sentenÇa no processo penal

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  • 7/29/2019 SENTENA NO PROCESSO PENAL

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    4 bimestre

    SENTENA NO PROCESSO PENAL

    CONCEITO E ELEMENTOSEm sentido substancial, sentena o ato do juiz de resolver a lide, aplicando a lei ao caso

    concreto. Portanto trata-se da deciso do mrito. Ela se denomina sentena definitiva.Segundo Vicente Greco Filho comum confundir o termo sentena definitiva, com

    sentena transitada em julgado.Sob o aspecto formal, sentena o ato final do juiz monocrtico de primeiro grau,

    denominando acrdo a deciso colegiada dos tribunais. Todavia, em sentido amplo,

    sentena abrange os acrdos, como exemplo, na expresso sentena transitada emjulgada.Alem da sentena, que a deciso definitiva o juiz profere despachos expediente, no prazo

    de 1 (um) dia, que o encaminhamento processual, como designao de audincia ou

    determinao de juntada de documentos; decises interlocutrias, no prazo de 5 (cinco)

    dias, que so atos de resolver questes controvertidas no curso do processo; e decises

    interlocutrias mistas, no prazo de 10 (dez) dias, como a sentena que extingue o processo

    sem julgar o mrito.Segundo Vicente Greco Filho, a deciso que decreta a extino da punibilidade segundo ocdigo seria interlocutria mista, tendo em vista que no faz parte do captulo da sentena,

    por no decidir o mrito principal. Todavia, tem ela fora de sentena, uma vez que faz coisa

    julgada material.A sentena tem requisitos extrnsecos e intrnsecos. Os requisitos intrnsecos so o

    relatrio, a fundamentao e o dispositivo ou concluso. Os extrnsecos so a data e a

    assinatura, que autentificam, e as rubricas nas folhas, se for datilografada.O relatrio o resumo das ocorrncias do processo, desde a identificao das partes,

    exposio sucinta da acusao e da defesa, at as provas colhidas e eventuais incidentes

    resolvidos.A fundamentao a identificao dos motivos, de fato e de direito, que conduzem

    concluso.O dispositivo a parte em que o juiz, coerente com a fundamentao, aplica a lei ao caso

    concreto e condena ou absolve o acusado, apontando os dispositivos legais que incidem

    na hiptese.Proferida a sentena de mrito, o juiz encerra a atividade jurisdicional sobre a imputao.No poder modificar, salvo para retificar erros materiais, ou, mediante requerimento da

    parte em 48 horas, para esclarecer obscuridade, ambiguidade, contradio ou omisso (art.

    382 CPP). Apesar de o cdigo no declarar expressamente, mas encontra-se nesse

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    dispositivo a figura dos embargos de declarao, onde o cdigo refere como recurso

    apenas contra acrdo (art. 619 CPP).O Juiz pode, ainda, modificar a sentena se contra ela cabe recurso no sentido estrito,

    como acontece no caso de sentena em habeas corpus.EMENDATIO E MUTATIO LIBELLI

    Os arts. 382 e 384 do Cdigo de Processo Penal disciplinam o que a doutrina

    denomina: emendatio e mutatio libelli.Dispe o art. 383, com redao da Lei n. 11.719/2008:O juiz, sem modificar a descrio do fato contida na denuncia ou queixa, poder atribui-lhe

    definio jurdica diversa, ainda que, em consequncia, tenha de aplicar pena mais grave.A emendatio libelli a correo da classificao do delito sobre o mesmo fato constante dadenuncia ou queixa. Desde o incio da persecuo penal, o fato, em tese punvel recebe

    determinada classificao ou enquadramento legal. Essa classificao feita, por exemplo,

    no flagrante, onde importante, entre outras consequncias, para definir afianabilidade,

    ou no, da infrao, pode sofrer modificao por ocasio da denuncia, outra na sentena e

    outra na deciso em segundo grau.Desde que os fatos sobre os quais incide sejam sempre

    os mesmos, a alterao da classificao independe de qualquer providencia ou

    processamento prvio, inexistindo nisso qualquer cerceamento de defesa ou surpresa,

    porque o acusado defende-se dos fatos e no classificao legal, ainda que o juiz tenhaque aplicar pena mais elevada em virtude de nova classificao. Assim, por exemplo, se a

    denuncia descreve um fato e o classifica como estelionato, e o fato permanece inalterado,

    o juiz pode, independentemente de ouvir defesa, classific-lo como furto qualificado por

    fraude, cuja pena mais elevada. A mesma operao poder ocorrer em segundo grau,

    observando-se, porm, se o juiz aplicou a pena de 1 (um) ano, em virtude da classificao

    como estelionato, somente se houve recurso da acusao que o tribunal pode aumentar

    a pena, em virtude da proibio dareformatio in pejuse do tantum devolutum quantum

    apelatune. Nesse caso no havendo recurso da acusao, o tribunal pode corrigir a

    classificao, mas no poder reformar a pena.O mesmo poder ocorrer com o fenmeno da desclassificao, que a desclassificao de

    um grave para outro quando existe o reconhecimento da existncia de um crime menos

    grave cujos elementos fticos esto in integralmentecontidos na descrio da denuncia ou

    queixa, como, por exemplo, de roubo para furto, ou de homicdio para leso corporal.O art. 384 do CPP trata do mutatio libelli, ou seja, mudana na imputao.Se no ocorrer da instruo, surgir fato no contido e nem explicitamente na denuncia ou

    queixa, o juiz no pode, por ocasio da sentena, admiti-lo como existente alterando o que

    foi inicialmente proposto, sem que se d oportunidade de defesa. Isso porque o acusado

    defende-se dos fatos imputados e deve ter a possibilidade de contrari-los.

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    Fato contido implicitamente na denuncia ou queixa significa a circunstancia de fato, que

    apesar de no referida verbalmente na pea inicial, compreendida nos conceitos nela

    expressos. Destarte, se na denuncia imputar matar, implicitamente est imputando causar

    leso corporal; ou, se descreve subtrair para si coisa alheia, est implicitamente tambm

    afirmando causar prejuzo a outrem. Nesses casos, o acusado ao se defender do que estexplicito, tambm se defende do que est implcito, sendo assim no havendo necessidade

    de adotar o procedimento do art. 384, que dispe:

    Encerrada a instruo probatria, se entender cabvel nova definio jurdica do fato, emconsequncia de prova existente nos autos de elemento ou circunstncia da infrao penalno contida na acusao, o Ministrio Pblico dever aditar a denncia ou queixa, no prazode 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de aopblica, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

    1o

    No procedendo o rgo do Ministrio Pblico ao aditamento, aplica-se o art. 28 desteCdigo.

    2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, ojuiz, a requerimento de qualquer das partes, designar dia e hora para continuao daaudincia, com inquirio de testemunhas, novo interrogatrio do acusado, realizao dedebates e julgamento.

    3o Aplicam-se as disposies dos 1o e 2o do art. 383 ao caputdeste artigo.

    4o Havendo aditamento, cada parte poder arrolar at 3 (trs) testemunhas, no prazo de

    5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentena, adstrito aos termos do aditamento.

    5o No recebido o aditamento, o processo prosseguir.

    Se no se proceder ao art. 384 e o juiz proferir sentena, esta jamais poder reconhecer o

    crime diferente que a circunstncia de fato nova caracteriza. Se essa circunstncia aponta

    para crime menos grave, a sentena s poder ser absolutria, porque o mais grave no

    poder ser reconhecido, j que os dados fticos da realidade no correspondem ao que

    estava contido na imputao, e o menos grave tambm no, pois no houve imputao

    quanto a ele. Se a circunstancia nova no contida na denuncia indica frao mais grave,

    evidentemente no poder ser reconhecida sem o procedimento do art. 384 1 , e a

    sentena dever limitar-se a reconhecer a procedncia ou improcedncia do estritamente

    contido na inicial. Assim, se a denuncia foi por furto e, no correr da instruo, se verifica

    que ocorreu violncia, no havendo o aditamento da denuncia, somente poder ser

    reconhecido o furto; se, porm, a denuncia foi corrupo por menores e, no correr da

    instruo , se verifica que houve violncia e , portanto, atentado violento ao pudor ou

    estupro, sem o aditamento no poder ser reconhecido o atentado ao pudor ou estupro, e

    tambm no poder ser reconhecido a corrupo de menores, porque, se na realidade

    ftica, houve violncia, est diferente da captao da vontade ou induzimento que

    caracteriza a corrupo, e o resultado ser absolvio total.

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    A fase do art.384 a ultima oportunidade para fazer a adequao da imputao realidade

    dos fatos, pois o procedimento no pode ser adotado em segundo grau de jurisdio,

    porque haveria supresso de um grau de jurisdio quanto a uma elementar; e porque a

    absolvio sobre o fato far coisa julgada material sobre o fato por completo, ainda que no

    foi julgado inteiro.A lei resolveu expressamente o que a doutrina sustentava quanto inrcia do Ministrio

    Publico. No caso de o juiz rejeitar o aditamento o Ministrio Pblico recorrer no sentido

    estrito, com fundamento no art. 581, I, porque a rejeio do aditamento equivale rejeio

    ou no recebimento da denuncia. Se o juiz proferir sentena tendo rejeitado o aditamento,

    tendo havido recurso, este impede a precluso, de modo que, se for provido pelo tribunal, a

    sentena ser nula, pelo fato de no ter apreciado o aditamento. O aditamento pode ser

    formulado at o momento anterior prolao da sentena e poder ser oral, na audincia,

    caso em que ser reduzido a termo.Como se observa os arts. 383 e 384 disciplinam a correlao imputao-sentena, o

    mesmo acontecendo com o art. 385.Convm ressaltar que, esse ultimo admite que, nos crimes de ao penal publica, o juiz

    venha proferir sentena condenatria, ainda que o Ministrio Publico opine pela absolvio,

    ou ainda, reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.FUNDAMENTOS E EFEITOS DA SENTENA ABSOLUTRIAFundamentos e efeitos civisQuando se trata de sentena absolutria, dever o juiz expor as razes da improcedncia

    da imputao, apontando um dos incisos do art. 386 em que se enquadra a hiptese.Sero examinadas as hipteses e repercusso civil:I-Estar provada a inexistncia do fato:O juiz concluir dessa maneira quando categoricamente estiver convencido de que o fato,

    em sua existncia no mundo da experincia, no ocorreu. Nessa hiptese de absolvio

    criminal faz coisa julgada na esfera cvel, afastando a obrigao de indenizar.II-No haver prova da existncia do fato:Havendo dvida quanto existncia do fato, a absolvio no impedir a ao de

    ressarcimento, em que podero ser feitas outras provas e a cognio do juiz diferente.III-No constituir o fato infrao penal:

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    Ocorrer a absolvio se o juiz reconhecer que o fato atpico, no sendo ilcito penal. A

    indenizao poder ocorrer no civil, pois o que no ilcito no penal pode ser na esfera

    civil.

    IV-Estar provado que o ru no concorreu para a infrao penal:Nesse caso faz coisa julgada no cvel e exclui a indenizao pelo fundamento da autoria,

    pois a sentena penal conclui pela inexistncia do fato em face de algum.V -No existir prova de que o ru tenha concorrido para a infrao:A dvida quanto autoria leva a absolvio, mas no exclui a reparao civil se na ao de

    conhecimento civil o juiz se convencer do contrario.

    VI-Existirem circunstancia que excluam o crime ou isentem o ru da pena ou mesmo sehouver fundado dvida sobre sua existncia.Se a circunstncia subjetiva, ficar a possibilidade de ressarcimento no mbito civil,

    denominada responsabilidade objetiva.Se tratar de legitima defesa, exclui a possibilidade de indenizao, conforme o artigo 930

    par. nico do Cdigo Civil. Se, porm, pelo ato da legitima defesa, foi atingido terceira

    pessoa, este tem direito de indenizao em face do provocador.Essas regras aplicam-se inclusive em hiptese de absolvio pelo jri.Se o excludente o exerccio regular de direito, exclui a possibilidade de indenizao.VII - No existir prova suficiente para a condenao:Esta a hiptese mais comum de absolvio por falta de provas, que deixa totalmente

    aberta a possibilidade de exame da responsabilidade civil, uma vez que a convico penal

    necessita de circunstancias de prova mais intensos que a esfera cvel.Efeitos penais

    Dispe o art. 386 pargrafo nico:Na sentena absolutria, o juiz:

    I - mandar, se for o caso, pr o ru em liberdade;

    II-Ordenar a cessao das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;

    III- aplicar medida de segurana, se cabvel;

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    Toda vez que o ru absolvido ele dever ser colocado em liberdade conforme o inciso I;

    deve ser ordenado a as medidas cautelares aplicadas e tambm que por inimputabilidade

    aplicado medida de segurana, que no plano formal criminal pela absolvio.

    FUNDAMENTOS E CONTEDO DA SENTENA CONDENATRIA

    O art. 387 elenca os requisitos que a sentena condenatria deve respeitar:I- Mencionar as circunstancias agravantes ou atenuantes referidas no Cdigo penal para

    aplicao da pena;II- Aplicar as penas de acordo com essas consideraes, justificando passo a passo.III- Definir fundamendatamente, o primeiro regime de cumprimento da pena privativa de

    liberdade ou a converso desta em multa.IV.- No caso de semi-imputabilidade, dever decidir se haver reduo da pena e

    converso desta em medida de segurana.V - Decidir sobre a converso, ou no da suspenso condicional da pena nos casos que a

    lei admite.VI - Dever decidir fundamentadamente, se o acusado poder apelar em liberdade.VII -Dever determinar a expedio de mandado de priso ou recomendar o ru na priso

    em que se encontra, porque muda o titulo de sua priso.

    VIII - Dever arbitrar fiana se o crime for afianvel e se sob ela que deve permanecer o

    acusado em liberdade.

    IX - Fixar o mnimo para reparao dos danos causados pela infrao.DA INTIMAO DA SENTENA

    A sentena o ato jurisdicional pronto e acabado quando o juiz a publica em mo do

    escrivo ou quando assinado o termo de audincia em que foi proferida. A publicao em

    mo do escrivo a entrega formal ao serventurio que torna a sentena publica, devendo,

    em seguida, haver intimao das partes.A intimao, que o ato de comunicao processual, tem por finalidade dar cincia as

    partes do teor da sentena, para que posam, se quiserem, recorrer, e para que possa,inexistindo recurso ou esgotado este, ocorrer a coisa julgada.

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    Os arts. 390 a 392 institui regras para a intimao da sentena para que ocorram os efeitos

    mencionados. Essas regras devem ser cumpridas independentemente da presena ou

    revelia do ru com todos os procedimentos especficos, sob pena da sentena no transitar

    em julgado.DA COISA JULGADA

    A coisa julgada formal se d quando esto esgotados todos os recursos cabveis. Todas as

    decises terminativas fazem coisa julgada formal quando extintas as vias recursais.As sentenas de mrito fazem uma vez esgotados os recursos, tambm coisa julgada

    material, que a imutabilidade da sentena ou de seus efeitos, no s no mesmo processo

    porque se extinguiram as vias recursais, mas tambm acarretando proibio de outra

    deciso sobre a mesma causa.As sentenas de mrito que recebero tratamento quanto estabilidade, impossibilidade

    de modificao ou repetio da mesma ao penal.So elas:I- A deciso que decreta a extino da punibilidade;

    II- A deciso que rejeita a denuncia porque o fato atpico ou no procedimento dos

    art. 513 e ss, o juiz verifica a inexistncia de crime ou improcedncia da ao em virtude de

    legalidade do ato;Quanto aos limites subjetivos da coisa julgada, no processo penal e irrelevante o plo ativo.O que importa para a coisa julgada, portanto, o plo passivo, a pessoa do ru em face de

    determinado fato, observando-se porem que relevante a identidade fsica do acusado, e

    no ou seu prprio nome ou identidade formal. Nessa circunstancia, a identificao fsica

    deve ser cuidadosamente analisada, por causa da possibilidade de nomes idnticos, o que

    comum entre criminosos profissionais