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34-01 38 AVE, LIC S.R. 34, RJ W.L. 140, RJ

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34-01 38 AVE, LIC S.R. 34, RJ W.L. 140, RJ daniel senise 34-01 38 AVE, LIC S.R. 34, RJ W.L. 140, RJ

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34-01 38 AVE, LICS.R. 34, RJW.L. 140, RJ

daniel senise34-01 38 AVE, LICS.R. 34, RJW.L. 140, RJ

Tal como as cifras e siglas do seu título, o próprio trabalho evoca pequenos

segredos, convoca decifrações, e se revela em camadas de remissões en-

tre a representação fotográfica e os diversificados signos aí inseridos.

Recurso de questionamento da representação clássica da realidade

introduzida no início do século 20, em variadas estratégias poéticas, a

justaposição dos mais díspares elementos permitiu novos espaços plás-

ticos como os planos suplementares do espaço cubista (que Greenberg

assinala como “confusão e vai-e-vém entre superfície e profundidade”);

ampliou o processo de construção de significações imagéticas, e aproxi-

mação da arte e vida. E permanece como um dos meios operatórios no

atual trânsito entre diferente suportes e linguagens.

Daniel Senise, neste conjunto de trabalhos, iniciados em 2005, inverte

de certa maneira as prerrogativas da colagem, fazendo da fotografia o

depositário de coisas do mundo, criando aí também vai-e-vens entre pin-

tura e fotografia, entre o fotografado e seu própio referente, entre suas

escalas. No seu processo de trabalho, a relação com o dispositivo fo-

tográfico vem sendo, a meu ver, um dado imamente das suas pinturas,

apropriando-se e operando eventos que acontecem no ateliê e outros

espaços onde trabalha, como os atuais, no Rio e em Nova York, indicados

no título. Abolindo a pincelada pessoal, a tela torna-se, como diz, “tes-

temunha de um evento”, transpondo texturas e formas, em que margens

são deixadas aos acasos. “O que se arranca e transpõe do ambiente

do atelier como ‘fundo’ e ponto de partida da obra é a própria matéria

do mundo impregnada num corpo, a pintura. A superfície será, então, o

próprio abismo”, assinala Paulo Herkenhoff.

Impregnação da pintura com a matéria do mundo, fazendo uso das pa-

lavras do crítico, que estabelece variados laços com o dispositivo fo-

tográfico e seu espaciotemporal, sua reação instantânea à informação

luminosa: corte na duração e recorte do espaço.

Investindo na multiplicidade de significados conexos e complementares

da relação entre a presença que “aconteceu”, como evento ─ e assim guar-

dando analogias com o dispositivo da fotografia ─, e o “acontecer” própria

ao mundo que a pintura convoca, o trabalho de Daniel Senise vem con-

struindo grandes e intricados espaços virtuais em laboriosas justaposições

e reorganizações de recortes de telas impregnadas em seus ateliês, nas

quais a continuidade com o mundo é um horizonte poético ─ assegurando,

porém, a simultaneidade enquanto temporalidade. Mais recentemente o

processo tem se dado em outros espaços distintos do ateliê, na Lapa ou

em Nova York. Espaços precários, semi-abandonados. Espécies, con-

tudo, de extensão do que em outra ocasião Senise definiu como “parte do

Vai-e-vensGlória Ferreira

problema” das situações de embate com o mundo do seu trabalho. Es-

paço sempre evocado e atualizado em sua reconstituição como pintura.

Nestas séries, os próprios lugares são trazidos nas imagens dos fotográ-

fos Thiago Barros e Fernando Laszlo, com angulações que se querem

reveladoras do espaço ─ algo próximo às fotografias dos grande planos

arquitetônicos apresentando chãos e tetos.

Nessa conformação espacial, o lugar de atuação, em princípio invísivel,

é redefinido em local de experiência, como algo que está aqui e agora

pela coexistência de detritos do chão, de fatias de telas impregnadas,

de madeiras e outros elementos no próprio corpo das imagens fotográ-

ficas. Ora reforçando seus planos fictícios, ora rompendo a lógica da

profundidade pela criação de relevos, criam situações diversas a partir,

por vezes, da mesma série.

Trazendo diversificadas relações estruturais com sua pintura, particular-

mente no diz respeito ao ambiente de registro dos fragmentos do chão da

onde as matérias e formas são descoladas, essa série remete à presença

do ateliê ao longo da história da arte, com suas diversificadas significa-

ções e importância nas transformações de linguagem. Entre outros, são

exemplares o célebre ateliê de Courbert, em que o meio de arte de seu

tempo é representado revelando as novas concepções da arte que então

se operavam; os ateliês de Mondrian que se figuravam como prenúncio

de uma arte futura; ou ainda o ateliê de Brancusi no qual a mobilidade

dos elementos, fixados por ele em surpreendentes clichês, visava afirmar

a relação entre obra e seu contexto de inscrição. Mesmo relegado ao

papel de depositário de arquivos diante da supremacia acordada ao

projeto pela arte coceitual, a singularidade desse local de trabalho se

inscreve nas estratégias poéticas. No caso de Daniel Senise, seja partil-

hando com outros artistas, mantendo dois ateliês como no período em

que residiu em Nova York, esse espaço sempre se configurou “parte do

problema”, como referido acima: “o modo como trabalho é resultado de

uma imersão no ateliê, uma saturação” , diz o artista.

34-01 38 AVE, LIC / S.R. 34, RJ / W.L. 140, RJ ao revelar o espaço de

configuração do seu processo pictórico, ao mesmo tempo, constituindo

o seu próprio universo, talvez inaugure uma nova relação do artista com

a imagem, reiteradas vezes por ele indicada, desde sempre, de grande

atração, mediada, porém, na sua trajetória, pela pintura. Ao se inscrever

em uma nova imagem como reprodução, as marcas e relevos dos obje-

tos anexados transformados eles mesmos em imagens, indicam a re-

sistência do trabalho à perda de sua corporalidade mas também uma

certa alforria de e enquanto imagem.

34-01 38 aVe liC ii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

34-01 38 aVe liC ii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

34-01 38 aVe liC ii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

s.R. 34 iii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

s.R. 34 iii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

s.R. 34 iii /2005Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

66,5 x 69 cm

34-01 38 aVe liC /2007Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

92 x 92 cm

34-01 38 aVe liC /2007Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

92 x 92 cm

34-01 38 aVe liC /2007Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

92 x 92 cm

34-01 38 aVe liC /2007Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

92 x 92 cm

34-01 38 aVe liC /2007Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

92 x 92 cm

W.l. 140 abRil 2008 ii – estaCionamento /2008Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 ii – estaCionamento /2008Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 ii – estaCionamento /2008Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 ii – estaCionamento /2008Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cmv

W.l. 140 setembRo 2008 /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 91 cm

W.l. 140 setembRo 2008 /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 91 cm

W.l. 140 setembRo 2008 /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 91 cm

W.l. 140 setembRo 2008 /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 iii /2008Poeira sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 iii /2008Poeira sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 abRil 2008 iii /2008Poeira sobre impressão em jato de tinta

94 x 91 cm

W.l. 140 setembRo 2008 ii /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 90 cm

W.l. 140 setembRo 2008 ii /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 90 cm

W.l. 140 setembRo 2008 ii /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 90 cm

W.l. 140 setembRo 2008 ii /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 90 cm

W.l. 140 setembRo 2008 ii /2008Colagem sobre impressão em jato de tinta

91 x 90 cm

W.l. 140 setembRo 2008 iii /2008Pau sobre impressão em jato de tinta

91,5 x 112 cm

W.l. 140 setembRo 2008 iii /2008Pau sobre impressão em jato de tinta

91,5 x 112 cm

W.l. 140 setembRo 2008 iii /2008Pau sobre impressão em jato de tinta

91,5 x 112 cm

W.l. 140 setembRo 2008 iii /2008Pau sobre impressão em jato de tinta

91,5 x 112 cm

Daniel Senise nasceu em 1955. Ingressou na Escola de Artes Vi-suais do Parque Lage em 1981, e foi professor da Escola de 1985 a 1996. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

PrinciPaiS exPoSiçõeS inDiviDuaiS: •1985: Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo. •1986: Thomas Cohn Arte Contemporânea, Rio de Janeiro. •1988: Galerie Michel Vidal, Paris, França. •1990: Pasárgada Arte Contemporânea, Recife, e Pulitzer Art Gal-lery, Amsterdam, Holanda. •1991: Galleri Engström, Estocolmo, Suécia, e Museum of Contemporary Art, Chicago, EUA. •1992: Galeria Modulo, Lisboa, Portugal. •1993: Instituto de América – Centro Damián Bayón, Granada, Espanha. •1994: Museo de Arte Contemporáneo, Monterrey, México. •1995: Charles Cowley Gallery, New York, EUA. •1997: Museu Alfredo Andersen, Curitiba e Galeria Cohn Edelstein, São Paulo. •1999, Galeria Ramis Barquet, New York, EUA, e Diana Lowenstein Fine Arts, Buenos Aires, Argentina. • 2000: Galeria Paulo Darzé, Salvador. • 2001: Galeria Brito Cimino São Paulo e Galeria Canvas, Porto, Portugal. • 2002: “The Piano Factory”, Instituto Tomie Othake, São Paulo, e Diana Lowen-stein Fine Arts, Miami, EUA. • 2003: “Quase ininito”, MAC, Niterói, Rio de Janeiro e Galeria Silvia Cintra, Rio de Janeiro. • 2006: Museu Oscar Niemeyer, Curitiba. • 2008: Museu de Arte Moderna da Bahia, Bahia, “Vai que nós levamos as partes que te faltam” MAM, Rio de Janeiro e Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre.

PrinciPaiS exPoSiçõeS coletivaS: •1984: “Como vai você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. •1985 : XVIII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo. •1986: VI Trienal de Nova Delhi, em Nova Delhi, II Bienal de La

Habana, em Havana, Cuba, V Bienal Americana de Artes Gráficas, Cali, Colômbia e I Bienal Latinoamericana de Arte sobre Papel, Buenos Aires, Argentina. •1987: “Modernidade: Art Brésilien du XXeme Siécle”, Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris, França e MAM, São Paulo. •1989: XX Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo e “UABC”, Stedelijk Mu-seum, Amsterdam, Holanda; Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Por-tugal. •1990: XLIV Biennale di Venezia, Veneza, Itália e Sala Uno, Roma, Itália. •1991: “Viva Brasil Viva”, Liljevalchs Konsthall, Estocolmo, Suécia. •1992: “Latin American Artists of the Twentieth Century”, Estáción Plaza de Armas, Sevilha, Espanha; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Museu Ludwig, Colônia, Alemanha e “Entre Trópicos”, Museo de Arte Contemporáneo Sofía Imber, Caracas, Venezuela. •1993: “Latin American Artists of the Twentieth Century”, MOMA, New York, EUA. •1994: “Bien-al Brasil Século XX”, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo. •1996: “Venosa, Senise” Paço Imperial, Rio de Janeiro. •1998: XXIV Bienal Inter-nacional de São Paulo, São Paulo. •1999: “Art Lovers” – Liverpool Biennial (paralela), Inglaterra. •2000: Galeria Juan Pratz, Barcelona, Espanha e “Um oceano inteiro para nadar”, Culturgest, Lisboa, Portugal. • 2001: “Bienal Mercosul”, Porto Alegre. • 2003: “In The Realm of the Absurd”, The Gallery of Contemporary Art, Sacred Heart University, Fairfield, Ct, EUA. • 2004: “Encontros com o Modernismo – destaques do Stedeljik Museum Amster-dam”, Estação Pinacoteca, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro e “Casa – poética do espaço na arte brasileira”, Museu Vale do Rio Doce, Vila Velha. • 2005: “Panorama da Arte Brasileira 2005”, Museu de Arte Moderna, São Paulo. •2007: “Encontros entre dois mares” “Luz ao Sul” – Museo Del Car-mem, Valencia, Espanha, “80/90 Modernos Pós Modernos ETC”, Instituto Tomie Othake, São Paulo e “3 Americas”, Galeria Emma Molina, Monterey, México. •2008: “Paper Trail”, Allsopp Contemporary, Londres, Inglaterra.

Os trabalhos reproduzidos neste catálogo foram feitos com a colaboração dos fotógrafos:

FernanDo laSzlo /Pgs.thiaGo BarroS /Pgs.

Reprodução dos trabalhos:Paulo inocêncio

Projeto gráfico:carolina aBoarraGe e Paula tinoco

Impressão:GraFica Santa Marta

endereço

Agradecimentos:Galeria verMelho

Galeria Silvia cintra