seis-sigma-numa-industria-do-setor-automotivo.pdf

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SUMÁRIO Capítulo I – INTRODUÇÃO ............................................................................................... 2 1.1 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO .2 1.2 A ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................3 1.3 A EMPRESA ...............................................................................................................4 1.3.1 A EXPERIÊNCIA DO AUTOR NA EMPRESA..............................................6 1.4 O PRODUTO ..............................................................................................................7 1.5 O PROCESSO...........................................................................................................11 1.6 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO .......................................................................12 1.7 O PROBLEMA .........................................................................................................14 Capítulo II – REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 16 2.1 SEIS SIGMA .................................................................................................................. 17 2.2 A METODOLOGIA DMAIC ..................................................................................18 2.2.1 Definição ( define)................................................................................................19 2.2.1.1 As Ferramentas ...........................................................................................19 2.2.1.2 SIPOC (Supplies, Inputs Boundaries, Process, Output Boundaries, Customers) ................................................................................................................20 2.2.1.3 O Mapa do Processo ...................................................................................21 2.2.2 Medição ( measure) .............................................................................................23 2.2.2.1 Ferramentas Básicas da Fase Measure .....................................................25 2.2.2.1.1 Capabilidade e Nível Sigma no Longo Prazo ....................................27 2.2.2.1.2 Controle Estatístico de Processo .........................................................27 2.2.2.2 Análise do Sistema de Medição ..................................................................29 2.2.3 Análise (Analyze) ................................................................................................32 2.2.3.1 O Mapa do Pensamento (Thought Map - TMAP) ...................................33 2.2.3.2 Técnicas de Shainin .....................................................................................35 2.2.4 Melhorias (Improve ) ...........................................................................................36 2.2.5 Controle ( Control) ..............................................................................................38 Capítulo III – APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DMAIC ........................................ 40 3. 1 FOCANDO NO PROBLEMA (DEFINE) .............................................................41 3.2 MEDIÇÃO ( MEASURE) ..........................................................................................47 3.2.1 Mapeamento do Processo de Montagem..........................................................48 3.2.2 Análise do Sistema de Medição .........................................................................51

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  • SUMRIO

    Captulo I INTRODUO ...............................................................................................2

    1.1 A IMPORTNCIA DA QUALIDADE COMO ESTRATGIA DE NEGCIO .2 1.2 A ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................3 1.3 A EMPRESA...............................................................................................................4

    1.3.1 A EXPERINCIA DO AUTOR NA EMPRESA..............................................6 1.4 O PRODUTO ..............................................................................................................7 1.5 O PROCESSO...........................................................................................................11 1.6 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.......................................................................12 1.7 O PROBLEMA .........................................................................................................14

    Captulo II REVISO DA LITERATURA.................................................................... 16 2.1 SEIS SIGMA.................................................................................................................. 17

    2.2 A METODOLOGIA DMAIC ..................................................................................18 2.2.1 Definio (define)................................................................................................19

    2.2.1.1 As Ferramentas ...........................................................................................19 2.2.1.2 SIPOC (Supplies, Inputs Boundaries, Process, Output Boundaries, Customers) ................................................................................................................20 2.2.1.3 O Mapa do Processo ...................................................................................21

    2.2.2 Medio (measure) .............................................................................................23 2.2.2.1 Ferramentas Bsicas da Fase Measure .....................................................25

    2.2.2.1.1 Capabilidade e Nvel Sigma no Longo Prazo ....................................27 2.2.2.1.2 Controle Estatstico de Processo.........................................................27

    2.2.2.2 Anlise do Sistema de Medio ..................................................................29 2.2.3 Anlise (Analyze) ................................................................................................32

    2.2.3.1 O Mapa do Pensamento (Thought Map - TMAP) ...................................33 2.2.3.2 Tcnicas de Shainin.....................................................................................35

    2.2.4 Melhorias (Improve) ...........................................................................................36 2.2.5 Controle (Control) ..............................................................................................38

    Captulo III APLICAO DA METODOLOGIA DMAIC ........................................ 40

    3. 1 FOCANDO NO PROBLEMA (DEFINE).............................................................41 3.2 MEDIO (MEASURE)..........................................................................................47

    3.2.1 Mapeamento do Processo de Montagem..........................................................48 3.2.2 Anlise do Sistema de Medio.........................................................................51

  • 3.3 ANALISANDO AS POSSVEIS CAUSAS DO PROBLEMA (ANALYZE)........55 3.3.1 Analisando os componentes ..............................................................................56 3.3.2 Anlise de Processos e Dispositivos relativos aos Componentes....................60 3.3.5 Anlise do Sistema de Medio.........................................................................72 3.3.6 Anlise de Dispositivos ......................................................................................73 3.3.7 Confirmao da Influncia do Cabeote (Shainin) .........................................74 3.3.9 Vazamento do Cabeote ....................................................................................78

    3.4 MELHORIAS (IMPROVE)......................................................................................84 3.4.1 Validao dos EIMEs .......................................................................................85 3.4.2 Correo dos processos (eliminao das causas especiais).............................88 3.4.3 Construo de um Novo Dispositivo de Medio do Link .............................89 3.4.4 Reviso dos Planos de Manufatura ..................................................................91 3.4.5 Alterao de Engenharia ...................................................................................91 3.4.6 Impacto das Melhorias nos Indicadores ..........................................................92

    3.5 CONTROLE (CONTROL).......................................................................................95 Captulo IV - CONCLUSES ............................................................................................ 97

    4.1 VERIFICAO DOS BENEFCIOS PREVISTOS DO PROJETO ..................98 4.2 ESTIMATIVA ANUAL DE RETORNO FINANCEIRO DO PROJETO ..........99 4.3 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS.................................................104

    LISTA DE REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................... 108

    ANEXO I CONTRATO DO PROJETO..................................................................111 ANEXO II RESULTADOS INICIAIS DE R&R PARA OS SISTEMAS DE M EDIO MAIS CRTICOS DA REA DO CABEOTE HIDRULICO ........114 ANEXO III DESENHO DE ENGENHARIA DO NOVO DISPOSITIVO DE M EDIO DO LINK...................................................................................................117

  • LISTA DE FIGURAS

    Captulo I - INTRODUO

    Figura 1.3.1: Principais clientes Delphi..............................................................................................................5

    Figura 1.4.1: Bomba injetora Delphi...................................................................................................................8

    Figura 1.4.2: Cabeote Hidrulico acabado, composto por Luva (interno) + Barril (externo).........................10

    Figura 1.4..3: Regio interna do barril com os canais de passagem do leo em destaque................................10 Figura 1.5.1: Processo geral de fabricao de uma bomba injetora..................................................................11

    Captulo II REVISO DA LITERATURA

    Figura 2.2.1.1 : Fase define da metodologia DMAIC...................................................................................... . 19

    Figura 2.2.1.2.1: Mapa global do processo.......................................................................................................20

    Figura 2.2.2.1 : Fase measure da metodologia DMAIC....................................................................................23

    Figura 2.2.2.1.1: Conceito de variao sigma de um processo....................................................................... ..26

    Figura 2.2.2.2.1: Sistema de Medio: a rvore da variao......................................................................29

    Figura 2.2.2.2.2: Diferena de reprodutividade entre medidores........................................................ .............30

    Figura 2.2.2.2.3: Diferena de repetitividade entre equipamentos...................................................................31

    Figura 2.2.3.1 : Fase analyze da metodologia DMAIC......................................................................................32

    Figura 2.2.3.2 : Diagrama genrico da fase analyse...........................................................................................33

    Figura 2.2.3.1.1: Mapa do pensamento............ .................................................................................................34

    Figura 2.3.4.1 : Fase improve da metodologia DMAIC.....................................................................................36

    Figura 2.2.5.1 : Fase control da metodologia DMAIC......................................................................................38

    Captulo III APLICAO DA METODOLOGIA DMAIC

    Figura 3.1.1: ndice de rejeies pela primeira vez para toda a planta (valor acumulado de 12 meses)..........41

    Figura 3.1.2: ndice de rejeies de bombas acumulado em 12 meses.............................................................42

    Figura 3.1.3: Rejeio por tipo de bombas para os primeiros meses de 2004.................................................42

    Figura 3.1.4 Evoluo do ndice de rejeio no teste de bombas DPA.............................................................43

    Figura 3.1.5: Grfico de Pareto para os tipos de defeitos................................................................................45

    Figura 3.1.6: Bomba Injetora DPA com o conjunto regulador em destaque....................................................45

    Figura 3.2.1: ndice de rejeies de bombas em junho de 2004.......................................................................47

  • Figura 3.2.2 : Volume de produo de bombas..................................................................................................48 Figura 3.2.1.1 : Mapa do Processo de montagem de bombas, onde as entradas so listadas abaixo e as sadas

    listadas acima dos postos de trabalho correspondentes....................................................................................50

    Figura 3.2.2.1 : Medio do comprimento do link com o conjunto regulador em destaque..............................52

    Figura 3.2.2.2: Estudo do Sistema de Medio para medida do comprimento do link da bomba....................53

    Figura 3.3.1: Diagrama de Ishikawa para o problema no d dosagem aps regulador, ou NDAR..........55

    Figura 3.3.1.1 : Curva de desempenho da bomba V8860A221W conforme especificao com cliente............59

    Figura 3.3.1.2: Curva de desempenho da bomba V8860A221W com componente de outro modelo de

    bomba.................................................................................................. ...............................................................59

    Figura 3.3.2.1 : Furo angular do cabeote hidrulico.........................................................................................62

    Figura 3.3.3.1: Components Search com a bomba V8860A221W...................................................................65

    Figura 3.3.4.1: Fabricao do cabeote Hidrulico...........................................................................................67

    Figura 3.3.4.2 : Mapa do processo de fabricao da luva e o do barril..............................................................68

    Figura 3.3.4.3 : Processos crticos de fabricao do cabeote............................................................................71

    Figura 3.3.6.1: Furo do avano do cabeote hidrulico....................................................................................74

    Figura 3. 3.7.1: Components Search com a bomba V8861A200W..................................................................75

    Figura 3.3.8.1 : Estudo de capabilidade das caractersticas (processos) mais crticos.......................................76

    Figura 3.3.8.2: Estudo de capabilidade das caractersticas (processos) mais crticos.......................................77

    Figura 3.3.9.1: Circularidade do barril n1........................................................................................................80

    Figura 3.3.10.1: Anlise de 5 Porqus..............................................................................................................83

    Figura 3.4.1.1: Novo estudo de R&R para o dimetro interno do barril.......................... .................................87

    Figura 3.4.2.1: Distribuio dos processos aps correo......................................................... .......................88

    Figura 3.4.3.1 : Novo dispositivo para medio do link com sensor.................................................................89

    Figura 3.4.3.2 : Anlise de capabilidade do novo instrumento de medio do link..........................................90

    Figura 3.4.6.1 : Evoluo da ocorrncia de defeitos de regulador.....................................................................92

    Figura 3.4.6.2: ndice de rejeio de bombas DPA..........................................................................................93

    Figura 3.4.6.3: ndice global de rejeio de bombas DPA.. ..............................................................................94

    Figura 3.4.6.4: Evoluo do ndice de rejeio de bombas que apresentavam altos ndices de rejeio..........95

    Captulo IV CONCLUSES

    Figura 4.2.2: Gastos com retrabalho na rea do cabeote hidrulico. .............................................................100

  • LISTA DE TABELAS

    Captulo I INTRODUO

    Tabela 1.3.1: Principais clientes Delphi..............................................................................................................5

    Captulo III APLICAO DA METODOLOGIA DMAIC

    Tabela 3.1.1: Lista de defeitos...........................................................................................................................44

    Tabela 3.2.2.1 : Resultados do Estudo de MSA baseado nas medies do link de 10 bombas..........................54

    Tabela 3.3.1.1 : Principais bombas explodidas em seus principais componentes (julho/2004)........................57

    Tabela 3.3.1.2 : Matriz /NO aplicada aos problemas relacionados ao ajuste do parafuso regulador......58

    Tabela 3.3.2.1: Resultado dimensional de um cabeote de bomba rejeitada.....................................................62

    Tabela 3.3.5.1 : Estudo de MSA dos processos crticos do cabeote.................................................................72

    Tabela 3.3.5.2: Critrio de aceitao do sistema de medio...........................................................................73

    Tabela 3.3.9.1: Teste de vazamento entre componentes ...................................................................................79

    Tabela 3.4.1.1 : Correo dos EIMEs da rea do cabeote...............................................................................85

    Tabela 3.4.1.2: Validao dos sistemas de medio de medio.......................................................................86

    Tabela 3.4.1.3: Estudo de R&R para o sistema que mede o dimetro interno do barril....................................87

    Tabela 3.4.3.1: sada do estudo de capabilidade pelo software Minitab............................................................90

    Tabela 3.4.4.1 : Alteraes necessrias nos planos de manufatura.....................................................................91

    Captulo IV CONCLUSES

    Tabela 4.2.1 : Retrabalho da linha de bombas DPA.............................................................................. .............99

    Tabela 4.2.2: Custo de Oportunidade para a linha de bombas DPA............................................................. ...101

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    BOB melhor das melhores (do ingls best of best) CEP Controle estats tico de processo COPQ Custo da m qualidade (do ingls Cost of Poor Quality) Cp e Cpk ndices de capacidade do processo DMAIC Definir, medir, analisar, melhorar e controlar (do ingls define, measure, analyze, improve, control) DPA Tipo de bomba injetora (do ingls distribution pump A) DPC Tipo de bomba injetora (do ingls distribution pump C) DPG Tipo de bomba injetora (do ingls distribution pump generator) DPMO Defeitos por milho de oportunidades DPO - Defeitos por unidades DFSS Design for Six Sigma EDAR Excede dosagem aps regulador (tipo de falha da bomba) EIME Equipamentos de inspeo, medio e ensaio FMEA Anlise dos modos e efeitos de falha (do ingls failure mode and its effects analysis) FTQ First Time Quality GB Green Belt LIE Limite inferior de especificao LSE Limite superior de especificao MSA Anlise do sistema de medio (do ingls: measure system analysis) NAR No ajusta regulador (tipo de falha da bomba)

  • NDAR No d dosagem aps regulador (tipo de falha da boma) PPM Partes por milho R&R Reprodutividade e Repetitividade SIPOC Fornecedores, entradas, processos, sadas e clientes (do ingls: suppliers, inputs, processes, outputs and custumers) TMAP Mapa do pensamento (do ingls: thought map) VOC Voz do Cliente (do ingls voice of customer) VOP Voz do Processo (do ingls: voice of process) WoW Pior das piores (do ingls worst of worst) Z distribuio normal padronizada Zcp- Capacidade Seis Sigma de curto prazo Zd Deslocamento de 1,5 sigmas ZlP Capacidade Seis Sigma de longo prazo

  • Captulo I

    INTRODUO

  • Captulo I Introduo____________________________________________________2

    1.1 A IMPORTNCIA DA QUALIDADE COMO ESTRATGIA DE NEGCIO Em funo do crescente globalizao dos mercados, a competio pelo menor preo e pela

    mxima qualidade cada vez maior. A extrema facilidade de acesso aos mercados por

    qualquer organizao eleva em muito a concorrncia entre elas e obriga-as a oferecem

    produtos altamente competitivos em relao a preo, desempenho, entrega e qua lidade.

    Com isso, as empresas tm a necessidade de renovar suas estratgias para sustentar seus

    negcios e oferecer produtos e servios mais competitivos.

    Dentre as diversas estratgias praticadas pelas empresas nos ltimos anos, as estratgias

    voltadas para a melhoria da qualidade tm ganhado um papel muito importante no cenrio

    mundial. Como exemplo, podemos citar a qualidade total, a reengenharia de processos, a

    eliminao de fronteiras, as alianas estratgicas, os planejamentos por cenrios, e o Seis

    Sigma.

    Esta ltima estratgia tem se destacado bastante em funo do carter revolucionrio que se

    deu a sua aplicao em muitas grandes empresas, tais como: Dow Qumica, Du Pont, GE,

    Kodak, Nokia, Sony, Motorola, etc..

    O sucesso da aplicao do Seis Sigma nestas empresas deve-se em muito ao grande ganho

    financeiro obtido. Alm disso, o que tem atrado muito as empresas a ambio por

    processos com baixssima variabilidade e alto controle. A idia de se produzir

    pouqussimas peas com defeitos a um baixo custo to idealizada pelos clientes quanto

    pelos fornecedores, que querem satisfaz- los, e ao mesmo tempo lucrar. Em outras

    palavras, um processo bastante capaz significa muita economia e muita satisfao.

    A difuso do Seis Sigma em todo mundo teve inicio na Motorola nos anos 80. O sucesso

    obtido pela Motorola despertou o interesse de inmeras empresas, inclusive de seus

    concorrentes. A partir destes momento, a estratgia Seis Sigma passou a ser empregada

    como estratgia de qualidade em diversos segmentos da economia.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________3

    O conceito deste conceito estratgico no est em novas ferramentas estatsticas, mas est

    na metodologia de aplicao, que pode ser voltada para a soluo ou preveno de

    problemas. Para Bayle et al. (2001), o Seis Sigma faz uso de uma grande variedade de

    ferramentas estatsticas e da qualidade e seria irracional pensar que um conjunto de

    ferramentas possa ser

    utilizado indiferentemente do tipo de processo ou produto, devendo-se avaliar de forma

    adequada quais ferramentas utilizar para cada caso. A escolha das mais apropriadas

    tcnicas,

    varia de organizao para organizao, no h nenhuma metodologia padro e organizao

    que seja capaz de escolher a mais apropriadas das tcnicas para ela (Pande et al., 1998).

    Uma grande vantagem do Seis Sigma est na sua flexibilidade de aplicao. O Seis Sigma

    no apenas um pacote de ferramentas estatsticas, mas uma metodologia robusta que pode

    ser aplicada em organizaes de quaisquer natureza e trazer timos resultados.

    1.2 A ESTRUTURA DO TRABALHO

    O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a aplicao prtica da estratgia de

    qualidade Seis Sigma numa empresa do setor automotivo, expondo a maneira como a

    metodologia DMAIC direcionou o trabalho da equipe do projeto e como os esforos da

    organizao foram direcionados para reduzir gastos com o retrabalho de produtos de m

    qualidade.

    Com o propsito de atingir os objetivos propostos anteriormente, o trabalho de formatura

    foi dividido em trs partes, estruturadas do seguinte modo:

    A primeira etapa (captulo 2) apresenta os conceitos utilizados no estudo e contempla uma

    reviso bibliogrfica sobre o tema Seis Sigma. Os conceitos mais importantes no contexto

    deste trabalho sero selecionados e brevemente abordados. Alm dos conceitos, este

  • Captulo I Introduo____________________________________________________4

    captulo mostrar quais as etapas de um projeto Seis Sigma e em que ordem elas devem ser

    conduzidas.

    A segunda etapa (capitulo 3) consiste da aplicao da metodologia DMAIC para

    determinao da causa raiz de um problema crnico apresentado por um produto atravs da

    utilizao de ferramentas simples e recursos da qualidade. Por conseguinte, a equipe

    designada a tal tarefa dever solucionar o problema atravs da proposio de melhorias.

    Com isso, estes dois captulos possibilitam avaliar o potencial da metodologia utilizada,

    bem como sua utilidade em situaes reais de uma indstria.

    A terceira e ltima (captulo 4) dedicada a apresentao das concluses, permitindo a

    avaliao da metodologia e das ferramentas propostas. A partir deste ponto, realiza-se uma

    reflexo dos resultados obtidos, quer seja na avaliao da metodologia adotada, quer seja da

    experincia vivida pelo autor, como nos impactos culturais advindos do uso destes

    conceitos.

    1.3 A EMPRESA

    A Delphi Automotive Systems uma multinacional americana e maior fornecedora de

    componentes automotivos do mundo. A Delphi - presente em 12 localidades somente no

    Brasil - atua em diversos segmentos automotivos : dinmica e propulso; componentes

    eletrnicos e comunicao veicular; sistemas de segurana, trmicos e eltricos;

    microeletrnica; sistemas de dirigibilidade; sistemas de injeo, etc..

    A Delphi Diesel Systems apenas uma das divises da Delphi Automotive Systems e, no

    Brasil, est representada pela planta de Cotia, localizada na grande So Paulo, SP. nesta

    planta que ser realizado este Trabalho de Formatura.

    Os principais produtos da diviso diesel so as bombas de injeo, injetores e filtros. Estes

    produtos so integrados a sistemas eletronicamente controlados para atender a legislao de

  • Captulo I Introduo____________________________________________________5

    emisses de poluio e tamanhos de mquinas, que podem variar de 5 a 30.000 HP de

    potncia.

    A tabela abaixo contm os principais clientes da Delphi Diesel no mundo, de acordo com a

    aplicao do produto:

    Tabela 1.3.1: Principais clientes Delphi. Fonte: Delphi-Cotia, 2002.

    Os clientes da planta de Cotia esto espalhados em todo mundo, sendo muitos deles, outras

    unidades da Delphi Automotive Systems (Frana, UK, Espanha, Mxico, Turquia, ndia,

    USA e Korea).

    Recentemente, a empresa adquiriu toda a linha de produo de bicos injetores Caterpillar,

    localizada nos EUA. Assim, a produo de bicos injetores na planta distingue-se por dois

    tipos: Bicos Injetores Delphi e Bicos Injetores Caterpillar.

    No mercado nacional, a planta de Cotia fornece produtos, principalmente para o mercado

    agrcola (tratores, colheitadeiras e pulverizadores), no qual a empresa mantm-se lder,

    alm de abastecer o mercado de nibus e caminhes. Assim, apenas o mercado de

    Cars and Light Duty

    Heavy Trucks

    Agricultural, Indstrial and

    Marine

    Indstrial Light & Heavy

    BMW Fiat Ford

    GM Opel Hindustan Hyundai

    Kia Mahindra

    Mercedes-Benz Premier

    PSA Renault Rover Telco

    Volkswagen

    Caterpillar

    Mercedes-Benz

    Volvo

    Agco-Deutz Case CDC

    Cummins Daewoo Fiat-New Holland Goldstar

    Iveco John Deere

    Kubota Maxion

    MHI MWM PASA Perkins

    Samsung Valtra

    Caterpillar General Electric

    Lister Petter Lombardini

    Mirlees Perkins

    Ruggerini

  • Captulo I Introduo____________________________________________________6

    automveis no atendido, pois no permitida a circulao de carros movidos a diesel no

    Brasil.

    A empresa est dividida em quatro grandes reas, a saber:

    Usinagem de componentes

    Tratamento Trmico dos componentes

    Teste & Desenvolvimento de novos produtos (Engenharia de Aplicaes)

    Montagem & Teste de Bombas

    Alm destas reas serem as maiores e mais importantes da empresa, estas so as reas mais

    relevantes para este trabalho.

    1.3.1 A EXPERINCIA DO AUTOR NA EMPRESA

    O autor foi contratado como estagirio de Engenharia de Produo na Delphi para trabalhar

    na rea de Qualidade e desempenhar as seguintes atividades: realizao de estudos de

    capabilidade de processos; elaborao e anlise de FMEAs de produto e processo;

    participao em projetos de melhorias contnuas (kaizen); elaborao e anlise de cartas de

    CEP (Controle Estatstico de Processo); realizao de outros estudos voltados para o

    Controle de Qualidade da empresa.

    O autor foi contratado na empresa em janeiro de 2004 e desde ento, foi possvel realizar

    grande parte das atividades previstas no contrato de estgio. No incio do estgio, o autor

    passou por um perodo de aprend izado a respeito do produto no setor de Engenharia de

    Aplicaes da empresa, onde foi possvel ter bastante contato com as bombas injetoras e

    aprender sobre o seu funcionamento e funo dos inmeros componentes. Para tanto, o

    autor foi treinado a realizar testes experimentais de bombas injetoras em motores, operando

    bancadas de teste e montando e desmontando bombas.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________7

    Aps esta etapa, o autor participou intensamente do processo de validao dos processos de

    fabricao de um novo tipo produto a ser fabricado na empresa, at ento produzido por

    uma indstria nos EUA. O processo consistiu em realizar estudos de capabilidade de

    aproximadamente uma centena mquinas (ou processos) recm-chegadas para que a

    qualidade dos lotes de produo fosse assegurada.

    Durante este perodo, o contato com lderes de produo e com o setor de metrologia da

    fbrica proporcionou bastante aprendizado na rea de manufatura e processos e tambm

    sobre a mensurao de diversos tipos de caractersticas das peas, com o conseqente

    aprendizado sobre o manuseio dos instrumentos e equipamentos de medio e ensaio.

    Em junho de 2004, o autor ingressou num projeto de Seis Sigma como Green Belt, o qual

    foi escolhido como Trabalho de Concluso de Curso. Tanto a superviso do estgio, como

    os Sponsors do projeto, apoiaram esta idia de desenvolvimento de um trabalho acadmico

    prtico aplicado num projeto da empresa.

    A avaliao que o autor faz sobre o perodo de estgio satisfatria. O autor conta com

    apoio e incentivo de seus superiores na realizao do trabalho de formatura alm da

    colaborao dos colegas de trabalho - e tambm observa boas oportunidades no ingresso de

    novos projetos e/ou atividades de interesse.

    1.4 O PRODUTO

    Os produtos fabricados na planta de Cotia so todos acessrios do sistema de injeo de

    diesel, destacando-se: bombas injetoras, injetores e filtros. O produto alvo de estudo do

    projeto ser a bomba injetora. Este produto ser detalhado logo abaixo de forma que o

    desenvolvimento do projeto possa ser compreendido pelo leitor sem qualquer dificuldade.

    A Figura 1.4.1 logo abaixo mostra uma bomba injetora genrica Delphi e seus diversos

    componentes.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________8

    Figura 1.4.1: Bomba injetora Delphi. Fonte: Delphi

    A bomba injetora um componente que faz parte do sistema de injeo de motores e tem a

    funo de regular a passagem que leo que transmitida at a cmara de combusto do

    motor, provocando a exploso do combustvel e o conseqente movimento dos pistes.

    Portanto, de vital importncia para os motoristas que a bomba funcio ne corretamente,

    pois caso contrrio, o motor do veculo pode acelerar ou desacelerar o veculo de forma

    descontrolada e arriscada.

    O principio de funcionamento da maioria das bombas fabricadas na Delphi atualmente

    totalmente mecnico, isto , a regulagem da passagem de leo feita atravs de

    dispositivos mecnicos. Por isso, esta caracterstica requer um grande nmero de

    componentes para que o processo funcione perfeitamente, o que torna difcil a sua

    regulagem e ajuste.

    Uma bomba injetora possui, em mdia, cerca de 200 componentes, entre placas, molas,

    cilindros, pistes, eixos, etc. Os componentes mais importantes de uma bomba so:

  • Captulo I Introduo____________________________________________________9

    Cabeote Hidrulico: Componente cilndrico que constitudo por outros dois

    subcomponentes (tambm cilndricos) : o barril e a luva. O cabeote considerado

    o corao da bomba, pois abriga os pistes que injetam leo de dentro para fora

    da bomba (ver Figura 1.4.2). O Barril a parte externa do cabeote, enquanto que a

    luva um cilindro interno. Como h diversos canais internos (Figura 1.4.3) de

    passagem do leo at que o mesmo chegue nos pistes, muito importante que o

    acoplamento entre luva e barril seja bem sucedido. Na figura 1.5.1, o cabeote

    regio onde esto os pontos 9,11 e 12.

    Carcaa: o componente que estrutura a bomba e abriga todas as peas.

    Vlvula Dosificadora: controla a passagem de leo que entra no cabeote (item 6

    da figura 1.4.1)..

    Link: haste conectada a uma srie de componentes (inclusive vlvula

    dosificadora) e, portanto, outro agente regulador da passagem de leo. Cada

    modelo de bomba possui uma especificao correta para a dimenso da haste

    compreendida entre outros dois componentes. Na figura 1.4.1, o link a haste

    conectada na vlvula dosificadora (item 6).

    Conjunto Regulador: envolve uma srie componentes responsveis por regular a

    passagem de leo pela bomba, tais como vlvula dosificadora e link. Na figura

    1.4.1, est representado pelos itens 1,2,3,4,5,6 e 24.

    Pistes: presentes no interior do cabeote, tm a funo de injetar o leo.

    Anel de Ressalto e Placas de Ajuste: trabalham conjuntamente com os pistes

    para permitir o ajuste do volume de leo injetado e o tempo de sincronismo entre as

    injees.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________10

    Figura 1.4.2: Cabeote Hidrulico acabado, composto por Luva (interno) + Barril (externo). Fonte: Delphi

    Figura 1.4..3: Regio interna do barril com os canais de passagem do leo em destaque. Fonte: Delphi

    A Delphi produz trs tipos principais de bombas injetoras: DPA, DPC e DPG. As bombas

    DPC e DPG so evolues das bombas DPA e apresentam bem menos defeitos por mais

    apresentarem projetos mais robustos e confiveis. As bombas DPC tm aplicao em

    carros movidos a diesel e possui sistemas controlados eletronicamente. As bombas DPG

    so mais parecidas com as DPA, mas suas aplicaes limitam-se aos geradores de energia.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________11

    1.5 O PROCESSO

    O processo genrico de produo de uma bomba injetora pode ser simplificado pelo macro

    diagrama abaixo:

    Figura 1.5.1: Processo geral de fabricao de uma bomba injetora. Fonte: elaborado pelo autor

    Aps a montagem e ajuste dimensional da bomba, a mesma passa por um teste prtico de

    desempenho em bancadas de teste. O teste funcional consiste numa simulao de diversas

    condies de funcionamento do motor.

    Usinagem de componentes (cabeote,

    carcaa, etc)

    Montagem de componentes

    e ajuste do link

    Teste de Bombas

    Aprova?

    Expedio

    SIM

    Retrabalho (troca de

    Componentes + reajuste do link)

    NO

    Tratamento

    Trmico

  • Captulo I Introduo____________________________________________________12

    O processo de aprovao ou reprovao da bomba feito atravs do levantamento de uma

    curva de desempenho, na qual so registrados os valores de fluxo de leo injetado

    (dosagem) em funo da rotao da bomba. No teste completo, so registrados os valores

    de dosagem durante a acelerao (aumento da rotao da bomba) e durante a desacelerao

    (reduo da rotao at zero). Com isso, obtm-se um grfico com duas linhas: a ida e a

    volta.

    Para que uma bomba possa ser aprovada, a mesma deve apresentar uma curva (tanto a de

    ida como a de volta) semelhante curva obtida executando-se o mesmo procedimento com

    a bomba padro. A bomba padro uma cpia da bomba desenvolvida pela engenharia,

    cujo desempenho foi vendido aos clientes. Ou seja, a bomba padro uma espcie de

    gabarito, a partir do qual todas as outras devem se adequar para que a necessidade de

    desempenho do cliente seja atendida, uma vez que o mesmo conhece o desempenho da

    bomba padro e tambm possui uma cpia desta.

    Portanto, uma bomba que testada s pode ser aprovada se a curva obtida atender as

    especificaes de desempenho e tolerncia da bomba padro.

    1.6 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

    A Delphi Diesel Systems do Brasil uma empresa que, atualmente, atua no limite de sua

    capacidade para atender um grande nmero de clientes em todo o mundo. Na verdade, a

    empresa j vem trabalhando nesta situao h alguns anos em conseqncia da crescente

    demanda por bombas injetoras para motores a diesel.

    Desta forma, fundamental para o sustento e crescimento da empresa, que a mesma reduza

    ao mximo suas atividades de retrabalho, ou seja, a empresa deve maximizar o tempo

    disponvel s atividades que agregam valor.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________13

    * Nota: O FTQ a relao entre o nmero de produtos rejeitados no primeiro teste/medio pela quantidade total de produtos testados/medidos. O valor desta diviso dado em PPM.

    importante destacar que a Delphi costuma desenvolver muitos de seus produtos

    juntamente com seus clientes, o que significa desenvolver produtos dedicados s

    caractersticas especficas dos motores dos seus clientes. Assim, a Delphi torna-se o

    fornecedor nico de muitos clientes. Com esta relao de dependncia, os clientes no

    podem trocar de fornecedor ou simplesmente quebrar os contratos a qualquer momento,

    visto que a parceria entre as empresas envolve altos investimentos e, conseqentemente,

    requer muita confiana de ambas as partes, principalmente por parte dos clientes que

    temem no serem abastecidos.

    Alm disto, a Delphi lder no mercado nacional de mquinas agrcolas, que por sua vez

    vem crescendo em ritmo acelerado nos ltimos anos. A urgncia da situao resulta,

    inclusive, em presses por parte do governo federal.

    Dado que a Delphi acaba por tornar-se a nica opo de muitos clientes, fica evidente a

    necessidade de se ampliar a capacidade produtiva para atender os altos nveis de demanda

    de clientes nacionais e internacionais.

    Neste sentido, as atividades de retrabalho esto reduzindo significantemente a capacidade

    produtiva da empresa e, por isso, devem ser reduzidas ao mximo. Ademais, antes de

    qualquer iniciativa de ampliao fsica da fbrica (atravs de aumento de espao e compra

    de mquinas), os ndices de rejeies devem ser os mais baixos possveis para que a

    ampliao possa ser planejada de forma precisa e otimizada. Ou seja, as causas razes dos

    altos ndices de defeitos devem ser encontradas, atacadas e controladas antes de mais nada.

    E neste caso, o crescimento da empresa depende disto e tais medidas devem ser tomadas o

    quanto antes.

    O ndice utilizado para medir rejeies na Delphi o FTQ* (First Time Quality ou

    Rejeies pela Primeira Vez), servindo de termmetro para os gerentes da fbrica, visto que

    o ndice permite calcular os custos de retrabalho e de oportunidade. Assim, qualquer

    reduo do FTQ desejvel.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________14

    A metodologia Seis Sigma torna-se um artifcio para uma organizao de destacar na

    concorrncia e estar na preferncia do mercado devido a sua abordagem estruturada ao

    problema e por possuir enfoque no cliente.

    A metodologia DMAIC do Seis Sigma j utilizada pela empresa e mostra-se adequada ao

    problema, visto que o mesmo requer um enfoque estruturado e robusto para identificar as

    variveis que esto influenciando no sistema e causando as no-conformidades nos

    produtos. Atravs do DMAIC, pode-se controlar a variabilidade indesejada dos processos

    crticos para a qualidade de maneira sistemtica e eficaz, traduzindo-se em credibilidade e

    retorno financeiro para a empresa.

    1.7 O PROBLEMA

    Para definir o objeto especfico de estudo, isto , para determinar os produtos e processos

    especficos sobre os quais se deve agir, o ndice FTQ ser usado como base de apoio

    deciso. O FTQ representa, em partes por milho, o ndice de rejeies que ocorrem na

    primeira vez em que determinado produto testado.

    Definido o tipo de bomba a ser atacado, o problema ser detectar quais caractersticas de

    produto e de processo influenciam no sistema e quais delas tm influncia relevante no

    elevado ndice de rejeio no teste de bombas.

    Definido o produto especfico a ser estudado, o estudo dever focar num tipo determinado

    tipo defeito (que seja significativo), dentre os vrios tipos de defeitos ou falhas que podem

    ocasionar a rejeio de uma bomba.

    Portanto, devemos partir de um ndice geral para toda a fbrica, para ento, focar nos

    produtos que apresentam ndices mais altos e que tambm representem custos que

    justifiquem o retorno financeiro do projeto.

  • Captulo I Introduo____________________________________________________15

    Estudos peridicos comprovam sistematicamente que diversos processos relacionados a

    caractersticas crticas de componentes da bomba apresentam grande variabilidade,

    resultando numa distribuio dimensional muito larga das referidas caractersticas e, desta

    forma, contribuindo para o rejeito de bombas no testes prticos.

    Alm da variabilidade dos processos de fabricao dos componentes, existe tambm

    variabilidade no processo de montagem de componentes. Como processo de montagem

    sofre variaes causadas pelos diferentes operadores (incluindo o processo de medio e de

    leitura dos equipamentos de medio) e tambm pela prpria posio relativa das peas a

    cada montagem, as etapas do processo de montagem tambm devero ser estudas para que

    as causas-chave dos rejeitos sejam identificadas.

    Enfim, o problema consiste em identificar, ao longo de todo o processo de produo, a(s)

    causa(s) que afeta(m) o desempenho de uma bomba injetora (num determinado aspecto a

    ser definido dentre os vrios modos de falha) durante testes experimentais nos quais o

    motor testado sob diversas condies.

  • Captulo II

    REVISO DA LITERATURA

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________17

    A maior parte do contedo deste captulo foi extrada da apostila de treinamento para Green Belts da Delphi. Excetuando-se os trechos que contm as devidas citaes de obras, a fonte de pesquisa foi a referida apostila.

    2.1 SEIS SIGMA

    Seis Sigma uma estratgia gerencial disciplinada e altamente quantitativa, caracterizada

    por uma abordagem sistmica. A aplicao deste conceito tem como objetivo aumentar

    drasticamente a lucratividade das empresas, por meio da otimizao de produtos e

    processos, com o conseqente incremento da satisfao de clientes e consumidores

    (BREYFOGLE et al, 2003). Foi, originalmente, desenvolvida pela Motorola e, depois,

    aperfeioada por diversas outras empresas, tais como General Electric, Allied Signal,

    Citicorp, etc..

    O emprego do Seis Sigma (PANDE, 1998) pode ser usado segundo duas perspectivas

    diferentes: sob a perspectiva da preveno (metodologia DFSS, do ingls Design for Six

    Sigma), ou sob a perspectiva da soluo de problemas e/ou melhoria de sistemas, produtos

    e processos (metodologia DMAIC).

    O conceito Seis Sigma bastante amplo, pois tem sido aplicado em diversos ramos da

    economia, alm de incorporar muitos conceitos do gerenciamento por processos, controle

    estatstico de processo (CEP), manufatura enxuta, simulao, benchmarking e delineamento

    de experimentos, etc.. Segundo (ROTONDARO, 2002), um conceito que se concentra no

    cliente e no produto.

    Desta forma, a metodologia Seis Sigma poderia ser resumida da seguinte maneira

    (BREYFOGLE et al, 2003) :

    Uma Estatstica

    Menos de 3.4 Defeitos por milho de oportunidades

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________18

    Uma Filosofia de Gesto

    Defeitos so dispendiosos

    Menos defeitos = Menor custo + Maior lealdade do cliente

    Baixo Custo + Alto Valor = Resultados Financeiros

    Devemos alcanar um nvel de Qualidade Competitiva

    Um Processo

    DFSS (Design for Six Sigma) Projeta processos novos, livres de defeitos

    DMAIC Melhora os processos existentes

    A seguir, a metodologia DMAIC ser suficientemente detalhada para que o

    desenvolvimento do projeto (prximo captulo) possa ser bem estruturado e embasado nesta

    metodologia.

    2.2 A METODOLOGIA DMAIC

    A metodologia DMAIC significa seguir as seguintes etapas na conduo de um estudo no

    qual deseja-se otimizar processos e produtos (com a conseqente reduo de custos e

    aumento de produtividade).. Segundo (ROTONDARO et al, 2002 ):

    D - Define (Definir): Definir com preciso o escopo do projeto.

    M - Measure (Medir): Determinar a localizao ou foco do problema.

    A - Analyze (Analisar): Determinar as causas de cada problema prioritrio.

    l - Improve (Melhorar): Propor, avaliar e implementar solues para cada problema

    prioritrio.

    C - Control (Controlar): Garantir que o alcance da meta seja mantido a longo prazo.

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________19

    2.2.1 Definio (define)

    Esta primeira fase do projeto pode ser resumida atravs do seguinte diagrama:

    Figura 2.2.1.1: Fase define da metodologia DMAIC. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    2.2.1.1 As Ferramentas

    Neste momento do projeto, algumas ferramentas bsicas so comumente utilizadas para

    direcionar o time do projeto. As ferramentas que iro ajudar o time a melhor definir seu

    projeto e/ou problema so:

    Brainstorming

    Diagrama de Afinidade

    Multi-Votao

    Matriz / No

    Analyse Measure Improve Control

    Nomeao do time

    Mapa do Processo

    Business Case Definio preliminar

    do problema

    Escopo do projeto Resultados Atribuies

    Definio de Qualidade Tipos de Clientes Traduo das necessi -dades dos Clientes em Requisitos especficos

    Mtodos de coleta dos Requisitos dos Cllientes

    Anlise da Voz do Cliente

    Definio do Processo

    Conexo do Cliente com o processo

    Mapa do Processo de Negcio

    Guias para Mapeamento

    Benefcios e aplicaes do mapeamento do processo

    Foco no Cliente

    Define

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________20

    Atravs destas simples ferramentas, a equipe do projeto estar apta a definir

    detalhadamente o problema a ser resolvido, bem como as premissas do projeto.

    2.2.1.2 SIPOC (Supplies, Inputs Boundaries, Process, Output Boundaries, Customers)

    O SIPOC um mapa de alto nvel do processo relacionado ao problema tratado e relaciona

    o Fornecedor ao incio do processo, e o Cliente ao final, ou sada, do processo. Esta

    ferramenta permite ver todas as inter-relaes dentro do processo, evidenciando os limites

    de atuao do time do projeto.

    O SIPOC gerado poder estar contido em um Core Process, o que significa que seus

    fornecedores e clientes sero internos.

    Figura 2.2.1.2.1: Mapa global do processo. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    O SIPOC relaciona o Fornecedor ao incio do processo, e o Cliente ao final, ou sada, do

    processo. Esta ferramenta permitir que todas as inter-relaes sejam observadas.

    Durante a elaborao do SIPOC, deve-se listar todos os requisitos e sadas de cada etapa

    contida no escopo. Com isso, busca-se compreender melhor os limites do processo como

    um todo; identificar os gaps ou as falhas contidas nas etapas; identificar os clientes de cada

    processo e quais necessidades devem ser atendidas e por quem.

    S

    Suppliers

    I C O P

    Input Process Outputs Customers

    Limite de Sada

    Requisitos Requisitos

    Limite de Entrada

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________21

    Com isso, escopo do projeto definido pela magnitude do processo entre os limites de

    entrada e sada.

    2.2.1.3 O Mapa do Processo

    O Mapa do Processo a representao visual do processo. Para (GALLOWAY, 1997) um

    Mapa do Processo deve ser construdo ainda no incio do projeto para facilitar a

    familiarizao com o processo. Para tanto, o time deve percorrer o processo e ver com cada

    posto de trabalho com os prprios olhos.

    Ao se fazer o mapa do processo do que j foi estabelecido no escopo do projeto, pretende-

    se contemplar os seguintes fatores:

    Uma srie de atividades (Tarefas)

    Inputs que so Transformados em Outputs

    Tolerncias e Especificaes

    Expectativas dos Clientes

    Gargalos

    Sub-processos de retraba lho

    Fornecedores

    Como os Inputs e Outputs de alto nvel vm diretamente do SIPOC, os detalhes do

    processo devem ser obtidos com auxlio da seguinte documentao:

    Especificaes do Processo

    Planos de Controle do Processo

    Instrues do Operador

    Especificaes das peas e materiais

    Desenhos dos Produtos ajudam a determinar como o processo realmente realizado

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________22

    Procedendo-se dessa forma, os inputs e outputs importantes, bem como seus

    relacionamentos so identificados com facilidade. Alm disso, o mapa do processo ajuda o

    time a desvendar a Fbrica Oculta, que est sempre presente.

    Aps o mapeamento do processo, preciso entender quais so os pontos crticos do

    processo. Para isto, o time reunido deve classificar as entradas de cada etapa do processo,

    conforme as seguintes categorias de inputs:

    Inputs Controlveis (C): Variveis de entrada (xs) que podem ser alteradas para verificar

    seu efeito nas variveis de sada do processo (ys). Tambm chamadas de Variveis

    Ajustveis.

    Procedimento Operacional Padro (P) : Procedimentos padro que descrevem como o

    processo executado e identificam certos fatores a monitorar e manter. Tambm so

    classificados como Padro aqueles inputs que no se alteram (p.ex., um operador padro) e

    aqueles que quando alterados no afetam o processo (120V > 110V).

    Noise Inputs ou Rudo (R): Variveis de entrada que impactam os ys mas no so

    controlveis, so de difcil controle, ou de custo muito alto. Ex.: variveis ambientais como

    umidade, temperatura ambiente, etc.

    Alm disso, os inputs tambm podem ser classificados como crticos:

    Inputs Crticos (!): Variveis de entrada (xs) que as ferramentas (FMEA, SPC, MSE, etc.)

    provaram ter um grande impacto nas variveis de sada (ys). Um conhecimento

    significante do processo pode identificar antecipadamente inputs suspeitos de serem

    crticos.

    Feito isto, o time deve adicionar aos inputs Controlveis e Crticos as especificaes

    operacionais e metas do processo. Desta forma, a comparao da situao encontrada pode

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________23

    ser confrontada contra as especificaes e, assim, no-conformidades, ou causas especiais,

    possam ser corrigidas para que a causa raiz do problema possa ser evidenciada.

    2.2.2 Medio (measure)

    Esta fase do projeto pode ser resumida atravs do seguinte diagrama:

    Figura 2.2.2.1 : Fase measure da metodologia DMAIC. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    A fase de medio uma fase de transio, que serve para validar ou refinar a definio do

    problema, e para comear a busca pelas causas ra iz - que o objetivo da fase seguinte

    (Analyze), as medies devem responder a duas perguntas chave:

    1 Qual o foco e extenso do problema, com base nas medies do processo e/ou outputs?

    2 Quais dados chave podem ajudar a relacionar o problema a seus principais fatores, ou

    causas principais Vitais?

    Define Analyze Improve Control

    Medio Variao Coleta de dados

    Por que medir? Medidas de entrada processo e sada Medidas de eficcia e eficincia

    Entender que a variao o inimigo Causas comuns e causas especiais

    Por que, quando e onde? Guias para coleta de dados Entender dados qualitativos e quantitativos Como coletar dados Desenvolver plano de coleta de dados

    Measure

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________24

    Para planejar as medies que sero feitas, preciso tentar responder as seguintes questes:

    1. Existem dados que ajudam a entender o problema?

    2. Se no, o time pode ter que desenvolver um novo plano para coleta de dados.

    3. Em esforos para melhoria do processo, a necessidade de coletar dados em diversas

    fases uma das principais razes para que os projetos demorem meses para serem

    concludos.

    4. Algumas vezes no possvel fazer as medidas que se gostaria ento importante a

    habilidade de encontrar alternativas, ou de fazer o melhor uso dos dados que voc

    consegue obter.

    5. Parte da arte do Six Sigma reside em basear as decises e solues em fatos suficientes

    para ser efetivo, e em aprender como usar melhor os dados ao longo do tempo.

    Para garantir que a coleta de dados seja completa e atenda as necessidades do projeto ao

    longo de sua durao, a equipe do projeto deve assegura-se sobre a acuracidade dos. Ou

    seja, preciso planejar a coleta de dados e adotar uma tcnica consistente. Dados ruins no

    so apenas um desperdcio de recursos, mas tambm corrompem o processo de tomada de

    decises.

    O principal requisito de preparao para a fase Analyse, ter pelo menos uma medio

    slida e repetvel, confirmando o problema ou oportunidade. Esta deve ser a medio a ser

    repetida durante a implementao das solues, e depois, para acompanhar os efeitos de

    suas melhorias.

    Outro resultado comum da fase measure um conjunto mais sofisticado de questes sobre

    o problema. Estas questes so um bom sinal: elas mostram que o time est pensando sobre

    como investigar o problema, ao invs de tirar as solues da cartola.

    Ao final da fase Measure, os seguintes resultados devem ser obtidos:

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________25

    Medidas chave identificadas,

    Coleta de dados planejada e executada,

    Variao do processo visvel e comunicada,

    Desempenho atual (baseline) identificado,

    Nvel sigma calculado,

    Metas de melhoria definidas, e

    Declarao final do projeto estabelecida.

    2.2.2.1 Ferramentas Bsicas da Fase Measure

    Nesta fase de medio, muitas ferramentas podem ser usadas para facilitar a compreenso

    de dados, priorizao de aes e monitoramento do processo (KIEELE et al, 1999).

    1. Anlise de Pareto

    2. Grfico de Barras

    3. Grfico de Linhas, ou Run Chart

    4. Grfico de Pizza

    5. Folha de Verificao (tabela & grfica)

    6. Histograma

    7. Z-Score

    8. Capabilidade/Nvel Sigma

    9. Cartas de Controle

    A Capabilidade um conceito muito importante, pois onde est fundamentada a meta da

    metodologia Seis Sigma. Capabilidade a relao entre as medidas de Tendncia &

    Disperso e as Especificaes do Cliente. Ou seja, a capabilidade compara a Voz do Cliente

    (VOC) com a Voz do Processo (VOP).

    Um indicador de capabilidade do processo um valor simples que representa a habilidade

    que o processo tem de atender seus requisitos. Foram desenvolvidos diversos indicadores

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________26

    estatsticos de capabilidade do processo, porm neste treinamento, focaremos os quatro

    mais conhecidos: Cp - Cpk - Pp Ppk (KUME, 1993).

    Os dois primeiros so calculados da seguinte forma:

    Cp = LSE LIE/(6s )

    Cpk = min(Cpkupper,Cpklower), onde :

    Cpkupper = (LSE Mdia)/3s e Cpk lower = (Mdia LIE)/3s

    O Nvel Sigma de um processo calculado da seguinte maneira:

    Ou seja, o Nvel Sigma o nmero de desvios padro que cabem entre o centro do processo

    e o limite do cliente mais prximo.

    Figura 2.2.2.1.1: Conceito de variao sigma de um processo. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    1 2 3 4 5 6

    Limite Superior de Especificao Mdia do

    Processo Probabilidade

    de Defeitos 0,2 DPM

    Desvios Padro

    1 Desvio Padro

    Nvel Sigma = C pk x 3

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________27

    2.2.2.1.1 Capabilidade e Nvel Sigma no Longo Prazo

    Segundo (HARRY, 2000), difcil manter um processo sempre centralizado j que, a longo

    prazo, vrios fatores provocam seu deslocamento em relao ao centro da especificao.

    Aps anos de coleta de dados, a Motorola determinou que os processos variam e se movem

    ao longo do tempo,- fato que eles batizaram de Variao Dinmica de Longo Prazo das

    Mdias. Alm disso, determinaram que esta variao tipicamente oscila entre 1,4 e 1,6 s .

    Para representar esta capabilidade a longo prazo, foi definido o termo Capabilidade

    Sigma do processo. Segundo (ROTONDARO et al, 2002), para chegarmos capacidade

    potencial do processo, denominada de curto prazo (Zcp), devemos descontar o deslocamento

    (ZD=1,5), ou seja, o ndice de capacidade obtido da seguinte forma:

    ou

    Desta forma, um processo pode ser considerado Seis Sigma quando apresenta capabilidade

    potencial para ser um processo Seis Sigma quando centrado, porm pode estar fora de

    centro em at 1,5s, com:

    Cp = 2,0 e Cpk = 1,5

    O que corresponde a:

    Nvel Sigma = 4,5 (3x1,5) DPM = 3,4

    Capabilidade Sigma = 6,0 (4,5+1,5)

    2.2.2.1.2 Controle Estatstico de Processo

    O Dr. Walter A. Shewhart Shewhart, creditado como introdutor das cartas de controle,

    determinou que podemos olhar par um grupo bem pequeno de dados, e fazer previses

    (inferncias) sobre todo o lote de produtos (KIEELE et al, 1999).

    Capabilidade Sigma ~ Nvel Sigma + 1,5 ZCP = ZLP + 1,5

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________28

    Como existem diversos tipos de variaes de dados, que por sua vez, tambm podem diferir

    quanto sua natureza, muitos tipos de cartas de controle so utilizados no monitoramento

    de processos.

    Shewhart definiu duas causas de variao: Comuns e Especiais. A correo, eliminao ou

    minimizao destas duas formas de variao requer diferentes tipos de aes.

    Regras estatsticas foram desenvolvidas para identificar variao devida a causas especiais.

    Quando apenas causas comuns existem, dizemos que o processo est estatisticamente sob

    controle.

    Para nosso propsito no DMAIC, devemos atingir o controle estatstico, antes de tentar

    melhorar o processo, para evitar que sejamos confundidos pelos rudos no processo, e

    para que possamos tomas as aes apropriadas de melhoria.

    Para ajudar a determinar qual mdia ou amplitude podemos esperar, calcula-se o que

    conhecido como limites de controle de cada grfico. Os limites de controle no tm

    nenhuma relao com os limites de especificao do cliente.

    Estes limites de controle, e outras regras estatsticas so usados para se determinar se um

    processo est sob controle estatstico, ou no.

    Cartas de controle existem para fazer previses.

    Para poder prever, deve-se buscar distinguir as variaes por causas comuns

    (variao natural do processo) das variaes por causas especiais ou

    identificveis(eventos que ocorrem e que podem ser isolados e explicados atravs

    de suas causas).

    Para uma carta de controle ser considerada sob controle estatstico, somente causas

    comuns de variao deveriam estar presentes no processo.

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________29

    2.2.2.2 Anlise do Sistema de Medio

    Para identificar a variabilidade real do processo, a variao devida ao sistema de medio

    deve primeiro ser identificada e separada daquela devida ao processo real. Desta forma, um

    sistema de medio a combinao de pessoas, instrumentos, mtodos, ambiente, e o

    material a ser medido.

    Dependendo do tipo de dados (por atributos ou contnuos), deve-se fazer um estudo

    diferente para entender a origem de toda a variao do sistema de medio.

    Para se determinar todas as fontes de variao do sistema de medio, diversos estudos

    devem ser realizados a partir de uma srie de medies com um grupo de peas. O

    diagrama logo abaixo resume as principais fontes de variao e suas relaes.

    Figura 2.2.2.2.1: Sistema de Medio: a rvore da variao. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________30

    Inspetor C

    As definies dos conceitos citados no diagrama acima seguem abaixo:

    a) REPRODUTIVIDADE

    a variao das mdias das medies feitas por diferentes inspetores, usando o mesmo

    instrumento de medio, quando medindo a mesma caracterstica, na mesma pea.

    Figura 2.2.2.2.2: Diferena de reprodutividade e ntre medidores. Fonte: Apostila de treinamento Green Belt

    b) REPETITIVIDADE

    a variao encontrada em um instrumento de medio, quando usado vrias vezes por um

    mesmo inspetor, para medir a mesma caracterstica, na mesma pea. Ou seja, a variao

    total nas leituras obtidas de um sistema de medio, medindo sempre a mesma

    caracterstica, nas mesmas peas, ao longo de um grande perodo de tempo.

    A Figura 2.2.2.2.3 ilustra bem este conceito.

    Inspetor A

    Valor de Referncia

    Inspetor B Mquina A

    Mquina B

    Mquina C

    Valor de Referncia

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________31

    Figura 2.2.2.2.3: Diferena de repetitividade entre equipamentos. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    c) BIAS

    a diferena entre a mdia observada das leituras, e o valor de referncia, o qual pode ser

    acordado e pode ser determinado pela mdia das leituras obtidas com um instrumento de

    maior resoluo.

    d) LINEARIDADE

    a diferena entre os valores de BIAS (tendncia) ao longo da faixa esperada de operao

    do instrumento.

    Valor de Referencia Valor de Referencia

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________32

    2.2.3 Anlise (Analyze)

    Esta fase do projeto pode ser resumida atravs do seguinte diagrama:

    Figura 2.2.3.1: Fase analyze da metodologia DMAIC. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    O propsito da fase analyze a determinao das causas raiz dos defeitos e oportunidades

    de melhoria. Seus principais objetivos so:

    Foco nas poucas causas raiz vitais

    Identificao das fontes de variao

    Verificao das causas raiz

    Determinao da oportunidade ($)

    Define Measure Analyze Improve Control

    Anlise e Foco no Processo

    Anlise de Causa

    Raiz

    Quantificar a oportuni-

    dade

    Ler, interpretar e divulgar em

    painis de dados

    Coleta de dados no

    processo (em

    andamento)

    Anlise dos Momentos da Verdade Anlise de Valor Agregado Foco em poucos problemas vitais Reviso da nomeao

    Anlise de causa & efeito

    Verificao da veracidade das

    causas raiz

    Foco em poucos problemas vitais

    Determine a Opportunidade

    Divulgue a opportunidade

    Anlise de Dados

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________33

    Tambm podemos representar a fase Analyze, aplicada melhoria do processo, como um

    ciclo:

    Figura 2.2.3.2 : Diagrama genrico da fase analyse. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    Para se chegar nas causas de um ou mais problemas, muitas ferramentas so comumente

    usadas para este fim, tais como:

    Mapa do Pensamento

    Diagrama de Causa & Efeito (Espinha de Peixe, ou Diagrama de Ishakawa)

    rvore de Causa Raz (Anlise da rvore de Falhas)

    Anlise de 5 Porqus

    Diagrama de Disperso

    FMEA (Failures Modes Effects Analyses)

    Delineamento de Experimentos (tcnicas de Shainin)

    2.2.3.1 O Mapa do Pensamento (Thought Map - TMAP)

    O TMAP uma ferramenta muito utilizada na metodologia Seis Sigma por mostrar-se

    muito til na elucidao do problema e na localizao dos mesmos no processo. O TMAP

    facilita a visualizao dos pontos do processo que so crticos e que devero ser atacados

    Analisar dados / process Desenvolver

    hiptese causal

    Analisar Dados /

    Processos

    Rejeitar Hiptese

    Confirmar/Selecionar Causas Vitais

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________34

    durante o projeto. A partir destes pontos, procura-se fazer perguntas relacionadas ao

    problema para, a partir de aes ou no, ganhar conhecimento ou testar hipteses.

    O Mapa do Pensamento do Processo contm todas as entradas necessrias para cada sada

    em cada etapa crtica do processo. Ou seja, o TMAP contm os seguintes elementos

    bsicos:

    Questes feitas

    Aes tomadas para responder s questes

    Inputs necessrios para responder s questes

    Respostas s questes

    Apesar de bastante til para elucidar o problema e alinhar as informaes e o foco com o

    time do projeto, esta ferramenta extremamente simples e pode ser representada da

    seguinte maneira:

    Figura 2.2.3.1.1: Mapa do pensamento. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    O TMAP o mapa da lgica por trs de uma srie de decises para resolver um problema,

    contemplando a linha de raciocnio do time e as ferramentas utilizadas como suporte para

    verificao de cada caminho tomado.

    Faa uma pergunta

    Obtenha alguns dados

    Aplique uma ferramenta

    ganhe algum Conhecimento

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________35

    2.2.3.2 Tcnicas de Shainin

    As tcnicas de Shainin (SCHMIDT et al, 1998) so delineamentos de experimentos muito

    teis na investigao de causas razes de efeitos estudados. Dentre as diversas tcnicas,

    destaca-se o Components Search (Bhote, 1991) na determinao de uma causa raiz quando

    h inmeros componentes potenciais do efeito observado.

    A tcnica consiste em listar todos os componentes que podem influencia a ocorrncia de

    um determinado efeito para, ento, testar a influencia de cada um deles isoladamente, ou

    ento a influencia de mais de um deles simultaneamente (interao de fatores). Os testes de

    Components Search so experimentos prticos de desempenho realizado com pelo menos 5

    pares de produtos, cujos efeitos observados entre cada par sejam opostos e com a mxima

    intensidade possvel. Assim, um dos produtos do par nomeado como BOB (best of best),

    enquanto que o outro considerado WOW (worst of worst). O primeiro deve apresentar um

    efeito favorvel mximo (melhor produto), enquanto que o segundo deve apresentar um

    efeito desfavorvel na mxima intensidade possvel (pior produto ).

    Para verificar a influencia de um ou mais fatores no efeito estudado, deve-se inverter o(s)

    mesmo(s) fator(es) entre os pares BOB e WOW e test- los para medir o efeito. Se os

    efeitos dos produtos tambm forem invertidos, significa que o(s) parmetro(s) em teste

    interfere(m) no efeito estudado e, portanto, podem ser considerados causa raiz do problema.

    Caso os produtos BOB e WOW continuem a apresentam os mesmos efeitos de quando

    antes da troca de componentes, significa que o(s) componente(s) no so capaz(es) de

    alterar o efeito observado no produto. Neste caso, deve-se repetir o procedimento para

    todos os outros componentes listados inicialmente.

    Desta forma, possvel eliminar uma srie de componentes potenciais do efeito em anlise,

    reduzindo-se bastante o universo de componentes e caractersticas dos mesmos a serem

    medidas e avaliadas. Portanto, esta tcnica usada principalmente em casos em que se

    deseja reduzir o nmero de variveis potenciais da causa de um problema.

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________36

    Aps uma exaustiva e cuidadosa anlise da(s) causa(s) raiz, deve -se quantificar as

    oportunidades de melhoria encontradas. Portanto, deve-se quantificar as diferenas de

    desempenho do processo atual e o desempenho esperado do processo aps uma melhoria. A

    partir da, projees superficiais de ganhos financeiros podem ser calculadas e avaliadas.

    2.2.4 Melhorias (Improve)

    Esta fase do projeto pode ser resumida atravs do seguinte diagrama:

    Figura 2.3.4.1: Fase improve da metodologia DMAIC. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    O propsito da Fase Improve o de gerar, selecionar e implementar solues. Falta de

    criatividade, falhas ao desenhar as solues, implementao no planejada e resistncia da

    organizao so fatores que podem eliminar os benefcios de um projeto Six Sigma.

    Define Measure Analyze Improve Control

    Gerar Solues

    Selecionar Solues

    Planejar Implementao

    Parmetros da Soluo (declarao da soluo e critrios da soluo) Lista de Solues possveis

    Soluo validada Anlise de custo/benefcio Proposta de melhoria Mapa do processo ideal Piloto

    Planejamento do projeto Estratgia de Gerenciamento da Modificao

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________37

    Dois planos de ao so criados na nesta fase: o primeiro o plano de ao para a linha

    piloto; o segundo o plano de ao para a implementao mais ampla e permanente. Para

    cada um dos mtodos prticos que o time planeja implementar, um detalhamento passo a

    passo da implementao das solues deve ser levantado.

    importante tambm que o time assegure que determinou a precedncia dos itens de ao.

    Alguns itens somente podem ser implementados aps a concluso de outros.

    Aps a elaborao dos planos de ao gerados, as solues devem ser testadas, tanto em

    termos prticos como em termos de resultado e desempenho. Neste momento, importante

    fazer nova coleta de dados para atualizar os indicadores escolhidos anteriormente e validar

    a eficcia de cada soluo. As ferramentas mais utilizadas na fase Improve so as seguintes:

    Assumption Busting

    Phoenix

    Cabos de Guerra

    rvore de Efeitos

    Matriz de Seleo de Solues

    Anlise de Custo/Benefcio

    E antes de prosseguir para a prxima fase da metodologia DMAIC, o time deve assegurar

    que relevou todos aspectos importantes para o sucesso da mudana em questo. Estes

    aspectos podem ser listados num checklist, contemplando os requisitos de Planejamento e

    Recursos, o Plano de Gerenciamento de Risco, Oramento e Controle.

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________38

    2.2.5 Controle (Control)

    Esta fase do projeto pode ser resumida atravs do seguinte diagrama:

    Figura 2.2.5.1: Fase control da metodologia DMAIC. Fonte: apostila de treinamento Green Belt

    Os principais objetivos da fase Controle so os seguintes:

    Para validar as melhorias e para ajustar o processo adequadamente para atingir os

    ganhos.

    Para assegurar que o processo permanece sob controle depois que as solues

    tiverem sido implementadas. Os ganhos devem ser mantidos.

    Para detectar rapidamente sinais de falta de controle e determinar as causas

    especiais associadas, de forma que aes possam ser tomadas para corrigir o

    problema, antes que defeitos ou erros sejam feitos.

    Define Measure Analyze Improve Control

    Documentao Institucionalizar

    Padres Cartas de Controle Plano de Medio

    Desenvolvimento de procedimentos

    Padro para documentao de procedimentos

    Sistemas e estruturas

    Estrutura para soluo de problemas Atitude de melhoria contnua

    Monitore o Processo

  • Captulo II Reviso da Literatura___________________________________________39

    Aps as alteraes de processo, todas as mudanas devem ser formalizadas atravs da

    reviso e atualizao de documentos. Quando a equipe do projeto adentrar a fase Control,

    os seguintes aspectos devem trabalhados:

    Atualizando o Sistema de Controle do Processo

    Fluxograma do Processo

    Metrics

    Monitorando as Melhorias do Processo

    Documentao e Padronizao

    Metodologias Prova de Erros (Poka-Yokes), sempre que possvel

    Desta forma, garante-se que as melhorias implementadas durante a fase Improve

    permanecero sob controle, evitando que os mesmos problemas observados no incio do

    projeto voltem a ocorrer.

  • Captulo III

    APLICAO DA

    METODOLOGIA DMAIC

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________41

    3. 1 FOCANDO NO PROBLEMA (DEFINE)

    Para execuo deste projeto, uma equipe com membros de diversas reas da empresa foi

    treinada e montada. A participao do autor no projeto deu-se como candidato a Green

    Belt, conforme contrato do projeto no anexo I.

    O ponto de partida para escolha deste projeto foi o alto ndice de rejeies de bombas.

    Como pode ser visto abaixo, o FTQ das bombas elevadssimo e acaba por tornar-se um

    dos maiores responsveis pelo alto ndice geral de FTQ.

    Figura 3.1.1: ndice de rejeies pela primeira vez para toda a planta (valor acumulado de 12 meses).

    Fonte: dados internos.2004

    Pelo pareto acima, nota-se que as bombas DPA lideram o ndice de rejeies pela primeira

    vez entre uma srie de produtos. Na figura 3.1.2, observa-se que em 12 meses, o FTQ de

    bombas manteve-se entre 90 e 150 mil PPMs, que um ndice muito elevado tanto em

    termos relativos como absolutos. Independentemente de outros produtos apresentarem

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________42

    ndices de rejeio bem mais baixos, o ndice de rejeio acima de 10% sugere que o

    produto possui deficincias de projeto e de processo.

    Figura 3.1.2 : ndice de rejeies de bombas acumulado em 12 meses.

    Fonte: dados internos. 2004

    Dentre os principais tipos de bombas produzidos pela Delphi em Cotia, deve-se buscar

    trabalhar em cima das bombas mais problemticas. Com auxlio do grfico abaixo, nota-se

    que as bombas do tipo DPA apresentam o maior ndice de rejeio.

    Figura 3.1.3: Rejeio por tipo de bombas para os primeiros meses de 2004. Fontes: dados internos

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________43

    Como possvel notar, as bombas DPA so as bombas mais problemticas e, por isso,

    sero as bombas estudadas no projeto para que o impacto do projeto seja o maior possvel

    no que se refere a melhoria de qualidade e ganho financeiro. Para iniciar o estudo, devemos

    conhecer o nvel histrico de rejeio destas bombas (Figura 3.1.4).

    Figura 3.1.4 Evoluo do ndice de rejeio no teste de bombas DPA. Fonte: dados internos

    Observando os dois grficos acima, nota-se que alto ndice de rejeio das bombas DPA

    acaba por tornar-se responsvel pelo alto ndice de bombas (todos os tipos de bombas) e,

    consequentemente, pelo alto o ndice geral de FTQ da planta.

    Antes de buscar causas do grande nmero de bombas reprovadas no teste de bombas,

    preciso conhecer os efeitos das falhas e a freqncia com que elas ocorrem. A tabela abaixo

    contm os principais modos de falha registrados num perodo de 12 meses.

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________44

    Tabela 3.1.1: Lista de defeitos. Fonte: dados internos.2004

    Diante de tantos modos de falha, preciso estudar os defeitos que representam a maior

    frao do total registrado. Neste caso, h um grupo de trs defeitos listados acima que esto

    intimamente relacionados e que, juntos, representam quase 30% do total de defeitos. So

    eles: os defe itos A (no d dosagem aps regulador, ou NDAR), D (excede dosagem aps

    regulador, ou EDAR) e I (no ajusta regulador, ou NAR). Agrupando-se a ocorrncia das

    rejeies pelos tipos de defeitos, pode-se visualizar (Figura 3.1.5) quais so os principais

    defeitos das bombas DPA, assim como a representao dos trs defeitos alvo do estudo.

    Defeito Total

    acumulado % % Acum

    A No d dosagem aps regulador (NDAR) 1624 18,2% 18,2% B No ajusta leo (NAO) 1518 17,0% 35,2% C Cai dosagem aps ajuste parafuso torque (IPT) 627 7,0% 42,2% D excede dos aps regulador (EDAR) 581 6,5% 48,7% E avano baixo (AVB) 553 6,2% 54,9% F consumo variando (CV) 517 5,8% 60,7% G no corta leo pela vlvula (NCOV) 418 4,7% 65,4% H no ajusta presso (NAP) 389 4,4% 69,8% I no ajusta regulador (NAR) 359 4,0% 73,8% J no ajusta fase dinmica (NAFD) 353 4,0% 77,7% K no ajusta avano (NAV) 320 3,6% 81,3% L pouco consumo cem (PCC) 305 3,4% 84,7% M avano alto (AVA) 259 2,9% 87,6% N presso baixa (PB) 197 2,2% 89,8% O vazamento pelo banjo (VB) 189 2,1% 92,0% P Fechando em alta RPM (FARPM) 152 1,7% 93,7% R eixo preso (EP) 133 1,5% 95,1% S engripamento (E) 114 1,3% 96,4% T No injeta (NI) 106 1,2% 97,6% U excede dos aps marcha lenta (EDAML) 79 0,9% 98,5% V muito barulho (MB) 55 0,6% 99,1% X CUBO PRESO (CP) 45 0,5% 99,6% Y OUTROS 34 0,4% 100,0%

    Total 8927 100,0% 100,0% Qtde testada 48620 - -

    ndice de Rejeio 18,36% - -

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________45

    Figura 3.1.5: Grfico de Pareto para os tipos de defeitos. Fonte: dados internos

    De acordo com os engenheiros de pesquisa e desenvolvimento da empresa, estes trs

    defeitos s podem ser causados por um conjunto de peas comum, chamado Conjunto

    Regulador (Figura. 3.1.6). Da a importncia de se estudar o conjunto regulador da bomba.

    Figura 3.1.6: Bomba Injetora DPA com o conjunto regulador em destaque. Fonte:Delphi Diesel Cotia

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________46

    Para facilitar a busca da causa raiz destes problemas, o projeto ser focado principalmente

    no problema NDAR, que o maior problema dentre os problemas do conjunto regulador.

    Com isso, espera-se que os defeitos EDAR e NDAR sejam reduzidos juntamente quando da

    reduo da ocorrncia do NDAR. Por isso, no levantamento de dados, os trs defeitos sero

    agrupados.

    O NDAR (No D Dosagem Aps Regulador) consiste na dificuldade de ajuste do

    volume de leo aps o ajuste do parafuso regulador. Quando a rotao do motor

    elevada e depois reduzida novamente ao mesmo ponto, observa-se que o volume de leo

    injetado no motor menor que antes, apesar da mesma rotao. Assim, o efeito da falha no

    cliente seria reduo da potncia no motor. Dado que os defeitos EDAR e NAR so muito

    semelhantes e, normalmente so corrigidos atravs do ajuste do link e outros componentes

    do conjunto regulador, estes trs defeitos so denominados problemas de regulador.

    Devido esperada dificuldade de encontrar a causa raiz deste problema, estabeleceu-se

    como meta uma reduo de apenas 50% neste ndice, isto , uma reduo de 15% no total

    dos problemas com as bombas DPA.

    O indicador base do projeto, ndice de rejeio de bombas, representa apenas as ocorrncias

    dos defeitos de regulador (NDAR, EDAR e NAR), cujo levantamento de dados feito para

    cada modelo de bomba. Portanto, o ndice de Rejeies de Bombas (que na verdade

    significa rejeies por problemas de regulador) ser o indicador utilizado durante e aps

    o trmino do projeto.

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________47

    3.2 MEDIO (MEASURE)

    Nesta seo, sero levantados todos os dados necessrios para a prxima fase: o analyse.

    Alm dos dados de suporte anlise, o processo de montagem de bombas ser mapeado e

    avaliado quanto ao sistema de medio para garantir a fidedignidade dos dados coletados e

    dos dados aps a implementao de melhorias.

    O acompanhamento do indicador base do projeto teve incio em junho de 2004, quando do

    incio do projeto. Com isto, pode-se determinar quais so os modelos de bombas mais

    problemticos quanto a estas falhas, e tambm monitorar a evoluo de cada bomba ao

    longo e aps o projeto. Para iniciar o projeto, convm tirar uma foto do atual ndice de

    rejeies para cada bomba (Figura 3.2.1). Da, a equipe do projeto estar habilitada a iniciar

    os estudos em cima das bombas mais crticas, alm de conhecer os nveis de rejeio das

    mesmas e projetar os novos ndices, ou gap, que a equipe dever buscar atingir.

    Figura 3.2.1: ndice de rejeies de bombas em junho de 2004. Fonte: elaborado pelo autor

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________48

    Em funo das grandes diferenas entre muitos modelos de bombas, este grfico ser

    utilizado mais tarde para seleo das bombas a serem priorizadas quanto investigao das

    causas razes. Dado que praticamente todos os modelos so produzidos mensalmente, o

    perodo de um ms pode ser considerado suficiente para anlise destes dados.

    Para priorizar as bombas que resultaro em maior ganho quando tiverem seus ndices

    reduzidos, tambm importante considerar o volume de produo de cada modelo. O

    grfico abaixo mostra a quantidade produzida acumulada em 12 meses.

    Figura 3.2.2 : Volume de produo de bombas. Fonte: dados internos

    A partir dos paretos acima, as bombas com os maiores ndices de rejeio foram

    selecionadas para estudo e comparao com bombas semelhantes (mesma famlia), porm

    com baixos ndices de rejeio. Este estudo ser abordado na prxima seo (fase analyze).

    3.2.1 Mapeamento do Processo de Montagem

    Em funo do grande nmero de componentes e processos deste produto, decidiu-se iniciar

    a investigao das causas do problema no final do processo produtivo, onde os requisitos

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________49

    dos componentes e processos anteriores so mais facilmente identificveis. Entretanto, o

    escopo do projeto abrange fornecedores e clientes internos desde a fabricao de

    componentes at a montagem e teste final de bombas, isto , o mapa SIPOC (suppliers,

    inputs, process, outputs, customers) est contido num Core Process, como mostra a figura

    1.5.1, na apresentao do processo da empresa.

    Como todas as bombas injetoras so testadas antes de serem enviadas aos clientes, os

    defeitos apresentados pelas bombas (inclusive o NDAR) so sempre detectados no teste

    de bombas, que a ltima etapa do processo. Dado que o processo imediatamente anterior

    ao teste de bombas (montagem da bomba) tambm pode apresentar fonte de variao e no-

    conformidades, decidiu-se mapear o processo de montagem. Com isto, espera-se que sejam

    detectadas falhas nos mtodos de montagem e inspeo e nos critrios de aprovao dos

    componentes antes mont-los.

    Compreendido o processo de montagem, o foco do projeto ser direcionado para os

    processos dos componentes mais crticos detectados nesta ltima etapa do processo de

    fabricao das bombas.

    O mapeamento da montagem e teste de bombas (figura 3.2.1.1) permite que sejam

    claramente identificados os requisitos de cada etapa da montagem e quais deles podem

    ocasionar o defeito em questo. Para tanto, cada item do mapa de processo foi classificado

    segundo os seguintes critrios Controlvel (C), Rudo (R), Padro (P). Aps isto, cada item

    avaliado quanto sua criticidade (!).

    A avaliao dos elementos de entrada, ou requisitos, do teste de bombas importante para

    que a equipe do projeto possa avaliar a adequao do procedimento de teste e critrios de

    aprovao das bombas. Desta forma, procura-se reduzir quaisquer interferncias aleatrias,

    ou causas especiais, nos resultados dos testes e nos dados de rejeio coletados. A seguir,

    foram listados todos os inputs e outputs necessrios para a montagem e teste de uma

    bomba.

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________50

    PA5 R - Peas P - Especificaes R - Dispositivos R - Torqueadora Eletrnica

    C - Teste de vazamento C - leo C - Ar comprimido R - Tampes R - Dispositivo de Fhushing

    Bomba Torqueada, lavada e sem vazamento

    R - Peas P - Especificaes

    R - Peas P ! - Especificaes R! - Mquina de teste R - Bomba Padro R! - leo 519 A R - Torqumetro R! Conexes e engates R - Ferramentas p/ ajuste R - Tubos de alta presso R - Caixa de Bicos R - Presso de linha R - gua R - Energia Eltrica

    Bombas Aprovadas

    Bomba Ajustada e Testada

    Teste de Bombas Inspeo Inspeo Visual

    Bomba inspecionada

    Figura 3.2.1.1 : Mapa do Processo de montagem de bombas, onde as entradas so listadas abaixo e as sadas

    listadas acima dos postos de trabalho correspondentes. Fonte: elaborado pela equipe do projeto

    R! - Peas P - Especificaes R - Dispositivos R - Vaselina Lquida R! - Pino posicionador do cabeote R - Parafusadeiras R - Torqumetros R - Bujo escravo + janela R - Morsa

    Carcaa Anel Elstico Vlvula Dosif. Chapinha Retentor Cabeote Eixo + Cubo Anel de Ressalto + parafuso

    R!- Peas P! - Especificaes R - Dispositivos C! - Paqumetro R - Ferramentas R - Torqumetro R - Parafusadeira R - Posicionador das travas R - Cone para montar ORing R - Mscara Protetora R - leo R - Vaselina

    PA3 R - Peas P - Especificaes R - Dispositivos R - Morsa R - Torqumetro R - Ferramentas

    PA4

    PA1 + Conj. Regulador + link Guia de Mola Travessa Prisioneiro Parafuso Eixo do acelerador Tampa do regulador Junta

    PA2+ Bujo + parafuso de sangria Torque do parafuso do cabeote hidrulico Alavancas de corte e acelerador Parafusos mx. livre e marcha lenta Banjos Vlvulas Arruelas

    PA1

    PA3 + Avano Mola Bujo Calo Vlvula 261 Torque dos banjos Torque da ferradura Chaveta

    R! - Peas P! - Especificaes R - Dispositivos R - Parafusadeiras R - Torqumetros R - Cone R - Martelete Pneumtico R - Engrenagem escrava

    PA2

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________51

    Com este mapa, possvel ter uma viso ampla de quais variveis podem estar afetando o

    problema em questo (NDAR). Isto , deve-se estar atento a todos dispositivos, peas e

    materiais necessrios s diversas etapas, principalmente aos itens considerados crticos e/ou

    rudos.

    Os postos de trabalho mostrados acima foram minuciosamente avaliadas por toda a equipe

    do projeto, porm no apresentaram no-conformidades, com exceo de um instrumento

    de medio, a ser abordado no prximo item.

    3.2.2 Anlise do Sistema de Medio

    Durante o mapeamento, a equipe observou a inadequao de um sistema de medio

    contido no posto PA2, pois notava-se que o mtodo de ajuste do link com paqumetro

    parecia desajeitado e impreciso. A utilizao do paqumetro para medir torna difcil o

    posicionamento correto do mesmo durante a leitura da medio.

    Conforme se observa na Figura 3.2.2.1 abaixo, as duas extremidades de apoio do

    paqumetro (brao do regulador e vlvula dosificadora) so regies pequenas e de difcil

    acesso, dificultando ainda mais o posicionamento paralelo do paqumetro ao link.

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________52

    Figura 3.2.2.1 : Medio do comprimento do link com o conjunto regulador em destaque. Fonte: Delphi

    Conforme visto anteriormente, o comprimento do link uma dimenso que influencia

    diretamente a vazo de leo na bomba e, portanto, pode estar relacionada ao problema.

    Para confirmar tal suspeita de inadequao do sistema, foi realizado um estudo de MSA

    (Measure System Analysis) neste sistema. Neste estudo, calculada toda a variao

    proveniente tanto do operador (mtodo) como do instrumento (paqumetro). Dois

    operadores (Thiago e Maria) medem 10 peas alternadamente 3 vezes cada um. Com base

    nestas 30 medidas, conclui-se o seguinte estudo:

    Legenda: 1 e 2: vlvulas de ajuste 3: brao do regulador 4: ponto de apoio do paqumetro 5: vlvula dosificadora (ponto de apoio do paqumetro) 6: gancho do link 7: paqumetro

    Link

    Paqumetro

  • Captulo III Aplicao da metodologia DMAIC________________________________53

    Figura 3.2.2.2: Estudo do Sistema de Medio para medida do comprimento do link da bomba.

    Fonte: equipe do projeto

    Conforme mostra o estudo, o sistema de medio apresenta problemas de repetitividade e

    reprodutividade. No grfico de amplitudes R, nota-se que o sistema no instvel (um

    ponto fora dos limites de controle), com grandes diferenas de amplitude e mdias entre os

    operadores, caracterizando o problema de reprodutividade. No diagramas por pea, nota-se

    a clara deficincia de repetitividade do equipamento, visto que um mesmo operador no

    capaz de reproduzir uma mesma medida para a mesma pea.

    Neste caso, estudos de tendncia (bias) e variao de tendncia (linearidade) no so

    necessrios, uma vez que o sistema j estaria reprovado pelos critrios de repetitividade e

    reprodutividade. A inadequao do sistema pode ser