segunda apostila

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    PROFESSORA: DBORAH PRISCILLA FREIRES DO AMARAL

    DISCIPLINA: LEGISLAO TRABALHISTA E PREVIDENCIRIA

    2 e 3 AULAS

    Direito Coletivo do Trabalho. Sindicatos. Greve.Lockout.

    O Direito Coletivo do Trabalho o segmento do Direito do Trabalho encarregado de tratar daorganizao sindical, dos conflitos coletivos do trabalho e sua soluo e da representao dostrabalhadores.

    Sindicato a associao de pessoas fsicas ou jurdicas que tm atividades econmicas ou

    profissionais, visando a defesa dos interesses coletivos e individuais de seus membros ou da categoria.

    O inciso II do artigo 8. da Constituio Federal determinou a unicidade sindical, pois no permitida a criao de mais de uma organizao sindical na mesma base territorial, que no poder serinferior rea de um municpio. O registro do sindicato no Ministrio do Trabalho recebido pela atualConstituio apenas para fins cadastrais e de verificao da unicidade sindical, sem qualquer interferncia,interveno ou autorizao do Estado em relao as atividades do sindicato, objetivando o reconhecimentode sua personalidade sindical.

    Categoria o conjunto de pessoas que tm interesses profissionais ou econmicos em comumdecorrentes de identidade de condies ligadas ao trabalho. Categoria econmica a que ocorre quandoh solidariedade de interesses econmicos dos que empreendem atividades idnticas, similares ou conexas,

    constituindo vnculo social bsico entre as pessoas ( 1 do art.511 CLT). Similares, so as atividades que seassemelham, como as que numa categoria pudessem ser agrupadas por empresas que no so do mesmoramo, mas de ramos que se parecem, como hotis e restaurantes. Conexas so as atividades que, no sendosemelhantes, complementam-se, como as vrias atividades existentes na construo civil: alvenaria,hidrulica, esquadrias, pastilhas, pintura, parte eltrica etc. Categoria profissional ocorre quando existesimilitude de vida oriunda da profisso ou trabalho em comum, em situao de emprego na mesma atividadeeconmica ou em atividades econmicas similares ou conexas

    Categoria diferenciada a que se forma de empregados que exeram profisses ou funesdiferenciadas por fora do estatuto profissional especial ou em conseqncia de condies de vidasingulares ( 3 art.511 CLT), como a dos condutores de veculos rodovirios (motoristas), ascensoristas,secretrias etc.

    O sindicato compe-se de trs rgos: Assemblia Geral que elege os associados para representaoda categoria, toma e aprova as contas da diretoria, aplica o patrimnio do sindicato, julga os atos da diretoria,

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    quanto a penalidades impostas a associados, delibera sobre as relaes ou dissdios do trabalho, elege osdiretores e membros do conselho fiscal; Diretoria, composta de no mnimo trs membros e mximo de setemembros, entre os quais ser eleito o presidente do sindicato; Conselho fiscal que supervisiona a gesto

    financeira do sindicato e tm mandato de trs anos. As federaes so entidades sindicais de grau superiororganizadas nos Estados-membros, institudas desde que congreguem nmero no inferior a cinco sindicatos,representando a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profisses idnticas, similares ou conexas(art.534 CLT). Os rgos internos das federaes so: diretoria constituda de no mnimo trs, no havendolimite mximo de membros; conselho de representantes formado pelas delegaes dos sindicatos oufederaes filiadas, constituda cada uma de dois membros, com mandato de trs anos, cabendo um voto acada delegao. O conselho fiscal com trs membros com competncia para fiscalizar a gesto financeira.

    As confederaes so entidades sindicais de grau superior de mbito nacional, constitudas de nomnimo trs federaes, tendo sede em Braslia (art.535 CLT), formam-se por ramo de atividade (indstria,comrcio, transportes etc.) com diretoria com no mnimo trs membros e conselho fiscal ambos eleitos peloconselho de representantespara mandato de trs anos. O presidente escolhido pela diretoria entre os seus

    membros com organizao semelhante federao. O empregado eleito para cargo de administraosindical ou representao profissional, no poder ser impedido de qualquer forma em prejuzo de suasatribuies sindicais (art.543 CLT), caso pea transferncia do local da base ou aceite-a, perder o mandato( 1 art.543 CLT). vedada a dispensa de empregado sindicalizado a partir do registro de sua candidatura acargo de direo ou representao sindical e, se eleito, ainda que suplente, at um ano aps o mandato, salvose cometer falta grave nos termos da lei.

    Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusiveem questes judiciais (dissdios coletivos) ou administrativos, representa os associados e a categoria em

    juzo ou fora dele. (art.513 CLT).

    Participa das negociaes coletivas que iro resultar na concretizao de normas coletivas (acordosou convenes coletivas de trabalho), a serem aplicadas categoria.

    vedado ao sindicato o exerccio direto ou indireto de atividade econmica e outras, especialmenteas de carter poltico-partidrio, deve manter assistncia judiciria aos associados, sobretudo aos com salrioigual ou inferior ao dobro do mnimo legal ou at superior desde que comprove sua situao econmica nolhe permite demandar sem prejuzo do sustento prprio ou da famlia e neste caso mesmo no sendosindicalizado. O sindicato d assistncia nas rescises dos empregados com mais de um ano de emprego(art.477 CLT) e dos empregados estveis demissionrios (art.500 CLT).

    As receitas do sindicato so:

    a) contribuio sindical correspondente a um dia de trabalho para os empregados e calculada sobre ocapital da empresa, para os empregadores e fixa para autnomo - Esta contribuio compulsria, tendoassim natureza tributria;

    b) a contribuio confederativa com base no inciso IV do art.8 da Constituio Federal: aassemblia geral fixar a contribuio que, em se tratando de categoria profissional, ser descontada emfolha, para custeio do sistema confederativo da representao sindical respectiva, independentemente dacontribuio prevista em lei. S cabvel aos associados;

    c) contribuio assistencial referente ao pagamento pela pessoa pertencente categoria profissionalou econmica ao sindicato da respectiva categoria, em virtude de este ter participado das negociaescoletivas para ressarcimento das despesas e assistncia;

    d) a mensalidade sindical paga apenas pelos associados ao sindicato.

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    As empresas com mais de 200 empregados devem promover a eleio de representante destes, nonecessariamente sindicalizado, a fim de promover entendimento com os empregadores (art.11 da CF).

    Empregados e empregador, por meio de acordo ou conveno coletiva podem estabelecer clusulassobre comisses mistas de consulta e colaborao no plano administrativo da empresa com as respectivasatribuies. (art. 7,XI, CF c/c art. 621 CLT).

    Conveno coletiva o acordo de carter normativo, entre um ou mais sindicatos de empregadose de empregadores, de modo a definir as condies de trabalho que sero observadas em relao a todos ostrabalhadores dessas empresas (art.611 CLT).

    Acordo coletivo o pacto entre uma ou mais empresas com o sindicato da categoriaprofissional, em que so estabelecidas condies de trabalho, aplicveis a essas empresas ( 1 art.611 CLT).

    Clusulas obrigacionais so as que fixam direitos e obrigaes a serem cumpridas pelas partes eclusulas normativas estabelecem as condies de trabalho, aplicveis aos convenentes. As condies detrabalho alcanadas por fora de sentena normativa vigoram no prazo assinado, no integrando, de formadefinitiva, os contratos (En.277 TST)

    A conveno coletiva e o acordo coletivo devem ser feitos por escrito com prazo mximo devalidade por dois anos ( 3 art.614 CLT) e entram em vigor trs dias aps a data do depsito na DelegaciaRegional do Trabalho.

    A greve a suspenso coletiva, temporria e pacfica, total ou parcial, de prestao pessoal de serviosa empregador (art.2 Lei n. 7.783/89. A legitimidade para a instaurao da greve cabe ao sindicato emassemblia geral, no poder ser deflagrada quando houver acordo, conveno coletiva ou sentena

    normativa em vigor, a no ser que tenham sido modificadas as condies que vigoravam. O aviso prvio degreve deve ser fornecido com antecedncia mnima de 48 horas ao sindicato patronal ou aos empregadores,sendo de servios essenciais a antecedncia passa para 72 horas. lcita nos servios essenciais como:

    a) tratamento e abastecimento de gua; produo e distribuio de energia eltrica, gs ecombustveis;

    b) assistncia mdica e hospitalar;

    c) distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos;

    d) funerrios;

    e) transporte coletivo;

    f) captao e tratamento de esgoto e lixo;

    g) telecomunicaes;

    h) guarda, uso e controle de substncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;

    i) controle de trfego areo;

    j) compensao bancria (situaes taxativas).

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    Nestes servios ou atividades essenciais, os sindicatos, empregadores e trabalhadores ficamobrigados, em comum acordo, a garantir, durante a paralisao, a prestao de servios indispensveis aoatendimento das necessidades inadiveis da comunidade (art.11 Lei 7.783/89), sendo estas ltimas as que

    no atendidas possam colocar em perigo iminente a sobrevivncia, a sade ou a segurana da populao,como a de hospitais. Os grevistas tem o direito de usarem os meios pacficos tendentes a persuadir ou aliciaros trabalhadores a aderirem greve; arrecadar fundos e livre divulgao do movimento (art 6 lei citada). Osabusos so penalizados na forma da lei.

    A participao em greve legal suspende o contrato de trabalho, devendo as relaes obrigacionaisdurante o perodo ser regidas por acordo, conveno, laudo arbitral ou deciso da Justia do Trabalho.

    Se forem desrespeitadas as normas da Lei 7.783 no haver a suspenso do contrato de trabalho.

    O empregador neste perodo no pode rescindir o contrato do trabalhador nem admitir substitutos ano ser para manuteno de mquinas e equipamentos durante a greve ou continuidade aps a celebrao da

    norma coletiva.

    Os que se excederem em manifestaes configurando abuso de direito, podero ser demitidos porjusta causa. A simples adeso greve no constitui, porm, falta grave (Smula 316 STF).

    Poder haver responsabilidade por crimes de dano coisa e ou leso corporal e outros ilcitosmediante comunicao ao Ministrio Pblico que dever, de ofcio requisitar a abertura de Inqurito (crimescom pena superior a dois anos) ou Termo Circunstanciado de Ocorrncia (TCO), para os ilcitos de pequeno

    potencial ofensivo (at dois anos).

    Lockout a paralisao realizada pelo empregador com o objetivo de exercer presses sobre os

    trabalhadores, visando frustrar negociao coletiva ou dificultar o atendimento de reivindicaes. Se for pormotivos econmicos ou financeiros ou em protesto contra o governo no lockout, que proibido conformeartigo 17 da Lei 7.783/89.

    As comisses de conciliao prvia no so obrigatrias, podendo ser criadas por empresas, grupo deempresa, entre sindicatos e ncleos intersindicais de conciliao, tero no mnimo dois e mximo dezmembros metade indicada pelo empregador e a outra eleita pelos empregados com tantos suplentes quantosforem os titulares com mandatos de um ano permitida a reconduo. O representante de empregado no

    poder ser dispensado at um ano aps o final do mandato, salvo se cometer falta grave.

    CONTRATO DE TRABALHO

    Contrato de trabalho um negcio jurdico pelo qual uma pessoa fsica (empregado) se obriga,mediante o pagamento de uma contraprestao (salrio), a prestar trabalho no eventual em proveito de outra

    pessoa fsica ou jurdica (empregador), a quem fica juridicamente subordinada.

    O contrato de trabalho d incio relao de emprego.

    So elementos do contrato de trabalho: a pessoalidade com relao ao empregado, a onerosidade, acontinuidade, ou seja, a no-eventualidade e a subordinao.

    Contrato de trabalho e relao de trabalho so a mesma coisa? O vnculo jurdico que une empregadoe empregador pressupe um acordo de vontades, expresso no contrato individual de trabalho, como vimos.Todavia trata-se de um contrato regulamentado, ou seja, seu contedo est em grande parte determinado pornormas imperativas. Na maior parte das vezes a manifestao de vontade do empregado, se resume a um atode adeso a condies prefixadas pelo empregador ou pela lei. Mas h possibilidade de um acerto sobre otrabalho (qualidade e quantidade) e salrio, prestaes essenciais.

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    Abalados com as restries ao princpio da autonomia da vontade nesse vnculo jurdico, algunsautores negam a existncia do contrato, substituindo-o pelo conceito da relao de trabalho e aqui se situamas teorias anticontratualistas.

    A expresso relao de emprego restrita relao de trabalho subordinado. Ela corresponde aocontrato de trabalho, mas poder existir simples relao de emprego quando o contrato nulo, em atividadesilegais ou quando a contratao proibida por lei, por exemplo nos rgo pblicos em funes que exijam a

    prvia aprovao em concurso pblico.

    A expresso relao de trabalho utilizada genericamente para todo o trabalho prestado a outrapessoa fsica ou jurdica, com ou sem subordinao jurdica.

    Caractersticas do Contrato de Trabalho

    Bilateral ou sinalagmtico

    No contrato unilateral, s uma parte se obriga; no contrato bilateral, temos a reciprocidade dedireitos e obrigaes.

    O contrato de trabalho bilateral ou sinalagmtico, isto , as partes se obrigam reciprocamente.

    Trato sucessivo

    O contrato de trabalho, por natureza, um contrato de trato sucessivo, caracterizando-se, emprincpio, pela idia de continuidade da relao de emprego. contrato de execuo contnua. Ele no seexaure com o cumprimento de uma s prestao. A prestao de trabalho, no contrato, no do tipoinstantnea.

    As prestaes do contrato de trabalho so cumpridas sucessivamente. Assim, de regra, realiza-se semdeterminao de prazo, sendo somente por via de exceo possvel a sua predeterminao.

    Comutatividade

    Significa que o dever de um corresponde ao dever do outro. O empregado trabalhar e o empregadorpagar. A estimativa da prestao, de ambas as partes, conhecida desde o momento da celebrao docontrato.

    Traz a idia de equivalncia das prestaes recprocas. Comutatividade uma expectativa damanuteno da equivalncia das prestaes inicialmente ajustadas.

    O aumento de salrio em face de promoo obrigatrio, tendo em vista a comutatividade.

    A comutatividade no pode ser rompida em desfavor do empregado, somente em seu favor.

    Consensual

    consensual, pois uma manifestao de vontade das partes; se aperfeioa com o simplesconsentimento.

    No-solene

    um contrato no-solene, informal, ou seja, no existe forma especial prevista em lei para o contratode trabalho, podendo ele ser escrito ou oral.

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    No existe forma definida para o contrato de trabalho (artigos 442 e 443 da Consolidao das Leis doTrabalho).

    Para alguns contratos de trabalho, porm, a lei exige formalidade, como para os martimos,temporrios etc.

    Requisitos de Validade do Contrato de Trabalho

    O Cdigo Civil em seu artigo 104 dispe que para que seja vlido o negcio jurdico este deveapresentar os seguintes requisitos: agente capaz, objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel e forma

    prescrita ou no defesa em lei.

    O contrato de trabalho, por ser informal, no exige forma prescrita em lei.

    Apresenta somente os requisitos de capacidade do agente e licitude do objeto para se tornar vlido.

    Agente capaz

    Nem todas as pessoas possuem capacidade para exercer direitos.

    As regras de incapacidade do Cdigo Civil valem para o contrato de trabalho, porm com algumaspeculiaridades.

    No Direito Civil, so absolutamente incapazes os menores de 16 anos; so relativamente incapazesos menores entre 16 e 18 anos; e possuem capacidade plena os que atingiram 18 anos.

    No Direito do Trabalho, com a Emenda Constitucional n. 20, o artigo 402 da Consolidao das Leisdo Trabalho probe o trabalho do menor de 16 anos, salvo para os maiores de 14 anos na condio deaprendiz.

    Hoje , portanto, absolutamente incapaz para o trabalho o menor de 16 anos (observao: paramenores, entre os 14 at os 16 anos, somente permitido o trabalho de aprendiz).

    Relativamente incapazes os menores entre 16 e 18 anos, pois podero ser estes menores empregadoscom autorizao do responsvel legal.

    A capacidade plena, nas relaes trabalhistas, atingida aos 18 anos.

    Consoante o artigo 439 da Consolidao das Leis do Trabalho: lcito ao menor firmar recibo pelopagamento dos salrios. Tratando-se, porm, de resciso do contrato de trabalho, vedado ao menor de 18anos dar, sem assistncia dos seus responsveis legais, quitao ao empregador pelo recebimento daindenizao que lhe for devida.

    Temos que o menor entre 16 e 18 anos depender de autorizao de seus responsveis legais paraefetuar contratos de trabalho ou sua resciso.

    No direito do trabalho, os absolutamente incapazes so representados em todos os atos do contratode trabalho, e os relativamente incapazes devem ser assistidos, mas somente nos atos de contratao eresciso, pois os demais atos realizados no curso do contrato podem ser praticados pelo menor relativamente

    incapaz, sem assistncia. A ele facultada a prtica de alguns atos jurdicos trabalhistas sem perda da suaeficcia.

    Objeto lcito

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    O objeto do contrato de trabalho ser ilcito quando o contrato possuir por objeto um trabalhoproibido ou ilegal.

    O trabalho proibido, ou seja, o objeto do contrato de trabalho ser ilcito em razo de uma normade proteo ao trabalhador (aqui se enquadra o exemplo do menor entre 16 a 18 anos, que no pode trabalhar noite, nem em trabalho insalubre).

    Os contratos que possuem como objeto o trabalho proibido so invlidos, porm produzem efeitos jurdicos enquanto existirem; pois, caso contrrio, o trabalhador acabaria sendo prejudicado. Portanto,declarada a invalidade, esta no retroage. O trabalhador ter direito a receber o que lhe for devido, porexemplo, frias, 13 salrio, Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS) etc. Essa aplicao peculiardecorre de uma norma protecionista do direito ao trabalhador.

    No trabalho ilegal o objeto do contrato considerado ilcito para proteo da sociedade. Porexemplo, pode ser citado o trabalho em clnica de aborto, o trabalho em cassino etc.

    Parcela da jurisprudncia e da doutrina vem entendendo que, nesses casos, a invalidade retroage,sendo o contrato invlido. Outra parte, porm, sustenta que pelo menos o salrio deve ser pago, para evitar oenriquecimento ilcito, considerando o contrato vlido.

    So necessrias algumas diferenciaes:

    trabalho legal na atividade ilegal: por exemplo, o trabalho do garom no cassino, darecepcionista na clnica do aborto. Nesses casos, a doutrina dominante vem entendendo que ocontrato vlido. H, porm, quem entenda que se a atividade que deu causa ao emprego ilegal(por exemplo, aborto), o contrato ilegal e no produz efeitos jurdicos;

    Ateno: com relao ao trabalho prestado Administrao Pblica sem concurso pblico, comexceo dos cargos de livre nomeao, so nulos e no produzem nenhum efeito jurdico; neste sentido,Enunciado 363 do Tribunal Superior do Trabalho:

    Contrato nulo. Efeitos. A contratao de servidor pblico, aps a Constituio de 1988, sem prviaaprovao em concurso pblico, encontra bice no seu Artigo 37, II, e 2, somente conferindo-lhe direitoao pagamento da contraprestao pactuada, em relao ao nmero de horas trabalhadas, respeitado o salrio-mnimo/hora. (redao dada pela Resoluo n 111/2002 DJ 11.04.2002).

    trabalho ilegal na atividade ilegal: por exemplo, o mdico que realiza aborto. Nesse caso, ocontrato invlido, assim como orienta o Tribunal Superior do Trabalho:

    Orientao Jurisprudencial da SDI (Subseo I) n. 199 do Tribunal Superior do Trabalho, queestabelece:

    Jogo do bicho. Contrato de Trabalho. Nulidade. Objeto Ilcito. Artigos 82 e 145 do Cdigo Civil.

    Ateno: parte significativa da jurisprudncia est reconhecendo o contrato do anotador (empregado)do jogo do bicho, que se enquadra em trabalho ilegal na atividade ilegal.

    Contrato de Trabalho por Prazo Determinado

    um contrato a termo final. O contrato extingue-se automaticamente no momento em que atinge otermo final. Quando o termo final atingido, no h que se falar em demisso ou despedida, o contratotermina naturalmente.

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    Ressalta-se que a regra o contrato por prazo indeterminado, sendo o contrato por prazodeterminado a exceo. Com a flexibilizao do contrato de trabalho, essa regra, porm, tende a mudar.

    O artigo 443, 2., da Consolidao Leis do Trabalhistas, limita as hipteses de contrato de trabalhopor prazo determinado. So elas:

    atividade empresarial transitria;

    servio de natureza transitria;

    contrato de experincia.

    Observao: No devemos confundir o contrato por prazo determinado com o trabalho temporrio,

    pois, naquele no h nenhum tipo de intermediao de mo-de-obra como h neste.

    Prazo de durao dos contratos com prazo determinado

    a) Nas hipteses de atividade empresarial transitria e servio de natureza transitria:

    O tempo de durao do contrato por prazo determinado de no mximo dois anos (artigo 445 daConsolidao das Leis do Trabalho), admitida uma prorrogao por igual prazo desde que esta

    prorrogao, somada ao tempo anterior, no ultrapasse o limite de 02 anos, que o mximo que ele poderviger (artigo 451 da Consolidao das Leis do Trabalho).

    A inteno foi desestimular o uso dos contratos de trabalho por tempo determinado, tendentes afrustrar a continuao no emprego, a contagem do tempo anterior e o pagamento de indenizao pordespedimento.

    Fala-se em prorrogao tcita, ou seja, a transformao de um contrato por prazo determinado emum por prazo indeterminado, quando o trabalhador continue a trabalhar alm do prazo previsto. Entende-seque o contrato foi prorrogado tacitamente. Nos demais casos em que no houver clusula expressa, no seradmitida a prorrogao.

    b) Nas hipteses de contrato de experincia:

    As partes tero um perodo para se avaliarem mutuamente. O contrato de experincia deve serregistrado na carteira profissional de trabalho.

    Tem porprazo mximo 90 dias. admitida uma prorrogao, porm o contrato e a prorrogaodevem estar dentro do prazo de 90 dias. Por exemplo, contrato de 60 dias e prorrogao de 30 dias.

    No trmino do contrato de experincia, o empregador no paga aviso prvio nem 40 % do Fundo deGarantia por Tempo de Servio.

    Nesse tipo de contrato, trabalhar depois de vencido o prazo implica, automaticamente, a conversopara contrato por prazo indeterminado.

    Direitos dos Empregados Contratados por Prazo Determinado

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    Em se tratando de direitos, no contrato por prazo determinado, o empregado no recebe aviso prvioe a multa de 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (que seria uma forma de indenizao). Poroutro lado, ter direito a frias vencidas e proporcionais com adicional de , a 13. salrio (integral ou

    proporcional) e a levantar o Fundo de Garantia por Tempo de Servio (Lei n. 8.036/90). possvel, em certas situaes, o pagamento de indenizao, quando ocorrer resciso unilateral (por

    uma das partes) antes do termo final, casos em que o empregador dispensa o empregado antes do trmino doprazo determinado ou quando o empregado pede demisso antes do prazo determinado.

    Quando o empregador dispensa o empregado, a indenizao corresponde metade dos salrios doperodo restante do contrato de trabalho (artigo 479 da Consolidao das Leis do Trabalho).

    Quando o empregado pedir demisso antes do prazo, a indenizao corresponde aos prejuzoscausados ao empregador. Assim, necessrio se faz ter havido prejuzo. Nesse caso, a indenizao limitada,

    possuindo como teto a metade do salrio do perodo que faltava para o trmino do contrato (artigo 480 da

    Consolidao das Leis do Trabalho).O artigo 481 da Consolidao das Leis do Trabalho traz a clusula assecuratria de resciso

    recproca nos contratos com prazo determinado. Essa clusula assegura s partes o direito de rescindir ocontrato unilateralmente e antecipadamente ao trmino do contrato. Nesse caso, no haver indenizao noscontratos rescindidos antecipadamente. Assim, teremos uma resciso na forma do contrato indeterminado;

    portanto, o empregado ter direito ao aviso prvio e multa de 40%. Essa clusula s exercida se ocontrato for rescindido antes do tempo, e ela dever estar contida de forma expressa no contrato.

    Em janeiro de 1998, foi aprovada a Lei n. 9.601/98, que foi a primeira lei a incorporar ao sistemabrasileiro a flexibilizao do Direito do Trabalho, admitindo o contrato por prazo determinado em algumashipteses.

    Essa lei d uma hiptese a mais quelas do artigo 443, 2 da Consolidao das Leis do Trabalho. Ocontrato poder ser por prazo determinado sem o cumprimento das hipteses do dispositivo mencionado secumpridas as exigncias da Lei 9.601/98, como por exemplo:

    contrato utilizado para aumentar o nmero de funcionrios da empresa. Nesse caso, afinalidade da lei combater o desemprego;

    pode ser utilizado somente se houver autorizao de acordo ou conveno coletiva pelossindicatos.

    As indenizaes previstas nos artigos 479 e 480 da Consolidao das Leis do Trabalho esto

    afastadas nos casos de dispensa ou por resciso antecipada. A indenizao ser fixada pelo acordo ouconveno coletiva. O empregador no ter que pagar multa de 40% e aviso prvio.

    A Lei n. 9.601/98 estabelece uma reduo do Fundo de Garantia por Tempo de Servio em at 2%do salrio (o normal o depsito mensal de 8%), podendo ser superior a 2%, pois esse valor o mnimoadmitido.

    Nessa lei, o sindicato passa a ter grande importncia, pois exerce a funo regulamentadora.

    Essa lei tambm reduz em 50% as contribuies sociais, tais como as do SESC (Servio Social doComrcio), SENAC (Servio Nacional de Aprendizagem Comercial) e o salrio-educao. S no reduz acontribuio previdenciria.

    A reduo, porm, s permitida caso a empresa esteja em dia com as contribuies. O sindicato,nesse caso, no participa da negociao da reduo do valor dessas contribuies.