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SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

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Page 1: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA

REALISMO REGIONALISTA

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O ciclo nordestino:

Congresso Regionalista do Recife (1926)

Literatura voltada para os problemas do Nordeste, com denúncia social (seca, migração, latifúndio, coronelismo, cangaceirismo, contrastes sociais).

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1. José Américo de Almeida

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A Bagaceira (1928)

marco inicial do romance nordestino modernista

- temática da seca e do retirante;- contraste entre sertanejos e brejeiros;

Saga dos retirantes Valentim Pereira, sua filha Soledade e seu afilhado Pirunga que abandonam o sertão e são acolhidos – no brejo – pelo Engenho de Marzagão de Dagoberto Marçau e seu filho Lúcio.

- violência e opressão.

Page 5: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

Estilo:

- concisão, frases enxutas, cortes na narrativa

- reminiscências naturalistas

- tendência panfletária

- discrepância entre linguagem do narrador (culta, formal) e das personagens (regional)

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Eram os mesmos azares do êxodo. A mesma debandada patética. Lares desmantelados; os sertanejos desarraigados do seu sedentarismo.

Passavam os retirantes dessorados, ocos de fome, cabisbaixos como quem vai contando os passos.

Lúcio sentia gritar-lhe no sangue a solidariedade instintiva da raça.

E organizou assistência aos mais necessitados.

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2. Jorge Amado

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- Obras com denúncia social (de inspiração comunista): Cacau, Suor, País do Carnaval

- Obras centradas na crônica de costumes, nos tipos populares baianos: Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste

Estilo:- Linguagem oral;

- Influência folhetinesca (ação, aventura) e de narrativas populares;

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Gabriela Cravo e Canela

Ilhéus, cidade cacaueira invadida pelo progresso, num momento de transição em que os antigos “coronéis” são ameaçados de substituição por políticos jovens.

Luta política entre Ramiro Bastos (“coronel”) e Mundinho Falcão (jovem carioca exportador de cacau) e caso amoroso entre o turco Nacib e a mulata Gabriela.

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E ia perdê-la... “Cada mulher, por mais fiel, tinha seu limite”, Nhô-Galo queria dizer seu preço. Refletiu-se-lhe a amargura no rosto e Gabriela, que levantara os olhos ao falar, constatou:

- Seu Nacib anda triste... Era assim não... Era faceiro, risonho, agora anda triste. Por que, seu Nacib?

(...)

-Tenho uma coisa para lhe falar.

- Pois fale, meu dono...

- Não estou gostando de uma coisa, está me preocupando.

Ela assustou-se:

- A comida tá ruim? A roupa mal lavada?

- Não é nada disso. É outra coisa.

- E o que é?

- Tuas idas ao bar. Não gosto, não me agradam...

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3. Rachel de Queiroz

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- Preocupação social aliada à análise psicológica das personagens;

- Natureza do homem nordestino;

- Aceitação fatalista do destino.

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O Quinze

Três histórias paralelas:

• Vicente (lutando pela sobrevivência no sertão);

• Conceição (jovem professora de Fortaleza, prima de Vicente, com quem tem um caso amoroso);

• Chico Bento (vaqueiro que migra para a cidade com sua família fugindo da seca).

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Conceição passava agora quase o dia inteiro no Campo de Concentração, ajudando a tratar, vendo morrer às centenas as criancinhas lazarentas e trôpegas que as retirantes atiravam no chão, entre montes de trapos, como um lixo humano que aos poucos se integrava de todo no imundo ambiente em que jazia.

Dona Inácia, as vezes que podia, acompanhava a neta nessa labuta caridosa, em que a moça empregava o melhor de sua natureza.

De vez em quando, porém, a avó tinha que repreendê-la por quase não comer, por sempre chegar em casa atrasada (...).

Mas apesar de censurar os exageros da neta, seu coração de velha avó todo se confrangia e mortificava com a mortandade horrorosa que aquele novembro impiedoso ia espalhando debaixo dos cajueiros do Campo. E sua bolsa de couro preto já estava com a mola gasta de tanto fechar e abrir.

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4. José Lins do Rego

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- Obras com reminiscências memorialistas (infância no engenho de cana-de-açúcar do avô);

- Decadência econômica e social do sistema patriarcal.

Estilo:

- Influência dos “cantadores de feira” (linguagem oral, poética e afetiva);

- Intuicionismo, simplicidade.

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Fogo Morto

Decadência da sociedade patriarcal nordestina e das ligações entre os “coronéis” e os cangaceiros.

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1a. Parte:

História do seleiro José Amaro, agregado do engenho Santa Fé do coronel Lula de Holanda, homem orgulhoso e cheio de preconceitos que busca apoio no cangaceiro Silvino. José é obrigado a abandonar o engenho e, desiludido com sua profissão e sua família (sobretudo sua filha solteira), comete suicídio.

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2a. Parte:

História do “coronel” Lula de Holanda, homem economicamente falido (não consegue manter a prosperidade do engenho herdado de seu sogro), mas que conserva seu poder. Refugiado na religiosidade, não se alia nem ao governo nem aos cangaceiros, e acaba entrevado por causa de uma doença.

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3a. Parte:

História do “Papa Rabo” Vitorino (compadre de José Amaro que tinha esse apelido porque costumava cortar o rabo dos animais), que acredita e luta pela justiça e igualdade, enfrentando os poderosos e defendendo os humildes, sendo ridicularizado por isso.

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-Entra para dentro, Vitorino, está muito frio. A friagem de lua te faz mal.

Ele não respondeu. No outro dia sairia pelo mundo para trabalhar pelo povo. (...) Quando entrasse na casa da Câmara sacudiriam flores em cima dele, dariam vivas, gritando pelo chefe que tomava a direção do município. Mandaria abrir as portas da cadeia. Todos ficariam contentes com o seu triunfo. (...) Ah, com ele não havia grandes mandando em pequenos. Ele de cima quebraria a goga dos parentes que pensavam que a vila fosse bagaceira de engenho.

-Vitorino, vem dormir.

- Já vou.

E, escorado no portal da casa de taipa, de chão de barro, de paredes pretas, Vitorino era dono do mundo que via, da terra que a lua branqueava, do povo que precisava de sua proteção.

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5. Graciliano Ramos

Page 23: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

- Predomínio do elemento humano sobre o regionalismo;

- Inadaptação das personagens ao mundo e a si mesmas;

- Linguagem: economia vocabular, “palavra incisiva”.

Page 24: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

Vidas Secas

(romance regionalista sócio-político)

Família de retirantes nordestinos que perambulam pelo sertão: Fabiano (“seco como a terra”), Sinhá Vitória, meninos mais velho e mais novo e a cachorra Baleia.

Humanização do animal X animalização do homem

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Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. (...) Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se. (...) Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera. (...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. (...) Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. (...) Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

Page 26: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

São Bernardo

(romance psicológico)

Narrativa em primeira pessoa de Paulo Honório, que tenta entender o fracasso de seu casamento com a professora Madalena (jovem sensível que, sufocada pelo ciúme doentio do marido, comete suicídio), em contraste com a sua prosperidade econômica.

Page 27: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

Angústia

(romance psicológico)

Narrativa em primeira pessoa de Luís da Silva, homem frustrado que, atormentado por sua postura passiva e submissa, sofre um processo de enlouquecimento que culmina com o assassinato de Julião Tavares (personificação de suas frustrações), após este “roubar” sua noiva, Marina, e abandoná-la grávida.

Page 28: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA - PROSA REALISMO REGIONALISTA

Houve uma luta rápida, um gorgolejo,braços a debater-se. Exatamente o que eu havia imaginado. O corpo de Julião Tavares ora tombava para a frente e ameaçava arrastar-me, ora se inclinava para trás e queria cair em cima de mim. A obsessão ia desaparecer. Tive um deslumbramento. O homenzinho da repartição e do jornal não era eu. Esta convicção afastou qualquer receio de perigo (...). Tinham-me enganado. Em trinta e cinco anos haviam-me convencido de que só me podia mexer pela vontade dos outros.