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Seja uma nova Pessoa

Doze Passos para o crescimento cristão

Philip St. Romain

Page 2: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

INTRODUÇÃO: ....................................................................................................................................... 3

QUEM FORMULOU O PROGRAMA? ................................................................................................................... 3

AS PESSOAS “SADIAS” PRECISAM DESSA AJUDA? .................................................................................................. 5

COMO USAR ESTE LIVRO ................................................................................................................................. 6

PASSO Nº1 - ADMITIMOS QUE NÃO PODEMOS PERCEBER TODO NOSSO POTENCIAL HUMANO NA SUA

TOTALIDADE, VIVENDO UMA VIDA DE EGOÍSMO. ................................................................................. 8

JESUS E O JOVEM RICO .................................................................................................................................... 9

DESEJOS HUMANOS ..................................................................................................................................... 10

MUDANÇAS DE SENTIMENTO ......................................................................................................................... 11

REFLEXÕES PESSOAIS: .................................................................................................................................. 13

DISCUSSÃO EM GRUPO: ............................................................................................................................... 14

PASSO Nº2 - CONFESSAMOS QUE JESUS CRISTO PODE CONDUZIR-NOS À VIDA PLENA. ...................... 15

JESUS DE NAZARÉ ........................................................................................................................................ 16

A BOA NOVA ............................................................................................................................................. 17

VOLTADOS PARA A CRENÇA EM JESUS CRISTO ................................................................................................... 19

REFLEXÃO PESSOAL: .................................................................................................................................... 20

DISCUSSÃO EM GRUPO: ............................................................................................................................... 20

PASSO Nº3 - DECIDIMOS DIRECIONAR NOSSAS VIDAS PARA JESUS CRISTO. ........................................ 21

MOTIVAR-SE E EMPENHAR-SE ........................................................................................................................ 21

O PRINCÍPIO DE VIDA CRISTÃ .......................................................................................................................... 23

A FÉ E A CRUZ ............................................................................................................................................ 25

O INÍCIO .................................................................................................................................................... 26

DISCUSSÃO EM GRUPO ................................................................................................................................ 27

PASSO Nº4 – FAZEMOS MINUCIOSO E DESTEMIDO INVENTÁRIO MORAL. ........................................... 28

MORAL E CONSCIÊNCIA ................................................................................................................................ 28

REFLEXÃO PESSOAL ..................................................................................................................................... 30

DISCUSSÃO EM GRUPO ................................................................................................................................ 31

PASSO Nº5 - ADMITIMOS PERANTE DEUS, PERANTE NÓS MESMO E PERANTE OUTRO SER HUMANO A

NATUREZA EXATA DE NOSSAS FALHAS. ............................................................................................... 32

DESABAFO ................................................................................................................................................. 33

CONFISSÃO ................................................................................................................................................ 33

DISCUSSÃO EM GRUPO ................................................................................................................................ 35

PASSO Nº6 - PRONTIFICAMO-NOS INTEIRAMENTE A DEIXAR QUE DEUS REMOVA TODOS OS NOSSOS

DEFEITOS CARÁTER. ............................................................................................................................. 36

DEFEITOS COMUNS DE CARÁTER ..................................................................................................................... 36

INÍCIO ....................................................................................................................................................... 38

DISCUSSÃO EM GRUPO ................................................................................................................................ 39

PASSO Nº7 - HUMILDEMENTE ROGAMOS A DEUS QUE NOS LIVRE DE NOSSAS IMPERFEIÇÕES. .......... 40

OS SINAIS DA GRAÇA .................................................................................................................................... 41

VIRTUDE.................................................................................................................................................... 41

REFLEXÕES PESSOAIS: .................................................................................................................................. 42

REFLEXÃO EM GRUPO: ................................................................................................................................. 43

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PASSO Nº8 - FAZEMOS UMA RELAÇÃO DE TODAS AS PESSOAS QUE TEMOS PREJUDICADO E NOS

DISPOMOS A REPARAR OS DANOS A ELAS CAUSADOS. ....................................................................... 44

RECONCILIAÇÃO .......................................................................................................................................... 45

FAZER UMA LISTA ........................................................................................................................................ 46

DISCUSSÃO EM GRUPO: ............................................................................................................................... 47

PASSO Nº9 - FAZEMOS REPARAÇÕES DIRETAS DOS DANOS CAUSADOS A ESSAS PESSOAS, SEMPRE QUE

POSSÍVEL, SALVO QUANDO FAZÊ-LO SIGNIFIQUE PREJUDICA-LAS OU A OUTREM. .............................. 48

FAZER A RESTITUIÇÃO ................................................................................................................................... 48

DISCUSSÕES EM GRUPO: .............................................................................................................................. 50

PASSO Nº10 - CONTINUAMOS FAZENDO O INVENTÁRIO PESSOAL E, QUANDO ESTAMOS ERRADOS,

NÓS ADMITIMOS PRONTAMENTE. ...................................................................................................... 51

TIPOS DE INVENTÁRIO PESSOAL ...................................................................................................................... 51

DISCUSSÃO EM GRUPO: ............................................................................................................................... 53

PASSO Nº11 - PROCURAMOS, ATRAVÉS DA PRECE E DA MEDITAÇÃO, MELHORAR NOSSO CONTATO

CONSCIENTE COM DEUS, NA FORMA EM QUE O CONCEBEMOS, ROGANDO APENAS O

CONHECIMENTO DE SUA VONTADE EM RELAÇÃO A NÓS, E FORÇAS PARA REALIZAR ESSA VONTADE. 54

ORAÇÃO PARTICULAR ................................................................................................................................... 54

ORAÇÃO COMUNITÁRIA ............................................................................................................................... 56

REFLEXÃO EM GRUPO: ................................................................................................................................. 57

PASSO Nº12 - TENDO EXPERIMENTADO UM DESPERTAR ESPIRITUAL, GRAÇAS A ESSES PASSOS,

PROCURAMOS TRANSMITIR ESTA MENSAGEM A OUTROS E PRATICAR ESTES PRINCÍPIOS EM TODAS

AS NOSSAS ATIVIDADES. ...................................................................................................................... 58

DESPERTAR ESPIRITUAL ................................................................................................................................ 58

EVANGELIZAÇÃO ......................................................................................................................................... 59

VIDA DIÁRIA ............................................................................................................................................... 60

DISCUSSÃO EM GRUPO ................................................................................................................................ 61

OS DOZE PASSOS DOS ALCOÓLICOS ANÔNIMOS ................................................................................................ 62

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Introdução:

Durante os últimos cinquenta anos, milhões de pessoas em todo o mundo libertaram-

se de comportamentos obsessivo-compulsivos (“loops”) pondo em prática uma série de

princípios que as levaram ao crescimento cristão, à serenidade e à alegria. Alcoólatras, viciados

em drogas, jogadores compulsivos e pessoas que comem em excesso estão entre os vários

tipos de grupos de auto-ajuda que utilizam os Doze Passos para obter uma renovação pessoal

e interpessoal. Desde que Inácio de Loyola desenvolveu um programa para desenvolvimento

espiritual dos jesuítas no século dezesseis, não houve um método tão sistemático e tão amplo

que envolvesse o crescimento cristão e, por isso, fosse abraçado por tantas pessoas.

O programa dos Doze Passos obteve maior sucesso em prender a atenção das pessoas

com comportamento obsessivo-compulsivos do que qualquer outro programa de reabilitação

conseguirá até então. Seus princípios são práticos, de fácil compreensão e aparentemente

podem ser utilizados por todos os tipos de auto-ajuda. Não exigem um nível de sofisticação

intelectual além da habilidade de comunicar-se verbalmente e, talvez, um mínimo de

instrução. Enfatizam a renovação espiritual sem abraçar nenhuma denominação religiosa em

particular e/ou dogmas. Dessa forma, trazem a força benéfica de Deus para muitos que, por

várias razões, não conseguiram encontrar essa graça dentro de suas tradições religiosas.

Quem formulou o programa?

A criação do programa de reabilitação dos Doze Passos pode ser creditada a um

corretor da Bolsa de valores de Nova Iorque e a um médico de Akrom, Ohio, Bill W. e Dr. Bob,

respectivamente, considerados os co-fundadores dos Alcoólicos Anônimos. Eles, por sua

gratidão aos alcoólatras com quem trabalharam, assim como a uma variedade de profissionais

incluindo o filósofo William James, o psiquiatra Carl Jung, um padre de nome Sam Shoemaker,

além de um médico chamado William D. Silkworth. Porém, as origens mais profundas dos

programas modernos de auto-ajuda podem ser creditadas aos Grupos de Oxford, um

movimento popular de renovação cristã no início do século.

Distinto do movimento de Oxford, fruto da ideia brilhante de Jonh Henry Newman e de

outro clérigo anglicano, seu seguidor, os Grupos de Oxford originaram-se no ministério de

Frank Buchman. Pastor luterano que teve algumas desavenças com o governo dos Estados

Unidos, Buchman viajou para a Inglaterra, onde foi abençoado com uma visão de mundo sem

pecados guiados por Jesus Cristo. Ele começou a trabalhar incansavelmente para tornar

realidade essa visão, até finalmente converter dois alunos de Cambridge e convidá-los para

auxiliá-lo na evangelização da Universidade de Oxford. Seu sucesso foi extraordinário,

tornando Oxford a meca para milhares de leigos, assim como para pastores que procuravam

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um sopro daquela brisa espiritual que pairava sobre o louvado centro de aprendizado.

Durante os anos de 1920 e 1930, o movimento espalhou-se pelo mundo, ganhando milhares

de entusiastas. Uma ousadia sem credo religioso, os Grupos de Oxford ajudaram muitas

pessoas a retornar às suas respectivas tradições religiosas com um melhor entendimento do é

essencial no cristianismo. Seu objetivo – nada mais que uma renovação espiritual cristã no

mundo – estava para ser alcançado. Mas, durante os anos de guerra, o movimento começou a

definhar: hoje é praticamente impossível encontrar um Grupo de Oxford em atividade.

Um amigo alcoólatra de Bill W., chamado Ebby T. encontrou a sobriedade através de

seu envolvimento com o Grupo de Oxford, em agosto de 1934. Ebby T. deu seu testemunho a

Bill W. , que estava à beira da morte e do desespero devido ao seu próprio alcoolismo, que, ao

ouvir o resultado de sua história, sentiu-se encorajado e ao mesmo tempo frustrado com a sua

realidade. Um tanto descrente, Bill W. não aceitava facilmente a possibilidade de ser curado

por Deus de uma doença que era, em todos os aspectos, considerada incurável. Em dezembro

de 1934, Bill W. foi hospitalizado por alcoolismo agudo. Quando tomou conhecimento o que o

Dr. Carl Jung havia declarado o alcoolismo incurável exceto por algum tipo de conversão

espiritual, ele se angustiou: sentiu-se incapaz de vivenciar essa experiência. Porém, depois de

ouvir seu médico, Dr. William D. Silkworth, avisá-lo de seu eminente fim, ele suplicou que Deus

o tocasse nas profundezas de seu ser. Suas preces foram ouvidas – uma daquelas

extraordinárias experiências religiosas de nascer pela segunda vez que reviram nossas vidas de

cabeça para baixo. Ele nunca mais bebeu!

Durante os meses que se sucederam, Bill W. e Ebby T. trabalharam bem próximos dos

Grupos de Oxford, na tentativa de ajudar outros alcoólatras a encontrarem a sobriedade.

Nessa tentativa, fracassaram lamentavelmente, afugentando os bêbados com o seu confiante

entusiasmo como fizeram os membros dos Grupos de Oxford, que adotavam uma pregação

mais ampla. Desencorajado, Bill W. foi para Akrom, Ohio, em maio de 1935, em uma viagem

de negócios com resultados financeiramente desastrosos. Sentiu-se extremamente tentado a

embebedar-se, mas decidiu chamar o pastor e pedir uma lista dos alcoólatras com que

pudesse conversar. Assim, esperando por um milagre em sua saúde, ele foi conduzido ao Dr.

Bob um viciado desesperado, beirando o estágio terminal de sua própria doença. Bill achou

melhor suavizar o seu entusiasmo religioso e discutir a tentativa fracassada de

voluntariamente salvar-se do vício. Enquanto se dirigia para a casa do Dr. Bob, lembrou-se

dos artigos de William James que afirmavam ser necessário “escravizar” o ego como pré-

requisito da experiência de nascer de novo, inspirando-o a tentar uma nova maneira de dar

seus testemunhos. Discutiu com o Dr. Bob sua própria doença inspirando o médico a formular

o que veio a ser o primeiro Passo: admitir a impotência perante o álcool e a falta de domínio

sobre a vida. Os dois se tornaram então co-fundadores dos Alcoólicos Anônimos, cujos

membros ultrapassam a casa dos milhões em centenas de milhares de grupos espalhados pelo

mundo.

De 1935 a 1937, Bill W. e Dr. Bob trabalharam próximos dos Grupos de Oxford, quando

finalmente se separaram para adotar um objetivo mais específico: um trabalho somente para

alcoólatras. Os Doze Passos desenvolvidos para a reabilitação do alcoolismo retratam a

sistematização dos princípios do Grupo de Oxford, da mesma maneira como enunciado pelo

Padre Sam Shoemaker. Uma típica reunião de A.A. seguiu o modelo de informalidade adotado

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nos encontros do Grupo de Oxford, onde oração, estudo, testemunhos e efusivo

companheirismo predominavam. A insistência dos membros do Grupo Oxford na igualdade

social de seus membros inspirou, em parte, a tradição de anonimato dos AA (ao qual foi

também enfatizado pelo estigma moral ligado ao alcoolismo). Ao contrário do Grupo de

Oxford, eles sugeriram um Poder Superior de cura, não necessariamente baseado na pessoa

de Jesus Cristo. Também aboliram todas as práticas de pressão e outras que pudessem instigar

as já existentes perturbações na personalidade dos alcoólatras. Através desse trabalho, a

herança deixada por Frank Buchman ainda permance.

As pessoas “sadias” precisam dessa ajuda?

É um paradoxo que esse – um dos mais fortes movimentos espirituais da história –

deva ser reservado atualmente a pessoas mais derrotadas e impotentes do mundo. Essa

afirmação, de qualquer modo, mantém a essência dos ensinamentos de Jesus Cristo. Muito,

que são considerados “sádios”, conseguem compreender ajuda que as pessoas obtêm através

dos programas de Doze Passos e entender a importância de sua renovação. (Muitas tradições

religiosas enfatizam até certo ponto, a versão desses princípios.). Porém, as pessoas sadias

hesitam em dar o Passo 1, ponto de partida para completarem os outros onze com sucesso. Se

uma pessoa não é um alcoólatra, um jogador viciado e não come em excesso, por que dar o

Passo 1, que convida a reconhecer a destruição pessoal provocada por um vício? E se a pessoa

não é compulsiva e obsessivamente viciada em algo particular?

Não há muito tempo – antes de os movimentos da “morte de Deus” gradativamente

destruírem o conceito de um Deus vingativo – muitas pessoas viviam impregnadas de pecado.

Os sacerdotes e pastores consideravam, sob um ponto de vista legal, a humanidade como

criminosa perante um Deus justo, que exigia arrependimento e aceitação de seu Filho como

um caminho para a graça e para a vida eterna. Como conseguir que as pessoas “sadias”, “sem

culpa” se voltem para Deus tem sido um desafio nesses últimos vinte anos. Começa, então, a

ser utilizado o Evangelho para os sem-culpa.

O Evangelho para os sem-culpas apresenta Jesus como a pessoa que não veio somente

para nos salvar do pecado como para mostrar-nos o caminho que nos torna inteiramente

humanas. A ênfase ao papel de Jesus como Redentor foi diminuída, abrindo caminho para

sua missão do Cristo Revelador. A verdade substituiu o sacrifício no caminho para o

crescimento espiritual, porque o pecado é mais identificado como a ignorância do que como

revolta. Na linguagem dos Doze Passos, os Passos 1 e 12 foram eliminados, deixando um lindo

conjunto de princípios, mas de pouca consistência. Em sua forma mais deturpada, o Evangelho

para os sem-culpa tornou-se o Evangelho da auto-realização, autorizado por um Deus que

enviou seu Filho “para que as ovelhas tenham vida em abundância” (João: 10, 10). É um

Evangelho sem a Cruz.

Dizer que uma renovação espiritual verdadeira esteja acontecendo hoje somente nos

grupos que aplicam os Doze Passos seria naturalmente demonstrar um orgulho ingênuo.

Mesmo assim, podemos argumentar que, onde estiver acontecendo uma profunda renovação,

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esses Doze Passos estão sendo praticados de alguma maneira. Entre os grupos religiosos de

pessoas “sadias”, o nosso vício do egoísmo pode ser reconhecido como obstáculo do

crescimento. Os Passos 2-11 sendo muito poucos polêmicos, podem ser vistos como sugestões

positivas para afastar-nos dos egoísmo e caminharmos em direção a um relacionamento com

Deus e com outras pessoas. O Passo 12 ultrapassa nosso egoísmo, desafiando-nos a ir além do

conveniente círculo familiar e de amizade para espalharmos a Boa Nova da graça ao mundo

todo.

Como usar este livro

As páginas seguintes incluem argumentos e sugestões para o uso dos Doze Passos dos

programas de auto-ajuda como guias para o crescimento espiritual. Para o Passo 1, utilizei a

palavra egoísmo em lugar das palavras álcool, comida etc., chamando a atenção para o perigo

com que o egoísmo rouba o crescimento. Para todos os Passos que envolvem um

relacionamento com um Poder Superior, desenvolvi uma noção cristã do que isso pode

significar. O Programa dos Doze Passos pressupõe um Deus que é pró-saúde e pró-

crescimento, ambas qualidades divinas apoiadas na revelação judaico-cristã. Tenho,

portanto, esperanças de que os Doze Passos para o crescimento possam ser agora mais

profundamente encabeçados por aqueles que já os praticam de alguma maneira, assim como

por aqueles que os aviltaram por causa dos estigmas relativos ao Passo 1.

Muitos grupos que utilizam o programa dos Doze Passos sugerem que a conclusão de

cada Passo seja realizada sob a direção de um membro do grupo mais amadurecido, designado

como coordenador. Porém, há muitas variações de como caminhar dentro de um programa.

Em certas situações de tratamento, por exemplo, a conclusão dos passos é cuidadosamente

supervisionada pelos conselheiros, que oferecem roteiros excelentes como auxílio. Fora dos

locais de tratamento formal, muitos membros agem de acordo com o seu próprio ritmo,

avançando quando sentem que estão prontos. A reunião dos grupos às vezes inclui

ensinamentos especiais como relação à prática cotidiana de um Passo, pois uma pessoa jamais

termina de trabalhar esse programa.

Como não existe hoje nenhum programa como os dos Doze Passos para Cristãos

Anônimos, a pessoa que utilizar este livro deverá encontrar seu próprio objetivo que sirva de

fundamento na vivência desses princípios. Se possível, a primeira incursão de uma pessoa pelo

programa deve ser feita através do diálogo com outro cristão amadurecido. Este livro pode ser

a base para se organizar um grupo de apoio cristão; se você não conseguir encontrar um grupo

assim, pode formar um. Porém, se você optar por caminhar pelo programa sem um diretor

espiritual ou um grupo de apoio, deve pelo menos considerar quem vai ajuda-lo a trabalhar o

Passo 5. Com outros ou sozinho, trabalhe de acordo com seu ritmo, completando os Passos na

sequência sugerida neste livro. Uma vez que você esteja fazendo progresso, não há

necessidade de apressar-se.

Esse programa funciona! Provou ser uma ferramenta do Espírito em inumeráveis

ocasiões. Não é um experimento tendencioso na espiritualidade cristã, mas alicerçado em

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verdades fundamentais da tradição cristã. Cabe-lhe obter as graças que virão para você se

for honesto na prática dos seus princípios.

(Nota: Alguns dos capítulos deste livro contém segmentos de avaliação indicados como

Reflexão Pessoal e Discussão de Grupo. Porém, onde o conteúdo do capítulo incorpora a

reflexão pessoal, somente a discussão de grupo é apresentada.)

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Passo nº1 - Admitimos que não podemos perceber todo nosso

potencial humano na sua totalidade, vivendo uma vida de

egoísmo.

A teologia cristã e as experiências humanas nos ensinam que a principal razão de não

experimentarmos alegria permanente em nossa vida terrena esta no egoísmo que muitas

vezes corrompe os nossos mais nobres esforços e motivações. O pecado pode ser descrito

como uma força que separa as pessoas de Deus e, consequentemente, umas das outras. É o

que o egoísmo nos causa.

Ao contrário, um amor-próprio sadio que permite-nos chegar a um equilíbrio entre

superestimar e subestimar nossos talentos. O amor-próprio requer uma verdadeira aceitação

de nós mesmos, de todas as nossas forças e limitações e isto é fonte de amor para os outros. O

egoísmo nos priva do amor-próprio e nos cega para a verdade e aceitação, mantendo-nos em

um estado de ansiedade doentia (conflito inconsciente).

O pecado veio ao mundo quando nossos primeiros pais decidiram usar o seu livre-

arbítrio para expressar uma independência irracional e rebelde. Se formos honestos, podemos

identificar essas mesmas tendências em nós mesmos hoje em dia. “Não consigo nem mesmo

entender minhas próprias atitudes”, dizemos sempre como São Paulo. “Não faço aquilo que

quero, mas aquilo que detesto”, lamenta ele em sua Carta aos Romanos (7,15). Devemos

esforçar-nos até a morte contra essas más energias que estão dentro de nós.

Se nos permitirmos viver de acordo com os preceitos de nossa natureza mais baixa e

egoísta, tornamo-nos criaturas com menos dignidade que os animais, que são autênticos em

sua própria natureza. As pessoas, todavia, possuem muito mais do que um instinto animal.

Existe uma pessoa em nós que deseja beleza, verdade, amor, justiça e sabedoria: e possuímos

capacidade de perceber conscientemente esses valores em nossa vida. Se não os vivenciamos

intensamente, é porque estamos vivendo o lado egoísta de nossa natureza. São Paulo escreve:

“Ora, as obras da carne são manifestas, a saber: prostituição, impureza, libertinagem,

idolatria, feitiçarias, ódios, discórdias, ciúmes, iras, rixas, dissenções, divisões, invejas,

bebedeiras, orgias e outras como estas” (Gálatas 5, 19-21). Poucos considerariam isso como o

retrato de uma vida repleta de alegrias.

Se o egoísmo é tão claramente danoso para nós, porque tantos caem em sua

armadilha? A principal razão deve ser porque nos sentimos recompensados pelo prazer, estima

e segurança – três dos mais poderosos estados de fortalecimento emocional. Se o

comportamento egoísta oferecesse, de fato, prazer e segurança, não poderíamos criticar

construtivamente nosso próprio egoísmo. A verdade é que esses sentimentos têm vida curta,

requerem uma dieta contínua de auto-indulgência para que possam sustentar-se. No caso do

prazer, gratificação física como finalidade egoísta, no decorrer do tempo acarreta a diminuição

do próprio prazer; da mesma maneira, o que oferece estima e segurança pode muitas vezes

perder-se, minando a paz interior e o crescimento espiritual. Nossa falta de horizontes é

responsável por uma grande parte de nosso comportamento egoísta: libertar-se dele não é

fácil, porém.

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Muitas pessoas reconhecem a tolice de viver uma vida repleta de desejos satisfeitos.

Durante séculos, muitas leis morais e outros códigos de conduta vêm sendo propostos para

reduzir a vontade egoísta. Embora essas leis tenham sido de muita ajuda para propagar a

harmonia universal, ainda deixam o espírito humano ansioso por algo mais. Estar longe dos

problemas é melhor que estar dentro deles, mas não é o suficiente.

Ansiamos por muito mais e somos incapazes de perceber tão pouco! “Não há outra

felicidade para o homem além de comer, beber e gozar o bem estar, fruto de seu trabalho”

(Eclesiastes 2,24). “A vida é sofrimento”, proclamou Buda como a primeira de suas Quatro

Verdades Nobres; e acrescentou que o desejo egoísta esta na raiz de nosso sofrimento.

“Muitas pessoas possuem vidas de quieto desespero”, afirmou Thoreau centenas de anos mais

tarde. O egoísmo mata o espírito, mas ousamos esperar mais da vida?

Jesus e o jovem rico

No evangelho de São Marcos (10,17-22), lemos a história de um jovem rico, leal à sua

fé judia durante toda a sua vida. Provavelmente ouviu Jesus ensinando em algumas ocasiões e

se impressionou pela calma, alegria e força que emanava dele. Um dia, quando Jesus

peregrinava, esse jovem apareceu entre os discípulos e outros seguidores que estavam à volta

de Jesus e ajoelhou-se aos seus pés. “Bom Mestre, que devo fazer para desfrutar da vida

eterna?” perguntou ele fervorosamente, não se importando com a censura e desprezo

estampados na face dos discípulos. Jesus deu-lhe toda a atenção ao perceber a verdadeira

necessidade na voz do jovem. “Ninguém é bom senão Deus”, disse. Você conhece os

mandamentos”, acrescentou, citando alguns respeitados pelos povos em todas as culturas. O

jovem olhou para Jesus um tanto desapontado. “Mestre, tenho respeitado todos esses

mandamentos desde criança”, respondeu. Jesus colocou a mão da cabeça do jovem e o olhou

com ternura, pois ali estava um verdadeiro filho de Abraão. “Há uma coisa mais que você deve

fazer”, desafiou. “Vá e venda o que você tem e dê aos pobres... depois disso, venha e siga-me”.

O jovem levantou-se e começou a afastar-se. Jesus continuou com a mão estendida para ele,

mas a expressão do jovem tornou-se dura.

Em primeiro lugar, por que esse jovem procurou Jesus? Era jovem, rico, e tinha uma

consciência tranquila. Oportunidades para o prazer, poder, conforto e segurança abriam-se

diante dele de tantas formas que muitas pessoas invejariam. Ainda assim, não lhe era

suficiente, e foi para o seu bem que reconheceu seu engano e procurou uma maneira de

libertar-se psicológica e materialmente. O cético filósofo Schopenhauer afirmou: “A vida oscila

entre o sofrimento e o tédio”. Como o nosso jovem rico, muitos vivem entediados. “Isso é tudo

o que há?” ele provavelmente se perguntou muitas vezes. Até encontrar Jesus, buscava uma

saída para o seu desespero mudo, entretanto, quando Jesus o convidou a tornar-se um

discípulo, recusou o convite. Desligar-se de seus apegos era-lhe inconcebível!

Com esse episódio da vida de Jesus aprendemos que o cumprimento dos

mandamentos não traz a felicidade plena. Também vemos que Jesus veio não somente para

aqueles que estão mal de saúde e espírito, mas também para muitos que estão bem vazios.

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Como o jovem rico, porém precisamos estar dispostos a ser honesto o suficiente para

examinar nossas vidas, para vermos se estamos satisfeitos ou se ansiamos por mais. Como ele,

também, devemos estar dispostos a trazer nossos anseios até Jesus. Mas, diferente dele,

devemos responder obedientemente ao convite de Jesus e aceitar os dons da graça de Deus

em nossas vidas.

Desejos humanos

Neste momento, muitas perguntas naturalmente devem estar surgindo. Por que nosso

jovem rico não estava inteiramente satisfeito com sua situação? Porque muitas pessoas com

tantas oportunidades de obter estima, prazer e segurança raramente encontram felicidade

plena e duradoura? São questões que corroem o coração da natureza humana, provocando a

mais profunda de todas as indagações: do que as pessoas realmente precisam?

No decorrer dos tempos surgiram muitas respostas para essas perguntas. Vários

filósofos e psicólogos identificaram a seguinte lista de desejos humanos: a estima dos outros, a

satisfação sexual (sentidos em geral), a certeza da imortalidade, o dinheiro e as coisas que o

dinheiro pode comprar, a segurança material, amar e ser amado, o conhecimento, a harmonia

e a auto-realização. Poucos negariam a importância de cada um deles; contudo, nenhum

parece ser capaz de abranger todos os aspectos da natureza humana.

Os filósofos referem-se ao comportamento humano como origem de um dos três

níveis de nossa natureza: corpo, mente e espírito. Primeiro, somos criaturas físicas, e a

satisfação física é um motivador importante e essencial. Além disso, sem comida e sem bebida

naturalmente morreríamos; e sem o uso do sexo nossa espécie se extinguiria. A recompensa

da satisfação física é o prazer, que reforça o comportamento em busca desta recompensa.

Segundo, somos seres mentais, capazes de usar nossas mentes para entender a nós mesmos e

o nosso mundo. Nossa memória, razão, sentimento e imaginação são colocados à disposição

da consciência para nos ajudarem a tomar decisões e adquirir conhecimento, amor, auto-

respeito e a estima dos outros. Quando experimentamos esses valores, sentimos bem estar,

felicidade e segurança. Porém, há um terceiro nível: somos também seres espirituais, ansiosos,

por beleza, liberdade e sabedoria. Em nossa busca por grandes experiências significativas,

usamos nossas mentes e nossos corpos, porém é em nossas faculdades espirituais que essas

necessidades são satisfeitas. Quando percebemos nossa importância, a paz, a alegria e a

confiança interior iluminam nossas mentes e corpos.

Fomos escolhidos para viver em um nível espiritual, mas o egoísmo nos mantém

confinados aos níveis inferiores. As pessoas que vivem para a satisfação física – boa comida,

bebida, sexo etc. - identificam essas fontes de prazer como seu ponto de referência na vida.

Ignoram o nível psicológico e o espiritual. Da mesma maneira, as pessoas que fazem do

conhecimento e poder os valores supremos da vida corrompem as suas faculdades espirituais.

Pessoas espiritualmente sadias são aquelas cuja ânsia por encontrar um significado vital

envolve a verdade e o amor, modelando seu sentimento de importância com humildade e

senso de comunidade. O que é traiçoeiro no pecado é que automaticamente regredimos a um

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nível mais baixo de caráter se não lutarmos constantemente para encontrar o significado da

verdade e do amor. Se não progredirmos, regredimos. É uma regra básica na vida espiritual.

O jovem rico era uma pessoa bondosa e inteligente. Provavelmente tinha controle

considerável sobre suas paixões, pois tinha moral e vivia motivado, pelo menos mentalmente.

Todavia, sentiu-se vazio, e esse é o problema com muitos de nós. Podemos levar uma vida

longe de problemas, porém ainda assim esta parece ser tediosa e sem significado. Mas, se

deixarmos esse mundo dos mortos-vivos, estaremos melhores preparados para fazer o que

Jesus propôs ao jovem rico: livrar-se das falsas seguranças, sejam elas quais forem. Não

lutaremos com nossas próprias forças, entretanto. A boa nova é que há graça em abundância

para todos os que quiserem tornar-se pessoas espirituais, felizes e amadurecidas.

Mudanças de sentimento

Aqueles que quiserem seguir Jesus devem aprender a negar a si mesmos, tomar suas

cruzes e seguir os passos dele (ver Marcos 8;34). Se desejamos crescer na totalidade de nosso

potencial humano em Cristo, devemos afastar-nos dos comportamentos e maneiras de pensar

que nos tornam egoístas. Isso significa uma mudança de sentimento. Mas, para nos afastarmos

dessas práticas destrutivas, devemos primeiro identificá-las e analisá-las. Aqui estão alguns

exemplos comuns de comportamentos e atitudes que visam à satisfação pessoal:

1. Raiva:

Embora seja possível estarmos zangados por uma causa justa, muitas de nossas raivas

provêm de expectativas não satisfeitas. Avaliando profunda e honestamente, essas

expectativas podem geralmente transforma-se em egocentrismo engajados, podemos

afirmar que a raiva é um sinal de pensamento egoísta.

2. Irresponsabilidade sexual:

Refere-se ao sexo fora de um relacionamento de compromisso. Mesmo que a outra

pessoa consinta, nossa capacidade de desenvolver profundos e significativos

relacionamentos com o sexo oposto é enfraquecida. Esse tipo de sexo por

divertimento é geralmente alimentado pelo fogo da auto-indulgência e deve ser

purgado de nosso pensamento assim como de nosso comportamento.

3. Gula:

A auto-indulgência para com a comida e/ou uso de remédios para modificar o apetite

é um sinal de que estamos vivendo mais num nível físico que espiritual – embora em

algumas pessoas isso se tenha tornado uma doença sobre a qual elas não têm nenhum

controle. Os Alcoólicos Anônimos e os Glutões Anônimos enfatizam a renovação

espiritual como um caminho de volta à saúde e a sanidade.

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4. Inveja:

Quando cobiçamos as coisas alheias, erguemos um muro entre nós e os outros.

Também o materialismo favorece muitos dos nossos desejos invejosos, pois o

materialismo é uma força de cobiça.

5. Ganância:

A prosperidade obtida dentro dos padrões normais não é fator para condenar a

ganância. Ganância significa querer mais do que precisamos e recusar-se a partilhar

com os outros. Isso somente aumenta nossos desejos não-realizados, causando nos

angústia.

6. Ambição:

É útil para tornar-nos melhores, porém não para ser utilizada compulsivamente –

especialmente às custas dos outros. A ambição torna-se uma armadilha quando nos

leva a manipular e oprimir as pessoas na busca da conquista de nossas metas.

7. Preguiça:

É oposta a ambição, porém igualmente destrutiva ao espírito humano porque permite

que nossos talentos fiquem estagnados pelo desuso. Recusando-nos a desenvolver e

utilizar todo nosso potencial, negamos a nós mesmos a energia e o respeito que se

originam do compromisso com a vida. A apatia e a inércia resultantes não são

favoráveis à espiritualidade.

8. Hipocrisia:

Uma valorização excessiva de nossas opiniões e amor-próprio levam a uma inflexível

hipocrisia. Essa é uma das formas mais perigosas de egoísmo porque nos rouba a

possibilidade de mudar outros comportamentos destrutivos. Jesus teve grandes

dificuldades com pessoas hipócritas.

9. Autopiedade:

Situações que nos causam pesar e raiva podem levar à autopiedade, se permitirmos

que isso nos roube o esforço de renovação para que possamos nos envolver com a

vida. A autopiedade baseia-se geralmente numa sensação de não merecermos o que

nos proporciona satisfação, não nos permitindo uma visão ampla de nossa vida. Em

qualquer aspecto, a autopiedade não nos ajuda a obter bons resultados.

Qualquer um desses itens ou a combinação deles causam fragmentação mental e divisões

entre as pessoas. Dificultam nosso processo de pensamento, dividem-nos e também nos

separam de outros. A menos que aprendamos a nos afastar deles e nos interessemos por

comportamentos e pensamentos mais sadios e mais significativos, jamais alcançaremos a

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unidade anterior (O Reino de Deus), pré-requisito para construirmos a unidade entre as

pessoas.

Nesse estágio de nossa renovação, a principal preocupação deve ser a de

reconhecermos o comportamento egoísta como o que nos conduz a um prazer temporário e a

um longo sofrimento. Nos Passos que analisaremos a seguir, devemos esforçar-nos para sair

do egoísmo e caminhar em direção á plenitude. Somente quando estivermos absolutamente

convencidos de que a vida que queremos salvar está nos destruindo e também aos outros,

conseguiremos reconhecer a vida de Deus revelada em Jesus Cristo.

Reflexões Pessoais:

Para identificar como o egoísmo dilacera seu próprio crescimento espiritual, você

precisará dedicar algum tempo para avaliar seu comportamento e motivações. Muitas pessoas

consideram que escrever um diário é um bom meio de refletir sobre a própria vida. Você pode

também fazê-lo, usando perguntas como as que seguem para ajudá-lo(a) a reconhecer o seu

egoísmo.

1. Que situações frequentemente lhe provocam raiva? Quais expectativas são violadas

naquele momento? Como você geralmente expressa a sua raiva? Como isso afeta os

outros?

2. Você alimenta fantasias sexuais irresponsáveis? Como isso afeta seu relacionamento

com as pessoas do sexo oposto?

3. Você mantém uma dieta adequada com relação à comida e a bebida? Como seus

hábitos de alimentação afetam sua saúde e seu relacionamento com os outros?

4. Como você trata profissionalmente seus colegas de trabalho? Alguma vez manipulou

alguém para atingir seus interesses? Avaliando agora a situação, foi benéfico para seu

crescimento espiritual?

5. Você tem o hábito de adiar decisões e atitudes? Você deixou que relacionamentos

importantes para você acabassem por causa da preguiça? Quais práticas necessárias

para seu crescimento espiritual você recentemente abandonou?

6. O que você mais inveja em outras pessoas? Como isso afeta seu relacionamento? Você

realmente se sentiria melhor se conseguisse o objeto de sua inveja?

7. Se você tem a consciência pesada devido a atitudes de autopiedade, tente recordar

quando isso aconteceu. Você conseguiu superar os seus sentimentos? Como a

autopiedade afeta o relacionamento com as pessoas?

8. Que opiniões próprias você acha mais difícil mudar? Você é receptivo às críticas

construtivas? Por quê? (Por que não?) Você busca uma contínua conversão ou sente

como se tivesse “atingido” todo crescimento espiritual?

9. Faça um símbolo ou desenho que represente o que uma vida de egoísmo significa para

você. Coloque-o onde possa vê-lo regularmente para lembrar-lhe que tipo de vida está

rejeitando.

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Discussão em Grupo:

1. Qual é a diferença entre egoísmo e amor próprio?

2. Como o egoísmo bloqueia o desejo por prazer, estima e segurança? Cite alguns

exemplos de sua própria vida.

3. Troque idéias a respeito de algumas de suas respostas às perguntas anteriores da

seção Reflexão Pessoal (somente aquelas que você se sente à vontade para

discutir).

4. Como as leis ajudam as pessoas a conviverem mais pacificamente? Como as leis

adequadas podem ser aplicadas para reprimir o egoísmo?

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Passo nº2 - Confessamos que Jesus Cristo pode conduzir-nos à

vida plena.

Era costume perguntar às pessoas se acreditavam em Deus. Muitos supunham que a

Teoria da Evolução eliminava o papel de Deus como criador, enquanto outros acreditavam que

a psicologia nos daria tudo de que precisássemos para o autoconhecimento e motivações.

Durante os últimos trinta anos, os teólogos e cientistas têm compreendido melhor a inter-

relação das ciências; apenas os filósofos retrógrados ainda aderem aos preconceitos do século

dezenove e seu racionalismo. Em pesquisa recente, grande parte das pessoas acreditam, pelo

menos, em um Deus Criador; talvez seja apropriado perguntar aqui: “Quem é seu Deus?”

Quando a questão é Deus, existem, em última análise, somente três concepções

possíveis, dentro das quais há uma variação considerável.

1. Politeísmo (poli significa muitos theos significa deus) é a crença em vários

recebedores, com mais ou menos o mesmo grau de importância, da devoção e

obediência das pessoas, isto é, a crença em muitos deuses. São deuses concebidos

como seres espirituais, disputando o poder no universo (como nas antigas religiões

gregas). Resumindo, eles devem ser tão terrenos quanto o trabalho, a pátria, a família,

e mesmo a Igreja, se a pessoa escolher algum desses itens como objeto primário de

“adoração”. Como os politeístas perseguem muitos desses objetivos, podem tornar-se

mentalmente fragmentados quando se esforçam para entender um universo que os

leva para um lado ora para outro.

2. Dualismo é a crença em dois princípios opostos ou complementares. O Yin-Yang da

cosmologia chinesa, o bem e o mal do zoroastrismo e certas filosofias cristãs são

alguns exemplos. O verdadeiro crescimento voltado para o bem não é esperado, uma

vez que não há razão para acreditar que o bem possa durar muito. O dualismo cria

fatalismo e a estagnação ética – algumas vezes mais do que certas filosofias

politeístas.

3. Monoteísmo é a crença em um Deus ou Poder cuja influência na criação é

indiretamente decisiva. O monoteísmo abrange algumas religiões orientais, o

platonismo e muitas outras filosofias, assim como a tradição judaico-cristã islâmica. Os

atributos de Deus variam consideravelmente entre essas crenças, porém todas

promovem a unidade da personalidade, direcionando a vontade para questões

primárias da vida. Ideais como família, pátria ou carreira são ideais primeiramente

motivadores na vida de muitos; entretanto, considerá-los como formas seculares de

monoteísmo seria valorizá-los em demasia.

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Crenças que emergem assustadoramente nos últimos tempos podem confundir tanto

as pessoas que estas ficam em dificuldades para realmente conhecerem Deus. A história

mostra claramente que crenças religiosas provocam ondas de maldade, preconceitos, prejuízo

e guerras jamais vistas no planeta e destruidoras da humanidade. Por que então, incomodar-se

com a questão de Deus?

A resposta a essa pergunta encontra-se no fato irrefutável de buscarmos ansiosamente

uma explicação para o sentido da criação, da vida, do trabalho, do nascimento, do sofrimento

e da morte. Nossa mente considera o movimento da vida como um relacionamento entre

causa e efeito, e então naturalmente perguntamos: “Qual a origem dos extraordinários fatos

que vemos à nossa volta?” Os niilistas – os que consideram todos os valores e crenças

tradicionais sem fundamento – foram incapazes de responder a essa questão, sugerindo-nos

um mundo de oportunidades cegas sem começo, fim ou significado.

Todos nós chegamos a um ponto em que temos de fazer as duas perguntas

essencialmente religiosas: “Se existe um Deus, então como será esse Deus?” e “O que Deus

espera das pessoas?” Com essas perguntas em mente, voltemos nossa atenção às crenças

cristãs referentes a Jesus de Nazaré.

Jesus de Nazaré

Tudo o que sabemos sobre Jesus de Nazaré originou-se na tradição de fé cristã. As

referências históricas sobre ele são muito poucas e, de qualquer forma, muitas parecem tirar

suas informações da Igreja. Seria, portanto, impossível falar sobre Jesus sem utilizar as

informações bíblicas referentes à sua vida, ministério e objetivos. Sem o Novo Testamento,

conhecemos muito pouco sobre Jesus.

Por ser o Novo Testamento uma evidente expressão de fé na Igreja primitiva, muitos

levantaram questões sobre a verdade histórica de seu conteúdo. No século passado, os

estudiosos das Escrituras fizeram muito progresso nessa área; agora sabemos que os autores

dos evangelhos fornecem pouca informação útil aos historiadores, preocupados que estavam

com o significado da vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus.

Existem, todavia, algumas informações históricas que podem ser copiladas dos

evangelhos, e estes por si mesmos, dizem muito. Sabemos, por exemplo, que Jesus de Nazaré

realmente viveu na Judéia, provavelmente no reinado de Tibério César. E sua crucificação

indubitavelmente, pertence a história: uma morte reservada para os mais hediondos

criminosos não seria a morte que uma comunidade escolheria para o seu herói. Jesus era

certamente um judeu e, por suas palavras registradas, familiarizado com as crenças e tradições

do judaísmo monoteísta de seu tempo. Alguns ainda duvidariam que ele era um homem de

enorme poder de ensinar e um inexplicável ministério de cura. Finalmente, a declaração da

Igreja sobre a Ressurreição tem origens históricas, assim como as perseguições que se

seguiram. Com exceção da colocação anterior, quase tudo o mais no Novo Testamento é, por

natureza, mais teológico que histórico.

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É a confirmação de sua Ressurreição que destaca Jesus entre os personagens religiosos

da história. Não fosse por essa crença, não existiria a Igreja nem a Bíblia. “Se Cristo não

ressuscitou, é vã nossa pregação e vã a nossa fé” (1Coríntios 15,14). Embora Jesus fosse um

grande mestre da moral, esta não é a razão principal pela qual ele é lembrado. A Ressurreição

é a chave; mas quem acredita nela?

Depois que todos os argumentos a favor da Ressurreição foram aceitos, a crença se

baseia, finalmente, nas palavras daqueles que conviveram com o Cristo Ressuscitado – os

apóstolos e muitos outros do círculo dos discípulos. Ninguém viu Jesus ressuscitar dos mortos,

e seu corpo ausente pode ser explicado como um roubo. Porém, o fato dessa crença ter

provocado desprezo e, finalmente martírio para aqueles que primeiro a proclamaram reforça o

seu testemunho. Até mesmo um ateu deve admitir, concordando ou não, que os apóstolos e

suas comunidades realmente acreditavam que Jesus de Nazaré ressuscitou dentre os mortos

para uma nova vida.

Mesmo com o auxílio da moderna investigação científica, não podemos hoje provar se

Jesus ressuscitou ou não dentre os mortos (Apesar do Sudário de Turim). Como aqueles que

primeiro ouviram a confirmação da Ressureição, podemos tanto aceitar como rejeitar essa

mensagem. No decorrer dos tempos, muitos rejeitaram o Evangelho por vários motivos,

principalmente por considerarem uma história fabricada por fanáticos para atenuar o

embaraço causado por acreditarem e seguirem um Mestre crucificado. E vejam que as

histórias incomuns e pretensões religiosas são encontradas entre todas as religiões do mundo.

Certamente, não temos nem tempo nem experiência para dar atenção a todo o capricho

extravagante ou história fantástica que nos é apresentada durante nossos poucos anos sobre a

Terra. Todavia, a história de Jesus é diferente, em qualidade, da maioria das aclamações dos

frequentadores de cultos e promessas de fanáticos. E se ele realmente ressuscitou dentre os

mortos? E se for verdade? Porque, se tudo for verdade, rejeitar essa história e suas

implicações é cometer o maior e mais devastador erro de nossas vidas; assim sendo, o mínimo

que podemos fazer é respeitar o Evangelho.

A Boa Nova

Os teólogos observaram que muitos dos ensinamentos morais de Jesus já eram

encontrados no judaísmo e mesmo em filosofias humanísticas seculares. (Todavia, o

ensinamento sobre amar os inimigos parece ser unicamente seu). O cristianismo não

monopoliza a sabedoria ética, e a história nos mostra que a moralidade cristã deriva, em

muitos aspectos, das filosofias seculares (assim como a Igreja fez uso do aristotelismo para

formular as sua lei natural da moralidade). Se o cristianismo não é uma filosofia

essencialmente moral, o que é então?

Uma leitura do Novo Testamento revela que é a pessoa – e não somente o

ensinamento – de Jesus que fundamenta a fé cristã primitiva. A Boa Nova está relacionada

com um novo poder espiritual que o Cristo Ressuscitado proporciona a todos os que buscam

um relacionamento com ele e lutam para ter uma vida de amor. Jamais admitimos que os

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imperativos éticos do cristianismo possam sobreviver apenas devido à força de vontade do

homem que esta desamparada. Deus enfrentou o pecado e, ao enviar “seu próprio Filho em

estado de solidariedade com a carne do pecado, condenou o pecado da carne” (Carta aos

Romanos 8,3). A Boa Nova é a ação de Deus em nosso favor através da pessoa de Jesus de

Nazaré.

Para entender o que Paulo fala sobre Jesus (e acima citado) recordemos que o Novo

Testamento pressupõe um mundo onde o poder do pecado predominou na humanidade. A

história de Adão e Eva e sua orgulhosa rebeldia contra um relacionamento total com Deus era

invocada pelos judeus como a explicação para as origens do pecado no mundo. Cada geração

adicionou sua própria rebeldia egoísta às gerações passadas, entrincheirando a sociedade em

tradições opressivas tanto para a pessoa como para o desenvolvimento comunitário. Lutando

por viver conforme as leis de Deus reveladas através de Moisés e dos profetas os judeus

esperavam minimizar os frutos do pecado no mundo. Um Messias viria um dia e redimiria

Israel e suas aflições, trazendo à nação grandeza e renome mundial. Essa era a esperança que

sustentava o espírito judeu. Sob esse ponto de vista, podemos reconhecer qual a importância

de Jesus de Nazaré. Sua vida, ensinamentos, morte e Ressurreição podem ser vistos como

fatores decisivos na evolução espiritual da humanidade.

Antes de tudo, Jesus veio para ser reconhecido como Revelador – o que responde às

perguntas religiosas primordiais da raça humana. “Que tipo de Deus é Deus?” Jesus responde:

um Pai misericordioso e Criador, que está incondicionalmente comprometido com o bem de

toda a humanidade, que está sempre conosco, e que compartilha de nossa mais trivial e

terrena experiência humana. “O que Deus espera das pessoas?” De novo Jesus responde:

apenas que amemos a Deus e que multipliquemos nossos talentos e os utilizemos no serviço

ao próximo. Essa é a posição de Deus e o convite feito através de Jesus (ver João 15,9-10). O

Poder de Deus é amor, e somos livres para aceitar ou rejeitar esse amor. Deus não se apodera

de nossa liberdade forçando seus ensinamentos.

Mas, e o mal? Ousaríamos amar se o pecado tivesse poder? O cristianismo responde

com um enfático “SIM”! O confronto de Jesus com as autoridades religiosas e civis de seu

tempo desencadeou todas as forças do pecado contra ele. Ele enfrentou o orgulho, a

arrogância e a hipocrisia com simples palavras de verdade ou mesmo com o silêncio. Por isso,

foi “recompensado” com zombarias, flagelos e crucificação. Para conservar sua posição e,

supostamente, evitar que o mundo caísse ainda mais em pecado, as autoridades decidiram

que Jesus de Nazaré tinha de morrer (ver João 11, 49-50). Em sua morte pareceu que Jesus,

apesar de sua vida exemplar e ensinamentos maravilhosos, era simplesmente outra vítima do

pecado. “Nem tanto”, diz a Igreja! Quando ressuscitou dentre os mortos, Jesus demonstrou

que o poder de Deus é mais forte que o pecado. Em Jesus, Deus sofreu o pior de todos os

ataques do pecado e saiu vitorioso. A Esperança pelo restabelecimento da virtude e da

verdade foi finalmente legitimada; o fatalismo dos dualistas pode agora ser rejeitado.

Além de Revelador e Redentor, Jesus também é reconhecido como aquele que nos

santifica no Espírito. Jesus, “tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, o distribuiu

conforme vedes e ouvis” (Atos 2,33). A pedra angular, fundamental da vida que ele lançou,

pode ser edificada por aqueles que aderem a ele pela fé e, consequentemente, participam de

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sua ressurreição. “E nós recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito de Deus, para

que conheçamos os dons que Deus nos concedeu” (1 Coríntios 2,12). Construindo nossa

identidade em Jesus Cristo e reivindicando o poder de seu Espírito para vivermos vidas em

amoroso serviço a Deus, atingimos nosso mais pleno potencial humano. A vida se torna plena

de significado, nosso interior, repleto de confiança. Mesmo nossos sofrimentos podem

adquirir outro significado, nosso interior, repleto de confiança. Mesmo nossos sofrimentos

podem adquirir outro significado quando perseveramos na fé, pois o Espírito de Deus esta

especialmente perto de nós durante esses momentos. Os cristãos professam que essa vida é a

melhor maneira de vivermos. E, como se não fosse suficiente, temos mais adiante a promessa

de vida eterna com Deus, o que ajuda a manter nossa esperança.

Voltados para a crença em Jesus Cristo

Muitos programas de auto-ajuda exigem, como conclusão satisfatória desse Passo, o

reconhecimento de algum Poder Superior como fonte de saúde e sanidade. Esse Poder Superior

não precisa ser Jesus Cristo e pode também não ser um ser espiritual. Eu conheço alcoólatras

que inicialmente consideravam o grupo dos A.A. como força de cura. E existem aqueles cuja

capacidade para a fé religiosa é tão rudimentar que designam uma árvore ou uma montanha

como sua Força Superior. Felizmente, a maioria das pessoas vai além desse nível de fé

primitiva e, com o passar do tempo, restabelece contato com suas tradições religiosas

anteriores.

No contexto do programa dos Doze Passos, este segundo Passo ajuda a revolucionar o

problema. Oferece esperança àqueles para os quais o Primeiro Passo trouxe a percepção de

sua impotência. O Passo 2 assegura que nossa condição pode ser melhorada, porém somente

com ajuda externa oferecida por nós mesmos. Esse é o verdadeiro significado de nossa Força

Superior.

Infelizmente, não fica claro que qualquer Força Superior vai, realmente, nos

proporcionar a saúde e o equilíbrio emocional. A experiência da vida nos ensina que haverá

momentos em que grupos de apoio, amigos, membros da família, profissionais capacitados

para nos ajudarem e mesmo árvores nos decepcionam quando realmente precisamos deles. Se

alguém confere um “status” de Força Superior a algum ser espiritual, então se perguntaria por

que acreditar que esse se preocupa com a saúde e a felicidade humana. Nada na criação e na

experiência humana indica ambiguidade de um Deus que nos ama incondicionalmente e

deseja nossa máxima felicidade. Nada ou ninguém, exceto Jesus de Nazaré!

Se cremos em Jesus como aquele que pode ajudar-nos a descobrir nosso pleno

potencial humano, precisamos definir o que significa a palavra crença. A palavra crença pode

ter muitos significados, porém, para o nosso propósito, consideramos, no mínimo, uma

aprovação intelectual à ideia de que Jesus de Nazaré é um modelo da vida plena de Deus. Essa

aprovação não precisa ser totalmente aceita, livre de dúvidas (nunca será). Porém, deveríamos

ser capazes de dizer com São Pedro e os discípulos: “Senhor, para quem iríamos? Tu tens

palavras da vida eterna. Nós temos a fé e sabemos que és o Santo de Deus (João 6,68-69).

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No Passo 1 vimos que o egoísmo é anticrescimento; agora precisamos somente

reconhecer Jesus como aquele que pode desviar-nos da morte e colocar-nos em direção a uma

saúde espiritual, vitalidade e sentido de vida. É evidente agora que esse nível básico de fé terá

de ser afirmado continuamente na vida. Na verdade, jamais terminaremos completamente os

Doze Passos. Contudo podemos progredir realmente se nos aprofundarmos em nosso

crescimento.

Reflexão Pessoal:

1. Se você não tem lido o Novo Testamento, leia-o, especialmente os evangelhos.

Quando encontrar trechos que você não compreende, relacione as dúvidas para

discussão com outro cristão, um padre ou pastor. Tente captar o sentimento das

verdades proclamadas por Jesus nos evangelhos. Após esse primeiro contato com

Jesus, você poderá se aventurar em outros livros do Novo testamento.

2. Encontre uma comunidade cristã que manifeste os frutos do Espírito Santo: “caridade,

alegria, paz, longanimidade 1, afabilidade, fidelidade, mansidão, continência” (Gálatas

5, 22-23). Participe de suas reuniões e descubra em que acreditam e por quê. As

comunidades, como as pessoas, nunca serão perfeitas; contudo, evite envolver-se com

grupos que raramente falam sobre Jesus ou que sejam inflexíveis, hipócritas e

irracionais.

3. Marque um encontro com um padre, pastor ou um cristão bem formado e conhecedor

das Escrituras, para falar sobre Jesus. Compartilhe suas dúvidas com eles, porém seja

receptivo às suas palavras.

4. Encontre livros sobre Jesus ou sobre as Escrituras que sejam dirigidos às suas

necessidades espirituais. Solicite sugestões a seus amigos cristãos se você não sabe

por onde começar.

5. Escute Jesus perguntando: “Quem você diz que sou?” (Marcos 8-29). Qual é a sua

resposta?

Discussão em Grupo:

1. Deixe cada membro do grupo responder a pergunta de Jesus: “Quem você diz que

sou?”

2. Por que a Ressurreição é uma crença cristã tão importante? Qual é a sua crença sobre

a Ressurreição?

3. Como Jesus revelou Deus para nós?

4. Em que os cristãos acreditam sobre a redenção de Cristo?

Longanimidade

1: virtude de suportar com firmeza contrariedades em benefício de outrem;

magnanimidade, generosidade.

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Passo nº3 - Decidimos direcionar nossas vidas para Jesus Cristo.

Para muitas pessoas este Passo é assustador, trazendo à mente pensamentos de

fanatismo religioso e santidade espiritual – atitudes inteiramente estranhas à sua mentalidade.

Uma coisa é considerar que Jesus de Nazaré revelou Deus e que ressurgiu dos mortos; outra,

muito diferente, é se envolver em sua história. Alguns temem que segui-lo significará sair de

sua terra para missões longínquas, para converter nativos nus e enfrentar sérias dificuldades;

outros consideram que sua vida se tornará difícil, moralista e tediosa. Essas e outras

resistências à conversão são compreensíveis, pois o convite para mudar de vida pode

despertar medos. Porém, muitas resistências são baseadas no desconhecimento do que

significa ser cristão.

Ser cristão significa seguir Jesus Cristo; significa identificar-se com a pessoa do Cristo

Ressuscitado e viver seu Projeto de Vida. Em resumo, ser cristão significa viver uma vida de

amor fraterno, reconhecendo que Jesus é a encarnação da própria caridade; significa pensar e

agir como Jesus de acordo com a individualidade de cada um. Viver essa vida não é fácil, pois o

esforço para ser fraterno nos põe constantemente em conflito com nosso egoísmo. E esse

conflito é a nossa cruz!

Motivar-se e empenhar-se

Toda vez que tomamos uma decisão, fazemo-lo até certo ponto de acordo com o

nosso sistema de valores. As pessoas não agem despropositadamente e sem motivo, embora

seja possível que um observador assim o avalie. Há uma razão para todo comportamento,

mesmo que nasça do mais profundo e inconsciente nível de nossa mente. Aqui estão algumas

condições das motivações humanas mais comuns e as crenças que as apoiam:

1. Prazer: A satisfação das necessidades físicas é recompensada pelo cérebro através

de secreções químicas interpretadas como “prazer”. A sensação tem valor de

sobrevivência; de outro modo não seria considerado prazer! O abuso de nossa

sensualidade, por negligência ou excesso de indulgência em qualquer aspecto da

vida, resulta – a longo prazo - na redução do prazer. As filosofias materialistas

consideram o prazer como critério definitivo para decisões pessoais.

2. Estima: Nossa necessidade de sermos aprovados pelos outros é quase inesgotável.

Como é bom sermos verdadeiramente reconhecidos! O desejo de estima vai além

da necessidade humana de sermos amados e reconhecidos como únicos e

insubstituíveis. Em sua forma mais distorcida, a busca de estima torna-se uma

ânsia de poder, baseada na crença do que o mais fortes merecem mais amor e

respeito.

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3. Segurança: Como seres possuidores de consciência, sabemos que o mundo vai-se

tornando um lugar perigoso e que a desgraça e a morte são duras realidades que

se interpõem na vida de qualquer um e a qualquer hora. Sabemos, também, que

devemos reduzir probabilidade da desgraça, da doença ou da morte nos

surpreenderá prematuramente. Prudência, disciplina e planejamento cuidadoso

têm, portanto, seu lugar de importantes virtudes, pois não amadurecemos se

somos muito inseguros. As pessoas que têm extrema confiança no imprevisível ou

na impossibilidade de manipular a realidade tornam-se paranoicas no que diz

respeito à segurança; começam a demonstrar seus medos sempre de maneira

excêntrica e destrutiva.

Poderíamos certamente identificar outras razões para explicar nossos

comportamentos em relação ao prazer, estima e segurança, porém consideramos somente

esses três porque formam a base para a maioria das importantes correntes de psicologia

estabelecidas neste século. Não será impossível reconhece-los em seus desejos diários; um ou

a mistura dos três provavelmente explica muito do que decidimos em nossas vidas. Cada um

assume seu próprio lugar em nossas lutas e, se muito acentuado, pode tornar-se destrutivo.

O cristianismo reconhece o valor de nossos anseios por prazer, estima e segurança e

desenvolve um conjunto de propostas que prometem enriquecer nossas experiências de

cada um deles.

1. Prazer: Como o cristianismo não adota uma visão materialista do universo, há

pouco perigo de que as crenças cristãs possam ser usadas para espalhar faíscas de

desejos doentios pelo prazer. Mais que prazer, o cristianismo promete alegria, um

estado de bem-estar espiritual sugerido em nossas experiências de prazer e

gratificação (ver João 15, 9-11).

2. Estima: Deus, o Criador e Mantenedor do universo, considera cada pessoa uma

preciosidade. Para que isso seja realidade, o Espírito Santo nos leva a formar

comunidades de pessoas comprometidas em confirmar a dignidade e importância

de cada uma.

3. Segurança: Embora tenham experiências de acidentes e encontrarão, com certeza

a morte, os cristãos sentem-se mais seguros devido à sua crença na vida após a

morte. Porque Jesus ressuscitou, também ressuscitaremos para uma nova vida.

Somos seres espirituais e imortais, e o desejo de nosso Pai é definitivamente

supremo no universo. Deus, nosso Pai, é um Deus que nos oferece oportunidades,

colocando-nos sempre em contato com pessoas e circunstâncias que são graça e

auxílio em nossos momentos de necessidades.

Longe de nos privar do melhor das experiências humanas, o cristianismo as intensifica,

assegurando-nos uma vida plena quando abraçamos a fé.

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A percepção da dimensão cristã de prazer, estima e segurança é condicional ao

seguimento leal de Jesus Cristo. Devemos buscar um novo princípio de vida ou razão para o

comportamento – um que transcenda o prazer, estima e segurança enquanto reconheça seu

valor. Esse princípio de vida é o amor ou a caridade. Caridade, neste contexto, não significa

doação associada à piedade protetora, mas uma nova força que nos permite amar até

mesmo os nossos inimigos. “A caridade procede de Deus e conhece Deus”. Além disso, “o

amor de Deus para conosco se manifestou por ter enviado ao mundo seu Filho unigênito a fim

de vivermos por ele” (1 João 4, 7-9). Se desejamos saber qual aparência do amor e como se

comporta, precisamos apenas olhar Jesus.

O princípio de vida cristã

Antes de discutirmos o significado de uma vida de amor, devemos ir em busca de uma

melhor compreensão do amor em seu sentido mais amplo, Infelizmente esta palavra tem

inúmeros significados em nossa língua – desde amar uma criança a fazer amor ou apreciar um

programa de televisão. A língua grega distingue os diferentes significados de amor, e, em seu

livro Os Quatro Amores, C. S. Lewis., assim os descreve: storge, ou afeição, é o amor que os

pais sentem pelos filhos e vice-versa, a ternura que sentimos por determinadas pessoas,

animais e até mesmo o apego a coisas materiais devido à convivência com elas; philia, ou

amizade, une as pessoas como um “guarda-chuva” de interesses comuns; eros, ou amor

romântico, entrelaça vidas na plenitude sexual e na perpetuação da espécie; ágape, ou o

amor, é doação ou o amor que nos chega sem nenhum merecimento de nossa parte e sem

razão aparente. Storge ajuda-nos a satisfazer nossas necessidades de segurança; philia nos

traz estima; eros é a deusa do prazer. Sem o ágape porém, qualquer desses amores pode

dominar-nos e escravizar-nos. O ágape nos capacita para experimentar todos os amores

humanos mais intensamente, enquanto os mantém diferenciados. “Nesse caso o Divino

Amor não é substituído pelo natural – como se tivéssemos de jogar fora a prata para dar lugar

ao ouro”, conclui Lewis. “Os amores naturais são convidados a se tornarem caridade,

enquanto permanecem como amores naturais que são”.

Tornar-se uma nova pessoa não significa abandonar os amores humanos em virtude

do amor de Deus – a menos que eles nos induzam a cometer erros. Tornar-se cristão significa,

considerando nossa vida atual, aplicar o princípio cristão de vida em nossas realizações.

Comecemos a nos perguntar não o que nos dará prazer, estima e segurança, mas que ato de

amor devemos realizar. Esforçando-nos para adequar nossas vidas ao amor, vivenciaremos

nossas mais profundas experiências de prazer, estima e segurança.

Jesus de Nazaré é a própria encarnação do amor; e nossa luta para viver uma vida de

amor; e nossa luta para viver uma vida de amor pode ser fornecida imensamente se

contarmos com sua orientação e apoio. “O que faria Jesus?” é a pergunta que devemos fazer a

nós mesmos. E a resposta será uma declaração exata do princípio de vida cristã. Precisamos

começar a tomar decisões como o próprio Jesus tomaria, e isso vai exigir de nós um

conhecimento crescente de quem ele é. Um melhor conhecimento da vida de Jesus nos dará

uma perspectiva objetiva em nossa jornada; uma devoção apaixonada por Cristo fará o Espírito

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revelar seu desejo em nossas mentes e corações. A oração, a leitura das Escrituras, o

ensinamento da Igreja e a comunidade tornam-se meios essenciais e indispensáveis para

informa-nos e capacitar-nos para viver o amor. E então nossas vidas se tornarão um

compromisso vívido com o Cristo Ressuscitado, ao invés de um mero compromisso com a ética

cristã. Com o tempo, nossa capacidade de decisão responderá automaticamente ao “como

Jesus faria”. Quando alcançamos esse ponto – e poucos parecem atingi-lo neste mundo –

podemos ter certeza de que nossa atitude correspondente à de Cristo (ver Filipenses 2,5).

Até onde iremos com esse amor ou com o princípio de tomada de decisão “O que

Jesus faria?” Está presente nas nossas decisões mesmo as mais simples e terrenas? Se preciso

decidir utilizar meus quinze minutos de intervalo para falar com um amigo no escritório, ou

tomar uma xícara de café e ler o jornal sozinho, devo perguntar a mim mesmo: “O que Jesus

faria?” Jesus falou: “Aquele que é fiel no pouco, também é fiel no muito...” (Lucas 16,10).

Nossas batalhas mais significativas na vida serão vitórias ou derrotas conforme lidarmos com

as pequenas coisas do nosso dia a dia. Grandes problemas raramente acontecem: são

geralmente o acúmulo de pequenos problemas. Da mesma forma, grandes amores cresceram

no amor de pequenos gestos e ações de cada dia. O princípio de vida cristã deve estar

presente em todas as nossas decisões e ações, até mesmo a mais trivial.

Esse esforço tão cuidadoso e determinado de seguir Jesus significa perder nossa

individualidade? Não, em absoluto! Podemos perceber algumas mudanças ocorrendo na

personalidade, porém em um nível mais externo da pessoa. Nossas personalidades são o que

escolhemos mostrar ao mundo. A personalidade se alterará conforme a individualidade, que é

o “eu” mais profundo, sempre diante de Deus. Os verdadeiros perdedores são somente aqueles

que sacrificam de fato suas individualidades e julgamento para cultuar líderes e outros

deturpadores da Palavra de Deus. Deus, ao contrário, sempre nos deixa livres para aceitar ou

rejeitar sua graça e nisso está nossa mais profunda liberdade. As recusas orgulhosas em

obedecer a Deus não demonstrarão a individualidade de uma pessoa – somente a tornarão

mais hipócrita e, consequentemente, mais infeliz. Escolher o caminho de Deus, baseados no

julgamento pessoal, torna-nos mais livre e especiais. É um grande paradoxo, mas uma

realidade maravilhosa a ser abraçada!

Seguir Jesus é uma grande aventura que nos levará a novas e imprevisíveis

experiências. Há poucas certezas para nos conduzir por esse caminho; contudo, as seguintes

diretrizes podem ajudar-nos a entender alguns parâmetros do amor.

1. Reconhecer todos (incluindo nós mesmos) como únicos e importantes filhos de Deus e

trata-los como tal – com aceitação e respeito.

2. Desenvolver plenamente nossos talentos e utilizá-los na promoção da saúde do corpo,

da mente e do espírito em nós e nos outros.

3. Estender aos outros a oportunidade de desenvolver seus talentos e de expressá-los

apropriadamente em um ambiente livre de opressão.

4. Ser honesto e sincero em todas as áreas da vida.

5. Perdoar àqueles que nos prejudicaram, pedir perdão e reparar os erros que

cometemos com os outros.

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6. Lutar para mudar estruturas sociais e/ou tradições que impedem a realização dos itens

acima.

7. Confiar em Deus como orientação e força para viver essa vida.

Seguir Jesus exige de nós tudo isso e muito mais. É um mandamento exigente, mas o

único desafio válido na totalidade de nossa natureza humana. Jesus jamais afirmou que seria

fácil!

A Fé e a Cruz

“Porque a doutrina da cruz é loucura para os que se perdem, mas é poder de Deus

para os que se salvam”(1 Corintios 1,18) “Nós vos adoramos , Senhor Jesus, e vos bendizemos,

porque pela vossa cruz remistes o mundo” é uma bela oração católica. Qual é o significado da

Cruz? Por que os cristãos a consideram tão importante?

Para responder às questões acima, lembremos que a cruz foi a “recompensa”

oferecida a Cristo por ter vivido uma vida de puro amor. O amor o levou a enfrentar todas as

forças institucionalizadas do mal em seu tempo e a reagir a elas, colocando sua confiança na

bondade e justiça do Pai, enquanto abraçava o instrumento da própria morte. Por isso, ele foi

capaz de quebrar a força do pecado no mundo; se tivesse fugido da cruz, o poder de salvação

de Deus não seria tão evidentemente revelado.

Quando tentamos seguir Jesus vivendo uma vida de amor, encaramos face a face, e

todos os dias, o poder do pecado. Confrontamos nossos desejos egoístas do prazer, estima e

segurança a cada hora e deveríamos saber disso. Os que se posicionam quanto a assuntos

políticos e sociais podem esperar o escárnio e a perseguição. “Se o mundo vos odeia, sabei que

me odiou antes de vós” (João 15,18). “Se me perseguiram, também a vós hão de perseguir”

(João 15,20). Persistentes em nosso esforço de viver o amor em conflito com nosso próprio

egoísmo ou durante perseguições, abraçamos nossa própria cruz e, então, transformamos o

pecado em amor. Carregando as cruzes diárias, também aprofundamos nossa própria

identidade espiritual, pois não nos convertemos verdadeiramente até substituirmos o

pensamento egoísta pelo amor. Sem a fé é impossível viver dessa maneira, mas é também

impossível crescer na fé sem viver uma vida de amor.

O que é a fé? “Fé é o fundamento do que se espera e a convicção das realidades que

não se vêem” (Hebreus 11,1). O que é que os cristãos desejam? Queremos que o mundo se

torne o Reino de Deus (ver Mateus 6,10), um lugar onde as pessoas se desenvolvam,

trabalhem e se divirtam em liberdade, justiça e paz. Mesmo que um mundo assim ainda não

exista, acreditamos que ele se estabelecerá porque o Cristo nos prometeu um dia voltar,

possivelmente no tempo em que seus amados herdarão a vida eterna (ver Mateus 25, 31-46),

Porque acreditamos que Jesus ressuscitou dentre os mortos, também acreditamos que tem

poder para tornar verdadeiras suas promessas. As pessoas de fé, portanto, conhecem o que

Deus prometeu e constroem suas vidas na premissa de que Deus pode e realizará o que

prometeu.

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Analise algumas inacreditáveis promessas feitas por Deus que se aplicam não somente

à vida eterna, mas também à nossa existência após a morte:

1. Aqueles que dão aos pobres serão recompensados. (ver Mateus 6,4)

2. Deus ouve nossas preces e conhece nossas necessidades. (ver Mateus 6, 5-9)

3. Aqueles que pedem, procuram e batem às portas da vida, suplicando graça, a

receberão (ver Mateus 7, 7-11).

4. Deus dará o Espírito Santo àqueles que pedirem (ver Lucas 11, 9-13).

5. Viver de acordo com Jesus trará estabilidade na vida (ver Mateus 7, 27).

6. Aqueles que seguem Cristo encontrarão descanso para suas almas (ver Mateus 18,19-

20).

7. Cristo estará presente quando dois ou mais se unirem em seu nome (ver Mateus 18,

19-20).

8. Os cristãos receberão muito mais recompensas nesta vida por deixarem o passado e

seguirem Jesus (ver Lucas 18, 28-30).

9. Aqueles que acreditam em Jesus devem seguir os seus Passos.

10. Jesus dará a seus seguidores uma paz que supera o entendimento (ver João 14,12).

11. Se permanecermos em Cristo, podemos pedir o que quisermos e o conseguiremos (ver

João 15,7).

12. Viver a vida cristã nos trará alegria (ver João 16,24).

13. A lista poderia ser maior! Essas promessas que podem ser testadas e, de fato têm sido

confirmadas milhões de vezes no decorrer da história cristã. Elas se aplicam para a

maior parte das questões espirituais, mas não é esta a área da vida em que mais

precisamos encorajamento?

O início

Mais do que qualquer outro Passo, este exigirá de nós uma vida inteira de práticas. O

Passo 3 é, para todos os propósitos, a soma de todos os Doze Passos. Os Passos 1 e 2 somente

estabelecem um fundamento lógico para seguir Jesus; os Passos 4-12 delineiam as práticas

que nos habilitarão a viver uma vida de amor.

Como o Passo 3 nunca pode ser totalmente finalizado, o sucesso da sua conclusão,

neste programa, pede que simplesmente começamos a agir. A conversão é um programa

contínuo, e jamais acabaremos de tomar decisões para direcionar nossas vidas para Jesus

Cristo. Porém, a conversão não acontecerá, de forma alguma, se simplesmente deixarmos a

direção de nossas vidas depender de oportunidades cegas ou de caprichos inconstantes. Um

começo para o Passo 3 deve, portanto, incluir o seguinte:

1. Desejo de construir nossa vida em conformidade com a vontade de Deus:

2. Oração pela fé nas promessas de Deus:

3. Tornar-se mais consciente dos motivos e começar a tomar decisões para agir com

amor;

4. Envolvimento na comunidade cristã para aprender, para rezar, para apoiar e para

servir.

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5. Perseverança no amor, mesmo em tempos de conflito, através da oração e da prática

da Oração da Serenidade e Sabedoria: “Concedei-nos Senhor a Serenidade necessária

para suportar as coisas que eu não posso mudar. Coragem para modificar aquelas

que eu posso e Sabedoria para distinguir umas das outras”.

Se começarmos a fazer o que acima foi dito, nossas vidas se transformarão e

experimentaremos a confirmação das promessas de Deus em todos os aspectos da vida:

realizações, propósitos, paz e alegria nos virão em medidas jamais experimentadas! Os

padrões de prazer, estima e segurança do mundo serão reconhecidos pelo que são:

superficiais e destrutivas. Nossos olhos se abrirão e nossos corações arderão com vitalidade

(ver Lucas 24, 31-32). Deveríamos manter um diário de nossas impressões e experiências

quando fizermos essa nova iniciação. Nos meses seguintes, poderemos perceber algum

progresso com a leitura dos acontecimentos anteriores. No futuro, reconheceremos que esses

momentos foram realmente preciosos.

Discussão em Grupo

1. De que maneira o mundo convida as pessoas para o prazer, estima e segurança?

2. O que o cristianismo diz sobre prazer, estima e segurança?

3. Por que é importante ter um princípio de vida? Qual é a importância de se esperar que

as pessoas abracem o princípio de vida cristão do amor?

4. O que é fé?

5. Os membros do grupo devem discutir como enfrentam as cruzes da vida diária.

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Passo nº4 – Fazemos minucioso e destemido inventário moral.

Geralmente não gostamos de analisar nós mesmos! As pessoas extremamente

hipócritas o fazem porque não são tão conscientes de seus defeitos de caráter e estimam em

excesso suas qualidades. Os depressivos, ao contrário, não são tão conscientes de sua

perfeição, naufragando num pântano de arrependimentos e de autopiedade. Porque a maioria

de nós, de alguma forma, está entre esses dois extremos, exageramos algumas de nossas

forças e fraquezas, enquanto permanecemos inconscientes da maioria dos valores e

responsabilidades. Para nos tornarmos verdadeiros cristãos, isso não pode continuar.

O Passo 4 dá-nos a oportunidade de aprender como amar a nós mesmos. Lembre-se

do mandamento do Senhor: “Amarás o próximo como a ti mesmo” (Mateus 22,39). Se

desejamos tornar-nos agentes mais conscientes do extraordinário amor de Deus, devemos

primeiro amar a nós mesmos. Somente então acreditaremos que as dádivas e os talentos que

compartilhamos são valiosos e importantes. Para amar a nós mesmos, devemos primeiro nos

conhecer, e isto é o que o Passo 4 nos convida a fazer. Examinando-nos honestamente,

saberemos que o amor que encontramos nos Passos 2 e 3 aplica-se a nós assim como os

outros. O próprio amor misericordioso de Deus nos habilitará a amar a nós mesmos e,

expressar nosso amor aos outros.

Mas como olharmos para nós mesmos? Se é verdade que muitas de nossas forças e

fraquezas estão enterradas bem no fundo do subconsciente, como fazer uma reflexão

consciente para descobri-las? No Passo 5, veremos que outra pessoa terá de se envolver em

nossa própria jornada através desse processo de renovação. Outras pessoas detectam coisas

que enganam nossa autoreflexão crítica e sua observação nos revelará alguns dos pontos

cegos em nossa personalidade. No momento, pedir ajuda ao Espírito Santo para nos

tornarmos conscientes dos aspectos ocultos do caráter é uma forma excelente de tornar-nos

ciente dos pontos cegos. De qualquer forma, sabemos que certos aspectos de nossa vida

escaparão de nossa percepção, numa primeira tentativa, e é por isso que o Passo 10 nos

relembra que esse tipo de inventário deve ser contínuo. Agora, estamos interessados em um

começo decisivo.

Moral e consciência Como este passo nos convida a fazer um inventário moral, precisamos entender

exatamente qual é o verdadeiro significado de moralidade. Muitas pessoas pensam em moral

envolvendo os padrões de avaliação de certo e do errado do comportamento. Essa definição é

certamente correta, mas é importante que compreendamos as razões do certo e do errado de

determinados comportamentos. Algumas pessoas jamais se tornam conscientes da visão da

vida implicada em seus padrões de comportamento; outros aceitam padrões de

comportamento; outros aceitam padrões de moral passados pelos pais, religiões e instituições

seculares, mas não se esforçam em compreender a sabedoria deles. O Passo 4 convida a

tornar-nos moralmente mais conscientes e, consequentemente, mais dispostos a viver uma

vida moral.

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Mas o que é moralmente bom? Quem vai dizer o que é certo e o que é errado? Hitler

acreditou que agia corretamente destruindo os judeus; Truman acreditou que lançando duas

bombas atômicas nas cidades japonesas era bom (ou o menor dos males); alguns acreditam

que o sexo antes do casamento é permissível; outros, que mesmo após o casamento o sexo

deve ser partilhado com suavidade e respeito. Por quais padrões avaliamos a moralidade do

comportamento humano? Não é a moralidade uma questão subjetiva e relativa?

O cristianismo não aceita a noção de que a bondade é o que alguém diga que é. Para

os cristãos, moralidade significa agir com amor e fazer o que Jesus faria. Há muitas áreas da

vida onde nossas escolhas morais não nos são apresentadas nitidamente em preto e branco;

porém, mesmo na cor cinzenta da moral, nosso foco ainda é definido pelo claro chamado de

Jesus para tratarmos uns aos outros de forma caridosa. Não há lugar para as convenções

sociais ou pressões, a menos que os padrões em questão também se alinhem com a lei do

amor.

Para os cristãos, o amor não é o fim que procuramos como consequência de nossas

ações; o amor é o meio de sua própria realização. Hitler pode ter racionalizado a chacina dos

judeus, prevendo uma utópica vida feliz; mas um cristão não se justificará usando de meios

pecaminosos para atingir um fim desejável. Neste ponto, as lições da história são muito claras;

meios pecaminosos não produzem finais sem pecado porque os fins são sempre produtos dos

meios. As cruzadas e a Inquisição foram movimentos bem intencionados e designados para

atingir fins nobres e admiráveis; porém foram marcados por injustiças e outros erros, deixando

de atingir seus fins e o arquivo histórico do cristianismo manchado de forma extremamente

embaraçosa. Em nosso inventário do Passo 4, não vamos olhar somente para as nossas

intenções, mas especialmente para as consequências de nosso comportamento. É importante

entender também que o Passo 4 nos convida ser mais cientes de nós mesmos: mais cientes de

nossos motivos, sentimentos, pensamentos e opções no atual momento de nossa experiência.

A consciência atenta faz-nos perceber quais são nossas escolhas em determinada situação e,

consequentemente, seguir uma resposta que talvez não percebemos porque não

procurávamos conscientemente. É o que Jesus quis dizer quando falou sobre dar sua própria

vida (ver João 10, 17-18) e não deixar outras pessoas tirá-la dele. As pessoas conscientes

tomam atitudes; as inconscientes são meramente pessoas que reagem, comportando-se pelo

instinto, condicionamento e pelo capricho que o momento o impõe. As pessoas inconscientes

servem sem querer, ao poder do pecado no mundo porque normalmente se apegam à busca

terrena de prazer, estima e segurança. São ingênuos e facilmente manipulados. As pessoas

conscientes são mais capazes de escolher o bem, mesmo que todos escolhem o mal, porque

descobriram alternativas que as pessoas inconscientes nem sonharam. Então podemos dizer

que, como cristãos, devemos lutar para tornar-nos mais conscientemente caridosos e

merecedores de amor.

Se as palavras bondade e amor ainda parecem muito abstratas e nebulosas para você,

leia novamente a seção do Passo 3 intitulada “O Princípio da vida cristã”. A menos que você

esteja ciente do espelho de Jesus, no qual você deve olhar fixamente com o propósito de

avaliar a moralidade de suas ações, o Passo 4 será difícil. Mas comece-o de qualquer forma!

Talvez depois do início você se tornará mais consciente da moralidade de suas ações.

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Reflexão Pessoal As perguntas abaixo têm o objetivo de estimular a consciência moral pedida no Passo

4. Resposta a cada uma honestamente. Leve quanto tempo for necessário – horas, dias,

semanas, meses – para você compreender estes tópicos. Escreva suas reflexões num diário

para que possa recordá-las quando concluir o Passo 5. Antes de cada período de reflexão,

fique alguns minutos em silêncio evocando o Espírito Santo para ajudá-lo a amar e a tornar-se

mais consciente de si mesmo.

Sua consciência

1. Quais são os três dos seus talentos mais especiais? Como você os utiliza?

2. O que você acha que faz melhor? Com que frequência você o faz?

3. Do que as outras pessoas mais gostam de você? Com que frequência demonstram

apreciar os seus dons?

4. Você é uma pessoa cheia de esperança? Por quê? (Por que não?)

5. Você é uma pessoa feliz? Por quê? (Por que não?)

6. Do que você mais se arrepende na vida ? Por quê? Como você lida com esse

arrependimento?

7. O que você considera a sua maior fraqueza? Quando e como isso se manifesta em sua

vida?

8. Você é uma pessoa paciente ? Quando a impaciência é um problema para você? Como

você expressa a impaciência?

9. O que você faz visando o lazer ou o divertimento? Com que frequência dá a si mesmo

a oportunidade de divertir-se?

10. Que importância os amigos têm para você? Você acredita que é estimado pelos outros

como um amigo?

11. O que sua família significa para você? Com quem você tem maior intimidade? Com

quem é mais distante? Por quê?

12. Você é patriota? Por quê? (Por que não?)

13. Qual é a sua opinião sobre o seu corpo? Você negligencia sua saúde? O que você esta

fazendo para cuidar da sua saúde?

14. Qual é a sua opinião sobre sua identidade sexual?

15. É fácil para você relacionar-se com o sexo oposto? Por quê? (Por que não?)

16. Você tenta desenvolver sua mente? Por quê? (Por que não?)

17. Como você crê em Deus?

Consciência Moral

(Para cada pergunta abaixo, considere seu relacionamento com membros da família,

parentes, amigos, colegas de trabalho, relacionamentos casuais e mesmo pessoas de outras

culturas e comunidades. Em seu diário, faça algumas anotações sobre esses relacionamentos

para que se lembre deles quando encontrar seu confidente para a conclusão do Passo 5.)

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1. Reconheço que os outros filhos de Deus são únicos e importantes, aceitando-os e

tratando-os com respeito?

2. Como estou desenvolvendo meus talentos e utilizando-os no serviço ao próximo?

3. Sou sincero e honesto com outras pessoas?

4. Que erros devo perdoar em outras pessoas com quem normalmente me relaciono?

5. Tenho sido leal em manter meus compromissos com os outros?

6. Esforço-me para resistir ao mal e ajudar aos que estão oprimidos?

Discussão em Grupo 1. Leias suas respostas às perguntas da seção “Sua Consciência”. Se você se sentir bem,

compartilhe-as com os outros.

2. Que critérios você usa para avaliar a moral de seu comportamento?

3. Você concorda com a declaração “Meios pecaminosos não podem resultar em ações

sem pecado”? Por quê? (Por que não?)

4. Como uma pessoa desenvolve sua consciência?

5. A consciência garante a virtude da moral? É possível que uma pessoa seja consciente e

imoral?

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Passo nº5 - Admitimos perante Deus, perante nós mesmo e

perante outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.

Mais do que qualquer coisa, necessitamos do amor incondicional. Sem ele, faltam-nos

comida, roupas e oportunidades de emprego, nossa auto-estima diminui e nossa energia se

dispersa. Tudo o que precisamos saber é que somos amados e capazes, mesmo quando

falhamos ou outras pessoas nos rejeitam. Somente o amor incondicional nutre esse bem estar

em nós.

Jesus revelou o surpreendente fato de que Deus – a principal realidade do universo –

ama cada pessoa incondicionalmente. Assim ele nos transmitiu através de seus ensinamentos

e, especialmente, através de suas ações. Onde ele encontrou a doença, devolveu a cura;

quando era perseguido, perdoou; quando pessoas egoístas o encontravam, eram desafiadas

ao crescimento. Em todos os lugares e em todo o tempo, ele nos fez perceber que o bem estar

do ser humano importava mais para ele do que qualquer outra coisa no mundo. Jesus nos deu

uma mensagem muito clara: “Deus os ama!” Mais tarde, São Paulo declarou que nada – nem

mesmo perseguição e morte – pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8, 31-39).

Muitos não têm essa consciência do amor incondicional de Deus. Talvez porque nossos

pais nos amaram condicionalmente, ou talvez por termos experimentado momentos infelizes

na vida, que nos levaram a duvidar da insana e generosa realidade. Com todas as injustiças,

acidentes, terremotos, enchentes etc. no mundo, muitas pessoas rejeitam o fato de Deus amar

as pessoas. Há vezes em que acidentes acontecem e contratempos se sucedem; mas sabemos

que Deus nos ama apesar de tudo. “Eu repreendo e corrijo todos os que amo” (Apocalipse

3,19).

Muitas pessoas entendem mal o ensinamento cristão com referência a soberania

(influencia controlada) de Deus. Acreditam que todos os acontecimentos do mundo – mesmo

acidentes e injustiças – ocorrem porque Deus assim quer. Porém, o ministério de Jesus

contradiz essa noção de soberania, revelando que muitas coisas acontecem somente porque

Deus permite que aconteçam. O que Deus nos deseja é amor, amadurecimento, paz, saúde e

prosperidade em um ambiente de justiça, liberdade, e oportunidade. O domínio de Deus

sobre o mundo requer que tais valores finalmente fermentem a sociedade; porém, por causa

da liberdade de escolha do homem, nada acontecerá sem turbulência e sofrimento. Um fato

lamentável na noção errônea de sua soberania é induzir as pessoas a culparem Deus pelos

infortúnios que lhes acontecem quando necessitam mais desesperadamente abrir-se para a

compaixão curadora do Cristo. Nosso Deus está conosco nos momentos ruins assim como nos

bons. Ele sempre nos ama incondicionalmente.

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Desabafo

Aqueles entre nós que passaram a vida tentando ganhar amor, atingindo objetivos e

impressionando aos outros, não acharão difícil acreditar que Deus nos aceita pelo nosso

esforço. O difícil para todos, porém, é acreditar que somos amados mesmo quando somos

fracos e/ou pecadores. Muitas vezes desligamos a consciência a essas áreas da vida porque são

muito desagradáveis e ameaçam o frágil autoconceito (ego) ao qual agarramos tão

desesperadamente! Essa negação e defesa são antiprodutivas, permitindo que energias

destrutivas nos influenciem mais do que gostaríamos. A única saída desse labirinto de baixo

autoconceito, defesa e tentativa de obter amor é acreditar que Deus e outras pessoas nos

amam mesmo em nossas fraquezas.

O Passo 4 nos ajudou a entrar em contato com nossas forças e fraquezas e assim obter

autoconhecimento, pré-requisito para o amor próprio verdadeiro. Agora é hora de transformar

essa consciência em aceitação.

O Passo 5 é o caminho do amor próprio, transformando velhas auto percepções em

auto aceitação. Muitas pessoas, neste programa, comparam o Passo 5 à raspagem de crosta

do casco de um navio. É verdade que nossos navios psico-espirituais ainda estão flutuando no

oceano da vida, mas como navegarão mais livres se libertados do excesso de bagagem

emocional que arrastamos em nossa volta por causa da baixo auto estima! Será um processo

doloroso para a maioria, mas a liberdade e o amor que adquiriremos certamente valerão o

preço.

Começamos por orar, invocando a presença do Cristo Ressuscitado e assim nos

preparamos para ler nossas reflexões do Passo 4. Uma boa sugestão é ler a parábola do filho

pródigo (Lucas 15, 11-32) para nos lembrar do perdão misericordioso de Deus. Depois,

partilhamos com Deus o reconhecimento de nossas forças e fraquezas, falando alto, honesta e

sinceramente, como se ele estivesse sentado em uma cadeira, ouvindo-nos. Se tivermos

vontade de chorar, choremos; lágrimas de arrependimento podem ser uma poderosa

experiência de purificação. Podemos despender tanto tempo quanto necessário e não vamos

apressar o processo. Quando sentirmos (acreditarmos) que expressamos tudo que estava

pesando em nosso coração, deveremos reler a parábola do filho pródigo, prestando atenção à

resposta do Pai para seus dois filhos e alegrando-nos no amor incondicional de Deus.

Confissão

Muitas pessoas apreciam o valor da própria confissão diante de Deus, contudo se

intimidam ao pensar em fazê-lo a outra pessoa. Deus é espírito, mas as outras pessoas são tão

reais! Todavia, a realidade das outras pessoas embasa a sabedoria do Passo 5. É considerável

humilhação desnudar nossa alma diante de Deus; desnudar nossa alma diante de Deus;

desnudar nossa alma diante de outros (semelhantes) é o esvaziamento definitivo do eu, e isto é

precisamente do que necessitamos para reverter nossas defesas egoístas.

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Os cristãos que acreditam não ser necessário confessar os pecados e fraquezas um

para o outro simplesmente não entendem a importância da Encarnação. Deus quer que seu

amor e perdão sejam conhecidos entre nós e não apenas registrados nas Escrituras. Foi para

isso que Jesus veio: para tornar a Palavra carne. Ele deu a seus apóstolos e sucessores o poder

de perdoar ou reter os pecados (João 20:23), assegurando que seu trabalho de reconciliação

continuaria para sempre. Isso não anula a Redenção que Cristo recebeu por nós em sua

crucificação indica a verdade que a Graça de Deus trabalha através de nossos relacionamentos.

O cristianismo é a religião da Encarnação: cremos que Deus se tornou homem para nos

ensinar, de forma concreta, o que o amor realmente significa. Deus não expressou seus

sentimentos para conosco trovejando do céu ou através de façanhas grandiosas. Ele se tornou

homem e falou conosco de forma que pudéssemos compreender. Jesus revelou um Deus

humano e nos convidou a tornar-nos humanos e divinos, isto é, filhos de Deus. Isso significa

que devemos agora oferecer um ao outro o mesmo amor que Deus nos estendeu em Jesus.

Também devemos Encarnar o Espírito de Deus em nossas vidas, tornando seu amor tão real

para com o outro quanto o Cristo o tornou entre nós. É o significado básico da Encarnação.

A conclusão do Passo 5 requer que você, leitor, admita para as outras pessoas a exata

natureza dos seus erros. Esse confidente deve ser uma pessoa que o ouvirá pacientemente, que

o aceitará sem julgá-lo e que o ajudará a entender o que você esta tentando transmitir. Essa

pessoa será os ouvidos de Deus para você; suas palavras da aceitação comunicarão o amor

incondicional de Deus por você. Você pode escolher um padre, um pastor, um membro da

família, ou mesmo um estranho para ouvi-lo. A escolha é sua!

Se seu confidente não estiver familiarizado com o Passo 5, você deve resumi-lo para

explicar-lhe o que deseja. (Peça para seu confidente ler este capítulo) É importante que você

deixe claro que não esta buscando conselhos ou opiniões. Essa pessoa esta presente para ouvi-

lo e ajudá-lo a se expressar. Quando a sessão acabar, talvez você não a veja mais e isso é bom;

talvez você queira continuar o relacionamento como aconselhamos ou a orientação espiritual;

depende de você.

A completa auto revelação para outra pessoa é muito diferente das confidências

superficiais que partilhamos com amigos. As confidências superficiais permitem-nos sermos

seletivos e manipuladores, mantendo intactas nossas defesas, proporcionando uma ilusão de

humildade. Depois de concluir o Passo 5, muitas pessoas acham fácil compartilhar experiências

como os outros. Com a nossa auto-estima mais consciente do amor incondicional de Deus

para conosco, não há necessidade de tentar ganhar o amor dos outros impressionando-os. A

honestidade verdadeira deve tornar-se uma norma de vida diária da pessoa que completa

este Passo. A clareza de pensamento e a paz nascidas de tão autêntico modo de vida valem o

risco das confissões.

Page 36: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Discussão em Grupo

1. O que significa amar alguém incondicionalmente? É possível fazê-lo mesmo

discordando de uma pessoa?

2. O que você entende a respeito do amor de Deus por pessoas injustiçadas, doentes e

cheias de infortúnio?

3. Qual é a sua resposta para a objeção “Deus perdoa meus pecados, então não preciso

contá-los para mais ninguém”?

4. Como dar continuidade à Encarnação em nossas próprias vidas?

Page 37: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Passo nº6 - Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus

remova todos os nossos defeitos caráter.

No programa dos Doze Passos, geralmente as pessoas consideram os Passos 1 a 5 tão

gratificantes que desejam parar neles, ignorando os outros Passos ou então se referindo a eles

como pouco relevantes. Essa atitude, contudo, debilita o crescimento espiritual. Aqueles que

trabalham todos os Doze Passos e têm uma perspectiva mais ampla do programa alegam que

os Passos 1 a 5 ajudam somente a direcionar-nos corretamente. O único impedimento da

relação interpessoal é o de compartilhar seus problemas com o confidente do Passo 5, que foi

aconselhado de antemão a ser excepcionalmente gentil e acolhedor. As mudanças de atitude e

de vida na direção do amor foram também encorajadas, mas agora é a hora de realmente

chegar ao âmago de nossos problemas. No Passo 6, declaramo-nos prontos para fazer

mudanças em nosso caráter.

Um fator incontestável do Passo 6 é que desejemos sinceramente mudar os aspectos

destrutivos de nosso caráter antes de começarmos nosso aperfeiçoamento. É por isso que este

Passo é destinado a provocar uma atitude de prontidão. Muitas pessoas reconhecem a

influência destrutiva do pecado em suas vidas, mas como é fácil justificarmos ações

autodestrutivas e como é difícil nos livrarmos delas completamente! “O que precisamos

entender agora é que, por comodidade, valorizamos alguns de nossos defeitos; realmente os

amamos”, adverte-nos os A.A.. Essa “afeição” aos defeitos de caráter abre-nos um largo

caminho para a perdição da qual Jesus nos advertiu (ver Mateus 7, 13-14). Se

experimentarmos a paz e a alegria que advêm pelo difícil caminho do crescimento espiritual,

certamente nos livraremos de obstinadas afeições.

Você esta pronto?

Defeitos comuns de caráter

Há muito a tradição cristã reconheceu os desagradáveis e perigosos caminhos que se

originam no pecado, promovendo defeitos de caráter. Na Igreja primitiva, o orgulho e a luxuria

eram considerados claras armadilhas para o crescimento espiritual. Outros pecados foram

adicionados mais tarde à lista e temos a moderna lista do orgulho, cobiça, luxúria, ódio, gula,

inveja e preguiça, que são os chamados “sete pecados capitais” (mais precisamente, vícios que

acarretam outros pecados). Muitas vezes, os padres de nosso tempo evitam o conceito

tradicional de pecado, graça e virtude, mas a sabedoria dos tempos tem muito a nos dizer

sobre a natureza humana e na ação de Deus em nossa natureza. Aqui vamos rever algumas das

formas sutis pelas quais os sete pecados capitais nos afastam do crescimento espiritual e

pessoal.

As seguintes perguntas têm a intenção de ajuda-lo enquanto você se prepara para

eliminar defeitos que destroem seu caráter. Você pode usar seu diário para rascunhar algumas

anotações para cada questão.

Page 38: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

1. Orgulho

(a) Você esta disposto a livrar-se de seu desejo de impressionar os outros? Em que

áreas de sua vida isso será mais difícil?

(b) É difícil para você evitar conversas que difamam os outros? Quando uma ofensa

dessa natureza geralmente acontece em sua vida?

(c ) É fácil para você “valorizar” seus méritos quando merecidos?

(d) Como será sua conversa se você retirar os exageros e as mentirinhas?

(e) Você sempre tenta coordenar sua vida para que não necessite dos outros? Qual a

importância da auto-suficiência para você?

2. Avareza

(a) Você guarda coisas materiais por prudência (“só um pouquinho para o futuro”)?

Qual é a diferença entre prudência e ganância?

(b) Pelo amor ao dinheiro, você já comprometeu seus valores? É fácil para você

superar essa tentação?

(c) Suponha que lhe seja oferecida uma posição profissional com uma remuneração

melhor que a atual, cuja aceitação exija de você um trabalho que deteste. Você aceitaria ou

recusaria?

(d) Você é capaz de decidir que quantia de dinheiro é adequada para suas

necessidades e então contentar-se somente com ela?

3. Luxúria

(a) Você alimenta pensamentos de luxúria disfarçados de “apreciar a beleza” ou “sexo

seguro”? Você esta pronto para desencorajar essa fantasia voluntária?

(b) Você está disposto a evitar filmes e leituras que apresentam sexo explícito com o

único propósito de estimulá-lo sexualmente?

(c) Você se entrega a namoricos “inocentes” com o pretexto de “somente se divertir”?

4. Ira

(a) Você manipula os outros com o seu ódio? Em caso positivo, é fácil para você deixar

de fazê-lo?

(b) Você aprecia sua raiva e o sentimento de superioridade que ela traz?

5. Gula

(a) Você continua comendo mais do que precisa?

Page 39: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

(b) É fácil para você não consumir mais comida do que a saúde de seu corpo necessita?

Se não, que tipo de alimento você tem mais dificuldade em recusar?

(c) Você consegue facilmente evitar bebida alcoólica em excesso? Se não, quando isso

é um problema para você? Qual a sua disposição para procurar ajuda?

6. Inveja

(a) Você esta pronto para livrar-se de seu desejo de “status” e bens materiais que

outros possuem? Está contente com você mesmo e com suas posses?

(b) Você consegue ficar distante do que a sociedade considera sucesso e fracasso,

substituindo-os pelo padrão de Deus?

(c ) Como você faz a distinção entre necessidades legítimas e desejos supérfluos? É

fácil para você dizer “não” aos supérfluos?

7. Preguiça

(a) Você se aproveita de momentos de dificuldade para manipular os outros através da

autopiedade? Em caso positivo, quando isso geralmente acontece?

(b) Como a autopiedade o impede de firmar-se em situações que exigem esforços

próprios?

(c) Em que áreas de sua vida você é mais negativo e descrente? Como essa atitude

justifica sua falta de envolvimento e a sua responsabilidade?

Como essas questões insinuam, os sete pecados capitais podem penetrar em nossas

vidas de formas sutis e variadas. Somos todos tentados por algumas dessas situações e

desejos; de fato, sempre ouvimos dizer que qualquer coisa que seja divertida é ilegal, imoral

ou engorda (e atualmente devemos acrescentar “é cancerígeno”). Levado ao extremo,

qualquer dos pecados capitais pode ser bastante destrutivo para nosso crescimento pessoal e

para nossos relacionamentos. “Arrancando-as pela raiz”, evitamos que essas práticas sirvam ao

poder do pecado em nossas vidas. É o que falam os Passos 6 e 7.

Início

Ninguém conseguirá livrar-se completamente das tentações dos sete pecados capitais.

Até o próprio Jesus foi tentado. E ele, que não pecou, mostrou-nos o caminho para vencer as

tentações. Muitos de nós podemos tentar resistir a essas influências destrutivas melhor do que

o fazemos atualmente, e por isso é tão importante completar este Passo. Se não nos

esforçamos para resistir às tentações, elas, com certeza, ganharão terreno em nossas almas e

nos conduzirão aos problemas que levantamos nos Passos 1 e 4. Uma forma comum de

administrar as tentações é encontrar um meio termo – controlar nossa luxúria ou gula

somente em certas ocasiões, por exemplo. Isso geralmente causa decepções e limita a

Page 40: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

autodisciplina. No decorrer dos séculos, os santos cristãos afirmaram que semanas de

progresso espiritual podem ser perdidas por “deslizes” (alguém sucumbe a um determinado

vício) em alguma área crítica do desenvolvimento do caráter. Esforçar-se para derrubar a

barreira entre o pecado e a graça é praticamente impossível; é desgastante manter um

equilíbrio espiritual numa situação contraditória. Há muitas alegrias na vida que são legais,

morais e não engordam (e não são cancerígenas). Livrar-nos de nossos defeitos de caráter não

significa que seremos dominados pela estupidez.

Você está pronto para tornar-se mais consciente e responsável pelo desenvolvimento

de seu caráter? Se refletiu sobre as perguntas referentes aos sete pecados capitais e descobriu

que está preocupado a respeito das armadilhas que eles possa oferecer, você está pronto para

prosseguir? Quando você conseguir responder positivamente a essas perguntas, estará pronto

para o Passo 7.

Discussão em Grupo

1. O que em nossa cultura, convida-nos a sucumbir às tentações dos sete pecados

capitais?

2. Você consegue lembrar-se de passagens dos evangelhos que apresentam Jesus

lutando contra as tentações? Como ele resistiu?

3. Quanto é importante para seu crescimento espiritual a atitude de “estar pronto”

citada neste capítulo?

4. Partilhe com o grupo algum defeito de caráter que você vem-se esforçando para

mudar e tem conseguido. Diga ao grupo o que ajudou e o que não o ajudou a mudar.

5. Partilhe com o grupo suas respostas às perguntas referentes aos sete pecados capitais.

(Sinta-se à vontade para evitar as perguntas que você considera desagradável discutir)

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Passo nº7 - Humildemente rogamos a Deus que nos livre de

nossas imperfeições.

O cristianismo sustenta que Deus está envolvido na criação e na vida dos seres

humanos. Deus é muito mais que um conceito filosófico ou uma necessidade ética; Deus é

uma Pessoa Viva, cujo amor por nós nos permite ascender sobre nossa natureza egoísta para

viver em paz e harmonia com nós mesmos e com os outros. Para que percebamos essa visão

do Reino de Deus na terra, recebemos a graça e ajuda, sem as quais seríamos deixados

inteiramente à mercê de nossos próprios recursos. A fé nos coloca em contato com a graça de

Deus e nos faz experimentar conscientemente o poder espiritual em nossas vidas.

Jesus revelou o desejo de Deus de que devemos amar uns aos outros. “Um novo

preceito, eu vos dou” – disse ele. “Que vos ameis uns aos outros. Assim como eu vos amei,

amai-vos também uns aos outros” (João 13;34). Sua vida sondou as profundezas do incrível

amor de Deus e é o modelo para nossas próprias vidas. Isso foi tão importante para Jesus que

podemos, então, compreender o significado do chamado de Deus ao amor com qual ele

direcionou seu ministério de ensinamentos, cura e profecia. Ele levou pessoas a se afastarem

do pecado, encorajando a arrancar seus olhos ou cortar suas mãos, se estas partes do corpo as

fizessem pecar (ver Mateus 5, 27-30). Embora essas advertências possam ser deliberadamente

exageradas, acentuam o desejo de Jesus de mudarmos nossos comportamentos destrutivos.

Aqueles que lutaram por conta própria para mudar comportamentos destrutivos

compreendem profundamente a necessidade da graça. No Passo 6, examinamos nossa atitude

para com as compulsões autodestrutivas tradicionalmente conhecidas como os sete pecados

capitais. Se estamos realmente prontos para nos afastar dessas armadilhas do crescimento,

estamos agora receptivos para pedir e receber as graças de Deus necessárias para as

mudanças em nossas vidas.

Deus oferece a graça a qualquer um que tentar mudar seu comportamento em

conformidade com o amor. Quando pedimos ajuda a Deus, temos certeza de que pedimos “em

seu nome” e que ele responderá a nossos desejos (ver João 14,13-15). É um pedido muito

diferente da oração por bom tempo ou por aumento de salário. Deus sempre nos auxiliará

quando lutamos para amar.

Muitas pessoas nos Alcoólicos Anônimos enfeitam seus carros de adesivos que

afirmam “eu acredito em milagres; sou um deles”. Sejamos conscientes de que a graça nos

transformou de filhos das trevas em filhos da luz. Qualquer mudança no caráter que nos

conduz do egoísmo ao amor é sinal da graça trabalhando em nossas vidas. Qualquer um ou

qualquer coisa que venha em nossa ajuda torna-se graça para nós.

Page 42: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Os sinais da graça

A primeira vista pode parecer que o Passo 7 somente enfatiza a possibilidade de

mudança pessoal e religiosa. Não é assim. A verdade é que Deus nos dá a graça através de

outras pessoas e da criação, assim como através da oração e adoração. É engano pensar que

Deus cura somente através de “curandeiros” e não através de médicos e conselheiros que nos

trazem a saúde tornam-se graça para nós.

Se acreditamos que Deus remove nossas imperfeições, devemos aceitar os agentes de

sua graça, a quem ele abençoou com dons colocando-os a nosso serviço. Nosso fracasso deve

indicar que talvez não tenhamos realmente terminado o Passo 6 ou que não estejamos tão

prontos para nos humilhar diante de Deus na busca de ajuda, como requer no Passo 7. Seria

bom que uma pessoa compulsivamente preocupada procurasse um conselheiro, assim como a

oração, pedindo a graça de aceitar as coisas como são; da mesma forma os viciados em comida

e/ou álcool precisam de ajuda profissional. Os padres, pastores, pais e amigos podem ajudar-

nos a crescer; a frágil simplicidade da natureza pode lembrar nossa inerente pobreza de

espírito; leituras espirituais são graça por nosso entendimento; o mundo todo pode comunicar

graça para a pessoa espiritualmente consciente. Oremos, portanto, para que Deus nos liberte

das algemas de nossos defeitos de caráter e que tenhamos a coragem de buscar ajuda quando

precisarmos.

Virtude

É importante que entendamos o significado da virtude porque o Passo 7 presume que

a pratiquemos. Removemos nossos defeitos pela prática da virtude. Através dos séculos, os

teólogos fizeram uma distinção entre as virtudes sobrenaturais (teologais) e as virtudes

naturais (cardeais). A fé, esperança e caridade são chamadas virtudes teologais porque se

referem a Deus: acreditamos nele, confiamos nele e o amamos. São dons de Deus. Cremos em

Deus porque Deus se revelou para nós; esperamos porque cremos que a Vontade de Deus é

suprema; nós amamos porque ele nos amou primeiro. A iniciativa é de Deus, embora sejamos

encorajados a rezar pedindo por fé, esperança e caridade. Experimentaremos o crescimento

nessas virtudes, aplicando-as em nossas vidas, mas não podemos receber créditos por obtê-

las, pois são dons que não ganhamos.

As virtudes cardeais são práticas e disciplinas que podemos exercitar por nossa própria

vontade e nos tornarmos melhores canais da graça de Deus. Elas aumentam a percepção das

virtudes teologais, que por sua vez nos fortalecem para amadurecermos nas virtudes cardeiais

e em outras virtudes naturais. Prudência, justiça, fortaleza e temperança são as chamadas

cardeais (do latim cardo: suporte) porque delas dependem outras virtudes naturais.

Uma vez que entendemos seu significado, será mais fácil praticá-las em nossas vidas.

1. Prudência (sabedoria) direciona o intelecto para julgar como bom somente o que é

adequado a nosso fim último: Deus. Pressupõe conhecimento do mundo e das

Page 43: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Escrituras, pois ambos requerem estudos consideráveis. Aplicamos a sabedoria

adquirida para os julgamentos particulares e públicos - todos em nome do amor.

2. Justiça significa dar aos outros o que realmente lhes pertence e evitar a interferência

no que pertence ao outro. É o respeito pelos direitos humanos e tratamento equitativo

para todas as formas de fundamento de justiça, sem as quais as sociedades cresceriam

desordenadas e opressivas. A justiça não é obrigatória somente entre as pessoas e a

comunidade é entre os líderes e a comunidade. É evidente, também, que a virtude da

religião (adorar a Deus) é uma questão de justiça.

3. Fortaleza (coragem) exige que sejamos agressivos o suficiente para agir em nome do

amor. Devemos nos envolver com o mundo e aceitar a vulnerabilidade quando

praticarmos a fortaleza. A paciência e a perseverança estão obviamente relacionadas a

esta virtude. Ser cauteloso na vida é a antítese da fortaleza.

4. Temperança no mundo de hoje – geralmente refere-se à abstinência do álcool, porém,

como virtude cardeal, alimenta a disciplina que leva ao autocontrole, especialmente

das paixões físicas. Moderação deve ser uma palavra melhor para essa virtude que

nos faz experimentar liberdade interior. Mansidão, perdão e humildade também se

originam de sua aplicação. A simplicidade de levar a vida é a temperança praticada em

sua plenitude.

Tanto as virtudes teologais como as cardeais são antídotos eficazes para os sete

pecados capitais. Elas nos dão um perfil da pessoa que somos e nos inspiram a deixar para trás

nossos defeitos de caráter, substituindo-os pelo vigor que nos conduzirá à paz à alegria.

Reflexões Pessoais:

1. Examine suas reflexões dos Passos 1, 4 e 6. Identifique os defeitos de caráter que mais

dificultam seu crescimento espiritual. Peça a Deus que lhe dê a graça para mudar esse

comportamento. Depois de alguns dias, comece a trabalhar com outro defeito de

caráter.

2. Reze para alcançar a graça do crescimento na fé, esperança e caridade.

3. Faça uma lista de como você pode ser mais corajoso para progredir na verdade e no

amor. Durante a próxima semana, faça uma tentativa consciente para praticar, pelo

menos, duas destas sugestões por dia.

4. Em que áreas de sua vida você mais precisa praticar moderação? Partilhe seus

esforços com alguém e lhe peça para ajudá-lo a desenvolver um plano e torná-lo

responsável por seu progresso.

5. Leia textos que o ajudem a crescer na sabedoria. Comprometa-se a ler pelo menos um

livro ou folheto por mês. Una-se a um grupo de reflexão, no qual você possa falar

sobre este livro com outras pessoas.

6. Não se recuse a unir-se na luta pelos pobres e oprimidos. Descubra como você pode

contribuir com tempo, talento e dinheiro para promover a justiça no mundo.

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Reflexão em Grupo:

1. Partilhe suas reflexões sobre quaisquer sugestões acima.

2. Como a graça atingiu sua vida? Partilhe com os membros do grupo o que você entende

por graça.

3. Como as virtudes cardeais podem ajuda-lo a resistir aos sete pecados capitais?

4. “Crescimento pessoal é crescimento em graça e virtude.” Você concorda com essa

afirmativa? Por quê? (Por que não?)

Page 45: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Passo nº8 - Fazemos uma relação de todas as pessoas que temos

prejudicado e nos dispomos a reparar os danos a elas causados.

O Cristianismo é uma religião que alimenta profundos e caridosos relacionamentos

entre as pessoas. No evangelho de João, ouvimos Jesus pregando que todos os fiéis serão um

nele e com os outros. “Eu neles e tu em mim, para que sejam consumados na unidade e o

mundo conheça que tu me enviaste e amaste a estes como me amaste a mim” (João 17,23).

Lucas nos conta que as primitivas comunidades cristãs viveram de acordo com as preces de

Jesus pela unidade, de forma reveladora e inspiradora. “A multidão dos fiéis era um só

coração e uma só alma. Ninguém considerava sua propriedade o que possuía. Tudo entre

eles era comum”(Atos 4,32). Embora a Igreja primitiva sofresse perseguições das autoridades

romanas, muitas pessoas eram atraídas para a vida em comunidades modeladas pelos cristãos.

“Veja como eles se amam”, exclamavam com evidente admiração sobre pessoas a quem tão

pouco entendiam! Hoje, poderia o mesmo ser dito de nós!

Infelizmente, a primitiva utopia cristã não sobreviveu. “Logo no começo, membros da

comunidade mudaram suas atitudes por razões egoístas” (ver Atos 5, 1-11). Mais tarde,

também os mestres da comunidade perderam o sentido comum do significado da vida, morte

e ressurreição de Jesus, dividindo a Igreja em fações (ver 1 Cor 1, 10-13). E hoje as numerosas

divisões no Corpo do Cristo constituem grandes escândalos para o cristianismo, oferecendo aos

descrentes razão suficiente para justificarem sua falta de fé.

Muitas das atuais divisões na Igreja vêm de um desentendimento do que é essencial e

do que não é. A verdade essencial sobre o fanatismo, por exemplo, é que a cerimônia seja

realizada com água e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A pessoa ser imersa na

água ou ser-lhe derramada água não é ponto essencial.

Mas a verdade essencial do cristianismo é que Jesus veio para nos redimir. “E morreu

por todos para que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e

ressuscitou” (2 Cor 5,15). E São Paulo continua afirmando que Deus “nos reconciliou por Cristo

e nos confiou o ministério desta reconciliação” (5,18). O próprio Jesus nos ensinou que a

reconciliação com Deus significa também reconciliação com outras pessoas (ver Mateus 6,12;

18,23-25). Isso também, é a verdade essencial do cristianismo, e é o que Passo 8 nos encoraja

a fazer.

Os Passos 1-7 ajudaram-nos a colocar a nossa própria casa em ordem, mas não é tudo

para nos tornarmos uma nova pessoa. Devemos também colocar nossos relacionamentos em

ordem! Não será possível um crescimento pessoal contínuo, se não nos libertarmos da

vergonha e da culpa que carregamos por causa dos outros. Como as crostas no fundo de um

navio, nossos erros passados nos impedem de navegar tão suavemente como deveríamos,

colocando-nos em armadilhas de racionalização que trazem somente a fragmentação mental e

divisões em nossas famílias e comunidades. Nossa conciliação com os outros é um Passo que

devemos dar pelo amor aos nossos relacionamentos e também pela nossa reconciliação

continua com Deus.

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Reconciliação

“Errar é humano, perdoar é divino” é um velho ditado. Os contrastes desse provérbio

podem tornar-se ainda mais claros, se somente consideramos o ser humano: “Errar é humano;

vingar-se também é humano”. Perdoar não é fácil ou natural para nós; retribuir parece ser a

forma mais comum de reagir às transgressões culturais por toda a terra. “Olho por olho e

dente por dente!” é uma forma de justiça utilizada não somente por sociedades antigas, mas

por sociedades modernas também.

Nossas tentativas de exigir justiça muitas vezes prolifera ainda mais os erros do que os

acertos. Os ciclos de violência, por exemplo, são alimentados por acusações, de ambos os lado,

de que o mal lhes foi feito no passado e deverá ser vingado. Os ciclos de inimizade e

sentimentos ásperos em nossas famílias e comunidades são similares, quando consideramos os

erros do outro para justificar nossos comportamentos vingativos. Raramente é possível

descobrir quando começaram as injustiças e transgressões a que nós tão justamente

resistimos. A Bíblia nos diz que tudo começou com a independência rebelde de Adão e Eva,

concluindo que essa atitude nos remete às mais antigas origens humanas.

Dentro de nosso mundo de vingança, violência e hipocrisia veio Jesus, dizendo-nos

para oferecer a outra face, para amar nossos inimigos e orar pelos nossos perseguidores (ver

Mateus 5, 38-48). Somente então, ele afirma, os ciclos de violência contra os que nos

causaram mal, os fogos da inimizade no mundo serão privados de combustível para suas

fornalhas destrutivas. A Justiça será dada por Deus no final, quando os que viveram suas vidas

provocando ofensas receberão sua justa recompensa (ver Mateus 13, 36-43).

Muitas pessoas interpretam as reações não-violentas de Jesus ao mal como

conveniência. Nada poderia estar mais longe da verdade! São Paulo lembra-nos para resistir ao

mal, fazendo o bem, onde quer que o encontremos (ver Romanos 12,21). E o próprio Jesus

enfrentou o mal, vindo dos líderes religiosos de seu tempo, com palavras e ações ousadas

custaram sua vida. Porém, não aprovou a vingança que causasse dano a outros (ver Lucas 9, 54

e Mateus 26, 51-53), insistindo que meios injustos não podem produzir finais justos (ver

Mateus 7, 16-20 e 12, 33-37)

Os cristãos são agentes – “embaixadores”, Paulo os chama – da reconciliação. Isso

significa que, em nossas vidas, devemos quebrar os ciclos de relacionamentos danosos que nos

cercam, fazendo o bem e resistindo ao mal, pelo o oferecimento do perdão e na busca de

sermos perdoados. Devemos iniciar a reconciliação em nosso mundo partido, mesmo nos

aventurando a encontrar pessoas que têm alguma coisa contra nós (ver Mateus 5,23). Se

nossos gestos forem recusados, então não há muito o que fazer a respeito; não podemos

controlar as reações dos outros. Mas devemos tentar; qualquer fracasso somente garantirá

mais rupturas e violências em um mundo já fragmentado.

Page 47: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Fazer uma lista

Assim que começarmos a levar a sério a responsabilidade de nos tornarmos

reconciliadores, precisaremos examinar nossos relacionamentos em casa, em nossas

comunidades, e mesmo aquelas no mundo como um todo. Se as pessoas nos feriram de forma

a provocar dureza no coração, devemos aprender a perdoar. Podemos ou não comunicar-lhes

verbalmente, mas devemos demonstrar nosso perdão, agindo de forma a indicar que não

estamos ressentidos com elas. Não é fácil, mas a graça de perdoar será nossa de pedirmos por

ela.

Porém, há mais – e esta é a parte mais difícil para a maioria de todos nós! Todos nós

ferimos outras pessoas e de varias formas. No Passo 9, você deve procurar essas pessoas e

fazer reparações verdadeiras no amor. Por ora, precisamos somente identificar quem são

essas pessoas, como lhe causamos mal e como nossa falta de perdão afetou a nós e a eles

mental, emocional e financeira e mesmo fisicamente. Começamos com o círculo mais próximo

da família e dos amigos, e depois com os relacionamentos de trabalho e mesmo os mais

casuais de amizade. Lembre-se: aqui estamos somente fazendo uma lista; Passo 9,

distinguiremos o que deverá ser feito.

Por ser uma lista pessoal, tomaremos muito cuidado para que a outra pessoa não

venha a ler e saber de nossos segredos. Se os meus direitos de privacidade em nossa própria

casa são inteiramente respeitados, nosso diário deve ser o melhor lugar para escrever as

reflexões deste Passo. Devemos levar o tempo necessário e fazer um trabalho minucioso.

Nossa honestidade nessas questões será uma experiência purificadora.

Eis uma forma simples de fazer a lista:

Pessoa /

Relacionamento

Meu erro: Efeitos nos outros: Efeitos em mim:

1. Suzana, esposa 1. Explosão de raiva a

respeito da limpeza

da casa

1. Raiva, frieza,

ressentimento.

1. Culpa, vergonha,

perda do auto-

respeito.

2. Débora, secretária 2. Assédio sexual na

festa da empresa e

em outras ocasiões

2. Desconfiança de

mim; falta de

cooperação no

trabalho.

2. Perda do auto-

respeito; ela não me

ajuda; tenho medo

de que ela conte a

Suzana

3. Empresa, Sousa,

empregador.

3. Falsifiquei conta

de despesa,

aumentando-a.

3. Perda para a Cia.,

mas não sabem.

3. Culpa; tenho medo

de ser descoberto.

Page 48: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Discussão em Grupo:

1. Quanto você é responsável pelas dificuldades que as pessoas têm nos lugares onde a

moeda de seu país patrocina regimes repressivos?

2. Por que é importante purificar-nos dos erros do passado para crescermos

espiritualmente?

3. Discuta algumas formas nas quais a mentalidade “olho por olho, dente por dente”

apresenta-se na sua cultura.

4. Você acha mais difícil perdoar ou pedir perdão?

5. Partilhe um exemplo de perdão de sua vida de outra pessoa.

Page 49: Seja uma nova_pesso_12passos_philip_st._romain

Passo nº9 - Fazemos reparações diretas dos danos causados a

essas pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo

signifique prejudica-las ou a outrem.

Os membros do programa dos Doze Passos concordam, quase totalmente, que este é o

mais difícil e perturbador de todos. Seria difícil começar com este Passo porque teríamos nem

sequer percebido que primeiramente seria necessário aprimorar-nos. Também haveria o

problema da nossa baixa autoestima e falta de disciplina. Mas agora, depois de experimentar

nosso confidente do Passo 5 e nos comprometer a evitar o pecado enquanto crescemos em

virtude e graça, estamos aptos para dar o Passo que mais exige coragem. É hora de equilibrar

as escalas da justiça em nossas vidas o melhor que pudermos, pedindo perdão àqueles a quem

ofendemos e, se necessário, fazer reparações.

A objeção mais comum para o Passo 9 é que ele é simplesmente desnecessário. “Cada

um de nós já feriu outras pessoas alguma vez no passado”, dirão algumas pessoas. E outros:

“Por que não deixar as coisas como estão?” Pode ser que algumas de nossas ofensas sejam

esquecidas; outras, porém, ainda colocam barreiras entre nós e os outros. Há aqueles a quem

magoamos porque nos relacionarmos com eles novamente nos traria à lembrança nossas

próprias fraquezas. Também há aquelas situações em que erramos e das quais “saímos ilesos”,

mas agora vivemos com medo de sermos descobertos. Quantos tremem quando lêem nos

jornais uma pessoa foi presa por crime que cometeu anos atrás?

O Passo 9 possibilita-nos colocar a vida em ordem, Purificar a relação com aqueles

quem ferimos nos trará imenso alívio e, sem sombra de dúvida, surpreenderá e inspirará

aqueles com quem buscamos reconciliação. Como um balão ancorado na terra, ficamos

presos pelas nossas culpas. Agora é hora de começar a desatar aquelas escravizantes ligações

com nosso passado para nos comprometermos mais com a vida e com o amor no presente. É

hora de começar a voar!

Fazer a restituição

Para completar este Passo, você precisará olhar para trás, para a sua lista do Passo 8, e

determinar o próprio curso da ação que deverá tomar a respeito do que relacionou. Você se

questionará se deve ou não simplesmente deixar esse incidente de lado, enquanto se

compromete com um comportamento mais respeitável com a pessoa em questão; talvez

perceba que precisa se desculpar com alguém, mas não sabe quando ou como isso deve ser

feito. São situações difíceis, e um confessor ou um diretor espiritual pode ajudá-lo a discernir as

reações de cada uma. As seguintes observações podem ser úteis nesse aspecto.

O que esta pessoa (ou companhia ou instituição) sabe sobre o seu comportamento

negativo – por exemplo, perder tempo no trabalho? Se não sabem de nada e não estão

conscientes de terem sido prejudicados, talvez você deva deixar as coisas como estão;

contudo, você deve agora começar a agir de uma forma mais positiva. Mas, e se você roubou

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dinheiro ou trapaceou de outra maneira? A justiça exige que você pague o que roubou!

Apresentar-se e admitir a culpa pode custar-lhe o emprego ou – no caso do não pagamento de

impostos – ser submetido a alguma sanção legal. Nesses casos, você deverá ponderar os

riscos. O governo federal talvez ofereça um meio – sem perguntas – para cidadãos que se

declaram culpados de evasão de impostos. E o mesmo pode ser feito com referência a fraude

ou roubos em outras áreas – através de doações anônimas a instituições ou pessoas

necessitadas. Uma regra simples para a desonestidade e roubo é: reponha o que você deve.

Se não o fizer, sua culpa permanecerá e fundamentos hipócritas contribuirão para o egoísmo e

defeitos de caráter.

E se você fez alguma coisa errada e outra pessoa levou a culpa? E outros incidentes

como um caso extraconjulgal, quando um dos cônjuges não suspeita da infidelidade em

questão? E os relacionamentos que são desonestos, mas não tão trágicos – como namoricos

ou encontros românticos, por exemplo? Talvez ninguém, a não ser você mesmo, tenha

consciência da falta de dignidade de seu comportamento; então, o que o Passo 9 exige que

você faça a respeito? Para ajudar, pergunte a si mesmo se pediria desculpas ou repararia a

situação: Um pedido de desculpas me ajudará a amadurecer no relacionamento com esta

pessoa? E minhas desculpas ajudarão esta pessoa e/ou outras em questão ou vão machucá-las

ainda mais? Se você pode responder um “sim” inequívoco para as duas perguntas, então

comece a planejar a sua aproximação para a reconciliação; se responder “não” a ambas,

então deixe o assunto morrer. Se você não estiver seguro sobre nenhuma delas, converse com

alguém até que tenha certeza. Talvez alguns exemplos sirvam para ilustrar como processo

funciona.

Suponhamos que você se envolveu em um romance extraconjulgal que seu cônjuge

desconhece, mas que muitos de seus colegas de trabalho suspeitam e alguns têm certeza.

Você decide terminar o relacionamento e compromete de novo o seu casamento; seu/sua

amante o(a) compreende e, relutantemente, deixa-o(a) livre. Você acha que precisa contar ao

seu cônjuge? Provavelmente, não! Mas, e aqueles colegas de trabalho e suas línguas ferinas?

O que acontecerá se eles contarem para seu cônjuge? Você deve dizer-lhes que o caso agora

esta acabado e que esta tentando refazer o seu casamento; então, faça-os prometer que

manterão segredo e apoiarão o compromisso com o seu cônjuge. Se este futuramente

descobrir o caso, você pode admitir-lhe a verdade e explicar como tentou corrigir a situação

sem causar muita confusão. As pessoas tendem a perdoar mais tarde uma infidelidade –

depois de tudo acabado – do que se o outro contar logo, procurando perdão.

E se, no exemplo acima seu(sua) amante conta ao seu cônjuge sobre o relacionamento

porque não esta impressionado(a) pela sua dedicação no Passo 8? Você terá de dizer a

verdade, claro, e esperar o melhor.

Com relação aos namoricos de que ninguém – nem mesmo o “outro(a)” – esta ciente,

deixe como estão! Não há porque balançar o barco quando nem suspeita de onda. “Quando

estivermos dispostos a revelar o pior, devemos ter certeza de que não podemos adquirir nossa

própria paz espiritual às custas dos outros”. Este é um excelente conselho dos A.A.. Se um

relacionamento tem um problema constante e é fonte de tentação para você, discuta-o com a

pessoa em questão, talvez fazendo um acordo para reduzir o perigo.

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Como os exemplos acima ilustram, há circunstâncias que não clamam por perdão.

Cuidado em discerni-las, portanto. Há uma diferença entre silêncio prudente e fuga; no

primeiro, o bem do outro esta em risco; no segundo, somente egoísmo. Exceto pelos

exemplos de situações citadas acima, o Passo 9 pede uma iniciativa de sua parte para

desculpar-se com aqueles a quem você prejudicou e fazer reparações, se necessário.

Faça um programa, relacionando com quem falará, o que e quando dirá. Cartas e

telefonemas são formas muito agradáveis de comunicar opiniões aos outros; encontros face

a face são, muitas vezes, impossíveis, e podem não ser o melhor. O ponto importante agora –

antes que seja tarde! Você não viverá para sempre, nem aqueles a quem prejudicou. Você se

sentirá muito melhor e seus relacionamentos melhorarão depois de ter feito as reparações.

Discussões em Grupo:

1. Você acredita que às vezes é melhor não dizer nada, ou deve ser sempre sincero com

outros?

2. Qual a importância em alterar seu modo de vida para minimizar os efeitos negativos

que causa em pessoas da família? E em pessoas de outras culturas e países?

3. Como você se sente quando uma pessoa que o prejudicou procura perdão?

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Passo nº10 - Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando

estamos errados, nós admitimos prontamente.

Se nos esforçamos para completar os Passos de 1 a 9, começamos, sem dúvida

nenhuma, a experimentar níveis de paz e contentamento até agora desconhecidos para nós.

“Será que conseguiremos isto?”, muitas pessoas surpreendem-se nesse ponto. “Ou isto tudo é

algum tipo de faísca no escuro – uma boa experiência de amadurecimento, mas passageira?”

O Passo 10 toca em um ponto crítico de nosso processo de crescimento, afirmando o

processo que fizemos até agora, enquanto indica o caminho para continuarmos o crescimento

espiritual. Os problemas do passado eram o resultado da nossa própria inconsciência e falta de

reflexão. Permitimos que pequenos problemas crescessem dia após dia até se tornarem

grandes problemas. Nossa falta de comprometimento consciente para com o crescimento na

graça e na virtude permitiu que defeitos de caráter se tornassem malignos e ficamos mais

vulneráveis ao poder do pecado por nossa indisciplina. Se continuaremos a construir sobre o

bom alicerce iniciado, devemos praticar o Passo 10 regularmente.

Para começar: O que entendemos por inventário pessoal? Devemos sempre fazer

longas reflexões como as dos Passos 1, 4, 6 e 8? O excesso de análise não seria prejudicial?

Estas são algumas perguntas que vêm a mente neste momento.

Inventário pessoal significa exame regular, contínuo, de nossas forças e fraquezas,

motivações e comportamentos. Inácio de Loyola considerava-o tão importante como a prece

diária porque ele, como muitos outros mestres espirituais, descobriu que é muito fácil regredir

na vida espiritual. “Se você não esta progredindo, esta regredindo”, assim dizem os

espiritualistas, todos os que praticam o Passo 10, de alguma maneira, durante suas vidas.

Contudo, o inventário regular não precisa ser uma questão monumental. Pouco mais que

quinze minutos por dia é o suficiente – um pequeno preço a pagar para a continuidade do bom

trabalho que iniciamos.

Tipos de inventário pessoal

Examinar os motivos e comportamentos pode ser feito inúmeras maneiras, cada qual

com suas vantagens e limitações. Alguns dos meios mais comuns de fazer um inventário são

discutidos abaixo:

1. Verificação aleatória: Significa por poucos minutos, muitas vezes ao dia, para rever o

que está acontecendo com você. O que você esta sentindo? Você tem agido com amor

ou com egoísmo? Se você prejudicou alguém, agora é hora de admiti-lo e fazer

reparos.

2. Exame de consciência diário: É bom para ao final de cada dia para ver o que aconteceu

e como você agiu. O tempo para esse exame geralmente dura uns quinze minutos, e

você deve reservar tempo para fazê-lo.

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(a) Relaxamento: Durante alguns minutos, sente-se confortavelmente e relaxe. Tente

limpar a sua mente de pensamentos que o distraiam, porém não se preocupe se não o

conseguir completamente.

(b) Oração: Agradeça a Deus pelo seu dia e graças recebidas. Peça ao Espírito Santo

para ajudá-lo a examinar seu dia e observar seu comportamento e motivos, assim

como Deus os observou.

(c) Exame: Faça uma lista dos acontecimentos importantes do dia em seu diário. O que

você estava sentindo durante aqueles momentos? Que tipos de pensamentos foram a

base de seus sentimentos? Você agiu por amor ou por egoísmo? Rascunhe algumas

observações em resposta a essas perguntas.

(d) Resolução: Identifique o defeito de caráter ou circunstância que é a causa mais

importante de suas dificuldades. Como você lidará com esse problema no futuro? Em

termos de amor, como você trabalhará a dificuldade? Escreva um pequeno plano de

ação e leia-o na manhã seguinte.

3. Dias de recordação e retiro: São dias especiais, fins de semana ou mesmo semanas,

quando as pessoas se devotam inteiramente a ouvir a Palavra de Deus, palavra de

nossas vidas. Existe uma variedade de opções disponíveis, incluindo silêncio, orações e

experiências de grupo.

4. Direção espiritual: Encontrar-se regularmente com um cristão que já tenha atingido

seu amadurecimento, para partilhar como decorre sua vida em Cristo, envolve algum

tempo. O diretor espiritual é uma pessoa comprometida em torná-lo responsável por

seu próprio crescimento espiritual; ele ou ela vai normalmente querer saber o que

está acontecendo em sua vida, por isso o tempo para o inventário é uma parte normal

da sessão.

5. Grupos de apoio: Encontrar-se regularmente com um pequeno grupo de cristãos,

comprometidos para se apoiarem mutuamente assim como suas vidas em Cristo é

outro recurso para seu crescimento contínuo. Muitos desses grupos encorajarão a

partilhar de seu inventário durante o encontro e, assim, os membros do grupo podem,

muitas vezes, fazer comentários úteis, avaliando seus relacionamentos.

Depois de ter o escrito o inventário acima, você perceberá que não pode utilizar todos

esses recursos em todos os dias. Um compromisso mínimo com o Passo 10 deve incluir a

verificação aleatória três ou mais vezes ao dia, exame de consciência diário e um dia ao ano

para recordação e retiro. Muitas pessoas preferem reuniões de grupo de apoio a cada duas

semanas e diálogos mensais com um diretor espiritual integrado à sua rotina diária. Este

programa não o tornará uma pessoa excessivamente analítica nem acarretará compromisso

desmedido de tempo. Se o crescimento no amor é sua prioridade número 1, não meça

esforços para manter sua disciplina.

As pessoas que fazem o inventário regularmente tornam-se mais conscientes de seus

créditos e débitos. São menos acometidas por sentimentos de ódio, de solidão e da

autoindulgência porque estão mais equilibradas emocionalmente. A direção incerta da vida

que caracteriza tantas pessoas não se aplica a elas, que sabem quem são, o que querem e para

onde caminham. São, portanto, mais capazes de se tornarem pessoas conscientemente

caridosas, que é o objetivo da vida cristã.

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Discussão em Grupo:

1. “Se você não está progredindo, está regredindo.” Você concorda com essa declaração?

Por quê? (Por que não?)

2. Como a auto avaliação constante ajuda uma pessoa a crescer espiritualmente?

3. Diga como você está praticando este Passo em sua vida.

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Passo nº11 - Procuramos, através da prece e da meditação,

melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o

concebemos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em

relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

Jesus foi o maior psicólogo que já existiu. Muito antes de Freud, ele entendeu que o

comportamento humano é definitivamente baseado na visão de nós mesmos e da realidade.

“O homem bom tira de seu tesouro coisas boas, mas o homem mau tira de seu tesouro coisas

más”, ele nos diz, acrescentando: “E eu voz digo: de toda palavra fútil que os homens falarem,

terão de dar conta no dia do juízo” (Mateus 12, 35-36). Aliar nosso comportamento em

conformidade com o amor exige que pensemos da maneira que Jesus pensa – para ver o

mundo da maneira que Deus o vê. A leitura e o estudo espiritual contribuem para esse

processo, mas a oração e a meditação são indispensáveis.

Se é para nos tornarmos novas pessoas, não devemos somente matar velhas formas

de pensar, mas também assumir uma nova mentalidade. “Não vos conformeis com os

esquemas do mundo, mas transformai-vos pela renovação do espírito”, escreveu São Paulo na

Carta aos Romanos 12,2. Verificações aleatórias e exames de consciência ajudam-nos a

identificar o que vai em nossas mentes de acordo com a mente de Cristo.

Muitas pessoas reconhecem o valor da oração, porém poucas a praticam

sinceramente. “Eu não preciso de tempo para a oração”, afirma um dito popular. “As pessoas

não precisam rezar; o importante é fazermos o bem”, diz outro. Entretanto, muitos

espiritualistas definiam a oração de forma completamente diferente. Eles não valorizam a

oração porque ela os ajudava a praticar o bem, mas porque viam a oração como mais valioso

resultado, o qual as boas ações ajudavam a aprofundar. Valorizavam a oração como a mais

importante disciplina em suas vidas e rezavam diariamente.

Oração particular

“A oração eleva a mente e o coração a Deus”, declara-se há muito tempo. Os

evangelistas frequentemente chamam a atenção para as muitas vezes em que Jesus ficou

sozinho para dirigir sua mente e coração a Deus. Se Jesus, o verdadeiro filho de Deus, sentia

necessidade de oração em sua vida, quanto mais nós precisamos rezar?

Existem muitos livros e folhetos sugerindo formas diversas de oração. Temos de

descobrir a que nos é mais adequada, mas é duvidoso que experimentemos seus benefícios se a

procurarmos com uma atitude errada.

Muitas pessoas oram como se esperassem, através de sua oração, acordar um Deus

indiferente e adormecido. As pessoas espiritualmente amadurecidas afirmam ao contrário:

rezamos porque um Deus caridoso, ansioso para comunicar-se conosco, quer acordar-nos do

sono espiritual e da indiferença. A oração é um projeto de Deus. Pela oração, colocamo-nos

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presentes diante de um Deus que já está presente no meio de nós. Somente então as

seguintes sugestões para orar fazem algum sentido:

1. Solidão: “Quando rezares, entra no quarto, fecha a porta e reza ao Pai que está no

oculto”, ordenou Jesus em Mateus 6,6. Embora muito se fale da oração comunitária, a

oração particular não pode ser substituída por nenhuma outra atividade. Devemos ir a

algum lugar onde estejamos sozinhos e onde não seremos incomodados; estar sozinho

com Deus é a solidão da oração.

2. Silêncio: “E nas orações não faleis muitas palavras como os pagãos. Eles pensam que

serão ouvidos por causa das muitas palavras” (Mateus 6,7). A oração deve ser

silenciosa. Palavras e sentimentos trocados com Deus acontecem no silêncio.

3. Tempo: Jesus passava noites inteiras em oração; poucos de nós passamos quinze

minutos. Qualquer tempo gasto em oração é provavelmente melhor do que tempo

algum, mas duvidamos que o silêncio interior e a escuta receptiva da Palavra de Deus

aconteça em menos de vinte minutos. O momento da oração também primordial. Não

espere até que esteja cansado e com sono, por exemplo, porque será difícil elevar sua

mente e coração para Deus.

4. Eliminar distrações: Muitas pessoas, no momento da oração, estão com suas mentes

cheias de todos os tipos de pensamentos e sentimentos, muitos dos quais interferem

na qualidade da oração. Dizer a Deus o que você pensa e sente é uma forma de clarear

sua mente; respirar profundamente e repetir tranquilamente uma palavra como

“Jesus” ou “Abba” é outra forma de superar essas interferências. Qualquer que seja o

método empregado, não é fácil eliminar as distrações. Poucas pessoas obtêm sucesso;

por isso não desencoraje se surgir alguma distração no seu tempo de oração. Seja

paciente consigo mesmo; simplesmente volte sua mente para Deus todas as vezes que

se distrair. São Francisco de Sales acreditava que isso já era uma prática valiosa.

5. Ouvir: Você ora porque tem alguma coisa a dizer a Deus e ele tem alguma coisa a dizer

para você. Mas, se você fala o tempo inteiro, jamais ouvirá a resposta de Deus. Depois

de aquietar sua mente, leia uma pequena passagem das Escrituras e considere-a como

se tivesse sido escrita somente para você. Use a imaginação para recriar a cena!

6. Reflexão/ Meditação: Depois de ler a passagem das Escrituras (ou de outro livro),

pergunte-se: O que esta passagem diz para mim sobre Deus? Sobre minha vida? Essas

e outras perguntas devem ser ponderadas durante o tempo de meditação. Continue

assim até que tenha extraído todo significado da passagem (para o momento, pelo

menos). Então rascunhe algumas notas em seu diário para o futuro.

7. Atos de agradecimento, súplica e perdão: Podem ser mais comuns no início da sua

hora de oração. A escolha do momento certo realmente não é tão importante.

Agradecer a Deus pelos dons concedidos e pedir-lhe ajuda em momentos de

necessidade vêm naturalmente para qualquer um, porém o mais difícil é pedir perdão.

Então diga a Deus que você se arrepende pelas muitas vezes em que falhou e não

amou devidamente. Reze por você mesmo, pelos outros e pela paz na terra. Nas

palavras de Santo Afonso: “A oração pode fazer tudo. O que não podemos fazer por

nossos próprios esforços, podemos fazer facilmente com a ajuda de Deus obtida

através da oração.”

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8. Atos de adoração: Se você deseja louvar e adorar a Deus, seja grato por essa imensa

graça. Amar a Deus com todo o seu coração, mente e alma é uma experiência que você

pode viver algumas vezes durante a oração. Seja receptivo para a graça contemplativa,

pois a oração de contemplação não é somente para os místicos. Deus quer que todos

orem dessa maneira. Os atos de adoração plantam sementes de amor divino dentro do

coração; e elas produzirão frutos cem por um (ver Marcos 4,20) porque caíram em solo

fértil. Santo Agostinho afirmou que a oração de adoração era a maior alegria que os

seres humanos poderiam experimentar. Você não deve deixar de vivenciar o que ele

nos ensinou.

Se você reservar um tempo regular para praticar o essencial da oração, discutido tão

brevemente acima, tornar-se-á, com certeza, mais consciente da presença de Deus em sua

vida. Andará por este mundo turbulento com um espaço silencioso em seu coração para

subjugar tentações e absorver os choques emocionais que encontrar em seu caminho a cada

dia. Sua vida emocional se tornará mais estabilizada; você experimentará liberdade interior

como nunca experimentou! A vontade de Deus lhe será mais evidente e o poder de viver

obedientemente lhe será dado.

Oração Comunitária

Muitas das formas de oração particular citadas podem ser experimentadas na oração

comunitária. Muitas dessas orações se resumem na escuta da Palavra de Deus. Há um ministro

que direciona a reflexão da Palavra; o tempo é dividido entre súplica e orações de ação de

graças; muitas vezes é dado tempo para adorar a Deus em silêncio. Tanto a oração em

particular como a comunitária são necessárias para a alimentação espiritual.

Quando você ora com a comunidade, reconhece o valor da vida partilhada em Cristo,

pois Deus é Trindade, e o mais importante objetivo do amor é a comunidade. Um cristão sem

comunidade é como um peixe fora d’água: morre. Na comunidade, você experimenta o sabor

do Reino de Deus: por momentos, você deixa um pouco do mundo, enquanto torna o amor

mais real para você e para os outros. Sua oração comunitária é, portanto, muito importante,

ajudando-o a tornar-se mais consciente do plano que Deus tem para você, como o Passo 11

sugere e apóia.

A prece comunitária toma formas variadas. Muitos cultos protestantes caracterizam-se

por cantos e pregações; a adoração pentecostal é afetiva e espontânea; a missa católica

combina liturgia da Palavra com a liturgia eucarística para celebrar o Pão da Vida, dado e

recebido em uma cerimônia comunitária. Na verdade, todos os sacramentos são celebrações

comunitárias – cada um significando uma presença especial de Cristo no meio de seu povo. Em

cada caso, a prece comunitária é combinada com a prece particular. Ambas nos enriquecem e

nos aprofundam de maneira especial!

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Reflexão em Grupo:

1. Como você ora? Que benefícios você experimenta com a oração?

2. Como você consegue eliminar as distrações durante sua prece particular e vice-versa?

3. Como a prece comunitária afeta sua prece particular e vice-versa?

4. Quando uma pessoa pode verdadeiramente dizer: “Minha vida é uma oração”?

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Passo nº12 - Tendo experimentado um despertar espiritual,

graças a esses Passos, procuramos transmitir esta mensagem a

outros e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

Alguns escritores cristãos resumiram os movimentos de crescimento pessoal em três

conceitos: “Aceite você mesmo, seja você mesmo e partilhe você mesmo”. E o que fazemos

neste programa – enfatizando que nosso verdadeiro “eu” não é egoísta e ávido ego. Nossa

identidade real, descobrimos, está em Jesus Cristo. “Vossa vida está oculta com Cristo em

Deus” (Colossenses 3,3). E com “oculta” São Paulo não quer dizer para não mencionar Jesus

em nossas vidas; simplesmente chama a atenção para o fato de que nossas vidas estão agora

misteriosamente unidas à própria vida de Jesus.

O Passo 12 afirma todo o progresso que temos feito até agora e nos encoraja a

partilhar a Boa Nova de Cristo com os outros. Fazemos isso porque já tivemos o despertar

espiritual; portanto, agora apreciamos as graças que recebemos. Se somos honestos com nós

mesmos, percebemos que muitas dessas graças chegaram até nós através de outras pessoas.

São pessoas que, em algum momento no passado, influenciaram-no de várias maneiras –

talvez até muito pouco – e finalmente nos fizeram considerar seriamente o significado real de

ser cristão. Agora é nossa vez de fazer o mesmo para os outros.

Mas como levar a mensagem aos outros? E como nos certificar de que tivemos o

despertar espiritual? Provavelmente muitos se sentirão melhor consigo mesmos como

resultado da perseverança nos primeiros onze Passos. É esse o despertar espiritual?

Finalmente, há a questão da prática desses princípios em todas as áreas da vida. Que

princípios? Aprendemos muitas coisas durante esse tempo, e será difícil lembrar-nos de todas

elas.

Este último Passo pode ser dividido em três tópicos separados, porém relacionados:

despertar espiritual, evangelização e vida diária. Vamos examinar cada um detalhadamente,

de forma a responder às perguntas acima.

Despertar espiritual

Uma palavra excessivamente empregada em nossa sociedade é “espiritual”. Neste

livro, esclarecemos o que significa uma pessoa espiritual e sugerimos práticas para ajudar-nos

a ser mais espirituais. Já analisamos a enorme diferença entre a vida espiritual e a vida

organizada pelo egoísmo.

Ser uma pessoa espiritual significa estar consciente da presença de Deus e procurar

realizar a sua vontade em nossas vidas. É uma consciência e um compromisso diferentes de

uma mera tomada de consciência dos objetivos, valores e sentimentos de uma pessoa. Uma

pessoa espiritual tem objetivos, valores e sentimentos abraçados pelo profundo amor a Deus e

um ardente desejo de agradar-lhe. As pessoas somente psicologicamente motivadas podem

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também se comprometer com os valores cristãos; porém, sem a fé que vem da motivação

espiritual, não experimentarão a maravilha de serem amadas no âmago do ser. A

espiritualidade está, portanto, intrinsecamente relacionada com a fé, sem a qual é difícil

conhecer e agradar a Deus.

“Qual é a razão, então, em ser espiritual, se podemos ser bons sem um compromisso de

fé consciente?” podem alguns perguntar. É uma boa pergunta, porque as pessoas espirituais

não tem monopólio sobre o comportamento ético. Ser uma pessoa espiritual exigirá de nós um

comportamento ético mais consistente do que se simplesmente nos forçássemos para fazer o

bem. Como seres espirituais, reconhecemos todas as pessoas como filhos de Deus e não

podemos ficar tranquilos com as várias formas de injustiça. Comprometemo-nos a nos tornar

embaixadores para a reconciliação do mundo em Cristo. É o próprio desejo da visão de Cristo

que nos move a fazer o bem. Os atentos humanistas não possuem essa perspectiva para

manter a atenção e energia focalizadas no amor. Comprometer-se com a vida espiritual faz

mais que mover o comportamento caridoso. Cultivar e nutrir a espiritualidade cristã nos

habilitará a experimentar aqui na terra a vida em plenitude (ver João 10,10).

Compreendemos a profundidade da vida e reagimos a ela de forma que os outros não

podem compreender totalmente (ver 1Corintios 1, 10-16).

Reconhecendo o fato de que você já teve um despertar espiritual, o Passo 12 afirma a

possibilidade de você tornar-se mais consciente da presença de Deus em sua vida e de

começar a fundamentar seu caráter em Cristo. O trabalho constante com os Passos 10 e 11

será especialmente útil para aprofundar sua consciência espiritual. Mesmo assim, você jamais

terá plena consciência espiritual na terra. Sempre lhe aparecerá como se você “visse por um

espelho obscuro” (ver 1 Coríntios 13,12). Você está apenas começando a despertar

espiritualmente.

Evangelização

As pessoas são educadas para cuidar apenas do que lhes diz respeito. Então, quando

alguém lhes diz em que deveriam acreditar nesta vida e na vida eterna, elas geralmente se

fazem de surdas (ou ainda pedem para que sumam!). Não gostamos de receber conselhos; não

gostamos de ser obrigados a fazer qualquer coisa que não nos faça sentir bem. Todavia, este

Passo nos diz que devemos “levar essa mensagem aos outros” – aos que nem sequer desejam

ouvi-la!

O Passo 12 não defende o comportamento atrevido e de dono da moral. É preciso

comunicar a Boa Nova de forma receptiva, como algumas que vamos analisar. Mas primeiro

precisamos estar convictos de que é mesmo uma mensagem de Boa Nova que partilharemos.

Se nossa vida em Cristo não nos traz paz e alegria, então por que uma já infeliz humanidade

nos daria alguma atenção? Quem nunca foi aconselhado por alguma alma teimosa e hipócrita

que se mostrava como se o peso do mundo inteiro estivesse sobre ela? E para onde isso nos

levou? Portanto, não devemos nem tentar esta parte do Passo 12 até que sejamos a Boa

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Nova; se tentarmos uma evangelização prematuramente, somente magoaremos a nós e aos

outros.

A forma mais eficaz de se ir além não é a planejada, mas a que vem naturalmente no

decurso do dia a dia. Se as pessoas com quem convivemos começam a reconhecer em nós

“alguma coisa” especial, naturalmente ficarão interessadas. Esta é a situação ideal: o

questionamento significa que estão prontas para ouvir.

Cada dia, também, traz muitas oportunidades para comunicarmos nossos valores. Os

grupos costumam discutir acontecimentos locais ou mundiais, praticando filosofia e política

com entusiasmo. Quando isso acontecer – e podemos até começar um assunto

espontaneamente -, partilharemos nossas crenças humildes e simplesmente, evitando

insinuações de que estamos certos e os outros errados. Nós, cristãos, estamos muitas vezes

completamente errados na maneira de perceber e entender os acontecimentos; porque

mesmo nossa fé em Cristo jamais garantirá sabedoria infalível.

Partilhar a maneira de conduzirmos nossa vida e as experiências em trabalhar os

problemas é outra forma de fazer com que a Boa Nova seja bem recebida. As pessoas estão

muito mais interessadas em filosofia aplicada do que em conjecturas. Os padres chegaram a

conclusão de que a assembleia ficava mais satisfeita quando não apenas conversavam sobre

um determinado assunto, mas compartilhavam a experiência de suas próprias vidas. Dizer a

alguém que oramos, por exemplo, é mais interessante do que um discurso sobre o porque

todos devem rezar, o que é a oração, etc. Se podemos falar sobre nossas próprias experiências

de vida espiritual, outras pessoas estarão mais inclinadas a ouvir-nos.

Finalmente, evangelizamos ao “tocar” aqueles que estão em necessidade. Há uma

história sobre um hindu que estava morrendo, quando Madre Tereza foi confortá-lo. “O que é

isso?” perguntou o homem, pegando o crucifixo pendurado no pescoço dela. “Isto é um

símbolo para lembrar-me de meu Deus”. Respondeu. “Seu Deus é agora o meu Deus!”

exclamou o hindu com o que restava de suas forças. A caridade na ação fala mais alto que

palavras.

Vida diária

Muitas vezes a vida nos parece tão terrena que nos falta o envolvimento com o seu

significado que a indicação no Passo 12 – “Pratique estes princípios em todas as áreas da

vida!” – nos é totalmente irrelevante. Quando nos tornarmos espiritualmente mais despertos,

tornamo-nos mais conscientes das oportunidades de agir com caridade. Talvez até mudar de

emprego, onde possamos utilizar totalmente nosso potencial.

Conforme já refletimos, somos chamados a viver o amor no nosso dia a dia. O amor é

nosso objetivo, e Jesus, nosso Guia. O esforço para viver uma vida de amor nos lembrará dos

sete pecados capitais que devemos evitar e as virtudes que devemos cultivar. É verdade que

há muito para lembrar ao viver uma vida de amor, porque a própria a vida é preenchida com

ricas e complexas experiências. O esforço não é só nosso e é parte da Boa Nova. Jesus nos

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prometeu uma ajuda – o Espírito de Verdade – para nos conduzir à verdade total (ver João

16,13)

Se regularmente tirarmos as interferências de nossa mente, tornar-nos-emos mais

sensíveis às suaves inspirações do Espírito Santo. Se praticarmos estes 12 Passos em nossas

vidas – especialmente os Passos 10 e 11 -, nossas mentes serão preenchidas com

pensamentos que o Espírito pode usar para lembrar-nos de Deus quando precisarmos.

Praticar os princípios dos Doze Passos é fácil quando temos tão valioso Guia para nos mostrar

o caminho!

Os Doze Passos requerem prática contínua. Você jamais dominará plenamente seu

egoísmo, por isso, constantemente retome o Passo 1; sua necessidade de Deus (Passos 2 e 3)

somente crescerá através dos anos; a autoanálise a reconciliação e o crescimento na virtude

(Passos 4-9) são sempre necessários; o inventário (Passo 10) e a oração (Passo 11) previnem-

no de realimentar o egocentrismo. A disciplina, a prática, a graça e o tempo, finalmente,

trabalharão juntos para moldar sentimentos caridosos, caso você persevere no caminho destes

Passos. A parte mais difícil é começar, e você já começou!

Discussão em Grupo:

1. Como você reage com pessoas que insistem em fazê-lo acreditar no que acreditam?

2. De que modo outras pessoas influenciaram o amadurecimento de sua fé?

3. Se uma pessoa pode ser boa sem ser cristã, então por que se tornar cristão?

4. Conte como você faz sua evangelização em sua vida cotidiana.

5. Como você vivencia o despertar espiritual em sua vida?

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Os Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos:

1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que

tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia

devolver-nos à sanidade.

3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de

Deus, na forma em que o concebíamos.

4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser

humano a natureza exata de nossas falhas.

6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos

esses defeitos de caráter.

7. Humildemente rogamos a Deus que nos livrasse de nossas

imperfeições.

8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos

prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas,

sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudica-

las ou a outrem.

10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e quando estávamos

errados, nós o admitíamos prontamente.

11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso

contato consciente com Deus na forma em que concebíamos e de

sua vontade em relação a nós, e forças para realizarmos essa

vontade.

12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses

Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólatras e

praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

______ Fim ______