segunda fase ufu

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SEGUNDA FASE 2009/2 ATENÇÃO: ARGUMENTAÇÃO, CORREÇÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL. PRIMEIRA QUESTÃO Parmênides de Eléia apresenta, em seu Poema, três possíveis vias de pesquisa. A primeira, que considerou a única absolutamente verdadeira (Via da Verdade); a segunda, que considerou falsa, porque impensável e inexprimível (Via do Não-ser); e uma terceira, que concebeu como verossímil, das aparências oferecidas aos sentidos dos Homens (Via da Opinião). Leia o texto abaixo e responda as questões que se seguem, com base na filosofia de Parmênides. “Só um caminho de que falar nos restou, o É. Neste caminho estão numerosos indícios de que o que É é incriado e indestrutível, pois é completo, imóvel. (...) Nem é ele divisível, uma vez que é todo análogo e não existe mais dele em um lugar do que em outro, para impedi-lo de manter- se unido, nem menos dele, mas tudo está repleto do que é.” PARMÊNIDES, Poema In. DK, fragmento 8. A) O trecho apresentado refere-se a qual das três vias de pesquisa propostas pelo filósofo? O trecho se refere à via da verdade (ou via do ser, ou via do conhecimento, ou primeira via, ou via da aletheia, ou via do pensamento). B) Transcreva três adjetivos encontrados no trecho do Poema e explique-os, com base na doutrina do Ser de Parmênides. No trecho do Poema de Parmênides citado na questão, o candidato deve escolher e transcrever três adjetivos – de seis possíveis – vinculados à doutrina sobre o Ser do filósofo, quais sejam: “incriado”, “indestrutível”, “completo”, “imóvel”, “não divisível” (ou “indivisível”) e “análogo” (ou “todo análogo”).

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Exercícios dissertativos segunda fase da Universidade Federal de Uberlândia.

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Page 1: Segunda Fase Ufu

SEGUNDA FASE 2009/2

ATENÇÃO: ARGUMENTAÇÃO, CORREÇÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL.

PRIMEIRA QUESTÃO

Parmênides de Eléia apresenta, em seu Poema, três possíveis vias de pesquisa. A primeira, que considerou a única absolutamente verdadeira (Via da Verdade); a segunda, que considerou falsa, porque impensável e inexprimível (Via do Não-ser); e uma terceira, que concebeu como verossímil, das aparências oferecidas aos sentidos dos Homens (Via da Opinião).

Leia o texto abaixo e responda as questões que se seguem, com base na filosofia de Parmênides.

“Só um caminho de que falar nos restou, o É. Neste caminho estão numerosos indícios de que o que É é incriado e indestrutível, pois é completo, imóvel. (...) Nem é ele divisível, uma vez que é todo análogo e não existe mais dele em um lugar do que em outro, para impedi-lo de manter-se unido, nem menos dele, mas tudo está repleto do que é.” PARMÊNIDES, Poema In. DK, fragmento 8.

A) O trecho apresentado refere-se a qual das três vias de pesquisa propostas pelo filósofo?

O trecho se refere à via da verdade (ou via do ser, ou via do conhecimento, ou primeira via, ou via da aletheia, ou via do pensamento).

B) Transcreva três adjetivos encontrados no trecho do Poema e explique-os, com base na doutrina do Ser de Parmênides.

No trecho do Poema de Parmênides citado na questão, o candidato deve escolher e transcrever três adjetivos – de seis possíveis – vinculados à doutrina sobre o Ser do filósofo, quais sejam: “incriado”, “indestrutível”, “completo”, “imóvel”, “não divisível” (ou “indivisível”) e “análogo” (ou “todo análogo”).

As explicações acerca de cada um deles devem contemplar os seguintes elementos:

_ Incriado: o Ser não é criado porque o que É deve ser sempre. Ele é em sentido absoluto, sem que possamos atribuir-lhe um início, anterior ao que É. De fato, se teve um início, não pode ser, pois antes não era e teria que ser gerado pelo não-ser, o que é impossível.

_ Indestrutível: o que É nunca deixa de ser o que é.

_ Completo: o Ser é todo contínuo, que se basta e que é Ser, por igual, em toda a sua extensão. É idêntico a si mesmo e nada lhe falta.

_ Imóvel: o que É repousa em si mesmo. Nada o impele para fora de si, porque fora dele nada é. Ele está sempre em repouso e em equilíbrio, num todo inteiro e coeso.

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_ Não divisível (ou indivisível): o Ser é uno, completamente idêntico a si mesmo, persistentemente fixo e indivisível. Só ele É e, portanto, nada poderia ser-lhe acrescido (o que o impediria de manter-se coeso), nem retirado (pois ele é todo pleno).

_ Análogo (ou todo análogo): o Ser é todo igual a si mesmo, em toda a sua extensão. Nada nele é diverso dele mesmo.

SEGUNDA QUESTÃO

Leia com atenção o seguinte diálogo, entre Adso de Melk e Guilherme de Baskerville, personagens do romance O nome da rosa, de Umberto Eco, cuja história se passa na Itália no final do ano de 1327.

Adso: “Porém, quando vós lestes as pegadas sobre a neve e nos ramos, ainda não conhecíeis (o cavalo)

Brunello. De certo modo, os rastros nos falavam de todos os cavalos, ou pelo menos de todos os cavalos daquela espécie. Não devemos então dizer que o livro da natureza nos fala só por meio de essências, como afirmam admiráveis filósofos?” (...)

Guilherme: “Só então soube que meu raciocínio anterior me levara para perto da verdade. De modo que as ideias, que eu usava antes para figurar-me um cavalo que ainda não tinha visto, eram puros signos, como eram signos da ideia de cavalo as pegadas (que vimos) sobre a neve: e usam-se signos e signos de signos apenas quando nos fazem falta as coisas”.

Adso (refletindo sobre o seu mestre Guilherme): “Outras vezes eu o tinha escutado falar com muito ceticismo das ideias universais e com grande respeito das coisas individuais: e depois parece que essa tendência ele a tivesse tanto por ser britânico como por ser franciscano”. ECO, Umberto. O nome da rosa. Tradução de Aurora F. Bernardini e Homero F. de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. p. 42-43.

O trecho em questão pode ser interpretado como uma reflexão sobre o problema dos universais na Idade Média. Nesta famosa questão, destacam-se duas posições: o Realismo e o Nominalismo. Segundo o Realismo, os conceitos universais são entidades que existem por si e separadas das coisas individuais. Para o Nominalismo, ao contrário, os universais não passam de entidades ou signos mentais, sem existência real separada das coisas individuais. Responda as seguintes questões.

A) Guilherme de Baskerville está defendendo a posição nominalista ou realista? Por quê?

Guilherme de Baskerville defende a posição nominalista. Em sua fala, ele procura contradizer o realismo das essências expresso na fala de Adso (“o livro da natureza nos fala por meio de essências”), afirmando que as idéias que se usa para referir-se às coisas reais (o cavalo, p. ex.) bem como os sinais que nos remetem as essas idéias (os rastros na neve) são meros signos; ora, o nominalismo é a posição filosófica segundo a qual as idéias universais são apenas signos que usamos para referir-nos às coisas; as idéias universais não tem existência real.

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B) Justifique sua resposta destacando elementos do trecho apresentado.

Trechos da fala de Guilherme que corroboram a sua posição nominalista podem ser usados como elementos de justificativa:

1) “as idéias eram puro signos”;2) “usam-se signos e signos de signos quando nos fazem falta as coisas”;3) “eram signos da idéia de cavalo as pegadas”;4) Na fala de Adso: “o tinha escutado falar com ceticismo das idéias universais e comrespeito pelas coisas individuais”.

TERCEIRA QUESTÃO

Leia atentamente o texto e responda as questões que se seguem.

“Suponha-se que seja trazida de súbito a este mundo uma pessoa [...]. É verdade que ela observaria imediatamente uma contínua sucessão de objetos, e um acontecimento seguindose a outro, mas não conseguiria descobrir mais nada além disso. [...] Suponhamos agora que ela tenha adquirido mais experiência e vivido no mundo o bastante para observar que objetos ou acontecimentos semelhantes estão constantemente unidos uns aos outros. Qual é o resultado dessa experiência? O resultado é que essa pessoa passa a inferir imediatamente a existência de um objeto a partir do aparecimento do outro”. HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 63-64.

A) O texto refere-se sobretudo a que princípio de associação de ideias: semelhança, contiguidade ou causalidade?

O texto refere-se sobretudo ao princípio de causalidade

B) Segundo Hume, a progressão do nosso conhecimento por inferência se funda sobre a razão ou sobre a experiência?

A progressão do nosso conhecimento por inferência se funda sobre a experiência

C) A partir de suas respostas nas questões A e B, explique, do ponto de vista do que Hume denomina hábito, a diferença que o texto estabelece entre as duas pessoas hipotéticas: a que foi trazida de súbito para este mundo e a que aqui já vive de longa data.

Segundo Hume, nosso conhecimento acerca das relações de causa e efeito é extraído da experiência. Nesse sentido, a pessoa que foi trazida de súbito a este mundo pode observar uma contínua sucessão de objetos empíricos, mas ela ainda não consegue inferir, a partir de um objeto percebido, o aparecimento de um outro, ou seja, mesmo que ela possua conhecimento a priori, eles são insuficientes para estabelecer relações de causa e efeito. A segunda pessoa, em virtude de aqui viver de longa data, já adquiriu a base da inferência, a qual é obtida mediante o hábito, ou seja, mediante a observação usual de seqüência de objetos empíricos. A partir do exercício dessa

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observação é que ela denomina causa a um objeto percebido e designa como efeito o suposto objeto que a este sucederia.

QUARTA QUESTÃO

Leia atentamente o texto a seguir. “O cristianismo, por sua vez, esmagou e alquebrou completamente o homem, e o mergulhou como que em um profundo lamaçal: então, no sentimento de total abjeção, fazia brilhar de repente o esplendor de uma piedade divina, de tal modo que o surpreendido, atendido pela graça, lançava um grito de embevecimento e por um instante acreditava carregar o céu inteiro em si.” NIETZSCHE, F. Humano, demasiado humano. Col. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 59. Com base no texto de Nietzsche, responda as seguintes questões:

A) O cristianismo pode ser considerado “moral do escravo” ou “moral do senhor”?

“Moral de escravo”: este é um dos conceitos-chave do pensamento nietzschiano, conforme o programa do vestibular: “a moral do escravo é caracterizada pelo ódio dos impotentes”.

B) Selecione uma frase do texto que apresenta a característica fundamental do cristianismo para Nietzsche.

Há mais de uma frase ou expressão que pode ser retirada do texto para responder a esta pergunta, seguem abaixo alguns exemplo: 1) “O cristianismo, por sua vez, esmagou e alquebrou completamente o homem, e o mergulhou como que em um profundo lamaçal”; 2) “[...] no sentimento de total abjeção, fazia brilhar de repente o esplendor de uma piedade divina”; 3) “[...] de tal modo que o surpreendido, atendido pela graça, lançava um grito de embevecimento e por um instante acreditava carregar o céu inteiro em si”. Observa-se, nesta frase, que o “surpreendido” é o fraco que se acredita forte por “carregar o céu inteiro dentro de si”

C) Com base na frase selecionada, explique se, para Nietzsche, o cristianismo é uma doutrina que nega ou que valoriza a força, a saúde e a vida.

O cristianismo, para Nietzsche, nega (4 PONTOS) o valor vida. Nesse sentido, nega igualmente tudo o que a ele se relaciona (saúde, criatividade, força). O objetivo de Nietzsche é revalorizar o equilíbrio entre as forças instintivas e vitais do homem que foram subjugadas pela filosofia socrático-platônica e pelas religiões.

2010/2 ( NÃO HOUVE PRIMEIRA FASE PRÓPRIA DA UFU – VESTIBULAR SUBSTITUIDO PELO ENEM)

FILOSOFIA PRIMEIRA QUESTÃO

Já na Antiguidade, Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, era chamado de “o Obscuro”. A isto se deve o fato de o pensador ter transmitido a sua doutrina por meio de diversos fragmentos (ou aforismos) de difícil interpretação. Não obstante as dificuldades que impõem aos estudiosos, vários desses textos se tornaram célebres e exerceram grande influência em diversos períodos da História da Filosofia.

Eis aqui dois deles:

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I - “A mesma coisa: o vivo e o morto, o desperto e o adormecido, o jovem e o velho, porque estas coisas, transformandose, são aquelas e aquelas, transformando-se, são estas”. (DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré-socráticos, Fragmento 88).

II - “Descemos e não descemos no mesmo rio, nós mesmos somos e não somos”. (DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré- socráticos, Fragmento 49a).

Com base nos fragmentos supracitados e em seus conhecimentos sobre a filosofia de Heráclito, responda:

A) Qual é, para Heráclito, a causa do devir (do movimento) verificado no cosmos?

A causa do devir, segundo Heráclito, é a luta (conflito, guerra, oposição, embate) entre os elementos opostos da Natureza (frio-quente, dia-noite, claro-escuro entre outros). O movimento (a mudança) é o resultado do conflito existente entre aqueles elementos. De fato, lemos em um de seus fragmentos: “O conflito é pai e rei de todas as coisas. Fez de uns deuses, de outros homens, de uns escravos e de outros livres” (DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré-socráticos, Fragmento 53).

B) Segundo Heráclito, que elemento da natureza melhor simboliza o movimento, a transformação de todas as coisas? Justifique sua resposta.

O fogo é o elemento da natureza que, segundo Heráclito, melhor simboliza a luta entre os elementos contrários da natureza: condição fundamental para a própria existência do cosmos. Para ele, o cosmos existe como um fogo que ora se acende e ora se apaga, segundo um processo eterno de nascimento e destruição (DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré-socráticos, Fragmento 30). O fogo deve a sua existência à destruição daquilo que consome. Por isso, traz consigo a força simbólica da guerra entre os opostos que está na raiz da existência da Natureza.

SEGUNDA QUESTÃO

Leia com atenção o texto a seguir.

Tomás de Aquino (1225-1274) fez intenso uso das obras de Aristóteles e outros autores, recém introduzidas na universidade. Essas obras, originalmente escritas em grego ou árabe, representavam, em praticamente todos os domínios do saber, um enorme avanço científico. Aplicando esses novos conhecimentos em suas reflexões teológicas, ele conclui que devemos utilizar a filosofia em auxílio da ciência divina, seja na compreensão de certas passagens obscuras da Bíblia e dos autores cristãos, seja fornecendo uma explicação racional de certas teses da teologia como, por exemplo, sobre a existência de Deus. Um exemplo famoso desse método é o uso que Tomás de Aquino faz do argumento do Primeiro Motor imóvel, encontrado na Física de Aristóteles.

Responda:

A) Que fato, segundo o texto, resultou em um avanço científico para a universidade medieval?

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O fato que resultou em avanço científico para a universidade medieval, na época de Tomás de Aquino, foi a introdução das obras de autores gregos (principalmente Aristóteles) e árabes que abarcavam todos os campos conhecidos do saber.

B) Segundo Tomás de Aquino, como a filosofia se situa em relação à teologia (ciência divina)?

A filosofia se situa como auxiliar à teologia, mas é autônoma ou distinta em relação a ela, sem contradizê-la, buscando uma síntese filosófica entre as disciplinas. O uso da filosofia pode ajudar na compreensão da Bíblia e de algumas teses teológicas, como nas provas da existência de Deus.

C) Explique o argumento do primeiro motor citado no texto.

O argumento do primeiro motor, que Tomás retira da Física e da Metafísica de Aristóteles, pode ser assim resumido: tudo o que se move, é movido por outro; ora, essa cadeia não pode retroceder ao infinito, pois o movimento teria de ter começado em algum ponto. Logo, deve haver um primeiro movente ou motor que seja, ele mesmo imóvel, um começo absoluto. Para Tomás de Aquino, esse primeiro movente ou motor é Deus.

TERCEIRA QUESTÃO

O desenvolvimento da ciência a partir do século XVIII resultou em uma transformação no modo de ver o mundo: de estática e imutável, a realidade passou a ser vista como dinâmica e em constante mutação [...]. A realidade, encarada como processo, como constante mudança, exige uma nova lógica. Para dar conta desse outro modo de pensar, Hegel, filósofo alemão do século XIX, desenvolve a lógica dialética. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1998.

Levando em conta os seus conhecimentos sobre a filosofia de Hegel (1770-1831) e as informações do texto acima, responda:

a) Qual teria sido a principal razão para o desenvolvimento da lógica dialética por Hegel?

A principal razão para o desenvolvimento da dialética hegeliana seria a necessidade de compreender a realidade como processo, movimento, devir; o que teria sido causado pelo desenvolvimento da ciência no século XVIII e a transformação do modo de ver o mundo.

b) Quais são as três etapas da dialética hegeliana?

As três etapas da dialética são tese, antítese e síntese

C) Qual o significado de cada uma delas?

A tese significa o que está posto (ou dado) e afirmado acerca do objeto; a antítese é o momento da contradição, da oposição, da negação da afirmação; a síntese, enfim,

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significa a superação da contradição, ou seja, a unidade (ou união) racional das determinações opostas do real, a negação da negação.

QUARTA QUESTÃO

A respeito do poder dos príncipes, considere o argumento de Maquiavel: Mas, quando não dependem de ninguém, contam apenas consigo mesmos e se podem forçar, raramente deixam de alcançar êxito. Destarte todos os profetas armados venceram e os desarmados fracassaram. Porque, além do que já se disse, a natureza dos povos é vária, sendo fácil persuadi-los de uma coisa, mas sendo difícil firmá-los na persuasão. Convém, pois, providenciar para que, quando não acreditarem mais, se possa fazê-los crer à força. Moisés, Ciro, Teseu e Rômulo não teriam conseguido fazer observar por muito tempo suas constituições se estivessem desarmados. MAQUIAVEL. O Príncipe. Tradução de Lívio Xavier. In: _. Maquiavel. 4.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 25.

Com base na citação acima e em seus conhecimentos sobre o pensamento de Maquiavel, responda as seguintes questões:

A) O príncipe deve se servir apenas do convencimento para governar? Quando já não é possível controlar os súditos, o que o príncipe deve fazer?

O príncipe não pode se servir apenas do convencimento ou persuasão. Tal como está expresso na citação, o príncipe pode, e deve, recorrer à força das armas para conservar o Estado e manter a sua constituição. Maquiavel defendia a lógica da força contra a insatisfação dos súditos.

B) Explique dois conceitos fundamentais da ação política, em Maquiavel, que estão associados ao procedimento que o príncipe deve adotar para conservar o Estado.

Os dois conceitos são os seguintes: fortuna, que garantirá o sucesso da ação política e consiste na observância das condições que se apresentam ao príncipe, ela corresponde àquilo que não pode ser governado pelo indivíduo; virtù, atributo do homem que sabe aproveitar as oportunidades favoráveis da fortuna.