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O Cânon Sagrado e sua Formação na Sociedade. SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

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O Cânon Sagrado e sua Formação na Sociedade.

SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia

PREFÁCIO

O Cânon Sagrado e Sua Formação na Sociedade é um manancial de conhecimentos,

que veio somar satisfatoriamente para o crescimento dos nossos obreiros.

O Mestre na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pb. Josias Brito, Bacharel em

Teologia, esforçou-se exaustivamente por apresentar, em especial aos nossos obreiros, um

trabalho bem elaborado, que vale a pena compulsá-lo.

Companheiros e companheiras, alunos e alunas do nosso Seminário em Teologia a

nível Bacharel, vamos crescer no conhecimento! e juntos faremos da nossa grande Igreja,

uma potência mundial.

Juntos somos fortes!!

Bispo Cordeiro

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 4

O Âmbito deste Assunto ............................................................................................................... ... 5

A razão da necessidade das escrituras ............................................................................................. 5

A necessidade do estudo das escrituras ...................................................................................... ..... 5

Por que devemos estudar a Bíblia? .................................................................................................. 5

Como devemos estudar a Bíblia? ..................................................................................................... 7

1. O QUE É A CÂNON SAGRADO? ................................................................................................... 8

2. OS LIVROS ANTIGOS...................................................................................................................... 8

2.1 Sua formação e transmissão até nós ............................................................................................ 8

3. O VOCÁBULO "BÍBLIA"................................................................................................................ 9

4. A ESTRUTURA DA BÍBLIA ............................................................................................................ 10

4.1 Antigo Testamento ................................................................................................... .................. 11

4.2 Novo Testamento ........................................................................................................................ 12

5. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA .................................................................................................... 12

6. FATOS E PARTICULARIDADES DA BÍBLIA............................................................................. 13

7. OBSERVAÇÕES ÚTEIS NO MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIA ........................................... 14

7.1 Apontamentos individuais ...........................................................................................................

14

7.2 Aprenda a ler e escrever referências bíblicas .............................................................................. 14

7.3 Diferença entre texto, contexto, referência, inferência................................................................. 15

8. OS LIVROS APÓCRIFOS .................................................................................. ............................. 15

8.1 Apócrifos do Antigo Testamento................................................................................................

17

8.2 Apócrifos do Novo Testamento.................................................................................................. 18

9. A VERSÃO DE ALMEIDA ........................................................................................... .................. 19

10. A VERSÃO DE FIGUEIREDO .................................................................................... ................... 23

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11. A EDIÇÃO BRASILEIRA .......................................................................................... .................... 24

12. COMO A BÍBLIA CHEGOU AO BRASIL? ............................................................... .................... 25

13. A SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL .......................................................................... .............. 26

14. A SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL E SUA EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA ............ 27

15. A IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA ......................................................................................... 29

16. A TRADUÇÃO REVISADA DA IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA ...................................... 31

17. CRITÉRIOS PARA A CANONIZAÇÃO ........................................................................................ 33

17.1 Quatro Evangelhos ou Um? .................................................................................. .................... 33

17.2 Livros Não Introduzidos no Cânon ......................................................................... ................. 34

18. ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO ................................... 34

19. A BÍBLIA COMO O PALAVRA DE DEUS ................................................................................... 38

19.1 A inspiração divina da bíblia ................................................................................................... 39

19.2 Siglas das diferentes versões em vernáculo .............................................................................. 39

19.3 O tempo antes e depois de Cristo é indicado pelas letras......................................................... 40

19.4 Manuseio do volume sagrado................................................................................................... 40

19.5 Livros da Bíblia e Abreviaturas ............................................................................................... 40

19.6 Antigo Testamento ........................................................................................... ....................... 41

19.7 Novo Testamento .................................................................................................................... 41

CONCLUSÃO ............................................................................................................... ........................... 42

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... .................... 44

AVALIAÇÃO 1 ....................................................................................................................................... 46

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INTRODUÇÃO

Durante a formação do Cânon Sagrado e sua história na sociedade, ocorreram alguns

problemas na formação e composição porque naquele período surgiram muitos livros, que

deram origem a questionamentos e contestações de seus conteúdos, suas origens e

autenticidades quanto à inspiração do Espírito Santo, conforme os princípios doutrinários que

norteiam nossa fé, cujos livros são chamados apócrifos.

Quando Deus criou o homem, ele o criou segundo a sua imagem e semelhança.

Posteriormente, em função da sua queda no Jardim do Éden com a consequente perda de

aliança e da comunhão com o Criador, houve a necessidade do homem se religar a Deus,

observando os seus estatutos, preceitos e seus mandamentos. Por causa do pecado do homem,

Deus manifestou a excelência de sua graça e os benefícios da sua misericórdia em favor da

salvação da humanidade. Agora, é sua vontade e propósito prover todos os meios para redimir

a humanidade decaída, revelando-se ao homem através da sua palavra.

A formação do Cânon Sagrado e sua história contribuem com clareza e propósito para

o significado do poder de transformação da humanidade, consignando-lhe o direito de voltar a

desfrutar da presença real do Criador. O nosso assunto é o estudo introdutório e auxiliar das

Sagradas Escrituras, para sua melhor compreensão por parte do leitor. É também chamado

Isagoge nos cursos superiores de teologia. Este estudo auxilia grandemente a compreensão

dos fatos da Bíblia. Um ponto saliente nele é a história da Bíblia mostrando como chegou ela

até nós. A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a nós por

canais humanos, tornando-se, assim, divino-humana, como também O é a Palavra Viva -

Cristo, que tornou também divino-humano (Jô 1.1; AP 19.13).

Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Por

essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona países,

montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas, produtos, minérios,

comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes, culturas, etc. Isto é, Deus, para fazer-se

compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar.

Se Deus usasse sua linguagem, ninguém O entenderia. Ele, para revelar-se ao homem,

adaptou a Bíblia ao modo humano de perceber as coisas. Destarte, o autor da Bíblia é Deus,

mas os escritores foram homens. Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras

partes da Bíblia, Deus mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia chega a esse

ponto para que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer dizer. Isto também explica

muitas dificuldades e aparentes contradições do texto bíblico.

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O âmbito deste assunto

A Bibliologia estuda a Bíblia sob os seguintes pontos de vista:

1. Observações gerais sobre sua leitura e estudo.

2. Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos,

Versículos, particularidades e tema central.

3. A Bíblia considerada como o Livro Divino, isto é, como a Palavra escrita de Deus.

4. O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós.

5. A preservação e tradução do texto da Bíblia. Isto aborda as línguas originais e os

manuscritos bíblicos.

6. Inclui ainda elementos de história geral da Bíblia, inclusive o Período Interbíblico.

Ou Intertestamentário, e de auxílios externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica,

usos e costumes antigos orientais, sistemas de medidas, pesos e moedas; cronologia

bíblica geral, história das nações antigas contemporâneas; estudos das personagens e

dos livros da Bíblia e das dificuldades bíblicas.

A razão da necessidade das escrituras

Deus se tem revelado através dos tempos por meio de suas obras, isto é, da criação (SI

19.1-6; Rm 1.20). Porém, na Palavra de Deus temos uma revelação especial e muito maior. É

dupla esta revelação: a) na Bíblia, que é a PALAVRA DE DEUS ESCRITA, e b) Em Cristo,

que é PALAVRA DE DEUS VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é especial, porque se tornou

necessária devido à queda do homem.

A necessidade do estudo das escrituras

Isto está implícito em Salmo 119.130; Isaías 34.16; 2 Timóteo 2.15; 1 Pedro 3.15, e

nos conduz a dois pontos de suma importância: (a) porque devemos estudar a Bíblia, e (b)

como devemos estudar a Bíblia. Estudar é mais que ler; é aplicar a mente a um assunto, de

modo sistemático e constante.

Por que devemos estudar a Bíblia?

A. Ela é o único manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi

salvo para servir ao Senhor (Ef 2.10; 1 Pe 2.9). Sendo a Bíblia o livro texto do cristão,

é importante que ele a maneje bem, para o fiel desempenho de sua missão (2 Tm

2.15). Um bom profissional sabe empregar com eficiência as ferramentas de seu

ofício. Essa eficiência não é automática: vem pelo estudo e prática. Assim deve ser o

crente com relação ao seu manual - a Bíblia. Entre as promessas de Deus nesse

sentido, temos uma muito maravilhosa em Isaías 55.11. Deus declara aí que sua

Palavra não voltará vazia. Portanto, quando alguém toma tempo para estudar com

propósito a Palavra de Deus, o efeito será glorioso quanto à edificação espiritual e ao

engrandecimento do reino de Deus.

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B. Ela alimenta nossas almas (Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pe 2.2). Não há dúvida de que o estudo

da Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à

alma, como o pão ao corpo. Nas passagens acima, ela é comparada ao alimento,

porém, este só nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de 1 Pedro

2.2 fala do intenso Apetite dos recém-nascidos; assim deve ser o nosso desejo pela

Palavra. Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual. Como está o seu apetite

pela Bíblia, leitor?

C. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Se em nós houver abundância

da Palavra de Deus, o Espírito Santo terá o instrumento com que operar. É preciso,

pois, meditar nela (Js 1.8; SI 1.2). É preciso deixar que ela dominasse todas as esferas

da nossa vida. Nossos pensamentos, nosso coração e, assim, molde todo o nosso viver

diário. Em suma: precisamos ficar saturados da Palavra de Deus. Um requisito

primordial para Deus responder às nossas orações é estarmos saturados da sua Palavra

(Jô 15.7). Aqui está, em parte, a razão de muitas orações não serem respondidas:

desinteresse pela Palavra de Deus. (Leia o texto outra vez.) Pelo menos três fatos estão

implícitos aqui: a) Na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas de Deus, e

essas promessas estão na Bíblia, b) Por sua vez, a Palavra de Deus produz fé em nós

(Rm (10.17). c) Devemos fazer nossas petições segundo a vontade de Deus(1 Jo 5.14),

e um dos meios de saber-se a vontade de Deus é através da sua Palavra. Na vida cristã,

e no trabalho do Senhor em geral, o Espírito Santo só nos lembrará do texto bíblico

preciso, se de antemão o conhecermos (Jo 14.26). - É possível o leitor ser lembrado de

algo que não sabe? Pense se é possível! Portanto, o Espírito Santo quer não somente

encher o crente, mas também encontrar nele o instrumento com que operar a palavra

de Deus.

D. Ela enriquece espiritualmente a vida do cristão (SI 119.72). Essas riquezas vêm pela

revelação do Espírito, primeiramente (Ef 1.17). O leitor que procurar entender a Bíblia

somente através do intelecto, muito cedo desistirá do seu intento. Só o Espírito de

Deus conhece as coisas de Deus (1 Co 2.10). Um renomado expositor cristão afirma

que há 32.000 promessas na Bíblia toda! Pensai que fonte de riqueza há ali! Entre as

riquezas Derivadas da Bíblia está a formação do caráter ideal, bem como a moldagem

da vida cristã. Como um todo. É a bíblia a melhor diretriz de conduta humana; a

melhor formadora do Caráter. Os princípios que modelam nossa vida devem proceder

dela. A falta de uma correta e pronta orientação espiritual dentro da Palavra de Deus,

especialmente quanto a novos convertidos, tem resultado em inúmeras vidas

desequilibradas, doentes pelo resto da existência. Essas, só um milagre de Deus pode

reajustá-las. Pessoas assim ferem-se a revelação de Deus à humanidade. Tudo que

Deus tem para o homem e requer do si mesmas e aos que as rodeiam. A Bíblia é a

revelação de Deus à humanidade. Tudo que Deus tem para o homem e requer do

homem, e tudo que o homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus quanto à

sua redenção, conduta cristã e felicidade eterna estão reveladas na Bíblia. Deus não

tem outra revelação escrita além da Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar o

Livro e apropriar-se dele pela fé. O autor da Bíblia é Deus, seu real intérprete é o

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Espírito Santo, e Seu tema central é o Senhor Jesus Cristo. O homem deve ler a Bíblia

para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo, e praticar a Bíblia para ser santo.

Como devemos estudar a Bíblia?

A. Leia a Bíblia conhecendo seu autor. Isto é de suprema importância, é a melhor

maneira de estudar a Bíblia. Ela é o único livro cujo autor está sempre presente

quando é lida. O autor de um livro é a pessoa que melhor pode explicá-lo. A Bíblia é

um livro fácil e ao mesmo tempo difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não

basta apenas ler suas palavras e analisar suas declarações. Tudo isso é indispensável,

mas não basta. É preciso conhecer e amar o Autor do Livro. Conhecendo o Autor, a

compreensão será mais fácil. Façamos como Maria, que aprendia aos pés do

Mestre(Lc 10.39). Esse é ainda o melhor lugar para o aluno.

B. Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Esta regra é excelente. Presume-se que 90% dos

Crentes não leem a Bíblia diariamente: não é de admirar haver tantos crentes frios nas

igrejas. Não somente frios, mas anãos, raquíticos, mundanos, carnais, indiferentes.

Sem crescimento espiritual, Deus não nos pode revelar suas verdades profundas (Mc

4.33; Jo (16.12; Hb 5.12). É de admirar haver pessoas na igreja que acham tempo para

ler, ouvir e ver tudo, menos a Palavra de Deus. Motivo: Comem tanto outras coisas

que perdem o apetite pelas coisas de Deus! É justo ler boas coisas, mas, é

imprescindível tomar mais tempo com as Escrituras. É também de estarrecer o fato de

que muitos líderes de igrejas não levam seus liderados a lerem a Bíblia. Não basta

assistir aos cultos, ouvir sermões e testemunhos, assistir a estudos bíblicos, ler boas

obras de literatura cristã: é preciso a leitura bíblica individual, pessoal. Há crentes que

só comem espiritualmente quando lhes dão comida na boca: é a colher do pastor, do

professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhes der comida eles morrerão de

inanição.

C. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Isto é de capital importância

para o êxito no estudo bíblico. A atitude correta é a seguinte: a) Estudar a Bíblia

(Como a Palavra de Deus, e não como uma obra literária qualquer b) Estudar a Bíblia

com o coração, em atitude devocional, e não apenas com o intelecto. As riquezas da

Bíblia são para os humildes que temem ao Senhor (Tg 1.21). Quanto maior for a nossa

comunhão com Deus, mais humilde será. Os galhos mais carregados de frutos são os

que mais abaixam! É preciso ler a Bíblia crendo, sem duvidar, em tudo que ela ensina,

inclusive no campo sobrenatural. A dúvida ou descrença, cega o leitor (Lc 24.25).

D. Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando. Assim fizeram os servos de Deus no

passado: Davi (SI 119.12,18); Daniel (Dn 9.21-23). O caminho ainda é o mesmo. Na

presença do Senhor em oração, as coisas incompreensíveis são esclarecidas (SI

73.16,17). A meditação na Palavra aprofunda a sua compreensão. Muitos leem a

Bíblia somente para estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a Bíblia, aplique-a

primeiro a si próprio, senão não haverá virtude nenhuma.

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E. E. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso! É a única maneira de

conhecermos a verdade completa dos assuntos nela contidos, visto que a revelação de

Deus que nela temos é progressiva. - Como o leitor pensa compreender um livro que

ainda não leu do princípio ao fim? Mesmo lendo a Bíblia toda, não a entendemos

completamente. Ela, sendo a Palavra de Deus, é infinita. Nem mesmo a mente de um

gênio poderia interpretá-la sem erros. Não há no mundo ninguém que esgote a Bíblia.

Todos somos sempre alunos (Dt 29.29; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12). Portanto, na Bíblia

há dificuldades, mas o problema é do lado humano. O Espírito Santo, que conhece as

profundezas de Deus, pode ir revelando o conhecimento da verdade, à medida que

buscamos a face de Deus e andamos mais perto Dele. Amém.

1. O QUE É A CÂNON SAGRADO?

As escrituras sagradas recebem o título de

Bíblia, palavra grega que significa “livros” pelo

conjunto de 66 livros que ela reúne todos

inspirados e, chamados livros canônicos, formando

assim o “Cânon Bíblico Sagrado”.

É uma palavra de origem latina que

significa “modelo”, termo derivado do grego

Cânon, de “cana” instrumento de medida usado nos

tempos bíblicos no lugar do nosso “metro”

atualmente.

O Cânon Bíblico, portanto, é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia Sagrada,

os quais dão testemunho da revelação de Deus, servindo como norma de conduta e

procedimento cristão, e como critério e única regra de fé, através dos quais se mede e julga

correto e justamente em pensamento ou doutrina. Os livros inspirados, como expressão da

palavra de Deus, que formam o Cânon Bíblico original como regra de fé e doutrina, é 39 da

escritura hebraica do antigo testamento, e 27 do novo testamento, totalizando os 66 livros

canônicos que com verdade incontestável e eterna, possuem autoridade final

2. OS LIVROS ANTIGOS

2.1 Sua formação e transmissão até nós

A Bíblia é um livro antigo. E, os livros antigos tinham a forma de rolos conforme

descritos no livro de Jeremias 36.2. Eram feitos de papiro ou pergaminho. O papiro é uma

planta aquática que cresce junto aos rios, lagos e banhados, no Oriente Próximo, cuja

entrecasca era utilizada para escrita da época. Essa planta existe ainda hoje no Sudão, na

Galileia Superior e no vale de Sarom.

Cânon Sagrado - Pergaminho

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As tiras extraídas do papiro eram coladas umas

sobre outras até formarem um rolo de qualquer

extensão. Este material gráfico primitivo é

mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo

2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2. Em certas versões da Bíblia,

o papiro é mencionado como junco; de fato, é um tipo

de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a

nossa palavra papel. Seu uso na escrita vem de 3.000

a.C.

Pergaminho, é pele de animais, curtida e polida,

utilizada na escrita antiga. É material gráfico melhor

que o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro.

Vem dos primórdios da Era Cristã, apesar de já ser

conhecido antes. É também mencionado na Bíblia,

como em 2 Timóteo 4.13. A Bíblia foi originalmente

escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo.

Assim, vemos que, em princípio, os livros sagrados não estavam unidos uns aos outros

como os temos agora em nossas Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do papel

no Século II, pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis, inventada em 1450, pelo

Alemão Gutemberg. Até então, era tudo manuscrito pelos escribas de modo laborioso, lento e

oneroso. Quanto a este aspecto da difusão de sua Palavra, Deus tem abençoado

maravilhosamente, de maneira que, hoje milhões de exemplares das Escrituras Sagradas são

impressos com rapidez e facilidade em muitos pontos da terra. Também, graças aos

progressos alcançados no campo das invenções e da tecnologia, podemos hoje, transportar

com toda comodidade um exemplar da Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos. Ainda

hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em

uso nas sinagogas judaicas.

3. O VOCÁBULO "BÍBLIA"

Este vocábulo não se encontra no texto original das Sagradas Escrituras. Consta

apenas na capa. Então de onde vem o vocábulo “Bíblia”? Vem do grego, a língua original do

Novo Testamento. É derivado do nome que os gregos davam à folha, de papiro preparada para

a escrita - "biblos".

Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "bibliôn." e vários destes eram

uma "bíblia". Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros pequenos".

Com a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a "livro",

como se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc. É consenso geral entre os mestres no

assunto, que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João

Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no Século IV. E porque as Escrituras formam uma

Papiro

Pergaminho

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unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como acabamos de ver, passou a ser

singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro dos livros. O Livro por excelência como Livro

divino, a definição canônica da Bíblia é "A revelação de Deus à humanidade". Os nomes mais

comuns que a Bíblia dá a si mesma, isto é, a seus nomes canônicos, são:

Sagradas Escrituras: Aos Romanos 1.2.

Livro do Senhor: Isaias 34.16.

A Palavra de Deus: Marcos 7.13; Hebreus 4.12.

Os Oráculos de Deus: Romanos 3.2.

Escrituras: Mateus 21.42.

4. A ESTRUTURA DA BÍBLIA

Estudaremos neste ponto, a estrutura e composição da Bíblia, isto é, a sua divisão em

partes principais e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e

versículos e, certas particularidades indispensáveis. A Bíblia divide-se em duas partes

principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO. Tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e

27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num período de 16 séculos por cerca de 40

escritores. Aqui, está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenceram às mais

variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões e continentes

distantes uns dos outros, em épocas e condições diversas, entretanto, seus escritos formam

uma harmonia perfeita. Isto prova que um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus!

A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: (a) Aliança ou

concerto (b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém quanto

à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo Testamento,

como por exemplo, em Lucas 22.20.

No Antigo Testamento, a palavra usada é "berith" que significa apenas concerto. O

duplo sentido do termo grego nos mostra que a morte do testador(Cristo) ratificou ou selou a

Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança com Cristo Romanos 8.17; Hebreus 9.15-17. O

título Antigo Testamento foi primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras hebraicas,

por Tertuliano, e Orígenes.

Na primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado

pacto, aliança), que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êxodo

24.3- 8; Hebreus 9.19,20).

Na segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que veio pelo Senhor

Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o seu próprio sangue (Lucas 22.20; Hebreus 9.11-

15). É, pois um concerto superior. Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é

73. Os sete livros a mais, são chamados apócrifos. Além dos livros apócrifos, as referidas

Bíblias têm mais quatro acréscimos a livros canônicos. Trataremos disto no capítulo que

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estudará o Cânon das Escrituras.

4.1 Antigo Testamento

O antigo testamento tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com

exceção de pequenos trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel

trouxe do seu exílio babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão

classificados em quatro grupos, conforme os assuntos a que pertencem: Lei, História,

Poesia(também conhecido por devocional) e Profecia.

Vejamos os livros por cada grupo:

a. LEI. São cinco livros:

De Gênesis a Deuteronômio. É comumente chamado de Pentateuco. Esses livros

tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do estabelecimento da nação israelita.

b. HISTÓRIA. São doze livros:

De Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários períodos:

Teocracia, sob os juízes;

Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão;

Divisão do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este

levado em Cativeiro para a Assíria, e aquele para Babilônia;

Pós-cativeiro, sob Zorobabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas

contemporâneos.

c. POESIA. São cinco livros:

De Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam cheios de

imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São também chamados

devocionais.

d. PROFECIA. São dezessete livros:

De Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em: Profetas Maiores: Isaías a Daniel

(cinco livros). Profetas Menores: Oséias a Malaquias (doze livros). Os nomes maiores e

menores não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta, mas ao tamanho dos livros e

extensão do respectivo ministério profético. A classificação dos livros do AT, por assunto,

vem da versão Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos

livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a não pouca confusão, quando procura

agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos

livros é bem diferente. Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e, 1 e

2 Reis são chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2

Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições católicas

de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde na vers. Almeida aos Salmos 9 e 10. O

de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 e 147, que nas nossas Bíblias é o

de número 147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em qualquer das versões

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acima mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada afetam o texto em si, e não

poderia ser doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!

4.2 Novo Testamento

O Novo Testamento tem 27 livros e foi escrito em grego; não no grego clássico dos

eruditos, mas na linguagem do povo comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão

classificados em quatro grupos, conforme o assunto a que pertencem: Biografia, História,

Epístolas e Profecia. O terceiro grupo é também chamado Doutrina.

a. BIOGRAFIA. São os quatro Evangelhos.

Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério. Os três primeiros

são chamados sinópticos, devido a certo paralelismo que têm entre si. Os Evangelhos são os

livros mais importantes da Bíblia. Todos os que os precedem tratam da preparação para a

manifestação de Jesus Cristo, e os que se lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.

b. HISTORIA. É o livro de Atos dos Apóstolos

Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a propagação do Evangelho; tudo

através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera.

c. EPÍSTOLAS. São vinte e uma epístolas ou cartas

Vão de Romanos a Judas, e contêm a doutrina da Igreja: Nove, são dirigidas as

igrejas(Romanos a 2ª Tessalonicenses). Quatro, são dirigidas a indivíduos (1ª Timóteo a

Filemon). Uma é dirigida aos hebreus cristãos. Sete, são dirigidas a todos os cristãos,

indistintamente (Tiago a Judas). Estas últimas são também chamadas universais, católicas ou

gerais, apesar de duas delas (2ª e 3ª João) serem dirigidas a pessoas.

d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou Revelação

Trata da volta pessoal do Senhor Jesus a terra e das coisas que precederão esse

glorioso evento. Nesse livro vemos o Senhor Jesus vindo com seus santos para: a) destruir o

poder gentílico mundial sob o reinado da Besta; b) livrar Israel, que estará no centro da

Grande Tribulação; c) julgar as nações; d) estabelecer o seu reino milenar. Oh! Como

desejamos que Ele venha! Os livros do Novo Testamento também não estão situados em

ordem cronológica, pelas mesmas razões expostas ao tratarmos do Antigo Testamento.

5. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA

Jesus é o tema central da Bíblia. Ele mesmo declara em Lucas 24.44 e João 5.39. (Ler

também Atos 3.18; 10.43; Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que, em tipos,

figuras, símbolos e profecias, Ele ocupa o lugar central das Escrituras, isto além da sua

manifestação como está registrada em todo o Novo Testamento.

Em Gênesis, Jesus é o descendente da mulher (Genesis 3.15).

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Em Êxodo, é o Cordeiro Pascoal.

Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório.

Em Números, é a Rocha Ferida.

Em Deuteronômio, é o Profeta.

Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor.

Em Juízes, é o Libertador.

Em Rute, é o Parente Divino.

Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido.

Em Ester, é o Advogado.

Em Jó, é o nosso Redentor.

Nos Salmos, é o nosso socorro e alegria.

Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus.

Em Cantares de Salomão, é o nosso Amado.

Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro.

Nos Profetas, é o Messias Prometido.

Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo.

Nos Atos, é o Cristo Ressurgido.

Nas Epístolas, é a Cabeça da Igreja.

No Apocalipse, é o Alfa e o Ômega; é o Cristo que volta para reinar.

Tomando o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, podemos resumir os 66 livros em

cinco palavras referentes a Ele, assim:

PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da preparação para o advento de

Cristo.

MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da manifestação de Cristo.

PROPAGAÇÃO - O Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo.

EXPLANAÇÃO - As Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo.

CONSUMAÇÃO - O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas

as coisas preditas, através de Cristo. (Dr. Cl. Scofield). Portanto, as Escrituras sem Jesus

seriam como a Física sem a matéria ou a Matemática sem os números.

6. FATOS E PARTICULARIDADES DA BÍBLIA

Antes, a Bíblia não era dividida em capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi

feita no ano 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das

Escrituras. A divisão em versículos foi feita de duas vezes. O AT em 1445, pelo Rabi Nathan;

o NT e 1551, por Robert Stevens, um impressor de Paris. Stevens publicou a primeira Bíblia

(Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555. O AT tem 929 capítulos e

23.214 versículos. O NT tem 260 capítulos e 7.959 versículos. A Bíblia toda tem 1.189

capítulos e 31.173 versículos. O número de palavras e letras depende do idioma e da versão.

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O maior capítulo é o Salmo 119, e o menor, o Salmo 117. O maior versículo está em

Ester 8.9; o menor, em Êxodo 20.13. (Isso, nas versões portuguesas e com exceção da

chamada "Tradução Brasileira", onde o menor é Lucas 20.30). Em certas línguas, o menor é

João 11.35. Os livros de Ester e Cantares não contêm a palavra Deus, porém a presença de

Deus é evidente nos fatos neles desenrolados, mormente, no livro de Ester.

Há na Bíblia 8.000 menções de Deus sob vários nomes divinos, e 177 menções do

Diabo, sob seus vários nomes. A vinda do Senhor é referida direta e indiretamente 1.845

vezes, sendo 1.527 no AT e 318 no NT. - Não é esse um assunto para séria meditação? O

Salmo 119 tem em hebraico 22 seções de 8 versos cada uma. O número 22 corresponde ao

número de letras do alfabeto hebraico. Cada uma das 22 seções inicia com uma letra desse

alfabeto, e, dentro de cada seção, todos os versículos começam com a letra da respectiva

seção. Caso semelhante há no livro de Lamentações de Jeremias. Ali, em hebraico, os

capítulos 1, 2,4, têm 22 versículos cada um, compreendendo as 22 letras do alfabeto, de álefe

a tau. Porém o capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada três deles, a mesma letra do

alfabeto.

Há outros casos assim na estrutura da Bíblia. Isso jamais poderia ser obra do acaso. A

frase "não temas" ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano! O

capítulo 19 de 2º Reis é idêntico ao 37 de Isaías. O AT encerra citando a palavra “maldição”;

o NT encerra citanda a expressão: "a graça do Nosso Senhor Jesus Cristo."

A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo; isso se deu em

1452, em Mogúncia, Alemanha. Os números 3 e 7 predominam admiravelmente em toda a Bíblia. O

nome de Jesus consta do primeiro e dos últimos versículos do NT. As traduções da Bíblia(Toda ou em

parte) até 1984, atingiram a 1796 línguas e dialetos. Restam ainda cerca de 1.000 línguas em que ela

precisa ser traduzida.

Que está o irmão fazendo para difundir a Bíblia - o livro que o salvou?

7. OBSERVAÇÕES ÚTEIS NO MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIA

7.1 Apontamentos individuais

Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória falha

com o tempo. Distribua seus apontamentos por assuntos previamente escolhidos e destacados

uns dos outros. Use, para isso, um livro de folhas soltas (livro de argola) com projeções e

índice. Se não houver organização nos apontamentos, eles pouco servirão.

7.2 Aprenda a ler e escrever referências bíblicas

O sistema mais simples e rápido para escrever referências bíblicas é o adotado pela

Sociedade Bíblica do Brasil: duas letras sem ponto abreviativo para cada livro da Bíblia. Entre

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capítulo e versículo põe-se apenas um ponto. No índice das Bíblias editadas pela SBB

Sociedade Bíblica do Brasil), pode-se ver a lista dos livros assim abreviados. Exemplos de

referências por esse sistema.

7.3 Diferença entre texto, contexto, referência, inferência.

Texto são as palavras contidas numa passagem.

Contexto é a parte que fica antes e depois do texto que estamos lendo. O contexto pode

ser imediato ou remoto.

Referência é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de indicar o livro,

capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações como:

a) Indicando a parte inicial do versículo: (Romanos 11.17a).

b) Indicando a parte final do versículo: (Romanos 11.17b).

“Ss”, indicando os versículos que se seguem até o fim ou não do capítulo: (Romanos

11.17ss).

“Q.V.”, significando que veja. Recomendação para não deixar de ler o texto indicado.

Vem da expressão latina quod vide = que veja.

“Cf”, significando compare, confirme confronte. Vem do latim confere.

"i.e.", significando isto é. Vem do latim id est.

As referências também podem ser verbais e reais. As primeiras são um paralelismo de

palavras; as segundas, de assuntos.

Inferência é uma conexão indireta entre assuntos. É uma ilação, dedução ou ideias.

8. OS LIVROS APÓCRIFOS

Etimologicamente, o termo “apócrifo” significa: “oculto”, “escondido”. É usado para

designar os 14 ou 15 livros, ou partes de livros que, em algum tempo, foram colocados entre

os livros do Antigo e do Novo Testamento. Eles aparecem anexados nas versões Septuaginta e

Vulgata Latina. O vocábulo tem sido empregado de forma diferente por católicos e

protestantes:

Para os protestantes “apócrifos” designa o conjunto de livros ou porções de livros que

não fazia parte do cânon (lista de livros inspirados) hebraicos;

Para os católicos “Apócrifo” se refere aos livros que os estudiosos protestantes

chamam de pseudoepígrafos.

Os livros que os protestantes chamam de “apócrifos”, os católicos chamam de

“Deutero -canônicos”. Para os protestantes, os livros apócrifos não foram inspirados por

Deus. São importantes fontes documentais para o conhecimento da história, cultura e religião

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dos Judeus. Também muito úteis para nossa compreensão dos acontecimentos

intertestamentários (entre o Antigo e o Novo Testamento). Mas não para estarem lado a lado

com a literatura canônica (inspirada por Deus), pois ao compararmos uma literatura com a

outra, logo percebemos profunda e radical diferença no estilo, na autoridade e até nos

ensinamentos.

A igreja Católica só se lembrou de incluí-los no Cânon (lista de livros inspirados por

Deus) em 15 de abril de 1546, no Concílio de Trento, impondo-os aos seus fiéis como livros

inspirados. Quem não aceitasse a decisão da igreja, seria por ela amaldiçoado.

Por que rejeitamos os apócrifos?

Se a mente divina inspirou a cada escritor, o produto destes diferentes autores deve

estar em harmonia entre si. Portanto, os primeiros livros se constituem o critério para todos os

demais livros que se consideram ou são chamados de inspirados. Mas os livros conhecidos

como apócrifos:

Não se harmonizam em ensino e doutrina com Moisés e outros profetas canônicos;

Nem Jesus, nem os apóstolos citaram os livros apócrifos como fonte de autoridade.

Por que então, a Igreja Católica continua apegada aos livros apócrifos?

Porque as doutrinas fictícias dos apócrifos confirmam falsos ensinos da igreja, como

por exemplo: oração pelos santos, falsas curas, dar esmolas para libertar da morte e do

pecado, e salvação pelas obras.

Eis alguns ensinos de apócrifos:

1. Ensino da Arte Mágica – Tobias 6:5-8. (Refutação bíblica: Marcos 16:17; Atos

16:18).

2. Dar Esmolas Purifica do Pecado – Tobias 12: 8 e 9; Eclesiástico 3:33. ( Refutação

bíblica: 1 Pedro 1:18 e 19; Judas 24).

3. Pecados Perdoados pela Oração – Eclesiástico 3:4. (Refutação bíblica: Prov. 28:1;

1;João 1:9; 2: 1 e 2).

4. Orações pelos Mortos – 2 Macabeus 12: 42-46. (Refutação bíblica: Atos 2:34;

Isaías38:18; Lucas 16:26; Isaías 8:20).

5. Ensino do Purgatório – Sabedoria 3:1-4 (imortalidade da alma). Refutação bíblica: 1

João 1:7

6. O Anjo Relata uma Falsidade – Tobias 5: 1-19. Refutação bíblica: Lucas 1:19

7. Uma mulher jejuando toda a sua vida – Judith 8: 5 e 6. Esta é uma história parecida

com outras lendas católicas com respeito a seus santos canonizados. Uma mulher dificilmente

jejuaria por toda sua vida. Jesus, mesmo sendo divino-humano, jejuou 40 dias, não pela vida

toda.

8. Simeão e Levi mataram os habitantes de Siqueia por ordem de Deus – Judite 9:2.

(Refutação bíblica: Deus não tinha nada a ver com isto: Gênesis 34:30; 49: 5-7; Romanos12:

19, 17).

9. A Imaculada Conceição – Sabedoria 8:19 e 20. Este texto é usado pelos católicos

para sustentar a doutrina de que Maria nascera sem pecados. (Refutação bíblica: Lucas 1: 30-

35; Salmo 51:5; Romanos 3:23).

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10. Ensinos da Crueldade e do Egoísmo – Eclesiástico 12:6. Refutação bíblica:

Provérbios 25:21,22; Romanos12:20; João 6:5; Marcos 6:44-48.

Há muitos outros ensinamentos errados, mas, creio serem estes suficientes para

aceitarmos que tais livros devem realmente ficar fora da lista de livros inspirados.

Lista dos Apócrifos do Antigo Testamento

a. O 1º Livro de Esdras;

b. 2º Livro de Esdras;

(Na versão Vulgata: O Esdra Canônico é chamado de 1º Esdras e Neemias de 2º

Esdras; enquanto o 1º Livro de Esdras apócrifo é chamado de 3º Esdras).

c. Tobias;

d. Judite;

e. Adições ao Livro de Ester;

f. A Sabedoria de Salomão;

g. A Sabedoria de Jesus o filho de Sisaque, ou Eclesiástico;

h. Baruque;

i. A Carta de Jeremias;

j. A oração de Azarias e o Canto das Três Jovens;

k. Susana;

l. Bel e o Dragão;

m. A oração de Manasses;

n. 1º Livro de Macabeus;

o. 2º Livro de Macabeus;

Lista dos Apócrifos Deutero-canônicos

a. Tobias;

b. Judite;

c. Adições ao Livro de Éster (10:4 – 16:22);

d. Sabedoria;

e. Eclesiástico;

f. Baruque;

g. Susana (Daniel 13);

h. Bel e o Dragão (Daniel 14);

i. 1º Macabeus;

j. 2º Macabeus;

8.1 Apócrifos do Antigo Testamento.

Os apócrifos do Antigo Testamento podem ser facilmente identificados comparando

os livros das Bíblias utilizadas pela maioria das “Sociedades Bíblicas” com uma Bíblia

Católica.

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Na comparação abaixo, os livros em negrito constituem os apócrifos (chamados de

Deutero-canônicos pelos Católicos). Aqueles não negritados são aceitos como canônicos por

protestantes e Católicos.

Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio;

Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2

Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester (com acréscimos), 1 Macabeus, 2

Macabeus.

Sapienciais: Jó, Salmos Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria,

Eclesiástico.

Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel (com

acréscimo), Oséias, Joel, Amós, Abdias (Obadias), Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,

Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Total: 46 Livros - 39 Canônicos + 7 Deutero-canônicos ( = aqueles em negrito)

8.2 Apócrifos do Novo Testamento

Os apócrifos do Novo Testamento não oferecem problema porque são rejeitados por

todas as igrejas cristãs. E não podia ser diferente. Observe o ensino, como por exemplo, do

evangelho de São Tomé: “Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo,

esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: Não continuarás tua carreira. Imediatamente o

menino caiu morto. Seus pais correram a falar com José, este repreende a Jesus que castiga

os reclamantes com terrível cegueira.” Tal relato não é compatível com a sublimidade dos

ensinos de Cristo e é suficiente para provar que este evangelho é espúrio. “Trouxeram-lhe,

então, algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os

repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim,

porque dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos, retirou-se dali.” Mateus

19:13-15.

Lista dos Apócrifos do Novo Testamento

Evangelhos

a. Evangelho Segundo Hebreus;

b. Evangelho dos Egípcios;

c. Evangelhos dos Ebionitas;

d. Evangelho de Pedro;

e. Evangelho de Tiago,

f. Evangelho de Tomé;

g. Evangelho de Filipe,

h. Evangelho de Gamaliel;

i. Evangelho da Verdade.

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Epístolas:

a. Epístola de Clemente;

b. As 7 Espístolas de Inácio aos Efésios, aos Magnésios, aos Trálios, aos Romanos,

aos Filadélfios, aos Esmirnenses e a Policarpo;

c. Epístola de Policarpo aos Filipenses;

d. Epístola de Barnabé.

Atos:

a. Atos de Paulo, Atos de Pedro,

b. Atos de João, Atos de André,

c. Atos de Tomé.

Apocalipses:

a. Apocalipse de Pedro,

b. Apocalipse de Hermas,

c. Apocalipse de Paulo,

d. Apocalipse de Tomé;

e. Apocalipse de Estevão.

Manuais de Instrução:

a. Didaquê ou Ensino dos 12 Apóstolos,

b. 2 de Clemente

c. Pregação de Pedro.

Total: 34 livros – são mais do que os Canônicos do Novo Testamento (que

somam27).Muitos destes livros disputaram um lugar junto ao Cânon Bíblico, mas graças a

Deus, foram rejeitados pela Igreja Cristã, assessorada pelo Espírito Santo. Se estes livros

pertencessem à lista de livros inspirados por Deus, certamente manchariam a beleza da sã e

pura Palavra de Deus.

Devemos, portanto, nos apegar apenas aos 66 livros como dignos de confiança em

termos da revelação de Deus ao homem. Nestes livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no

Novo

Testamento, temos toda a revelação necessária para a salvação do homem. A

Sociedade Bíblica do Brasil – com razão – adota estes 66 livros como padrão para as Bíblias

que produz.

9. A VERSÃO DE ALMEIDA

Até o último quarto do século XVI não havia versão alguma completa e impressa das

Escrituras em português. A zelosa rainha D. Leonor, mulher de D. João II, tentou vulgarizar

as Escrituras. Ela mandou traduzir e imprimir, em 1495, a expensas suas, a Vida de Cristo,

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que foi originalmente escrita na língua latina pelo Dr. Ludolfo, de Saxônia, e que continha

muitas citações da Bíblia. Dez anos depois ela mandou publicar na língua lusitana os Atos dos

Apóstolos e as epístolas universais de Tiago, Pedro, João e Judas. Esta nobre senhora faleceu

em 1525, e por uma reação do clero essas obras desapareceram das bibliotecas. Uma segunda

edição da Vida de Cristo foi publicada em 1554; porém esta teve a mesma sorte. Nesta época,

organizaram-se diversas companhias comerciais para o desenvolvimento das várias colônias

dos países europeus. Entre estas, a Companhia Holandesa das índias Orientais, que se

organizou em 1602, cuja carta patente exigiu que cuidasse em plantar a Igreja entre os povos e

procurasse a sua conversão nas possessões tomadas aos portugueses nas índias Orientais. Foi

esta companhia que mais tarde patrocinou a revisão do Novo Testamento de João Ferreira de

Almeida, em 1693.

João Ferreira de Almeida nasceu em 1628 no local chamado Torre de Tavares,

Portugal. Em 1642, encontrando-se na Indonésia, aceitou a fé da Igreja Reformada Holandesa

pela profunda impressão que causou em seu espírito a leitura dum folheto espanhol. Desde o

princípio da sua conversão, mostrou a sua aptidão para o estudo eclesiástico. Ignoram-se as

circunstâncias que o fizeram transportar-se à Batávia, onde se tornou muito ativo e zeloso no

trabalho da evangelização, pregando nas línguas portuguesa, espanhola, francesa e holandesa.

Durante a sua longa vida pastoral escreveu e publicou várias obras de caráter religioso, entre

as quais. sobressai a versão portuguesa da Bíblia.

Deixou completa a coleção de todos os livros do Novo Testamento, não logrando,

porém, concluir a tradução do Antigo Testamento, que só chegou até o livro de Ezequiel,

capítulo 48, versículo 21. Ele foi casado, e teve uma filha e ainda um filho chamado Mateus.

Faleceu em Batávia no segundo semestre do ano de 1691.

Aos 16 anos Almeida iniciou sua obra de tradução do Novo Testamento, usando as

versões italiana, francesa, espanhola e latina. Este trabalho perdeu-se. A tradução definitiva

que foi publicada em 1681 foi feita diretamente do grego. Seguindo a versão holandesa como

modelo, acrescentou os textos paralelos da Escritura na margem, e, no princípio de cada

capítulo, pôs o sumário ou os artigos de que nele tratava.

Em 1681, começou a publicação da Bíblia de Almeida pelo Novo Testamento. A

primeira edição foi feita em Amsterdam, por ordem da Companhia Holandesa das índias

Orientais, para circular entre as igrejas evangélicas portuguesas, que está companhia

estabelecera nas suas feitorias asiáticas. Eis o título: Novo Testamento, isto é, todos os

sacrossantos livros e escritos evangélicos e apostólicos do Novo Concerto de nosso fiel

Senhor, Salvador e Redentor Jesus Cristo, agora traduzidos em português pelo Padre 1João

Ferreira de Almeida, pregador do Santo Evangelho. Com todas as licenças necessárias. Em

1 Os missionários holandeses de Tranquebar se intitularam a si próprios de padres dominicanos, mas não tinham ligação com a ordem

dominicana católica. É bem provável que eles, sendo «pouco conhecedores do idioma, julgassem que o adjetivo dominicano era derivado de Dominus, e ingenuamente supusessem que se dizerem ministros do Senhor ou Padres Dominicanos era uma e a mesma coisa» (A

bíblia em Portugal, G.L. Santos Ferreira, p. 42).

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Amsterdam, pela viúva J. V. Someren. Ano 1681.

No reverso do frontispício vem esta declaração: Este SS. Novo Testamento é

imprimido por mandado e ordem da ilustre Companhia da índia Oriental das Unidas

Províncias, e com o conhecimento da Reverenda Classe da cidade de Amsterdam, revisto

pelos ministros pregadores do Santo Evangelho, Bartolomeus Heynen, Johannes de Vaught.

O trabalho tipográfico continha muitos erros e o próprio autor revoltou-se contra a

incapacidade dos revisores.

E publicaram, periodicamente diversas partes das Escrituras. Pela intervenção

amigável de Theodoro van Cloon, um oficial holandês em Batávia, receberam eles os

originais (Gên- Ez. 48:21) de Almeida em 1731. Quando o Sr. Cloon foi nomeado governador

de Negapatão, interessou-se na obra da tradução pelos missionários dinamarqueses e

prometeu mandar-lhes a versão de Almeida logo que chegasse à Batávia para ocupar o seu

novo cargo, o que efetivamente fez no ano seguinte. Com os manuscritos, ele mandou a

quantia de oitocentos escudos para ajudar nas despesas da impressão. Ao ouvir que existiam

os manuscritos de Almeida, apressaram-se em traduzir os profetas menores para que

pudessem publicar a Bíblia completa; porém, ao receber os originais, repararam que a revisão

do mesmo seria muito demorada, razão porque publicaram os Profetas Menores só em 1732.

Saiu esta obra em Tranquebar, com este título: Os doze profetas menores, convém saber:

Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e

Malaquias.

Com toda diligência traduzidos na língua portuguesa pelos padres missionários de

Tranquebar, na oficina da Real Missão de Dinamarca. Ano de 1732.

Foram publicados os demais livros do Antigo Testamento na seguinte ordem: Os

livros históricos - Josué a Ester - em 1738, revistos de acordo com o texto original pelos

missionários holandeses de Tranquebar. Em 1740, saíram os Salmos, revistos e conferidos

com os livros históricos de 1738. Quatro anos depois, foram publicados os livros dogmáticos

— Jó a Cantares de Salomão. Em 1751, saíram os quatro profetas maiores — Isaías a Daniel.

Os três primeiros, por Almeida, e o quarto, por Cristóvão Theodósio

Walther.Simultaneamente, em Batávia estava sendo publicado o Antigo Testamento,

traduzido por Almeida, até o final de Ezequiel, e por Jacobus op den Akker, que fez a

tradução dos Profetas Menores. O primeiro tomo saiu do prelo em 1748 e o segundo em 1753.

Assim a Bíblia em português estava completa. Estes dois volumes têm todas as páginas

numeradas e, depois da do título, vem uma folha, dizendo: «Esta primeira impressão do

Antigo Testamento sai à luz às custas da ilustre Companhia Holandesa da Índia Oriental, por

mandado do Ilmo. Sr. Gustavo Guilherme, Barão d'Imhoff, Governador-Geral, e dos

Nobilíssimos Srs. Conselheiros da Índia...

“Deste trabalho escreve o Dr. Teófilo Braga: É esta tradução o maior e mais

importante documento para se estudar o estado da língua portuguesa no século XVII: o Padre

João Ferreira de Almeida, pregador do evangelho em Batávia, pela sua longa residência no

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estrangeiro, escapou incólume à retórica dos seiscentistas; a sua origem popular e a sua

comunicação com o povo levaram-no a empregar formas vulgares, que nenhum escritor

cultista do seu tempo ousaria escrever. Muitas vezes o esquecimento das palavras usuais

portuguesas leva-o a recordar-se de termos equivalentes, e é esta uma das causas da riqueza

do seu vocabulário. Além disto, a tradução completa da Bíblia presta-se a um severo estudo

comparativo com as traduções do século XIV e com a tradução do Padre Figueiredo do século

XVIII. É um magnífico, monumento literário.”

Para a2 o fim do século XVIII, e o princípio do XIX, a coroa britânica incorporou

Tranquebar aos seus domínios, e o idioma português foi gradualmente abandonado como a

língua comercial, e consequentemente banido do uso das igrejas reformadas. Porém a divina

providência estava preparando outro meio para a evangelização das terras do velho Portugal e

a conservação da Bíblia portuguesa. Portugal, até então mergulhado nas densas trevas da

superstição romana, experimentou uma renascença. Isto veio por uma série de

acontecimentos. Pela opressão política, umas pessoas refugiaram-se em Plymouth e em outras

cidades da Inglaterra, o território nacional foi ocupado por tropas inglesas e o exército

lusitano organizado segundo o gênio disciplinador "inglês, as relações comerciais e políticas

foram estreitadas com Grã-Bretanha, e propagou-se rapidamente por todo o reino o

sentimento de tolerância religiosa. Isso, com as facilidades de comunicação com as ilhas e

colônias portuguesas, induziu a Sociedade Bíblica Britânica a publicar uma edição do Novo

Testamento em português da versão de João Ferreira de Almeida em 1809. Desde então esta

sociedade tem publicado muitas edições, e, sob a mão de Deus, tem sido usada

maravilhosamente para a disseminação da Bíblia em português. Em 1819 a Bíblia completa

de João Ferreira de Almeida foi publicada em um só volume pela primeira vez, com este

título:

“A Bíblia Sagrada, contendo o Novo e o Antigo Testamentos, traduzida em português

pelo Padre João Ferreira de Almeida, ministro pregador do Santo Evangelho em Batávia -

Londres, na oficina de R. e A. Taylor, 1819 - 8o gr. de IV - 884 pp., a que se segue, com

rosto e numeração o Novo Testamento, contendo IV - 279 páginas.”

Desde essa data tem sofrido várias revisões. A primeira, em 1840, foi chamada de

Revista e Emendada. Em 1847 foi novamente revisada, e chamada de Revista e Reformada. A

revisão de 1875 foi chamada de Revista e Conecta. Depois, sofreu a correção de vários “erros

óbvios” e algumas modificações ortográficas e recebeu o nome de Revista e Corrida, que é

essencialmente a Bíblia de uso popular ainda. Esta última revisão data de 1898.A Bíblia por

João Ferreira de Almeida que atualmente temos, não é realmente dele, por causa das diversas

correções e versões por que tem passado; entretanto, o texto original era dele e as

modificações foram feitas devido às exigências da língua, e à luz dos textos originais, e, sendo

o primeiro a dar ao protestantismo português as sagradas letras, é digno de ser reconhecido

como o autor da Bíblia que tem o seu nome.

2 Mon. da História da LU. Portuguesa, Cap. 16, pp. 350 e 351.

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10. A VERSÃO DE FIGUEIREDO

Durante o tempo do Papa Benedito XIV, por um decreto da Cong. do Index, de 13 de

julho de 1757, a Bíblia foi reconhecida como útil para robustecer a fé dos crentes pelas

cerebrinas anotações. Esta nova atitude da Igreja Católica Romana deu um impulso à tradução

da Bíblia, tomando-se a Vulgata como base. Entre os redatores mais fervorosos estava

Antônio Pereira de Figueiredo, nascido em Tomar, perto de Lisboa, em 1725, que se tornou

um padre secular, e morreu num convento em Lisboa, em 1797, onde tinha estado por doze

anos. Afamado como latinista, historiador e, sobretudo, como teólogo com ideias liberais, ele

estava habilitado para a tarefa da tradução. A sua versão da Bíblia foi feita da Vulgata, com

referência aos textos gregos originais. Por dezoito anos ele se ocupou com esta obra, a qual

foi submetida a duas revisões cuidadosas antes de ser publicada. A primeira edição saiu em

1781 pelo Novo Testamento, em seis volumes, de cerca de 400 páginas, com este título: “O

Novo Testamento de Jesus Cristo, traduzido em português segundo a Vulgata, com várias

anotações históricas, dogmáticas e morais, e apontadas as diferenças mais notáveis do original

grego. Por Antônio Pereira de Figueiredo, deputado ordinário da Real Mesa Censória.”

Em1782, foi publicada a tradução do Saltério, com uma nota assinada pelo tradutor,

que se acha no fim do segundo volume, dando a data em que ele começou a obra, nestas

palavras: Comecei a tradução do Saltério a 22 de outubro de 1779 e acabei-a a 12 de janeiro

de 1780. Seja Deus bendito para sempre. O Antigo Testamento de Figueiredo foi publicado

em dezessete tomos seguidamente desde 1783 a 1790, com o seguinte título: Testamento

Velho, traduzido em português, segundo a Vulgata latina, ilustrado de prefações, notas e

lições variantes. Por Antônio Pereira de Figueiredo, deputado ordinário da Real Mesa

Censória. Contém, este Antigo Testamento, além dos livros canônicos, geralmente recebidos

todos os livros apócrifos, de que foi esta a primeira impressão regular em língua portuguesa.

Cada livro é precedido de uma prefação, em que o talento e a erudição do autor se

manifestam a cada passo. A edição de sete volumes, completada em 1819, é considerada o

padrão das versões de Figueiredo e inclui uma prefação importante. O primeiro volume traz o

retrato de D. João, príncipe do Brasil, que se tornou D. João VI, rei de Portugal em 1799. Eis

o seu título: A Bíblia Sagrada, traduzida em português segundo a Vulgata latina. Ilustrada

com prefações, notas, lições variantes. Dedicada ao príncipe Nosso Senhor, por Antônio

Pereira Figueiredo, deputado da Real Mesa da Comissão Geral sobre o exame e censura dos

livros Edição nova, pelo texto latino que se ajuntou e pelos muitos lugares que vão retocados

na tradução e notas.

A Bíblia de Figueiredo em um só volume foi publicada pela primeira vez em 1821,

com o seguinte título: A Santa Bíblia, contendo o Antigo e o Novo Testamentos. Traduzidos

em português pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo — Londres: impresso na oficina de

B. Bensley, em Bolt-Coult, Fleet-Street. 1821.Há duas coisas notáveis na edição de 1828, que

foi preparada por Bagster, o grande editor inglês de Bíblias, a saber: ela não contém os Livros

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Apócrifos e foi aprovada em 1842 pela rainha D. Maria II, com a consulta do patriarca

arcebispo eleito de Lisboa. Em 1840, uma cópia desta Bíblia foi oferecida ao governador de

Terceira, uma ilha dos Açores, pelo vice-cônsul britânico, em nome da Sociedade Bíblica

Britânica, junto com um pedido para uma licença de distribuir cópias similares a esta entre os

pobres. Este pedido foi transmitido ao governo central em Lisboa.

Consequentemente uma ordem real foi obtida para os oficiais da Alfândega do porto

de Angra do Heroísmo, para deixar entrar, livre de, impostos, a remessa das Bíblias, e que,

antes de distribuí-las, um exemplar fosse enviado a Lisboa para um exame oficial. Conforme

esta ordem, uma cópia da Bíblia foi remetida a Lisboa em 1842, a qual foi submetida ao

patriarca arcebispo eleito de Lisboa, Francisco de S. Luiz (mais tarde Cardeal Saraiva), que

deu um parecer favorável sobre o livro, com o resultado que em outubro do mesmo ano uma

ordem real foi enviada à Terceira, exprimindo a aprovação do livro pela rainha de Portugal,

baseada sobre a sanção do patriarca e licenciando a distribuição gratuita, que se tornou efetiva

antes do fim do mesmo ano com o auxílio dos oficiais e para a satisfação geral da população.

A distribuição foi feita aos professores da instrução primária e secundária, uma para

cada professor e duas para dois dos seus educandos dos mais pobres, e um apelo foi feito ao

vice-cônsul britânico para que ele empregasse os seus esforços para que fosse entregue mais

uma remessa de Bíblias. Devido a esta ordem real, a Sociedade Bíblica Britânica tem

publicado, no frontispício da Bíblia de Figueiredo, desde 1890, estas palavras: Da edição

aprovada em 1842 pela rainha D. Maria II, com a consulta do patriarca arcebispo eleito de

Lisboa. Esta frase se encontra nas edições atuais.

11. A EDIÇÃO BRASILEIRA

Em 1879, uma edição do Novo Testamento foi publicada pela Sociedade de Literatura

Religiosa e Moral do Rio de Janeiro, que foi anunciada como A Primeira Edição Brasileira.

Porém foi a versão de Almeida revista pelos Srs. Dr. José Manoel Garcia, lente do Colégio D.

Pedro II; Rev. M. P. B. de Carvalhosa, ministro do evangelho em Campos, e Rev. A. L.

Blackford, ministro do evangelho no Rio de Janeiro e o primeiro agente da Sociedade Bíblica

Americana no Brasil.

As Sociedades Bíblicas empenhadas na disseminação da Bíblia no Brasil reuniram-se,

em 1902, para nomear uma comissão para traduzir os textos hebraico e grego em português. A

comissão tradutora foi composta de três estrangeiros, missionários das diversas juntas

operando no Brasil, e diversos brasileiros, os quais foram: Dr. W. C. Brown, da Igreja

Episcopal; J.R. Smith, da Igreja Presbiteriana Americana (Igreja do Sul); J. M. Kyle, da Igreja

Presbiteriana (Igreja do Norte); A. B. Trajano, Eduardo Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira

Campos. Estes foram auxiliados na sua tarefa por diversos pregadores e leigos das igrejas

evangélicas e alguns educadores eminentes do Brasil.

Além do texto grego e de todas as versões portuguesas existentes, a comissão tinha ao

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seu dispor muitos comentários e obras críticas que contêm os mais novos e mais úteis

resultados da investigação e estudo moderno do Novo Testamento. Em 1904, edições de

tentativa dos dois primeiros Evangelhos foram publicadas e, depois de alguma crítica e

revisão, o Evangelho Segundo Mateus saiu em 1905.

Os Evangelhos e o livro dos Atos dos Apóstolos foram publicados em 1906, e o Novo

Testamento completo, em 1910. A Bíblia inteira apareceu em 1917 3. As autoridades católicas

romanas, incitadas pela obra das Sociedades Bíblicas, na publicação das Sagradas Escrituras

no vernáculos na divulgação delas em toda parte do país, têm publicado diversas edições dos

Evangelhos e do Novo Testamento. Porém não é mister tratá-las aqui.

12. COMO A BÍBLIA CHEGOU AO BRASIL

É difícil narrar com veracidade a origem do uso da Bíblia no Brasil, por falta de

pormenores. Pelos três primeiros séculos da história do Brasil a Bíblia era proibida e

negligenciada. Ela não estava na lista dos livros autorizados pela coroa de Portugal a

circularem no Brasil durante os dias coloniais. Só no meado do século XIX a leitura dela foi

permitida.

O célebre Villegaignon, depois duma experiência dolorosa, resolveu dedicar-se mais

ao estudo da Palavra de Deus, e convidou a Igreja Reformada na França a enviar ministros do

evangelho para evangelizar a sua colônia. Porém desta resolução não houve bons resultados,

e, certamente, ela não fez parte do início da disseminação da Bíblia no Brasil.

Entre os colonos holandeses em Recife havia dirigentes de classes religiosas, e estes,

de quando em quando, dirigiam preleções sobre a Palavra de Deus. Em uma das reuniões

tomou-se esta resolução: Fica entendido que se deve requisitar 20 grandes Bíblias para a

introdução da nova tradução para o uso de cada um. Não podemos dizer se os pregadores

conseguiram traduzir qualquer parte em português. Somos obrigados a examinar a história das

Sociedades Bíblicas Britânica e Americana para a nossa informação. Antes de 1836, estas

duas Sociedades despacharam exemplares das Escrituras aos negociantes estrangeiros

residentes na costa oriental do Brasil, para distribuição.

Num livro velho há uma citação em uma carta do Rio de Janeiro, de 23 de dezembro

de 1837, do Rev. Justin Spauding, na qual diz que já distribuiu todas as Bíblias e Novos

Testamentos enviados e que tem a certeza de que a Sociedade Bíblica Americana remeterá

mais. No mesmo livro se refere às cartas escritas pelo Rev. Dr. D. P. Kidder, do Rio de

Janeiro, em 13 e 29 de janeiro de 1838, em que relatou as vendas das Bíblias em português e

latim.

3 (*) Nota do DPG — A Bíblia da Edição Brasileira, considerada muito boa por vários eruditos, deixou de ser reeditada, para dar lugar

àedição de Almeida, mais popular e por isso mais aceita.

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Em 9 de março de 1838, a Sociedade Bíblica Americana mandou 75 Bíblias e 25

Novos Testamentos à Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Metodista Episcopal, para o uso

dos seus missionários no Brasil. Naquele tempo isto era um presente liberal, e os livros foram

espalhados logo.

O Estado de São Paulo, em 1839, patrocinou a propaganda bíblica. O Rev. Dr. Kidder,

pela sua influência e dedicação, ganhou a cooperação de algumas autoridades daquela

província, e o Sr. Antônio Carlos, relator da Comissão da Instrução Pública, apresentou à

Assembleia Provincial uma proposta para que fosse aceita uma oferta de Bíblias, dizendo: Eu

me proponho garantir da parte da Sociedade Bíblica Americana a doação de exemplares do

Novo Testamento em português pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo em número

suficiente para fornecer a cada escola primária na província uma biblioteca de uma dúzia, sob

a simples condição de que esses exemplares sejam recebidos como entregues à Alfândega do

Rio de Janeiro, a fim de serem distribuídos entre as ditas escolas e usados pelas mesmas como

livros de leitura geral e instrução, para os alunos das mesmas escolas. Esta oferta foi recebida

com satisfação, e é bem patente que nos primeiros dias da propagação da Bíblia ela teve boa

aceitação.

As Sociedades Bíblicas continuaram a mandar remessas das Escrituras para diversas

pessoas no Brasil, até que se estabeleceram elas mesmas no país. Frequentemente se

encontram Bíblias nas cidades à beira-mar e nas do interior mais longínquo, que foram

distribuídas antes que estas Sociedades fossem estabelecidas em território brasileiro. Os

primeiros missionários protestantes chegaram ao Brasil em 1855, e no ano seguinte a

Sociedade Britânica estabeleceu a sua agência no Rio. Em 1876 fundou-se a Sociedade

Americana também no Rio. Só na eternidade se revelará o benefício que estas sociedades têm

trazido ao Brasil.

13. A SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL

Este nome, Sociedade Bíblica do Brasil, é relativamente novo, mas significa muita

coisa, como explicaremos. Em 10 de junho de 1948 foi fundada a Sociedade Bíblica do

Brasil. Antes houve Sociedades Bíblicas Unidas que representavam duas Sociedades já

existentes, que se fundiram numa só: Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e Sociedade

Bíblica Americana.

O trabalho que as Sociedades faziam era muito importante; mas eram Sociedades

estrangeiras - inglesa e americana. Sociedades que se esforçavam para divulgar a Bíblia, sem,

contudo, certas disposições para que a nossa nacionalidade, por si mesma, pudesse facilitar,

com respeito aos propósitos e limitações, a obra divulgadora da Bíblia. Ninguém se esqueça,

todavia, do grande trabalho iniciado no Brasil e nele continuado por essas Sociedades, até

que, no dia 10 de junho de 1948, se criou a Sociedade Bíblica do Brasil e aquelas

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desapareceram. Instituição, cujo campo de trabalho era o Brasil todo, é certo, que suas

responsabilidades eram grandes, definidas e urgentes. Nomeou-se, pois, sua primeira

diretoria, sendo presidente o Rev. Bispo César Dacorso Filho, que permaneceu até 1957,

quase dez anos, com exemplar diligência, de vivas lições e proveito, sendo eleito presidente

de honra.

De 1957 até hoje está na presidência o Rev. Benjamin Moraes. Substituiu o Rev.

Bispo César, e vem sendo reeleito, graças ao seu merecimento e vivo empenho pela

Sociedade Bíblica do Brasil. Além do presidente, indispensável na diretoria de tão importante

instituição, nomeou-se o Secretário-Executivo, Rev. Egmont Machado Krischke. Atribuições

especiais, por sua natureza e responsabilidades, o Secretário-Executivo tinha encargos

definidos e inadiáveis. Estava ele em auspicioso começo de apenas um ano e meio, quando,

eleito bispo de sua, igreja, teve de deixar o cargo. Mas a Causa não sofre. Sem detença,

providencialmente, é eleito (1950) o Rev. Ewaldo Alves, que assume a posição de Secretário-

Geral da Sociedade Bíblica do Brasil e nela permanece.

Nesta breve referência damos nota de quando e como apareceu a Sociedade Bíblica do

Brasil, sua presidência e secretária-geral. Mas a Sociedade é do Brasil, e o Brasil é

consideravelmente grande. Para que a Sociedade o sirva e lhe atenda aos razoáveis reclamos,

organizou logo suas secretarias regionais, seis, cada uma servida por seu Secretário- regional,

respectivamente: no Rio-RJ, em São Paulo (Capital), no Recife-PE, em Porto Alegre-RS, em

Belém-PA e na Capital Federal, Brasília-DF.A Sociedade Bíblica do Brasil tem seu Estatuto;

é declarada de Utilidade Pública (Dec. 57.171 de 4 de novembro de 1965); tem por lema Dar

a Bíblia à Pátria; publica, desde sua fundação, a revista A Bíblia no Brasil, seu órgão oficial;

adota colportagem, mediante centenas de obreiros; tem seu Departamento Feminino Auxiliar;

apresenta programas regionais de rádio e mantém Boletins regionais de informações. Tudo

isto, com seus funcionários e cooperadores outros de todas as igrejas evangélicas, para que

traduza, revise, edite e divulgue a Bíblia, o livro por excelência do ensino revelado de Deus

para o homem.

14. A SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL E SUA EDIÇÃO REVISTA E

ATUALIZADA

Felizmente, as edições da Bíblia se sucedem. A princípio, a Sociedade Bíblica

Britânica e Estrangeira; a seguir, a Americana; mais adiante, as duas já fundidas; e, afinal,

criada a Sociedade Bíblica do Brasil (10-6-1948), apenas esta... todas, porém, se mantiveram,

cada uma em seu prazo, para editar e divulgar a Bíblia em português. A considerável a

publicação da Bíblia na tradução de João Ferreira de Almeida, ao mesmo tempo que se

editava na do Pe. Antônio Pereira de Figueiredo. Em 1917, deu-se pronta no Brasil a tradução

chamada Brasileira. Preciosa, fiel aos originais e nossa, do Brasil, como lhe chamavam, teve

grande apreciação dos mais conhecedores, que lhe sentiam o mérito da fidelidade à fonte:

hebraico e grego. Mas a generalidade dos leitores teve suas reservas, quase embaraço, por

motivo da transliteração dos nomes próprios no Antigo Testamento, desfigurando—lhes

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dificultosamente, assim, a grafia como a pronúncia. Em vez de dizer facilmente

Nabucodonosor, dizia Nebuchadnezzar; em vez de Sin-sai, escrevia Shimshai; em vez de

Afarsaquitas registrava Apharsathchitas: em lugar de Sesbazar, Shesbazzar; e assim todos,

centenas deles.

Em todo o Antigo Testamento, os nomes próprios, procurando figurar o hebraico,

desfiguravam, realmente, o português. Leitura particular tinha seus reclamos; leitura pública,

seus tropeços; leitura, voz audível, reciprocamente, seus desencontros e tartamudez. Em vista,

pois, de a Versão Figueiredo, vinda do latim, com linguagem clássica, menos fiel aos

originais, e a Tradução Brasileira, fiel ao texto hebraico e ao grego, mas tanto quanto estranha

com a grafia e prosódia dos nomes próprios do Antigo Testamento, tornarem- se difíceis para

a generalidade dos leitores, vingou preferência a Tradução de João Ferreira de Almeida. Esta,

muito apreciada no Brasil, bom vernáculo, menos clássica que a de Figueiredo, era já a de

maior uso entre nós. Mesmo assim, para que satisfizesse, a um tempo, aos estudiosos da

tradução e aos leitores na sua generalidade, estava merecendo certa atualização da linguagem.

A tradução antiga de Almeida, em suas sucessivas edições, desde o começo, teve na

linguagem suas mudanças, para, sem perder a fidelidade, facilitar mais compreensivamente a

mensagem. E isto, é fácil de se entender, teria de continuar, pelas mesmas razões.

A última atualização da linguagem foi a da Sociedade Bíblica do Brasil, que veio a

nomear-se por Edição Revista e Atualizada no Brasil e perdura ainda. Dizemos ainda, porque,

com o passar dos anos, as palavras mudam de sentido, mas a verdade bíblica não pode mudar.

Ora, se muitas palavras, com o tempo, mudam de sentido, é necessário, por vezes, que na

linguagem bíblica se mudem palavras para que a mensagem não mude de significação.

Vem daqui o que, de longe em longe, se faz sob o título de revisão: rever e mudar a

linguagem, para manter e não mudar a mensagem e seu sentido. A Edição Revista e

Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil teve por base a edição de João Ferreira de Almeida

(1940). Foi esta que a Comissão Revisora estudou e repassou, com certo reajuste vocabular

quanto aos originais e atualização da linguagem. Comissão composta de hebraístas e

helenistas competentes, e de vernaculistas e seu relator, durante alguns anos processou a obra

zelosamente, com vistas na realidade que se impunha: falar a linguagem de hoje, português

mais nosso do Brasil, já mui diferente do de Portugal, e, por isso mesmo, esperado no livro

por excelência — a Bíblia — de considerável divulgação em nosso país.

O secretário da Comissão Revisora foi o Rev. Antônio de Campos Gonçalves, que, ao

lado de seus nobres colegas, redigiu o texto de toda a Bíblia; foi ele o seu relator: grande

tarefa que realizou, do começo ao fim, responsavelmente, com fidelidade e gosto. A Bíblia

hoje, da Edição Revista e Atualizada no Brasil, da Sociedade Bíblica do Brasil, é de geral

aceitação. Seu Novo Testamento mereceu, recomendação da Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil (1968), e vem sendo largamente divulgado.

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15. A IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA

O dia 2 de julho de 1940 marca a data histórica na vida evangélica brasileira, pois

neste dia reuniram-se seis dedicados obreiros batistas para iniciar a obra da Imprensa Bíblica

Brasileira. Esta reunião foi resultado de uma decisão tomada pela Missão Batista do Sul do

Brasil em sua assembleia anual no mês de junho de 1940, quando votou recomendar a criação

de uma entidade que teria como finalidade imprimir e distribuir a Bíblia no Brasil. Já havia

muitos anos, obreiros evangélicos vinham sentindo falta de Bíblias, e a procura estava sendo

maior do que os estoques enviados para o Brasil. Em 1930 o Dr. H. C. Tucker, da Sociedade

Bíblica Americana, declarou que poderia ter distribuído quatro vezes o número de Bíblias

vendidas naquele ano, se tivesse estoques suficientes. Ele estava muito interessado em

conseguir a impressão das Escrituras no Brasil. Já por aquela ocasião havia um esforço unido

neste sentido.

A Casa Publicadora Batista se ofereceu para imprimir as Bíblias, se pudesse receber da

América as chapas já preparadas. Receberia o pagamento da mão de obra em Bíblias. Porém

não houve resultado positivo, e os anos se passaram, com a necessidade sempre crescente. A

guerra no Oriente já envolvia recursos britânicos, o que vinha prejudicar o fornecimento da

Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, e o resultado foi que na assembleia anual da

Missão Batista do Sul, em junho de 1940, houve pleno apoio à ideia da criação de uma nova

entidade que imprimiria a Bíblia no Brasil.

Naquela primeira reunião da Imprensa Bíblica foram tomadas três decisões: iniciar

imediatamente a impressão da Bíblia na tradução de Almeida, com a ortografia oficial; iniciar

os planos para o preparo de uma nova tradução da Bíblia e nomear comissões para

trabalharem tanto no Antigo quanto no Novo Testamento; e prosseguir com o preparo do

estatuto oficial. Em 2 de junho de 1942, o presidente, T. B. Stover, informou à Imprensa que

os quatro Evangelhos já estavam compostos e prontos para serem impressos; os livros de Atos

e as duas cartas aos Tessalonicenses estavam prontos para revisão pela comissão de redação.

O anteprojeto do estatuto foi examinado. O Dr. Stover também informou que o grupo havia

recebido ofertas no total de US$ 5.946,42 para iniciar a obra.

Em 14 de julho de 1942 os estatutos receberam a sua aprovação final, e logo foram

registrados. Ali a Imprensa Bíblica Brasileira tomou personalidade jurídica e veio a existir

formal e oficialmente.25 de junho de 1943 foi o dia do início da impressão da Bíblia no

Brasil. A Segunda Guerra Mundial já estava envolvendo a vida de muitas nações. Alguns

navios com carregamentos de Bíblias para o Brasil foram a pique, e já se estava tornando séria

a falta de Bíblias no país. Alguns já tinham conseguido a impressão do Novo Testamento no

Brasil, mas a Bíblia ainda não tinha sido produzida aqui.

Em 1944 a impressão termina. Logo são encadernadas Bíblias pelos preços de dez

cruzeiros (cruzeiros velhos em substituição ao mil réis) para a Bíblia popular e cinquenta

cruzeiros (US$ 2,50) para a Bíblia encadernada a couro. Devido à guerra, era impossível

importar papel para esta primeira edição, assim foi impresso em papel brasileiro fornecido

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pela Fábrica Piraí, que tinha a capacidade técnica de produzir este papel para Bíblias por ser

fornecedora de papel para cigarros. Aparece, então, na Bahia o mercado negro de Bíblias. A

procura era tão grande que a Bíblia de Cr$ 50,00 estava sendo vendida por Cr$ 80,00 e até

Cr$ 100,00.

Enquanto as Bíblias da primeira impressão estavam sendo distribuídas, a segunda

edição já estava em processo de execução. E assim se sucediam, edição após edição. Tão

grande foi o impulso dado com a impressão de Bíblias que a Casa Publicadora Batista foi

obrigada a comprar mais um prelo grande. Também foi necessário construir mais um

pavimento no seu prédio, para acomodar a seção de encadernação.

Em 1948 já não havia mais espaço para se expandir. Deus apontou a direção a tomar

através de J. J. Cowsert, secretário da Imprensa Bíblica e pastor da Igreja Batista em Tomás

Coelho, e o resultado foi a compra, em 1948, do terreno ocupado agora pela oficina gráfica da

Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira, antiga Casa

Publicadora Batista. Um novo prédio para a oficina foi terminado em 1949, novas máquinas

instaladas, e a obra começou a expandir-se. Na providência de Deus, muito se deve a um

ilustre crente presbiteriano, turista da outra América.

Depois de visitar o Brasil, depois de ver tantas oportunidades para a proclamação do

evangelho, escreveu ao seu amigo particular, presidente da Junta de Missões Estrangeiras da

Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, insistindo em que aquela Junta apoiasse

condignamente o trabalho que estava sendo feito, qual seja, a impressão da Palavra de Deus

no Brasil. Logo chegaram ofertas para a compra do terreno para a construção da oficina e para

a aquisição de algumas máquinas. Edições várias se sucederam, dentro das possibilidades

financeiras da Casa Publicadora. Algumas ofertas vieram dos irmãos batistas dos Estados

Unidos para ajudar na impressão. Porém a grande maioria das Bíblias era vendida abaixo do

seu custo, e é óbvio que somente se pode garantir a continuidade da impressão se o dinheiro

que voltar for suficiente para imprimir e distribuir a Bíblia novamente. A política financeira

da Imprensa Bíblica tem sido a da autonomia, isto é, preços de venda que permitam a

reposição de estoques.

A expansão da obra depende de ofertas do “Dia da Bíblia” e de outros irmãos e

amigos. Até o fim de 1977 a Imprensa Bíblica completou 35 impressões diferentes da Bíblia

na tradução da antiga de Almeida, num total de 2.573.504, fora os Novos Testamentos e

alguns milhões de Evangelhos.

O ano de 1971 marcou época na história da Imprensa Bíblica, pois a Junta de

Educação Religiosa e Publicações recebeu nesse ano outra doação vultosa, que possibilitou a

renovação da oficina gráfica. O alvo imediato da Imprensa Bíblica é elevar as tiragens da

Bíblia até 1.000.000 por ano. O desenvolvimento do país, o aumento da população, justificam

um esforço redobrado no sentido de imprimir até 100.000.000 de Bíblias e de distribuí-las às

multidões que ainda não conhecem a Cristo.

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16. A TRADUÇÃO REVISADA DA IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA

Na primeira reunião da Imprensa Bíblica Brasileira, em 2 de julho de 1940, a primeira

decisão tomada foi de iniciar imediatamente a impressão da Bíblia no Brasil. A segunda

decisão foi a de iniciar a revisão do texto da tradução de Almeida. Comissões foram

nomeadas para iniciar os trabalhos e foi eleito presidente da comissão revisora o Dr. S. L.

Watson, diretor do Colégio e Seminário Batista do Rio de Janeiro, em 1917-18 e 1935-36;

diretor do Seminário Teológico Batista do Recife, em 1941; diretor da Casa Publicadora

Batista várias vezes e professor e autoridade na língua hebraica. 0 Pastor Manoel Avelino de

Souza, o Dr. W. E. Allen, professor de Grego no Seminário Batista do Sul do Brasil, o Dr. A.

R. Crabtree, professor de Hebraico, e outros fizeram parte dessas comissões.

Já havia muitos anos, sentia-se a necessidade de uma revisão na tradução de Almeida.

As modificações naturais do sentido de certas palavras através de muitos anos, e,

especialmente, o progresso nos estudos do texto grego exigiam modificações no texto antigo,

que tanto havia servido ao povo do idioma português.0 primeiro resultado do trabalho da

comissão apareceu em A Harmonia dos Evangelhos, de Watson e Allen, sendo impresso em

1942, com o texto revisado.

Um trabalho desta natureza, que implica em tanta responsabilidade, não pode ser feito

com pressa. E, assim, os anos passaram, com a comissão continuando suas pesquisas, seus

estudos, e a revisão prosseguindo com firmeza. A comissão usou os melhores textos gregos,

pois têm havido milhares de manuscritos descobertos e grande progresso no estudo crítico,

textual desde os dias de Erasmo. Pois a velha tradução de Almeida, na parte do Novo

Testamento, foi feita do Textus Receptus, Novo Testamento Grego, compilado por Erasmo e

publicado em 1516, baseado em manuscritos gregos eivados de modificações, acréscimos e

omissões, dependendo da capacidade e do zelo dos copistas daqueles dias. A tendência de

muitos copistas era sempre “melhorar” ou “revisar” o texto, como muitas “comissões de

redação’ revisam o texto de estatutos de nossas organizações hoje em dia. O resultado do zelo

destes copistas geralmente foi acrescentar ao texto original uma palavra ou uma expressão,

quando o copista achava por bem harmonizar os textos ou às vezes, e isto raramente, omitir.

Podemos citar vários exemplos deste tipo de modificação. Temos o acréscimo à

oração de Jesus em Mateus 6:13. Esta frase não estava na Bíblia de S. Jerônimo, baseado em

texto grego mais antigo, e consequentemente não está na Bíblia católica. Em Colossenses

1:14, um copista acrescentou a expressão “pelo seu sangue”, copiada da passagem paralela

em Efésios 1:7. Em Mateus 1:25 o escriba acrescentou ‘o primogênito”, copiado de Lucas

2:7, onde realmente está. Em Colossenses 1:2 “... e da do Senhor Jesus Cristo”, copiado de I

Tessalonicenses 1:1. Em Mateus 19:16, 17 temos a referência do mancebo de qualidade, que

chamou Jesus de “Mestre”. O copista, no entanto, querendo fazer o texto conforme o

Evangelho de Marcos (10:17, 18), acrescentou o adjetivo “bom”. Em Lucas 11:2-4 a oração

dominical é mais curta que em Mateus 6:9-13. Portanto, o copista, querendo harmonizar o

texto, acrescentou a última frase “mas livra-nos do mal”.

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Apresentamos também mais uma ilustração, que, para a revisão em português, é uma

das mais interessantes, por causa da repercussão da omissão no texto certo. Trata-se de

Apocalipse 22:14. João escreveu em Apocalipse 7:14 que aqueles que vieram da tribulação

lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” Vulgata no Latim, reparou

que em Apocalipse 22:14 havia uma expressão semelhante. Querendo esclarecer melhor,

acrescentou ao texto latino a expressão ”no sangue do Cordeiro”. Aparece pela primeira vez

no Códex de Armachanus, no ano 812. Copiado daí, foi introduzido na Vulgata aprovada

mais tarde pelo Papa Sixto V, no ano 1590, e também nas edições oficiais de Clementine de

1592-1598.

Em 1888 foi nomeada uma comissão especial em Portugal com a finalidade de fazer

uma revisão da versão chamada Revista e Conecta. Recebeu instruções de aproveitar o melhor

da versão de Figueiredo, versão essa traduzida da Vulgata, e que levava a frase “no sangue do

Cordeiro” . A comissão inseriu a frase na tradução de Almeida, e desde o final do século

XIX, aparece na Versão Revista e Corrigida, nome da versão dado naquela ocasião. Portanto,

este como alguns outros versículos trazem acréscimos colocados por copistas zelosos muitos

séculos antes. Esta expressão não aparece em nenhum texto grego, nem nas margens aparece

como possível variante, e não aparece em nenhuma tradução baseada nas línguas originais

feitos nos últimos anos.

Outro princípio básico da revisão da Imprensa Bíblica Brasileira é o de modificar o

mínimo possível a tradução antiga. Modificações foram introduzidas somente quando

necessárias. A grande comissão de Jesus em Mateus 28:18-20 serve de exemplo. A antiga

Almeida diz: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do

Filho e do Espírito Santo: ensinando-as a guardar...” . A revisão diz com precisão, o que

modifica realmente o sentido da expressão, “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as

nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os...”.Como

resolver o problema das modificações textuais quando se deve omitir expressão tradicional? A

Imprensa Bíblica concluiu pelo uso de colchetes para indicar aquelas palavras ou expressões,

e anota ainda na margem o fato. O ideal será o texto limpo, sem colchetes, como está na

Bíblia de Púlpito, publicada em 1968, e naturalmente, chegará o dia quando isto será possível

para todas as edições. Contudo, por enquanto há muitos crentes que não conhecem os

problemas envolvidos numa revisão. Um monge, copiando a, das Escrituras e não entendem o

significado da eliminação de um verso ou de palavras que representam um acréscimo ao texto.

Eles recordam a advertência de João no Apocalipse 22:19, mas esquecem a advertência do

versículo 18.

Não podemos tirar qualquer palavra da Bíblia, mas não podemos acrescentar também.

Precisamos confiar nos homens de Deus que têm estudado com tanta dedicação e tanto amor

as questões do texto, para que tivéssemos a Palavra de Deus na sua pureza. A Imprensa

Bíblica Brasileira tinha pronta sua revisão do Novo Testamento em 1949, a qual apareceu em

edição especial naquele ano. Essa edição mereceu a consulta de outros, como subsídio para

ajudar no trabalho da “Edição Revista e Atualizada no Brasil” da Sociedade Bíblica do Brasil.

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A revisão do Antigo Testamento foi muito mais difícil e mais árdua. O texto hebraico

era mais difícil, e há três vezes o volume em número de páginas. No entanto, o trabalho foi

terminado em 1960, justamente na ocasião quando a Sociedade Bíblica do Brasil estava

lançando a sua revisão.

A Imprensa Bíblica achou que não ficaria muito bem aparecerem as duas revisões na

mesma ocasião, e resolveu então aguardar alguns anos. Já passaram vários anos desde o

aparecimento daquela edição revista e atualizada, e a Imprensa Bíblica julgou oportuno lançar

a sua revisão, fruto de 20 anos de trabalho dedicado e cuidadoso. Em 1968, foi publicada a

revisão da Imprensa Bíblica Brasileira em forma de Bíblia de Púlpito. No princípio de 1972

apareceu a tradução de Almeida em revisão da Imprensa Bíblica no formato comum.

Esperamos que venha ajudar a todos os crentes a compreenderem melhor a Palavra de Deus, a

ser instrumento do Espírito Santo para a edificação dos santos e o crescimento do Reino de

Deus na terra.As linhas mestras que orientaram esta revisão foram:

1) fidelidade aos textos mais antigos existentes, por serem os mais próximos dos

originais;

2) fidelidade, até onde possível, às expressões e linguagem do texto da primeira

revisão de Almeida publicada no Brasil;

3) linguagem vernacular expressiva e escorreita, ainda que simples.

17. CRITÉRIOS PARA A CANONIZAÇÃO

De modo sintético os critérios usados para a canonicidade foram os seguintes:

1ª) Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a leitura

do livro, este era julgado pelo próprio conteúdo.

2ª) Catolicidade do livro. Escrito para todas as pessoas da época. Deveria também ser

conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas as igrejas.

3ª) Coerência na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de fora.

4ª) Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor direto do

apóstolo.

17.1 Quatro Evangelhos ou Um?

Desde o fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único

evangelho, por isso, devemos dizer: Evangelho "segundo" São Mateus, "segundo" São

Marcos, "segundo" São Lucas, "segundo" São João, a fim de bem assinalar que se trata de um

único comunicado aos homens, segundo manifestações diversas.

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17.2 Livros Não Introduzidos no Cânon

Até meados do quarto século alguns livros eram agregados aos demais do Novo

Testamento, mas que posteriormente foram retirados como nos provam manuscritos antigos.

O Códice Sináptico, mais ou menos do ano 350 A.D., incluía a Epístola de Barnabé e o Pastor

de Hermas, obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito Alexandrino contém a

Primeira e a Segunda Epistola de Clemente. A colocação destes escritos é uma prova de que

naqueles idos lhe atribuíam certo grau de canonicidade. Pela leitura atenta da Bíblia se conclui

da existência de outros livros que se perderam, mas estão mencionados nos livros canônicos.

Dizem os eruditos, que destes pelo menos 16 foram citados em Josué 10:13; II Samuel

1:18; I Reis 4:32, 33; 11:41; 14:29; II Reis 1:18; I Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29; 12:15;

20:34; 26:22; Judas 14, 15. Estes livros foram escritos para situações especiais, com

aplicações locais, e em virtude destas circunstâncias não foram introduzidos no cânon. Suas

mensagens, embora úteis para necessidades locais, não foram reputadas de transcendental

importância para as gerações futuras.

18. ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO ANTIGO

TESTAMENTO

“A familiarização com a ordem” cronológica dos livros do Antigo Testamento é

desejável, a fim de obter um acurado conhecimento do tempo ou colocação do ministério de

cada profeta em relação com os movimentos e crises principais em Israel, juntamente com os

das nações vizinhas. Segundo as autoridades mais dignas de confiança, é geralmente aceito

que o livro de Jó seja o mais antigo do Antigo Testamento, escrito por volta do ano 1600

A.C.; e Malaquias, o último dos profetas do Antigo Testamento a escrever, ao passo que

Neemias provavelmente escreveu bem pouco antes de Malaquias – mais ou menos em 400

A.C.

JÓ. – "Antes que os primeiros poetas do mundo houvessem cantado, o pastor de Midiã

registrou as palavras de Deus a Jó." – Educação, pág. 158. A autoria de Moisés lhe é

amplamente atribuída pelos exegetas. Supõe-se ser o mais antigo dos livros da Bíblia. A

composição é inteiramente patriarcal. É inconcebível que, tratando do pecado, do governo

divino e da relação do homem para com Deus, nenhuma alusão à lei e ao sistema mosaico

nele aparecesse, se já estes houvessem sido dados. Quanto ao tempo, vem cronologicamente

depois de Gênesis 11. Há uniformidade da parte de todas as autoridades no tocante à ordem

dos livros do Pentateuco, chamado pelos judeus "A Lei" ou "torah", a primeira seção dos

sagrados escritos.

PENTATEUCO. – A autoria mosaica do Pentateuco é reconhecida por todos os

exegetas conservadores. "O Pentateuco, como obra de Moisés, formou uma divisão do cânon

e em conformidade cronológica ocupou o primeiro lugar na coleção." – Davis. "Nas cópias do

manuscrito, que antecedem a era da imprensa, a ordem dos livros da Torah . . . é

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universalmente a mesma:" – Margolis. Assim se chamavam eles: Gênesis (princípio das

coisas); Levítico (Levitas, Sacerdotes, Leis e Ordenanças); Números (Recenseamento e

Peregrinações); e Deuteronômio (Repetição da Lei).

JOSUÉ. – Primeiro livro da segunda divisão judaica: "Os profetas" ou Nebilim, os

quais, por sua vez, estão divididos em "Primeiros" (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e "Últimos."

"A ordem dos primeiros profetas é universalmente a mesma." Margolis, pág. 13. "Não há

variação na sequência de Josué, Juízes, Samuel e Reis." Enciclopédia Judaica, vol. 3, pág.

144.

JUÍZES. – Este livro cita os nomes dos juízes que se levantaram para livrar a Israel do

declínio na desunião que seguiram à morte de Josué. Registra sete apostasias, sete servidões a

sete nações pagãs, e sete livramentos. Autor desconhecido, mas possivelmente Samuel.

RUTE. – O tempo dos eventos é afirmado ser "nos dias em que julgavam os juízes"

(cap.1:1). Deveria ser lido em conexão com a primeira metade de Juízes. A genealogia

termina com Davi. Autor: possivelmente Samuel.

I e II SAMUEL. – No cânon hebraico os dois são considerados um só. I Samuel 1 a

24, escritos por Samuel; o restante, provavelmente por Natã e Gade (I Crôn. 29:29). Registam

o estabelecimento do centro político de Israel em Jerusalém (II Sam. 5:6-12) e o centro

religioso em Sião (II Sam. 6:1-17; comparar com o Cap. 5:17). Sião e Moriá eram eminências

distintas. II Samuel marca a restauração da ordem por intermédio da entronização de Davi

como rei. Com Samuel começa notável linha de profetas-escritores, que continua até

Malaquias.

I e II REIS. – Também considerado outrora um livro em duas partes. Registam os

reinados de todos os reis, de Salomão até o cativeiro. Elias, Eliseu, Jonas, Joel, Amós, Oséias,

Isaías, Miquéias, Obadias, Naum, Jeremias, Sofonias e Habacuque profetizaram durante esse

período. Também aparece dentro desse período um grupo inteiro de profetas orais. Não se

descobre a identidade do autor, possivelmente tenha sido Jeremias.

I e II CRÔNICAS. – Semelhantemente, um só e livro no cânon judaico. Conquanto

sejam principalmente uma repetição, suplementam o relato dos Reis, omitindo certos

aspectos, mas apresentando registro mais completo de Judá e, por assim dizer, nenhuma

história de Israel. Supõem muitos haver sido Esdras o, compilador. O livro de Isaías já existia

quando estes foram escritos (II Crôn. 32:32). Provavelmente o último dos livros históricos,

com exceção de Esdras, Neemias e Ester. Fazem uma série de monografias de Natã, Samuel,

Gade, Ido, Jeú e numerosos outros profetas orais. Cumpre observar que os eventos e seu

registro nem sempre são sincrônicos, como no caso de Gênesis e Jó. As Crônicas são

colocadas em último lugar no cânon judaico.

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SALMOS. – O nome significa "louvores". Pertence à terceira seção conhecida entre os

judeus por "Os Escritos" ou kethubhim. Muitos deles têm que ver com experiências especais

ou crises. Vinte e um se referem definidamente a episódios na história de Israel, desde Moisés

até a Restauração. Davi é o autor da grande maioria, apesar de os títulos no alto dos capítulos

atribuírem salmos a Moisés, Salomão, filhos de Asafe e Etã. Autoridades declaram que estes

títulos são parte integrante dos salmos.

CANTARES DE SALOMÃO. – "Cânticos" é outro título. Este livro acha-se em todas

as listas antigas. Atribuído a Salomão (Cap. 1:11).

PROVÉRBIOS – Pronunciados e compilados por Salomão. Ele os colocou em ordem.

Os capítulos 25-29 foram transcritos no tempo de Ezequias. Os capítulos 30 e 31 são,

respectivamente, de Agur e Lemuel.

ECLESIASTES – O nome significa "O Pregador", Indubitavelmente, foi escrito perto

do fim da vida de Salomão, e trata do problema da vida.

JONAS. – Provavelmente o primeiro dos profetas "menores" (assim chamados porque

seus escritos são mais curtos do que os dos profetas "maiores", e não por serem de menor

importância, ou por haverem profetizado depois destes). Viveu e profetizou durante o reinado

de Jeroboão II (II Reis 14:25).

JOEL. – Começa a grande era da composição poética. Um dos primeiros dentre os

profetas"menores". Não existe indicação direta quanto à data. O peso da evidência haveria de

colocá- lo pouco antes do ano 800 A.C. Possivelmente contemporâneo de Eliseu, e não muito

distante do período de Oséias e Amós.

AMÓS – Escrito quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1).

Ambos os monarcas tiveram reinados longos. Limitando sua profecia ao reinado destes reis, a

data mais provável de sua autoria deve ser, aproximadamente, de 780-730 A.C.

OSÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Amós, continuando até depois do cativeiro

de Israel. Seu ministério foi longo. Profetizou no reinado de Uzias, João, Acaz e Ezequias, de

Judá, e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Uzias e Jeroboão foram contemporâneos por vários

anos. Colocado entre os profetas menores em primeiro lugar, porque seu escrito é um dos

maiores.

ISAÍAS – O primeiro dos profetas "maiores". A visão inaugural data do ano da morte

de Uzias. Seus trabalhos se estenderam através de longo período – cerca de sessenta anos.

Contemporâneo de vários profetas.

MIQUÉIAS. – Contemporâneo mais novo de Isaías (Cap. 1:1; comparar com Isa. 1:1).

Profetizou antes da queda de Samaria (1:1 e 6; Jer. 26:18), e durante o reinado de Peca e

Oséias, em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias, em Judá,

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NAUM. – Profetizou pouco antes da queda de Nínive, ou apenas bem pouco antes do

ano 600 A.D. Relata a destruição de Nô-Amom (Tebas), ocorrida cerca de meio século antes

dessa data.

SOFONIAS. – Viveu na primeira parte do reinado de Josias (Cap. 1:1) e foi

contemporâneo, em parte, de Jeremias. Fala da destruição de Nínive como estando no futuro

(2:13).

JEREMIAS. – Recebeu o chamado para profetizar quando ainda jovem no décimo

terceiro ano de Josias (1: 2), enquanto Sofonias estava proclamando mensagens vibrantes.

Durante anos seus ensinos foram orais; então lhe foi ordenado que escrevesse (36:1 e 2).

Trabalhou durante longo período – mais que quarenta anos. Contemporâneo de Habacuque,

Ezequiel e Daniel. Testemunhou o fim de Judá e a queda de Jerusalém.

LAMENTAÇÕES. – Hinos fúnebres de Jeremias, quando em meio às ruínas de

Jerusalém, e testemunhando-lhe a subversão, com a alma comovida à vista dessa desolação.

HABACUQUE. – Profetizou nos últimos anos de Josias, na véspera do cativeiro, isto

é, pouco antes de 600 A.C.

EZEQUIEL. – Levado para Babilônia durante a segunda parte do cativeiro, no reinado

de Joaquim (cap. 1:2), pouco depois da deportação de Daniel. Profetizou durante vinte e dois

anos (1:2 e 29:17). Contemporâneo de Jeremias e Daniel.

DANIEL. – Levado para Babilônia durante o reinado de Joaquim (1:1). Profetizou

durante o período do cativeiro. contemporâneo de Ezequiel e Jeremias . Provavelmente, sua

profecia foi colocada entre "Os Escritos" porque, embora Daniel tivesse o dom de profecia,

não exercia oficialmente o cargo de profeta. "Em todos os catálogos dos escritos do Antigo

Testamento, fornecidos pelos primeiros Pais, até o tempo de Jerônimo, Daniel é classificado

entre os profetas, geralmente na posição que ocupa na versão comum. Na Versão dos Setenta,

também é classificado entre os profetas, depois de Ezequiel. . . . O lugar designado a Daniel

não foi, pois, . . , o que teve no período precedente ou o que ocupou originalmente." –

McClontock e Stong.

OBADIAS. – É difícil precisar a data: antes ou pouco depois da queda de Jerusalém.

As evidências internas dão preferentemente crédito à última.

ESDRAS – História parcial da restauração depois do Exílio. Primeiramente unido a

Neemias como um só livro, em duas partes. Cronologicamente, segue pouco depois de

Daniel. Abrange a História desde a queda de Babilônia até 456 A.C., ao passo que Neemias

narra os eventos ocorridos até perto de 432 A.C. Evidentemente, o cânon foi organizado no

tempo de Esdras.

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AGEU – Profetizou aos restantes depois do Exílio, a data exata é o segundo ano de

Dario (1:1).

ZACARIAS – Começou logo depois de Ageu (comparar o Cap. 1:1 com Ageu 1:1), e

certamente sobreviveu a seu contemporâneo. A primeira data que aparece no livro é o

segundo ano de Dario (1:1 e 7); a última, é o quarto ano do reinado do mesmo rei (7:1).

ESTER – Cronologicamente, o livro segue Esdras 6. Os eventos deram-se no reinado

de Xerxes I, entre as duas expedições. Autor desconhecido.

NEEMIAS – Provavelmente escreveu pouco antes de Malaquias, seu contemporâneo.

Continua e completa o registro de Esdras. O uso da primeira pessoa denota sua autoria.

MALAQUIAS – O último dos profetas do Antigo Testamento que se dirigiu aos

restantes vindos do exílio, como Neemias é o último dos historiadores desse período.

Contemporâneo de Esdras e Neemias. Profetizou durante a ausência deste último que estava

na Pérsia.

19. A BÍBLIA COMO O PALAVRA DE DEUS

Em resumo, notam-se na Bíblia duas coisas: o Livro e a Mensagem. No capítulo

anterior, estudamos a Bíblia como livro; agora a estudaremos como a palavra ou mensagem.

De Deus. O estudo da Bíblia tem por finalidade precípua o conhecimento de Deus. Isso é

visto desde o primeiro versículo dela, do qual se nota que tudo tem o seu centro em Deus.

Portanto, a causa motivou de ensinar a Bíblia aos outros deve ser a de levá-los a conhecer a

Deus. Se chegarmos a conhecer o Livro e falharmos em conhecer a Deus, erramos no nosso

propósito, e também o propósito de Deus por meio do seu Livro seria baldado que as

Escrituras são de origem divina é assunto resolvido.

Deus, na sua palavra, é testemunha concernentemente a si mesmo. Quem tem o

Espírito de Deus deposita toda a confiança nela como a Palavra de Deus, sem exigir provas

nem argumentos. Portanto, sob o ponto de vista legal, a Bíblia não pode estar sujeita a provas

e argumentos. Apresentamos algumas provas da Bíblia como a Palavra de Deus, não para

crermos que ela é divina, mas porque cremos que ela é divina. É satisfação para nós, crentes

na Bíblia, podermos apresentar evidências externas daquilo que cremos internamente, no

coração.

O presente século é caracterizado por ceticismo, racionalismo, materialismo e outros.

"ismos" sem conta. A Bíblia, em meio a tais sistemas, sempre sofre grandes ameaças. Até há

Pouco tempo, a luta do Diabo visava destruir o próprio Livro, mas vendo que não conseguia.

Isso mudou de tática e agora procura perverter a mensagem do Livro.

Seitas e doutrinas falsas proliferam por toda parte coadjuvadas pelo fanatismo e

ignorância prevalecentes em Muitos lugares. Nossa crença na Bíblia deve ser convicta, sólida

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e fundamental; não deve ser jamais um eco ou reflexo dos outros. Se alguém lhe perguntar,

leitor: "Por que você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus?”- saberá você responder

adequadamente? Muitos crentes têm sua crença na Bíblia desde a infância, através dos pais,

etc., mas nunca fizeram um estudo profundo e acurado para verificarem a realidade da origem

divina da Bíblia.

Apresentamos agora algumas provas da origem divina da Bíblia, as quais evidenciam

esse. Livro como a Palavra de Deus.

19.1 A inspiração divina da bíblia

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração

Divina (Jó 32.8; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a

Palavra de Deus. (Ver 2 Timóteo 3.16 no original.) - Que vem a ser "inspiração divina"? -

Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração.

No sentido fisiológico, é a inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração

do ar que temos fôlego para falar. Daí o ditado "Falar é fôlego". Quando estamos falando, o ar

é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem, Deus, para falar a sua

Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles o seu Espírito! Portanto, inspiração

divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo como um sopro, sobre os escritores da

Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro.

A própria Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois a expressão "Assim diz o

“Senhor”, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66

livros; isso além de outras expressões equivalentes. Foi o Espírito de Deus quem falou através

dos escritores. (Ver 2 Crônicas 20.14; 24.20; Ezequiel 11.5). Deus mesmo dá testemunho da

sua Palavra. (Ver Salmo 78.1; Isaías 51.15,16; Zacarias 7.9,12). Os escritores, por sua vez,

evidenciam ter inspiração divina. (Ver 2 Reis 17.13; Neemias 9.30; Mateus 2.15; Atos 1.16;

3.21; 1 Coríntios 2.13; 14.37; Hebreus 1.1; 2 Pedro 3.2.).

19.2 Siglas das diferentes versões em vernáculo.

O uso dessas siglas poupa tempo e trabalho.

ARC = Almeida Revisada e Corrigida. É a Bíblia de Almeida antiga, impressa pela

Imprensa Bíblica Brasileira.

ARA = Almeida Revisada e Atualizada. É a Bíblia de Almeida revisada e publicada

pela Sociedade Bíblica do Brasil, completa, a partir de 1958.

FIG = Antônio Pereira de Figueiredo. Atualmente é impressa pela Sociedade Bíblica

Britânica e Estrangeira, Londres.

SOARES = Matos Soares. Versão popular dos católicos brasileiros.

RHODEN as Humberto Rhodes. Versão particular desse ex-padre brasileiro.

CBSP = Centro Bíblico de São Paulo. Edição católica popular da Bíblia é Paulo. -

TRAD. BRÁS. Tradução Brasileira, 1917.

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19.3 O tempo antes e depois de Cristo é indicado pelas letras

A.C. = antes de Cristo, isto é, antes do nascimento de Cristo.

D.C. = depois de Cristo, isto é, o tempo depois do nascimento de Cristo. Também

aparece em algumas obras, "AD", que vem da expressão latina: "Ano Domini", ou seja, ano

do Senhor, em alusão ao nascimento de Cristo.

19.4 Manuseio do volume sagrado

Obtenha completo domínio do manuseio da Bíblia, a fim de encontrar com rapidez

qualquer referência bíblica, Jesus fazia assim. Em Lucas 4.17 diz que Ele "achou o lugar onde

estava escrito". Ora, naquele tempo, isso era muito mais difícil do que hoje com o progresso

da indústria gráfica.

19.5 Livros da Bíblia e Abreviaturas

As abreviaturas dos livros consistem de duas letras sem ponto abreviativo. Procure

memorizá-las de vez.

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19.6 Antigo Testamento

ÍNDICE DOS LIVROS BÍBLICOS

ANTIGO TESTAMENTO

Livro Abrev Caps Livro Abrev Caps

Gênseis Gn 50 Eclesiastes Ec 12

Êxodo Ex 40 Cantaraes de Salomão Ct 8

Levítico Lv 27 Isaías Is 66

Número Nm 36 Jeremias Jr 52

Deuteronômio Dt 3 Lamentações de Jeremias Lm 5

Josué Js 24 Ezequiel Ez 48

Juizes Jz 21 Daniel Dn 12

Rute Rt 4 Oséias Os 14

1 Samuel 1Sm 31 Joel Jl 3

2 Samuel 2Sm 24 Amós Am 9

1 Reis 1 Rs 22 Obadias Ob 1

2 Reis 2 Rs 25 Jonas Jn 4

1 Crônicas 1 Cr 29 Miquéias Mq 7

2 Crônicas 2 Cr 36 Naum Na 3

Esdras Ed 10 Habacuque Hc 3

Neemias Ne 13 Sofonias Sf 3

Ester Et 10 Ageu Ag 2

Jó Jó 42 Zacarias Zc 14

Salmos Sl 150 Malaquias Ml 4

Provérbios Pv 31

19.7 Novo Testamento

ÍNDICE DOS LIVROS BÍBLICOS

NOVO TESTAMENTO

Livro Abrev Caps Livro Abrev Caps

Mateus Mt 28 1 Tessalonicenses 1 Tm 6

Marcos Mc 16 2 Tessalonicenses 2 Tm 4

Lucas Lc 24 Tito Tt 3

João Jo 21 Flemon Fm 1

Atos dos Apóstolos At 28 Hebreus Hb 13

Romanos Rm 16 Tiago Tg 5

1 Coríntios 1 Co 16 1 Pedro 1 Pe 5

2 Coríntios 2 Co 13 2 Pedro 2 Pe 3

Gálatas Gl 6 1 João 1 Jo 5

Efésios Ef 6 2 João 2 Jo 1

Filipenses Fp 4 3 João 3 Jo 1

Colosenses Cl 4 Judas Jd 1

1 Tessalonicenses 1 Ts 5 Apocalipse Ap 22

2 Tessalonicenses 2 Ts 3

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CONCLUSÃO

Cânon ou Escrituras canônicas é a coleção completa dos livros divinamente

inspirados, que constituem a Bíblia. Cânon é palavra grega, e significa, literalmente, "vara

reta de medir", assim como uma régua de carpinteiro. No Antigo Testamento, o termo aparece

no original em passagens como Ezequiel 40.5: "Vi um muro exterior que rodeava toda a casa

e, na mão do homem, uma cana de medir, de seis côvados, cada um dos quais tinha um

côvado e um palmo; ele mediu a largura do edifício, uma cana, e a altura, uma cana.".

No sentido religioso, cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de

norma, regra. Com este sentido, a palavra cânon aparece no original em vários lugares do

Novo Testamento: "E a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e

misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus" (Gálatas 6.16). "Nós, porém, não nos

gloriaremos sem medida, mas respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou

e que se estende até vós" (2ª Coríntios 10.13). "Não nos gloriando fora de medida nos

trabalhos alheios, e tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos sobremaneira

engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera de ação” (2ª Coríntios 10.15).

"Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos" (Filipenses 3.16). A Bíblia,

como o cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos livros da Bíblia

que são canônicos para diferencia-los dos apócrifos. O emprego do termo cânon foi

primeiramente, aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 D.C.)

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BÍBLIA SAGRADA. A Bíblia João Ferreira Almeida Revista e Corrigida. São Paulo:

Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. 220.61 Silva, Antônio Gilberto da, 1929 -

BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus,

1985.

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João

Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil,

1969.

SILVA, Antônio Gilberto. A Bíblia através dos séculos: uma introdução. Rio de Janeiro:

Casa Publicadora das Assembleias e Deus, 1986.

BÍBLIA, Português. A Bíblia em Ordem Cronológica . Tradução de João Ferreira de

Almeida.: Editora Vida, 1997.

EALE E.Cairns. Geografia. I - O cristianismo através dos séculos uma história da igreja

cristã. Título. CDD - 220.61.

GUNDRY, Roberto H. Panorama do novo testamento. Tradução de João Marques Bentes.

São Paulo: Vida Nova, 2008.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. Tradução

de Cesar de F. A Vieira. São Paulo: Vida Nova, 1994.

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Nome:________________________________________________nota___________

Prova n°01 – QUESTIONÁRIO

1. Como devemos estudar a Bíblia? Assinale (V) para Verdadeiro e (F) para falso

a) ( ) Leia a Bíblia conhecendo seu autor.

b) ( ) Leia a Bíblia diariamente

c) ( ) Leia a Bíblia somente a noite.

d) ( ) Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando.

2. O que é a cânon sagrado?

a) ( ) O Cânon Bíblico é a lista de livros inspirados que formam a Bíblia Sagrada, os quais dão

testemunho da revelação de Deus, servindo como norma de conduta e procedimento cristão, e

como critério e única regra de fé, através dos quais se mede e julga correto e justamente em

pensamento ou doutrina.

b) ( ) O Cânon Bíblico é a lista de livros inspirados que formam o Antigo Testamento, os quais

dão testemunho da revelação de Deus, servindo como norma de conduta e procedimento

cristão, e como critério e única regra de fé, através dos quais se mede e julga correto e

justamente em pensamento ou doutrina.

c) ( ) O Cânon Bíblico é a lista de livros inspirados que formam o Novo Testamento, os quais

dão testemunho da revelação de Deus, servindo como norma de conduta e procedimento

cristão, e como critério e única regra de fé, através dos quais se mede e julga correto e

justamente em pensamento ou doutrina.

d) ( ) NDA.

3. Este vocábulo não se encontra no texto original das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa.

Então de onde vem o vocábulo “Bíblia”?

a) ( ) o vocábulo “Bíblia” vem do hebraico.

b) ( ) o vocábulo “Bíblia” vem do aramaico

c) ( ) o vocábulo “Bíblia” vem do latin

d) ( ) o vocábulo “Bíblia” vem do grego

4. Qual o tema central da bíblia?

a) ( ) Israel é o tema central da Bíblia.

b) ( ) Jesus é o tema central da Bíblia.

c) ( ) Salvação é o tema central da Bíblia.

d) ( )Pecado é o tema central da Bíblia.

5. A Bíblia, como o cânon sagrado para o cristão deve ser:

a) ( ) ... o nosso manual quando precisamos

b) ( ) ... a nossa referência para a salvação

c) ( )... a nossa norma ou regra de fé e prática

d) ( ) ... uma biografia que apresenta Jesus.