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A APLICAÇÃO DA LEI PARA QUEM PRATICAR MAUS-TRATOS CONTRA OS ANIMAIS
THE APPLICATION OF THE LAW FOR THOSE WHO PRACTICE MISUSE OF
ANIMALS
Luana Leite Carvalho1
Letícia Vivianne Miranda Cury2
RESUMO
O artigo versa acerca da proteção animal e o combate à prática de maus-tratos contra animais, com o intuito de conscientizar, através do ordenamento jurídico, que essa prática não pode mais ser tolerada na sociedade. Este tema se revela de grande importância, pois os animais são passáveis de direitos, que serão abordados pelo Projeto de Lei nº 27/2018, aprovado pelo Senado, o Projeto de Lei nº 2.833/2011 e a Lei nº 9.605/1998. Além disso, o tema refere-se à prática de diversos tipos de crueldades praticadas contra os animais diariamente. Nesse sentido, é de suma importância a denúncia contra aqueles que praticam maus-tratos, para que possam ser punidos conforme é previsto na lei, e para que a autoridade policial possa combater tais práticas cometidas contra os animais. Esta pesquisa se dá pelo método exploratório, com a abordagem qualitativa descrevendo a complexidade do problema e a interação de variáveis, através do método indutivo que corresponde à extração discursiva do conhecimento a partir de premissas gerais aplicáveis a hipóteses concretas. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, será elaborada pesquisa bibliográfica, por meio de doutrinas, artigos, sites.
Palavras-chaves: Animais. Maus-tratos. Lei. ABSTRACT
The article deals with animal protection and combating the practice of mistreatment of animals, in order to raise awareness, through legal order, that this practice can no longer be tolerated in society. This theme reveals great importance, as animals are subject to copyright, which will be dealt with by Bill 27/2018, approved by the Senate, Bill 2,833 / 2011 and by Law 9,605 / 1998. In addition, the theme refers to the practice of various types of cruelties practiced against daily animals. In this sense, it is of utmost importance to denounce those who practice ill-treatment, for whom they
1Graduanda do Curso de Direito do Centro Universitário São Lucas. Porto Velho / RO, 2020. 2Professora orientadora do Centro Universitário São Lucas.
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can be punished according to the law provided, and for the police authority to use such practices committed against animals. This research provides the exploratory method, with a qualitative approach that describes the complexity of the problem and the interaction of variables, using the inductive method that corresponds to the discursive extraction of knowledge from general premises of general use of concrete hypotheses. From the point of view of technical procedures, bibliographic research will be elaborated, through doctrines, articles, websites.
Keywords: Animals. Mistreatment. Law.
INTRODUÇÃO
A crueldade imposta pelo homem aos animais, se valem das mais sórdidas e
maléficas formas para satisfazer suas vontades, seja utilizando-os como objetos,
cobaias, escravos ou, até mesmo, deles se alimentando.
Nesse sentido, é necessário analisar a aplicação da punição pela pratica do
crime de maus-tratos aos animais prevista no art. 32 da Lei de Crimes Ambientais,
imposta quem praticar maus-tratos ou atos de abuso contra animais. Referida norma
decorre diretamente do mandamento constante no art. 225, §1º, inciso VII da
Constituição Federal de 1988, que determina a proteção da fauna e veda a
crueldade contra os animais. E a aplicação do Projeto de Lei nº 27/2018, aprovado
pelo Senado, e do Projeto de Lei nº 2.833/2011.
Diante disso, surge a seguinte problemática: por meio da aplicabilidade das
Leis, a proteção dos animais, será de fato, possível?
As hipóteses da problemática: será possível a criminalização de atos de
crueldade contra animais; o combate a atitudes violentas contra os animais; a
aplicabilidade das leis de forma eficaz.
Ademais, a escolha do tema refere-se à prática de diversos tipos de
crueldades praticadas contra os animais diariamente. Nesse sentido, é de suma
importância a denúncia contra aqueles que praticam maus-tratos, para que possam
ser punidos conforme é previsto na lei, e para que a autoridade policial possa
combater tais práticas cometidas contra os animais.
Destarte que, o objetivo geral é abordar acerca do tema exposto, buscando
expandir o conhecimento das leis existentes de proteção aos animais, divulgando
também as medidas cabíveis quanto aos maus-tratos praticados contra os animais,
bem como as necessidades de aprimoramento da legislação para que seus efeitos
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sejam eficazes.
Já os objetivos específicos são: estudar as Leis vigentes que tornam mais
eficaz a execução no processo quanto aos maus-tratos aos animais; analisar
posições doutrinárias favoráveis e contrárias ao pensamento norteador deste
projeto, verificando pontos relevantes em cada um deles; identificar as formas de
criminalização e a proteção dos animais no combate ao crime de maus-tratos aos
animais.
Quanto ao procedimento metodológico, esta pesquisa se dá pelo método
exploratório, com a abordagem qualitativa descrevendo a complexidade do problema
e a interação de variáveis, através do método indutivo que corresponde à extração
discursiva do conhecimento a partir de premissas gerais aplicáveis a hipóteses
concretas. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, será elaborada pesquisa
bibliográfica, por meio de doutrinas, artigos, sites.
1 DA CRIMINALIZAÇÃO E PROTEÇÃO DOS ANIMAIS
A prática dos maus-tratos não é a única forma de crimes contra os animais.
A Lei 9.605 (BRASIL, 1998) traz um rol de delitos cometidos contra a fauna e a flora,
que derivam dos mesmos princípios de proteção já comentados.
Desta forma o artigo 32 da Lei 9.605 (BRASIL, 1998) prevê como crime a
prática de abuso, ferimentos ou mutilações contra animais, vejamos:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Ocorre que esta pena não é considerada suficiente para que sejam evitados
os crimes contra os animais, mesmo que aumentada, considerando que muitos
casos ocorrem com emprego de absurda crueldade, tortura e muitas vezes por
motivos fúteis, devendo tal pena ser reformada e aumentada, por estes animais
serem indefesos e dependentes dos seres humanos.
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1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROTEÇÃO DOS ANIMAIS
De acordo com Lima (2020, p. 01) o homem sempre veio se relacionando
com os animais. Atualmente, essas relações com os animais vêm evoluindo,
vejamos:
É notório que desde os primórdios dos tempos seres humanos e animais possuem uma estreita ligação, mantendo entre si uma relação, pode-se dizer, indissociável. É bem verdade que no princípio este relacionamento se dava – tão somente – pelo instinto de sobrevivência do homem, sendo o animal simplesmente seu objeto de caça e pesca cuja finalidade era saciar a fome, garantindo sua própria vida, ainda que para isto, a vida do animal não humano devesse ser sacrificada.
No início a vida do animal não tinha muita importância, por ser considerado
como um objeto que era utilizado para todas as necessidades do homem. Deste
modo, o animal era simplesmente utilizado como objeto, a fim de atender as mais
variadas necessidades, como já mencionado.
Ademais, o animal era considerado simples objeto, sendo considerado pelo
filósofo Réne Descartes, apud Sanches (2020) no século XVII como “seres
comparados às máquinas, reproduzindo tão somente comandos e comportamentos
de seu dono”.
Esse comportamento imposto ao animal era considerado uma forma de
maus-tratos, visto que não era imposto um limite na forma de tratamento e utilização
dos animais diante das condutas do homem.
Contudo, ocorreu a evolução e mudanças no que tange não só ao conceito
do animal não humano, mas aquelas ligadas ao relacionamento dos animais e dos
seres humanos. Visto que o animal passou a ser tratado como um “animal de
estimação” com os devidos tratamentos humanizados.
Com a promulgação da Constituição Federal (BRASIL, 1988), ficou previsto
a preocupação com o meio ambiente, bem como a proteção dos animais que fazem
parte do meio ambiente, dispondo em seu art. 225, inciso VII:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defende-la e preserva-la para os presentes e futuras gerações. VII – proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei [...]
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Resta assim à humanidade se sensibilizar e ter consciência sobre a vida dos
animais, devendo protegê-los, uma vez que estes também são capazes de
sentimentos, tais como, de dor, de alegria, de carinho, de afeto, de fome, de tristeza,
de abandono.
Ademais, relata Silva (2020, p. 01) que os dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) apontam que “as famílias brasileiras já possuem os
animais de estimação em parte da grande maioria dos lares”.
Os animais há muito tempo deixaram de ser vistos como mera propriedade,
passando a ser parte integrante da família, expressão de que de fato os seres
humanos têm estabelecido fortes laços afetivos com os animais de estimação.
Portanto, os animais de estimação ganham cada vez mais espaço nos lares
familiares. As relações afetivas se apresentam como um dos mais importantes
sentimentos que o homem desfruta ao longo de toda sua vida.
1.2 ASPECTOS SOCIOLÓGICOS DA PROTEÇÃO DOS ANIMAIS
A importância dos animais se torna cada dia mais evidentes em diversos
aspectos da vida, como companhia, bem-estar, saúde, segurança, entre outros.
Segundo a reportagem do Jornal o Globo (2020) a vice-diretora Maria
Cristina Scandiuzzi do hospital de Apoio, na Asa Norte, em Brasília, informa que a
terapia com os animais tem ajudado na recuperação: “Havia pacientes aqui que não
sorriam há um bom tempo. E com esse contato com animais, eles voltaram a sorrir. De
certa forma, o animal atuou como um facilitador e permitiu que a terapia médica fosse
mais efetiva.”
Os seres humanos por falta de sensibilidade por estar visando apenas
benefício próprio, foram se aproveitando ao longo do tempo abusando e explorando
os animais, que deveriam por direito, obter proteção, cuidados e abrigo.
1.3 PROTEÇÃO DOS ANIMAIS NO DIREITO COMPARADO
A Constituição Federal suíça de 1999 contém várias normas que dizem
respeito aos animais. A referida Constituição refere-se aos animais em vários
artigos, sendo alguns deles, como o art.74 que trata da proteção do meio ambiente.
Conforme Carvalho (2020, p.01):
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A Confederação prescreve disposições sobre a proteção do homem e de seu ambiente natural dos efeitos prejudiciais e importunos. Empenha-se para que tais efeitos sejam evitados. Pelos custos oriundos da evitação e eliminação respondem os autores. A execução das disposições é da competência dos cantões, desde que a lei não a reserve para a Confederação.
Desta forma, a Suíça não possui uma legislação específica acerca dos
crimes cometidos contra os animais, apenas dispõe na Constituição que os autores
responderão pelos custos oriundos da evitação e da eliminação.
A autora Gandra (2020) informa que a organização não governamental
Proteção Animal Mundial avaliou que o Brasil tem grande número de leis de
proteção animal, como a Lei Federal 9.605 (BRASIL, 1998), que indica que atos de
abuso, maus-tratos, mutilação para qualquer animal, seja ele silvestre ou doméstico,
é considerado crime.
Porém, como na Suíça, o Brasil também não possui legislação especifica,
somente alguns trechos de legislações que informam sobre o direito do meio
ambiente, e sobre a importância da vida animal. Já para Alana Gandra (2020), a
Inglaterra foi o primeiro país a criar uma legislação de proteção animal ainda no
século XIX e pode ser considerado modelo nessa questão.
Desta forma, verificamos que na Inglaterra a proteção dos animais é de
suma importância para a sociedade, devido a forma em que esses animais foram
criados pelos indivíduos dessa sociedade, ficando claro que a educação é a base de
tudo, além do respeito à vida dos seres vivos, pois é considerado fundamental na
relação entre o homem e o animal.
1.4 LEGISLAÇÃO VIGENTE DA PRÁTICA DE MAUS-TRATOS CONTRA OS
ANIMAIS
Para buscar os direitos dos animais e garantir proteção, é necessário a
existência de leis específicas sobre o crime de maus-tratos contra animais, sendo a
Constituição a mais importante, uma vez que não existe previsão legal que trate
sobre os direitos dos animais.
Ademais, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) traz somente à proteção ao
Meio Ambiente, que possui um capítulo especifico, e designou o representante do
Ministério Público como porta-voz daqueles que não podem se manifestar
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juridicamente.
De acordo com Santos Filho apud por Livia Lamas (2020), não obstante
essa ausência de preocupação específica, há dificuldades para efetiva proteção dos
direitos animais garantidos constitucionalmente, quais sejam, o conceito de “animal”
e o conceito de “crueldade”. Atualmente, não há qualquer legislação vigente que
defina claramente estes dois conceitos.
Sendo assim, o conceito de crueldade animal deve ser definido penalmente
para que assim possa garantir a proteção dos animais por meio da criação de uma
legislação.
Já o Código Civil (BRASIL, 2020) se refere aos animais no livro do direito
das coisas, considerando-os bens, coisas, ou seja, “sua condição é comparável à de
um escravo humano sob o sistema socioeconômico da escravidão” conforme
entendimento de Aboglio apud por Livia Lamas (2020), onde o homem pode deles
usar, gozar, usufruir e dispor.
Portanto, para se obter a proteção dos animais, deverá ter uma legislação
específica para tanto, não devendo ser comparado a uma “coisa” como previsto no
Código Civil, mas sim a um “ser” que deve ter seus direitos e garantias preservados.
1.4.1 O projeto de Lei nº 2833/2011
O Projeto de Lei 2833 (BRASIL, 2011) possui o intuito de aumentar as penas
para quem cometer crimes contra os animais, a Câmara Federal analisará a
proposta para que se torne crime os maus-tratos contra cães e gatos, com objetivo
de proteger a saúde, a vida e a integridade dos animais, conforme dispõe a redação,
vejamos:
Art. 1º. Esta Lei criminaliza condutas praticadas contra cães e gatos, que atentem contra a vida, a saúde ou a integridade física ou mental desses animais. Art. 2º. Matar cão ou gato: Pena – reclusão, de cinco a oito anos.§1º.[...].§2º.[...].§3º. Se o crime é cometido com emprego de veneno, fogo, asfixia, espancamento, arrastadura, tortura ou outro meio cruel: Pena – reclusão, de seis a dez anos.§4º. Se o crime é culposo: Pena – detenção, de três a cinco anos.[...].
São considerados, portanto, que os atos de maus-tratos contra os animais é
crime, visto que atenta a vida, saúde e integridade física e mental dos animais,
penalizando o indivíduo por meio de penas de reclusão de cinco a oito anos ou
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reclusão de dez meses a dez anos, em casos de violência mais gravosa, e também
detenção de três a cinco anos em caso de crime sem conduta dolosa.
De acordo com o Deputado Ricardo Trípoli apud por Celia Cristina Muraro e
Darlei Novais Alves (2020, p.01), a respeito do Projeto de Lei 2833 (BRASIL, 2011):
A criminalização de atos de crueldade contra animais se justifica pelo fato de que o início da prática criminosa e o desprezo pela vida do outro se inicia com a agressão contra indefesos. “Cães e gatos são dotados de sistema neurosensitivo, o que os torna receptivos a estímulos externos e ambientais e os sujeita à condição de vítima em casos de maus-tratos”, argumenta. Segundo o autor, o crescimento das redes sociais vem contribuindo de maneira decisiva para tornar públicos os casos de crueldade contra animais. “Cada vez mais, casos de agressão a animais são noticiados, o que acaba estimulando a opinião pública a demandar ações que punam com mais rigor tais atos.
Desta forma, com a aprovação do Projeto de Lei, as penas passam a ser
elevadas e justas, visto que os agressores pensarão duas vezes antes de cometer
crimes contra os animais.
Além disso, o presente projeto de Lei está em tramitação, aguardando
proposição que está sujeita à apreciação do plenário.
1.4.2 Projeto de Lei nº 27/2018
O Projeto de Lei nº 27 (BRASIL, 2018) foi aprovado pelo Senado, que prevê
que os animais não poderão ser tratados como objetos, visto que são considerados,
seres que têm sentimentos, neste sentido, também possuem seus direitos. O intuito
do Projeto de Lei é garantir os direitos dos animais domésticos e silvestres.
Além disso, a Lei dos Crimes Ambientais (BRASIL, 2018) prevê que os
animais não sejam considerados como bens móveis como e descrito nos termos do
Código Civil, e sim como animais não humanos. Uma vez que o referido Projeto de
Lei não afetará hábitos de alimentação ou práticas culturais, mas irá garantir os
direitos dos animais, bem como, buscar um entendimento mais efetivo para
legislação brasileira sobre o tratamento do animal.
Portanto, o Projeto de Lei ora mencionado, é de suma importância, visto que
garante os direitos dos animais, passando a ter previsão de um ser não humano ao
invés de ser considerado como “uma coisa”.
Como mencionado anteriormente, o presente projeto foi aprovado pelo
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plenário da Câmara dos Deputados em 07 de agosto de 2019, sendo assim, está em
vigor o que termo “coisa” não é aplicado como forma de conceituar os animais.
1.4.3 Projeto de Lei nº 470/2018
O Projeto de Lei nº 470 (BRASIL, 2018) propõe penalizar os indivíduos que
praticarem atos de maus-tratos aos animais, por meio do aumento da pena de um
para três anos de detenção, mesmo que o ato seja cometido por negligência do
indivíduo. Vejamos:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, ainda que por negligência: Pena- detenção, de um a 3 anos, e multa. (...) § 3º Os estabelecimentos comerciais que concorrerem para a prática de maus-tratos, direta ou indiretamente, ainda que por omissão ou negligência, serão penalizados com multa no valor de um a mil salários mínimos, a serem aplicados em entidades de recuperação, reabilitação e assistência de animais, observados os seguintes critérios: a) A gravidade e extensão da prática de maus-tratos; b) A adequação e proporcionalidade entre a prática de maus tratos e a sanção financeira; c) A capacidade econômica da corporação sancionada. § 4º A sanção prevista no parágrafo anterior será dobrada a cada hipótese de reincidência.
Desta forma, mesmo que o indivíduo tenha cometido o ato de forma
negligente contra o animal, poderá ser condenado, ainda que tenha agido de forma
culposa. Fica claro que se o indivíduo não cuidar do animal e não evitar que
determinada situação aconteça, neste caso ele agiu de forma negligente, como
exemplo, se o indivíduo esquecer de dar água ou alimento ao seu animal.
Ademais, o Projeto de Lei nº 470 (BRASIL, 2018) também menciona a
responsabilidade dos estabelecimentos comerciais que cometerem a prática de
maus-tratos, ou seja, agirem de forma negligente, desta forma, acarretará em multa
de um a mil salários mínimos, a depender da gravidade. E em caso de reincidência
as sanções podem ser dobradas. E os valores recebidos provenientes de multas
aplicadas aos agressores de animais, são direcionados para organizações que
visam proteger e cuidar dos animais.
Portanto, com a aplicação de penalidade contra os indivíduos que
cometerem atos de maus-tratos aos animais, será possível uma erradicação de
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“certa forma”, visto as sanções impostas pelo Projeto de Lei nº 470 (BRASIL, 2018),
já aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados no dia 19 de dezembro de
2018.
1.5A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 88 E A PROTEÇÃO AOS ANIMAIS
Inicialmente, cabe mencionar que a Constituição Federal (BRASIL, 1988)
possui o intuito de garantir o dever de proteção aos animais, sendo assim, criou
mecanismos para que seja cumprido com esse dever, por meio da tutela penal.
Ocorre que as leis que possuem previsão sobre o combate ao crime de
maus-tratos aos animais, não são adequadas à tutela penal dos animais, tendo em
vista que a fixação de penas excessivamente brandas pode não atingir o resultado
preventivo esperado pelo Direito Penal (CONSTANTINO, 2020, p. 122).
Neste sentido, é oportuno mencionar que o autor Santiago (2017), possui o
entendimento de que é necessário que se obtenha uma lei mais rigorosa e que a
legislação penal seja aplicada de fato, para que possa aplicar com efetividade o
Direito Penal Ambiental.
Além disso, as leis que visam proteger os animais, principalmente os
domésticos, não se vislumbra real repressão contra a prática do crime de maus-
tratos, uma vez que a pena é extremamente baixa e possibilita diversassubstituições
que visam a reparação do dano ambiental.
Portanto, verifica-se que a proteção dos animais contra a prática de maus-
tratos, possui, de fato, uma carga simbólica, uma vez que não é garantida a proteção
e a aplicação das leis aos autores das práticas de crimes contra os animais,
dificultando e desrespeitando os princípios constitucionais de proteção aos animais
vítimas de maus-tratos.
1.6 A EFETIVIDADE DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS
A prática dos maus-tratos não é a única forma de crimes contra os animais.
A Lei 9.605 (BRASIL, 1998) traz um rol de delitos cometidos contra a fauna e a flora,
que derivam dos mesmos princípios de proteção já comentados. Porém, o crime de
maus-tratos atualmente representa a maior preocupação, assim como o abandono, a
falta de estrutura das cidades, do governo em geral, além da super polução de
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animais nas ruas, o que acarreta maus-tratos, atropelamentos, disseminações de
doenças, etc.
A pena prevista para este crime é de detenção de três meses a um ano, e
multa, sendo a pena aumentada se resulta a morte do animal, atos que acontecem
diariamente em todo país, conforme previsto no artigo 32 da Lei nº 9.605/98.
Desta forma, as sanções penais aplicadas aos crimes contra os animais
possuem sua eficácia limitada, visto que a pena não é considerada suficiente para
que seja evitado os crimes contra os animais, mesmo que aumentada, considerando
que muitos casos ocorrem com emprego de absurda crueldade, tortura e muitas
vezes por motivos fúteis, devendo tal pena ser reformada e aumentada, por estes
animais serem indefesos e dependentes dos seres humanos.
De acordo com Batista (2020, p. 01), para que possa haver uma eficácia
plena das sanções impostas aos indivíduos que cometem os atos de maus-tratos
aos animais:
É necessário que seja feito algumas mudanças, principalmente com relação a conscientização dos doutrinadores de direito, por meio da aplicação da lei de forma eficaz, punindo severamente os indivíduos que cometer quaisquer atos contra os animais de forma criminosa.
Ocorre que muitas vezes os magistrados deixam de aplicar a sanção
prevista pela legislação por entender que estaria violando os direitos do indivíduo a
respeito da privação de sua liberdade, deixando de puni-lo assim como a lei manda.
Neste sentido, a Lei em comento deve também responsabilizar as pessoas
jurídicas pelos ilícitos penais cometidos contra os animais, visto que é previsto a
responsabilidade mesmo que de forma imprudente, conforme entendimento de
Copola (2012, p. 123). Ora, todo animal deve ter seus direitos garantidos,
independente se o agressor for pessoa física ou jurídica, buscando a penalidade
desses indivíduos como previsto na lei.
Portanto, por meio da Lei de Crimes Ambientais, é possível a aplicação de
sanções penais para as pessoas físicas e jurídicas que cometerem atos de maus-
tratos aos animais. Ocorre que, tem sido insuficiente, com aplicação de penas
irrisórias, ou seja, sem grande efeito prático, deixando a sensação de impunidade e
gerando maior criminalidade. Necessitando, portanto, de legislações protetivas
quanto aos animais de forma efetiva.
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2 DA PRÁTICA DE MAUS-TRATOS CONTRA OS ANIMAIS
De acordo com Muraro e Alves (2020, p.01), “o animal doméstico é
vulnerável, também sente dor, fome e sede, visto que é um ser irracional. Para a sua
sobrevivência depende dos seus donos para viver”.
Ocorre que devido a essa dependência, os animais muitas vezes ficam
desamparados por não receber o devido tratamento pelos seus donos, que não se
importam em dar alimento ou até mesmo em dar um abrigo correto para que o
animal não fique no relento.
Sendo assim, de acordo com entendimento de Muraro e Alves (ibidem)
“caso alguém presencie maus-tratos a animais deve ir até a delegacia de polícia
mais próxima para lavrar o Boletim de Ocorrência (BO), ou comparecer à Promotoria
de Justiça do Meio Ambiente e fazer a denúncia”.
Ademais, é dever da autoridade policial receber a denúncia e fazer o boletim
de ocorrência, para que o agressor não fique impune e aprenda a respeitar os
animais. Desta forma será possível impor aos donos o dever de defender e proteger
aos animais.
2.1 CONCEITO DE MAUS-TRATOS AOS ANIMAIS
O maus-tratos aos animais, é a pratica um ato antissocial e passível de
punição para quem comete o crime de crueldade contra animais silvestres ou
domésticos. Nesse sentido, Custódio (1997, p. 61) leciona que tais agressões
praticadas contra os animais podem ocorrer de diversas formas, vejamos:
A crueldade contra animais é toda ação ou omissão, dolosa ou culposa (ato ilícito), em locais públicos ou privados, mediante matança cruel pela caça abusiva, por desmatamentos ou incêndios criminosos, por poluição ambiental, mediante dolorosas experiências diversas, amargurantes práticas diversas, abates atrozes, castigos violentos e tiranos, adestramentos por meios e instrumentos torturantes para fins domésticos, agrícolas ou para exposições, ou quaisquer outras condutas impiedosas resultantes em maus tratos contra animais vivos, submetidos a injustificáveis e inadmissíveis angústias, dores, torturas, dentre outros atrozes sofrimentos causadores de danosas lesões corporais, de invalidez, de excessiva fadiga ou de exaustão até a morte desumana da indefesa vítima animal.
Ficou claro que os maus tratos em animais resultam nas agressões e atos
de violência desnecessários, com o intuito de machucar, mutilar, matar, torturar e
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impor sofrimento aos animais.
Além disso, são diversos os tipos de maus-tratos contra animais, pois se
consideram maus-tratos qualquer tipo de ato de crueldade que venha trazer
sofrimento ao animal. Portanto, a manifestação de crueldade, seja ela dolosa ou
culposa, configura maus tratos, sendo dispensável a prova efetiva da lesão ao
animal.
2.2 JURISPRUDÊNCIA DA PRÁTICA DE MAUS-TRATOS CONTRA OS ANIMAIS
Quanto aos crimes cometidos contra animais é de grande relevância
demostrar algumas jurisprudências acerca do tema aqui discutido, neste sentido, o
Supremo Tribunal Federal manifestou-se em decisões emblemáticas, quando do
julgamento da ADI 1856/RJ, vedando a rinha de galos.
Ademais, decidiu ser inaceitável tal prática no Brasil, como o julgado à
proibição da prática da farra do boi (RE 153.531-8-SC) e da vaquejada (ADI
4.983/CE), de suma importância, vejamos:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE Nº 2.895/98) - LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIÇÕES E A COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES, FAVORECE ESSA PRÁTICA CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISLATIVO QUE ESTIMULA O COMETIMENTO DE ATOS DECRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA - CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 9.605/98, ART. 32) - MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) (...) NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA - INCONSTITUCIONALIDADE.A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança da "farra do boi" (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico. Precedentes. - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade. - Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é motivada pela necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar todas as formas de vida, não só a do gênero humano, mas, também, a própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a vedação constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra os seres irracionais, como os galos de briga ("gallus-gallus"). Magistério da doutrina. [...] (ADI 4.983/CE).
A criminalização de atos de crueldade e maus-tratos contra animais é de
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suma relevância, visto que é crescente o número de abusos e crimes, envolvendo os
seres vivos não humanos, por se tratar de agressões contra seres indefesos. Além
disso, existem muitas pessoas que utilizam os animais para puxar carroças, como o
cavalo e burro por exemplo, e esta prática sempre acaba atrapalhando o trânsito,
ocasionando acidentes.
Nesse sentido, vejamos agravo que trata a respeito do tema ora
mencionado, cuja decisão não admitiu recurso extraordinário interposto em face de
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO DA PRESIDÊNCIA DESTE TRIBUNAL, QUE DEFERIU A SUSPENSÃO DE LIMINAR CONCEDIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DECISÕES JUDICIAIS DIVERGENTES - EVENTO DE LARGO ALCANCE SOCIAL - RISCO DE LESÃO À ORDEM E ECONOMIA PÚBLICAS - IMPROVIMENTO DO REGIMENTAL. (...) No recurso extraordinário, com fundamento no art. 102, III, “a”, do permissivo constitucional, aponta-se ofensa ao art. 225, § 1º, da Constituição Federal. Nas razões recursais, sustenta-se, em suma, que “durante o trajeto os animais não têm direito sequer à água, e são sujeitos a toda forma de ridicularização, sendo açoitados, agredidos fisicamente de várias formas, e de uma forma vil e covarde desde quando são seres absolutamente indefesos. Alega-se, ainda, que é fato notório e inegável concluir que a ausência desses animais nos festejos da Lavagem do Bonfim tornou a festa mais atrativa, mais segura e mais agradável, sobretudo pela existência de maior espaço para o trânsito das pessoas que assim não têm de dividir as apertadas ruas do cortejo com animais em estado de sofrimento e seus dejetos e fezes evacuados durante a caminhada (...) Vale atentar que a decisão mais antiga, proferida na ACP nº 0002053-87.2010.05.0001, pelo Juiz de Direito da 8ª Vara da Fazenda Pública desta Capital, cujos efeitos remanescem, até porque não é objeto do presente incidente, apesar de permitir a participação de equinos e muares no tradicional festejo baiano, impôs ao Poder Público a obrigação de proceder à efetiva fiscalização das suas condições de manejo durante o evento, de modo a coibir abusos e maus tratos, assegurando-se, assim, o respeito ao ordenamento jurídico. Outrossim, resta também caracterizado o risco de lesão à economia ante a exorbitância da multa fixada para o descumprimento do decisum em questão, estabelecida em R$ 90.000,00 (noventa mil reais) para cada réu – Município de Salvador e SALTUR -, pesando, pois, sobre os recursos públicos, ainda que, fortuitamente, um animal trazido por terceiros invada o extenso trajeto em comento, escapando à vigilância do aparato municipal.” Como se depreende dos fundamentos que constam do acórdão recorrido, eventual divergência em relação ao entendimento adotado pelo juízo a quo, demandaria o reexame de fatos e provas. Dessa forma, resta inviabilizado o processamento do apelo extremo, conforme vedação contida na Súmula 279 do STF. Ante o exposto, nego provimento ao recurso, nos termos do art. 932, IV, “a”, do Código de Processo Civil. Publique-se. Brasília, 11 de outubro de 2017. Ministro Edson Fachin Relator Documento assinado digitalmente (STF - ARE: 1060772 BA - BAHIA 0300388-92.2012.8.05.0000, Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 11/10/2017, Data de Publicação: DJe-236 17/10/2017)
Desta forma, fica claro que tal pratica é considerada maus-tratos, tendo em
15
vista que esses animais realizam força excessiva para puxar a carroça, pois a
grande maioria utiliza chicotes enquanto o animal está cansado, desce da carroça,
esmurra e chuta o animal, isso é inadmissível. Sendo necessário a aplicação de
multas como forma de advertências para os indivíduos que utilizam os animais para
transporte com carroça, e outros meios de locomoção, mesmo que com a ajuda do
Estado.
2.3 DA DENÚNCIA DE MAUS-TRATOS AOS ANIMAIS
O indivíduo que não realizar a denúncia de um caso de maus-tratos contra
animais também responde pelo crime, pois não tomou nenhuma iniciativa para
impedir que tal prática ocorresse. Nessas situações, todos devem realizar a
denúncia contra os maus-tratos aos animais. Independente se for acometido contra
um animal de estimação que esteja vivendo acorrentado na casa vizinha por muito
tempo em situações degradante. Todas essas situações ou qualquer outra que
configure maus-tratos devem ser levadas a conhecimento da polícia e de entidades
ambientais.
Ademais, caso seja realizada a denúncia, a Lei Federal prevê prisão de três
meses a um ano para o indivíduo que pratica maus-tratos aos animais, além de
multa. E em caso de morte do animal, a punição pode ser aumentada de um sexto a
um terço previsto no artigo 32 da Lei nº 9.605/98, conforme citou Camila Lustosa
(2020).
Na legislação brasileira é considerado maus-tratos aos animais a prática de
abandono; ferir, mutilar ou envenenar; manter preso permanentemente em
correntes; manter em locais pequenos e sem higiene; não abrigar do sol, da chuva e
do frio; deixar sem ventilação ou luz solar; não dar comida e água diariamente; negar
assistência veterinária ao animal doente ou ferido; obrigar a trabalho excessivo ou
superior à sua força; utilizar animais em shows que possam lhe causar pânico ou
estresse; capturar animais silvestres; promover violência como rinhas, farra-do-boi,
dentre outros, exemplos que estão descritos no Decreto Lei nº 24.645
(BRASIL,1934).
Neste caso, a partir do conhecimento de um caso de maus-tratos contra
animais domésticos ou silvestres, qualquer cidadão pode comunicá-lo à Polícia
Militar por meio do telefone 190, para que a Polícia Ambiental possa ser acionada.
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2.4 DA APLICAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS
A aplicação de políticas públicas é de suma importância, pois é necessário o
combate à prática de maus-tratos aos animais, devendo também utilizar programas
de controle populacional de animais domésticos nos municípios.
Ademais, diversas cidades criaram secretarias, coordenadorias, ou
simplesmente, órgãos para aplicar políticas de combate a prática de maus-tratos aos
animais, a maioria vinculada à secretaria de meio ambiente local. Ocorre que alguns
municípios não possuem órgãos que aplicam essa política, conforme lecionou
Cordeiro (2018).
Algumas cidades geralmente possuem uma legislação que trata de adoção,
vacinação, abrigos, castração e maus-tratos, com o auxílio de órgãos locais de
proteção animal. Além disso, com programas públicos que visam atingir a população
mais pobre da sociedade, com o mutirão de veterinários para realizar serviços
essenciais para cuidados aos animais.
Desta forma, é necessário também a realização de campanha educativa para
o combate à prática de maus-tratos aos animais por meio da elaboração de
materiais educativos, como banners, cartilhas, cartazes, folders, faixas, etc.
De acordo com Cordeiro (2018) o grande desafio do projeto é:
Que o tutor de um animal doméstico ou de estimação deve aceitar e assumir os seus deveres centrados no atendimento das necessidades físicas, psicológicas e ambientais do seu animal, bem como a prevenção de riscos para si próprios ou para terceiros, como potencial de agressão, potencial de acidente de trânsito, transmissão de doenças e contaminação ambiental.
Destarte que o conteúdo do material de divulgação da campanha de
conscientização do combate à prática de maus-tratos aos animais deve abordar os
benefícios da adoção de uma animal doméstico, o bem-estar animal, a necessidade
da castração, a forma como deve cuidar os animais, da criminalização dos maus-
tratos e do abandono de animais domésticos, da denúncia de caso de maus-tratos,
etc.
Portanto, é fundamental que os indivíduos da sociedade realizem a denúncia
da prática suspeita de maus-tratos aos animais com o auxílio de campanhas de
conscientização do combate a esse crime.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto neste artigo, é possível concluir que a evolução e o
reconhecimento dos direitos dos animais e a necessidade de existência significativa
dos mesmos, fez com que houvesse adaptações na legislação pelo Estado para que
os animais obtivessem proteção e preservação no meio em que vivem.
Ademais, verificou-se que por meio da aplicação da Lei é possível obter a
redução de maus-tratos contra os animais, em especial, os domésticos, visto que as
penas impostas para o indivíduo que cometer crimes contra os animais foram
aumentadas.
Neste sentido, com o aumento da pena dos crimes de maus-tratos contra os
cães e gatos serão erradicas, pois, ambos os Projetos de Lei são eficazes desde
que devidamente aplicados, pois a pena pura e simples não erradica o crime. Além
disso, o objetivo é proteger a saúde, a vida e a integridade dos animais.
Além da proteção dos animais e da punição aos infratores, é a
conscientização e o reconhecimento geral da sociedade por meio de campanhas de
conscientização do combate à prática de maus-tratos aos animais, inclusive no meio
jurídico, possuindo direito a uma vida sem agressões e assim, preservando-se as
espécies animais.
É preciso também a prática de políticas públicas, de forma efetiva para a
proteção do meio ambiente, e especialmente dessa sua faceta que envolve a
proteção dos animais. Também é preciso uma ampla reflexão sobre o que já se
conquistou e sobre o que ainda deve ser conquistado em matéria de proteção e
preservação dos animais. Esta ainda, infelizmente, não é a realidade no cenário
brasileiro.
Desta forma, o presente artigo verificou que as penas aplicadas
permanecem irrelevantes em algumas situações especificas, em consideração à
gravidade dos atos praticados, diante o qual a legislação pátria garante a integridade
dos animais. Todavia, é relevante a sensibilização de todos diante dos
conhecimentos obtidos.
Portanto, por meio da aplicação de legislações e políticas públicas a
finalidade é a conscientização das pessoas em proteger os animais.
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