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Segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensões Julho/2018 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018 Segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensões Lorena Gonzaga Garcia - [email protected] Engenharia de Segurança do Trabalho Instituto de Pós-Graduação - IPOG Goiânia, GO, 01 de setembro de 2017 Resumo Este artigo tem como objetivo analisar os requisitos de segurança e os principais riscos em serviços e instalações de baixa e alta tensão, e apresentar propostas de melhoria nesta área. A metodologia empregada baseou-se na utilização das normas regulamentadoras, nas análises de estatísticas de acidentes, nas recomendações de prevenção e na proposta de planilhas e programas de averiguação e controle, visando a conscientização dos profissionais que interagem direta ou indiretamente em instalações elétricas e em serviços com eletricidade e tornando mais eficientes e eficazes as vistorias dos mesmos. Através de pesquisas logisticas conseguimos indetificar que além de melhores sistemas gerenciais de segurança e funcionamento em instalações, é necessário um programa padrão que pode ser alimentado com informações de qualquer tipo de instalação para torná-la mais funcional e segura em um menor tempo. Palavras-chave: Requisitos. Serviços com eletricidade. Instalações. 1. Introdução O objetivo deste artigo é apresentar uma análise da segurança em serviços e instalações de baixa e alta tensão, avaliando os riscos envolvidos, e propondo melhorias. A metodologia empregada baseou-se na utilização das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2015) referentes a serviços e às instalações de baixa e de alta tensão. Neste estudo são abordados os principais requisitos de segurança, estatísticas de acidentes no setor elétrico, e exemplos de inadequações em instalações e em condições mínimas para o local da instalação e para os serviços relacionados às mesmas, como estudos de casos. Como contribuição deste trabalho tem-se o destaque de propostas de melhorias em relação à segurança e à saúde dos trabalhadores, baseadas nas análises de estatísticas de acidentes e de recomendações de prevenção, visando a conscientização dos profissionais que interajam direta ou indiretamente em instalações elétricas e em serviços de baixa e de alta tensão, sobre os riscos envolvidos. De acordo com a norma regulamentadora NR 10 (BRASIL, 2004), tem-se as definições: a) Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra; e b) Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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Segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensões

Julho/2018

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018

Segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensões

Lorena Gonzaga Garcia - [email protected]

Engenharia de Segurança do Trabalho

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Goiânia, GO, 01 de setembro de 2017

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar os requisitos de segurança e os principais riscos em

serviços e instalações de baixa e alta tensão, e apresentar propostas de melhoria nesta área. A

metodologia empregada baseou-se na utilização das normas regulamentadoras, nas análises

de estatísticas de acidentes, nas recomendações de prevenção e na proposta de planilhas e

programas de averiguação e controle, visando a conscientização dos profissionais que

interagem direta ou indiretamente em instalações elétricas e em serviços com eletricidade e

tornando mais eficientes e eficazes as vistorias dos mesmos. Através de pesquisas logisticas

conseguimos indetificar que além de melhores sistemas gerenciais de segurança e

funcionamento em instalações, é necessário um programa padrão que pode ser alimentado

com informações de qualquer tipo de instalação para torná-la mais funcional e segura em um

menor tempo.

Palavras-chave: Requisitos. Serviços com eletricidade. Instalações.

1. Introdução

O objetivo deste artigo é apresentar uma análise da segurança em serviços e instalações de baixa

e alta tensão, avaliando os riscos envolvidos, e propondo melhorias. A metodologia empregada

baseou-se na utilização das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego

(BRASIL, 2015) referentes a serviços e às instalações de baixa e de alta tensão. Neste estudo

são abordados os principais requisitos de segurança, estatísticas de acidentes no setor elétrico,

e exemplos de inadequações em instalações e em condições mínimas para o local da instalação

e para os serviços relacionados às mesmas, como estudos de casos. Como contribuição deste

trabalho tem-se o destaque de propostas de melhorias em relação à segurança e à saúde dos

trabalhadores, baseadas nas análises de estatísticas de acidentes e de recomendações de

prevenção, visando a conscientização dos profissionais que interajam direta ou indiretamente

em instalações elétricas e em serviços de baixa e de alta tensão, sobre os riscos envolvidos. De

acordo com a norma regulamentadora NR 10 (BRASIL, 2004), tem-se as definições:

a) Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente

contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente

contínua, entre fases ou entre fase e terra; e

b) Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em

corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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2. Principais Requisitos de segurança

2.1. NR-10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade

A norma regulamentadora NR 10 (Brasil, 2004) apresenta os requisitos mínimos para a

segurança, descrevendo as principais medidas de controle e sistemas preventivos envolvendo

tanto as instalações, quanto os serviços dos profissionais envolvidos direta e indiretamente com

eletricidade. Algumas definições importantes neste trabalho são apresentadas, como as

seguintes zonas que devem ser respeitadas (CPNSP, 2005):

a) Zona de Risco definida como espaço ao redor de parte condutora energizada e não segregada,

com acesso inclusive acidental, com dimensões estabelecidas de acordo com nível de tensão,

sendo permitidas aproximações apenas a autorizados;

b) Zona Controlada é o local ao redor da parte condutora energizada e não segregada, também

definida pelo nível de tensão. Enquanto que, a zona livre corresponde ao espaço não

pertencente a zona de risco e zona controlada, onde o acesso é livre.

A norma NR 10 (BRASIL, 2004) abrange projeto, construção, montagem e serviços vinculados

às etapas de instalações e serviços com eletricidade. Considerando as principais definições dos

trabalhadores envolvidos com eletricidade, contidas na norma, é importante ressaltar que a

qualificação, capacitação e autorização dos mesmos é fundamental elemento para evitar riscos

maiores de acidentes. As empresas devem manter esquemas unifilares atualizados das

instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento

e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Além disso, de acordo com a classificação

de cada estabelecimento através de sua demanda, existem documentos importantes vinculados

tanto aos profissionais envolvidos quanto aos equipamentos de proteção. A junção desses

documentos compõe o Prontuário de Instalações Elétricas que é um sistema dinâmico com os

documentos vinculados a cada estabelecimento e atualização constante dos mesmos.

Além disso, dentro de uma empresa existem exigências mínimas ao empregador e ao

empregado que são explicitadas na norma. Cabe ao empregador manter os trabalhadores

informados sobre os riscos que estão expostos além de adotar medidas preventivas e corretivas

caso sejam necessárias. Cabe ao empregado zelar pela sua segurança, responsabilizar-se pelo

cumprimento da norma e procedimentos internos de segurança, além de comunicar as situações

que considerar de risco.

Para garantir a segurança das pessoas direta ou indiretamente envolvidas no serviço em

eletricidade, são necessários equipamentos de proteção individual e coletiva (EPI e EPC) de

acordo com a atividade, e conforme as normas de segurança, como a norma regulamentadora

NR 6 (BRASIL, 2014). Os serviços envolvendo eletricidade podem ou não envolver

desenergização e energização do sistema elétrico para que os mesmos possam ser realizados,

lembrando que para ambas é necessário ter ordem de serviço. O quadro 1 informa as sequências

de desenergização e energização, de acordo com a NR 10 (BRASIL, 2004).

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Quadro 1. Sequências de desenergização e energização de instalações elétricas liberadas para o trabalho

(BRASIL, 2004)

Sequência de Desenergização Sequência de Energização

1- Seccionamento 1- Retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos

2- Impedimento de reenergização 2- Retirada da zona controlada de todos os profissionais

não envolvidos no processo de reenergização

3- Constatação de ausência de tensão 3- Remoção do aterramento temporário, da

equipotencialização e proteções adicionais

4- Instalação de aterramento temporário com

equipotencialização dos condutores dos circuitos

4- Remoção da sinalização de impedimento de

reenergização

5- Proteção de elementos energizados exigentes na zona

controlada

5- Destravamento, se houver e religação dos

dispositivos de seccionamento

6- Instalação de sinalização de impedimento de

reenergização

2.2. Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso

individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a

segurança e a saúde no trabalho, conforme a norma regulamentadora NR – 6 (BRASIL, 2014).

Para que se possa reduzir o risco, isolá-lo, utilizando proteção coletiva e individual, é

fundamental selecionar o EPI. Para isso existem cinco verificações importantes para essa

seleção que são: Certificado de Aprovação, Nível de segurança necessário, duração de

exposição ao risco, frequência de exposição ao risco e adaptação do EPI à constituição física

do trabalhador. Após selecionado o EPI, é necessário o zelo do mesmo por parte do empregado

e checagem do mesmo pelo empregador.

2.3. Sinalização de Segurança

Nas instalações e serviços em eletricidade, deve ser adotada sinalização adequada de segurança,

destinada à advertência e à identificação de circuitos elétricos, travamento e de bloqueios de

dispositivos e sistema de manobra e comando, restrições e impedimentos de acesso, delimitação

de área, sinalização de áreas de circulação, sinalização de impedimentos de energização e

identificação de equipamento ou circuito impedido. A figura 1 ilustra exemplos de sinalizações.

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(a) (b)

Figura 1. Sinalização: a) cones, fitas, pisca alerta; b) proteções coletivas (mantas isolantes) e equipamentos

de proteção individual (EPIs).

2.4. Instalações Elétricas de Baixa Tensão

A norma brasileira NBR – 5410 (ABNT,2004) aplica-se às instalações elétricas alimentadas

sob uma tensão nominal igual ou inferior a 1 000 V em corrente alternada, com frequências

inferiores a 400 Hz, ou a 1 500 V em corrente contínua. Sua aplicação é considerada a partir da

origem da instalação. Sendo assim existem alguns fatores importantes a serem ressaltados sobre

condições básicas de funcionamento dessas instalações para segurança das mesmas e de todos

envolvidos. De acordo com a norma (ABNT,2004), existem definições das características

gerais das instalações de baixa tensão, que devem ser seguidas para garantir a segurança, tais

como:

a) A determinação da potência de alimentação é essencial para a concepção econômica e segura

de uma instalação nos limites adequados de temperatura e de queda de tensão;

b) Os sistemas de distribuição devem ser determinados de acordo com os esquemas dos

condutores vivos e esquemas de aterramento definidos pela norma de acordo com a necessidade

da instalação;

c) Tomadas de uso especifico e uso comum padronizadas e posicionadas de acordo com cada

local onde serão instaladas;

d) Dispositivos de proteção (DPS e DR por exemplo) utilizados adequadamente em cada tipo

de instalação e de acordo com a demanda das mesmas. Além disso, temos outras definições

importantes tanto das características gerais das instalações e seus componentes, como

condições de manutenção das mesmas e serviços de segurança envolvidos.

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3. Instalações elétricas e sistemas preventivos

Um funcionamento adequado de uma instalação elétrica necessita de alguns requisitos como:

proteção contra choque elétrico (por contato direto ou indireto); proteção contra efeitos

térmicos; proteção contra sobrecorrentes (sobrecarga ou curto-circuito); proteção contra

sobretensões; seccionamento e comando (paradas de emergência ou seccionamento apenas);

independência das instalações elétricas; acessibilidade dos componentes (espaço suficiente para

manuseio e manutenção); condições de alimentação; proteções complementares.

No quesito segurança, destaca-se o aterramento e os dispositivos de proteção. Para cada tipo de

instalação existe um aterramento adequado e cada um com sua especificidade que envolve a

disposição e ligação dos condutores, proteção e neutro. Dentre os dispositivos tem-se, por

exemplo: o Dispositivo de proteção a corrente diferencial residual (DR); e o Dispositivo contra

Sobretensão (DPS). Outro fator importante para segurança da instalação é a previsão de carga,

onde se calcula a demanda necessária e demandas futuras (potência nominal e previsão de

potência futura). Desde os projetos até a manutenção das instalações elétricas constata-se a

necessidade de instalar medidas de controle e sistemas preventivos para segurança de todos os

profissionais envolvidos. Contudo, na prática, existem algumas inadequações que geram riscos.

Para que se possa avaliar e identificar preliminarmente os riscos envolvidos em determinada

atividade, existem medidas de controle como APR (Análise Preliminar de Risco) que é uma

visão técnica antecipada do trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos

envolvidos em cada passo da tarefa, e ainda propicia condição para evitá-los ou conviver com

eles em segurança. O quadro 2 ilustra um exemplo de formulário de análise preliminar de risco.

Quadro 2. Exemplo de um formulário de análise preliminar de risco (APR)

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As estatísticas de acidentes revelam a necessidade de adequação das instalações elétricas de

acordo com as normas vigentes e com a inclusão de implementação de sistemas preventivos no

controle de riscos. Sendo assim, destaca-se neste trabalho, os requisitos mínimos de segurança

em todas as etapas, do projeto, da execução, da manutenção das instalações e dos serviços,

assegurando a qualidade e a proteção do profissional. Nesse sentido, a Fundação COGE

apresenta uma análise do Setor Elétrico Brasileiro, informando dados estatísticos de acidentes

elétricos com empregados em empresas ou terceirizadas. Seguem as seguintes estatísticas nas

Figuras 2 e 3 (FUNCOGE, 2015).

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Figura 2. Histórico das Taxas de Frequência do Setor Elétrico (2013)

Figura 3. Histórico das Taxas de Gravidade de Acidentados do Setor (2013)

O número de acidentes graves ou fatais ao longo do tempo é um fator agravante na avaliação

das questões de segurança no setor. Instalações elétricas e serviços envolvidos são principais

causadores dos mesmos. Primeiramente, pelo fato de serem, por vezes, elaboradas sem as

condições mínimas de segurança e funcionamento. Em segundo lugar, pela ausência de uma

melhor qualificação de alguns profissionais vinculados, bem como de uma oferta de cursos

adequados e suas devidas reciclagens por parte dos empregadores, além de uma ampla

exigência dos quesitos de segurança tanto de empregadores, quanto de empregados e

terceirizados. As instalações elétricas mais antigas, sobretudo as projetadas e construídas há

mais de 20 anos, podem apresentar inadequações ao uso, considerando: condições de segurança

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aplicáveis aos usuários e equipamentos, critérios de segurança nas diferentes etapas de

manutenção, e diferenças entre valores de carga atual e da capacidade projetada da instalação.

Os problemas mais recorrentes encontrados são a falta de aterramento adequado e condutores

elétricos subdimensionados para a real carga instalada, ou seja, alto risco de choques elétricos

e de incêndios. Neste sentido, é recomendada a conferência das condições mínimas para os

locais onde se encontram as instalações nos quais provavelmente são realizados serviços de

manuseio e manutenção. A figura 4 ilustra algumas inadequações de um estudo de caso. Os

principais riscos localizados nas instalações detectados nos estudos de caso deste trabalho são:

risco de incêndio devido a materiais inflamáveis, risco de queda, risco de choque elétrico pela

má isolação e proximidade de componentes energizados. Existem também os riscos envolvidos

na instalação, propriamente dita, seja pela sinalização inadequada; ausência ou inadequação dos

condutores de proteção; isolação e instalação inadequada de cabos ou dimensionamento

impreciso de cabos, condutores e calhas. Estes são alguns dos riscos que estão ilustrados nas

figuras 5, 6 e 7.

(a) (b)

Figura 4. Estudos de casos: a) espaço curto para movimentações, e piso inadequado; e b) cabine de energia

elétrica com materiais inflamáveis e entulhos.

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(a) (b)

Figura 5. Instalações: a) cabeamento conduzido de forma inadequada aos quadros alimentadores; e b) ausência

de proteção do barramento energizado.

(a) (b)

Figura 6. Instalações: a) emenda inadequada; e b) excesso de condutores na eletro calha.

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(a) (b)

Figura 7. Instalações: a) ausência de proteção contra contatos acidentais na parte energizada; e b) barramento

inadequado.

4. Propostas de melhorias

Uma vez avaliados os requisitos de segurança das instalações e serviços em baixa e alta tensão,

e os riscos de acidentes envolvidos, são apresentadas algumas melhorias para que o sistema se

torne mais seguro. Para que a implantação das normas de segurança em todas as etapas das

instalações se torne efetiva e adequada, são importantes a análise e a fiscalização das mesmas.

Além disso, é necessária uma averiguação de adequações e inadequações tanto em itens de

funcionamento quanto de segurança que seja eficiente, automática e traga soluções mais

eficientes.

4.1. Sistema de Gestão de Segurança

Complementando as normas de segurança, recomenda-se que seja implementado um sistema

de gestão para coordenar questões como proteção, certificação, e controle do uso adequado para

cada risco envolvido na atividade exercida. Esse sistema consiste em um gerenciamento de

medidas de controle e sistemas preventivos, por exemplo, por meio do ciclo PDCA (Plan, Do,

Check e Action), ou seja, planejar, agir, verificar e executar, descrito da seguinte forma

(BARIANI, 2014):

a) P - Planejar: estabelecimento dos objetivos e processos necessários para alcançar as metas;

b) D - Agir: implementação do plano ou processo, além da coleta de dados para mapeamento e

análise dos próximos passos;

c) C - Verificar: estudo do resultado medido e coletado no passo anterior e comparação destes

com os resultados esperados, as metas, procurando por desvios na aplicação do plano e também

por formas de adequação; e

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d) A - Executar: iniciativa das ações corretivas sobre as diferenças significativas entre os

resultados reais e planejados, analisando essas diferenças para determinar suas causas e

identificar onde se aplica as mudanças para melhoria do processo ou produto.

Sendo assim, as informações importantes para gerenciar um sistema de segurança (FERREIRA,

2009) são: a) os dados de toda parte elétrica com detalhes específicos e certificações de todos

os componentes; b) os dados dos equipamentos de proteção com certificações dos mesmos; c)

programação de ensaios para avaliar os componentes assim como os equipamentos de proteção

(de acordo com o fabricante); d) certificação da qualificação de todas as pessoas envolvidas

diretamente no sistema elétrico; e) programação das reciclagens dos cursos de segurança

necessários para o serviço a ser realizado; e f) procedimentos padrões e sequenciais de

manutenção e serviços envolvendo eletricidade, adequados para cada serviço especificamente.

Uma vez atendidas essas informações, são exigidas as devidas reciclagens, os devidos ensaios

e o acompanhamento correto do que deve ser realizado em cada serviço.

4.2. Sistema de Avaliação de Conformidade

O sistema de avaliação de conformidade é responsável por avaliar as instalações e serviços na

parte elétrica para averiguar adequações e não adequações. Esse processo envolve algumas

ações típicas (DANIEL, 2010), como: a) utilizar norma ou regulamento necessário; b) coletar

amostras; c) efetuar análise de tipo; d) realizar ensaios em laboratório responsável pelos

mesmos; e) realizar inspeções; f) interpretar os resultados dos ensaios e inspeções; g) realizar

auditorias de acompanhamento; h) definir sistemática de tratamento de não conformidade

eventualmente identificadas.

Avaliadas as conformidades e com uma adequada gestão de segurança, constata-se a

necessidade de um sistema de acompanhamento e verificação das adequações pertinentes à

segurança das instalações e serviços de baixa e alta tensão. Esse sistema consiste em verificar

todos os quesitos de segurança e condições mínimas de projeto, execução e manutenção de

instalações no estabelecimento, por meio de um checklist.

4.3. Programa de averiguação e controle da NR-10

O programa consiste em uma planilha de Excel que é abastecida uma vez de todos os padrões

de determinado serviço com eletricidade ou setores que envolvem trabalhos com eletricidade,

e um programa que abre em conjunto com adequações e não adequações que uma vez carregado

averigua automaticamente através de fotos ou informações técnicas de funcionamento.

Segue dois tipos de planilhas genéricas a serem preenchidas:

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Figura 8. Planilha 1 do Excel – Castro de informações

Figura 9. Planilha 2 do Excel – Registro de informações após vistorias.

Essas primeiras planilhas então trarão todos os dados de funcionamento e padrões bem como

algumas informações obtidas através de vistorias nas instalações que forem ser averiguadas.

Contudo não são suficientes para serem precisas e eficientes no controle de inadequações de

funcionamento e segurança. Para isso, foi vinculado a essas planilhas um programa que

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confirma automaticamente, uma vez que for programado, o que está ou não em acordo e o que

deve ser feito de ajustes e melhorias.

Na figura 10 verificamos um exemplo genérico do programa:

Figura 10. Programa complementar – Averiguação e controle automático.

5. Conclusão

Este artigo sobre segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensão, atingiu o seu

objetivo de apresentar uma análise de requisitos de segurança e riscos envolvidos, propondo

melhorias. Sendo assim, é de grande importância tratar os riscos envolvidos com choques

elétricos, sobrecargas que aquecem diversos componentes, curto-circuito devido a falhas de

isolação e combustão em materiais próximos aos pontos quentes, dentre outros.

Além de assegurar a proteção das instalações bem como dos profissionais envolvidos (empresa

ou terceirizados). Para tal propósito foram propostos Sistemas de Gestão de Segurança e de

Avaliação de Conformidade, com um checklist de adequações, inadequações e recomendações

pertinentes. Neste caso, o Sistema de Gestão de Segurança tem como função implantar uma

coordenação e gerenciamento dos sistemas de controle e medidas preventivas de cada

instalação e serviços envolvidos à mesma. Enquanto que, o Sistema de Avaliação de

Conformidade tem como função avaliar as instalações e serviços na parte elétrica para averiguar

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adequações e não adequações das condições mínimas de funcionamento e da segurança das

mesmas. Portanto, conclui-se que os sistemas são eficientes e recomendados, visando a

melhoria contínua na segurança das instalações e em serviços de baixa e de alta tensão.

6. Referências Bibliográficas

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: formatação

de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2002.

BARIANI, L. R (2014), “Desenvolvimento de um software sobre um sistema de gestão de

segurança e saúde no trabalho, destacando a norma regulamentadora – NR10 sobre

instalações e serviços com eletricidade”, Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade

Federal de Goiás, Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação, Goiânia.

BRASIL, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2004), “Norma

Brasileira, NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão”, São Paulo.

BRASIL, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (2004), “Norma Regulamentadora,

NR 10 – Segurança em instalações e serviços com eletricidade”, Brasília. Disponível em:

<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em 19 mar.

2015.

BRASIL, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (2014), “Norma Regulamentadora

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual”, Brasília. Disponível em:

<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 19 mar.

2015.

BRASIL, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (2015), “Legislação - Normas

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Segurança em serviços e em instalações de baixa e alta tensões

Julho/2018

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018

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