sentença luiz vieira - maus tratos a animal

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ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE XANXERÊ VARA CRIMINAL _______________________________________________________________________________________________________________ Gabinete do Juiz de Direito André Luiz Bianchi Página 1 de 8 Endereço: Rua Victor Konder, 898, Centro - CEP 89820-000, Fone: (49) 3441-7174, Xanxerê-SC - E-mail: [email protected] Autos n° 0008399-75.2013.8.24.0080 Ação: Ação Penal - Procedimento Sumaríssimo/PROC Autor: Ministério Público Acusado: Luiz Vieira S E N T E N Ç A Dispensado o relatório, na forma do art. 81, § 3.º, da Lei n. 9.099/95. FUNDAMENTAÇÃO Tratam os autos de ação penal pública incondicionada, em que o Ministério Público imputa ao acusado Luiz Vieira a prática do crime tipificado no art. 32 da Lei n. 9.605/98. Prevê o tipo penal em epígrafe: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. A materialidade do crime está demonstrada pelo termo circunstanciado de fls. 2-7 e laudo clínico de fl. 17. A autoria também ressai cristalina dos elementos probantes obtidos nos autos. O acusado Luiz Vieira, ao ser interrogado na fase judicial, confirmou que desferiu os golpes de facão no animal, mas disse que assim procedeu para defender a si e as crianças que estavam no local. Informou que a cachorra entrou em sua

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sentença condena réu por maus tratos a cachorro

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Page 1: Sentença luiz vieira - maus tratos a animal

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_______________________________________________________________________________________________________________Gabinete do Juiz de Direito André Luiz Bianchi Página 1 de 8Endereço: Rua Victor Konder, 898, Centro - CEP 89820-000, Fone: (49) 3441-7174, Xanxerê-SC - E-mail: [email protected]

Autos n° 0008399-75.2013.8.24.0080 Ação: Ação Penal - Procedimento Sumaríssimo/PROC Autor: Ministério Público Acusado: Luiz Vieira

S E N T E N Ç A

Dispensado o relatório, na forma do art. 81, § 3.º, da Lei n.

9.099/95.

FUNDAMENTAÇÃO

Tratam os autos de ação penal pública incondicionada, em que o

Ministério Público imputa ao acusado Luiz Vieira a prática do crime tipificado no art. 32

da Lei n. 9.605/98.

Prevê o tipo penal em epígrafe:

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

A materialidade do crime está demonstrada pelo termo

circunstanciado de fls. 2-7 e laudo clínico de fl. 17.

A autoria também ressai cristalina dos elementos probantes

obtidos nos autos.

O acusado Luiz Vieira, ao ser interrogado na fase judicial,

confirmou que desferiu os golpes de facão no animal, mas disse que assim procedeu para

defender a si e as crianças que estavam no local. Informou que a cachorra entrou em sua

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casa com uma galinha na boca e a fim de fazer com que o animal largasse referida ave,

bem assim saísse do local, pegou uma foice e "cutucou" a cachorra. Frisou que as galinhas

são utilizadas no sustento da família (fl. 53).

O policial militar Anderson Carlos Cunico, que atendeu a

ocorrência, relatou que ao chegar no local dos fatos encontrou a cachorra amarrada em

uma cerca, com cortes lacerantes no rosto. Contou que a foice utilizada na agressão foi

encontrada na residência do réu e estava suja de sangue. Relatou que o réu disse que a

cachorra tentou comer uma galinha e por este motivo desferiu os golpes de facão. Por

fim, destacou que a veterinária que prestou o atendimento informou que o animal corria

risco de morte (fl. 53).

A testemunha Patrícia Fagundes, voluntária do Grupo Bem Estar

Animal, declarou em juízo que o grupo recebeu a informação de que um cachorro havia

sido ferido. No entanto, o grupo não foi até o local dos fatos porque a polícia já havia

encaminhado o animal para uma clínica veterinária. Então, foram até referida clínica onde

verificaram que o estado era grave, já que a cachorra estava com a face deformada e corria

o risco de ficar cega de um olho, circunstância que veio a se concretizar. Posteriormente

teve conhecimento de que o agressor era Luiz Vieira, o qual possuiu histórico de maus-

tratos a animais (fl. 53).

O informante Aristides Vieira, pai do réu, narrou que a cachorra

entrou na casa com uma galinha na boca, frisando que no local haviam algumas crianças.

Mencionou que em virtude disso o réu pegou uma foice e "cutucou" a cachorra para

defender as crianças e retirar a galinha quando, então, ela avançou. Informou que o animal

apareceu no local após seguir sua carroça e que antes do fato não o tinha visto avançar ou

morder alguém (fl. 53).

Portanto, da prova amealhada aos autos não há dúvida de que o

acusado agrediu o animal com golpes de facão.

De outro lado, a defesa pugna por sua absolvição ao argumento de

que o acusado apenas desferiu os golpes de facão para defender a si e as crianças que se

encontravam no local, não tendo a intenção de maltratá-lo.

Sobre esse ponto, prevê o art. 24 do Código Penal que: "considera-

se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não

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provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,

cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se".

Nesse sentido, da lição de Luiz Regis Prado:

É indispensável que o ato agressivo seja consciente e voluntário, com o objetivo de lesar o bem jurídico. No caso de realização por simples culpa, movimentos corporais em que esteja ausente a ação, ou por ataques de animais, cumpre invocar o estado de necessidade (art. 24, CP). [grifei] (Curso de Direito Penal Brasileiro, 7. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, vol. 1, p. 404).

Cezar Roberto Bitencourt ensina que para a aplicação da referida

excludente é necessário o preenchimento de requisitos, tais como:

Existência de perigo atual e inevitável; não-provocação voluntária do perigo; inevitabilidade do perigo por outro meio; inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado; direito próprio ou alheio; elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; ausência de dever legal de enfrentar o perigo. (Tratado de Direito Penal. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2008, v. 1, p. 315).

O acusado afirmou que "cutucou" o animal com uma foice para

que este largasse a galinha que trazia na boca, bem assim para que não agredisse as

crianças que se encontravam no local.

Ocorre que o réu não preenche um dos requisitos, já que a

cachorra somente ficou agressiva após ser "cutucada". Logo, ainda que houvesse situação

de perigo, esta foi provocada pelo próprio réu, o que desconfigura o estado de

necessidade.

Ademais, fica difícil conjecturar como que o animal poderia ferir

alguém já que carregava uma galinha em sua boca. Além do mais, o réu afirmou que o

animal rangia enquanto estava com a galinha na boca, mas em nenhum momento

mencionou de que maneira a cachorra teria tentado investir contra si ou contra as crianças

que lá estavam.

Portanto, além do acusado não ter comprovado que agiu em estado

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de necessidade, não existe nos autos qualquer elemento que o leve a tal conclusão. Pelo

contrário, pelas provas amealhadas nos autos, dessume-se que o acusado desferiu golpes

de facão contra a cachorra, causando-lhe várias lesões, sem que esta tenha sequer lhe

agredido.

Frise-se que é incumbência da parte o ônus de provar a excludente

de ilicitude, como preceitua o art. 156 do Código de Processo Penal e conforme ensina

Fernando da Costa Tourinho Filho: "[...] Se o réu invoca um álibi, o ônus da prova é seu.

Se argüi legítima defesa, estado de necessidade, etc., o ônus probandi é inteiramente seu

[...] Se alegar e não provar, a decepção também será sua" (Código de Processo Penal Comentado.

4. ed., São Paulo: Saraiva, 1999, v. I, p. 356).

Ademais, cumpre destacar, ainda que estivesse na iminência da

agressão, não haveria como se reconhecer a excludente do estado de necessidade, haja

vista verificar-se, de plano, a desproporção entre as condutas de ação e reação, uma vez

que se apesar de se tratar de um animal de grande porte, pelas fotos carreadas nos autos

nota-se que foram desferidos vários golpes, tendo o laudo clínico médico-veterinário

assim descrito: "ao realizar a avaliação clínica, pode-se observar que a paciente

apresentava várias mutilações proferidas por objeto cortante. [...] O animal apresentava

lacerações gravíssimas na face, pescoço e membros (conforme as imagens em anexo)" (fl.

17).

E mais adiante esclareceu: "Em relação as lacerações encontradas, o

corte mais profundo foi o da face, próximo ao plano nasal e olho esquerdo, este provocou

protusão do olho esquerdo, sendo possível visualizar os ossos da face. Além de ter

atingido o nervo óptico, tendo como consequência a cegueira unilateral permanente do

animal" (fl. 17).

Convém destacar que esse não é um fato isolado na vida do réu,

visto que já foi definitivamente condenado nos autos n. 080.12.004906-6, também em

virtude de ter ferido cruelmente um cachorro com golpes de facão.

Ainda, ao contrário do alegado pela defesa, a pobreza não serve

para justificar a conduta criminosa perpetrada pelo réu, pois se assim o fosse seria o

mesmo que autorizar a prática delituosa a todos aqueles que se encontrem em precárias

condições financeiras.

Diante disso, de rigor a condenação do réu Luiz Vieira como

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incurso nas sanções do art. 32 da Lei n. 9.605/98.

PASSO À FASE DE FIXAÇÃO DA PENA.

I. Circunstâncias judiciais

Embora censurável, a conduta do réu não possui alto grau de

reprovabilidade. O réu não é portador de maus antecedentes, assim entendidos – em face

do princípio constitucional da presunção de inocência – como condenações criminais

transitadas em julgado antes dos fatos e que não constituam reincidência (fls. 9-12).

Inexistem fatos que desabonem a conduta social do réu. Inexiste estudo técnico nos autos

que permita avaliar a personalidade do réu. Os motivos do crime são inerentes à espécie

delitiva. As circunstâncias do delito não justificam a elevação da pena base. As

consequências ensejam a majoração da pena, uma vez que o animal sofreu "cegueira

unilateral permanente" do olho esquerdo, conforme atesta o laudo médico-veterinário de

fl. 17. Descabe falar em comportamento da vítima no delito em comento.

Deste modo, na análise das operadoras do artigo 59 do CP, com

base na necessidade e suficiência para a prevenção e reprovação do delito, fixo a pena

base acima do mínimo legal, em atenção as consequências do crime, quantificando-a, nos

termos do art. 32 da Lei n. 9.605/98, em 3 (três) meses e 15 (quinze) dias de

detenção e 12 (doze) dias-multa, no valor individual de 1/30 (um trigésimo) do

salário mínimo vigente à época dos fatos, considerando, para tanto, as condições

financeiras do réu.

II. Circunstâncias legais

Presente a agravante da reincidência, nos termos do art. 61, inc. I,

do CP, tendo em vista que o réu cometeu o crime após o trânsito em julgado da sentença

condenatória proferida nos autos n. 080.01.004424-8 da Comarca de Xanxerê (SC) (fls.

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9-10) - não tendo decorrido, em relação a essa condenação, o prazo de que trata o art. 64,

inc. I, do Código Penal, pois a pena foi extinta em 10/10/2011.

É de se registrar – por oportuno – que a confissão qualificada,

como a verificada nos autos, não dá ensejo ao reconhecimento da atenuante prevista no

art. 65, inc. III, "d", do CP.

Segundo a jurisprudência: "Exige a lei que para ser reconhecida a

atenuante da confissão espontânea deve ser ela completa e movida por um motivo moral,

altruístico, demonstrando arrependimento, não se admitindo quando o réu, confessando a

autoria, alega versão justificativa ou excludente de antijuridicidade, legítima defesa ou erro

de fato" (Apelação Criminal n. 2003.000369-0, Des. Solon d'Eça Neves, j. 27.10.2003).

Diante disso, agravo a pena em 1/6 (um sexto), fixando a pena

provisória em 4 (quatro) meses e 2 (dois) dias de detenção.

Mantenho a pena de multa fixada na fase anterior, porquanto as

circunstâncias legais não influem em sua quantificação.

III. Causas de aumento e diminuição de pena

Inexistem causas de aumento ou diminuição de pena a serem

consideradas, razão pela qual fixo a pena definitiva em 4 (quatro) meses e 2 (dois) dias

de detenção e 12 (doze) dias-multa, no valor individual de 1/30 (um trigésimo) do

salário mínimo vigente à época dos fatos.

IV. Regime de cumprimento de pena

Tendo em vista a reincidência do acusado, a pena privativa de

liberdade deverá ser executada inicialmente em regime semiaberto (art. 33, § 2º, "b", do

Código Penal).

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V. Substituição da pena privativa de liberdade e suspensão

condicional da pena

Incabíveis a substituição da pena privativa de liberdade aplicada e a

suspensão condicional da pena por ser o reú reincidente em crime doloso, nos termos do

art. 44, inc. II e § 3º, e art. 77, inc. I, ambos do CP.

DISPOSITIVO

Ante os fatos e fundamentos expostos, julgo procedente a

pretensão punitiva estatal para o fim de condenar o réu Luiz Vieira, qualificado, à pena

de 4 (quatro) meses e 2 (dois) dias de detenção, em regime semiaberto, e ao

pagamento de 12 (doze) dias-multa, no valor individual de 1/30 (um trigésimo) do

salário mínimo vigente à época dos fatos, dando-o como incurso nas sanções do art. 32 da

Lei n. 9.605/98, c/c art. 61, I, do Código Penal.

Deixo de condenar o réu ao pagamento das despesas processuais,

por ser beneficiário da Lei n. 1.060/50.

A pena de multa deverá ser paga na forma do art. 50 do CP, no

prazo legal de 10 (dez) dias, a contar do trânsito em julgado da sentença.

Fixo em R$ 532,00 (quinhentos e trinta e dois reais) o valor

mínimo de reparação em favor do Grupo Bem Estar Animal (fl. 40).

Oportunamente, após o trânsito em julgado da presente sentença:

a) lance-se o nome do réu no rol dos culpados;

b) forme-se o PEC para execução da(s) pena(s) (CNCGJ, art. 315 e

s.s), devendo ser formado PEC provisório, após o trânsito em julgado para a acusação,

quando se tratar de réu preso (CNCGJ, art. 321 e s.s);

c) comunique-se à Corregedoria-Geral de Justiça e à Justiça

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Eleitoral desta cidade (CF, art. 15, inc. III).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Transitada em julgado, arquivem-se.

Xanxerê (SC), 18 de agosto de 2014.

André Luiz Bianchi Juiz de Direito