sentença condenarória de josé roberto perin, sandra perin e silvana perin por improbidade

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE RIO CLARO FORO DISTRITAL DE ITIRAPINA 1ª VARA RUA 01, Nº 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000 0001568-27.2013.8.26.0283 - lauda 1 SENTENÇA Processo Físico nº: 0001568-27.2013.8.26.0283 Classe - Assunto Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa Requerente: Ministério Público do Estado de São Paulo Requerido: José Roberto Perin e outros Juiz(a) de Direito: Dr(a). Felippe Rosa Pereira Vistos. Trata-se de ação de ação popular que o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO promove contra JOSÉ ROBERTO PERIN, SANDRA MARTA PERIN CARVALHO e SILVANA MÁRIA PERIN CAMPBELL PENA. Na inicial, afirmou que o primeiro réu, então Prefeito Municipal, auxiliado pelas demais rés, suas irmãs, ameaçaram, constrangeram e humilharam publicamente os servidores públicos Adriana Batista Alves de Lima, Anton Graber Junior, Bianca Braune Silveira e Cristina Mara Rodrigues Muniz, causando-lhes abalos psíquicos escorchantes, já reconhecidos pela Justiça do Trabalho como geradores de dano moral. Sinteticamente, narrou que: (a) Adriana era chamada pelos réus de “baianinha” e “biscate”, sendo que afixaram em seu local de trabalho um cartaz com a expressão “fechado por luto” e reproduziram, por três dias, o tema da vitória do piloto Ayrton Senna; (b) a Sra. Rejane foi transferida para o local de trabalho de Anton, com o claro intuito fiscalizatório, sendo que o servidor foi privado dos seus instrumentos de trabalho; (c) depois de ser convocada a depor em inquérito civil, Bianca foi ameaçada pelo primeiro réu e, depois, foi transferida para o Gabinete do Prefeito, sendo deixada sem funções e desprovida instrumentos de trabalho; (d) Cristina, que prestava serviços numa escola pública, foi imotivadamente remanejada para o setor de do pátio municipal, com intuito claramente vexatório e, depois, para o cemitério público, permanecendo ociosa. Afirmou que tais atos caracterizariam improbidade administrativa que causariam prejuízos ao erário, eis que o Município de Analândia foi condenado pela Justiça do Trabalho a indenizar todos esses servidores. Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0001568-27.2013.8.26.0283 e o código 7V00000006N61. Este documento foi assinado digitalmente por FELIPPE ROSA PEREIRA. fls. 1

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE RIO CLAROFORO DISTRITAL DE ITIRAPINA1ª VARARUA 01, Nº 180, Itirapina - SP - CEP 13530-000

0001568-27.2013.8.26.0283 - lauda 1

SENTENÇA

Processo Físico nº: 0001568-27.2013.8.26.0283

Classe - Assunto Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa

Requerente: Ministério Público do Estado de São Paulo

Requerido: José Roberto Perin e outros

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Felippe Rosa Pereira

Vistos.

Trata-se de ação de ação popular que o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO

DE SÃO PAULO promove contra JOSÉ ROBERTO PERIN, SANDRA MARTA

PERIN CARVALHO e SILVANA MÁRIA PERIN CAMPBELL PENA.

Na inicial, afirmou que o primeiro réu, então Prefeito Municipal, auxiliado pelas

demais rés, suas irmãs, ameaçaram, constrangeram e humilharam publicamente os

servidores públicos Adriana Batista Alves de Lima, Anton Graber Junior, Bianca Braune

Silveira e Cristina Mara Rodrigues Muniz, causando-lhes abalos psíquicos escorchantes, já

reconhecidos pela Justiça do Trabalho como geradores de dano moral. Sinteticamente,

narrou que: (a) Adriana era chamada pelos réus de “baianinha” e “biscate”, sendo que

afixaram em seu local de trabalho um cartaz com a expressão “fechado por luto” e

reproduziram, por três dias, o tema da vitória do piloto Ayrton Senna; (b) a Sra. Rejane foi

transferida para o local de trabalho de Anton, com o claro intuito fiscalizatório, sendo que o

servidor foi privado dos seus instrumentos de trabalho; (c) depois de ser convocada a depor

em inquérito civil, Bianca foi ameaçada pelo primeiro réu e, depois, foi transferida para o

Gabinete do Prefeito, sendo deixada sem funções e desprovida instrumentos de trabalho;

(d) Cristina, que prestava serviços numa escola pública, foi imotivadamente remanejada

para o setor de do pátio municipal, com intuito claramente vexatório e, depois, para o

cemitério público, permanecendo ociosa.

Afirmou que tais atos caracterizariam improbidade administrativa que causariam

prejuízos ao erário, eis que o Município de Analândia foi condenado pela Justiça do

Trabalho a indenizar todos esses servidores.

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Foi decretada a indisponibilidade dos bens do primeiro réu (fls. 45/46).

Os réus foram citados (fl. 58) e apresentaram manifestação (fls. 64/83).

Preliminarmente, alegaram a incompetência do Juízo. No mérito, requereram a

improcedência do pedido, questionando a eficácia da sentença trabalhista na Justiça

Comum. Negaram terem praticado os fatos narrados na inicial, refutando, assim, a alegada

improbidade administrativa. Aduziram que inexiste o prejuízo ao erário, pois as

indenizações mencionadas pelo autor ainda não foram pagas. Juntaram documentos.

Houve réplica (fls. 107/109).

A preliminar foi rejeitada e a petição inicial foi recebida (fl. 110).

Os réus foram citados, mas não apresentaram contestação (fl. 118).

Na decisão saneadora, foi deferida a produção da prova testemunhal (fl. 119).

Durante a audiência de instrução e julgamento foi constatada a ausência dos réus e do

advogado, conquanto regularmente intimados (fl. 170). Foram ouvidas as testemunhas

arroladas pelo autor.

À fl. 187, foi reconhecida a preclusão da prova oral pleiteada pelos réus.

Seguiram agravo retido (fls. 207/212) e contrarrazões (fls. 218/221). A decisão foi

mantida por seus próprios fundamentos.

Nos memoriais (fls. 203/207), o Ministério Público se manifestou pela

procedência do pedido.

Foi proferida sentença (fls. 223/226). Seguiu embargos de declaração (fls.

253/259), acolhidos para anular a sentença em questão.

Devidamente intimados, os réus apresentaram seus memoriais (fls. 255/281).

É o relatório. FUNDAMENTO E DECIDO.

De proêmio reitero que não houve qualquer nulidade na decisão que reputou

preclusa a prova oral pleiteada pelos réus, pois: (1) não recolheram integralmente as custas

processuais das diligências da Sra. Oficial de Justiça, mesmo depois de terem sido

expressamente intimados a fazê-lo; (2) o não comparecimento injustificado de todos à

audiência de instrução e julgamento implica, na forma do art. 453, §2º, do Código de

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Processo, a dispensa da prova por eles requerida.

E mais: sequer teria sido necessário intimá-los, após o depósito do rol de

testemunhas, a recolher as custas cabíveis. Trata-se, inequivocamente, de simples aplicação

do disposto no art. 19, §1º do Código de Processo Civil, que dispõe que “salvo as

disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos

que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até

sentença final". Ou seja, o recolhimento integral deve ser anterior ou concomitante ao ato

pleiteado – neste caso, a intimação – sob pena, mesmo, de preclusão.

Na linha: "não há previsão legal no sentido de que a parte deve ser intimada

para comprovar o recolhimento das custas referente à diligência ou ato cuja realização

requereu [...] incumbe à parte recolher as despesas dos atos que postulam, devendo

antecipar o respectivo pagamento. No caso, ao requerer a intimação das testemunhas,

deveria comprovar o recolhimento das custas necessárias para o ato, sob pena de não o

fazendo, arcar com o ônus da preclusão." (TJ/SP, 0043172-41.2013.8.26.0000, Relator:

Paulo Roberto de Santana, Comarca: Guaratinguetá, Órgão julgador: 23ª Câmara de

Direito Privado, Data do julgamento: 19/06/2013).

Considerando que todas as questões preliminares já foram analisadas e rejeitadas

por decisão não desafiada por qualquer recurso, ingresso diretamente no mérito.

E, aqui, o pedido é procedente.

Como visto, o Ministério Público imputou aos réus atos de improbidade

administrativa que causaram prejuízo ao erário e violaram os princípios da Administração

Pública, consistentes no constrangimento e humilhação pública dos servidores Adriana

Batista Alves de Lima, Anton Graber Junior, Bianca Braune Silveira e Cristina Mara

Rodrigues Muniz durante o mandato do primeiro réu, ex-Prefeito Municipal.

Dessa forma, três pontos constituem o cerne da discussão: (a) ocorreram as

ofensas?; (b) elas foram dolosamente perpetradas por todos os réus?; (c) a conduta causou

prejuízo ao erário?

E a resposta a todos os questionamentos é positiva.

Durante a instrução processual, Adriana Batista Alves de Lima (fl. 171) afirmou

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categoricamente que todos os réus, depois das eleições municipais, a chamavam

publicamente de “baianinha” e “bucetuda”. Confirmou que eles afixaram em seu local de

trabalho um cartaz com os dizeres “fechado por luto” e que, posteriormente, não proibida

de ingressar no seu local de trabalho por outros servidores, a mando dos réus. Acrescentou

que tais fatos fizeram com que pleiteasse, em determinado momento, sua exoneração do

cargo que ocupava.

Cristina Mara Rodrigues Muniz (fl. 174) aduziu que trabalhava numa das escolas

do Município. Mencionou que quando seu marido se candidatou ao cargo de vereador, por

um partido que fazia oposição ao primeiro réu, este lhe procurou, dizendo que se não

desistissem desse desígnio, ela, a servidora, seria colocada para “varrer ruas”. No dia

seguinte, recebeu a ligação das demais rés, irmãs do Prefeito Municipal, dizendo que

deveria se apresentar imediatamente para tal serviço. Posteriormente, diante da comoção

pública, foi remanejada para outro cargo, agora no cemitério municipal.

Prosseguindo, Bianca Braune Silveira (fl. 173) asseverou em Juízo que depois de

ser intimada a comparecer à Promotoria de Justiça começou a sofrer represálias. Esclareceu

que o primeiro réu lhe disse que “se ela viesse depor, teria consequências”. Também

exigiuque ela comparecesse “acompanhada por advogado da Prefeitura, em veículo da

Prefeitura”. Por não ter cedido ao apelo, foi transferida para outro local de trabalho, sendo

que as demais rés passaram a importunar diariamente outros membros de sua família.

Já Anton Graber Junior (fl. 172) ponderou que, por desavenças políticas entre

ambos, o primeiro réu determinou que fossem retirados do seu local de trabalho seu

computador, telefone e armários. Mencionou que em determinado momento recebeu

diversas ameaças, nas quais teriam lhe dito que “deveria ficar no seu setor e não se

envolver com outras coisas”.

Vale destacar que cada uma dessas testemunhas, além de descrever

minuciosamente o seu calvário individual, também confirmaram in totum aqueles

carregados pelas demais, circunstância que empresta aos seus depoimentos,

inequivocamente, maior credibilidade.

Como adendo, os mesmos fatos foram confirmados por Levi Peres (fl. 175), que

mencionou que Cristina foi, mesmo, colocada para “varrer ruas” depois das eleições

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municipais e que Anton teve seus instrumentos de trabalho retirados a mando dos réus.

Também restou comprovado que todas essas condutas foram praticadas em

consenso e com a participação tanto do primeiro réu, então Prefeito Municipal, quanto das

demais rés, suas irmãs, que ocupavam cargos na Administração Pública Municipal, como

se vê claramente nos depoimentos de Adriana, Cristina, Bianca e Levi.

De mais a mais, inequívoco que tais atos de improbidade, além de violarem de

flagrante os mais comezinhos princípios que devem nortear a Administração Pública,

claramente causaram prejuízos ao erário público.

Explico.

Acerca do primeiro ponto, desnecessária maior tergiversação. Isso porque é óbvio

que a situação absolutamente vexatória que os réus impuseram desprezível e desnecessário

flagelo aos servidores públicos mencionados, seja ao (1) adotarem expressões pejorativas

(“baianinha” ou “bucetuda”); (2) transferi-los imotivadamente para outras funções

(“varrer rua”); (3) submetê-los a condições degradantes (subtrair instrumentos de

trabalho, deixá-los sob a constante vigilância de outrem e limitar suas funções) afrontam

violenta e inequivocamente, tanto o princípio da moralidade quanto da impessoalidade

(art. 37, caput, da Constituição Federal), tão caros à Administração Pública.

Além disso, há, em todos os casos, claro desvio de finalidade (art. 2º, "e" c/c

Parágrafo Único, "e" da Lei nº 4.717/65), pois tais atos não foram fomentados pelo

interesse público, mas sim pela tentativa dos réus de punir todos os servidores que se

opuseram politicamente nas eleições municipais anteriores.

Na mesma linha: "Prefeito Municipal que ordena transferências de empregado

público do local de exercício de suas atividades, com desvio de função, não guardando

qualquer finalidade ou interesse público, algumas totalmente inadequadas, como a de

vigia do lixão. Atos que ensejaram a condenação do Município na Justiça do Trabalho,

por danos morais causados a ele [...] Ato de improbidade existente. Dano ao erário

municipal comprovado. Configuração do dolo." (Origem: TJ/SP; Processo:

0002768-08.2008.8.26.0360; Relator: Des. Reinaldo Miluzzi; Comarca: Mococa; Órgão

julgador: 6ª Câmara de Direito Público; Data do julgamento: 06/08/2012).

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Por isso, tais elementos, por si só, já garantiriam a condenação de todos os réus

como incursos no art. 11 da Lei n° 8.429/92.

Não é só, porém.

Isso porque aqueles servidores públicos, em determinado momento, ingressaram

com reclamações trabalhistas em face do Município da Estância Climática de Analândia,

sendo que todos, sem exceção, obtiveram indenizações pelos danos morais, no importe de

R$. 20.000,00 (vinte mil reais) cada.

Ou seja, tais represálias – que, lembro, não interessavam ao Município, mas

apenas aos interesses egoísticos dos réus – geraram um prejuízo de, no mínimo, R$.

80.000,00 (oitenta mil reais) ao erário público, caracterizando, evidentemente, os atos de

improbidade administrativa previstos no art. 10, X, da Lei n° 8.429/92 (“agir

negligentemente [...] no que diz respeito à conservação do patrimônio público”).

Neste ponto, para evitar inútil discussão, consigno que a farta documentação

acostada pelo Ministério Público prova que as sentenças proferidas nas reclamações

trabalhistas em questão, n° 0045300-11.2009.5.15.0136 (fl. 03-IC),

0118300-78.2008.5.15.0136 (fl. 27-IC), 0045400-63.2009.5.15.0136 (fl. 36-IC) e

00867-2008-136-15-00-7 (fls. 238/239-IC), ajuizadas por Adriana, Anton, Bianca e

Cristina, respectivamente, já transitaram em julgado.

Dessa forma, ainda que os ofícios requisitórios não tenham sido pagos pelo

Município – o que admito apenas para facilitar a argumentação – tal fato não seria

suficiente para afastar o prejuízo ao erário, pois é certo que, em futuro próximo, o serão,

não havendo mais a possibilidade de que qualquer outro recurso reverta ou modifique cada

um desses julgados.

Assim, a condenação dos réus, nos exatos moldes pleiteados na inicial, é medida

que se impõe.

Passo à análise das penas pertinentes, ex vi do art. 12, Parágrafo Único da Lei n°

8.429/1992.

Certo é que os fatos, além de múltiplos e de terem causado significativo prejuízo

ao erário público, são graves e absolutamente reprováveis, seja por terem sido motivados

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por desavenças políticas, seja por terem causado a abrupta violação da dignidade de quatro

servidores públicos.

Por conta disso, sopesando todas essas circunstâncias, imponho a todos os réus,

indistintamente, a suspensão dos seus direitos políticos por 6 (seis) anos, bem como multa

civil no importe de duas vezes o valor do dano causado ao erário (art. 12, II, da Lei n°

8.429/1992).

Sem prejuízo, condeno-os, ainda, a ressarcirem o erário, sendo que, aqui, a

condenação deve se limitar a R$. 20.000,00 (vinte mil reais) - decorrente da indenização

concedida no processo n° 0118300-78.2008.5.15.0136 - já que as demais, segundo consta,

já foram objeto de pretensões manifestadas em demandas autônomas.

Destaco que para o cálculo das multas, tomar-se-á o valor da soma de todas as

quatro indenizações, eis que tal desfalque restou provado integralmente pelos documentos

constantes nos autos do inquérito civil.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, com resolução do mérito,

nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para CONDENAR JOSÉ

ROBERTO PERIN, SANDRA MARTA PERIN CARVALHO e SILVANA MÁRIA

PERIN CAMPBELL PENA., nos termos do art. 10, X da Lei n° 8.429/92, por atos de

improbidade administrativa que causaram prejuízo ao erário e, por consequência,

IMPONHO-LHES a suspensão dos seus direitos políticos por 6 (seis) anos e multa civil

no importe de duas vezes o valor do dano causado ao erário (art. 12, II, da Lei n°

8.429/1992). Além disso, CONDENO-OS a ressarcirem integralmente os prejuízos

causados ao erário, na forma da fundamentação.

Por fim, condeno os réus a arcarem, também, com as custas processuais.

P.R.I.

Itirapina, 03 de julho de 2014.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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