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Segunda Fase do Modernismo Prosa

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Segunda Fase

do Modernismo

Prosa

O SEGUNDO

MOMENTO

MODERNISTA

NO BRASIL

1930 a 1945

Contexto Histórico

1930

comitiva

de Getúlio

Vargas

O Brasil inicia uma nova era política. A revolução de outubro leva ao

poder Getúlio Vargas, chefe do chamado governo provisório que se

instalou no país.

Momento Histórico

1931 Janeiro: os trabalhadores tentam realizar a marcha da fome,

mas são impedidos pela polícia; ao longo desse ano, muitas

manifestações operárias serão duramente reprimidas.

1932 Julho: no dia 9, em São Paulo, explode a Revolução

Constitucionalista, que objetivava estabelecer uma

constituinte, pois os paulistas achavam que o governo de

Getúlio Vargas caminhava para a ditadura. Sozinho contra o

resto do país, o estado de São Paulo é invadido em diversos

pontos e não consegue suportar o avanço das tropas

getulistas. A rendição ocorre no começo de outubro. Centenas

de paulistas morrem e um interventor é enviado a São Paulo.

1934 Julho: é promulgada um nova constituição, que legitima

Getúlio Vargas no poder.

1935 Março: é lançada oficialmente, no Rio de Janeiro, a Aliança Nacional

Libertadora ( ANL), que congrega diferentes tendências de esquerda,

principalmente comunistas e socialistas, e cujo objetivo é opor-se ao

avanço fascista dos integralistas. Luís Carlos Prestes é um de seus

líderes.

1935 Julho: Um decreto torna ilegal a ANL, cujas sedes são fechadas. As

manifestações de protesto que ocorrem em vários pontos do país são

violentamente reprimidas pelo governo. A ANL começa a agir de

forma clandestina.

1936 Janeiro: Luís Carlos Prestes é preso. A polícia começa a caçar

pessoas acusadas de serem comunistas, mesmo que não tenham

participado de qualquer manifestação contra o governo. Um desses

presos é o escritor Graciliano Ramos, detido em março. Ele deixará

um testemunho desse período em seu livro Memórias do cárcere.

1937 Novembro: Getúlio Vargas ordena o fechamento do Congresso

Nacional e dá um golpe político, instaurando o Estado Novo e

suspendendo os direitos constitucionais. No dia 10 impõe uma nova

constituição, autoritária e centralista, que extingue os partidos

políticos.

Guernica foi bombardeada pelos nazistas em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola,

o que inspirou a Pablo Picasso sua famosa obra "Guernica".A pintura foi feita sem uso de cores, em

preto e branco - algo que demonstrava o sentimento de repúdio do artista. Claramente em estilo

cubista, Picasso retrata pessoas, animais e edifícios destruídos pelo intenso bombardeio da força

aérea nazista.

1939 Setembro:

Hitler invade a Polônia;

tem início a Segunda

Guerra Mundial. Getúlio

não se manifesta

claramente a favor de

nenhum dos lados, mas

ideologicamente seu

governo tende mais

para o Fascismo e o

Nazismo do que para a

Democracia.

1940 Maio: entra em vigor o salário mínimo. A

legislação trabalhista , que garante, os

direitos básicos do trabalhador, e o

serviço de propaganda do governo fazem

Getúlio Vargas uma figura muito querida

pelo povo.

1941 Dezembro: Os japoneses atacam a base

norte-americana de Pearl Harbor, no

Havaí, provocando a entrada dos Estados

Unidos na guerra.

1942 Fevereiro: Um submarino alemão

torpedeia o navio brasileiro Cabedelo,

matando cinqüenta e quatro tripulantes.

Manifestações de protesto contra o

Fascismo e o Nazismo explodem em

vários pontos do país.

Agosto: O Brasil declara guerra aos

países do Eixo

1945 Abril: A pressão da

sociedade civil aumenta:

Getúlio Vargas concede

anistia aos presos políticos.

O líder comunista Luís Carlos

Prestes é posto em

liberdade.

1945 Maio: A Alemanha se rende

aos exércitos aliados. É o fim

da guerra na Europa.

1945 Agosto

Hiroshima e Nagasaki

1945 Outubro:

Getúlio Vargas é deposto.

1945 Dezembro:

O general Eurico Gaspar

Dutra é eleito presidente

do Brasil.

Poesia

Carlos Drummond

Cecília Meireles

Vinícius de Moraes

Murilo Mendes

Jorge de Lima

Prosa

Graciliano Ramos

Rachel de Queiroz

José Lins do Rego

Jorge Amado

Érico Veríssimo

José Américo de Almeida

Dyonélio Machado

Verossimilhança

A narrativa parece verdadeira. Não

há inclusão de elementos que rompam

com as leis físicas ou biológicas.

Estrutura narrativa linear

Há correspondência cronológica entre fatos e

locais em que se desenrolam. Não há grandes

quebras na sequência – começo, meio, fim da

história.

Emprego da norma culta

Narrador e personagens expressam-se pela norma

culta.

( Há exceções em textos de Jorge Amado).

Era preciso aproximar o leitor comum das

personagens criadas, representativas muitas vezes de

classes sociais menos privilegiadas.

Mundo Agrário

O espaço das obras, na maioria dos

casos, não é o mundo urbano, mas sim a

realidade do campo.

Fixação de Estruturas Históricas

Identificáveis

A realidade histórica incorpora-se

claramente ao enredo, à vida das

personagens.

Abordagem Crítica

A realidade (social, política, econômica)

retratada é objeto de crítica dos romancistas.

Graciliano Ramos

GRACILIANO RAMOS

Quebrangulo (AL) em outubro de 1892.

Os estudos secundários foram realizadosem Maceió. Em 1914, sem ter cursadoqualquer faculdade, mudou-se para o Rio deJaneiro, onde trabalhou como revisor emalguns jornais.

Regressou ao seu Estado natal, fixando-seem Palmeira dos Índios, como comerciante.Em 1920, ficou viúvo e responsável por quatrofilhos menores.

Nessa época, trabalhava como jornalista

e participava da vida política, chegando a

prefeito da cidade em 1928, cargo a que

renunciou em 1930. Em 1933, quando

publicou seu primeiro livro, estava em

Maceió como diretor da Imprensa Oficial do

Estado. Na capital conheceu José Lins do

Rego, Rachel de Queiroz e Jorge Amado.

Foi preso em março de 1936, acusado de

ligação com o Partido Comunista. Prisão sem

processo, mas que não evitou a deportação do

acusado, num porão de navio, para o Rio,

onde permaneceu encarcerado.

Foi demitido do cargo de Diretor da

Instrução Pública e levado a diversos

presídios, até Janeiro de 1937, quando foi

libertado. Dessa experiência resultou a

obra Memórias do cárcere, publicada

em 1953.

Em 1945, com o fim do Estado Novo,

filiou-se ao Partido Comunista. Sete anos

mais tarde, viajou pela antiga União

Soviética e parte da Europa. Dessas

andanças resultou o livro Viagem.

O regresso ao Brasil coincidiu com o

início de sua doença. No ano seguinte,

1953, morreu no Rio de Janeiro, vítima de

câncer no pulmão. Seu nome já era

consagrado como o de maior romancista

brasileiro depois de Machado de Assis.

A obra de Graciliano Ramos é a

melhor ficção produzida na segunda fase

modernista e um dos pontos altos de

nossa literatura, em todos os tempos.

ESTILO

ausência de sentimentalismo

capacidade de síntese, ou seja, a habilidadede dizer o essencial em poucas palavras

a linguagem rigorosa, enxuta, resulta de umtrabalho consciente.

Conta-se que jamais se sentia inteiramentesatisfeito com o resultado final.

Obras de Graciliano Ramos

Romances:

Caetés (1933)

São Bernardo (1934)

Angústia (1936)

Vidas secas (1938)

Escreveu ainda parte do romance Brandão entre o mar e o amor, em parceria com Rachei de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado e Aníbal Machado.

Conto:

Insônia (1947)

Memórias: Infância (1945)

Memórias do cárcere (1953)

Viagem (1954)

Linhas tortas (1962)

Crônica: Viventes das Alagoas (1962)

Literatura infanto-juvenil: A terra dos meninos pelados (1937)

Histórias de Alexandre (1944)

Histórias incompletas (1946)

Vidas secas insere-se na linharegionalista, uma vez que nele avulta odrama social e geográfico da regiãoNordeste. Se nos romances em primeirapessoa interessa mais o homem, aquiinteressa o homem vinculado ao seumeio natural - o sertão.

Vidas Secas

Vidas Secas – Graciliano Ramos

“Zangado contra o sertão / Dardeja o sol inclemente

Cada dia mais ardente / Tostando a face do chão;

E, mostrando compaixão / Lá do infinito estrelado,

limpa, sem pecado / De noite a lua derrama

Um banho de luz no drama / Do Nordeste flagelado.

Posso dizer que cantei / Aquilo que observei

Tenho certeza que dei / Aprovada relação

Tudo é tristeza e amargura, / lndigência e desventura

Veja, leitor,quanto é dura / A seca no meu sertão”

Patativa do Assaré

I – O Movimento Literário – 2ª fase do Modernismo

Fase de consolidação

Recuo quanto às propostas mais radicais da 1ª Geração

Literatura Regionalista : neo-realismo e neo-naturalismo

preocupação com a denúncia social

Literatura intimista: sondagem profunda do “eu”

preocupação com o aspecto espiritual do homem

brasileiro

II – O Autor e o narrador

“Em termos de romance moderno brasileiro, representa o

ponto mais alto da tensão entre o eu do escritor e a

sociedade que o formou.(...) Cada romance é umquestionamento novo, que propõe uma linguagem

adequada.” ( A..Bosi )

sua obra tem sempre caráter crítico.

o herói é sempre problemático: não aceita o mundo, os

outros, a si mesmo

IV – Personagens

Fabiano - tem consciência de sua inferioridade,

principalmente em relação ao seu Tomás da Bolandeira

Apresenta enorme dificuldade de comunicação;

No sertão, ele se revela forte, capaz de sobreviver na

caatinga – PORÉM – incapaz de dominar o sertão;

“Uma, duas, três mais cinco estrelas no céu” – pequeno

universo.

A obstinação de Fabiano é discreta, mas firme.

Fabiano consegue dialogar astuciosamente com as

adversidades do meio natural e humano.

Para sobreviver nesse meio, é preciso dispor de um atento

instinto animal, é preciso estar sempre desperto para as

variações da circunstância.

Assim, a novidade do livro é mostrar como a miséria não é

incompatível com um certo heroísmo.

Antropomorfização

“Baleia detestava expansões violentas: estirou aspernas, fechou os olhos e bocejou. Para ela ospontapés eram fatos desagradáveis e necessários. Sótinha um meio de evitá-los, a fuga.”

“Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E,perdendo muito sangue, andou como gente, em doispés, arrastando com dificuldade a parte posterior docorpo.”

“Deu um pontapé na cachorra, que se afastouhumilhada e com sentimentos revolucionários.”

Zoomorfização

“Estava escondido no mato como tatu.”

“(...) era como um cachorro, só recebia ossos.”

“Fabiano estacou desajeitado com um pato.”

Sinhá Vitória

superioridade em relação ao marido: toma as decisões

descobre erros na conta do patrão

desejo de uma “cama real” - metáfora do desejo deestabilidade

Soldado Amarelo – Patrão

Símbolos do poder autoritário;

Personificação de um “Estado Injusto”;

Arbitrariedade que rege as relações humanas no sertão.

Para o soldado amarelo, Fabiano é apenas um tipo, otipo social contra quem ele pode exercer suadiscriminação e seu autoritarismo.

Seu Tomás da Bolandeira

Dotado de cultura;

Admirado por Fabiano;

Não consegue sobreviver aos rigores da seca.

Sinhá Terta e seu Inácio

Conhecida da família;

Dono do botequim, onde o vaqueiro faz suas compras.

Fiscal da Prefeitura

Representa as instituições sociais menores

Figura como símbolo da intolerância governamental

Dono da fazenda

Símbolo do poder econômico opressor

Representa o imobilismo de uma estrutura social que determina o nomadismo dos retirantes

V – Observações:

tendência neo-realista e neo-naturalista;

único romance do autor narrado em 3ª pessoa

A montagem do relato é feita pela justaposição de

capítulos.

Inexiste, portanto, ao contrário do romance tradicional,

uma evolução dramática, algo que possa crescer,

episódio após episódio, criando uma evolução de

caracteres e um clímax.

Assim, a estrutura de Vidas Secas torna-se similar à

incapacidade de Fabiano e os seus de traçarem o

próprio destino.

A família sertaneja de Vidas secas é apenas vítima e,

por causa de sua impotência (inclusive mental), não

consegue compreender a realidade como um todo,

vendo-a de maneira fragmentada e desconexa.

VI – Linguagem

Enxuta, em um texto conciso e preciso nas descrições.

Uso do Discurso indireto Livre

Narrador onisciente

“Se achassem água ali por perto, beberiam muito,sairiam cheios, arrastando os pés. Fabiano comunicouisto à Sinhá Vitória e indicou uma depressão do terreno.Era um bebedouro, não era? Sinhá Vitória estirou obeiço, indecisa, e Fabiano afirmou o que haviaperguntado. E então ele não conhecia aquelasparagens? Estava a falar variedades? Se a mulhertivesse concordado, Fabiano arrefeceria, pois lhefaltava convicção(...)”

VII – Enredo

Capítulos autônomos (13 capítulos).

O ANDAR NECESSÁRIO é o fio condutor dessa história.

Luta pela sobrevivência.

1º Mudança – Traz os retirantes fugindo da seca e serefugiando na mesma região, alojando-se numafazenda abandonada.

13º - Fuga - a família parte para outra região, ondeenfrentarão o desconhecido, numa relação deEsperança e Medo ao mesmo tempo.

Observação: Vocábulos sugestivos

Fuga acrescenta ao significado de Mudança o TomFatal imposto pelo fato de rumar para o desconhecido.

VIII– Resumos do enredo

I. Mudança

Andanças da família de retirantes atormentada pelasede, fome e cansaço:

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavamduas manchas verdes.(...) Ainda na véspera eram seisviventes, contando com o papagaio. Coitado, morrerana areia do rio, onde haviam descansado, à beira deuma poça: a fome apertara demais os retirantes e porali não existia sinal de comida.(...)”

Chegam ao pátio de uma fazenda abandonada.

Fabiano arruma uma fogueira.

Baleia traz nos dentes uma preá.

“Levantaram-se todos gritando. O menino maisvelho esfregou as pálpebras, afastando pedaços desonhos. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, ecomo o focinho estava ensangüentado, lambia osangue e tirava proveito do beijo.”

II.Fabiano

“Apossara-se da casa porque não tinha onde cair

morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e

sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o

fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se

desentendido e oferecera seus préstimos,

resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O

jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o,

entregara-lhe as marcas de ferro.”

O patrão mostra autoridade.

Fabiano obedece pois se preocupa com o futuro, com

a educação dos filhos.

Chuva \ Trabalho \ Certa estabilidade.

Progressivamente, Fabiano vai tomando consciência de

sua inferioridade

“- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz

alta.

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto,

com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,

pensando bem, ele não era um homem: era apenas um

cabra ocupado em guardar coisas dos outros.

Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os

cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava

de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na

presença dos brancos e julgava-se cabra.

Olhou em torno, com receio de que, fora os

meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente.

Corrigiu-a, murmurando:

-Você é um bicho, Fabiano.

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um

bicho, capaz de vencer dificuldades.”

III. Cadeia

Fabiano vai à feira da cidade fazer compras.

Convidado pelo Soldado Amarelo para jogar

baralho(31)

“(...)Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,

procurando as palavras de Seu Tomás da bolandeira:

- Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim,

contanto, etc. É conforme.

Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era

autoridade e mandava. Fabiano sempre havia

obedecido.

Tinha muque e substância, mas pensava pouco,

desejava pouco e obedecia.(...)”

Sai do jogo \ Preso e surrado injustamente

“(...)E por mais que forcejasse, não se convencia de que

o soldado amarelo fosse governo. Governo, coisa

distante e perfeita, não podia errar.”

IV. Sinhá Vitória

Revoltada com a rotina dos afazeres domésticos,enerva-se facilmente com Baleia e com os filhos.

Superioridade em relação ao marido.

Sonha em adquirir uma cama confortável com a deSeu Tomás da bolandeira.

A figura de Seu Tomás funciona como um modelo,um paradgma de gente culta, que a família pôdeconhecer.

“(...)Inútil consultar Fabiano, que sempre seentusiasmava, arrumava projetos. Esfriava logo – eela franzia a testa, espantada, certa de que omarido se satisfazia com a idéia de possuir umacama. Sinhá Vitória desejava uma cama real, decouro e sucupira, igual a de Seu Tomás daBolandeira.”

V. O menino mais novo

desejo de ser igual ao pai.

deseja realizar algo notável para despertar a

admiração do irmão e da cachorra.

Queria amansar uma égua e montá-la, como o pai

fizera.

Tenta montar no bode, e cai, sob risadas do irmão e a

desaprovação de baleia.

Aqui notamos uma resistência a brutalização, pois o

menino continua com seus sonhos de menino.

VI. O menino mais velho

Tem como objetivo compreender o significado da palavra “inferno”

Não percebe que o inferno é o próprio sertão.

Seu ideal é ter um amigo.

“Todos o abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia.”

Falta de nome – animalidade

Também pode indicar que não tem condição para suportarem a aspereza do sertão.

.

"...Liberdade,

essa palavra

que o sonho humano

alimenta

que não há ninguém

que explique

e ninguém que não

entenda..."

VII. Inverno

Estação das chuvas

Fabiano inventa uma história para a família, mas a

família não entende, nem ele a sabe exprimir direito.

Afastamento do perigo da seca

Tranqüilidade de Fabiano

Visão realista de Sinhá Vitória(enchente)

“(...)Sinhá Vitória moveu o abano com força para

não ouvir o barulho do rio, que se aproximava. Seria

que ele estava com intenção de progredir? O

abano zumbia, e o rumor da enchente era um

sopro, um sopro que esmorecia para lá dos

juazeiros.(...)”

VIII. Festa

Natal na cidade. / Sensação de ridículo.

“Comparando-se aos tipos da cidade, Fabianoreconhecia-se inferior.

Religiosidade de Sinhá Vitória

Fabiano vai para o bar / Desafio aos presentes

“(...)Era bom evitá-lo. Mas a lembrança deletornava-se às vezes horrível. E Fabiano estavatirando uma desforra. Estimulado pela cachaça,fortalecia-se:

- Cadê o valente? Quem é que temcoragem de dizer que eu sou feio? Apareça umhomem.(...)”

Analfabetismo

“(...) Tinham percebido que havia muitas pessoasno mundo. Ocupavam-se em descobrir uma enormequantidade de objetos. Comunicaram baixinho um aooutro as surpresas que os enchiam. Impossível imaginartantas maravilhas juntas. O menino mais novo teve umadúvida e apresentou-a timidamente ao irmão. Seria queaquilo tinha sido feito por gente? (...) Provavelmenteaquelas coisas tinham nomes. O menino mais novointerrogou- com os olhos. (...) Como podiam os homensguardar tantas palavras?”

“Você tem sede de quê?

Você tem fome de quê?

A gente não quer só comida,

A gente quer comida, diversão e arte

A gente não quer só comida,

A gente quer saída para qualquer parte

A gente não quer só comida,

A gente quer bebida, diversão, balé

A gente não quer só comida,

A gente quer a vida como a vida quer”

(Titãs)

IX. Baleia

Doença e sacrifício de Baleia

Lugar de destaque

possui sentimentos próprios

o nome espelha as ansiedades do sertanejo em busca constante pela água

brinca, guia, caça, auxilia no serviço adulto

confere humanidade ao grupo – relações de carinho

Superstição de Fabiano

Câmara lenta

“(...)Baleia queria dormir. Acordaria feliz,num mundo cheio de preás. E lamberia as mãosde Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças seespojariam com ela, rolariam com ela num pátioenorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficariatodo cheio de preás, gordos, enormes.”

X. Contas

deixa explícita a exploração do homem pelohomem

terror produzido pelo nome “PATRÃO” – ausente,mas responsável – pela desestrutura social.

“(...) Aparentemente resignado, sentia umódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmotempo a campina seca, o patrão, os soldados e osagentes da prefeitura. Tudo na verdade era contraele.”

A ideia de permanência na fazenda vai sedesfazendo.

“O pai vivera assim, o avô também. E paratrás não existia família. Cortar mandacaru, ensebarlátegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se,não pretendia mais nada.”

X. O Soldado Amarelo

Reencontro de Fabiano com o Soldado perdido na

caatinga / Vingança / Covardia do soldado.

“Aprumou-se, fixou os olhos nos olhos do polícia,

que se desviaram. Um homem. Besteira pensar que ia ficar

murcho o resto da vida. Estava acabado? Não estava.

Mas para que suprimir aquele doente que bambeava e só

queria ir para baixo? Inutilizar-se por causa de uma

fraqueza fardada que vadiava na feira e insultava os

pobres? Não se inutilizava, não valia a pena inutilizar-se.Guardava a sua força.(...)Governo é governo.”

Fabiano é tanto mais forte quanto mais próximo da

caatinga.

O soldado é tanto mais forte quanto acobertado

pelas instituições.

A força do Fabiano vem do próprio Fabiano; o poder

do soldado não vem dele, mas da organização a

que pertence.

XII. O Mundo Coberto de Penas

Mais dramático \ Prenuncia uma nova seca

Constante luta pela sobrevivência

Aves de arribação: símbolo ambíguo

Inconsciente de Fabiano procura suprir as lacunasdo consciente, conclamando-o a transformar arevolta em ação:

“Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco,teria entrado no cangaço e feito misérias.(...)”

“- Fabiano, meu filho, tem coragem. Temvergonha, Fabiano. Mata o soldado amarelo. Ossoldados amarelos são uns desgraçados queprecisam morrer. Mata o soldado amarelo e os quemandam nele.”

XIII. Fuga

Nova seca \ Nova partida \ Dívidas com o Patrão –

Fuga

“Chegariam a uma terra desconhecida e

civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria

mandar gente para lá. O sertão mandaria para a

cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá

Vitória e os dois meninos.”

Observação Final

Na opinião de Antônio Cândido sobre o enredo de

Vidas Secas:

“Este encontro do fim com o começo [...] forma um

anel de ferro, em cujo círculo sem saída se fecha a vida

esmagada da pobre família de retirantes-agregados-

retirantes, mostrando que a poderosa visão social de

Graciliano Ramos neste livro não depende [...] do fato

de ele ter feito romance regionalista ou romance

proletário. Mas do fato de ter sabido criar em todos os

níveis, desde o pormenor do discurso até o desenho

geral da composição, os modos literários de mostrar a

visão dramática de um mundo opressivo”.

“Deixando o caro torrão,

Entre suspiros e ais,

O martírio inda mais cresce

Porque quem fica padece

E quem parte sofre mais”

Patativa do Assaré

As narrativas autobiográficas,

Infância e Memórias do cárcere,

naturalmente estão presas à

subjetividade do autor; mas não se

esgotam apenas no registro de seu

drama pessoal, pois ultrapassam o

individual para atingir o social e o

universal.

Memórias do cárcere não é o relatopuro e simples do sofrimento ehumilhações do homem GracilianoRamos; é a análise da prepotência quemarcou a ditadura Vargas e que, emúltima análise, marca qualquer ditadura.

São Bernardo foi publicado em

1934. Esse momento brasileiro é de

grande efervescência política.

O país havia passado pela Coluna

Prestes, pela revolução de 30, pela

revolução constitucionalista de 32.

O ditador Vargas manobrava

habilmente com comunistas e

integralistas, mantendo-se no poder e

preparando o golpe do Estado Novo

(1935) com que pretendia se perpetuar no

poder.

São Bernardo

Graciliano Ramos

São Bernardo

Graciliano Ramos

Othon Bastos fez o coronel

Paulo Honório, na adaptação

de São Bernardo, de

Graciliano Ramos

Érico Veríssimo

Érico Veríssimo

Cruz Alta (RS) 17 de dezembro de 1905

Não completou os estudos secundários; a necessidade de

trabalho levou-o a se tornar bancário e, mais tarde, sócio de uma

farmácia, que faliu.

Em 1930 transferiu-se para Porto Alegre e começou a

trabalhar como secretário na Revista O Globo. Já casado, em 1932

publicou sua primeira obra: "Fantoches" - contos, em sua maioria na

forma de pequenas peças de teatro.

Primeiro sucesso: o romance Clarissa.

Em 1941 viajou para os Estados Unidos.

Em 1943, voltou para uma permanência de dois anos: ia ensinarLiteratura Brasileira.

Dez anos depois retornou àquele país como diretor do

Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana.

Dessas viagens e permanências nos Estados Unidos resultaram dois

livros: Gato preto em campo de neve e A volta do gato preto.

Quando faleceu, em 1975, em Porto Alegre, Érico Veríssimo era um dos escritores mais populares do país.

Romance Urbano

O assunto dessas obras é o cotidiano da cidade grande,com seus conflitos de valores morais, sociais, espirituais.

Sociedade em crise, o autor analisa-a e insinua umasolução: a solidariedade.

Enquadram-se nessa categoria:

Clarissa,

Olhai os lírios do campo,

O resto é silêncio

Caminhos cruzados.

Romance Histórico

O Tempo e o Vento

O continente (1949);

O retrato (1951);

O arquipélago (1961).

O painel histórico montado pelo escritor

abrange a formação social, econômica

e política do Rio Grande do Sul, no

período compreendido entre 1745 e 1945.

O Tempo e o Vento

Fatos importantes de nossa história aparecem

incorporados na obra: a Coluna Prestes, a

Revolução de 32, o levante comunista de 1935...

Tudo isso tendo como eixo narrativo a disputa

pelo poder, envolvendo as famílias Amaral e

Terra Cambará.

Dessa trilogia, destacam-se como personagens

Ana Terra e Rodrigo Cambará. É uma obra

épica, a saga do Rio Grande do Sul.

Romance Político

São obras que se atêm à políticanacional Incidente em Antares (1971),ou internacional O senhor embaixador(1965), que trata de uma revoluçãonuma república fictícia da AméricaCentral. O prisioneiro (1967) tem comocenário o Sudeste asiático.

Em Incidente em Antares o escritor explora o

absurdo e o fantástico, tendo como pano de fundo

a história mais recente do país.

Após descrever a origem de Antares (o próprio

Brasil), ocorre o incidente: na imaginária cidade, em

dezembro de 1963, faz-se uma greve de coveiros;

em represália, os cadáveres insepultos ressuscitam e

resolvem denunciar a corrupção que se alastrava

entre os moradores da cidade.

Incidente em Antares (1971)

Retorno à temática do Interior,

mas agora sob uma perspectiva

crítica. Incidente em Antares foi

publicado na época da censura

e da mais dura repressão militar

no país. A obra mostra a violência

do gaúcho, discutíveis conceitos

de honra e exploração

econômica. Através da luta de

duas famílias tradicionais de

fazendeiros, os Vacariano e os

Campolargo, e do "incidente",

uma greve de coveiros que deixa

insepultos sete mortos, Érico

reflete sobre a realidade social e

política do Brasil nos anos 60.

Estilo de Érico Veríssimo

clareza, a transparência e a correção;

emprega com muita economia os

regionalismos linguísticos de seu estado;

seu regionalismo estará antes nos

assuntos que na linguagem.

JORGE AMADO

Jorge Amado

ltabuna (BA)/ 1912

Passou a infância em Ilhéus, ondepresenciou a luta pela posse de terras. EmSalvador, estudou no colégio dos padresjesuítas. Fugiu para a casa do avô, emSergipe. O pai levou-o de novo paraSalvador, internando-o em outro colégio.Exerceu o jornalismo, antes de transferir-separa o Rio, onde se formou em Direito.

Tinha apenas 19 anos quando lançou o romance

O país do carnaval. O romance seguinte, Cacau, foi

apreendido pela polícia. Cacau esgotou em

quarenta dias a edição de 2 mil exemplares: a

proibição de venda por subversivo, decretada pela

polícia carioca, ajudou o sucesso de público.

Jorge Amado esteve preso entre1936 e 1937, por oposição ao EstadoNovo. Libertado, exilou-se na Argentinae depois no Uruguai. De volta ao Brasil,elegeu-se deputado federal peloestado de São Paulo em 1945, mas seumandato político foi cassado em 1948.Deixou novamente o país, desta vezrumo à Europa. Já bastanteconhecido, graças à tradução de suasobras para muitas línguas, retornou aoBrasil em 1952.

Romances da Bahia

(denominação do próprio escritor)

Tendo Salvador como cenário, sãoobras comprometidas com a denúnciadas injustiças sociais e da opressão. JorgeAmado constrói um mundo divididorigorosamente entre bons e maus, negrose brancos.

O amadurecimento político das

personagens que simbolizam os

oprimidos, quando ocorre, nessas

obras é pouco convincente. Nessa

tendência enquadram-se:

O país do Carnaval

Suor

Capitães da areia

Romances ligados ao ciclo do cacau

Preocupação em denunciar aexploração sofrida pelas classestrabalhadoras.

Cenário: as fazendas de cacau do Sulda Bahia

Conflitos sociais decorrentes daoposição entre o trabalhador rural e oexportador de cacau.

Essa temática é predominante em:

Cacau

São Jorge dos ilhéus

Terras do sem-fim

Este último é considerado pela crítica como o melhor romance de Jorge Amado. Crítica e público leitor dificilmente estão de acordo.

Crônicas de Costumes

Ênfase aos diversos aspectosque compõem ocomportamento social daspersonagens, geralmentevistas em grupo ou comosímbolos de um grupo.

O autor narra histórias emque malandros evagabundos são elevados ácategoria de heróis

românticos e folhetinescos.

São narrativas líricas como Mar morto

e Gabriela, cravo e canela, esta de

1958, um dos maiores êxitos editoriais da

literatura brasileira. Nessa tendência

enquadra-se também a novela A morte

e a morte de Quincas Berro d'Água, em

que Jorge Amado criou uma de suas

personagens mais perfeitas: o marinheiro

Quincas Berro d'Àgua.

Jorge Amado escreveu ainda

duas importantes biografias

romanceadas: ABC de Castro Alves

e O cavaleiro da esperança. Nesta,

narra a vida de Luís Carlos Prestes,

o primeiro e mais conhecido

presidente do Partido Comunista

Brasileiro.

Em 1992 Jorge Amado publicouNavegação de cabotagem, cujosubtítulo é: apontamentos para umlivro de memórias que jamaisescreverei. O livro compõe-se deescritos datados (mas não ordenadoscronologicamente), em que o autorrelata passagens de sua vida pessoale de sua carreira literária.

Morte de Jorge Amado

06 de agosto de 2001

Morre, aos 88 anos, o escritor Jorge Amado.

No dia 21 de junho de 2001, Jorge Amado é internado com

uma crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca.

Após alguns dias, retorna à sua casa, porém, em 06 de agosto

volta a se sentir mal e falece na cidade de Salvador.

A seu pedido, seu corpo foi cremado e suas cinzas foram

espalhadas em torno de uma mangueira em sua residência no

Rio Vermelho.

José Lins do Rego

Pilar, na Paraíba / 1901

De família ligada à economia açucareira, passou a

infância no engenho de seu avô. Concluído o curso

secundário em João Pessoa, foi estudar Direito em Recife.

Na época da Semana de Arte Moderna, participou do

grupo regionalista do Recife. Em 1935 mudou-se para o

Rio, onde colaborou em jornais e exerceu cargos ligados á

diplomacia. Apaixonado por futebol, chegou a integrar a

diretoria do Flamengo. Morreu em 1957.

Linguagem

Aproveitamento do tom oral da

língua, mostrando, uma preocupação

maior em "ser verídico" do que em "fazer

estilo".

TEMAS

Mostrou o Nordeste em que viveu:

1. a arbitrariedade dos coronéis,

2. a decadência dos patriarcas rurais,

3. a luta do progresso contra o atraso,

4. o cangaço,

5. as intrigas da política local,

6. decadência do engenho, engolido pela usina moderna.

Ciclo da cana-de-açúcar

Menino de engenho (1932)

Doidinho (1933)

Bangüê (1934)

Usina (1936)

Fogo morto (1943)

Ciclo do cangaço, misticismo e seca

Pedra Bonita (1938)

Cangaceiros (1953)

Obras independentes

O moleque Ricardo (1934)

Pureza (1937)

Riacho doce (1939)

Independentes

Água-mãe (1941)

Eurídice (1947)

A 12 de setembro, aos 56 anos, José Lins

do Rego morre, no Rio de Janeiro, no

Hospital dos Servidores do Estado, vítima

de hepatopatia

RACHEL DE QUEIROZ

RACHEL DE QUEIROZ

Fortaleza/ 1910

Em 1917, em companhia dos pais, vai de

Fortaleza para o Rio de Janeiro, procurando

esquecer os sofrimentos da terrível seca de

1915. Mais tarde a romancista aproveita

esse fato como tema de seu livro de estréia

"O Quinze”.

No Rio de Janeiro, a família de Rachel de

Queiroz ficou apenas um ano, rumando,

então, para Belém do Pará.

Em Fortaleza ela termina o curso normal

em 1925.

Com apenas 20 anos de idade, projetou-

se na vida literária do País, defendendo o

romance de cunho social. Nele expõe

dramaticamente a luta de um povo

contra a miséria e a seca.

1932

É fichada como "agitadora

comunista" pela polícia política de

Pernambuco

1937

Com a decretação do Estado Novo,seus livros são queimados em Salvador- BA, juntamente com os de JorgeAmado, José Lins do Rego eGraciliano Ramos, sob a acusação desubversivos. Permanece detida, portrês meses, na sala de cinema doquartel do Corpo de Bombeiros deFortaleza.

Sua eleição, em 4 de novembro de 1977 para a

cadeira 5 da ABL, causou certo frisson nas feministas

de então. Mas a reação da escritora ao movimento

foi bastante sóbrio. Numa entrevista, em meio ao

grande furor que sua nomeação causou, declarou:

"Eu não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei,

porque, independentemente disso, tenho uma obra.

Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os

meus amigos são homens, eu não confio muito nas

mulheres."

Dedicou-se ao jornalismo,

colaborando durante muito tempo no

Diário de Notícias e na revista O Cruzeiro .

De sua colaboração jornalística nasceu o

primeiro livro de crônicas, "A Donzela e a

Moura Torta" (1948).

A partir de 1953, abordou um novo

gênero - O Teatro.

"Lampião", drama baseado na vida do

lendário cangaceiro nordestino

A Beata Maria do Egito (1958).

ESTILO

Caráter fortemente regionalista

O Ceará, sua gente, sua terra, as secas

Linguagem fluente e de diálogos fáceis

Mulher sertaneja integra-se nos

dramas regionais: a seca, o cangaço e o

fanatismo.

É Conceição em "O Quinze",

É Maria Bonita em "Lampião",

É a beata em "A Beata Maria do Egito".

Faleceu, dormindo em sua rede, no

dia 04-11-2003, na cidade do Rio de

Janeiro. Deixou, aguardando

publicação, o livro "Visões: Maurício

Albano e Rachel de Queiroz", uma fusão

de imagens do Ceará fotografadas por

Maurício com textos de Rachel de

Queiroz.

Dyonélio Machado

Nasceu em Quaraí-RS / 1895

Morreu em Porto Alegre – RS/ 1985

Médico, romancista, contista e

jornalista estreou na ficção com os contos

Um pobre homem (1927).

A publicação do romance Os ratos

(1935), livro introspectivo voltado para as

mazelas sociais de seu tempo, tornou-o

conhecido e respeitado.

Sua obra foi tardiamentereconhecida e, entre seus títulos,destacam-se O louco do Cati (1942),Deuses econômicos (1966),Endiabrados (1980) e Fada (1982). EmO cheiro de coisa viva (1995)reuniram-se textos esparsos e oromance O estadista. Especializadoem psiquiatria, sua militância políticalevou-o à prisão, fato que se refleteem sua obra.

O livro mais famoso

O romance Os Ratos, sua obra maislida e admirada, foi escrito em 20noites - \"num dezembro, durante umverão maravilhoso\" - depois dajornada de Dyonélio como médico. Aseqüência da história estava bemclara na mente do escritor, pois elepassara nove anos pensando no livro.

Dyonélio Machado

Prêmio Machado

Em 1935, Dyonélio Machado recebeuo Prêmio Machado de Assis, daAcademia brasileira de letras, por causada obra Os Ratos. O autor recebeu anotícia quando estava preso no porão deum navio estacionado no porto deSantos.

Conquista do público

Só a partir de 1970, Dyonélio Machado

passou a ser conhecido pelo grande

público brasileiro. A prova dessa

popularidade é que o romance Os Ratos

já alcançou mais de 20 edições.

Angústia existencial

Com o livro Os Ratos, Dyonélio inaugurou,dentro do chamado Romance de 30,uma temática nova: a preocupaçãocom as angústias existenciais epsicológicas das classes urbanassocialmente desfavorecidas.

JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

Areia (PB), em 1887,

pertencente a uma família

com influência na política da

região.

Advogado, bacharelou-se

pela Faculdade de Direito de

Recife em 1908. Em 1911, foi

nomeado promotor-geral do

estado da Paraíba, cargo que

ocupou até 1922, quando

tornou-se consultor-geral do

estado.

Morre em 1980.

Em 1928, projetou-se ao lançar A

Bagaceira, considerado o ponto de

partida do novo romance regional

brasileiro.

O romance se passa entre 1898 e 1915,os dois períodos de seca. Tangidos pelo solimplacável, Valentim Pereira, sua filhaSoledade e o afilhado Pirunga abandonam afazenda do Bondó, na zona do sertão.Encaminham-se para as regiões dosengenhos e encontram acolhida no engenhoMarzagão, de propriedade de Dagoberto,cuja mulher falecera por ocasião donascimento do único filho, Lúcio. Passando asférias no engenho, Lúcio conhece Soledade,e por ela se apaixona.

O estudante retorna à academia equando de em férias, volta à companhia dopai, toma conhecimento de que ValentimPereira se encontra preso por ter assassinadoo feitor Manuel Broca, suposto sedutor eamante de Soledade. Lúcio, já advogado,resolve defender Velentim e informa o pai doseu propósito : casar-se com Soledade.Dagoberto não aceita a decisão do filho.Tudo é esclarecido: Dagoberto foi quemrealmente a seduziu.

Pirunga, tomando conhecimentodos fatos, comunica ao padrinho(Valentim) e este lhe pede, sobjuramento executar o seu "dever":matar o verdadeiro sedutor de suafilha. Em seguida, Soledade eDagoberto, acompanhados porPirunga, deixam o engenho e sedirigem para a fazenda do Bondó.

Cavalgando pela fazenda,Pirunga provoca a morte do senhordo engenho Marzagão, herdado porLúcio, com a morte do pai. Em 1915,por outro período de seca, Soledade,já com a beleza destruída pelotempo, vai ao encontro de Lúcio,para lhe entregar o filho, fruto dorelacionamento com Dagoberto.