiro passo para a construção desse Plano Estratégico foi

realizar um breve diagnóstico que identificou os principais desafios e oportunidades das dez áreas de resultado do governo. A partir

deste diagnóstico, foram articulados os objetivos centrais do

governo e as diretrizes para cada área de resultado.

Em seguida, essas diretrizes setoriais foram traduzidas em metas

específicas e mensuráveis a serem alcançadas durante o nosso

governo. Por fim, as iniciativas estratégicas representam o caminho pelo qual pretendemos cumprir, de forma efetiva, os compromissos

firmados nesse plano com a população. (grifo meu)

Como dito anteriormente, a centralidade das ações do governo em metas de

desempenho e em resultados aponta para uma influência significativa dos discursos

neoliberais na política da SME-RJ (2009-2012). Assim, a política curricular do município

do Rio de Janeiro se apoia em alguns pilares que reforçam a influência das demandas

neoliberais, dentre os quais destaco: a) a implantação de Acordos de Resultados como

forma de monitoramento do cumprimento de metas traçadas no PE, com a intenção de

garantir a eficiência do serviço público, nas diferentes áreas, nos moldes das empresas

privadas, utilizando-se de metas, prazos, empreendedorismo, avaliação e premiação,

indicando seu alinhamento ao novo modelo de administração pública; b) a ênfase nos

resultados e no monitoramento da educação, através utilização de avaliação de larga escala

(Prova Rio e Prova Brasil) para mensurar a qualidade de educação da rede municipal, cujos

indicadores (IDEB e IDE-RIO) estão centrados em metas e vinculam-se a premiação

(Acordo de Resultados/Prêmio Anual de Desempenho), configurando-se como uma política

de responsabilização pautada na meritocracia; c) parcerias com o setor privado para ações

educacionais.

Os Acordos de Resultados são o principal instrumento de acompanhamento e

monitoramento do PE. Estes acordos foram assinados desde 2009 pelas diversas

secretarias/e órgãos da prefeitura e representam um compromisso destes com as metas

definidas no PE. Segundo dados da Prefeitura, a avaliação do cumprimento de metas é feito

por meio da Subsecretaria de Monitoramento de Resultados (que avalia as metas e os

indicadores) e o Escritório de Gerenciamento de Projetos (que monitora os projetos e as

iniciativas). As metas de desempenho para órgãos e secretarias que assinaram os Acordos

de Resultados são divulgadas em Diário Oficial e no portal da prefeitura. Os prêmios

variam de acordo com o cumprimento das metas, segundo a nota recebida pelo órgão. A

partir de 2011, aqueles que obtêm notas superiores a 8 (oito) recebem um pagamento

adicional que corresponde, de acordo com sua pontuação, no valor mínimo de metade do

13º salário e valor máximo de dois salários.

No trecho abaixo, retirado do site da Prefeitura do Rio de Janeiro, em texto-sintético

explicativo sobre o Acordo de Resultados, diversos significantes apontam para a ênfase

dada à eficiência na administração desta prefeitura, pautada em metas, avaliação para

aferição de resultados e premiação, prestação de contas, caracterizando-se como uma

política de responsabilização.

1) O que é Acordo de Resultados?

É um modelo de gestão de desempenho que privilegia o

planejamento e a meritocracia como elementos centrais para a melhoria dos serviços prestados a população. A partir de um breve

diagnóstico que identificou os principais desafios e vantagens

competitivas da cidade, foram articulados os objetivos centrais do governo para os 4 anos, no Plano Estratégico da Prefeitura do Rio –

2009-2012. Para o melhor acompanhamento deste plano foram

pactuados Acordos de Resultados anuais, que representam uma ferramenta de gestão usada na administração pública para: (i)

garantir um maior comprometimento de toda a máquina

pública municipal com os resultados da Prefeitura; (ii)

institucionalizar uma nova cultura que privilegie o planejamento

com metas claras; (iii) motivar a participação dos servidores com

um modelo de meritocracia que avalie e premie aqueles que

atingirem bons resultados e; (iv) antecipar problemas e apontar soluções através do acompanhamento formal dos resultados

obtidos.

2) Qual a vantagem do Acordo de Resultados? A implantação bem sucedida desse modelo de gestão por

desempenho garantirá um maior comprometimento de toda a

máquina pública municipal com os resultados pactuados – seja

entre a prefeitura e a sociedade (através do Plano Estratégico), seja

entre a “alta administração” e gestores, equipes e servidores que

buscam excelência no desempenho de suas tarefas. Atingir as

metas dos acordos significa foco e garantia de cumprimento do

Planejamento Estratégico e, para os cariocas, mais investimentos

e melhores serviços na nossa cidade.

Em todas as rotinas de avaliação, cada Secretaria receberá uma

nota até 10, que nada mais é do que a média ponderada das

avaliações de cada uma de suas metas. As Secretarias que cumprirem o acordo (notas entre 8 e 10), ao final do ano serão

recompensadas com remuneração fixa e variável. (grifos meus)

A Secretaria Municipal de Educação assina o Acordo de Resultados desde 2010. O

PE define como metas gerais da Educação:

1. Obter uma nota média (entre as escolas públicas municipais)

igual ou superior a 5,1 para os anos iniciais e a 4,3 para os anos finais no IDEB em 2011.

2. Criar 30.000 novas vagas em creches públicas ou conveniadas

até 2012. 3. Criar 10.000 novas vagas em pré-escolas públicas até 2012.

4. Garantir que pelo menos 95% das crianças com 7 anos de idade

ao final do ano de 2012 estejam alfabetizadas. 5. Reduzir para menos de 5% a taxa de analfabetismo funcional

entre os alunos do 4º ao 6º ano em 2012.

Percebe-se, nestas metas, um foco nos resultados e em dados quantitativos para

avaliar a qualidade da educação do Município. O Índice utilizado nas metas é o IDEB,

vinculando a premiação do Acordo dos Resultados ao desempenho dos alunos do

município no SAEB/ Prova Brasil. Desta forma, há uma imbricação entre a avaliação de

larga escala em nível federal com a política de bonificação da prefeitura do Rio de Janeiro,

indicando, segundo Carrasqueira (2013, p. 59), que o “sistema municipal é pensado para

resolver os problemas internos do município, mas também se espera que influencie

positivamente nos resultados da avaliação nacional”.

Tanto o discurso explicativo do Acordo de Resultados, explicitamente identificado

como “modelo de meritocracia”, como as metas do Plano Estratégico reforçam o que Biesta

apontou como disseminação da “cultura da mensuração” nas reformas educacionais das

últimas décadas.

Na política curricular da SME-RJ o aumento de “padrões de qualidade” do serviço

público vincula-se diretamente a dados numéricos. O alcance da pretendida qualidade

segundo as metas do PE é aferido pela média atingida pelas diferentes escolas nas provas

padronizadas, pelo número de vagas e percentuais de alunos alfabetizados. A avaliação

participa de forma bastante significativa como controle do alcance das metas pré-definidas,

neste modelo de gestão. Ela assume um papel eminentemente classificatório, definindo

“objetivamente” ou “cientificamente” o nível de prestação de serviços públicos oferecidos

no município. O desempenho individual dos alunos passa a ser utilizado como indicador de

qualidade, como resultado de uma educação “eficaz” e “competente”. Desta forma,

percebe-se na proposta curricular e de avaliação da SME-RJ uma ênfase bastante

significativa em uma das funções da educação apontada por Biesta (2012): a de

qualificação.

Para analisar as implicações deste modelo curricular, retomo às ideias do autor. Ele

chama a atenção de que a qualidade de educação é uma questão composta, que envolve

decisões relacionadas às três funções da educação: a) a função da qualificação, que diz

respeito à aquisição de conhecimentos/habilidades/disposições e entendimento que

permitam aos jovens e adultos “fazer alguma coisa”, tanto nos aspectos acadêmicos ou

profissionais, como na aquisição de habilidades para a vida, para o exercício da cidadania,

entre outras; b) a função de socialização, associada à transmissão de valores e normas

particulares, que têm, para o autor, um papel importante Biesta a mais importante, uma vez

que nos modos de ser e fazer dos indivíduos; c) a função de subjetivação, considerada por

ele como a de maior relevância por se relacionar aos fins da educação e aos modos pelos

quais a educação participa dos processos de subjetivação dos indivíduos.

A análise da proposta curricular da SME-RJ (2009-2012) aponta para a

predominância da função de qualificação e sua associação com o desempenho acadêmico

em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências através das provas padronizadas (Prova

Brasil, Prova Rio e Provas Bimestrais). Indica, também, o deslocamento do foco do

processo educativo – do coletivo para o individual, apontado pelo autor, pois a qualidade da

educação do município é “medida” através do alcance, ou não, de metas de aprendizagem

definidas a partir de capacidades/habilidades pessoais dos estudantes, traçadas nos

Descritores. Não há, no material empírico analisado, indícios de uma preocupação com as

funções de socialização e de subjetivação, uma vez que as orientações curriculares pautam-

se basicamente nos conteúdos disciplinares e nos objetivos específicos de cada área de

conhecimento. Contudo, cabe ressaltar que esta omissão não significa que estas funções não

estejam em jogo nesta proposta curricular. As escolhas do que e como ensinar e avaliar são

relevantes em como se configurarão os processos de socialização e subjetivação, via

educação, remetendo às seguintes questões: que ideias de sujeito e cultura estão sendo

significadas nesta proposta? Que identidades são privilegiadas?

A ênfase na função de qualificação associada ao desempenho aponta para uma

expectativa de alunos e agentes educativos “eficientes”, “capazes”, que atendam às

demandas da sociedade e possam “mostrar resultados”. Esta forma de conceber a educação

se distancia de um pressuposto mais democrático, menos excludente, no qual as diferenças

culturais, sociais, individuais sejam consideradas. Acentua o caráter competitivo da

proposta educacional da SME-RJ, pautado na vinculação de resultados à premiações,

bonificações e prestação de contas à sociedade, e aponta para uma visível influência dos

discursos neoliberais, configurando o currículo como meio de “capacitar” alunos para

desenvolver determinadas habilidades específicas, pontuais, traçadas por objetivos e metas

atreladas aos conteúdos das áreas dos conhecimentos de Língua Portuguesa, Matemática e

Ciências de forma a atender às demandas de conhecimentos que serão exigidos para o

ingresso no mercado de trabalho. A política curricular da SME-RJ, no período estudado não

explicita suas intenções no que diz respeito à formação cidadã dos estudantes e à qualidade

social, aspectos considerados por Biesta (2012) como fundamentais numa perspectiva mais

democrática, que busca alternativas para enfrentar as desigualdades de oportunidades

educacionais.

Os instrumentos de avaliação unificados utilizados no Ensino Fundamental do

município do Rio de Janeiro - as Provas Bimestrais, a Prova Rio e a Prova Brasil –

participam de forma diferenciada na política curricular da SME. As Provas Bimestrais não

se associam a nenhum índice de desenvolvimento da educação nem a bonificações. Já a

Prova Brasil (aplicada nos anos pares a alunos do 5º e 9º anos) e a Prova Rio (aplicada nos

anos ímpares a alunos de 3º, 4º e 7º e 8º anos) se associam, respectivamente, ao IDEB e ao

IDE-RIO. Estes indicadores são utilizados nas metas de bonificação da prefeitura. O

primeiro é utilizado na premiação do Acordo de Resultados. O segundo apenas no Prêmio

Anual de Desempenho, conforme informações do portal da SME-RJ

A Prova Rio, aplicada pela primeira vez em 2009, é uma avaliação

externa em Português e Matemática para alunos do 3º, 4º, 7º e 8º

anos, que gera o IDERIO (Índice de Desenvolvimento da Educação do Rio), utilizado como base para a premiação anual dos

professores e funcionários das escolas da rede municipal. Além

disso, a Prova Rio mede, a cada ano, a evolução da aprendizagem

nas escolas da Prefeitura.

A associação entre os significantes “qualidade” e “avaliação” aparece na

apresentação da Prova Rio, no mesmo portal, em 2009, ano em que foi aplicada no

município.

A PROVA RIO é uma Avaliação Externa do Rendimento Escolar

cujo objetivo é apontar a qualidade do ensino na Rede Municipal.

Sua importância reside em recolher indicadores comparativos de

desempenho que servirão de base para futuras tomadas de decisões

no âmbito da escola e nas diferentes esferas do sistema

educacional [...] (grifo meu).

Embora seja explicitada, no texto, a utilização dos resultados na tomada de decisões

tanto ao nível das unidades escolares, como nas “diferentes esferas do sistema

educacional”, não ficam claras as esferas nem que decisões podem ser tomadas nestes

âmbitos. A avaliação assume sentidos de controle de resultados de desempenho e de

prestação de contas para a sociedade dos êxitos da atuação da secretaria da educação,

enfatizando-se mais o aspecto gerencial do que o pedagógico.

O IDE-RIO, segundo o Decreto 32416, de 21 de junho de 2010, que o instituiu, é

atribuído a cada escola dos segmentos que atendem aos Anos Iniciais e Anos Finais do

Ensino Fundamental e constituído por dois critérios: o desempenho dos alunos na Prova

Rio e pelo fluxo escolar (em quanto tempo aprenderam), calculado numa escala de zero a

dez. Nos artigos 1º e 3º deste Decreto fica clara a correlação entre os resultados dos alunos

na Prova Rio e o Prêmio Anual de Desempenho e sua vinculação com metas:

Art. 1.º Institui o Índice de Desenvolvimento da Educação do Município do Rio de Janeiro – IDERIO que servirá de parâmetro

para concessão do Prêmio anual de Desempenho aos servidores

lotados nas Unidades Escolares da Rede Pública do Sistema Municipal de Ensino (grifo meu)

Art. 3.º A Secretaria Municipal de Educação estabelecerá, a cada

ano, as metas a serem atingidas pelas escolas, com base no

IDERIO do ano anterior. (grifo meu)

Percebemos, no trecho acima, retirado do portal da SME-RJ, que há uma associação

entre avaliação - resultado - premiação também no que se refere ao desempenho dos alunos,

reforçando a meritocracia que permeia sua política curricular.

Em virtude da impossibilidade de acesso à Prova Rio aplicada nos anos de 2009 e

2011, não foi possível analisar as vinculações entre os Descritores / Orientações

Curriculares e este instrumento unificado de avaliação. Contudo, com base nos estudos de

Carrasqueira (2012) e na entrevista feita por ela com a Secretária do Município do

Município do Rio de Janeiro, Claudia Costin, percebe-se a intenção de implantar um

currículo municipal único, que se dá nesta política através da vinculação entre Orientações

Curriculares, Descritores – Cadernos Pedagógicos (material estruturado) - Provas

Bimestrais:

Claudia Costin: Tornar claro que eu acho que o elemento mais

importante na reforma que nós fizemos. Porque não que ele

[currículo] sozinho se implanta, mas se você não tiver um currículo

municipal claro o que acontece que todo o resto... Seu currículo acaba sendo a Prova Brasil. Então você tem que ter

um currículo claro até pra ter material estruturado. Então não estava

no projeto original porque eu achei que tinha. Quando a gente chegou aqui foi que a gente viu o currículo, então nós meio que

pedimos um voto de confiança da rede. Eu fui me reunir com todos

os diretores de todas as escolas organizados por CRE pra apresentar qual era o programa original e pedir sugestões.

(CARRASQUEIRA, 2013)

Concordo com a autora quando afirma que as Provas Bimestrais têm como uma de

suas funções a indução de um currículo municipal único, pois elas se articulam com o que é

apresentado como competências e habilidades a serem atingidas pelos alunos durante ano

letivo. Essa proposição pode ser verificada tanto nas Orientações Curriculares como nos

Descritores de cada área, como podemos perceber na breve apresentação desses

documentos para melhor compreensão da política analisada.

As Orientações Curriculares foram elaboradas em 2010, para as áreas de Artes

Visuais (do 1º ao 9º ano), Artes Cênicas (do 1º ao 9º ano), Ciências (do 1º ao 9º ano),

Educação Física (da Ed. Infantil ao 9º ano), Geografia (do 1º ao 9º ano), História (do 1º ao

9º ano), Língua Portuguesa (do 1º ao 9º ano), Língua Estrangeira: Inglês, Francês e

Espanhol (do 6º ao 9º ano), Matemática (do 1º ao 9º ano) e Música (do 1º ao 9º ano). Em

2012, as versões iniciais foram reformuladas e passaram a ser denominadas como

Orientações Curriculares Revisitadas. Em 2012 é incluído na coletânea o documento de

Orientações Curriculares Revisitadas de Língua Inglesa (do 1º ao 9º ano), área que

anteriormente integrava o documento de Língua Estrangeira e era dirigida a alunos do 6º ao

9º ano, caracterizando-se como um programa escolar.

Apesar da especificidade de cada área, os documentos apresentam uma estrutura

comum: a) Nomes dos responsáveis pela produção do documento em nível mais geral - que

são os mesmos nos documentos de todas as áreas curriculares: Prefeitura (Eduardo Paes),

Secretaria Municipal de Educação (Claudia Costin), Subsecretária de Ensino (Regina

Helena Diniz Bomeny); Coordenadoria de Educação (Maria de Nazareth Machado de

Barros Vasconcellos); b) Nomes da equipe responsável pela produção do documento em

nível mais específico, por área curricular, da qual constam, geralmente: Coordenação

Técnico-Pedagógica, Consultoria, Redação Final, Professores Colaboradores, Criação de

Capa e Projeto Gráfico; c) Apresentação do documento por área curricular com objetivos

gerais, assim como fundamentação teórico-metodológica e orientações didáticas

específicas; d) Quadro sintético no qual são apresentados objetivos, conteúdos,

competências e habilidades, distribuídos pelos quatro bimestres do ano letivo; e)

Referências bibliográficas.

Nas apresentações das Orientações Curriculares de algumas áreas, percebe-se a

intenção de ressaltar o caráter de ampliação, reformulação ou continuidade em relação ao

documento curricular já existente na Secretaria, o Multieducação, produzido em 1996 (grifo

meu):

Cabe retomar, historicamente, que, em 1996, a Rede Pública

Municipal de Ensino do Rio de Janeiro implementava uma

proposta curricular – MULTIEDUCAÇÃO –, tendo como

pressuposto básico para o ensino da língua portuguesa a premissa de que, por meio da linguagem, o homem se reconhece humano,

interage e troca experiências, compreende a realidade em que está

inserido e percebe o seu papel como sujeito ativo e capaz de intervir

na sociedade onde vive. Partindo desse pressuposto, outros caminhos foram suscitados para o trabalho pedagógico, exigindo

dos professores uma nova abordagem para o ensino da língua, tendo

em vista sua concepção como discurso que se efetiva nas práticas sociais.

(Orientações Curriculares, Língua Portuguesa, 2010, p. 6)

Algumas das âncoras deste trabalho são: a construção

sóciointeracionista do conhecimento, valorizando sua base emocional e lúdica (Vygotsky e Wallon); as múltiplas linguagens

e identidades (Multieducação); os Temas Transversais Nacionais;

os processos de ensino aprendizagem como movimento do-discente (Freire) de ensinagem (Anastasiou), no qual a aprendizagem

discente é o foco da ação docente; e o desenvolvimento humano

como amálgama biocultural (Souza Lima).(Orientações Curriculares, Ciências, 2010, p. 81)

A linha de trabalho adotada para a confecção das Orientações

priorizou a articulação entre alguns documentos, a saber:

_ O fascículo Multieducação (2008) e algumas das concepções

nele contidas, dentre elas: os conceitos e os princípios fundamentais, a constituição do saber escolar, as diferentes

expectativas de aprendizagem, os eixos metodológicos e a

perspectiva sobre o ensino de História – “... como mais um instrumento da leitura e da escrita do mundo, das várias concepções

de mundo que constituem o universo social no qual estamos

inseridos”. Em relação aos objetivos presentes no fascículo,

alteramos a redação de alguns e acrescentamos outros, buscando tornar o trabalho mais claro e próximo das diferentes

realidades da Rede Municipal de Ensino. (Orientações

Curriculares, História, 2010, p. 81).

Na entrevista de Claudia Costin (CARRASQUEIRA, 2012), a secretária ao

defender o foco em um currículo “claro”, faz-nos pensar não apenas em um currículo único

para o município, mas também na ideia de uma “possível” leitura única para esse currículo,

desconsiderando as diferenças existentes entre as diversas escolas e coordenadorias, para

além das diferentes concepções e práticas de professores e estudantes. Podemos identificar

nos textos analisados que os vínculos entre avaliação e currículo não se restringem aos

difundidos pela gestão Paes, hibridizando outras experiências construídas pela SME-RJ em

gestões anteriores, como a da MULTIEDUCAÇÃO.

A avaliação, na proposta curricular da SME-RJ, assume papel central, de

estandardização do conhecimento, regulação da aprendizagem e da qualidade da educação.

As provas unificadas utilizadas nesta política curricular – Provas Bimestrais, Prova Rio e

Prova Brasil – subsidiam a prestação de contas à sociedade (accountability), através das

listas que divulgam os resultados das escolas da rede em rankings, pautados nos

desempenho dos estudantes, o que indica uma prevalência dos aspectos técnico-gerenciais.

Internamente, nas escolas, as premiações e bonificações são a moeda de troca para um

maior empenho e competitividade dos agentes educativos no sentido de atingir as metas e

conquistar o seu os bônus pelo “bom desempenho”.

A política curricular da SME-RJ (2009-2012) configura-se como política de

responsabilização que se apoia em consequências simbólicas, dentre as quais destaco: a) o

impacto da divulgação dos rankings das escolas para a sociedade, que pode gerar um

processo de seletividade/exclusão dos alunos já matriculados e que almejam se matricular,

de forma a possibilitar melhores resultados nas avaliações; b) a relação mercantilista com o

conhecimento e com o trabalho, pautado na meritocracia; c) o possível direcionamento do

currículo e das ações pedagógicas para o alcance das metas previstas, destituindo-o de

outras funções relevantes, e consequentemente a ênfase da prática pedagógica na

“preparação para a prova”, de forma que as avaliações participam de forma significativa na

configuração do currículo, delineando o que e como ensinar e, muitas vezes, restringindo e

empobrecendo o currículo. Assim, suas características apontam para a caracterização da

proposta curricular da SME-RJ como o que Bonamino e Sousa (2012) denominam como

Política de Terceira Geração.

Conforme apontam outros autores (GERWITZ & BALL, 2011; HYPOLITO et al,

2012), a lógica gerencialista na educação traz implicações significativas para o trabalho

escolar, seja na própria organização do currículo e na forma como se organizam as práticas

pedagógicas, seja nas relações entre comunidade/escola e agentes educativos,

gestores/professores, professores/professores, professores/alunos, alunos/alunos. Os

processos de subjetivação presentes nas instituições pautados na meritocracia, na

responsabilização e no gerencialismo apontam para relações permeadas por uma constante

pressão, competição e distanciamento de finalidades da educação fundamentadas na

qualidade social, por uma cultura do resultado (escolas bem sucedidadas/mal sucedidas de

escolas). Essas finalidades influenciam os processos identitários dos profissionais e dos

alunos e nas formas como são tratadas as particularidades de cada instituição escolar.

III.2. A “qualidade da educação” em oposição à “promoção automática”

A escola organizada em ciclos, dadas as mudanças que exige, torna-

se, mais do que as outras, uma escola em conflito, inquieta, uma

vez que diversos aspectos são postos em questionamento: a forma de avaliar, a maneira de entender o conhecimento, a didática

utilizada, a organização dos tempos e dos espaços. (FERNANDES,

2005, p. 79)

Alguns estudos sobre o sistema de organização da escolaridade por ciclos, também

denominado de “promoção automática” e popularmente conhecido como “aprovação

automática” (MAINARDES, 1998, 2001; BARRETO & MITRULIS, 2001; FERNANDES,

2012) apontam que as discussões em torno de alternativas para enfrentar o fracasso escolar

e evasão no Brasil, dentre as quais a proposta de eliminação da reprovação se inclui, vêm

de longa data. Mainardes (1998) salienta que no Brasil, em 1921, já havia uma

recomendação de promoção em massa, explicitada pelo então diretor-geral do ensino Oscar

Thompson, na Conferência Interestadual do Ensino Primário, corroborando com a

indicação feita por Sampaio Dória em 1918 de aprovar automaticamente os alunos na

passagem do primeiro para o segundo ano.

É a partir das décadas de 1950 e 1960, contudo, que as discussões sobre a

necessidade de reestruturação do sistema seriado assumem uma dimensão internacional e a

promoção automática passa a ser sugerida como medida a ser adotada em países do

Terceiro Mundo, conforme defendia a UNESCO na Primeira Reunião Internacional de

Ministros da Educação, no ano de 1961, em Genebra. Nesta mesma ocasião, no Brasil, a

promoção automática passa a ser defendida com entusiasmo por políticos e gestores de

políticas educacionais. Na década de 1980, assumiu maior relevância com a implantação

dos Ciclos Básicos de Alfabetização (CBA) em São Paulo (1984), Minas Gerais (1985),

Paraná e Goiás (1988) que alteram o sistema seriado nas duas séries iniciais do Ensino de

1º Grau de então, eliminando a reprovação na passagem da 1ª para a 2ª série, constituindo-

os como um ciclo. Nos anos de 1990, as mudanças na organização escolar foram

impulsionadas, principalmente, pela promulgação da LDB 9394/96 que prevê a

estruturação da escolaridade em ciclos e na qual “[...] predomina o caráter de promoção em

contraposição ao de aprovação, tão presente no texto da LDB 5692/71 [...]”

(FERNANDES, 2012, p. 7), e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, documento no qual

há também sugestão de que se adote o sistema de ciclos, dentre outras orientações que

indicam a valorização dos aspectos qualitativos na avaliação da aprendizagem dos

estudantes.

Nos diversos estudos sobre esta temática são destacadas como experiências

pioneiras na reorganização da escolaridade, e precursoras do sistema ciclado: a) a Reforma

do Ensino Primário, realizada pela Secretaria de Estado de Educação de São Paulo (1968-

1972), na qual as séries passam a ser agrupadas em níveis e há progressão continuada (não

reprovação) na passagem da 1ª para a 2ª série (nível I) e da 3ª e 4ª séries (nível II); b) o

Sistema de Avanços Progressivos (SAP), desenvolvido na rede estadual de ensino de Santa

Catarina, (1970-1984), no qual havia progressão continuada na 1ª e 5ª série; c) o sistema de

Bloco Único, implantado na rede estadual do Rio de Janeiro (1979-1984), que instituiu a

progressão continuada da 1ª para a 2ª série, cujo principal objetivo era assegurar a

permanência dos alunos na escola e ampliar o tempo destinado à alfabetização dos alunos.

No Rio de Janeiro, o Bloco Único foi o primeiro passo para a reformulação do

sistema seriado. Segundo Mainardes (1998), sua implantação não foi acompanhada de

outras medidas, como formação de professores e de outros agentes escolares, assim como

de melhoria de condições de trabalho desses profissionais. Em 1984 o sistema de Bloco

Único foi extinto, na primeira gestão do prefeito Marcello Alencar, ainda que houvesse se

criado, na prática, uma progressão automática entre a classe de alfabetização e a 1ª série,

que formavam um bloco, mantendo-se o sistema seriado nas demais séries. Foi, contudo,

em 1992, na segunda gestão de Marcello Alencar que o Bloco Único foi reimplantado e se

consolidou neste município. Segundo Barretto e Mitrulis (2001), nesse ano esse sistema de

organização da escolaridade passou a integrar a proposta curricular do município da capital,

sendo incorporado, em 1994, na do estado.

A partir de sua reimplantação no município, o Bloco Único passou a ser mais

abrangente, envolvendo as cinco séries do primeiro segmento da escolarização regular – da

classe de alfabetização até a 4ª série, que eram organizadas em dois blocos: o primeiro

bloco, constituído pela classe de alfabetização -1ª série - 2ª série, era entendido como uma

etapa de aquisição de conceitos fundamentais; o segundo bloco, constituído pela 3ª e 4ª

séries, caracterizava-se pela ampliação de conceitos desenvolvidos no bloco anterior. A

seriação passa a ser abolida, assim como a reprovação entre as séries que configuravam

cada bloco. Havia uma recomendação, segundo Barretto e Mitrulis (2001), de que os alunos

fossem avaliados segundo os objetivos propostos, não sendo permitida a retenção. Ao final

do bloco, aqueles que não atingiam os objetivos essenciais passavam por um ano de estudos

complementares tendo em vista o seu alcance.

Nesta segunda versão do Bloco Único, percebe-se uma preocupação maior em

atrelar a mudança na organização da escolaridade a uma reconfiguração curricular.

Contudo, como ressalta Mainardes (1998), as experiências pioneiras de reorganização da

escolaridade do sistema público brasileiro - São Paulo (1984), Minas Gerais (1985), Paraná

e Goiás (1988) e Rio de Janeiro (1979-1994 e 1993-1996) – “não foram acompanhadas de

condições para seu êxito, agravando o problema ao invés de solucioná-lo” (p. 22). O autor

destaca como aspectos comuns destas primeiras experiências: a) a falta de discussão prévia

com os professores e demais profissionais da educação, caracterizando-se como um

“reformismo autoritário” sem negociação com estes agentes escolares; b) insuficiência de

formação docente continuada de forma a prepará-los para compreender os princípios e

práticas inerentes a esta nova concepção de avaliação - que implica em mudanças na

concepção de currículo e de ensino e de aprendizagem - e para enfrentar os desafios

oriundos da mudança da cultura da seriação, tais como a heterogeneidade das turmas neste

novo sistema.

Esses fatores, assim como a falta de condições estruturais - são apontados em

diversos estudos e análises sobre a temática do sistema de ciclos como relevantes para a

descontinuidade e não êxito das experiências, assim como para as resistências à sua

implantação por parte de professores, profissionais da educação, alunos e pais/responsáveis.

As resistências à reimplantação do Bloco Único podem ser analisadas com base na

pesquisa feita pelo Programa Interuniversitário de Pesquisas e Demandas Sociais

(PRODEMAN) pertencente ao Núcleo de Informação e Estudos Estratégicos (NIESC),

órgão subordinado à vice-reitoria da UERJ para O Globo, publicada em 1993, sobre a

opinião dos professores sobre o novo sistema de organização da escolaridade, cujos dados

sintetizo abaixo:

CONTRÁRIOS 54%

A FAVOR, COM RESERVAS 22%

FRANCAMENTE FAVORÁVEIS 14%

Durante a primeira gestão de Cesar Maia (1993-1996), na qual Regina de Assis

assumiu o cargo de Secretária de Educação foi produzido o documento inicial “Núcleo

Curricular Básico Multieducação” (NCBM). Após uma série de discussões, esse documento

foi encaminhado a toda rede em 1996, cujas versões foram sendo reformuladas, desde a

primeira proposta, em 1993, indicando a intenção de incorporar as opiniões e reflexões dos

professores em processos de negociação.

Entre 1997-2000, durante a prefeitura de Luiz Paulo Conde, no qual a Secretária de

Educação era Carmen Moura, foi publicado o documento “A Organização do Ciclo de

Alfabetização (E-DGED/ SME-RJ, 1999)” cujo principal foco era retomar o debate sobre a

implantação do Ciclo de Alfabetização na rede e o de definir os objetivos gerais e

específicos para o ciclo. Em 1999 foi publicada a Portaria E/DGED nº 12, que implantava o

1º Ciclo de Formação no Município do Rio de Janeiro, formalizando com a nomeclatura de

ciclo o que já vinha sendo uma tentativa de organização por Blocos Únicos. No ano de

2000 foi encaminhado o documento “1º Ciclo de Formação – documento preliminar (E-

DGED/ SME-RJ, 2000)” para todas as escolas da rede, com o objetivo de apresentar a

proposta que formalizava a ruptura com o sistema nessas três etapas iniciais da

escolaridade, dos seis aos nove anos de idade, agora denominadas como “inicial”,

“intermediário” e “final”, no qual o trabalho pedagógico “seria focado na alfabetização dos

alunos, com materiais textuais específicos distribuídos às escolas para que os professores

pudessem trabalhar o processo de alfabetização [...] priorizando conteúdos que

envolvessem a leitura e a escrita” (OLIVEIRA, 2012. p. 4). Durante este período foram

realizadas palestras, consultorias, assim como programas de TV em parceria com a

MultiRio, com o objetivo difundir a proposta do 1º Ciclo de Formação. Em 2001, a Portaria

E/DGED nº 14 criou as Classes de Progressão destinadas aos alunos com nove ou mais

anos de idade na matrícula inicial que necessitassem consolidar o processo de leitura e

escrita. Esta estruturação da escolaridade que se configurava como um sistema misto, no

qual as três primeiras etapas de avaliação funcionavam no sistema de ciclo e as últimas (3ª

e 4ª séries) em sistema seriado, vigorou até 2006.

Tanto na segunda como na terceira gestão de Cesar Maia (2001-2004 e 2005-2008),

Sônia Mograbi ocupou o cargo de Secretária de Educação. No terceiro mandato de Maia,

medidas foram tomadas visando à ampliação do Ciclo de Formação para as nove séries do

Ensino Fundamental, dentre as quais destaco: a) o curso "Ciclos de Formação", promovido

pela prefeitura contando com a atuação de 12.000 professores, dentre os quais 7000 eram

regentes do Ensino Fundamental, que contava com a consultoria e orientação da Professora

Dra. Elvira Lima; b) a publicação da Portaria E/DGED nº 29 de 14 de dezembro de 2006,

que estabelecia critérios para a organização de turmas do Ensino Fundamental e das

modalidades Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial nas escolas da rede

pública municipal de ensino, para o ano letivo de 2007; c) a Resolução 946, de 25 de abril

de 2007, que estabeleceu as diretrizes para a avaliação escolar na rede pública do sistema

municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro; d) a publicação do documento “Indica nº

3, de 29 de maio de 2007”, que apresentava considerações sobre o “pensar pedagógico

norteador dos ciclos de formação do Ensino Fundamental da Cidade do Rio de Janeiro”

(SME-RJ, 2007a), um texto sintético que apresentava um histórico da implantação do

sistema de ciclos no Rio de Janeiro e aspectos pedagógicos inerentes a esta nova forma de

organização da escolaridade, definindo seis eixos norteadores da organização dos ciclos na

cidade do Rio de Janeiro: a gestão, o currículo, a avaliação contínua, continuidade

educativa, formação de coletivos e formação do educador;

Em 2006, com a publicação da Portaria nº 29 o sistema de ciclos foi ampliado no

Rio de Janeiro para todo o Ensino Fundamental. Conforme o documento da própria

secretaria (SME-RJ, 2007a, p.11),

No que se refere à estruturação das turmas, tomou, como

referencial, as fases do desenvolvimento humano:

1º Ciclo de Formação: infância (seis a oito anos)

2º Ciclo de Formação: pré-adolescência (9 a 11 anos)

3º Ciclo de Formação: adolescência (12 a 14 anos)

Oliveira (2012, p. 2-5) ressalta que os textos de autoria da consultora Elvira Lima se

respaldavam nas “teorias de desenvolvimento humano”, citando a “neurociência, a

psicolinguística, a psicologia e a antropologia e a comunicação”. Oliveira destaca como

principais mudanças propostas pela Portaria nº 29:

a) extinção das turmas de progressão e a inclusão destes

alunos no ano inicial do 2º ciclo de formação e o

encaminhamento dos alunos com 16 anos ou mais para as

turmas de Projeto de Educação Juvenil – PEJA; b) criação de

uma nova matriz curricular denominada de Centro de Estudos

do Aluno – CEST, que passou a fazer parte da grade

curricular dos alunos do período final do 2º ciclo e do 3º ciclo

de formação, que consistia numa disciplina com dois tempos

semanais onde o professor iria trabalhar, basicamente, uso do

dicionário, leitura de diferentes tipos de textos, gráficos e

mapas, confecção de resumos e pesquisas e consulta a

enciclopédias; c) reagrupamento flexível para os alunos de 1º

ciclo e dos períodos inicial e intermediário do 2º ciclo, onde a

criança era alocada numa turma adequada ao seu ritmo de

aprendizagem, em caráter provisório, para que ela pudesse

adquirir os conhecimentos que lhe faltavam até poder

acompanhar sua turma de origem; d) atividades de

recuperação paralela, presentes em todos os anos dos ciclos

(RIO DE JANEIRO, 2007a, p.25 apud Oliveira, 2012, p.5).

Com publicação da Resolução nº 946 de 25 de abril de 2007, que normatizou o

sistema de ciclos e estabeleceu o fim da retenção dos alunos ao final dos ciclos de

formação, houve “uma grande polêmica na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo toda a

Comunidade Escolar com ampla repercussão na mídia” (ALVES, 2013, p.94). As

reivindicações em torno da proposta de Ciclos envolveram a comunidade escolar, o

Sindicato dos professores e o poder legislativo, indicando que na arena da política havia

uma disputa intensa, congregando demandas distintas que convergiam na oposição ao

sistema de organização escolar proposto. Cunhado como “aprovação automática” e

identificado como um modelo responsável pela não aprendizagem dos alunos do Ensino

Fundamental, foi objeto de críticas e discussões, até 2009. Neste cenário de disputas, a

Resolução 946/2007 foi sustada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Frente a esta

medida o prefeito se pronunciou, através da Procuradoria Geral do Município, com o

objetivo de reconhecimento de inconstitucionalidade deste ato legislativo. Foi elaborada

uma reedição da Resolução 946/2007, a resolução 958, de 18 de setembro de 2007, na qual

se incluiu o conceito global “Registra Recomenda” (RR), que indicava que o aluno não

havia atingido os objetivos de aprendizagem propostos para o final do Ciclo de Formação,

ficando sob a responsabilidade do Conselho de Classe a sua retenção ou não. A insatisfação

dos professores com as duas resoluções pode ser conferida nos seguintes em trechos do

jornal digital da PUC-RJ

Em novembro de 2007, professores da rede municipal de ensino do Rio realizaram paralisação para protestar contra a aprovação automática dos

alunos, resultante do conceito "RR" (Registra Recomendações) instituído

pela resolução 959 da Secretaria Municipal de Educação do Rio. O protesto pretendia convencer os 50 vereadores da Câmara Municipal a votar um

PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para barrar a resolução. Um mês

depois, foi derrubada pela Câmara.

O então prefeito Cesar Maia desqualificou o PDL. Segundo ele, o

mecanismo era inválido porque caracterizava uma interferência do

Legislativo em atos de competência do Executivo. Mesmo com a insistência de professores, o modelo continuou sendo adotado.

Após a análise das diferentes iniciativas de reorganização da escolaridade no

município do Rio de Janeiro, percebe-se que os anos de 2000, 2006 e 2007 foram bastante

significativos como marcos da busca de consolidação do Sistema de Ciclos no Município

do Rio de Janeiro. Neles, podem ser observadas tentativas de articular mudanças estruturais

com mudanças curriculares. Contudo, as iniciativas de formação e envolvimento dos

professores e demais profissionais da educação parecem ter sido insuficientes para a

aceitação e implantação efetiva deste novo modelo de organização curricular e avaliação,

pois, como aponta Mainardes, em entrevista ao jornal Folha Dirigida (julho/2007)

O que podemos afirmar é que a implantação da política de ciclos é

complexa e demanda uma série de cuidados e um processo de reflexão que exige a participação dos profissionais da educação.

Eles têm que ser envolvidos na discussão do formato que essa

política terá e dos cuidados que ela exige.

Alguns trechos de entrevistas realizadas por Alves (2012) com 12 (doze)

coordenadores pedagógicos atuantes em escolas públicas municipais da cidade do Rio de

Janeiro, em 2008, analisados por Oliveira (2012) são interessantes para indicar diferentes

maneiras pelas quais o sistema de ciclos foi visto por estes profissionais.

São muitos alunos dentro da sala de aula, questão da falta de material, a falta de professores que faz com que a estrutura dos

ciclos seja ruim. E ainda os pais não entendem por que a criança

está indo para o segundo ciclo sem condições. Isso vai dar pano para o professor do segundo ciclo. (Trecho da entrevista com

Coordenadora Flávia, apud Oliveira, 2012, p.9)

Eu gosto do ciclo. Eu acredito no ciclo. Em minha opinião, eu quero que a criança seja alfabetizada no primeiro ciclo, que saiba

ler e escrever...porque as crianças precisam de tempo para

conseguir. Ele [aluno] pode não ser alfabetizado no ano inicial, mas vai conseguir no ano final (Trecho da entrevista com a

Coordenadora Kátia, apud Oliveira, 2012, p.7).

A alfabetização em três anos acabou trazendo acomodação aos professores, que diziam que tinha três anos, então, [se] não

completou a alfabetização no primeiro ano, completa no segundo,

se não completou no segundo, completa no terceiro. As pessoas tinham a preocupação de fazer, mas, não de completar [a

alfabetização] (Trecho da entrevista com a Coordenadora Elza,

apud Oliveira, 2012, p.7).

No ano da campanha de Eduardo Paes para prefeito do Rio de Janeiro – 2008-

havia, portanto, uma tensão em torno do sistema de organização da escolaridade em ciclos

proposto no governo de Cesar Maia que repercutiram fortemente nas mídias. Esta nova

forma de estruturação entrava em conflito com a cultura vigente na escola, alicerçada no

sistema seriado, implicando em uma nova forma de conceber o currículo e a avaliação

acarretando outros desdobramentos como a introdução de uma nova lógica de tempo e de

espaço escolares, novas práticas e mudanças no exercício da profissão docente e de outros

profissionais da educação. Isso talvez justifique a tensão provocada por este sistema, que

foi objeto de muita resistência e crítica no meio educacional, embora também tenha sido

defendido por muitos educadores como um modelo mais democrático, dialógico, menos

excludente.

Em entrevista à RevistaPontocom em 2012, durante a campanha para o seu segundo

mandato, Paes faz um balanço de sua gestão em 2009-2012, explicitando sua visão de

qualidade da educação, associando-a a bons resultados no IDEB, metas e resultados,

traduzidos em dados quantitativos e percentuais. A contratação e formação de professores é

também ressaltada e associada a motivação por premiação e sistema de metas.

revistapontocom – Como o senhor avalia a qualidade da

Educação pública no município do Rio?

Eduardo Paes – O resultado do Ideb, recém divulgado pelo

Ministério da Educação, mostrou que estamos no caminho certo. Ficamos entre as cinco melhores capitais do Brasil no Ensino

Fundamental e fomos a que mais cresceu no país com relação ao

Ideb 2009 no 2º segmento. O que havia no Rio antes era um

equívoco pedagógico, com o absurdo da aprovação automática,

mas dei um fim nisso assim que assumi, foi meu primeiro ato

como prefeito. O carioca tem de ter orgulho da rede municipal de

ensino, que apesar de ser a maior do país está em visível

crescimento de qualidade. Contratamos 18 mil professores,

diminuímos o índice de analfabetos de 13,6% em 2008 para 6,5%

em 2011, alfabetizando mais de 25 mil alunos, com o programa de reforço escolar. Criamos os Espaços de Desenvolvimento Infantil,

já são 87 unidades, além das Escolas do Amanhã, um novo modelo

de gestão e ensino que hoje atende a 107 mil alunos em 152 unidades de áreas de risco. É um grande desafio de gestão, mas

também um grande ativo para a cidade do Rio de Janeiro. Se

tivermos uma secretária de Educação competente, como é o caso da

Claudia Costin, e adotarmos as políticas públicas corretas,

chegaremos ao primeiro lugar no Ideb nos dois segmentos até

2016. (grifos meus)

revistapontocom – Quais são os dez principais desafios da

Educação pública municipal do Rio? Eduardo Paes – 1º) Obter uma nota média, entre as escolas

públicas municipais, igual ou superior a 6,0 para os anos iniciais

e igual ou superior a 5,0 para os anos finais no Ideb, em 2015; 2º)

Chegar a 2016 em primeiro lugar no ranking do ensino público

entre as capitais; 3º) Ter 240 mil crianças estudando em tempo

integral até 2016; 4º) Manter o Programa Reforço Escolar, que já

realfabetizou 25,5 mil alunos e está realfabetizando outros 7 mil; 5º) Garantir o ensino da língua inglesa a todas as crianças do 1º ao

9º anos até 2014; 6º) Manter as Escolas do Amanhã, um projeto de

ensino em tempo integral que tem como objetivo diminuir a taxa de

evasão escolar e melhorar o desempenho de alunos em áreas socialmente vulneráveis; 7º) Dar à Educação Infantil a atenção que

ela merece, com a criação de mais 30 mil vagas e a construção de

mais 120 EDIs entre 2013 e 2016; 8º) Continuar reforçando o

quadro de professores, evitando que voltemos a sofrer com o

drama do déficit de profissionais; 9º) Atingir o índice de pelo

menos 95% das crianças com 7 anos de idade alfabetizadas nas escolas públicas do município ao final de 2016; 10º) E continuar

motivando os profissionais da educação. Atualmente, nas

escolas que batem as metas, os funcionários ganham até um

salário e meio como prêmio. (grifos meus)

revistapontocom – O que está sendo realizado pela atual gestão

da secretaria municipal de Educação que merece ter

continuidade? O que é preciso mudar de imediato? Eduardo Paes – O que precisava acabar de imediato era a

aprovação automática. E foi o que fiz no meu primeiro dia na prefeitura. De lá para cá, a Secretaria de Educação, sob o comando

da Claudia Costin, tem realizado um excelente trabalho e obtido

bons resultados [...](grifos meus)

revistapontocom – Pode-se dizer que a educação será

prioridade em seu governo? Como um prefeito pode, de fato,

torná-la prioritária entre tantas demandas?

Eduardo Paes – Educação e Saúde sempre foram e continuarão

sendo as minhas prioridades. Costumo dizer que o Rio parou de

se lamentar do passado e começou a olhar para frente, para o futuro. A secretária de Educação trabalha em parceria com os

professores. Estabelecemos metas e alcançamos todas, tais como

acabar com a aprovação automática, contratar mais professores, investir em qualificação e remuneração, triplicar o

número de vagas em creches e instituir aulas de reforço. E, se

quisermos sonhar com um futuro melhor para essa cidade, temos que começar dando a melhor educação a esses pequenos cariocas.

(grifos meus)

revistapontocom – Por que professores, funcionários,

estudantes e suas famílias deveriam votar no senhor para

prefeito?

Eduardo Paes – Em menos de quatro anos, conseguimos reverter

um quadro triste na educação do município. Quando assumimos,

identificamos 28 mil analfabetos funcionais na rede municipal.

Eram crianças que passavam de ano, mas continuavam

analfabetas. Elas eram vítimas de um sistema equivocado. Em

três anos, colocamos o Rio entre as cinco melhores capitais no

ensino fundamental no país. Até 2016, continuaremos avançando

e queremos chegar ao topo do ranking. Para isso, vamos continuar trabalhando sério, seguindo o caminho que vem dando excelentes

resultados nos últimos anos. (grifos meus)

A “promoção continuada” / “aprovação automática” é utilizada por Paes para

antagonizar com o que ele vem a defender como o discurso da qualidade pautada em

resultados. A “qualidade da educação” fica implicitamente atrelada ao fim da promoção

automática e se associa a resultados, percentuais e índices, indicando uma tendência a

circunscrevê-la a aspectos técnicos e não às finalidades mais amplas da educação, o que

sugere uma afinidade maior deste discurso com os da qualidade total.

Em entrevista concedida ao jornal “Brasil Econômico” (agosto/2012) o prefeito

sintetiza em uma frase sua visão sobre o cargo que ocupa e o valor que atribui à ação, à

produtividade: “Prefeito não tem ideologia, prefeito tem pragmatismo, tem é que mostrar

resultado.”

Este sentido pragmático, voltado para resultados, é bem evidente tanto no Plano

Estratégico do Governo de Paes (2009-2012), como nos documentos que se relacionam

com avaliação e currículo deste período, dentre os quais destaco: as Resoluções SME

Nos

1060, 1078 e 1123, assim como o Decretos Nºs 30426, que estabelecem diretrizes para a

avaliação escolar da Rede Pública do Sistema Municipal de Ensino da Cidade do Rio de

Janeiro.

Com base nos apêndices, nos quais foram reunidos trechos dos textos legais que

fundamentam os Sistemas de Avaliação propostos durante o segundo mandato de Cesar

Maia (2005-2008) e o primeiro mandato de Eduardo Paes, percebe-se que o perfil

pragmático da gestão do novo prefeito se manifesta no texto do Decreto 30426, publicado

logo após a sua posse, em 26 de janeiro de 2009, no qual o sistema seriado e a ruptura com

o sistema de promoção automática do 4º ao 9º ano, já começam a ser anunciados. É

interessante notar, nesse texto, que foi o primeiro ato legal de Paes relativo à Educação do

município, articulações entre o contexto de produção da política curricular e o contexto de

influência. Há pistas, no documento, que indicam a sua intenção de se opor a promoção

continuada, utilizando a expressão aprovação automática, utilizada popularmente para se

referir ao sistema de ciclos. Compreendemos que tal posição veio a atender anseios de parte

da população que fazia severas críticas ao Sistema de Ciclos que, em 2007, com as

Resoluções SME Nº 946 e 957, buscou se consolidar em todas as séries do Ensino

Fundamental, percebendo-se rupturas com a proposta curricular anterior.

Ficará retido o aluno que obtiver conceito I (Insuficiente) tanto no

final do 1º Ciclo de Formação, quanto ao término de cada ano

escolar (4º ao 9º ano). (SME, 2009a, p. 30) (grifo meu)

A associação do “conceito I (insuficiente)” ao significante “retido”, assim como o

uso do significante ano em lugar de ciclo intermediário e ciclo final reforçam a mudança de

enfoque no sistema de avaliação.

Contudo, o discurso da política curricular de Paes se hibridiza com os discursos da

política curricular de Cesar Maia, indicando também uma tentativa de atender às demandas

por continuidade desta política. No Decreto 30426, há uma menção à Indicação Nº 4,

produzida na gestão anterior, como um dos textos que foram considerados na definição

das diretrizes para a avaliação escolar na Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro

para o ano de 2009. É interessante observar que Indicação Nº 4 foi um documento

produzido na gestão anterior pela Câmara de Políticas Sociais Integradas à Educação, do

Conselho Municipal de Educação do Rio de Janeiro (CME-Rio), com o objetivo de discutir

e problematizar as concepções e funções de avaliação e de ratificar a Resolução SME Nº

959. Tal documento teve como propósito esclarecer a distinção entre “aprovação

automática” e “promoção continuada”, defendendo a segunda como um processo inerente

ao Sistema de Ciclos. Além disso, posiciona-se claramente contra as práticas de avaliação

classificatórias e ao sistema de reprovação, defendendo uma concepção de avaliação

formativa e ressaltando o papel do Conselho de Classe no processo de enturmação dos

alunos com o conceito RR (Registra Recomendações), conforme trechos abaixo:

As estatísticas brasileiras, levantadas pelas pesquisas do INEP, mostram que os alunos que repetem não são melhores alunos que os

que estão pela primeira vez na série. A repetência desestrutura

emocionalmente a criança ou o adolescente. Não é bom, psicologicamente, para o aluno e pouco contribui para melhorar

o seu desempenho escolar, propiciando a evasão. (SME-RJ,

2007c, p. 7)

A avaliação não pode ser utilizada para controlar o comportamento,

a disciplina dos alunos. É uma forma de verificar erros no processo

de ensino ou no projeto educativo da escola. É um processo

complexo que precisa ser dinâmico, justo, criativo e coerente,

envolvendo não apenas o aluno, mas também os professores. (SME-RJ, 2007c, p. 8)

Mais uma vez, afirmamos que a avaliação não é algo externo ou

separado do processo ensino-aprendizagem ou um

procedimento isolado, mas um conjunto de fases que se condicionam mutuamente e têm uma ordenação seqüencial, formam

um sistema. A avaliação da aprendizagem que,

tradicionalmente, tem apenas como alvo o julgamento e a classificação do aluno, precisa ser revista. A finalidade

principal da avaliação é fornecer informações sobre o processo

pedagógico que permitam aos agentes escolares decidir sobre

intervenções e ajustes que se fizerem necessários, em face da

proposta educativa, definida coletivamente e registrada no

projeto político-pedagógico da escola, comprometida com a

garantia de êxito do aluno (SME-RJ, 2007c, p. 9) .

Em nossas escolas, é preciso que a avaliação da aprendizagem

deixe de assumir características punitivas ou meramente

classificatórias. (SME-RJ, 2007c, p. 10)

A Câmara de Políticas Sociais Integradas à Educação, do Conselho

Municipal de Educação (CME-Rio) ratifica as orientações

emanadas pela Resolução SME n.º 959, de 18 de setembro de

2007, que regulamenta a avaliação nas escolas da Rede Pública da

Cidade do Rio de Janeiro, uma vez que: 1) Atende plenamente aos parâmetros legais vigentes que dispõem

sobre a educação nacional;

2) Os Ciclos de Formação têm como pressuposto a progressão

continuada dentro de cada Ciclo; 3) O processo de avaliação adotado tem um caráter formativo,

processual, diagnóstico, dialógico, investigativo, prospectivo e

transformador; 4) Não possui nenhum indicativo de aprovação automática, pois

determina que:

• Os alunos que não atingirem os objetivos mínimos propostos

(manifesto pelo conceito RR), terão sua enturmação definida

para o ano letivo seguinte pelo Conselho de Classe, espaço

democrático por excelência e de caráter decisório.

Vale lembrar que o aluno que obtiver o conceito RR deve ter intensificada sua recuperação paralela, com novas e diferenciadas

atividades;

• No que se refere à freqência, o aluno deve obter o mínimo de 75% de presença no total da carga horária para cada período dos Ciclos

de Formação. O aluno que não obtiver a freqüência mínima prevista

em lei deverá permanecer no último período cursado. Cumpre ressaltar que, a Direção da Unidade Escolar deve, de acordo com a

Lei Federal n.º 10.287/01 e com a Lei Federal n.º

8.069/90, comunicar ao Conselho Tutelar, ao Juiz da Comarca e ao

representante do Ministério Público, os casos dos alunos que apresentam índice de faltas superior a 12%;

• O registro da avaliação escolar deve assumir um caráter

fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos, pois resume a Ação Pedagógica, que

contém o planejamento pedagógico, bem como o replanejamento

periódico; as Anotações Diárias; o Registro das observações e

reflexões significativas sobre o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos e o Registro de Reuniões com os responsáveis;

Outro aspecto importante que não pode ser ignorado reside na

articulação desejável entre a Avaliação, o Núcleo Curricular

Básico Multieducação e o Projeto Político Pedagógico da

Unidade Escolar.

Vale ressaltar que a ênfase deve estar centrada na avaliação, compreendida como o resultado de um processo continuado de

constituição de conhecimentos e valores, que coloca o aluno no

centro do processo pedagógico e que tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho. (SME-RJ, 2007c, p. 11)

(Grifos meus)

A menção ao documento Indica Nº 4 acentua a ambiguidade e o caráter híbrido do

texto, já que eles se apóiam numa concepção de avaliação distinta da defendida por Paes,

conforme pode ser observado nos trechos acima.

No Decreto, há uma recorrente utilização de significantes ou formulações

discursivas idênticas às das Resoluções SME nºs 946 e 959. Contudo, nota-se que neste

novo contexto discursivo estes assumem novos sentidos, distintos dos textos de origem.

Este processo discursivo pode ser observado no trecho abaixo.

Parágrafo único Para os fins previstos nesta Resolução, a avaliação,

enquanto processo, terá caráter formal, consolidada por

intermédio de provas, testes, pesquisas, trabalhos em grupo e

individuais, sem prescindir da autoavaliação, realizada sempre de

forma dialógica (SME-RJ, 2009a, p. 1)

Chamo a atenção de que o texto é idêntico ao da Resolução nº 959/2007, do governo

anterior, no qual os significantes “provas”, “testes”, “pesquisas”, “trabalhos em grupo e

individuais” estão associados ao processo de avaliação, entendido como “formativo,

processual, diagnóstico, dialógico, investigativo, prospectivo e transformador” (p.1).

Assim, no contexto da resolução 959/2007 têm uma significação de meios e não de fins da

avaliação, uma vez que não estão associados diretamente à reprovação ou aprovação dos

alunos, integrando outros instrumentos cujo objetivo é acompanhar o desenvolvimento do

aluno. No contexto do Decreto 30426, ao se associarem à retenção ou aprovação dos

alunos, assumem uma significação de classificação.

Este processo discursivo também ocorre com o significante conceito global e

processo, registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do

desenvolvimento e da aprendizagem dos alunos também presentes nas Resoluções Nºs

946/2007 e 959/2007 nas quais se vinculam à proposta curricular Multieducação com o

qual se articulam em sua formulação original, assumem um sentido de acompanhamento do

processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno, cuja influência de teóricos como

Vygotsky e Piaget fica evidenciada. Já no contexto do decreto, transmutam-se. No Decreto

30426/2009 e nas Resoluções Nº 1078/2010, 1060/2010 e 1123/2011 o primeiro

significante assume um sentido de um indicador de desempenho, como média final, de

caráter classificatório e os dois últimos são esvaziados do sentido original, produzindo uma

significação ambígua.

Após analisar os documentos legais do governo de Eduardo Paes / SME-RJ (2009-

2012) que estabelecem diretrizes para a avaliação escolar do município do Rio de Janeiro,

ressalto outros aspectos.

A partir da publicação da Resolução Nº 1060/2010 passa a ficar explícito o sistema

seriado para a organização da escolaridade para todo o Ensino Fundamental.

CONSIDERANDO que o Ensino Fundamental da Rede Pública

Municipal de Ensino está constituído por 9 (nove) anos de

escolaridade, em regime seriado,

RESOLVE:

(SME-RJ, 2010a) (grifo meu)

Embora o significante aprovação automática tenha sido utilizado durante a

campanha e durante o primeiro mandato de Paes como corte antagônico ao significante

qualidade da educação, como algo a ser combatido através de um processo “objetivo” de

avaliação - pautado em provas unificadas índices, indicadores, resultados – no Decreto nº

30426 o significante “1º Ciclo de Formação” é utilizado para se referir às três etapas

iniciais da escolaridade no Ensino Fundamental, indicando uma possível aproximação ou

continuidade em relação ao sistema de ciclos para estas etapas. Contudo, como acontece

com significantes que foram utilizados originalmente associados à proposta curricular do

Multieducação, numa perspectiva de avaliação formativa na qual a progressão tem um

sentido de acompanhamento, diagnóstico, de consideração aos diferentes ritmos de

aprendizagem dos alunos, ao se desvincularem deste contexto perdem seu caráter

processual.

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º Ciclo de Formação, do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da

Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos

(PEJA) deverá ser descrito no Registro de Classe. (SME-RJ, 2009ª, p. 2) (grifo meu)

§ 2º No 1º Ciclo de Formação, no 4º e 5º anos e no Programa de Educação de Jovens e Adultos I e II (PEJA I E II) será atribuído um

conceito global ao aluno. (SME-RJ, 2009ª, p. 2) (grifo meu)

No Decreto 30426 há uma indicação de que os alunos que obtivessem

conceito I (Insuficiente) só deveriam ser retidos ao final do 1º Ciclo de Formação e nas

séries subsequentes, o que reforça a ideia de que inicialmente o Sistema de Avaliação se

caracterizou por um hibridismo de duas formas de organização escolar: a) Sistema de ciclos

para as três etapas iniciais do Ensino Fundamental, no qual a retenção ocorreria somente ao

término do 1º Ciclo de Formação; b) o Sistema Seriado para os alunos do 4º ao 9º ano,

com retenções na passagem de um ano ao outro para os alunos com conceito I.

§ 2º Ficará retido o aluno que obtiver conceito I (Insuficiente) tanto

no final do 1º Ciclo de Formação, quanto ao término de cada ano

escolar (4º ao 9º ano).

A não retenção também foi recomendada aos alunos das classes especiais e

denominada progressão contínua.

Art. 14. A avaliação dos alunos das classes especiais deverá prever uma progressão contínua, considerando-se a organização dos

diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem

conceituação.

Vale também ressaltar que, nos textos legais relativos ao sistema de avaliação da

Rede Municipal de Ensino no período de 2009-2012 e subsequentes ao Decreto 30.426,

quando o sistema seriado fica explicitamente instituído do 1º ao 9º ano do Ensino

Fundamental, as três etapas iniciais passam a ser denominadas isoladamente, e não como

um bloco ou ciclo, embora na Resolução 1.123/2011 o significante “1º Ciclo de Formação”

ainda apareça. Nestes textos, observa-se que o 1º ano passa a ser avaliado somente por

conceitos, enquanto que as etapas subsequentes (2º ao 9º ano) são avaliadas por notas em

provas e também por conceitos. Contudo, mesmo sendo consideradas isoladamente e

havendo uma diferenciação no modo de avaliação do 1º ano (antiga Classe de

Alfabetização) a recomendação de que não haja reprovação nas duas primeiras etapas de

escolaridade permanece, tendo como argumento o caráter processual da alfabetização.

§ 2º No 1º Ano do Ensino Fundamental, será atribuído, a cada bimestre, um conceito global ao aluno.

§ 1º O conceito global considerará as avaliações dos professores, os resultados nas provas bimestrais e o aspecto formativo do

desenvolvimento do aluno.

§ 3º Do 2º ao 5º Ano do Ensino Fundamental, será atribuído um conceito global ao aluno, além de se registrarem, no Boletim

Escolar, as notas obtidas nas provas bimestrais de Português,

Matemática e Ciências.

§ 4º Do 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamental, será atribuído um

conceito global ao aluno, além de se registrar, no Boletim Escolar, em cada uma das disciplinas do currículo, a média, em escala de 0

(zero) a 10 (dez), de todas as avaliações bimestrais, tanto as

programadas pelo professor como as provas elaboradas pela SME.

A análise das mudanças e permanências existentes nos textos legais que formalizam

os sistemas de avaliação evidencia que desde a primeira gestão do prefeito Cesar Maia até

segunda gestão do prefeito Eduardo Paes um hibridismo no modelo de avaliação, na

medida em que alguns aspectos do sistema de ciclos são retomados, como se pode observar

no Apêndice N, relativo à continuidade e retenção.

No Decreto Nº 30.426, de janeiro de 2009, que marca a mudança de governo, já há

um prenúncio de um hibridismo no modelo de avaliação. Embora haja uma mudança

significativa em relação à retenção dos alunos do 4º ao 9º ano, ao final de cada ano escolar,

não há uma menção à retenção de alunos de 1º ao 3º ano. Neste período da escolaridade que

corresponde à transição entre o período inicial e intermediário dos Ciclos de Formação do

sistema de avaliação da gestão anterior, passa a ser observado o seguinte:

§ 2º Ficará retido o aluno que obtiver conceito I (Insuficiente) tanto

no final do 1º Ciclo de Formação, quanto ao término de cada ano

escolar (4º ao 9º ano). (grifo meu)

As Resoluções de Nº 1.123, 1.060 e 1.078 marcam uma nova mudança, pois a

retenção anual passa a incluir o 3º ano do Ensino Fundamental, conforme pode ser

observado em seu parágrafo segundo. Contudo, também indicam, agora explicitamente, em

seu parágrafo terceiro, a não retenção dos alunos do 1º e 2º anos deste segmento.

§ 2º No Ensino Fundamental, do 3º ao 9º Ano, ficará retido o

aluno que obtiver conceito global I (Insuficiente) ao término de

cada ano escolar. [...] § 3º Devido ao caráter processual da alfabetização, não deverá

haver retenção no 1º e no 2º Ano. (grifo meu)

Infere-se, portanto, que a política da SME-RJ busca marcar uma diferença,

introduzindo a reprovação e provas unificadas, mas também busca a permanência do

sistema ciclado nos anos iniciais, nos quais a demanda pelos docentes por um sistema

diferenciado, mais identificado com uma avaliação processual e menos classificatória,

coexista com a demanda pela substituição do sistema de progressão continuada /

“promoção automática”.

O hibridismo que se anuncia discursivamente nos sentidos múltiplos de avaliação que

transitam na política curricular, e especialmente nesta política, visitando os sentidos já

existentes, reconfigurando-os, inscrevendo nos discursos que habitam seus textos novas

formas de dizer o já dito, de dizer o não dito, de não dizer. Contradições e

recontextualizações que se anunciam nos significantes, dando-lhe formas particulares e

universais, por um tempo transitório, tornando o discurso político um rico material

empírico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicio este texto final da dissertação reconhecendo, desde já, a sua provisoriedade.

Isso implica em considerar que a produção científica, assim como qualquer discurso, é

também permeada por articulações, tensões e disputas, através da qual se busca produzir

sentidos que tencionam se fixar contigencialmente. Dessa forma, entendo esta produção e

as considerações finais deste estudo como um discurso que se caracteriza muito

possibilidade de “vir a ser” do que na tentativa de fixar sentidos, a não ser que provisórios.

Assim, a potência deste texto que pretende traçar algumas considerações finais sobre este

estudo está na possibilidade de contribuir para problematizações e reflexões sobre a

temática, pois a partir do instante em que se materializa cada letra impressa nesta página,

passa a ser um fechamento de sentido possível, fecundo na sua própria natureza discursiva

para ser “rio-cais-rio”, um texto- discurso que pretende ser um fluxo de sentidos que

provoque novos fluxos ao ser lido, recontextualizado, relido, reinterpretado.

Buscando um eixo condutor para construir minhas conclusões finais, volto ao

começo, retomando as questões que nortearam esta pesquisa: 1º) Que sentidos de avaliação

escolar esses textos procuram fixar? 2º) Quais as possíveis articulações destes sentidos

com os discursos de performatividade?

Um dos aspectos privilegiados em minha análise foi compreender que demandas

operaram direta ou indiretamente na produção da política curricular da SME-RJ (2009-

2012), nas fixações provisórias e nos deslizamentos de sentido de “avaliação escolar”, na

análise documental. Para tal, busquei contextualizar esta política no cenário global e

particular, procurando relacioná-los. Um primeiro aspecto a ser ressaltado é que o

surgimento de um acordo político do pós Estado da Providência opera de forma bastante

significativa, segundo Ball (2004), nas mudanças de papel do Estado, como provedor e

regulador. Com o processo de globalização, o Estado passa a atuar de forma mais

interventiva no controle e monitoramento da qualidade da educação. De forma a atender às

novas demandas do mercado, vincula a qualidade do ensino ao atendimento das exigências

do que se considera como necessário para a formação dos novos contingentes de mão-de-

obra capazes de contribuir para o desenvolvimento econômico do mundo global.

Na década de 1990, podemos perceber ações que entre governo federal, governos

estaduais e municipais, para a produção de políticas de avaliação em larga escala no

Ensino Básico A partir dessa demanda, o significante “avaliação escolar” passa a se

associar, com ênfase ao significante “qualidade de educação” que agrega anseios e lutas de

diferentes grupos sociais. Nas diferentes perspectivas apresentadas os projetos de qualidade

podem estar vinculados a demandas de mercado ou demandas sociais. No primeiro caso -

qualidade total – “nos quais o conhecimento é importante para garantir que a educação

favoreça os níveis instrucionais supostos como necessários ao desenvolvimento profissional

e social, tornando equivalentes as finalidades do indivíduo, as finalidades do mercado e do

país” (MATHEUS & LOPES, 2014, p.351). No segundo, vinculados a valores entendidos

como sociais - qualidade social- nos quais “o conhecimento é considerado fundamental

para tornar mais igualitárias condições de ensino para o conjunto dos que têm acesso à

educação e consequentemente, para promover a justiça social” (Ibidem, p.351) ou, ainda,

por projetos de qualidade que articulam discursos destas duas concepções de qualidade.

Nos diferentes discursos da política da SME-RJ (2009-2012) analisados nos

capítulos 2 e 3 percebe-se que a cadeia discursiva que se constitui entre os significantes

qualidade da educação-avaliação-eficácia reforça um sentido de avaliação alicerçado nos

princípios da qualidade total, no qual a qualidade da educação pode ser constatada pela

aquisição de conteúdos pelos alunos, por meio dos resultados na Prova Brasil e na Prova

Rio, que traduzidos em índices como o IDEB e o IDERio, mensuram o alcance ou não de

metas pré-estabelecidas e a eficácia da rede de ensino, premiando as unidades escolares que

as atingiram.

O sentido de avaliação escolar que se constitui a partir deste trinômio se sustenta no

que Ball, 1994 apud Matheus e Lopes (2014) denomina como finalidades de primeira

ordem, vinculados a objetivos instrucionais e não a finalidades de segunda ordem. Para

as autoras essas finalidades de segunda ordem estão “vinculadas às possibilidades, por

exemplo, de ampliar o que pode ser entendido, contextualmente, como maior justiça social”

(MATHEUS & LOPES, 2014, p. 341).

A intenção da política curricular de Paes de se instituir como um corte antagônico à

política curricular de seu antecessor, Cesar Maia, significando qualidade de educação

como não aprovação automática, reforça o sentido de avaliação a resultados nos exames.

Assumindo a centralidade, no seu governo, de finalidades de primeira ordem, o sentido de

educação fica circunscrito ao sentido de instrução, entendida como obtenção de certas

competências e habilidades. Nessa nova configuração da política curricular se espera que

os alunos aprendam em cada etapa da escolaridade regulada por metas que vêm a conferir o

desempenho dos estudantes nos instrumentos de avaliação e traduzidos em indicadores

estandarlizados. Assim, o currículo passa a ser o equivalente de “listagem de conteúdos,

competências e habilidades, objetivos a serem atingidos”, definidos pela Secretaria

Municipal de Educação, que devem ser trabalhados segundo os materiais estruturados

distribuídos às escolas, como os “Cadernos Pedagógicos”, e a ação docente passa a ser

associada a uma função pragmática, executora, distanciada de uma atividade intelectual de

produção de conhecimento, de tomada de decisão, de reflexão.

No que se refere aos sentidos de “avaliação escolar” que buscam se fixar na política

curricular da política curricular da SME-RJ (2009-2012) concluo, com base no que foi

analisado dos discursos dos textos analisados, que é possível perceber um deslocamento da

ideia de avaliação que predominava nas gestões anteriores ao primeiro mandato de Eduardo

Paes, cujo sentido se associava a um processo de acompanhamento do desenvolvimento e

da aprendizagem dos alunos, particular, de acordo com os projetos políticos pedagógicos de

cada unidade escolar, passando a assumir um sentido de controle de qualidade da educação

escolar da rede, cujo caráter universalizante e externo indica uma intenção de unificação e

centralização dos processos de ensino e avaliação, sintetizado no trinômio qualidade da

“educação- avaliação-eficácia.”

Conforme já foi apontado nos capítulos anteriores, a associação entre qualidade e

eficiência indica a emergência de novas configurações na forma de atuação do Estado, no

caso específico da prefeitura do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Educação do

Rio de Janeiro, e o surgimento uma nova cultura institucional, pautada na definição de

metas e na produção de resultados.

Ressalto que os sentidos de avaliação escolar que buscam se hegemonizar na

política da SME-RJ, pautados na lógica gerencialista, podem potencialmente provocar

relações com as práticas curriculares e na forma como se estrutura e se organiza o trabalho

das escolas do Rio de Janeiro por alguns aspectos que destaco a seguir: a) pela redução dos

problemas da educação aos aspectos técnico-gerenciais, assim como por um controle

indireto das práticas pedagógicas e do trabalho do professor e dos demais agentes

educativos da escola; b) pela ênfase na estandardização do conhecimento via materiais

produzidos pela Secretaria ou pelas instituições que atuam como consultoras educacionais,

como o Instituto Ayrton Senna e Fundação Roberto Marinho; c) por uma prática escolar

pautada em exigências externas e pela performatividade - alcance de metas, resultados em

provas e testes padronizados, busca por excelência.

Concluo que a política curricular da SME-RJ, no recorte temporal analisado,

apresenta indícios de modelo de administração pautados no gerencialismo e na

meritocracia, utilizando-se de mecanismos que buscam “motivar” os servidores públicos, e

especialmente os profissionais de educação da Rede Municipal de Educação, a performaces

de qualidade e excelência, pautadas em resultados, em rankings, em prestação de contas à

sociedade, levando a uma responsabilização destes profissionais pelos níveis de

aprendizagem obtidos pelos alunos em avaliações externas.

Considero que este estudo pode trazer contribuições para as discussões no campo do

currículo principalmente pela sua abordagem teórico-metodológica, pois a perspectiva de

análise da política curricular ancorada nas formulações do ciclo de políticas (BALL, 1998;

BALL & BOWE, 1998) e na Teoria do Discurso (LACLAU & MOUFFE, 2004; LACLAU,

2011), em diálogo as teorizações pós-críticas do currículo, contribui para um entendimento

da política curricular de avaliação como prática discursiva, dinâmica e relacional, na qual

os sentidos que buscam se fixar são permeados por tensões e negociações frente a

demandas, nas quais sujeitos e grupos sociais constroem consensos possíveis em torno de

alguns significantes. Assim, este estudo buscou contribuir para a análise e problematização

dos sentidos de avaliação que buscam se fixar nos discursos da política curricular de

avaliação da SME-RJ (2009-2012), entendendo-os como produções discursivas que se

articulam com diferentes demandas.

O entendimento do currículo e da política curricular como práticas culturais e

discursivas, na qual entram em jogo articulações e relações entre cultura-conhecimento-

poder, implica reconhecer que a política curricular que foi objeto de estudo desta pesquisa

se situa numa arena de luta que opera na interseção contínua entre macro e micro estruturas.

Implica compreender os discursos da política como sentidos que buscam se fixar e se

legitimizar provisoriamente nos discursos oficiais destas políticas; nos textos legais que as

fundamentam; nos discursos pedagógicos (seja através das orientações curriculares,

materiais didáticos, diretrizes e metas, nos materiais destinados à formação de professores e

outros profissionais da educação), assim como nos diferentes discursos que se relacionam

direta ou indiretamente com esta política curricular, nas vozes dos diferentes sujeitos e

grupos sociais envolvidos.

Considero que o estudo desta política na perspectiva teórico-metodológica dos

ciclos contínuos de política, numa dimensão discursiva que se insere na perspectiva pós-

estruturalista, permitiu tornar mais consistente e relacional a análise dos sentidos de

avaliação escolar, objeto desta pesquisa. Tal perspectiva busca o entendimento de que a

linguagem situa-se num território complexo e ambíguo, assumindo-a como um objeto

híbrido, que nem reflete o real nem cria o real. Entendo o discurso da política como um

discurso que é resultado de articulações discursivas que tecem o real, na sua

transitoriedade. Analisei a problemática dos sentidos de avaliação escolar que passam a ser

tecidos na arena de disputa desta política, nos ditos e não ditos de seus discursos, buscando

me distanciar de análises estadocêntricas e polarizadas e me aproximar de um olhar

antiessencialista, pós-fundacionista, compreendendo a articulação através da qual ocorre a

fixação provisória destes sentidos como “resultante de práticas sociais, impossíveis de

serem pensadas para além de suas injunções contextuais” (MORAES, 2012, p. 126).

O quadro teórico utilizado nessa pesquisa aponta para o caráter dinâmico da

política, na qual os discursos estão em constante processo de ressignificação. Aposto,

portanto, no caráter não determinista para os sentidos de “avaliação escolar” indicados no

estudo desta política, por acreditar que os sujeitos e grupos sociais que participam do

contexto da prática, em ações cotidianas na escola, constroem novos sentidos,

recontextualizando e ressignificando os discursos e os sentidos que buscam se fixar,

entendendo que a prática pedagógica também é arena de disputa de sentidos, espaço de

transformação.

Aponto como possibilidade de continuidade e aprofundamento deste estudo a

investigação dos processos de ressignificações da política SME-RJ, pelos professores e

demais profissionais da educação, no contexto da prática, ampliando o entendimento de

suas articulações com os contextos de influência e de produção e suas implicações para a

prática pedagógica.

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DOCUMENTOS ANALISADOS

RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Planejamento Estratégico

_________________. Decreto nº 30.426 de 26 de Janeiro de 2009.

_________________. Decreto nº 30.860 de 01 de Julho de 2009.

_________________. Decreto Legislativo nº 181 de 10 de Maio de 2007.

________________. Resolução SME nº 946 de 25 de Abril de 2007.

________________. Resolução SME nº 959 de 18 de Setembro de 2007.

________________. Resolução SME nº 1038 de 24 de Agosto de 2009.

________________. Resolução SME nº 1060 de 01 de Fevereiro de 2010.

________________. Resolução SME nº 1078 de 27 de Maio de 2010.

________________. Resolução SME nº 1123 de 24 de Janeiro de 2011.

________________. Resolução SME nº 1149 de 03 de Agosto de 2011.

________________. Resolução SME nº1153 de 26 de Agosto de 2011.

________________. Decreto nº 33.813, de 18 de maio de 2011.

APÊNDICES

APÊNDICE A QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE O QUE É CONSIDERADO COMO REFERÊNCIA EM CADA DOCUMENTO

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

A SECRETÁRIA

MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO, no

uso das

atribuições que

lhe são conferidas

pela legislação

em vigor e

considerando:

a) as orientações

emanadas da Lei

n.º 9394/96, que

estabelece as

Diretrizes e Bases

da Educação

Nacional,

especialmente em

seu artigo 3º

incisos IX e X,

artigo 4º inciso IX,

artigo 24 incisos V

, VI e VII, e artigo

31;

b) o disposto no

Capítulo IV - “Do

direito à

educação, à

cultura, ao

esporte e ao

lazer” - do

Estatuto da

Criança e do

Adolescente, Lei

n.º 8069/90,

especialmente em

seus artigos 53 e

56;

c) que o acesso, a

A SECRETÁRIA

MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO, no

uso das atribuições

que lhe são

conferidas pela

legislação em vigor

e considerando:

a) as orientações

emanadas da Lei

n.º 9394/96, que

estabelece as

Diretrizes e Bases

da Educação

Nacional,

especialmente em

seu artigo 3º incisos

IX e X, artigo 4º

inciso IX, artigo 24

incisos V , VI e VII,

e artigo 31;

b) o disposto no

Capítulo IV - “Do

direito à educação,

à cultura, ao

esporte e ao lazer” -

do Estatuto da

Criança e do

Adolescente, Lei n.º

8069/90,

especialmente em

seus artigos 53 e

56;

c) que o acesso, a

permanência e o

sucesso escolar

constituem direito

do educando;

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e, CONSIDERANDO que o sistema de ciclos, implementado a partir de 2000, foi tão somente expandido a novas séries; CONSIDERANDO todo o processo de análises e debates da experiência do Município do Rio de Janeiro, de outros municípios, estados e países; CONSIDERANDO o que dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação; e, CONSIDERANDO a Indicação nº 04/2007, do Conselho Municipal de Educação, aprovada por unanimidade de seus membros; DECRETA:

A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e CONSIDERANDO o que dispõe a Lei Federal nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; CONSIDERANDO a Deliberação E/CME nº 19/2009, de 17 de março de 2009, que fixa normas para a realização dos Conselhos de Classe no âmbito da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro; e CONSIDERANDO que o Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Ensino está constituído por 9 (nove) anos de escolaridade, em regime seriado, RESOLVE:

A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e CONSIDERANDO o que dispõe a Lei Federal nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; CONSIDERANDO a Deliberação E/CME n.º 19/2009, de 17 de março de 2009, que fixa normas para a realização dos Conselhos de Classe no âmbito da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro; e CONSIDERANDO que o Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Ensino está constituído por 9 (nove) anos de escolaridade, em regime seriado, RESOLVE:

A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e CONSIDERANDO o que dispõe a Lei Federal nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; CONSIDERANDO a Deliberação E/CME nº 19/2009, de 17 de março de 2009, que fixa normas para a realização dos Conselhos de Classe no âmbito da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro; e CONSIDERANDO que o Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Ensino está constituído por 9 (nove) anos de escolaridade, em regime seriado, RESOLVE:

permanência e o

sucesso escolar

constituem direito

do educando;

d) a ampliação do

sistema de Ciclos

de Formação para

todo o Ensino

Fundamental da

Rede Pública do

Sistema Municipal

de Ensino;

e) que cada Ciclo

de Formação é

constituído pelos

períodos Inicial,

Intermediário e

Final, num total de

600 dias letivos;

f) que o Ciclo de

Formação tem

como pressuposto

a progressão

continuada dentro

de cada ciclo;

g) a concepção de

avaliação

expressa no

Núcleo Curricular

Básico

Multieducação;

h) a opção por

uma avaliação

formativa, de

caráter

processual, que

deve ser

diagnóstica,

dialógica,

investigativa,

prospectiva e

transformadora;

i) que a avaliação

deve estar em

sintonia com o

Núcleo Curricular

Básico

Multieducação e

com o Projeto

d) a ampliação do

sistema de Ciclos

de Formação para

todo o Ensino

Fundamental da

Rede Pública do

Sistema Municipal

de Ensino;

e) que cada Ciclo

de Formação é

constituído pelos

períodos Inicial,

Intermediário e

Final, num total de

600 dias letivos;

f) que o Ciclo de

Formação tem

como pressuposto a

progressão

continuada dentro

de cada ciclo;

g) a concepção de

avaliação expressa

no Núcleo

Curricular Básico

Multieducação;

h) a opção por uma

avaliação formativa,

de caráter

processual, que

deve ser

diagnóstica,

dialógica,

investigativa,

prospectiva e

transformadora;

i) que a avaliação

deve estar em

sintonia com o

Núcleo Curricular

Básico

Multieducação e

com o Projeto

Político-Pedagógico

da Escola, os quais

devem guardar

coerência entre si;

j) que a avaliação

Político-

Pedagógico da

Escola, os quais

devem guardar

coerência entre si;

j) que a avaliação

deve levar em

conta o

desenvolvimento

e a aprendizagem

do aluno, a auto-

avaliação do

gestor, do

professor e do

aluno, a prática

pedagógica em

sala de aula e a

gestão escolar,

apresentando um

caráter

institucional;

k) que a avaliação

dos alunos com

necessidades

educacionais

especiais, em

qualquer

modalidade de

atendimento, deve

levar em conta as

adaptações

curriculares

propostas;

l) as sugestões

apresentadas

pelos

representantes

dos diversos

segmentos da

comunidade

escolar,

RESOLVE:

deve levar em conta

o desenvolvimento

e a aprendizagem

do aluno, a auto-

avaliação do gestor,

do professor e do

aluno, a prática

pedagógica em sala

de aula e a gestão

escolar,

apresentando um

caráter institucional;

k) que a avaliação

dos alunos com

necessidades

educacionais

especiais, em

qualquer

modalidade de

atendimento, deve

levar em conta as

adaptações

curriculares

propostas;

l) as sugestões

apresentadas pelos

representantes dos

diversos segmentos

da comunidade

escolar,

RESOLVE:

APÊNDICE B

QUADRO COMPARATIVO TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES

SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Art. 1º A avaliação dos alunos da Rede Municipal de Ensino será contínua, considerando-se o registro como instrumento fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

APÊNDICE C QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE O QUE É CONSIDERADO COMO REFERÊNCIA EM CADA DOCUMENTO

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, dos três Ciclos de Formação do no Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA - deverá ser descrito no Registro de Classe.

§ 1º Nos três Ciclos de Formação, quando da realização de atividades de avaliação, serão feitas anotações na ficha do aluno contida no Registro de Classe e discutidas as questões e os resultados dessas atividades em sala de aula.

Art. 5º O conceito atribuído ao aluno dos Ciclos de Formação e do Programa de Educação de Jovens Adultos –PEJA - deverá ser anotado no Boletim Escolar.

Art. 6º Ao final de cada Ciclo de Formação, deverá ser preenchida a Ficha de Avaliação

Art. 4º O processo

de avaliação dos

alunos da

Educação Infantil,

dos três Ciclos de

Formação do

Ensino

Fundamental, da

Classe Especial e

do Programa de

Educação de

Jovens e Adultos –

PEJA - deverá ser

descrito no

Registro de

Classe.

§ 1º Nos três

Ciclos de

Formação, quando

da realização de

atividades de

avaliação, serão

feitas anotações

na ficha do aluno

contida no Registro

de Classe e

discutidas as

questões e os

resultados dessas

atividades em sala

de aula.

§ 2º A Educação

Infantil, em cada

Creche e Unidade

Escolar, deverá

prever a forma de

registro de

avaliação que

esteja em

consonância com o

seu Projeto

Político-

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º Ciclo de Formação, do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) deverá ser descrito no Registro de Classe. § 1º Quando da realização de atividades de avaliação serão feitas anotações na ficha do aluno – que deverá sempre estar à disposição do professor – as quais, de acordo com as suas especificidades, deverão ser discutidas individualmente ou no coletivo do grupamento.

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) deverá ser descrito no Diário de Classe. § 1º Quando da realização de atividades de avaliação, serão feitas, na ficha do aluno - que deverá sempre estar à disposição do professor, anotações que, de acordo com as suas especificidades, deverão ser discutidas individualmente ou no coletivo do grupamento.

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) deverá ser descrito no Diário de Classe. § 1º Quando da realização de atividades de avaliação, serão feitas, na ficha do aluno - que deverá sempre estar à disposição do professor, anotações que, de acordo com as suas especificidades, deverão ser discutidas individualmente ou no coletivo do grupamento.

Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º Ciclo de Formação, do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) deverá ser descrito no Registro de Classe. § 1º Quando da realização de atividades de avaliação serão feitas anotações na ficha do aluno – que deverá sempre estar à disposição do professor – as quais, de acordo com as suas especificidades, deverão ser discutidas individualmente ou no coletivo do grupamento.

do aluno, a qual conterá a descrição dos objetivos propostos para o respectivo ciclo.

Pedagógico e com

os pressupostos

do Núcleo

Curricular Básico

Multieducação,

não cabendo

atribuição de

conceitos, mas

uma análise do

desenvolvimento e

aprendizagem do

aluno.

Art. 5º O conceito

atribuído ao aluno

dos Ciclos de

Formação e do

Programa de

Educação de

Jovens e Adultos –

PEJA - deverá ser

anotado no Boletim

Escolar.

Art. 6º Ao final de

cada Ciclo de

Formação, deverá

ser preenchida a

Ficha de Avaliação

do aluno, a qual

conterá a

descrição dos

objetivos propostos

para o respectivo

ciclo.

Art. 7º O processo

de avaliação dos

alunos das classes

especiais deverá

ser expresso no

Relatório de

Acompanhamento.

Parágrafo único

Para os fins

previstos nesta

Resolução, a

avaliação,

enquanto

processo, terá

caráter formal,

consolidada por

intermédio de

provas, testes,

pesquisas,

trabalhos em grupo

e individuais, sem

prescindir da auto-

avaliação realizada

de forma dialógica,

e de caráter

informal, através

de observações

sistemáticas dos

diversos aspectos

do

desenvolvimento

do aluno.

APÊNDICE D

QUADRO COMPARATIVO TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES

SOBRE O QUE É CONSIDERADO COMO DOCUMENTO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 19 São documentos da Avaliação Escolar: I – Registro de Classe; II – Ficha de Avaliação; III – Boletim Escolar; IV – Relatório de Transferência; V – Relatório de Acompanhamento; VI - Histórico Escolar; VII – Certificado. Parágrafo único O modelo de cada um destes documentos será definido em portaria.

Art. 19. São documentos da Avaliação Escolar: I - Diário de Classe; II - Ficha de Avaliação; III - Boletim Escolar; IV - Relatório de Transferência, para alunos do Ensino Fundamental e do PEJA; V - Relatório de Acompanhamento, para alunos de Classe Especial; VI - Histórico Escolar; VII - Certificado. Parágrafo único. Os documentos elencados nos incisos I, II, III, VI e VII deverão ser emitidos diretamente do Sistema de Controle Acadêmico (SCA).

Art. 19. São documentos da Avaliação Escolar: I – Registro de Classe; II – Ficha de Avaliação; III – Boletim Escolar; IV – Relatório de Transferência, para alunos do Ensino Fundamental e do PEJA; V – Relatório de Acompanhamento, para alunos de Classe Especial; VI – Histórico Escolar; VII – Certificado. Parágrafo único. O modelo de cada um destes documentos será definido em Portaria.

Art. 19. São

documentos da

Avaliação Escolar:

I - Diário de

Classe;

II - Ficha de

Avaliação;

III - Boletim

Escolar;

IV - Relatório de

Transferência,

para alunos do

Ensino

Fundamental e do

PEJA;

V - Relatório de

Acompanhamento,

para alunos de

Classe Especial;

VI - Histórico

Escolar;

VII - Certificado.

Parágrafo único.

Os documentos

elencados nos

incisos I, II, III, VI e

VII deverão ser

emitidos

diretamente do

Sistema de

Controle

Acadêmico (SCA).

Art. 19. São documentos da Avaliação Escolar: I - Diário de Classe; II - Ficha de Avaliação; III - Boletim Escolar; IV - Relatório de Transferência, para alunos do Ensino Fundamental e do PEJA; V - Relatório de Acompanhamento, para alunos de Classe Especial; VI - Histórico Escolar; VII - Certificado. Parágrafo único. Os documentos elencados nos incisos I, II, III, VI e VII deverão ser emitidos diretamente do Sistema de Controle Acadêmico (SCA).

Art. 19. São documentos da Avaliação Escolar: I - Diário de Classe; II - Ficha de Avaliação; III - Boletim Escolar; IV - Relatório de Transferência, para alunos do Ensino Fundamental e do PEJA; V - Relatório de Acompanhamento, para alunos de Classe Especial; VI - Histórico Escolar; VII - Certificado. Parágrafo único. Os documentos elencados nos incisos I, II, III, VI e VII deverão ser emitidos diretamente do Sistema de Controle Acadêmico (SCA).

APÊNDICE E QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE O DIÁRIO DE CLASSE/REGISTRO DE CLASSE

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 20 O Registro de Classe é o documento oficial da Rede Municipal de Ensino, em todos os seus níveis e modalidades, para a anotação das ações pedagógicas e do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos pelos professores regentes. Parágrafo único O Registro de Classe compõe-se de quatro partes: I - Ação Pedagógica, que contém o Planejamento Pedagógico – diagnóstico da turma e proposta geral de trabalho - e o Replanejamento Periódico –necessidades percebidas no desenvolvimento do trabalho pedagógico com a turma e revisões do Planejamento Pedagógico; II - Anotações Diárias, que traz a Relação de Alunos, a Apuração da Freqüência e o Registro das Vivências da Turma;

Art. 20 O Registro de Classe é o documento oficial da Rede Municipal de Ensino, em todos os seus níveis e modalidades, para a anotação das ações pedagógicas e do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos pelos professores regentes. Parágrafo único O Registro de Classe compõe-se de quatro partes: I - Ação Pedagógica, que contém o Planejamento Pedagógico – diagnóstico da turma e proposta geral de trabalho - e o Replanejamento Periódico – necessidades percebidas no desenvolvimento do trabalho pedagógico com a turma e revisões do Planejamento Pedagógico; II - Anotações Diárias, que traz a Relação de Alunos, a Apuração da Freqüência e o Registro das Vivências da Turma;

Art. 20. O Registro de Classe é o documento oficial da Rede Municipal de Ensino, em todos os seus níveis e modalidades, para a anotação das ações pedagógicas e do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos pelos professores regentes. Parágrafo único. O Registro de Classe compõe-se de quatro partes: I – Ação Pedagógica, que contém o Planejamento Pedagógico – diagnóstico da turma e proposta geral de trabalho – e o Replanejamento Periódico – necessidades percebidas no desenvolvimento do trabalho pedagógico com a turma e revisões do Planejamento Pedagógico; II – Anotações Diárias, que traz a Relação de Alunos, a Apuração da Frequência e o Registro das Vivências da Turma;

Art. 20. O Diário de Classe é o documento oficial da Rede Municipal de Ensino, em todos os seus níveis e modalidades, para a anotação das ações pedagógicas e do

desenvolvimento e

da aprendizagem

dos alunos pelos

professores

regentes.

§ 1º O Diário de

Classe compõe-se

de quatro partes:

I - Planejamento

Pedagógico, que

contém o

diagnóstico da

turma e a proposta

geral de

trabalho;

II -

Replanejamento

Pedagógico, que

contém o registro

do

desenvolvimento

pedagógico da

turma e as ações

que necessitam de

reforço;

III - Anotações

Diárias, que traz a

relação de alunos,

a apuração da

freqüência, o

registro das

atividades por

Art. 20. O Diário de

Classe é o

documento oficial

da Rede Municipal

de Ensino, em

todos os seus

níveis e

modalidades, para

a anotação das

ações pedagógicas

e do

desenvolvimento e

da aprendizagem

dos alunos pelos

professores

regentes.

8

§ 1º O Diário de

Classe compõe-se

de quatro partes:

I - Planejamento

Pedagógico, que

contém o

diagnóstico da

turma e a proposta

geral de

trabalho;

II -

Replanejamento

Pedagógico, que

contém o registro

do

desenvolvimento

pedagógico da

turma e as ações

que necessitam de

reforço;

III - Anotações

Diárias, que traz a

relação de alunos,

a apuração da

frequência, o

Art. 20. O Diário de Classe é o documento oficial da Rede Municipal de Ensino, em todos os seus níveis e modalidades, para a anotação das ações pedagógicas e do desenvolvimento e da aprendizagem dos alunos pelos professores regentes. § 1º O Diário de Classe compõe-se de quatro partes: I - Planejamento Pedagógico, que contém o diagnóstico da turma e a proposta geral de trabalho; II - Replanejamento Pedagógico, que contém o registro do desenvolvimento pedagógico da turma e as ações que necessitam de reforço; III - Anotações Diárias, que traz a relação de alunos, a apuração da freqüência, o registro das atividades por Componente Curricular e as avaliações mensais; IV - Registro sobre os alunos, que se

III - Registro sobre os alunos, que se destina a observações e reflexões significativas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos; IV - Registro de Reuniões com os Responsáveis, contendo os assuntos tratados e a freqüência.

III - Registro sobre os alunos, que se destina a observações e reflexões significativas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos; IV - Registro de Reuniões com os Responsáveis, contendo os assuntos tratados e a freqüência.

III – Registro sobre os alunos, que se destina a observações e reflexões significativas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos; IV – Registro de Reuniões com os Responsáveis, contendo os assuntos tratados e a frequência.

Componente

Curricular e as

avaliações

mensais;

IV - Registro sobre

os alunos, que se

destina a

observações e

reflexões

significativas

sobre o

desenvolvimento e

a aprendizagem

dos alunos.

§ 2º O Diário de

Classe será

emitido

diretamente do

Sistema de

Controle

Acadêmico

(SCA).

registro das

atividades por

Componente

Curricular e as

avaliações

mensais;

IV - Registro sobre

os alunos, que se

destina a

observações e

reflexões

significativas

sobre o

desenvolvimento e

a aprendizagem

dos alunos.

§ 2º O Diário de

Classe será

emitido

diretamente do

Sistema de

Controle

Acadêmico

(SCA).

destina a observações e reflexões significativas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. § 2º O Diário de Classe será emitido diretamente do Sistema de Controle Acadêmico (SCA).

APÊNDICE F

QUADRO COMPARATIVO TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES

SOBRE A FICHA DE AVALIAÇÃO GOVERNO DE CESAR MAIA

(2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 21 A Ficha de

Avaliação, que

será preenchida ao

final de cada ciclo,

conterá os

objetivos

trabalhados no

mesmo, marcando-

se se o aluno os

atingiu integral ou

parcialmente, sua

conceituação final

e sua freqüência.

Parágrafo único A

Ficha Avaliação

deve acompanhar

o Histórico Escolar,

quando de

transferência do

aluno ao final de

um Ciclo de

Formação

Art. 21 A Ficha de

Avaliação, que

será preenchida ao

final de cada ciclo,

conterá os

objetivos

trabalhados no

mesmo, marcando-

se se o aluno os

atingiu integral ou

parcialmente, sua

conceituação final

e sua freqüência.

Parágrafo único A

Ficha de Avaliação

deve acompanhar

o Histórico Escolar,

quando de

transferência do

aluno ao final de

um Ciclo de

Formação.

Art. 21. A Ficha de Avaliação, que será preenchida ao final do 1º Ciclo de Formação e ao final de cada ano escolar (4º ao 9º), deverá conter os objetivos trabalhados, estando assinalado se o aluno atingiu integral ou parcialmente esses objetivos, sua conceituação final e sua frequência. Parágrafo único. A Ficha de Avaliação deve acompanhar o Histórico Escolar, quando da transferência do aluno ao final de um Ciclo de Formação.

Art. 21. A cada ano

escolar (1º ao 9º

ano) do Ensino

Fundamental,

deverá ser

preenchida a Ficha

de Avaliação, onde

estarão contidos o

conceito global e

as notas

por disciplina.

Parágrafo único. A

Ficha de Avaliação

deve acompanhar

o Histórico Escolar,

quando

da transferência do

aluno durante o

ano letivo.

Art. 21. A cada ano

escolar (1º ao 9º

ano) do Ensino

Fundamental,

deverá ser

preenchida a Ficha

de Avaliação, onde

estarão contidos o

conceito global e

as notas

por disciplina.

Parágrafo único. A

Ficha de Avaliação

deve acompanhar

o Histórico Escolar,

quando

da transferência do

aluno durante o

ano letivo.

Art. 21. A cada ano escolar (1º ao 9º ano) do Ensino Fundamental, deverá ser preenchida a Ficha de Avaliação, onde estarão contidos o conceito global e as notas por disciplina. Parágrafo único. A Ficha de Avaliação deve acompanhar o Histórico Escolar, quando da transferência do aluno durante o ano letivo.

APÊNDICE G

QUADRO COMPARATIVO TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES

SOBRE O BOLETIM ESCOLAR GOVERNO DE CESAR MAIA

(2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 22 O Boletim Escolar, que será preenchido a cada Conselho de Classe, é documento de ciência ao responsável e ao próprio aluno sobre o desenvolvimento e a aprendizagem deste último, devendo conter sua conceituação e freqüência.

Art. 22 O Boletim

Escolar, que será

preenchido a cada

Conselho de

Classe, é

documento de

ciência ao

responsável e ao

próprio aluno sobre

o desenvolvimento

e a aprendizagem

deste último,

devendo conter

sua conceituação e

freqüência.

Art. 22. O Boletim Escolar, que será preenchido a cada Conselho de Classe, é documento de ciência ao responsável e ao próprio aluno sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, devendo conter sua conceituação e frequência.

Art. 22. O Boletim

Escolar, que será

preenchido a cada

Conselho de

Classe, é

documento de

ciência ao

responsável e ao

próprio aluno sobre

o desenvolvimento

e a

aprendizagem,

devendo conter

seu desempenho

acadêmico (nota

das disciplinas e

conceito global) e

frequência, bem

como, se for o

caso, a nota do

aluno nas

atividades

de recuperação

paralela.

Parágrafo único. O

Boletim Escolar

deverá,

obrigatoriamente,

ser disponibilizado

para

os pais ou

responsáveis.

Art. 22. O Boletim Escolar, que será preenchido a cada Conselho de Classe, é documento de ciência ao responsável e ao próprio aluno sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, devendo conter seu desempenho acadêmico (nota das disciplinas e conceito global) e frequência, bem como, se for o caso, a nota do aluno nas atividades de recuperação paralela. Parágrafo único. O Boletim Escolar deverá, obrigatoriamente, ser disponibilizado para os pais ou responsáveis.

Art. 22. O Boletim Escolar, que será preenchido a cada Conselho de Classe, é documento de ciência ao responsável e ao próprio aluno sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, devendo conter seu desempenho acadêmico (nota das disciplinas e conceito global) e frequência, bem como, se for o caso, a nota do aluno nas atividades de recuperação paralela. Parágrafo único. O Boletim Escolar deverá, obrigatoriamente, ser disponibilizado para os pais ou responsáveis.

APÊNDICE H QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE O RELATÓRIO DE TRANSFERÊNCIA

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 23 O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA, conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, elaboradas a partir das anotações no Registro de Classe, devendo acompanhar o Histórico Escolar em transferências durante o ano letivo ou ao final dos períodos inicial e intermediário de cada ciclo.

Art. 23 O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA, conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, elaboradas a partir das anotações no Registro de Classe. Parágrafo único Este relatório acompanhará o Histórico Escolar em transferências durante o ano letivo ou ao final dos períodos inicial e intermediário de cada ciclo e durante cada bloco do PEJA.

Art. 23. O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, elaboradas a partir das anotações no registro de Classe. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar em caso de transferências.

Art. 23. O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, elaboradas a partir das anotações no Diário de Classe. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar em caso de transferência.

Art. 23. O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, elaboradas a partir das anotações no Diário de Classe. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar em caso de transferência.

Art. 23. O Relatório de Transferência, no Ensino Fundamental e no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), conterá observações sobre o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, elaboradas a partir das anotações no Diário de Classe. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar em caso de transferência.

APÊNDICE H QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE OHISTÓRICO ESCOLAR

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 24 O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada COC, feito em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único Este relatório acompanhará o Histórico Escolar do aluno, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

Art. 24 O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada COC, feito em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único Este relatório acompanhará o Histórico Escolar do aluno, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

Art. 24. O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada Conselho de Classe, em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

Art. 24. O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada Conselho de Classe, em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

Art. 24. O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada Conselho de Classe, em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

Art. 24. O Relatório de Acompanhamento do aluno de Classe Especial será preenchido no período de cada Conselho de Classe, em duas vias, sendo uma para o arquivo da Unidade Escolar e outra para o responsável pelo aluno. Parágrafo único. Este relatório acompanhará o Histórico Escolar, quando de sua transferência para outra Unidade Escolar.

APÊNDICE I QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE OS INDICADORES DA AVALIAÇÃO – CONCEITO GLOBAL E NOTAS

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 2º A avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos dos três Ciclos de e do Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA - deverá ser expressa por meio dos seguintes conceitos: MB – Muito Bom; B – Bom; e R – Regular. Art. 3º Os conceitos determinados no artigo 2º, que refletirão o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno no período considerado para o Conselho de Classe (COC), deverão ser a síntese dos apontamentos feitos no Registro de Classe e serão atribuídos a partir dos seguintes critérios: - Muito Bom (MB): o aluno atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; - Bom (B): o aluno atingiu os objetivos

Art. 3º Os conceitos determinados no artigo 2º, que refletirão o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno no período considerado para o Conselho de Classe (COC), deverão ser a síntese dos apontamentos feitos no Registro de Classe e serão atribuídos a partir dos seguintes critérios: - Muito Bom (MB): o aluno atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; - Bom (B): o aluno atingiu os objetivos propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; - Regular (R): o aluno atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, tendo necessitado constantemente de

Art. 2º A avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos do 1º Ciclo de Formação, do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA – deverá ser expressa por meio dos seguintes conceitos: I – MB = Muito Bom; II – B = Bom; III – R = Regular; IV – I = Insuficiente. Art. 3º Os conceitos determinados no art. 2º, que refletirão o desenvolvimento e a aprendizagem no período considerado para o Conselho de Classe (COC), deverão se constituir na síntese dos apontamentos realizados no Registro de Classe, observandose os critérios abaixo relacionados: I –observandose os critérios abaixo relacionados: I – Muito Bom

§ 1º Para a atribuição do conceito global, deverão ser observados os seguintes aspectos: I - Muito Bom (MB): atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; II - Bom (B): atingiu os objetivos propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; III - Regular (R): atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, necessitando, constantemente, de recuperação paralela, com novas e diferenciadas atividades. IV – Insuficiente (I): após a recuperação paralela, não atingiu os objetivos mínimos propostos para o período.

§ 1º Para a atribuição do conceito global, deverão ser observados os seguintes aspectos: I - Muito Bom (MB): atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; II - Bom (B): atingiu os objetivos propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; III - Regular (R): atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, necessitando, constantemente, de recuperação paralela, com novas e diferenciadas atividades. IV – Insuficiente (I): após a recuperação paralela, não atingiu os objetivos mínimos propostos para o período.

§ 1º Para a atribuição do conceito global, deverão ser observados os seguintes aspectos: I - Muito Bom (MB): atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; II - Bom (B): atingiu os objetivos propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; III- Regular (R): atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, necessitando, constantemente, de recuperação paralela, com novas e diferenciadas atividades. IV – Insuficiente (I): após a recuperação paralela, não atingiu os objetivos mínimos propostos para o período.

propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; - Regular (R): o aluno atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, tendo necessitado constantemente de atividades específicas de recuperação paralela.

atividades específicas de recuperação paralela. - Registra Recomendações (RR): o aluno ainda não atingiu os objetivos mínimos propostos para o período, necessitando intensificar a recuperação paralela com novas e diferenciadas atividades.

(MB): atingiu os objetivos propostos para o período, não tendo necessitado de atividades específicas de recuperação paralela; II – Bom (B): atingiu os objetivos propostos para o período, com participação eventual em atividades específicas de recuperação paralela; III - Regular (R): atingiu parcialmente os objetivos propostos para o período, necessitando, constantemente, de recuperação paralela, com novas e diferenciadas atividades; IV – Insuficiente (I): após a recuperação paralela, não atingiu os objetivos mínimos propostos para o período. Art. 4º O processo de avaliação dos alunos da Educação Infantil, do 1º Ciclo de Formação, do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, da Classe Especial e do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) deverá ser descrito no Registro de Classe.

APÊNDICE J QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE O CONSELHO DE CLASSE – COMPONENTES, DELIBERAÇÕES E FUNÇÕES

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 15 O Conselho de Classe (COC), espaço democrático escolar por excelência, será realizado forme Calendário Escolar definido pela SME a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise e tomar as decisões sobre: I - o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico; II – o fazer pedagógico em sala de aula; III - o processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV – o desenvolvimento das atividades de recuperação paralela, do Centro de Estudos do Aluno (CEST) e do reagrupamento flexível. Art. 16 O Conselho de Classe será constituído por: I. Diretor e/ou Diretor-Adjunto; II. Coordenador Pedagógico; III. Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV. Todos os

Art. 15 O Conselho de Classe (COC), espaço democrático escolar por excelência, será realizado conforme Calendário Escolar definido pela SME a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise e tomar as decisões sobre: I - o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico; II - o fazer pedagógico em sala de aula; III - o processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV - o desenvolvimento das atividades de recuperação paralela, do Centro de Estudos do Aluno (CEST) e do reagrupamento flexível. Art. 16 O Conselho de Classe será constituído por: I. Diretor e/ou Diretor-Adjunto e/ou Professor de Apoio à Direção, quando houver na escola;

Art. 15. O Conselho de Classe deverá ser realizado conforme Calendário Escolar, definido pela Secretaria Municipal de Educação (SME), a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise dos dados significativos e tomar decisões a respeito de: I – desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico (PPP); II – trabalho pedagógico em sala de aula; III – processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV – desenvolvimento das atividades de recuperação paralela, do reagrupamento flexível e do Centro de Estudos do Aluno (CEST); e, V – aprovação ou retenção de alunos. Art. 16. O Conselho de Classe será constituído por: I – Diretor e/ou Diretor-Adjunto e/ou Professor de Apoio à Direção, quando houver na escola;

Art. 15. O Conselho de Classe deverá ser realizado conforme Calendário Escolar, definido pela Secretaria Municipal de Educação (SME), a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise dos dados significativos e tomar decisões a respeito de: I - desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico (PPP); II - trabalho pedagógico em sala de aula; III - processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV - desenvolvimento das atividades de recuperação paralela e de reforço escolar; e V - aprovação ou retenção de alunos. § 1º Constitui direito do aluno, por intermédio de seu responsável, quando menor de idade, contestar critérios avaliativos, convocando-se, para esse fim, um Conselho de Classe

Art. 15. O Conselho de Classe deverá ser realizado conforme Calendário Escolar, definido pela Secretaria Municipal de Educação (SME), a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise dos dados significativos e tomar decisões a respeito de: I - desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico (PPP); II - trabalho pedagógico em sala de aula; III - processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV - desenvolvimento das atividades de recuperação paralela, do reagrupamento flexível e do Centro de Estudos do Aluno (CEST); e V - aprovação ou retenção de alunos. Parágrafo único. Constitui direito do aluno, por intermédio de seu responsável, quando menor de idade, contestar critérios avaliativos,

Art. 15. O Conselho de Classe deverá ser realizado conforme Calendário Escolar, definido pela Secretaria Municipal de Educação (SME), a cada ano letivo, com o objetivo de fazer a análise dos dados significativos e tomar decisões a respeito de: I - desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico (PPP); II - trabalho pedagógico em sala de aula; III - processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos; IV - desenvolvimento das atividades de recuperação paralela e de reforço escolar; e V - aprovação ou retenção de alunos. § 1º Constitui direito do aluno, por intermédio de seu responsável, quando menor de idade, contestar critérios avaliativos, convocando-se, para esse fim, um Conselho de Classe

professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, do Centro de Estudos do Aluno (CEST) e, nos casos de alunos com necessidades educacionais especiais, o Professor Itinerante e/ou da Sala de Recursos; V. Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI. Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um componente da diretoria do Grêmio Estudantil. §1º A composição do Conselho de Classe poderá ser ampliada, a critério do CEC da Unidade Escolar. §2º O Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do primeiro. Art. 17 Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação

II. Coordenador Pedagógico; III. Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV. Todos os professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, o professor do Centro de Estudos do Aluno (CEST), Professor Orientador do PEJA e, nos casos de alunos com necessidades educacionais especiais, o Professor Itinerante e/ou da Sala de Recursos; V. Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI. Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um componente da diretoria do Grêmio Estudantil. §1º A composição do Conselho de Classe poderá ser ampliada, a critério do CEC da Unidade Escolar, com a participação de outros membros dessa comunidade escolar, desde que seja considerada de relevante

II – Coordenador Pedagógico; III – Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV – Todos os professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, o professor do Centro de Estudos do Aluno (CEST), Professor Orientador do PEJA e, nos casos de alunos com necessidades educacionais especiais, o Professor Itinerante e/ou da Sala de Recursos; V – Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI – Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um componente da diretoria do Grêmio Estudantil. Parágrafo único. O Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do

Extraordinário. § 2º Caberá, ainda, recurso à decisão do último Conselho de Classe quanto à reprovação do aluno, procedendo-se de acordo com a Deliberação nº 16 do Conselho Municipal de Educação, datada de 26/02/2008. Art. 16. O Conselho de Classe será constituído por: I - Diretor e/ou Diretor-Adjunto e/ou Professor de Apoio à Direção, quando houver na escola; II - Coordenador Pedagógico; III - Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV - Todos os professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, o Professor Orientador do PEJA e, nos casos de alunos com deficiência, os professores que atuam em função das necessidades específicas desses alunos; V - Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI - Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um

convocando-se, para esse fim, um Conselho de Classe Extraordinário. Art. 16. O Conselho de Classe será constituído por: I – Diretor e/ou Diretor-Adjunto e/ou Professor de Apoio à Direção, quando houver na escola; II – Coordenador Pedagógico; III – Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV – Todos os professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, o professor do Centro de Estudos do Aluno (CEST), Professor Orientador do PEJA e, nos casos de alunos com necessidades educacionais especiais, o Professor Itinerante e/ou da Sala de Recursos; V – Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI – Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um componente da diretoria do Grêmio Estudantil. Parágrafo único. O

Extraordinário. § 2º Caberá, ainda, recurso à decisão do último Conselho de Classe quanto à reprovação do aluno, procedendo-se de acordo com a Deliberação nº 16 do Conselho Municipal de Educação, datada de 26/02/2008. Art. 16. O Conselho de Classe será constituído por: I - Diretor e/ou Diretor-Adjunto e/ou Professor de Apoio à Direção, quando houver na escola; II - Coordenador Pedagógico; III - Supervisor Escolar e/ou Orientador Educacional, quando houver na escola; IV - Todos os professores regentes das turmas envolvidas, inclusive o Professor da Sala de Leitura, o Professor Orientador do PEJA e, nos casos de alunos com deficiência, os professores que atuam em função das necessidades específicas desses alunos; V - Dois representantes do Conselho Escola-Comunidade (CEC), sendo um do segmento responsável por aluno e outro do segmento funcionário; VI - Dois alunos, sendo um o representante do segmento aluno no CEC e outro, um

redefinidas para o período seguinte. Art. 18 É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE nº139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada do professor, deverá o mesmo deixar, por escrito, um relatório contendo a auto- avaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

necessidade pedagógica. §2º O Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do primeiro. Art. 17 Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação redefinidas para o período seguinte. Art. 18 É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE n.º 139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada do professor, deverá o mesmo deixar, por escrito, um relatório contendo a auto-avaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

primeiro. Art. 17. Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação redefinidas para o período seguinte. Art. 18. É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE nº 139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada, o professor deverá deixar por escrito, um relatório contendo a auto-avaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

componente da diretoria do Grêmio Estudantil. Parágrafo único. O Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do primeiro. Art. 17. Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação redefinidas para o período seguinte. Art. 18. É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE nº 139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada, o professor deverá deixar, por escrito, um relatório contendo a autoavaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento e da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do primeiro. Art. 17. Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação redefinidas para o período seguinte. Art. 18. É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE nº 139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada, o professor deverá deixar por escrito, um relatório contendo a autoavaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento e da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

componente da diretoria do Grêmio Estudantil. Parágrafo único. O Conselho de Classe será instalado e deliberará com a presença de 2/3 dos membros que o integram, sob a presidência do Diretor da Unidade Escolar ou do Diretor-Adjunto, no caso de comprovada impossibilidade de participação do primeiro. Art. 17. Durante o Conselho de Classe será elaborada ata, contendo o registro dos aspectos discutidos e as linhas de ação redefinidas para o período seguinte. Art. 18. É considerada falta grave a ausência do professor no Conselho de Classe, conforme o Parecer CEE nº 139/96. Parágrafo único. No caso de ausência justificada, o professor deverá deixar, por escrito, um relatório contendo a autoavaliação de seu trabalho pedagógico e a análise do desenvolvimento e da aprendizagem de seus alunos e de sua(s) turma(s).

APÊNDICE K QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE RECUPERAÇÃO PARALELA , 2ª CHAMADA E RECOMENDAÇÕES

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

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N.º 946 25 de abril de

2007

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01 de fevereiro de 2010

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27 de maio de 2010

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24 de maio de 2011

Art. 10 Em função da concepção de Ciclos de Formação que pressupõem a continuidade do aluno dos Ciclos de Formação que apresentar dificuldades ano letivo deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela, de forma a permitir ao aluno experienciar outras formas de ensino. Parágrafo único Ao aluno que concluir um ciclo com conceito Regular (R) deverá ser efetivado pela Unidade Escolar trabalho pedagógico específico, no início do ano subseqüente, desenvolvendo-se procedimentos de ensino diferentes daqueles utilizados no ano anterior e mais adequados às suas necessidades.

Art. 10 Em função da concepção de Ciclos de Formação que pressupõem a continuidade do processo de formação humana, ao aluno dos Ciclos de Formação que apresentar dificuldades durante o ano letivo deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela, de forma a permitir ao aluno experienciar outras formas de ensino. § 1º Nos períodos Inicial e Intermediário de cada Ciclo de Formação, o aluno que, ao final do ano letivo, for avaliado com conceito RR, deverá ter seu processo de desenvolvimento e aprendizagem sinalizado em relatório, com a indicação, por parte do Conselho de Classe, de atividades de recuperação a serem

Art. 10. Deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela aos alunos que apresentarem dificuldades durante o ano letivo, permitindo a experimentação de diferentes formas de ensino. § 1º Tanto nos três períodos que constituem o 1º Ciclo de Formação (Inicial, Intermediário e Final) quanto ao final de cada ano (4º ao 9º), deverão estar sinalizadas, em relatório, indicações do Conselho de Classe (último do ano) de atividades de recuperação a serem desenvolvidas, desde o início do ano letivo subseqüente, para todos os alunos que obtiveram conceitos R (Regular) e I (Insuficiente).

Art. 7º Durante o ano letivo, deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela aos alunos que apresentarem nota inferior a 5 (cinco) em qualquer das disciplinas. § 1º No período de recesso escolar, em julho, os alunos receberão de seus professores, nas disciplinas em que tenham média inferior a 5 (cinco), atividades de recuperação interperíodo, para serem reavaliados na primeira semana de agosto. § 2º Após o 4º Conselho de Classe, os alunos do 1º e do 2º Ano que obtiverem conceito global R ou I, receberão dos professores aulas de recuperação, como forma de reforço escolar. § 3º Após o 4º Conselho de Classe, os alunos do 3º ao 9º Ano que obtiverem conceito global R terão aulas de

Art. 7º Durante o ano letivo, deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela aos alunos que apresentarem nota inferior a 5 (cinco) em qualquer das disciplinas. § 1º No período de recesso escolar, em julho, os alunos receberão de seus professores, nas disciplinas em que tenham média inferior a 5 (cinco), atividades de recuperação interperíodo, para serem reavaliados na primeira semana de agosto. § 2º Após o 4º Conselho de Classe, os alunos do 1º e do 2º Ano que obtiverem conceito global R ou I, receberão dos professores aulas de recuperação, como forma de reforço escolar. 4 § 3º Após o 4º Conselho de Classe, os alunos do 3º ao 9º ano que obtiverem conceito global R terão

Art. 7º Durante o ano letivo, a cada bimestre, deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela aos alunos que apresentarem conceito global I ou média inferior a 5 (cinco) em qualquer das disciplinas. § 1º No período de recesso escolar, em julho, os alunos que apresentarem conceito global I ou média inferior a 5 (cinco) em qualquer das disciplinas receberão de seus professores, atividades de recuperação interperíodo, para serem reavaliados na primeira semana de agosto. § 2º Após o 4º Conselho de Classe, os alunos do 1º e do 2º Ano que obtiverem conceito global I, receberão dos professores aulas de recuperação, como forma de reforço escolar, para prosseguirem com base sua trajetória escolar.

desenvolvidas desde o início do ano letivo subseqüente. § 2º Ao aluno que concluir um ciclo com conceito Regular (R) deverá ser efetivado pela Unidade Escolar trabalho pedagógico específico, no início do ano subseqüente, desenvolvendo-se procedimentos de ensino diferentes daqueles utilizados no ano anterior e mais adequados às suas necessidades. § 3º O aluno que, ao término do período final de cada ciclo, obtiver conceito RR, terá sua enturmação definida para o ano letivo seguinte pelo Conselho de Classe, que indicará proposta de trabalho pedagógico que atenda suas necessidades educacionais já registradas em Relatório.

recuperação nas disciplinas em que obtiveram média anual inferior a 5 (cinco), como forma de reforço escolar. § 4º Ao final de cada ano (1º ao 9º) do Ensino Fundamental, deverão estar sinalizadas, em relatório, indicações do Conselho de Classe (último do ano) de atividades de recuperação a serem desenvolvidas, desde o início do ano letivo subsequente, para todos os alunos que obtiveram conceito I (Insuficiente). Art. 8º Fica instituído, no Ensino Fundamental, o Sistema de 2ª época para alunos que, no 4º Conselho de Classe – COC – do ano letivo, tiverem conceito global I (Insuficiente). § 1º Não terão direito à 2ª época os alunos que tenham sido retidos por frequência e os que tenham obtido média anual inferior a 5 (cinco) em mais de três disciplinas básicas. § 2º Consideram-se disciplinas básicas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia e História, e disciplinas formativas:

aulas de recuperação nas disciplinas em que obtiveram média anual inferior a 5 (cinco), como forma de reforço escolar. § 4º Ao final de cada ano (1º ao 9º) do Ensino Fundamental, deverão estar sinalizadas, em relatório, indicações do Conselho de Classe (último do ano) de atividades de recuperação a serem desenvolvidas, desde o início do ano letivo subsequente, para todos os alunos que obtiveram conceito I (Insuficiente). Art. 8º Fica instituído, no Ensino Fundamental, o Sistema de 2ª época para alunos que, no 4º Conselho de Classe – COC – do ano letivo, tiverem conceito global I (Insuficiente). § 1º Não terão direito à 2ª época os alunos que tenham sido retidos por frequência e os que tenham obtido média anual inferior a 5 (cinco) em mais de quatro disciplinas. § 2º A 2ª época das disciplinas consistirá de aulas de recuperação e de uma Prova. § 3º Será considerado, para efeito de aprovação do aluno, sujeita a validação pelo

Art. 8º Fica instituído, no Ensino Fundamental, o Sistema de 2ª época para alunos que, no 4º Conselho de Classe – COC – do ano letivo, tiverem conceito global I (Insuficiente). § 1º Não terão direito à 2ª época os alunos que tenham sido retidos por frequência. § 2º A 2ª época consistirá de aulas de recuperação e de uma Prova. § 3º Será considerado, para efeito de aprovação do aluno, sujeita a validação pelo Conselho de Classe, o seguinte critério: a obtenção de nota igual ou superior a 5 (cinco) em cada prova das disciplinas. § 4º Após o período de 2ª época, será realizado o 5º Conselho de Classe, para que o conjunto de professores delibere sobre o resultado final dos alunos.

Educação Física, Arte e Língua Estrangeira. § 3º A 2ª época das disciplinas básicas consistirá de aulas de recuperação e de uma Prova. § 4º Os alunos com média anual inferior a 5 (cinco) nas disciplinas formativas receberão tarefa de recuperação que deverá ser entregue na mesma data da Prova de 2ª época. § 5º Só terão direito à prova nas disciplinas básicas os alunos que apresentarem, no dia da Prova, a tarefa de recuperação das disciplinas formativas em que tenham sido encaminhados à 2ª época. § 6º Serão considerados, para efeito de aprovação do aluno, sujeita a validação pelo Conselho de Classe, os seguintes critérios: I – nota igual ou superior a 5 (cinco) em cada prova das disciplinas básicas; II – apresentação da tarefa de recuperação das disciplinas formativas. § 7º Após o período de 2ª época, será realizado o 5º Conselho de Classe, para que o conjunto de professores, tanto das disciplinas básicas quanto das formativas,

Conselho de Classe, o seguinte critério: a obtenção de nota igual ou superior a 5 (cinco) em cada prova das disciplinas. § 4º Após o período de 2ª época, será realizado o 5º Conselho de Classe, para que o conjunto de professores delibere sobre o resultado final dos alunos. Art. 9º Admitir-se-á, até o 1º Conselho de Classe, a reclassificação de alunos do 1º ao 8º Ano do Ensino Fundamental que apresentarem a possibilidade de avanços em seu processo de escolaridade, após avaliação da Unidade Escolar que se responsabilizará pela aprendizagem desses alunos. § 1º Admitir-se-á a reclassificação nos seguintes casos: I - de alunos retidos apenas por frequência; II - de alunos do 6º ao 8º Ano que, transferidos de outras redes de ensino, tenham sido enturmados no ano de sua dependência, desde que obtenham avaliação positiva pela Unidade Escolar. § 2º A escola possui autonomia para avaliar outras situações de reclassificação. § 3º A

delibere sobre o resultado final dos alunos. Art. 9º Admitir-se-á, até o 1º Conselho de Classe, a reclassificação de alunos do 1º ao 8º Ano do Ensino Fundamental que apresentarem a possibilidade de avanços em seu processo de escolaridade, após avaliação da Unidade Escolar que se responsabilizará pela aprendizagem desses alunos. § 1º Admitir-se-á a reclassificação nos seguintes casos: I - de alunos retidos apenas por frequência; II - de alunos do 6º ao 8º Ano que, transferidos de outras redes de ensino, tenham sido enturmados no ano de sua dependência, desde que obtenham avaliação positiva pela Unidade Escolar. § 4º A Unidade Escolar elaborará, a cada Conselho Escolar - COC, relatório detalhado sobre o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos, enviando-o à Gerência de Educação da respectiva E/SUBE/CRE.

reclassificação deverá considerar os interesses da faixa etária do ano de escolaridade para o qual o aluno está sendo indicado. 5 § 4º A Unidade Escolar elaborará, a cada Conselho de Classe - COC, relatório detalhado sobre o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos, enviando-o à Gerência de Educação da respectiva E/SUBE/CRE. § 5º Não haverá reclassificação de alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. § 6º Todos os alunos reclassificados serão assinalados no Sistema de Controle Acadêmico – SCA.

APÊNDICE L QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE RECLASSIFICAÇÕES E PROGRESSÕES

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

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N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 9º Admitir-se-á, até o 1º Conselho de Classe, a reclassificação de alunos do 1º ao 8º Ano do Ensino Fundamental que apresentarem a possibilidade de avanços em seu processo de escolaridade, após avaliação da Unidade Escolar que se responsabilizará pela aprendizagem desses alunos. § 1º Admitir-se-á a reclassificação nos seguintes casos: I - de alunos retidos apenas por frequência; II - de alunos do 6º ao 8º Ano que, transferidos de outras redes de ensino, tenham sido enturmados no ano de sua dependência, desde que obtenham avaliação positiva pela Unidade Escolar. § 2º A escola possui autonomia para avaliar outras situações de reclassificação. § 3º A reclassificação deverá considerar os interesses da faixa etária do ano

Art. 9º Admitir-se-á, até o 1º Conselho de Classe, a reclassificação de alunos do 1º ao 8º Ano do Ensino Fundamental que apresentarem a possibilidade de avanços em seu processo de escolaridade, após avaliação da Unidade Escolar que se responsabilizará pela aprendizagem desses alunos. § 1º Admitir-se-á a reclassificação nos seguintes casos: I - de alunos retidos apenas por frequência; II - de alunos do 6º ao 8º Ano que, transferidos de outras redes de ensino, tenham sido enturmados no ano de sua dependência, desde que obtenham avaliação positiva pela Unidade Escolar. § 2º A escola possui autonomia para avaliar outras situações de reclassificação. § 3º A reclassificação deverá considerar os interesses da faixa etária do ano

Art. 9º Admitir-se-á, até o 1º Conselho de Classe, a reclassificação de alunos do 1º ao 8º Ano do Ensino Fundamental que apresentarem a possibilidade de avanços em seu processo de escolaridade, após avaliação da Unidade Escolar que se responsabilizará pela aprendizagem desses alunos. § 1º Admitir-se-á a reclassificação nos seguintes casos: I - de alunos retidos apenas por frequência; II - de alunos do 6º ao 8º Ano que, transferidos de outras redes de ensino, tenham sido enturmados no ano de sua dependência, desde que obtenham avaliação positiva pela Unidade Escolar. § 2º A escola possui autonomia para avaliar outras situações de reclassificação. § 3º A reclassificação deverá considerar os interesses da faixa etária do ano

de escolaridade para o qual o aluno está sendo indicado. § 4º A Unidade Escolar elaborará, a cada Conselho Escolar - COC, relatório detalhado sobre o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos, enviando-o à Gerência de Educação da respectiva E/SUBE/CRE. § 5º Não haverá reclassificação de alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. § 6º Todos os alunos reclassificados serão assinalados no Sistema de Controle Acadêmico – SCA.

de escolaridade para o qual o aluno está sendo indicado. § 4º A Unidade Escolar elaborará, a cada Conselho de Classe - COC, relatório detalhado sobre o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos, enviando-o à Gerência de Educação da respectiva E/SUBE/CRE. § 5º Não haverá reclassificação de alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. § 6º Todos os alunos reclassificados serão assinalados no Sistema de Controle Acadêmico – SCA.

de escolaridade para o qual o aluno está sendo indicado. § 4º Todos os alunos reclassificados serão assinalados no Sistema de Controle Acadêmico – SCA.

APÊNDICE M QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

EM CLASSES ESPECIAIS OU INTEGRADOS EM TURMAS REGULARES

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME N.º 946 25 de abril de 2007

Resolução SME N.º 959 18 de setembro de 2007

Decreto SME Nº 30426 26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060 01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078 27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123 24 de maio de 2011

Art. 7º O processo de avaliação dos alunos das classes especiais será expresso no Relatório de Acompanhamento. Art. 8º O processo de avaliação dos alunos com necessidades educacionais especiais, integrados em turmas regulares, será efetuado pelo professor regente em conjunto com o Professor Itinerante e/ou com o Professor da Sala de Recursos. Parágrafo único. O aluno com necessidades educacionais especiais será avaliado, considerando-se as adaptações curriculares propostas, o que requer o estabelecimento de estratégias de avaliação diferenciadas. Art. 14 A avaliação dos alunos das classes especiais deverá prever uma progressão contínua,

Art. 14 A avaliação dos alunos das classes especiais deverá prever uma progressão contínua, considerando-se a organização dos diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem conceituação.

Art. 7º O processo de avaliação dos alunos das classes especiais será expresso no Relatório de Acompanhamento que deverá ser enviado aos pais ou responsáveis. Art. 8º O processo de avaliação dos alunos com necessidades educacionais especiais, integrados em turmas regulares, será efetuado pelo professor regente em conjunto com o Professor Itinerante e/ou com o Professor da Sala de Recursos. Parágrafo único. O aluno com necessidades educacionais especiais será avaliado, considerando-se as adaptações curriculares propostas, o que requer o estabelecimento de estratégias de avaliação diferenciadas.

Art. 5º O processo de avaliação dos alunos das classes especiais será expresso no Relatório de Acompanhamento que deverá ser enviado aos pais ou responsáveis. Art. 6º O processo de avaliação dos alunos com deficiência, integrados em turmas regulares, será efetuado pelo professor regente, em conjunto com os professores que atuam em função das necessidades específicas desses alunos. Parágrafo único. O aluno com deficiência será avaliado, considerando-se as adaptações curriculares propostas, o que requer o estabelecimento de estratégias de avaliação diferenciadas. Art. 14. A avaliação dos alunos das classes especiais deverá prever uma

Art. 14. A avaliação dos alunos das classes especiais deverá prever uma progressão contínua, considerando-se a organização dos diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem conceituação.

Art. 5º O processo de avaliação dos alunos das classes especiais será expresso no Relatório de Acompanhamento que deverá ser enviado aos pais ou responsáveis, após cada COC. Art. 6º O processo de avaliação dos alunos com deficiência, integrados em turmas regulares, será efetuado pelo professor regente, em conjunto com os professores que atuam em função das necessidades específicas desses alunos. Parágrafo único. O aluno com deficiência será avaliado, considerando-se as adaptações curriculares propostas, o que requer o estabelecimento de estratégias de avaliação diferenciadas. Art. 14. A avaliação dos

considerando-se a organização dos diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem conceituação.

progressão contínua, considerando-se a organização dos diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem conceituação.

alunos das classes especiais deverá prever uma progressão contínua, considerando-se a organização dos diferentes níveis, não cabendo, portanto, retenção, nem conceituação.

APÊNDICE N QUADRO COMPARATIVO

TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES SOBRE CONTINUIDADE / RETENÇÃO

GOVERNO DE CESAR MAIA (2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia

Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 10 Em função da concepção de Ciclos de Formação que pressupõem a continuidade do aluno dos Ciclos de Formação que apresentar dificuldades ano letivo deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela, de forma a permitir ao aluno experienciar outras formas de ensino.

Art. 10 Em função da concepção de Ciclos de Formação que pressupõem a continuidade do processo de formação humana, ao aluno dos Ciclos de Formação que apresentar dificuldades durante o ano letivo deverão ser asseguradas atividades diversificadas de recuperação paralela, de forma a permitir ao aluno experienciar outras formas de ensino. § 1º Nos períodos Inicial e Intermediário de cada Ciclo de Formação, o aluno que, ao final do ano letivo, for avaliado com conceito RR, deverá ter seu processo de desenvolvimento e aprendizagem sinalizado em relatório, com a indicação, por parte do Conselho de Classe, de atividades de recuperação a serem desenvolvidas desde o início do ano letivo subseqüente.

§ 2º Ficará retido o aluno que obtiver conceito I (Insuficiente) tanto no final do 1º Ciclo de Formação, quanto ao término de cada ano escolar (4º ao 9º ano).

§ 2º No Ensino Fundamental, do 3º ao 9º Ano, ficará retido o aluno que obtiver conceito global I (Insuficiente) ao término de cada ano escolar. § 3º Devido ao caráter processual da alfabetização, não deverá haver retenção no 1º e no 2º Ano.

§ 2º No Ensino Fundamental, do 3º ao 9º ano, ficará retido o aluno que obtiver conceito global I (Insuficiente) ao término de cada ano escolar. § 3º Devido ao caráter processual da alfabetização, não deverá haver retenção no 1º e no 2º ano.

§ 2º No Ensino Fundamental, do 3º ao 9º Ano, ficará retido o aluno que obtiver conceito global I (Insuficiente) ao término de cada ano escolar. § 3º Devido ao caráter processual da alfabetização, não deverá haver retenção no 1º e no 2º Ano.

§ 2º Ao aluno que concluir um ciclo com conceito Regular (R) deverá ser efetivado pela Unidade Escolar trabalho pedagógico específico, no início do ano subseqüente, desenvolvendo-se procedimentos de ensino diferentes daqueles utilizados no ano anterior e mais adequados às suas necessidades. § 3º O aluno que, ao término do período final de cada ciclo, obtiver conceito RR, terá sua enturmação definida para o ano letivo seguinte pelo Conselho de Classe, que indicará proposta de trabalho pedagógico que atenda suas necessidades educacionais já registradas em Relatório.

APÊNDICE O

QUADRO COMPARATIVO TEXTOS LEGAIS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE CESAR MAIA E EDUARDO PAES

SOBRE O GOVERNO DE CESAR MAIA

(2004-2008)

Secretária de Educação: Sonia Mograbi

GOVERNO DE EDUARDO PAES (2009-2012)

Secretária de Educação: Cláudia Costin

Resolução SME

N.º 946 25 de abril de

2007

Resolução SME

N.º 959

18 de setembro

de 2007

Decreto SME Nº 30426

26 de janeiro de 2009

Resolução SME Nº 1060

01 de fevereiro de 2010

Resolução SME Nº 1078

27 de maio de 2010

Resolução SME Nº 1123

24 de maio de 2011

Art. 9º A Secretaria

Municipal de Educação realizará, anualmente, avaliação de rede, visando monitorar e replanejar, sempre que necessário, as suas ações.

Art. 10. A Secretaria Municipal de Educação realizará, anualmente, avaliação de rede, visando monitorar e replanejar, sempre que necessário, as suas ações. Parágrafo único. O nível central da Secretaria Municipal de Educação enviará às escolas, bimestralmente, provas para serem aplicadas a todos os alunos, visando ao acompanhamento de seu processo de aprendizagem.

Art. 10. A Secretaria Municipal de Educação realizará, anualmente, avaliação de rede, visando monitorar e replanejar, sempre que necessário, as suas ações. Parágrafo único O nível central da Secretaria Municipal de Educação enviará às escolas, bimestralmente, provas para serem aplicadas a todos os alunos, visando ao acompanhamento de seu processo de aprendizagem.

Art. 10. A Secretaria Municipal de Educação realizará, anualmente, avaliação de rede, visando monitorar e replanejar, sempre que necessário, as suas ações. Parágrafo único O nível central da Secretaria Municipal de Educação enviará às escolas, bimestralmente, provas para serem aplicadas a todos os alunos, visando ao acompanhamento de seu processo de aprendizagem.

ANEXOS