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  • INFORMAES AGRONMICAS N 149 MARO/2015 17

    INTRODUO

    Em 2014, pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, da USP, em Pirassununga, SP, destacaram-se na mdia com a pesquisa envol-vendo o selnio (Se) como um dos elementos responsveis pela produo de carne mais saudvel e, consequentemente, pela reduo de doenas em humanos (PESQUiSA..., 2014). Atualmente, o Se tem se destacado em estudos sobre nutrio e alimentos relacionados boa sade e qualidade de vida.

    Por muito tempo, o Se foi relatado apenas como elemento txico, perigoso, responsvel pela toxicidade nas plantas e animais e pela inviabilidade de reas agrcolas. Os registros sobre este elemento so muito antigos sua classificao como um elemento qumico, realizada pelo qumico sueco Jns Jacob Berzelius, datada de 1817 , mas sua presena na terra rastreada desde a origem da crosta terrestre em formao geolgica especfica, e as informaes sobre doenas e desordens metablicas causadas pela baixa ingesto de Se, assim como as ocorrncias de intoxicaes em reas selenferas, so datadas muito antes de sua classificao qumica.

    de acordo com a Selenium-Tellurium development Asso-ciation STdA (2007), por ser um elemento essencial vida, 5% da demanda total de Se tm sido utilizados para fins biolgicos e agrcolas pela incorporao, em quantidades-trao, nos alimentos dos animais; nos produtos veterinrios para preveno de doenas em animais em crescimento; nos fertilizantes, para correo de solos deficientes; alm de sua utilizao na medicina e como suplemento na dieta humana para controle de doenas.

    A estreita faixa entre teores benficos e txicos de Se, que podem implicar em benefcios ou danos sade humana, as influncias na produo animal e sua heterognea distribuio na crosta terrestre so motivos que incentivam os estudos deste ele-mento e sua influncia em muitas reas da cincia. Pesquisas sobre o Se no solo e na nutrio de plantas no Brasil tm aumentado recentemente em resposta necessidade de conhecimento sobre a atuao deste elemento nas culturas e nas condies edafoclimti-cas brasileiras, ou seja, os teores nos solos brasileiros, a dinmica desse elemento nos solos predominantemente intemperizados e, principalmente, a sua influncia na produtividade e qualidade das culturas comerciais.

    SElNIO:UM ElEMENTO ESSENCIAl AO hOMEM E AOS ANIMAIS

    E bENFICO S plANTAS

    Letcia de Abreu Faria1

    Felippe Hoffmann Silva Karp2

    O SElNIO NO SOlO

    A distribuio geogrfica do Se na crosta terrestre no uniforme, variando de reas com elevados teores, conhecidas como regies selenferas, at reas com teores muito baixos, sendo essa discrepncia uma consequncia da formao geolgica, na qual se sabe que os maiores teores so encontrados em rochas, mine-rais, combustveis fsseis e resduos vulcnicos (COMiNETTi, COZZOliNO, 2009). de acordo com esses pesquisadores, a variao no teor de Se nos solos est entre 0,01 e 2,0 mg dm-3, sendo que, geralmente, as reas litorneas possuem solos mais ricos, e as rochas mais pobres em Se incluem aquelas que possuem quantidades elevadas de basalto e granito. H relatos de solos com at 500 mg dm-3, no entanto, os elevados teores de Se impedem a explorao agrcola, limitam as espcies vegetais e podem causar danos aos animais silvestres ou domsticos que venham a pastejar nessas reas denominadas selenferas.

    Em contraste s reas selenferas, em reas com solos contendo baixos teores de Se se observam desde baixos ndices de produtividade at incidncia de doenas, como a doena do msculo branco em bovinos. Em humanos, a ausncia ou baixa ingesto do mineral pode causar a doena de Keshan, como j comprovado na China, em regies com solos contendo baixos teores de Se.

    O teor de Se no solo pode influenciar sua concentrao nos alimentos, porm, alm desse fator, deve-se considerar como de relevante importncia a forma qumica do Se no solo e as carac-tersticas fsico-qumicas do solo, como pH, teor de argila, teor de enxofre, entre outras.

    O Se um elemento no-metal, do grupo 6A, da famlia dos calcognios. Pode ser encontrado na natureza em diversos estados de oxidao, incluindo selenato (SeO4

    2-), selenito (SeO32-), selnio

    elementar (Se0) e seleneto (Se2-). Em solos alcalinos bem arejados comum o Se aparecer na forma de selenato (SeO4

    2-), a qual predominantemente absorvido pelas plantas. Em terras cidas ou com pH prximo neutralidade, o elemento frequentemente est presente como selenito, podendo estar fixado ao ferro (Fe) e formar complexos com a matria orgnica. dependendo do pH, grau de aerao do solo e atividade microbiana, pode estar em diversos estados de oxidao. Na maior parte dos solos, seu contedo baixo, sendo os solos ricos encontrados quase exclusivamente em regies

    1 Zootecnista, Doutora em Cincias, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, CENA/USP, Piracicaba-SP; e-mail: [email protected] Discente em Engenharia Agronmica, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ESALQ/USP, Piracicaba-SP; e-mail: [email protected]

    Abreviaes: ATSDR = Agency for Toxic Substances and Disease Registry; Fe = ferro; Hg = mercrio; MAPA = Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; S = enxofre; Se = selnio.

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    ridas, nas quais aparecem plantas acumuladoras ou selenferas que podem acumular e tolerar altos nveis de Se (MAlAVOlTA, 1980).

    Millar (1983) afirmou que o teor de Se considerado baixo em solos contendo menos de 0,5 mg dm-3. No Brasil, Faria (2009b) obteve valores inferiores a 0,3 mg dm-3 em oito tipos de solos do estado de So Paulo, avaliando a superfcie (0-20 cm) e a subsuperfcie (20-40 cm). Conforme Gabos (2012) e Silva et al. (2012), os solos dos Estados de So Paulo e Minas Gerais apresentam faixas que variam, respectivamente, de 0,09 a 1,61 mg dm-3 e 0,05 a 2,14 mg dm-3, sendo que em ambos os levantamentos houve sig-nificativa quantidade de amostras com teores inferiores ao limite de quantificao pelo mtodo de anlise.

    O SElNIO NA plANTA

    A classificao do Se no reino vegetal ainda muito dis-cutida. Alguns pesquisadores, como Malavolta (2006), o classifi-cam como micronutriente, ou seja, um elemento cuja presena essencial para que a planta complete seu ciclo de vida. J outros pesquisadores o classificam apenas como elemento benfico, pois sua presena pode resultar em efeitos positivos, mas sua ausncia no compromete o ciclo de vida das plantas.

    Embora sua essencialidade para as plantas ainda no esteja comprovada, h relatos de que ele exerce nas plantas as mesmas funes antioxidantes observadas nos animais. Cartes et al. (2005) sugeriram que, como antioxidante em gramneas, o Se adicionado ao solo poderia melhorar a qualidade da forragem por diminuir a senes-cncia e melhorar a persistncia de pastos com deficincia em Se.

    Hatfield et al. (1992) demonstraram que as protenas con-tendo Se, denominadas selenocistenas tRNAs, que ocorrem nos representantes de trs dos cinco reinos, Monera, Animal e Protista, e que atuam na codificao gentica do cdon de UGA, tambm ocorrem nos reinos das plantas e fungos, sugerindo que o UGA, alm de ser responsvel por cessar a sntese de protenas, tambm codifica a selenocistena do cdigo gentico universal.

    Segundo Malavolta (2006), existem trs grupos de plantas acumuladoras de Se. As do grupo 1 so as acumuladoras primrias, que acumulam altas concentraes de Se, como espcies dos gneros Aster, Astragalus, Atriplex, entre outras, conhecidas como selnio- indicadoras, pois em solos com elevada concentrao de Se nas formas de selenatos e compostos orgnicos podem acumular at 15.000 mg kg-1 na matria seca. As do grupo 2 so as acumu-ladoras secundrias, pois acumulam Se em nveis que podem causar um quadro de selenose aguda e crnica nos animais que as consomem. Conforme White et al. (2007), essas espcies podem se desenvolver adequadamente em solos selenferos e no- selenferos e acumular acima de 1.000 mg kg-1 na matria seca, sem apresentar consequncias danosas. As espcies do grupo 3 so, geralmente, aquelas cultivadas pelo homem para alimentao, e no acumulam altos nveis de Se. A maior parte das angiospermas so classificadas como no-acumuladoras de Se e no toleram concen-traes acima de 10-100 mg kg-1 na matria seca.

    A despeito dos efeitos benficos do Se nas plantas, deve-se alertar para o risco de toxicidade. de acordo com Malavolta (1980), a toxidez nas plantas comum, ocorrendo atraso no crescimento, clorose nas folhas e concentrao de Se nas regies de crescimento e nas sementes; no entanto, as espcies de plantas variam na sua capacidade de absoro em ordem decrescente: crucferas, gra-mneas forrageiras, leguminosas cereais , porm, no se sabe por que as plantas mostram diferenas na sua capacidade de acumular e tolerar o Se.

    Conforme Malavolta (1980), as propriedades qumicas do Se so muito parecidas com as do S. Os dois elementos competem pelos mesmos stios de absoro, sendo que o Se incorporado em aminocidos anlogos aos que contm S. Correia (1986) admitiu que as plantas procuram se desintoxicar ligando o Se a aminocidos no proticos.

    de acordo com White et al. (2007), as razes absorvem o Se do solo como selenato, selenito e compostos orgnicos contendo o elemento, e embora haja competio pelos transporta-dores de sulfato entre SeO4

    2- e SO42- no citoplasma da membrana

    da raiz, uma vez absorvido o Se distribudo e assimilado na parte area pelas vias do S. H diferenas nas formas de Se assimiladas entre espcies indicadoras e acumuladoras em relao s espcies no-acumuladoras, sendo que as primeiras convertem o elementos em formas menos txicas, permitindo-as tolerar e acumular os elevados teores de Se do solo.

    A concentrao de Se nas plantas forrageiras e gros (con-centrado) dependente da sua concentrao no solo, a qual pode variar pontualmente, ou seja, dentro de uma propriedade podem existir reas com nveis normais de Se no solo, seguido de reas adjacentes com deficincia do elemento. Isso pode afetar a ingesto total de Se pelos animais em pastejo (STEVENS et al., 1985). Em geral, pode-se afirmar que plantas crescendo em solos com baixo pH, com altos teores de argila ou adubadas com produtos base de sulfato, tm baixos teores de Se (SHAMBERGER, 1983; FOSTER e SUMAR, 1995; KABATA-PENdiAS, 1998). Em contrapartida, plantas com maior massa radicular e razes mais profundas, assim como plantas de crescimento mais lento e de maior teor protico, tendem a possuir contedo mais alto de Se (SHAMBERGER, 1983).

    REMEDIAO DE SOlOS SElENFEROS

    Segundo a Agency for Toxic Substances and disease Regis-try ATSdR (2003), embora essencial ao homem e aos animais, deve-se tomar cuidado com a exposio regular a quantidades superiores s necessrias de Se para a boa sade. As pessoas podem se expor a nveis de Se acima do normal em depsitos de resduos perigosos, na ingesto de solo ou gua ou mesmo respirando a poeira.

    reas com elevado teor de Se no solo so denominadas selenferas, independentemente da causa, seja natural (origem geolgica), seja por contaminao antropognica (combusto de carvo, lodo de esgoto, cinzas, rejeito de minas, irrigao em reas selenferas). Segundo Zhao et al. (2005), solos com teores de Se acima de 5 mg dm- representam riscos potenciais sade de animais selvagens que consomem a vegetao local, e s reas adjacentes, que tambm podem ser afetadas pelo transporte do Se superficial por meio da gua ou do vento. Conforme White et al. (2007), o consumo de alimentos com 1 a 5 mg kg-1 de Se na matria seca pode causar toxicidade em animais, conhecida como selenose, variando de crnica aguda.

    As similaridades qumicas entre Se e S refletem em intera-es antagnicas no solo; assim, Rogers et al. (1990) recomendam a aplicao de materiais contendo S, tais como sulfato de amnio ou gesso, para reduo dos nveis de Se na forragem.

    Faria (2009a) avaliou algumas fontes de S na remedio de solos tropicais brasileiros contaminados antropogenicamente com selenato de sdio e verificou que os solos com teores entre 1,8 mg dm-3 e 4,6 mg dm- de Se apresentaram prejuzos no desen-volvimento e na produtividade de Brachiaria brizantha uma das principais gramneas utilizadas em pastos cultivados no Pas. Porm, o potencial fitorremediador da braquiria ocorreu somente

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    Figura 1. Brachiaria brizantha cultivada em solos tropicais contaminados com selnio: Argissolo Amarelo distrfico abrptico (1), Latossolo Verme-lho distrofrrico (2) e Nitossolo Vermelho eutrofrrico (3) submetidos aplicao de 600 kg ha-1 de enxofre com os tratamentos controle + nitrato de amnio (A); sulfato de amnio (B); gesso + nitrato de amnio (C); sulfato frrico + nitrato de amnio (d), aos 45 dias aps o transplantio das mudas.

    Fonte: Faria (2009a).

    nas condies em que os tratamentos com S apresentaram potencial para reduzir a absoro excessiva de Se pela planta. O mtodo de fitorremediao pode ser utilizado para amenizar os efeitos indeseja-dos do excesso de Se no solo. A fitorremediao nada mais do que o uso de plantas para extrair ou reduzir a presena de substncias no desejadas, como metais pesados, agrodefensivos e leos de um local, amenizando ou at eliminando o seu efeito poluente. de acordo com o pesquisador, a aplicao de S na tentativa de manter a produo de pasto sem risco aos animais exige elevadas doses de S e fontes de boa solubilidade (Figura 1). A pesquisa revelou que os elevados teores de Se no solo afetam a produo de biomassa da braquiria, assim como o acmulo de Se na biomassa, indepen-dentemente do solo cultivado. Tambm mostrou que a aplicao de S em doses elevadas, por meio de fontes solveis, como sulfato de amnio e sulfato frrico, diminuiu a absoro de Se pela gramnea, enquanto o gesso (sulfato de clcio), fonte menos solvel, apresen-tou baixa efetividade na reduo da absoro de Se pelas plantas, apresentando, consequentemente, efeitos negativos na gramnea, diminuindo a produtividade.

    Segundo White et al. (2007), estudos tm sido feitos com o objetivo de identificar no apenas espcies acumuladoras, mas tam-bm espcies com capacidade de acumular Se com representativa quantidade de biomassa, a fim de permitir a extrao da mesma e a exportao de Se por meio da colheita e remoo da rea, sendo esta utilizada em diluies na dieta animal ou como adubo verde espalhado em reas com baixo teor de Se no solo. Outros estudos se inclinam ao uso de tcnicas modernas de engenharia molecular, como o desenvolvimento de espcies transgnicas com elevada tolerncia e alta capacidade de acumular Se.

    Em vista da necessidade de reduzir os problemas com intoxicao animal, assim como o risco de contaminao antro-

    pognica, e estabelecer o usufruto de reas improdutivas, devido aos elevados teores naturais de Se no solo, so necessrias mais pesquisas para fornecer subsdios para a reduo da periculosidade das reas selenferas.

    O SElNIO NO REINO ANIMAl

    No reino animal, o Se foi classificado como micronutriente em 1957 pelos pesquisadores Schwarz e Foltz (SillANP e JANS-SON, 1992), e isso significa que sua presena essencial na dieta de homens e animais. Alm disso, a relao do Se com a preveno de doenas, como o cncer, e sua atuao como antioxidante no metabo-lismo de animais e seres humanos tem sido alvo de muitas pesquisas.

    O Se usado pelas enzimas antioxidantes que protegem os tecidos contra os danos causados pelo oxignio e em enzimas que afetam o desenvolvimento e metabolismo, por isso o baixo nvel de Se nos alimentos acarreta em problemas cardacos e musculares. Alm disso, estudos sugerem que dietas com alto teor de Se podem reduzir o risco de cncer (ATSdR, 2003).

    Sintomas de deficincia em animais e humanos so comu-mente observados quando os nveis de Se nos alimentos so baixos. Em algumas regies da China, os nveis de Se so to baixos que sua ausncia nos alimentos tem resultado em efeitos na sade (ATSdR, 2003). De acordo com Conrad, Redman e Smith (1984), a deficin-cia severa de Se causa a chamada doena do msculo branco. Surai (2006) relatou que o nvel subclnico de deficincia pode causar fraqueza muscular em recm-nascidos, imunossupresso, reduo no ganho de peso e de escore, e infertilidade, aborto e reteno de placenta nas mulheres.

    Atualmente, a deficincia ocasionada pela falta de Se se situa entre as deficincias causadoras de maior preocupao em relao

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    sade humana, principalmente nos pases em desenvolvimento. Uma das causas dessa preocupao ocorre por se observar maior biodisponibilidade deste nutriente em alimentos de origem animal (MORAES, 2008). No Brasil, Ferreira et al. (2002) verificaram que importante a presena de pescados e de outros produtos de origem animal na dieta para garantir o consumo dos teores recomendados de Se, pois os teores de Se nos alimentos de origem vegetal so, de modo geral, inferiores a 5,0 g/100 g.

    No Brasil, a pesquisa e a indstria de suplementos e ali-mentao animal tm investido no incremento e em formas de Se em seus produtos devido necessidade e exigncia deste nutriente. Esse investimento amparado pela sua classificao como nutriente, sendo preconizado na dieta dos animais. Para bovinos, por exemplo, o National Research Council (NRC, 2001) recomenda a presena de 0,1 a 0,3 mg kg-1 de Se na matria seca da dieta.

    Pesquisadores tm obtido bons resultados com a suplemen-tao de Se na alimentao de bovinos, verificando no apenas os efeitos benficos sade e nos ndices de produtividade animal, mas tambm para o consumidor final, por meio da produo de alimentos enriquecidos em Se. Na produo animal em confina-mento no h muita dificuldade em se fornecer Se no cocho, seja na forma orgnica ou inorgnica, porm Hall et al. (2009) relatou que em criao a pasto h limitao do consumo de suplementos, e os baixos nveis de Se no solo podem resultar em baixa produ-tividade do produto final, carne ou leite, assim como acarretar no aparecimento de doenas ou baixo desempenho do rebanho. Segundo Watkinson (1983), na Nova Zelndia, a administrao de Se era permitida apenas via injetvel at a dcada de 80, quando surgiu, com comprovada efetividade, a aplicao anual de Se junto adubao fosfatada dos pastos.

    A forma mais antiga de suplementao de Se pelo uso de formas inorgnicas, o que envolve grandes riscos de intoxicao, interaes negativas, efeitos pr-oxidantes e baixa eficincia na transferncia do elemento para os tecidos. Em contraste, as formas orgnicas contribuem para o sistema antioxidante, tm baixa toxi-cidade e alta biodisponibilidade, com a habilidade de aumentar as reservas de Se nos tecidos, comparadas s fontes inorgnicas (SURAi, 2002).Whanger e Butler (1988) encontraram diferenas significativas no teor de Se acumulado no tecido de ratos com o uso dos dois tipos de fontes, quando foram adicionados de 1,0 a 4,0 mg de Se por kg de rao, porm, com o uso de nveis mais baixos (0,2 mg kg-1 de Se) no houve diferena significativa. Nota-se que certas formas de Se, como, por exemplo, a selenometionina, possuem ao mais eficaz, evitando e reparando danos nos tecidos, quando comparadas ao selenito (SURAi, 2003). Zanetti et al. (1997) observaram maior nvel srico e maior nvel em rgos como fgado e corao em bovinos com o uso de menor dose de Se orgnico. Foi observado que a suplementao com 5 mg de Se no ltimo ms de gestao aumentou significativamente o nvel srico do mineral em vacas e reduziu a incidncia de mastites subclnicas (ZANETTi et al., 1998).

    O fornecimento de selenito de sdio junto ao sal mineral, principalmente no Estado de So Paulo, tem sido utilizado desde a constatao da deficincia generalizada de Se em gramneas, pelo estudo de lucci et al. (1984).

    A carne produzida a pasto tem sido valorizada, principal-mente pelos mercados consumidores mais exigentes, e uma das grandes vantagens da pecuria brasileira.Assim, o incremento de Se via adubao poderia favorecer a suplementao de Se aos animais em pastejo, principalmente visando a vasta rea de pasto nacional que, conforme o iBGE (SidRA, 2006), de mais de 160 milhes de hectares.

    bIOFORTIFICAO AgRONMICA DE plANTAS COM SElNIO

    A biofortificao agronmica com a aplicao de Se via fertilizantes, visando o aumento de seu teor e biodisponibilidade nos alimentos, tem sido estudada como potencial forma de remediar os seus baixos teores nos solos.

    Segundo White et al. (2007), estima-se que 15% da popu-lao mundial apresente deficincia de Se devido ao consumo de alimentos produzidos em reas com baixos teores de Se no solo.

    A exigncia do Se na nutrio animal e humana e os baixos teores nos solos agrcolas estimularam pases como Finlndia, Austrlia, Nova Zelndia e Estados Unidos a avanar no desenvol-vimento de tecnologias de fertilizantes. O governo Finlands exige, desde 1984, a adubao de cereais e de forragens com formulaes contendo, respectivamente, 16 e 6 g de Se por tonelada de adubo.

    No Brasil, estudos realizados nas regies Sul e Sudeste indi-cam que, de modo geral, os solos tm baixos teores de Se. Assim, a deficincia marginal em bovinos a pasto foi verificada no Rio Grande do Sul pelos pesquisadores Valle et al. (2003), e em So Paulo e Mato Grosso do Sul as pesquisas de lucci et al. (1984), Moraes, Tokarnia e dbereiner (1999) e Faria (2009) tambm mostraram baixas concentraes em plantas forrageiras. Alguns pesquisadores, como Sillanp e Jansson (1992), classificaram o Brasil dentre os pases com baixos nveis de Se no solo, embora as pesquisas realizadas no Pas sejam limitadas geograficamente, devido ao pequeno nmero e rea amostrada.

    Estudos realizados por dias (2006) e lopes (2008) com mercrio (Hg) no Norte do Pas atribuem o consumo humano de alimentos ricos em Se, como peixe e castanha-do-par, como um antdoto em reas com elevados teores de metais pesados txicos. No entanto, pode-se indicar a possvel presena de Se nesses solos como responsvel pelos altos teores em plantas e produtos de ori-gem animal da regio, embora raros estudos tenham relacionado a presena de Se ao solo. de acordo com Moraes et al. (2009), pressupe-se que nos estados do Amazonas e Amap o consumo de Se pela populao seja adequado, mas a avaliao nos estados das regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste indicam que a populao tem demonstrado baixo consumo e, o que mais preocupante, em quantidades inferiores aos das classes de baixa renda. Segundo esses pesquisadores, embora haja evidncias conclusivas da defi-cincia de Se no Brasil, este micronutriente no est includo no programa de biofortificao HarvestPlus, o qual lidera esforos globais no combate fome oculta causada pela falta de vitaminas e minerais na dieta da populao.

    Embora ainda exista grande campo para a pesquisa, a pro-duo de fertilizantes com Se j no novidade em alguns pases, principalmente na adubao de culturas destinadas alimentao animal. No Brasil, este elemento tem sido muito estudado na rea de nutrio humana e animal, mas os poucos estudos sobre Se no solo e como fertilizante so recentes.

    No Brasil, o Se no est presente nas formulaes de adubos minerais, embora na dcada de 90 uma empresa nacional tenha feito a tentativa frustrada de registrar este elemento como micronutriente junto ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA. No entanto, a aplicao de Se via fertilizante no Brasil exigiria mudanas na legislao, que atualmente no inclui este elemento (BRASil, 1982).

    A correlao do Se no sistema solo-planta-animal positiva e favorece a adubao com o elemento. dentre as formas de Se, o

  • INFORMAES AGRONMICAS N 149 MARO/2015 21

    selenato a mais indicada para a absoro pelas plantas. Conforme Abreu et al. (2011), o selenito (SeO3

    2-) e o selenato (SeO42-) so as

    principais espcies de Se encontradas na soluo do solo, mas h fatores no solo que podem influenciar o contedo e a forma do Se e favorecem o selenato como fertilizante. Gabos (2012) comprovou, em solos do Estado de So Paulo, que fatores como contedo de argilas silicatadas e xidos de alumnio tambm afetam a dispo-nibilidade desse elemento, e que a adsoro do selenito no solo maior em solos com elevados teores de matria orgnica e xidos de ferro e alumnio, desfavorecendo sua absoro pelas plantas.

    O que se busca em programas de biofortificao com Se elevar o seu teor na planta, sem comprometer a produo agrcola. Nesse sentido, Ramos et al. (2011) observaram que a biofortifi-cao com Se em cultivares de alface dependeu da concentrao e da forma aplicada. O selenato na concentrao de 10 mol L-1 no comprometeu a produo da parte area e, ainda, promoveu aumento no teor de Se em todas as cultivares. Por sua vez, o selenito, independentemente da concentrao e da cultivar, comprometeu a produo de massa seca da parte area e foi sempre inferior na biofortificao com Se. Por esse resultado, infere-se que o selenato se apresentou mais eficiente na biofortificao das cultivares de alface avaliadas, podendo ser utilizado de forma mais efetiva para aumentar a ingesto desse elemento por humanos.

    Boldrin et al. (2012), estudando a biofortificao de arroz (Oryza sativa l.) com Se, obtiveram aumento de 13% na produo dos gros com a dose de 0,75 mg dm-, assim como aumento de massa seca na parte area. Constatou-se tambm que a maior efi-cincia de aproveitamento do Se aplicado e a translocao deste na planta foram obtidas quando a adubao foi realizada com selenato, j que, diferentemente do selenito, no tem adsoro especfica em relao a ons metlicos e no forma compostos orgnicos na raiz, o que facilita seu transporte pelo xilema para a parte area.

    O Se, geralmente aplicado em pastos na dose de 5 a 10 g ha-1 por ano, na forma de sais solveis, como selenato de sdio (Na2SeO4) ou selenato de potssio (K2SeO4), pode ficar disponvel imediatamente s plantas e nos anos seguintes adubao, enquanto o selenito ou fontes com selenato menos solveis (selenato de brio, BaSeO4) podem favorecer maior disponibilidade de Se ao longo do tempo (WHiTE et al., 2007).

    Pesquisas utilizando adubao com Se em plantas forrageiras mostraram aumentos significativos de ganho de peso e produo de l em ovinos, mesmo em animais que no demonstravam deficincia de Se (WHElAN et al., 1994) .

    Embora as respostas em produo no sejam empolgantes para o agricultor, deve-se considerar as consequncias benficas da biofortificao com Se, como ganhos em qualidade, resultando em incrementos do elemento nos alimentos, o que refletido na sade dos consumidores finais.

    CONSIDERAES FINAIS

    O consumo de Se pela populao mundial deve aumentar visando o bem estar e a qualidade de vida, e para isso cabe aos agen-tes e profissionais envolvidos na produo de alimentos a tarefa de enriquecer as culturas que contribuem para a dieta humana, assim como a dieta animal, considerando seus benefcios.

    Alm do melhoramento gentico, que vem sendo aplicado como estratgia de biofortificao, a aplicao do Se via fertilizantes, ou seja, a biofortificao agronmica, pode complementar o processo, acelerando e facilitando o acmulo do mesmo nos alimentos.

    REFERNCIAS

    ABREU, l. B.; CARVAlHO, G. S.; CURi, N.; GUilHERME, l. R. G.; MARQUES, J. J. G. S. M. Soro de selnio em solos do bioma cerrado. Revista Brasileira de Cincia do Solo, v. 35, p. 1995-2003, 2011.

    ATSdR. AGENCy FOR TOXiC SUBSTANCES ANd diSEASE REGiSTRy. Toxicological profile for selenium. 2003. 457 p. Disponvel em: . Acesso em: 17 jan. 2013.

    BOldRiN, P. F.; FAQUiN, V.; RAMOS, S. J.; GUilHERME, l. R. G.; BASTOS, C. E. A.; CARVAlHO, G. S.; COSTA, E. T. S. Selenato e selenito na produo e biofortificao agronmica com selnio em arroz. Pesquisa Agropecuria Brasileira, v. 47, n. 6, p. 831-837, 2012.

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