semana de mordomia

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1 NORDESTE SEMANA DE MORDOMIA

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1. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO A MINHA VIDA.
2. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO O QUE TENHO
3. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO MINHA GRATIDÃO
4. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO O POUCO QUE TENHO
5. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO MEU PASSADO NO PRESENTE,
PARA TER UM FUTURO.
6. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, ENTREGO TUDO O QUE TENHO
7. ‘A OFERTA SOU EU’ – POR ISSO, RENUNCIO TUDO O QUE SOU POR CRISTO
8. CRISTO FOI A OFERTA POR MIM! HOJE, “A OFERTA SOU EU”!
TEMAS DA SEMANA DE MORDOMIA CRISTÃ 2016
“A OFERTA SOU EU”
SEMANA DE MORDOMIA CRISTÃ 2016
“A OFERTA SOU EU” Todo cristão comprometido com Cristo está bem familiarizado com o
termo “oferta”. A palavra corresponde, particularmente, à dádiva que o ado- rador oferece a Deus como reconhecimento pelos benefícios que lhe são outorgados. No Velho Testamento, a oferta tipificava o grande sacrifício de Cristo, “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
Uma das mais marcantes características da natureza humana peca- dora é o egoísmo. O pecador centraliza todas as coisas em si mesmo, por, isso, é difícil para o ser humano, desprovido do impulso do Espírito Santo, partilhar os seus bens com o próximo. Ainda mais difícil, quando os seus bens são o resultado de muito trabalho, e esforço dedicado.
Deus deu o exemplo. Ofereceu o Seu Filho unigênito pela raça peca- dora, de maneira que, em um único dom, entregou todo o Céu. O Senhor Jesus é a oferta por excelência. Contudo, como aconteceu com os ma- gos, que ansiavam pela chegada do Salvador, e deixaram um exemplo de como se deve homenagear ao Criador, cada um de nós precisa chegar a tal ponto de entrega que seja capaz de exclamar: “a oferta sou eu!”
Não é tão árduo doar para os filhos, ou mesmo, para um amigo che- gado. Mas, certamente é muito penoso doar para quem não merece! Foi exatamente isso que Deus realizou em Cristo (Rom. 5:8). Ele o en- tregou para nós, a fim de nos prover a oportunidade de redenção. Na dádiva de Seu Filho, o Senhor presenteou-nos com o que há de mais importante em todo o Universo.
Jesus Cristo foi enviado pelo Pai na “plenitude dos tempos” (Gal. 4:4) para ser a “esperança da glória” (Col. 1:27); o sacrifício expiatório que resgata o pecador da condenação da lei (Gal. 3:13). O cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29).
Autor: Pr. Josimir Albino do Nascimento Doutor em Teologia Pastoral
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‘A OFERTA SOU EU’ POR ISSO, ENTREGO A MINHA VIDA
(Lucas 1:26-31)
INTRODUÇÃO Na época de Maria, as moças se casavam bem cedo (Champlin, p.
666), e o compromisso de noivado equivalia, de fato, a uma promessa matrimonial. As moças noivas se consideravam, em termos de compro- misso, virtualmente casadas. Romper o noivado não era tão simples, como ocorre hoje. No caso de fornicação (a moça envolver-se sexual- mente com um homem a quem não foi prometida), ou adultério (se esse homem fosse casado), a pena era lapidação (apedrejamento – Lev. 8:10; Deut. 22:22-24).
Portanto, ainda que a incumbência de engravidar-se tenha sido por opção e graça do Espírito Santo, o medo das consequências poderia ter levado, com boa justificativa, à negação da tarefa. Contudo, Maria não recuou. Ela creu na voz celestial, a despeito das difíceis circunstâncias que experimentaria, devido a sua gravidez peculiar.
LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA DE MARIA Há várias lições que se pode tirar desse episódio, como narrado por Lucas: 1. Maria era tão bem conceituada nas cortes celestiais que recebeu
a visita do anjo Gabriel (1:26). 2. Para aquela incumbência específica do Céu, era preciso ser vir-
gem, e Lucas realça esse fato em relação à Maria (1:27). 3. A despeito da seriedade, solenidade e implicações da tarefa, Ga-
briel mandou que Maria se alegrasse e a chamou de: 4. O termo “Favorecida” (kecaritwmenh kekaristméne – inves-
tida com honra especial, tem a mesma raiz de cariv – karis - graça) (1:28). Maria ficou atônita diante da saudação do anjo (1:19). “A reação de Maria revela sua humildade (...) Se fosse, de fato, diferente das ou- tras moças judias, como alguns teólogos afirmam, é possível que tives-
PRIMEIRO TEMA
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se dito: ‘já era tempo! Estava te esperando!’ Mas foi tudo surpresa para ela” (Wiersbe, p. 221).
5. Gabriel ordenou que ela não temesse, pois, “achaste graça diante de Deus” (mais uma vez, cariv – karis - graça) (1:30). “O texto sagrado sim- plesmente indica favor especial que Deus está proporcionando a Maria. De conformidade com a raiz do original grego, ‘graça’ é termo que indica algo que dá alegria ou prazer, algo belo, que deleita os sentidos” (Champlin, p. 22). Para ser mãe do Encarnado Filho do Altíssimo (1:32), que reinará para sempre (1:33), somente uma grande mulher, cheia da graça divina!
6. Maria, ao arrazoar sobre ser mãe, fez uma brilhante e significa- tiva afirmação: “não tenho relação com homem algum” (1:34), e, dessa maneira, afirmou a sua pureza. Ela obedecia ao que está escrito na Pa- lavra de Deus: “como pode o jovem manter a sua vida limpa? Vigian- do os seus passos de acordo com a sua palavra” (Sal. 119:9 – Bíblia Viva). Nos tempos bíblicos, a virgindade era uma espécie de “oferta” para Deus, pois, o “corpo é santuário do Espírito Santo” (1Cor. 6:19), é por isso, que devemos glorificar a Deus através do nosso corpo (1Cor. 6:20), assim como fez Maria.
7. Gabriel elucida a questão, tirando a dúvida de Maria, afirmando que o Espírito Santo viria sobre ela (1:35).
8. Ela seria envolvida pelo poder do Altíssimo para receber em seu ventre o Filho de Deus (1:35). Por isso, ninguém neste mundo recebeu o Espírito Santo conforme Maria. A sua dotação foi totalmente peculiar!
9. Ela deu uma grande prova de coragem e fé: “aqui está a serva do Senhor” (1:38). O vocábulo grego traduzido por “serva” é doulh – doule - escrava. Isso quer dizer que a entrega de Maria foi incondicional!
10. Quando afirmou: “que se cumpra em mim conforme a tua pala- vra” (1:38), Maria ofereceu-se em plena confiança à Palavra de Deus. Por isso, aos cuidados do Senhor, ela entregou:
• O seu conforto • A sua paz • A sua reputação • O seu nome • O seu casamento • O seu corpo • A sua virgindade
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NOTA DO EDITOR: O pregador tem aqui uma possibilidade enorme de aplicar os itens desta entrega de Maria à realidade de seus ouvintes. Tanto para adultos ou jovens, solteiros ou casados, homens ou mulheres. Estamos dispostos a colocar todos estes itens no altar do Senhor para honrá-lo, exaltá-lo e glorifica-lo?
CONCLUSÃO 1. Na época de Maria as moças se casavam bem cedo, e a traição,
ainda que durante o noivado, poderia resultar em pena de morte; 2. Tendo em vista que Maria ainda não era casada, uma gravidez,
certamente, seria mal interpretada; 3. Mas, ainda assim, ela não recuou diante da incumbência celestial; 4. Maria foi favorecida pelo Céu; 5. Obediente à Palavra de Deus; 6. Foi dotada pelo Espirito Santo de maneira especial; 7. Por isso, tornou-se a mãe do Salvador encarnado! Por essas razões, de uma maneira muito peculiar, a virgem Maria
pode exclamar com exultação e louvor: “a oferta sou eu!”
APELO Depois de ouvir essa impressionante lição bíblica, você não gostaria
de juntar a sua voz à de Maria, e tornar sua essa exclamação: “a oferta sou eu!”?
BIBLIOGRAFIA Edição Almeida Revista e Atualizada no Brasil (ARA), Sociedade Bíblica do Brasil ed. (São Paulo: Bí- blia Online, 2002), 3.0, 1CD-Rom. R. N. Champlin, “casamento infantil”. ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA (São Paulo, SP: Editora Hanos, 1991), vol. 1, pág. 666. _________________, sobre Lucas 1:30. O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍ- CULO (São Paulo, SP: Editora Hanos, 2014), vol. 2, pág. 22. Warren W. Wiersbe, sobre Lucas 1:26-33. COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO NOVO TESTAMENTO (Santo André, SP: Geo-Gráfica e Editora Ltda., 2012), vol. 1, pág. 221.
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‘A OFERTA SOU EU’ POR ISSO, ENTREGO O QUE TENHO
(Mateus 2)
INTRODUÇÃO As circunstâncias em torno do nascimento de Jesus são muito ricas
de lições espirituais e morais. Pode-se aprender muito a partir dos lo- cais mencionados e de cada personagem envolvido: Belém, os magos, os pastores, etc. Em termos práticos, cada um exerceu uma função em relação a Jesus.
BELÉM – Humanamente, falando, a probabilidade de Jesus nascer em Belém era mínima, tendo em vista que os seus pais viviam em Na- zaré, cidade da Galileia (Luc. 1:26-27). No entanto, as profecias do Ve- lho Testamento indicavam Belém da Judeia como o local do nascimen- to do Messias (Miq. 5:2). Há uma relação de significado entre a palavra Belém e a missão do Cristo. Na língua hebraica a palavra “Belém” é formada de dois vocábulos Mxl-tyb (beit lehem), casa ou templo e pão (casa do pão). Ou seja, Belém foi o templo que abrigou o Deus encar- nado em seu nascimento, o pão da vida (João 6:35, 48), o pão vivo que desceu do céu (João 6:51). A casa do pão é a casa do Messias. Deus des- locou a família messiânica de Nazaré, na Galileia para Belém da Judeia, a fim de demonstrar, para os estudantes da profecia: que Ele controla o desenrolar dos fatos, e que o humilde “galileu”, nascido em Belém é o Seu enviado, cuja missão seria morrer como oferta pelo pecado, a fim de salvar a humanidade. Jesus foi o Pão Asmo antitípico e o Cordeiro antitípico manifestado na páscoa do ano 31 a.D. É, por isso, o único que pode declarar objetivamente, “Eu Sou a Oferta!”
OS MAGOS – Estudiosos da astronomia em seu tempo. Eram ob- servadores da profecia bíblica e faziam parte de um grupo, durante o período intertestamentário, que, embora não sendo integrantes do povo escolhido, foram receptáculos da comunicação celestial, confor- me descrito por Ellen White no livro “O Desejado de Todas as Nações”,
SEGUNDO TEMA
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no capítulo 3. Estavam atentos à voz divina, por isso, Deus os honrou; ainda que fossem gentios, aguardavam a Esperança bendita de todos os povos, o Desejado de Todas as Nações (Ageu 2:7, ARC).
Compreenderam que aquela estrela diferente representava uma indicação, através da qual, localizar o menino Deus, o Messias (Num. 24:17). Possuíam conhecimento detalhado da profecia, pois não pro- curavam um rei já adulto, mas, “o recém-nascido Rei dos judeus” (Mat. 2:2). Isso indica algumas possibilidades:
1. Conheciam o livro de Miquéias, além do Pentateuco e, talvez, a pro- fecia das 70 semanas de Daniel 9;
2. Receberam informações por meio sobrenatural, tendo em vista que foram alertados em sonho para não retornarem à presença de He- rodes (Mat. 2:12). É bem possível que aquele não tenha sido o primeiro sonho sobrenatural que tiveram acerca de Jesus. Além disso, estavam vivendo na “plenitude dos tempos” (Gal. 4:4), período marcado pelas manifestações sobrenaturais, ocorrência de sonhos e visões proféticos:
• Lucas 1:8-13. A visão de Zacarias – um anjo noticiou o nascimen- to de João Batista, o precursor de Jesus Cristo.
• Lucas 1:26-35. A visão de Maria – o anjo Gabriel anunciou o nas- cimento de Jesus.
• Mateus 1:18-21. O anjo do Senhor comunicou a José a concep- ção sobrenatural do Messias através de sua noiva, Maria. Ele ainda in- formou o nome da criança (Jesus) e a índole de Sua missão (salvar), expressa no Seu próprio nome. A Terra receberia a maior dádiva que Deus já outorgou ao homem, o Seu Filho Único (João 3:16).
• Lucas 2:8-14. Homens humildes e sinceros dentre o povo es- colhido, também foram contemplados com a visão celestial. Afinal de contas, aquela era uma ocasião de festejos e de muita alegria no Céu e na Terra (Mat. 2:10; Luc. 2:10).
DOIS GRANDES SINAIS Deus usou dois SINAIS, além dos sonhos e visões: 1. A estrela, que se desfez depois do anúncio aos pastores, pois era
um séquito de anjos que retornou para o Céu depois do anúncio (Luc. 2:13-15);
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2. A criança deitada em faixas numa manjedoura (Luc. 2:12). O que tornou esse fato um SINAL, foi um Rei, o maior de todos os Reis, o Rei dos reis (Apoc. 19:16) nascer em um estábulo. O ente mais rico do Uni- verso se identificando com os mais pobres e desfavorecidos. O vocábulo grego para “sinal” nesta passagem é shmeion (semeion), frequentemen- te utilizado para indicar um milagre, uma ocorrência fora do comum.
NAZARÉ – um lugar desdenhado (João 1:46), sem qualquer razão para ser destacado, a não ser por sua falta de importância. Os seus habitantes estavam em contato com estrangeiros ou gentios, seus vizinhos (ver o Co- mentário Bíblico Adventista sobre Mateus 2:23), razão pela qual a aristo- cracia judaica olhava com preconceito aos seus habitantes. Nazaré não é mencionada, nem pelo Antigo Testamento, e nem por Josefo. O salvador tornou-se conhecido pelo título de “nazareno” (Mat. 26:71), que também foi associado aos discípulos (Luc. 22:59; Atos 24:5). Mas, a palavra Nazaré poderia significar em hebraico: 1. “nazir”, dando a ideia de separação; ou 2. “neser”, cujo significado é ramo ou renovo. Ambos os termos podem inferir a peculiaridade do Messias Galileu.
Mesmo depois de ascender ao Céu, Jesus se identificou como “o naza- reno” (Atos 22:6-8), pois a pobreza e a simplicidade representavam um “sinal” indicativo do verdadeiro Messias (Zac. 9:9; Luc. 4:18).
A OFERTA DE CADA PERSONAGEM BELÉM – deu o Pão do Céu OS PASTORES – deram o seu testemunho, divulgando as “boas novas”
[(evangelho) (Luc. 2:17)] e deram o seu louvor (Luc. 2:20) OS MAGOS – no ouro, reconheceram a nobreza, a divindade, a per-
feição e a pureza de Jesus (1Cron. 22:14); no incenso, identificaram Jesus como aquele que pode interceder pela humanidade, e cuja inter- cessão sobe para o Pai como aroma suave de incenso aromático (Sal. 141:2; Luc. 1:10; 2:16; Apoc. 5:8; 8:3-4); na mirra, contemplaram um aspecto fundamental da experiência messiânica, o seu sofrimento. A palavra “mirra” provém do vocábulo grego smurnan (smirnan). Era preparada com um arbusto espinhoso e madeira perfumada e amarga. Era usada, como unguento em sepultamentos, e também como perfu- me, que, para serem extraídos, era necessário que a planta fosse corta- da e exprimida.
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NOTA DO EDITOR: O pregador tem aqui uma boa possibilidade comentar sobre os itens que temos em mãos hoje, que podem ser en- tregues em profunda adoração, fazendo tanto como os pastores quan- to como os Magos. Aplique à realidade de seus ouvintes. Cada pessoa, quer seja instruída e sábia quanto simples. Tanto aquela de grande posse material quanto a que não possui recursos em abundância. Será que estamos dispostos a colocar o que possuímos no altar do Senhor para honrá-lo, exaltá-lo e glorifica-lo???
CONCLUSÃO • As circunstâncias em torno do nascimento de Jesus são muito
ricas de lições espirituais e morais. • Humanamente falando, a probabilidade de Jesus nascer em Be-
lém era mínima, mas Deus fez cumprir a profecia que indicava o seu nascimento em Belém.
• Os magos, embora fossem gentios, estavam atentos à voz divina, por isso, Deus os honrou.
• A época do nascimento de Jesus foi rica de manifestações sobre- naturais.
• Deus concedeu dois sinais para que encontrassem o Messias: a estrela e a criança deitada em faixas numa manjedoura.
• Nazaré, local de origem de Jesus, era, também um lugar modesto e pobre, com o qual Ele não se envergonha de identificar.
CADA OFERTA POSSUÍA UM SIMBOLISMO E TRAZIA UMA MENSAGEM EM SEU ESCOPO:
1. Belém – o Pão do Céu está disponível para a humanidade. 2. Os pastores – os pobres e simples são alvos especiais da salvação
divina, e também são os canais, através dos quais as “boas novas” são le- vadas ao mundo.
3. 3. Os Magos – Estes estavam atentos aos acontecimentos proféticos e não mediram esforços para encontrar Jesus. Ao encontra-lo e reconhece- -lo como o Messias almejado, adoraram-no entregando o que possuíam.
4. Em cada oferta, o ofertante expressa o anseio de demonstrar, atra- vés de seu testemunho e louvor, um cântico responsivo a Deus que diz: “a oferta sou eu!”
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BIBLIOGRAFIA Edição Almeida Revista e Atualizada no Brasil (ARA), Sociedade Bíblica do Brasil ed. (São Paulo: Bí- blia Online, 2002), 3.0, 1CD-Rom. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s/d), CD Rom. Francis D. Nichol, ed., verbete: “Nazaré” de Mateus 2:23. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), vol. 5, p. 298. R. N. Champlin, comentário de João 1:46, O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO (São Paulo, SP: Editora Hanos, 2014), vol. 2, pág. 370 _________________, verbete: “Nazaré”, ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA (São Paulo, SP: Editora Hanos, 1997), vol. 4, pág. 464. Warren W. Wiersbe, sobre Mateus 2:19-23. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento (Santo André, SP: Geo-Gráfica e Editora Ltda., 2012), vol. 1, p. 16.
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GRATIDÃO (João 5:1-18)
INTRODUÇÃO O encontro de Jesus Cristo com o paralítico, cujo nome não nos é
revelado, tem algumas dessemelhanças com a maioria das curas efe- tuadas por Jesus. Ao que tudo indica, o homem não conhecia a obra do Salvador. Até então, ninguém lhe havia informado sobre o Libertador Galileu. No entanto, na dignidade do porte, no tom de voz e na majes- tade das atitudes, o paralítico sentiu que poderia confiar em Seu co- mando; que havia uma autoridade inerente naquele estranho que lhe ordenava: “Levanta-te, toma o teu leito e anda” (João 5:8).
BETESDA A expressão grega “Βηθεσδα, Bethesdá” de João 5:2, é uma trans-
literação provável do hebraico “ ” - beth hisda, , “casa de misericórdia”, ou Beth, uma casa, e Chesed, misericórdia. Segun- do João, o Tanque de Betesda ficava junto à Porta das Ovelhas, mas, a palavra “Porta” foi acrescentada ao adjetivo “προβατικη” - probatikê, isto é, “das ovelhas”, adjetivo que requer um substantivo. Como não há nenhum “mercado das ovelhas” mencionado no Antigo Testamento, a referência provável é à “Porta das Ovelhas”, como aparece em Neemias 3:1, 32; 12:39. Essa porta era o local por onde passavam as ovelhas e os bois que eram trazidos à cidade, principalmente para os sacrifícios. Por isso, não devia ficar longe do templo.
Eusébio e Jerônimo fazem referência à piscina probatica, embora não indiquem o local. Alguns estudiosos modernos não a identificam com a “Porta de Estêvão”, mas a colocam mais ao sul, próximo ao que é conhecido como “Fonte da Virgem”. Contudo, o mais importante são as
TERCEIRO TEMA
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concepções e crenças ligadas ao tanque: 1. A água de qualidade desprezível era atribuída aos demônios, en-
quanto a água com qualidade terapêutica, aos anjos bons. 2. A água utilizada nos sacrifícios do templo era escoada ali, o que
fazia do tanque um lugar especial de milagres. 3. Um anjo, periodicamente, curava um doente ao agitar a água. Com relação a essa última crença relatada no evangelho, há duas
concepções entre os estudiosos: 1. Devido ao silêncio de Deus durante o período intertestamentário,
ou seja, desde Malaquias até o aparecimento do Messias, Deus operava es- sas curas angelicais para demonstrar que não estava ausente do Seu povo.
2. O evangelista apenas relata o que as pessoas criam, sem, contu- do, ensinar que era de fato o anjo de Deus responsável pelo fenômeno.
Ao comentar o fato, Ellen White o expõe da seguinte maneira: “Em cer- to tempo as águas desse tanque eram agitadas, e acreditava-se comumen- te que isso era o resultado de poder sobrenatural, e que aquele que pri- meiro descesse a elas depois de haverem sido movidas, ficaria curado de qualquer enfermidade que tivesse” (Desejado de Todas as Nações, p. 201).
Notemos o que diz: “e acreditava-se comumente que isso era o resultado de poder sobrenatural”. Portanto, aquela era um crença co- mum entre as pessoas, pois Deus não realiza cura que não tenha cará- ter moral. Não beneficiaria o mais habilidoso em detrimento do mais debilitado.
JESUS NO TANQUE DE BETESDA Segundo alguns exegetas, há certas razões pelas quais o Salvador
foi ao tanque naquele dia: 1. Para efetuar aquela única cura 2. Para chamar a atenção dos líderes judaicos quanto à Sua filiação
com o Pai 3. Para dar à observância do sábado a sua dignidade perdida.
EM RELAÇÃO A ESSA TERCEIRA RAZÃO, O PULPIT COMMENTARY OBSERVA:
Ao julgar pela letra da Lei (Êxodo 20:10 e 35:3), pelos demais prece-
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dentes das Escrituras (Números 15:32-35), e pelas injunções especiais dos profetas (Jeremias 17:21-23; Neemias 13:15, etc.), o homem esta- va infringindo um mandamento positivo. De fato, o Rabinismo havia declarado o seguinte. Em casos que afetassem a vida e a saúde, a lei do sábado seria mantida em suspensão legítima. Contudo, essa exceção foi tão cercada de restrições, que o pobre e o leigo eram incapazes de aplicar os seus preceitos. As interpretações rabínicas da lei do sábado em relação ao transporte de carga eram tão complicadas e sofisticadas, que toda a majestade da lei e a misericordiosa intenção da proibição, foram escondidas e corrompidas (Comentário sobre João 5:9).
E ELLEN WHITE COMENTA COM AUTORIDADE PROFÉTICA:
Por tal forma haviam os judeus pervertido a lei, que a tornavam um jugo de servidão. Suas exigências destituídas de significado eram um provérbio entre as outras nações. Especialmente havia o sábado sido cercado de toda espécie de restrições destituídas de senso. Não lhes era um deleite o santo dia do Senhor, digno de honra. Os escribas e fariseus lhe tinham tornado a observância intolerável fardo (Desejado de Todas as Nações, p. 204).
Ela ainda afirma que Jesus se encontrava mais uma vez em Jeru- salém, estava só e, aparentemente, em meditação e oração. Foi até o Tanque de Betesda, pois sabia que havia ali muitos sofredores espe- rando uma suposta solução para o seu problema, através daquela água agitada. O anseio do Salvador era restaurá-los: “Ansiou exercer Seu po- der restaurador, e curar cada um daqueles enfermos. Mas era sábado. Multidões se dirigiam ao templo para o culto, e Ele sabia que esse ato de cura havia de despertar por tal modo o preconceito dos judeus que Lhe interromperiam a obra” (Desejado de Todas as Nações, p. 133). Ela continua suas considerações explicando a razão pela qual o Senhor Jesus havia visitado o tanque, exatamente no sábado:
Ele viera para libertar o sábado daquelas enfadonhas exigências que o haviam tornado uma maldição em vez de bênção. Por isso es- colhera o sábado para nele realizar a cura de Betesda. Poderia haver curado o enfermo igualmente em qualquer outro dia da semana; ou
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simplesmente tê-lo curado, sem lhe dizer que levasse a cama. Isto, po- rém, não Lhe teria proporcionado a oportunidade que desejava (Dese- jado de Todas as Nações, p. 137).
O ENCONTRO DE JESUS COM O PARALÍTICO “Mas o Salvador viu um caso de suprema miséria” (Desejado de To-
das as Nações, p. 133), o homem paralítico por 38 anos. Não se sabe há quanto tempo ele frequentava aquele local, mas as suas esperanças es- tavam depositadas no agitar daquelas águas. No entanto, mesmo essa esperança estava se definhando, devido a sua incapacidade de chegar a tempo, antes de qualquer outra pessoa. Além disso, ele não tinha ami- gos que pudessem ajudá-lo.
“Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tem- po, perguntou-lhe: Queres ser curado?” (João 5:6). Como já havia sido relatado por João, Jesus conhece o homem, e ele tinha consciência dos sofrimentos daquele paralítico (João 2:25). No entanto, para aquele doente, Jesus era desconhecido. Quando perguntou: “Queres ser cura- do?”, o paralítico lhe relatou o seu dilema.
“Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda” (João 5:8). O Senhor não demandou-lhe fé, a fim de que fosse curado, mas a sua cura pode ser comparada à ressurreição dos mortos. Ele ordena, e o morto se levanta, absolutamente, sem qualquer consciência prévia do que ocorria ao seu redor.
Um leproso se aproximou de Jesus e lhe disse: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”, o Senhor respondeu: “Quero, fica limpo! E ime- diatamente ele ficou limpo da sua lepra (Mateus 8:2-3). Este leproso não apelou para o poder de Jesus, mas para a Sua vontade; da mesma forma, o paralítico. Não conhecia o poder de Jesus, mas creu em Sua palavra. Assim, a vontade do Senhor operou o milagre, e o paralítico ficou curado! Ellen White descreve em palavras magistrais o encontro da vontade do Senhor com a fé do paralítico:
Jesus não pediu a esse sofredor que tivesse fé nEle. Diz simples- mente: “Levanta-te, toma a tua cama, e anda”. João 5:8. A fé do homem, todavia, apodera-se daquelas palavras. Cada nervo e músculo vibra de nova vida, e a energia da saúde enche-lhe os membros paralisados. Sem duvidar, determina-se a obedecer à ordem de Cristo, e todos os
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músculos obedecem-lhe à vontade. Pondo-se repentinamente de pé, sente-se um homem no exercício de suas atividades.
Jesus não lhe dera nenhuma certeza de auxílio divino. O homem se podia haver detido a duvidar, perdendo a única oportunidade de cura. Creu, porém, na Palavra de Cristo, e agindo sobre ela, recebeu a força (Desejado de Todas as Nações, p. 202-203).
A ORDEM DE JESUS AO PARALÍTICO “Levanta-te, toma o teu leito e anda” (João 5:8). Existe nesta fra-
se imperativa uma semelhança com as palavras proferidas ao morto Lázaro, que da inconsciência saiu para vida, através da poderosa or- dem do Senhor. Lázaro estava impotente pela morte, e o paralítico, pela desinformação sobre o caráter de Jesus. Lázaro ouviu, a despeito de estar morto, e saiu da morte para a vida. O paralítico, também ouviu, e mesmo sem evidências, creu, e saiu da inércia para uma vida dinâmica de louvor a Deus. Assim como ocorreu com Lázaro, o Senhor não o to- cou, apenas operou por meio de Sua Palavra.
Ellen White descreve da seguinte maneira a resposta do paralítico: “Cada nervo, cada músculo, vibra com uma nova vida, e sadia ação vem aos membros paralisados. Num salto, ei-lo de pé e põe-se a caminho com passo firme e desenvolto, louvando a Deus, e regozijando-se no vigor que acabava de receber” (A Ciência do Bom Viver, p. 84).
O LEITO DO PARALÍTICO Diferente do que possa parecer, o leito do paralítico era um obje-
to fácil de carregar, e não constituía nenhum esforço exagerado que viesse caracterizar uma carga, cujo manuseio e transporte, constituís- se quebra do sábado. O termo “κραββατον” - krábbatón, expressão de origem macedônia, e latinizada pela Vulgata com o termo grabbatus, significa, maca, colchão de palha, ou um lençol usado para deitar. Ellen White confirma esse fato:
Jazia o enfermo em sua esteira, erguendo às vezes a cabeça para olhar o tanque, quando o terno e compassivo rosto se curvou para ele, e lhe prenderam a atenção as palavras: “Queres ficar são?” João 5:6. Nasceu-lhe no coração a esperança. Sentiu que, de alguma maneira, lhe
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viria auxílio (A Ciência do Bom Viver, p. 83). “O restabelecido paralítico curvou-se para apanhar seu leito, que era apenas uma esteira e um co- bertor” (Desejado de Todas as Nações, p. 203).
O colchão portátil pendurado ao ombro do homem curado era uma excelente evidência da perfeição da cura. A cura do paralítico deu oca- sião para a furiosa oposição dos líderes judeus ao ministério messiâni- co de Jesus, contudo, ao mesmo tempo, inaugurou os Seus contunden- tes discursos sobre a Sua filiação com Pai e a Sua missão divina.
A ADVERTÊNCIA DE JESUS AO HOMEM CURADO “Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já es-
tás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior” (João 5:14). Este verso nos oferece algumas lições preponderantes. Vamos começar a analisar pela parte final do verso:
A TRANSGRESSÃO DAS LEIS DA SAÚDE RESULTA EM DOENÇAS
As palavras de Jesus: “não peques mais, para que não te suceda coi- sa pior”, indicam que a enfermidade do homem foi provocada por ati- tudes pecaminosas. Ele transgrediu as leis da saúde, e, mesmo tendo sido curado pelo Médico dos médicos, se voltasse a violá-las, o retorno da doença seria ainda pior. No caso da mulher apanhada em fragran- te adultério, retornar ao pecado constituiria agravamento moral (João 8:11), e no caso do paralítico de Betesda, em agravamento físico (5:14). O que o Senhor recomendou ao homem curado foi que pusesse em prá- tica uma reforma de saúde. Reforma e Evangelismo andam de mãos juntas no ministério messiânico. Ellen White comenta:
Reforma, reforma contínua, deve ser mantida perante o povo, e por nosso exemplo devemos dar força aos nossos ensinos. A verdadeira re- ligião e as leis da saúde andam de mãos dadas. É impossível trabalhar para a salvação de homens e mulheres sem apresentar-lhes a necessi- dade de libertar-se de condescendências pecaminosas, que destroem a saúde, aviltam a alma e impedem que a verdade divina impressione a mente (Beneficência Social, p. 127).
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O HOMEM CURADO FOI AO TEMPLO LOUVAR A DEUS Era seu desejo oferecer as ofertas de gratidão como reconhecimen-
to da obra divina operada em sua vida. Por isso, a sua ida ao templo não foi acidental. Era sábado, portanto, natural para um judeu adorar no templo sagrado. Talvez, visitar o templo com as próprias pernas fosse um anseio profundo do seu coração. Ellen White explica a razão pela qual o homem curado estava no templo. Gratidão e louvor!
Jesus encontrou no templo o homem que fora curado. Este viera trazer uma oferta pelo pecado, e também uma de ações de graças pela grande bênção recebida. Encontrando-o entre os adoradores, Jesus deu-Se a conhecer, com a advertência: “Eis que já está são; não peques mais, para que não te aconteça alguma coisa pior”. João 5:14 (Desejado de Todas as Nações, p. 204).
João 5:15 nos informa que o homem notificou aos líderes judaicos a identidade de quem o curou: “o homem retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado”. Ele não tinha nenhum receio de fazê-lo, por entender que Jesus é o Libertador, cuja obra não precisa ser ocultada. Sua atitude revela confiança, embora possa parecer ingrati- dão. Conforme comenta Ellen White: “O enfermo restaurado regozijou- se extremamente por encontrar seu Libertador. Ignorando a inimizade que existia contra Jesus, disse aos fariseus que o haviam interrogado, que era este O que o curara” (Desejado de Todas as Nações, p. 204).
CONCLUSÃO Betesda, o lugar intitulado, “casa da misericórdia”, mais parecia
uma “casa de suplício”, até que recebeu a visita do Libertador. O episó- dio nos mostra que a crendice popular destituída de apoio na Palavra de Deus, pode levar, mesmo o povo eleito a tremendos desvarios.
Jesus não foi ao tanque por acaso, Ele queria curar a todos os so- fredores que ali se encontravam, mas, devido ao legalismo dos líderes judaicos que havia feito do sábado um fardo pesado, curou apenas o mais necessitado. Porém, ao mesmo tempo, fez da ocasião uma opor- tunidade para reprovar a atitude legalística dos fariseus e demonstrar a Sua filiação com o Pai.
O Salvador desejava ensinar que o transporte de um objeto tão leve
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quanto um colchãozinho, não constituía quebra do quarto mandamen- to. Mas, os fariseus, ignorando a grandeza do milagre realizado, apega- ram-se à trivialidade de sua própria tradição religiosa, mais valorizada do que as necessidades humanas e a altivez do milagre divino.
O encontro do Senhor com o paralítico foi peculiar, pois, o doente não O conhecia. Contudo, ao ouvir a voz daquele Desconhecido, sentiu que o seu problema poderia ser solucionado. Creu na Palavra do Se- nhor e foi curado. Desconhecia o Seu poder, mas creu e foi curado. Sem o costumeiro toque de poder, mas apenas pela Palavra.
Uma vez curado, o homem foi ao templo levar as suas ofertas, pelo pecado e de gratidão. O seu coração estava cheio de louvor e agrade- cimento ao seu Libertador. Agora, encontra no templo Aquele que ali será sempre encontrado, e recebe uma advertência que também se di- rige a nós: “não peques mais, para que não te suceda coisa pior”. Dessa forma, Jesus vinculou a cura à reforma pró-saúde, e esta, à pregação, ao discipulado e à adoração.
Ao declarar a identidade de seu Libertador, o homem demonstrou plena confiança no nome salvífico de Jesus, o nome messiânico sob o qual ele fora libertado da doença e do cativeiro do pecado. Agora, tor- nou-se um agente de louvor com sua ação de graças e suas ofertas. Por isso, de uma forma toda especial, o ex-paralítico de Betesda pode dizer com veemência: a oferta sou eu!
APELO Depois de ouvir essa comovente história de pecado e sofrimento,
cura e restauração, você não gostaria de juntar a sua voz a desse homem agradecido, e tornar também sua essa exclamação: “a oferta sou eu!”?
BIBLIOGRAFIA Ellen G. White, A ciência do bom viver (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s/d), CD Rom. Bene- ficência social (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s/d), CD Rom. O Desejado de todas as nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s/d), CD Rom. Rick Meyers, Ed., e-Sword HD v3.6, 2014, Albert Barnes’ Notes on the Bible, Commentary on John 5. A Popular Commentary on the New Testament, on John 5. Clarke’s Commentary on John 5:1. Easton’s Bible Dictionary, on “Bethesda”. Exposition of Holy Scripture (Alexander MacLaren), on John 5. Fausset’s Bible Dictionary, on “Bethesda”. International Standard Bible Encyclopedia, on “Bethesda”. Jemieson, Fausset, and Brown Commentary on John 5. John Gill’s Exposition of the Bible, on John 5:8. Poor Man’s Concordance (Robert Hawker), on “Bethes- da”. Smith’s Bible Dictionary, on “Bethesda”. The Pulpit Commentary, John 5.
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‘A OFERTA SOU EU’ POR ISSO, ENTREGO O POUCO QUE
TENHO (João 6:1-15)
INTRODUÇÃO Foram propostas quatro soluções para alimentar a numerosa mul-
tidão, cada qual, refletindo o seu grau de confiança na ação divina (Warren W. Wiersbe, pág. 398):
1. A primeira solução (dos discípulos) – mandar a multidão embo- ra (Marcos 6:35-36);
2. A segunda solução (de Felipe) – juntar dinheiro suficiente para comprar alimento (João 6:7);
3. A terceira solução (de André) – aparentemente paliativa, ou seja, apresentar um menino com poucos suprimentos a Jesus (João 6:8);
4. A quarta solução (de Jesus) – a solução real. Abençoar o alimen- to, mesmo o pouco que possuíam e multiplica-lo (João 6:11).
5. OS OBJETIVOS DA MULTIDÃO Em relação à multidão, embora Jesus tenha se compadecido dela,
pela sua incapacidade para conseguir alimento naquele instante e cir- cunstância, João não a descreve como passiva em relação ao Senhor Jesus. A multidão o seguia, porque estava interessada nos milagres que ele realizava (João 6:2).
A multidão que seguia a Jesus, a julgar por sua atitude no trans- correr da narrativa, aparentemente era do tipo descrito em 2:23, em uma situação em Jerusalém: ficaram impressionados com os sinais que viram, mas seguiam a Jesus somente de maneira superficial, por não atinarem com o sentido ulterior dos sinais.
(F. F. Bruce, pág. 130)
QUARTO TEMA
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AINDA ASSIM, A MULTIDÃO ALI ESTAVA, CONFORME MARCOS 6:34-35, E JESUS SE COMPADECEU DELA, POR QUE:
1. Aquelas pessoas eram “como ovelhas que não têm pastor” (Mar- cos 9:36);
2. Porque já declinava a tarde, o lugar era deserto, “e já avançada a hora” (Marcos 6:35).
Independente das múltiplas intenções presentes naquela multidão que “seguia” a Jesus, Ele manifestou compaixão e supriu as suas ne- cessidades básicas. Contudo, não se deixou influenciar pelo impulso daqueles que pretendiam tirar vantagem das suas “habilidades”, pro- clamando-o rei (João 6:15).
A MISSÃO DE JESUS CRISTO Humanamente falando, seria conveniente fazer uma curva na sua
missão e assumir o trono de Israel. Até mesmo os líderes religiosos o teriam apoiado, se ele se dispusesse a libertar a nação israelita do jugo romano. Com os seus dons maravilhosos, poderia se tornar o maior líder nacionalista da história.
Contudo, o Salvador deixou claro em seus discursos e instruções: 1. “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36); 2. “O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas
19:10). Isto é, salvar o home da sua condição miserável; 3. “Está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será
aviltado” (Marcos 9:12); 4. “Ensinava os seus discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será
entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua morte, ressuscitará.” (Marcos 9:31).
Em Isaías 53:10, a profecia messiânica indicava que o Senhor daria “a sua alma como oferta pelo pecado”, por tudo isso, não se deixaria coroar rei. Primeiro, teria que passar pela cruz, mas, antes de enfrentar esse terrível instrumento expiatório, seria necessário evidenciar o seu messiato, curando os enfermos, restituindo a visão aos cegos, ressusci- tando os mortos e alimentando aos famintos.
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OUTRA LIÇÃO IMPORTANTE TIRADA DO EPISÓDIO É DESCRITA POR ELLEN G. WHITE: No ato de Cristo, de suprir as necessidades temporais de uma fa-
minta massa de povo, está envolvida profunda lição espiritual para to- dos os Seus obreiros. Cristo recebeu do Pai; passou-o aos discípulos; eles o entregaram à multidão; e o povo uns aos outros. Assim todos quantos se acham ligados a Cristo devem receber dEle o Pão da vida, o alimento celestial, e passá-lo a outros.
(White, Beneficência Social, pág. 264)
O MOTIVO DO RAPAZ O texto de João 6:1-15 parece subentender que o rapaz, portador
dos cinco pães de cevada e dos dois peixinhos, foi o único que se prepa- rou para passar o dia com Jesus. Não há informações adicionais sobre ele, mas muitos comentaristas elogiam a sua mãe. Ela teria lhe prepa- rado esse kit de viagem. Talvez, até conhecesse a Jesus.
DEVE-SE, CONTUDO, LEVAR EM CONSIDERAÇÃO AL- GUMAS MENSAGENS IMPLÍCITAS NO RELATO DESTE EPISÓDIO:
1. Ele não estava seguindo a Jesus, simplesmente por causa do ali- mento;
2. Preparou-se para passar tempo com o Salvador e ouvi-lo; 3. Não se opôs a que o seu alimento fosse compartilhado com os
outros; 4. Tendo em vista que ele entregara um único cesto de alimento, o
que possuía entregues a Cristo multiplicou e sustentou a milhares de pessoas. Sobrando ainda doze cestos. O número é sugestivo, tendo em vista que:
• 12 são os patriarcas; • 12 são os discípulos; • 12 são as portas de Jerusalém; • 12 são as tribos simbólicas de Israel, de onde sairão os 144 mil
servos de Deus que vencerão aos apelos da besta na crise final. Esse episódio encerra outra lição objetiva para nós que nos depa-
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ramos com muitas dificuldades ao longo de nossa peregrinação neste mundo. Com frequência, tentamos solucionar os problemas de escas- sez da mesma maneira que os discípulos, quando faltou o alimento para àqueles que vieram ouvir à Palavra. A irmã White nos exorta:
Os meios de que dispomos talvez não pareçam suficientes para a obra; mas, se avançarmos com fé, crendo no todo-suficiente poder de Deus, abundantes recursos se nos oferecerão. Se a obra é de Deus, Ele próprio proverá os meios para sua realização. Recompensará a sincera e simples confiança nEle. O pouco que é sábia e economicamente em- pregado no serviço do Senhor do Céu, aumentará no próprio ato de ser comunicado. Nas mãos de Cristo permaneceu, sem minguar, a escassa provisão, até que todos se saciassem.
(White, Beneficência Social, pág. 266)
NOTA DO EDITOR: O pregador tem aqui uma boa possibilidade de comentar, aplique à realidade de seus ouvintes, as quatro lições tira- das deste rapaz, ou seja (1) estava interessado em Cristo e não em be- nefícios (pão) que Cristo poderia oferecer; (2) Estava preparado para passar tempo com o Amado Mestre; (3) Tinha um coração solidário às necessidades dos outros; (4) colocou o pouco que tinha nas mãos de Cristo. Cada pessoa que colocar o pouco que tem nas mãos de Cristo verá isto sendo multiplicado, não para utilização egoístas, para engran- decimento próprio, mas para saciar a fome física ou espiritual de uma grande multidão.]
Ao oferecer o cesto de alimentos a Jesus, aquele rapaz entregou o pouco que possuía. Foi uma demonstração de fé, embora não pareça. Deu a sua provisão, a sua confiança e o seu amor. Simbolizado naquele cesto de pães e peixes, ofertados a Jesus, constava a impressionante mensagem daquele rapaz: “a oferta sou eu!”
CONCLUSÃO 1. Foram propostas quatro soluções para alimentar a multidão; 2. A proposta que deu certo foi a do Próprio Senhor Jesus. Ele rea-
liza os impossíveis; 3. Muitos estavam ali, não somente para ouvir a Palavra de Deus,
mas, principalmente, por causa do alimento;
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4. Ainda assim, Cristo os alimentou, pois é amoroso para com os Seus filhos. Ele se compadece das multidões que são como ovelhas sem pastor;
5. Jesus veio a este mundo com uma missão. Nem mesmo a honra da realeza tirou dele a glória da cruz, pois, veio para salvar pecadores;
6. O rapaz dos pães e peixes foi, aparentemente, o único que se pre- parou para passar o dia com Cristo. Da mesma forma, devemos nos preparar para estar com Ele sempre, e acreditar no que pode realizar em benefício da humanidade através da nossa doação pessoal;
7. Aquele rapaz entregou a sua provisão para ser repartida com todos, dando uma demonstração de fé. Por isso, poderia exclamar sem hesitação: “a oferta sou eu!”
APELO Depois de ouvir essa impressionante lição bíblica, você não gostaria
de juntar a sua voz à dos gigantes da fé, e tornar sua essa exclamação: “a oferta sou eu!”?
BIBLIOGRAFIA Ellen G. White, Beneficência Social (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s/d), CD Rom. F. F. Bru- ce, sobre João 6:1-2. João: introdução e comentário, trad., Hans Udo Fuchs (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1987), pág. 130. Warren W. Wiersbe, sobre João 6:1:14. COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO NOVO TESTAMENTO (Santo André, SP: Geo-Gráfica e Editora Ltda., 2012), vol. 1, pág. 398.
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QUINTO TEMA
‘A OFERTA SOU EU’ POR ISSO, ENTREGO MEU PASSADO NO PRESENTE, PARA TER UM FU-
TURO (Lucas 19:1-10)
INTRODUÇÃO É imperativo averiguar o verdadeiro escopo e objetivo da história narra-
da por Lucas, e investigar com atenção a sua ligação com o contexto geral e as circunstâncias nas quais ocorreu. Pois, Zaqueu não era uma pessoa comum. Era um líder (arcitelwnhv – arkitelones), chefe dos publicanos (Luc. 19:2).
Veja: 1. O episódio, aparentemente acidental, ocorreu entre um líder pu-
blicano e Jesus; 2. Os fariseus não tinham simpatia pelos publicanos e os conside-
ravam como perdidos (Luc. 18:9-14); 3. Jesus demonstra que mesmo os publicanos podem se arrepen-
der e ganhar o reino de Deus; 4. Zaqueu demonstrou o seu arrependimento e contrição ao pro-
meter restituir 4 vezes mais, se a alguém tivesse defraudado. Uma lição importante que o texto nos ensina é: aquele que se confia
inteiramente aos cuidados divinos, mesmo que esteja vivendo numa situação muito delicada e enfrentando oposição do alto escalão da so- ciedade, encontrará compreensão e acolhimento do Salvador, quando o seu arrependimento for genuíno.
ARGUMENTAÇÃO II. OS DOIS MODELOS DE ATITUDE PARA COM JESUS 1. Os Críticos que O acompanhavam. “Todos os que viram isto
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murmuravam, dizendo que ele se hospedara com homem pecador” (19:7). Ao que tudo indica, levando-se em consideração o contexto, esse “todos” parece referir-se principalmente aos fariseus. A palavra hebraica para “fariseu” é perushim, um vocábulo provavelmente deri- vado de parosh que significa “separar”, “expor”. Essas conotações expli- cam as duas principais características dos fariseus: eram separatistas, tendo em vista a ênfase colocada na observância de rituais de purifica- ção. Eram expositores, porque encorajavam uma interpretação liberal das Escrituras e adaptavam as suas leis às mutáveis condições de vida, em contraste como os saduceus que aderiam estritamente à letra da Lei.
Os fariseus eram preocupados com as observâncias externas e a forma da religião. Consideravam as pessoas desfavorecidas como povo da terra, merecedoras de suas próprias desventuras e esquecidas de Deus.
2. Um Criticado que desejava ver Jesus. Os publicanos eram he- breus que cobravam impostos a favor do governo romano. Cobravam o imposto pessoal, o imposto pela terra, pela propriedade, pela importa- ção e exportação, pelo uso do porto, estradas, pontes e portas.
O termo grego para “publicano” é telns, ou seja, “rendeiro de im- postos”. Uma figura de má fama em Atenas desde os tempos de Aristó- fanes. O termo latino para “publicanos” é publicani, empregado para os “empreiteiros do Estado”. Estes eram todos de posse, e subarrenda- vam a cobrança dos impostos a agentes conhecidos como magistri, e os agentes contratavam oficiais locais, chamados de portitores para co- brar as taxas. A estes portitores que o Novo Testamento se refere como telonai (publicanos).
A primeira referência a arrendamento de impostos na Palestina data do tempo de Ptolomeu II Filadélfo no III século a.C. Porém, a taxa romana foi imposta a partir de 63 a.C., quando o general Pompeu cap- turou Jerusalém. Portanto, a cobrança de impostos era feita de um go- verno suserano contra um governo vassalo. Evidentemente, quem se posicionasse a favor dessa cobrança seria considerado como inimigo da nação cobrada.
Por essa razão, o judeu que entrava para o serviço alfandegário era cortado da sociedade decente. Era desqualificado para ser juiz, ou
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mesmo testemunha no foro, e era excomungado da sinagoga. Os mem- bros da sua família, também eram considerados maculados, e por isso, colocados na categoria legal de assassinos, salteadores, ladrões, assal- tantes e cambistas. Em suma, eram contados como ’am há-’res, isto é, “populacho”.
O dinheiro que passava pelas mãos dos cobradores de impostos era maculado e não podia ser empregado nem como esmola, pois isso, faria o pedinte participar da culpa do publicano. Estes eram considerados impuros pelo constante contato com os gentios, e ofendiam aos judeus ortodoxos porque o seu emprego exigia a contínua quebra do sábado.
Se um telones abandonasse a sua atividade, não havia nenhuma perspectiva de conseguir outro emprego, mesmo sendo pessoa tão qualificada: os telones conheciam bem várias línguas, eram peritos em contabilidade e numa espécie de taquigrafia desenvolvida por Marco Túlio Tiro, um liberto de Cícero, em 63 a.C.
II. O MODELO BÍBLICO DE JUSTIFICAÇÃO 1. Inclui o Arrependimento. Zaqueu estava interessado em ver
Jesus, mas havia um impedimento, a sua baixa estatura. Solucionou o problema, subindo numa árvore. Colocou-se no lugar onde Jesus iria passar. O Senhor o convidou para descer. Zaqueu desceu depressa, e, com alegria, recebeu Jesus em sua casa. Ao ser criticado pelas suas pos- ses, prometeu devolver o suposto defraudado à proporção de 4 vezes mais. A percepção de Zaqueu pode ser descrita nestas palavras de El- len G. White: “a alma que se volve para Deus em busca de auxílio, de apoio, de poder, mediante diária e fervorosa oração, terá aspirações nobres, percepções claras da verdade e do dever, altos propósitos de ação, e uma contínua fome e sede de justiça”.
2. Inclui a Aceitação da Graça Divina. Zaqueu não era merecedor da salvação. Mas, Jesus declarou a sua salvação: “hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão” (19:9). A graça é um bem imerecido. O publicano Zaqueu sabia que não era merecedor do favor divino, mas, ficou feliz em receber ao Salvador!
3. Inclui a Declaração Divina em Favor do Pecador. Devido à atitude de Zaqueu, Jesus declarou: “hoje, houve salvação nesta casa”. A justificação inclui um ato declarativo de Deus, imputando a Sua justiça,
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ou os Seus méritos ao pecador penitente. Jesus falou com veemência: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (19:10).
III. O MODELO DE RELACIONAMENTO COM DEUS 1. É Caracterizado Pela Dependência. Enquanto os fariseus de-
pendiam de seus próprios méritos, sempre falando em merecimento e murmurando do próprio Cristo, o publicano Zaqueu despojou-se nas mãos de Deus. Paulo declarou aos Filipenses: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vonta- de” (2:13). Há uma relação de dependência do pecador para com Deus. A aproximação não é baseada nos méritos humanos, pois, não há essa possibilidade, em virtude da natureza humana decaída (Is 64:6; Rm 3:23). A aceitação divina do pecador é unicamente pela graça de Jesus Cristo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2:8).
2. É Caracterizado Pela Reverência. O ato de Zaqueu subir numa árvore para ver Jesus, representou uma homenagem ao Mestre Galileu, um ato de reverência. Para ele, quem passaria naquele lugar, não era outro, senão a Majestade do Céu. Quando Moisés chegou ao Monte Si- nai e se deparou com a sarça ardente, o Senhor lhe ordenou que tirasse as sandálias dos pés. Aquele lugar onde Deus estava se manifestando se tornou sagrado pela Sua presença. O Senhor disse a Moisés: “Não te chegues para cá”. Mas, agora (encarnado), o mesmo Senhor diz ao pecador: “desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa” (Êx 3:4-5; Luc. 19:5). “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus” (Êx 3:6). Zaqueu, diante de Deus em figura humana, foi visto pelo Senhor e chamado a Sua presença (Luc. 19:5).
3. É Caracterizado Pela Fé. A relação humana com Deus deve ser baseada na fé. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6). Não baseado nas obras da lei, conforme os fariseus pensavam (Rm 3:20; Gl 2:16), mas, através da “fé que atua pelo amor” (Gl 5:6).
4. É Caracterizado Pela Entrega. Ao ser acusado de pecador (19:7), os seus acusadores, possivelmente estavam insinuando que Za- queu era ladrão. Ele entendeu isso, e declarou: “Senhor, resolvo dar aos
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pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defrauda- do alguém, restituo quatro vezes mais” (19:8). O texto não se refere à entrega de dízimos ou ofertas, mas deixa implícito que Zaqueu estava disposto a entregar tudo por Jesus, e, até mesmo a empobrecer, doando 4 vezes mais se fosse necessário. Porém, ele tinha consciência de que havia descoberto o Maior Tesouro de sua vida, o Cristo Encarnado!
CONCLUSÃO 1. Zaqueu não era uma pessoa comum, mas um publicano, ou seja,
pertencente a uma categoria altamente discriminada pelos compatrio- tas, especialmente, os fariseus.
2. A narrativa demonstra que, mesmo as pessoas consideradas mais pecadoras, ou que pertençam a uma categoria de baixo nível mo- ral, podem encontrar a salvação em Jesus se sinceramente O buscarem.
3. O modelo bíblico de justificação inclui: o arrependimento, a aceitação da graça divina e a declaração divina em favor do pecador.
4. O modelo de relacionamento com Deus, inclui: a dependência, a reverência, a fé e a entrega.
5. Por tudo isso, Zaqueu deve juntar-se à categoria dos persona- gens bíblicos que puderam dizer: “a oferta sou eu!”
APELO Depois de ouvir essa impressionante lição bíblica, você não gostaria
de juntar a sua voz à dos gigantes da fé, e tornar sua essa exclamação: “a oferta sou eu!”?
BIBLIOGRAFIA Bíblia de Estudo Almeida Edição Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Bíblia de Estudo de Genebra Edição Almeida Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. Barueri, SP: Cultu- ra Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Gilbert, F. C. Practical Lessons From the Experience of Israel. South Lancaster, MS: South Lancaster Printing Company, 1902. Hillyer, N. “telnion”, Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Lothar Coenen e Colin Brown, 2ª ed., trad. Gordon Chwon. São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2000. 2:1014-1019. “Pharisees; Saducees”. Bridger, David. Ed. The New Jewsh Encyclopedia. Behrman House, Inc. Publishers, New York, 1976. 1:376. White, G. Ellen. O Maior discurso de Cristo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009. Parábolas de Jesus. Tatuí, SP: Casa Publica- dora Brasileira, 2009.
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VIDA (Marcos 12:41-44)
INTRODUÇÃO O episódio é descrito por Marcos logo depois do diálogo do Senhor
com Seus discípulos, quando censurou às atitudes dos escribas (versos 38 a 40). Ele lhes advertiu quanto à arrogância e prepotência daqueles homens. Ao mesmo tempo em que apreciavam a ostentação e a exalta- ção própria, também devoravam as casas das viúvas (v. 40). Logo em seguida à conversa com os discípulos, Ele chamou-lhes a atenção para a doação da viúva pobre.
DESENVOLVIMENTO Por isso, é proveitoso ler a narrativa da viúva pobre (Marcos 12:41-
44) à luz dos ensinos de Jesus sobre os escribas proferidos pouco antes (12:38-40). Levando-se em consideração a narrativa de Lucas 20:45 a 21:4, os dois episódios podem ser equacionados assim:
1. Jesus ensinou sobre os arrogantes que devoravam as casas das viúvas
1b. “gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as sau- dações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes”
2. Jesus chamou a atenção para uma viúva pobre 2b. “Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas” O episódio narrado por Lucas 21:1-4, contém o seguinte contraste: 1. Jesus observou os ricos ofertando 1b. Os ricos ofertavam do que sobrava 2. Jesus observou, também, uma viúva pobre ofertando 2b. A viúva ofertou tudo o que possuía Tanto Marcos quanto Lucas colocam essa narrativa ligeiramen-
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te antes do “pequeno apocalipse”, ou seja, das porções escatológicas (proféticas) de seu livro (Marcos 13 e Lucas 21). É possível que tenham feito isso para indicar a relevância do episódio para nós que vivemos nos últimos dias.
O QUE REPRESENTAVA O GAZOFILÁCIO A expressão gazophulakion (γαζοφυλκιον) é formada por dois
termos gregos: “gaza” - tesouro, e “phulàttein” – guardar. Segundo Jo- sefo, era uma das salas do templo situada no pátio das mulheres, onde eram armazenados o ouro e a prata. Jesus ensinava nesse lugar (João 8:20). O termo, também se refere às urnas de coleta que ficavam na- quele lugar (Marcos 12:41-43).
As treze urnas eram assinaladas por letras do alfabeto hebraico, e tinham o formato de trombeta, à semelhança de chifres de carneiro, sendo a parte mais estreita aquela em que o dinheiro era introduzido, e a parte de baixo era mais larga. Nove dessas urnas eram para receber as ofertas com propósitos distintos, conforme a lei indicava aos adora- dores, e quatro, para as dádivas voluntárias. Essas ofertas voluntárias eram utilizadas para comprar, por exemplo, madeira para o altar.
Portanto, o Gazofilácio, além de “sala do tesouro”, representava, também, baús ou urnas dentro dos quais se depositavam as dádivas e ofertas. No Antigo Testamento essas salas ou câmaras são mencio- nadas em textos como 2 Reis 23:11; Neemias 10:37 a 39; 13:4 e 5, 8 e 9 e Ezequiel 40:17. Embora o Novo Testamento não faça referência direta à tesouraria do templo, João 8:20 e Marcos 12:41, indicam que Jesus ensinava no templo, no pátio das mulheres, diante do local onde se entregavam as ofertas.
A FORMA COMO AS DÁDIVAS ERAM DEPOSITADAS Os doadores eram obrigados a fazer uma declaração em voz alta
sobre número de moedas que estavam depositando, juntamente com o ritual equivalente ao propósito da oferta. A prutah () era a forma como os judeus chamava uma pequena moeda de bronze. Um canon judaico determinava que ninguém poderia depositar menos que duas moedas (prutah). A pobre viúva não poderia doar menos, e devi-
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do à pobreza, não tinha como doar mais. Os mais ricos informavam o número de moedas (prutahs) que estavam depositando e não o valor total. A expressão grega utilizada por Marcos para se referir à moeda (prutah) é kalkon, ou seja, a moeda de bronze que era depositada no Gazofilácio, tanto por ricos, quanto por pobres.
É fácil imaginar os dignitários da nação declarando com grande pompa o número de moedas (prutahs) que estavam depositando no Gazofilácio. No entanto, para o observador celeste, que conhece os mo- tivos latentes em cada coração, eles ofertavam do que lhes sobravam. Não havia ação sacrifical em suas doações, como ocorreu com a oferta da viúva.
O QUE UMA VIÚVA POBRE POSSUÍA Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento realçam a importância de
se cuidar do pobre, do órfão e da viúva. No Antigo Testamento as viú- vas são apresentadas como estando sob o cuidado especial de Deus (Sal. 68:5; 146:9; Prov. 15:25). A verdadeira prática religiosa inclui a simpatia para com elas (Jó 31:16; Tiago 1:27). Há uma série de recomendações para favorece-las, a partir de Deuteronômio 24:17. O Novo Testamento também faz as suas observações para que as viúvas não sejam negligen- ciadas (Atos 6:1; 1 Timóteo 5:2-16). Portanto, quando lermos sobre as viúvas na Palavra de Deus, será preciso considerar todo o conjunto de fatores que cercava essa categoria peculiar de pessoas. Incluindo o fato de que uma viúva pobre era realmente destituída de bens.
O CONTEXTO EM QUE VIVIAM AS VIÚVAS • A sociedade judaica era profundamente patriarcal. Somente os
homens trabalhavam com a finalidade de sustentar a casa, e as mulhe- res cuidavam dos afazeres domésticos.
• A sobrevivência feminina dependia da cobertura masculina, isto é, a provisão do pai, de um tio, de um irmão, ou do esposo. Mulheres que se tornavam viúvas muito cedo e não tinham um provedor mascu- lino, corriam o risco de serem relegadas, ou à prostituição, ou à extre- ma pobreza.
• Era muito difícil para uma viúva sobreviver quando não podia
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contar com o amparo de algum parente próximo. Por isso, as viúvas que quisessem levar uma vida decente, passavam por várias privações. Por tanto, qualquer quantia monetária era relevante para as viúvas, mesmo duas moedas no valor insignificante de um quadrante (o qua- drante era a menor moeda romana, equivalendo a 1/64 do denário. O denário era a unidade básica e correspondia a um dia de trabalho do “operário” comum).
Segundo o depoimento do próprio Senhor Jesus, essas moedas representavam tudo o que aquela viúva possuía. Tendo em vista que estava observando os doadores, deve ter notado o constrangimento da viúva ao declarar a quantia doada. Talvez, cabisbaixa, encabulada e envergonhada, pois estava ciente da insignificância monetária de sua doação em relação às grandes somas doadas pelos ricos. Porém, não foram os ricos que receberam o elogio do Senhor Jesus, mas, aquela viúva, porque não doou da abastança ou da sobra, mas ofereceu tudo o que possuía.
IMPORTANTES LIÇÕES A SEREM TIRADAS DO EPISÓDIO
1. Deus não está interessado na quantia dada, mas no espírito com que se doa.
2. Nenhuma dádiva a Deus deve ser oferecida com ostentação. 3. Deve haver certa medida de sacrifício nas ofertas que entrega-
mos ao Senhor. 4. Deus conhece os nossos motivos. 5. Ele observa as nossas atitudes quando doamos, presencia o ato
e julga com sabedoria e graça. 6. A grandeza da doação depende da dimensão da posse do doador.
O CONTRASTE ENTRE AS OFERTAS DOS RICOS E A OFERTA DA VIÚVA POBRE
Em Marcos 12:41-44, Jesus contrasta o povo com a viúva. Mas, em Lucas 21:1-4, o contraste é entre os ricos e a viúva pobre.
1. A doação dos ricos - várias moedas contendo grande valor mo- netário
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2. A doação da viúva - duas moedas de menor valor monetário Jesus não ignorou as ofertas dos ricos. Não disse que eles nada de-
ram, mas que “esta viúva pobre deu mais do que todos” (Lucas 21:3). Essa realidade transparece no texto grego de Marcos, principalmen- te, quando comparado ao de Lucas. No texto escrito por Lucas (21:4) está grafado em grego: απαντα τον βιον ον ειχεν εβαλεν (apanta ton bion on eiken ebalen) – “deu tudo o que possuía”. No entanto, o texto de Marcos 12:44 registra da seguinte maneira: Εβαλεν ολον τον βιον
αυτης (ebalen olon ton bion autes) – “deu toda sua vida”.
CONCLUSÃO É proveitoso ler o relato da viúva pobre à luz dos ensinos de Jesus
aos discípulos sobre os escribas proferidos pouco antes; 1. Assim, é facilitado a observação do contraste entre os prepoten-
tes ricos e a viúva pobre; 2. Enquanto a primeira categoria doava com ostentação, a viúva
deu tudo o que possuía; 3. O fato da narrativa em Marcos e Lucas está ligeiramente antes
do “pequeno apocalipse”, denota a relevância do episódio para nós que vivemos nos últimos dias.
4. Jesus observava os doadores enquanto no pátio das mulheres, diante do Gazofilácio;
5. A forma como as ofertas eram entregues (conforme um canon judaico) facilitava a ostentação dos ricos, enquanto poderia gerar cons- trangimento aos pobres;
6. As viúvas compreendiam uma classe favorecida pela lei divina. Há vários textos no Antigo e no Novo Testamento que as protegem, mas, ainda assim, elas sofriam negligência, tendo as suas casas devora- das pelos abastados;
7. Jesus chamou a atenção para o fato de que, embora a oferta da viúva fosse monetariamente insignificante, para Deus ela foi a maior, pois representava tudo o que a viúva pobre possuía.
Portanto, diferente de todos os outros que não experimentaram sa- crifício para Deus, e tendo em vista que “deu toda sua vida”, a viúva pobre adquiriu o direito de afirmar: “a oferta sou eu!”
APELO Depois de ouvir essa impressionante lição bíblica, você não gostaria
de juntar a sua voz a essa gigante da fé, e tornar também sua essa excla- mação: “a oferta sou eu!”? BIBLIOGRAFIA
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Bíblia de Estudo Almeida, nota sobre Marcos 12:42. Edição Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Rick Meyers, Ed., e-Sword HD v3.6, 2014, Adam Clarke’s Commen- tary on Mark 12:41. John Wesley’s Notes on Mark 12:41. Pulpit Commentary on Mark 12:41. Sermon Bible Commentary, on Mark 12:41. Word Study in the New Testament by M. R. Vincent on Mark 12:41. R. N. Champlin, sobre Lucas 21:1-4, O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, 6 vols. (São Paulo: SP Editora Hagnos Ltda, 2014), 2:257-258. W. E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr., “gazophulakion”, Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Testamento Testamento, 3ª ed., trad. Luís Aron de Macedo (Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003), 411. W. Scmithals, “γαζοφυλκιον”, Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2 vols., Lo- thar Coenen e Colin Brown, 2ª ed., trad. Gordon Chwon (São Paulo, SP: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2000), 2:2449.
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‘A OFERTA SOU EU’ POR ISSO, RENUNCIO TUDO O QUE
SOU POR CRISTO (João 3)
INTRODUÇÃO Nicodemos é um personagem bíblico que não entra na história ca-
nônica acidentalmente. Há uma introdução pomposa para ele no evan- gelho de João 3. Há, também, muito material escrito a seu respeito, e uma das razões para isso, é o registro de seu diálogo com Jesus. Nessa entrevista é possível perceber a sua concepção sobre a religião judaica de seus dias, e, também, a sua ignorância quanto a questões espirituais, como o novo nascimento, por exemplo.
O nome “Nicodemos” é um neologismo grego, derivado de “nikos” (vencedor) e “demos” (povos). Portanto, vencedor ou conquistador de povos. Alguns estudiosos o identificam com Naqdimon ben Gorion, um cidadão jerosolimitano rico, que, segundo o Talmud Babilônico, era en- carregado de suprir de águas aos peregrinos que vinham para as festas de Jerusalém. Mas, não há informações conclusivas sobre isso.
UM LÍDER FARISEU Nicodemos era fariseu. A palavra hebraica para “fariseu” é perushim,
um vocábulo provavelmente derivado de parosh que significa “separar”, “expor”. Essas conotações explicam as duas principais características dos fariseus: eram separatistas, tendo em vista a ênfase colocada na observância de rituais de purificação e da prática minuciosa do dízimo. Eram expositores, porque encorajavam uma interpretação liberal das Escrituras e adaptavam as suas leis às mutáveis condições de vida, em contraste como os saduceus que aderiam estritamente à letra da Lei.
Os fariseus eram preocupados com as observâncias externas e a forma da religião. Consideravam as pessoas desfavorecidas como povo
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da terra, merecedoras de suas próprias desventuras e esquecidas de Deus. Nicodemos era fariseu e membro do sinédrio, o que fazia dele um integrante de uma oligarquia, ou seja, uma minoria privilegiada que tinha o poder e a incumbência de governar a maioria.
AS TRÊS DIVISÕES DA HISTÓRIA DE NICODEMOS Conforme o que há registrado na Palavra de Deus sobre Nicodemos,
a sua história pode ser dividida em três partes: 1. A entrevista a Jesus em Jerusalém, quando foi ensinado sobre a
doutrina do novo nascimento (João 3:1-21), 2. A sua defesa de Jesus Cristo no sinédrio (João 7:38-52), e 3. A sua assistência ao Senhor durante o Seu sepultamento (João
19:39-42): A ENTREVISTA A JESUS CRISTO EM JERUSALÉM (João
3:1-21) 1. Nicodemos se aproximou de Jesus impressionado com os seus
“sinais” (do grego ‘semeia’, milagres – João 3:2). Nicodemos pode ter sido um dos “muitos” que “vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome” (2:23).
2. Algumas razões que poderiam Justificar a sua visita à noite, se- riam:
• Constrangimento, devido a sua posição; • Evitar problemas com os demais membros do sinédrio; • A busca de privacidade; • Devido às condições climáticas, a noite fornecia um ambiente
ideal para o diálogo. 3. Nicodemos era um mestre versado em sua religião, um obser-
vador dos acontecimentos, mas precisava reconhecer em Jesus, o Messias prometido e anunciado por João. Os que acreditassem nas profecias messiânicas cumpridas em Jesus, deveriam ser batizados por João Batista: “mas os fariseus e os intérpretes da Lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele” (Lucas 7:30).
4. Através do diálogo com ele, Jesus pode revelar os grandes se- gredos da conversão, bem como os elementos ligados a ela: novo nas- cimento, água, vento, o nascimento do alto e o Espírito Santo. E ainda
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pronunciou um dos versos mais profundos de toda Sagrada Escritura, João 3:16.
5. Jesus abordou sobre a Sua encarnação (3:13). 6. Utilizou o episódio da serpente de bronze levantada por Moisés
no deserto para exemplificar a Sua morte expiatória na cruz (3:14-15). 7. Deus enviou o Seu Filho, não apenas para os judeus, mas para o
mundo, a fim de salvá-lo, e não para condená-lo (3:16-17). 8. Todos deverão enfrentar o tribunal, mas os que creem não serão
condenados (3:18-19). 9. O mal e a luz são incompatíveis (3:20), mas a prática da verdade
representa proximidade com a luz (3:21). Dessa forma, diferente de Judas, que saiu da presença da luz e foi para a noite, para as trevas (13:30), Nicodemos saiu das trevas da noite para encontrar-se com a Luz (3:2, 21).
A SUA DEFESA DE JESUS PERANTE O SINÉDRIO (João 7:48-52)
O capítulo 7 de João está dividido em em algumas seções: 1. Jesus na Festa dos Tabernáculos (7:1-24) 2. A discursão sobre a Sua identidade messiânica (7:25-31) 3. Alguns soldados são enviados para prendê-lo (7:32-36) 4. Jesus oferece rios de água viva, o Espírito Santo (7:37-39) 5. A dissensão entre o povo e a defesa de Jesus por Nicodemos no
sinédrio (7:40-52) Nesta última seção, Nicodemos defende a Jesus no sinédrio. No en-
tanto, é necessário que esta seção de Sua defesa seja vista à luz dos fatos antecedentes. Aquele era um momento de crise. O Senhor estava percorrendo a Galiléia e não desejava passar pela Judeia, porque os judeus queriam matá-lo (7:1).
Finalmente, Jesus foi à Festa dos Tabernáculos, e havia um burbu- rinho entre o povo sobre o Seu caráter, e, tendo em vista que a ameaça era real, as pessoas evitavam falar sobre Ele abertamente, temendo aos judeus (7:10-13). Contudo, arrancou admiração, mesmo daqueles que o ameaçavam, ao ouvirem os Seus ensinos no templo (7:14-15).
Depois de declarar que o Seu ensino é do alto, Ele afirmou que os ju- deus que procuravam matá-lo desatendiam a Lei de Moisés (7:16-19).
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Ele lhes deu evidências de ser o Messias, e isso dividiu a opinião dos ouvintes. Mas, muitos creram nele, o que levou os líderes a comissionar guardas para prendê-lo (7:25-32).
No último dia da Festa dos Tabernáculos, Jesus fez um apelo aos se- dentos pela salvação, a fim de que viessem saciar nele a sua sede espi- ritual. Mais uma vez, muitos creram em Seu messiato, embora, outros tenham duvidado (7:37-43). O apelo de Jesus no verso 37 é destacado por João pela expressão “exclamou”. O termo grego, κρζω (krázo), sig- nifica “clamar”, “chamar em voz alta”, ou mesmo, “chorar”. O Salvador fez o Seu apelo em voz alta, declarando-Se o Messias, o único que pode dotar o homem com o poder do Espírito Santo (7:38-39).
Os guardas que foram comissionados para prendê-lo, quando per- guntados pelos líderes judeus: “por que não o trouxeste?”, responde- ram, “jamais alguém falou como este homem” (7:45-46). Os líderes tomaram uma atitude condenatória em relação a Jesus, mas nesse momento (7:50), Nicodemos interveio e asseverou: “Acaso, a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?” (7:51), expondo-se ao escárnio dos seus correligionários (7:52). Essa defesa é uma forte evidência de que a entrevista com o Mestre Galileu havia gerado frutos salvificos em seu coração.
A ASSISTÊNCIA AO FUNERAL DE JESUS (João 19:39-42) A seção sobre o sepultamento de Jesus começa assim: “Depois
disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculta- mente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar” (19:38). José de Arimatéia era um homem rico (Mat. 27:57) e ilustre membro do sinédrio (Mar. 15:43). Ele, também, aguardava o rei- no de Deus, por isso, depois de autorizado por Pilatos, retirou o corpo de Jesus. Mas, não estava só ao prestar homenagem ao Redentor, pois, “também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés (João 19:38-39).
O texto não revela se Nicodemos era um discípulos oculto, assim como José de Arimatéia, mas infere sobre o comprometimento deste com o Senhor. Nas duas passagens onde Nicodemos é mencionado de- pois do diálogo com o Salvador em João 3, ele é referido como aquele
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que foi procurar Jesus (7:50; 19:39). É possível que João estivesse cha- mando a atenção de seus leitores para o fato de que Nicodemos passou a viver à luz dos ensinamentos daquele dia, depois do encontro com o Mestre, sem, contudo expor-se publicamente, assim como José de Ari- matéia. Conforme explica Ellen White:
Na entrevista com Nicodemos, Jesus desdobrou o plano da salvação, e Sua missão no mundo. Em nenhum de Seus poste- riores discursos explicou tão plenamente, passo por passo, a obra necessária ao coração de todo aquele que quisesse herdar o reino do Céu. No próprio início de Seu ministério, abriu a ver- dade a um membro do Sinédrio, ao espírito mais apto a receber, a um designado mestre do povo. Os guias de Israel, porém, não receberam de bom grado a luz. Nicodemos ocultou a verdade no coração, e por três anos pouco foi, aparentemente, o fruto (O De- sejado de Todas as Nações, p. 117).
Os ensinamentos de Jesus surtiram um efeito poderoso no coração daquele líder sincero de Israel. Ele estudou as atitudes do mestre naza- renos, e as comparou com as profecias messiânicas. Comentando sobre esse fato, Ellen White diz:
Desde que ouvira Jesus, Nicodemos estudara ansiosamente as profecias relativas ao Messias; e quanto mais procurara, tanto mais forte era sua convicção de que este era Aquele que havia de vir. Ele, como muitos outros em Israel, sentira-se grandemen- te aflito com a profanação do templo. Fora testemunha ocular da cena da expulsão dos vendedores e compradores por Jesus; presenciara a maravilhosa manifestação de poder divino; vira o Salvador receber os pobres e curar os enfermos; vira-lhes a ex- pressão de alegria, e escutara-lhes as palavras de louvor; e não podia duvidar de que Jesus de Nazaré era o Enviado de Deus (O Desejado de Todas as Nações, p. 168).
Para Nicodemos, a cruz não foi um símbolo de derrota, como o foi para os pervertidos e descomprometidos com a verdade. Ela signifi- cou, o que de fato foi, a coroação dos esforços messiânicos para salvar a humanidade caída.
Quando, afinal, Jesus foi erguido na cruz, Nicodemos relembrou o ensino no Olivete: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim
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importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:14, 15. A luz daquela secreta entrevista iluminou a cruz do Calvário, e Nicodemos viu em Jesus o Redentor do mundo (O Desejado de Todas as Nações, p. 176-177).
O QUE REPRESENTOU AS CEM LIBRAS DE UM COM- POSTO DE MIRRA E ALOÉS (JOÃO 19:39)
Alguns críticos argumentam que toda essa quantidade do compos- to para bálsamo, daria