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SEGMENTAÇÃO DO MERCADO TURÍSTICO MTUR

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    3. O mercado turstico

    Para compreender o que mercado turstico e como proceder sua anlise, deve-se, inicialmente, entender o que mercado, suas nuances, compor-tamentos variveis e sazonalidades.

    normal que a abordagem do mercado seja relativa a determinados seg-mentos da oferta (o tipo de turismo ou experincia a ser oferecida) e da de-manda (perl dos turistas potenciais que consumiro aquela experincia). Quando se fala em mercado turstico j trazemos a noo de segmentao da oferta ou da demanda, pois improvvel que todos os consumidores tenham as mesmas preferncias ou se disponham a pagar sempre por ape-nas um tipo de experincia turstica.

    Segmentar a demanda (de acordo com o tipo/perl de turistas) denir a parcela das pessoas que compartilham as mesmas caractersticas, neces-sidades e expectativas. Segmentar a oferta (tipos de turismo/experincia Aventura, Sol e Praia etc) denir uma oferta turstica que tenha uma identidade comum, baseada no tipo de experincia e que atenda s expec-tativas do segmento de demanda que queremos atrair.

    Os conceitos que sero abordados, a seguir, devem ajudar a perceber o mercado turstico de forma mais ampla e aprofundada, alm de indicar formas de se analisar corretamente o mercado no qual temos interesse em participar.

    3.1 Conceituao de mercado

    Mercado o lugar onde pessoas trocam produtos e servios com outros, considerando sempre a disponibilidade da oferta existente e a procura pelo bem ou servio oferecido. O processo de troca e a existncia do mercado esto associados a cinco condies essenciais (KOTLER; KELLER, 2006):

    r Que existam pelo menos duas partes;

    r Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes;

    r Que todas as partes tenham condio de comunicao e entrega;

    r Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a troca;

    r Que todas as partes acreditem ser proveitoso participar desta ne-gociao.

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    A existncia do mercado est associada a trs premissas bsicas (DIAS, 2005):

    r Que haja uma necessidade (a busca por determinado tipo de pro-duto ou servio);

    r Que exista um desejo de satisfaz-la (por meio da oferta de pro-dutos ou servios);

    r E que haja capacidade de compra (por meio da disponibilidade de moeda de troca ou crdito para processar a transao).

    O #uxo de pessoas em busca de novas vivncias, experincias, e conheci-mentos continua a crescer, incentivando o desenvolvimento do turismo em diversas regies. As pessoas no conseguem produzir tudo que dese-jam consumir, e no mercado turstico esta relao no poderia ser diferen-te. Cada regio apresenta particularidades, gerando produtos que no so encontrados em outros lugares, e sempre existem pessoas, em diferentes regies, interessadas nestes produtos (DIAS, 2005).

    Como exemplo, pode-se citar a experincia de vivenciar praias de guas mornas e areias brancas. Estas no podero ser encontradas em Minas Ge-rais, mas os moradores daquela regio demandam por esta experincia. Assim, eles buscaro esta oferta em outros mercados que podem satisfa-zer seus desejos, seja no Nordeste do Brasil ou nas praias do Caribe.

    Para entender o mercado, devemos, primeiramente, entender as pessoas que compem este mercado, e devemos lembrar que as pessoas pensam e agem de forma diferente, dependendo de suas motivaes ou experincias anteriores.

    Para Chias (2007), a heterogeneidade das pessoas que compem a de-manda um dos fatores que movimentam o mercado turstico, e sempre abre portas para novas oportunidades de negcios. Isso ocorre, pois cada pessoa tem demandas prprias e muitas vezes, diferentes das demandas de seus amigos, parentes ou grupos de convvio. Estas demandas esto sempre se atualizando e sendo modicadas, em funo da diversidade de ofertas de produtos tursticos e de novas experincias que so vivenciadas pelos visitantes.

    Ento, analisar o mercado no apenas entender a demanda

    dos turistas atuais e seus comportamentos de consumo, mas

    tambm entender as modi#caes e tendncias que esto

    ocorrendo nos padres de consumo.

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    3.2 Anlise do mercado turstico

    Apresenta-se, a seguir, os principais aspectos envolvidos na anlise do mercado turstico, considerando todos os atores envolvidos na interao que compe um mercado e as modicaes, que acontecem de forma frequente, no processo de atualizao desta relao.

    De acordo com a OMT12 (2001 apud MTur 2007, p.15), a natureza da atividade turstica um conjunto complexo de inter-relaes de diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente sob uma tica siste-mtica, ou seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evo-luem de forma dinmica. Existem quatro elementos bsicos que com-pem o mercado Turstico, segundo o Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil (MTur 2007, p. 15)13:

    r Demanda: formada por um conjunto de consumidores, ou poten-ciais consumidores, de bens e servios tursticos;

    r Oferta: composta pelo conjunto de produtos, servios e organiza-es envolvidas ativamente na experincia turstica;

    r Espao geogr$co: base fsica na qual tem lugar a conjuno ou o encontro entre a oferta e a demanda, e em que se situa a popu-lao residente (que se no em si mesma um elemento turstico, considerada um importante fator de coeso ou desagregao no planejamento turstico);

    r Operadores de mercado: empresas e instituies cuja principal funo facilitar a inter-relao entre a demanda e a oferta. So as operadoras e agncias de turismo, empresas de transporte regular, rgos pblicos e privados que organizam ou promovem o turismo.

    Nesse sentido, o mercado turstico pode ser entendido como o encontro e a relao entre a oferta de produtos e servios tursticos e a demanda,

    individual ou coletiva, interessada e motivada pelo consumo e uso des-

    tes produtos e servios (MTur 2007, p. 16).

    O mercado no deve ser visto apenas como a oferta de um destino e a demanda por ele, mas tambm pelas outras ofertas concorrentes. Assim,

    12 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 8 Promoo e Apoio Comercializao. Braslia, 2007.13 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 8 Promoo e Apoio Comercializao, Braslia, 2007.

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    as praias do Caribe oferecem os mesmos benefcios que as praias do Nor-deste do Brasil, para as demandas de alguns potenciais clientes.

    E se o turista decidir no ir praia com a famlia nestas frias, e decidir visitar algum destino cultural ou com maior contato com a natureza? O mercado assim, composto de ofertas diversas que lutam para atrair os tu-ristas e que concorrero entre si para aumentar a visitao em suas regies.

    Analisar a relao dos produtos tursticos com o mercado no qual ele est inserido, etapa essencial para um melhor posicionamento. O mercado composto de cinco foras ou grupos de participantes, que podem in#uen-ciar diretamente no desempenho de sua oferta. Assim, a anlise do merca-do turstico no deve se basear apenas na oferta existente (a sua e a de seus concorrentes) e na demanda por estes produtos, mas tambm no conjunto de atores que compem a totalidade do mercado, destacados a seguir.

    Para realizar um melhor entendimento do mercado, devem ser considera-das na anlise todas as foras que in#uenciam no desempenho do mercado e na competitividade dos atores envolvidos, e so elas (PORTER, 1986):

    r Rivalidade existente no setor: os destinos ou produtos tursticos que concorrem diretamente com o seu destino ou produto e j par-ticipam deste mercado;

    As praias da Bahia, por exemplo, concorrem diretamente com

    as praias do Cear pelo +uxo de visitantes do Sudeste do Brasil.

    r Ameaa de novos concorrentes: os destinos ou empresas que ain-da no concorrem diretamente, mas que esto se estruturando e passaro a ser concorrentes a curto, mdio ou longo prazo;

    As localidades do Brasil que possuem atividades de aventura

    no to conhecidas, esto iniciando melhorias e trabalhos de

    divulgao para atrair os visitantes que iriam ao Rio de Janeiro

    ou a Foz do Iguau.

    r Ameaa dos produtos substitutos: deve-se entender como os pro-dutos diferentes dos oferecidos por uma empresa A, por exemplo, podem conquistar os clientes e reduzir a venda dos produtos turs-ticos de uma empresa B. As pessoas podem desenvolver interesses em produtos diferentes dos oferecidos por sua localidade, e passar a reduzir a visitao ou compra de seus produtos tursticos. O con-ceito de produto substituto em anlise estratgica signica, exata-

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    mente, aqueles produtos que podem no ter nenhuma relao com o produto concorrente (em questo), mas que podem reduzir seu consumo, por competir indiretamente com ele;

    Fatores como novelas, ou eventos criados, podem in+uenciar

    o consumo e fazer com que os visitantes tenham interesse em

    conhecer o Pantanal, por exemplo, e no mais apenas os ape-

    los histricos de sua cidade. A utilizao de transporte areo

    pode reduzir o nmero de viagens de nibus e tambm, re-

    duzir o consumo nos restaurante na estrada, pois as pessoas

    no passam mais pelas estradas por no viajarem de nibus.

    Num outro exemplo, a mquina fotogr#ca digital o produto

    substituto que reduziu o volume de atividade das empresas

    que oferecem servios de revelao. Neste caso, o substituto

    no so outras empresas de revelao de fotogra#a, mas sim,

    produtos diferentes que reduzem o consumo do produto ofer-

    tado por sua empresa.

    r Aumento do poder de barganha dos compradores: deve ser anali-sada a in#uncia que os compradores exercem na lucratividade do turismo em uma localidade;

    Se existe grande parcela das vendas dos produtos tursticos de

    um destino concentrada em poucos operadores de turismo,

    estes tero maior fora para reduzir os preos e a lucratividade

    das empresas fornecedoras dos servios naquele destino.

    r Aumento do poder de barganha dos fornecedores: O turismo em uma regio pode deixar de ser interessante se os fornecedores (equipamentos de alimentao e hospedagem, como exemplo) pu-derem elevar os preos e/ou se no houver substitutos para estes fornecedores.

    Vamos imaginar uma localidade onde existem diversos hotis

    de pequeno porte. O poder de barganha de cada hotel, sepa-

    radamente, perante uma grande operadora pequeno, mas

    caso os hotis se organizem e trabalhem em conjunto, podem

    conseguir parcerias mais vantajosas, com preos mais interes-

    santes e um melhor desempenho no ndice de ocupao hote-

    leira. Porm, outras alternativas de hospedagem, como casas

    de veraneio ou casa de parentes podem reduzir o poder de

    barganha destes fornecedores (os hotis).

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    Pode-se perceber que a anlise de mercado deve consistir em uma viso abrangente dos movimentos que esto ocorrendo no turismo, no s da regio de oferta de um produto turstico, dos equipamentos tursticos e servios complementares que contribuem para o desenvolvimento do po-tencial de visitao, mas tambm de todas as localidades concorrentes.

    preciso considerar ainda, como parte do mercado, os diferentes atores, com diferentes interesses. Para uma viso mais profunda e abrangente do funcionamento do mercado, todos eles devem ser considerados na an-lise, juntamente com as tendncias de consumo e demandas dos turistas que se pretende atrair.

    A anlise de mercado deve considerar, portanto, no s os participantes de um mercado, mas todos os fatores que exercem in#uncias sobre ele. Assim, questes macroambientais devem ser vericadas para uma anlise minuciosa, fazendo-se necessrio analisar questes polticas, sociais, eco-nmicas e culturais para entender os movimentos de mercado.

    Alm disso, no se deve apenas analisar a realidade atual. necessrio, tambm, entender os modismos e tendncias, para que o direcionamento das aes de mercado no se torne obsoleto em curto prazo.

    O modismo in#uencia no desempenho do turismo, e sendo uma inteno de compra de curta durao, dever ser aproveitado com reaes rpidas mudana de comportamento dos consumidores (KOTLER; KELLER, 2006). Para aproveitar estes modismos, quem planeja as aes de mercado deve car atento a estas modicaes. Um exemplo disso o impacto que lmes ou novelas causam no interesse de compra dos consumidores. Um destino pode virar moda e passar a ser mais visitado em funo de est-mulos imprevistos causados por um meio de mdia de massa.

    J as tendncias so denidas por estes autores como uma sequncia de eventos com fora e durabilidade e que podem revelar como ser o fu-turo do consumo e quais oportunidades podem ser aproveitadas.

    Um exemplo de tendncia o envelhecimento da populao. A sucesso de fatos demonstra que isto no uma modicao momentnea, e que surgiro novas oportunidades de negcios voltadas para a parcela mais idosa da populao. Outros exemplos de tendncia que podem in#uenciar no perl de consumo turstico so as modicaes nas taxas de natalidade (as pessoas esto tendo menos lhos), o maior grau de instruo da po-pulao, o retardamento da aposentadoria, o aumento da renda da classe

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    C no Brasil, dentre outros fatores de extrema importncia para o entendi-mento das mudanas ocorridas no perl dos turistas.

    O mercado vivo e est em constante mudana. Os turistas

    mudam seus interesses e exigncias, alguns fornecedores me-

    lhoram, outros saem da atividade, o processo de comercializa-

    o ganha ou perde parceiros. Logo, a percepo do mercado

    tambm deve ser constantemente atualizada, junto com as

    modi#caes ocorridas em todo o cenrio de negcios.

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    4. A oferta e os produtos tursticos

    A oferta um fator de extrema importncia para denir o posicionamento que uma localidade ou regio ter para o perl de turista que deseja atrair. A disponibilidade e a variedade de produtos tursticos tambm so fatores de atratividade de turistas para a localidade.

    Neste tpico, vamos entender quais so os fatores que compem esta oferta e como utiliz-los para o pblico desejado.

    4.1 Entendendo o que produto

    Antes de denir produtos tursticos, necessria uma anlise para que se possa entender o conceito de produto.

    Muitas pessoas tm a ideia de que produto apenas um bem tangvel e material para ser comercializado. O conceito de produto vai alm, e foge da abordagem fsica, devendo ser percebido como um benefcio a ser ofe-recido para seu cliente.

    Produto pode ser de$nido como tudo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo dos consumido-res (KOTLER; KELLER, 2006). Assim, o produto deve ser visto como a soluo para o problema dos clientes, e esta soluo pode vir por meio de bens fsicos, servios, experincias, eventos, pessoas, organizaes, infor-maes ou ideias.

    Para entender o conceito de soluo, analisemos a seguinte situao: O cliente que entra em uma loja de material de construo e compra uma furadeira, est, na verdade, interessado nos furos (soluo), e no na m-quina (bem fsico). Esta soluo poderia ser oferecida de outra forma, como por exemplo, a contratao de um prossional que pudesse fazer os furos para o cliente. Neste caso, a furadeira no seria mais necessria.

    Servio entendido como atividade econmica que cria valor e fornece benefcios para clientes, em tempos e lugares especcos, como decorrn-cia da realizao de uma mudana desejada pelo destinatrio do servio (LOVELOCK; WRIGHT, 2001).

    Um outro exemplo dessa situao o caso de um turista que deseja visitar os Lenis Maranhenses. Ao fechar um acordo com uma empresa para

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    transporte em carros O Road, de So Luis at a regio dos Lenis, o turista no est pagando pela vaga no assento do carro, mas sim pela ex-perincia de conhecer o lugar desejado. Neste caso, o produto (ou servio) que o cliente estaria interessado seria o direito de estar no local desejado, na hora esperada, da forma mais confortvel ou rpida possvel.

    Para compor o produto, preciso pensar em quais benefcios o cliente espera e como transformar as possveis solues em oferta de produtos. Estes benefcios sero atendidos de acordo com o nvel de especializao e adequao do produto oferecido (KOTLER; KELLER, 2006). A seguir, pode-se vericar a classicao dos nveis de produtos a serem oferecidos para os clientes, relacionando-a com a prestao de servios, ao hspede, de um hotel:

    r Benefcio Central do Produto: o servio ou benefcio fundamen-tal que o cliente busca. Um hspede est realmente pagando pelo descanso e no pelo quarto em si.

    r Produto Bsico: transformar a necessidade do cliente em uma ofer-ta de produto. Assim, se oferece cama, banheiro, toalhas e outros para representar o benefcio central do produto (descanso).

    r Produto Esperado: so as caractersticas j esperadas pelo turista para aquele tipo de produto. Alguns hspedes j esperam ar condicio-nado no quarto, camas arrumadas, lmpadas que funcionem, lenis e toalhas limpos e outros atributos. Como isso no diferencial para este determinado hspede, ele poderia escolher com base em outros atributos, como servio de internet e TV a cabo gratuitos ou o preo mais barato para hotis com estas mesmas caractersticas.

    r Produto Ampliado: a composio de soluo que excede a ex-pectativa do cliente. No caso do hotel, o atendimento personaliza-do, jantar ou bebida de boas-vindas ou a boa localizao podem ser diferenciais oferecidos para o cliente. neste nvel que acontece a distino entre os produtos e, neste caso, por perceber valor adicio-nal no produto, os clientes podem estar dispostos a pagar mais caro.

    r Produto Potencial: considera todas as transformaes e amplia-es as quais o produto deve ser submetido no futuro. Neste aspec-to, a oferta de produto e servio ao hspede no de acordo apenas como ele espera ser tratado hoje, mas com a oferta de valores adi-cionais que o cliente pode vir a demandar.

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    Um outro exemplo para este conceito pode ser analisado a seguir.

    O que leva um consumidor a pagar R$ 300,00 por um modelo de cal-a jeans de uma marca famosa, quando existem calas disponveis por R$ 30,00? Ao se analisar a situao em relao aos nveis de produto e a percepo de valor para os clientes possvel identicar:

    r Benefcio central: vestir-se;

    r Produto bsico: cala jeans;

    r Produto esperado: tamanho adequado e modelo de preferncia;

    r Produto ampliado: aceitao social e status;

    r Produto Potencial: atendimento impecvel na venda e ps-venda, com servios e consultorias de moda e estilo.

    A percepo de benefcio para os dois produtos diferente. Note que a cala de R$ 30,00, sem marca famosa, no atinge todos os benefcios esperados pelo cliente, atingindo apenas o nvel de produto esperado. A percepo de valor do produto menor e por isso, o preo que se espera pagar tambm ser. O cliente perceber todos os nveis de benefcios para o produto de uma marca ou loja famosa e estar, por conta disso, disposto a realizar um desembolso maior.

    Percebe-se que o produto se distancia da oferta fsica e se aproxima, cada vez mais, da percepo de valor pelo cliente, por meio do benefcio ou soluo obtida com a compra realizada. J que os produtos esto relacio-nados com a percepo dos clientes, e cada cliente tem uma percepo diferente do outro, nem todos os produtos ou servios tero o mesmo valor percebido por todos os clientes. Essa a importncia que a seg-mentao tem para a elaborao de uma estratgia e$caz.

    A segmentao est presente em todos os mercados, incluin-

    do o mercado do turismo. Os produtos devem ser oferecidos

    de forma a atender as necessidades e demandas espec#cas

    de cada cliente, pois o mesmo produto pode atender as de-

    mandas de um per#l de cliente e ser inadequado para outros

    segmentos.

    Na prxima seo, estas abordagens de produto so aplicadas para o mer-cado turstico.

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    4.2 Compondo o produto turstico

    Quando se analisa o mercado turstico, percebe-se que tambm existe um setor produtivo. A produo no turismo feita por uma cadeia de setores produtivos que se agrupam para formar e oferecer os produtos tursticos.

    Embora a criao e oferta dos produtos tursticos sejam feitas de formas diferentes dos produtos/bens industriais, alguns aspectos da contextuali-zao so comuns aos dois, como o benefcio e soluo esperados pelos clientes e a percepo de valor a ser pago.

    No mbito do Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil, o Ministrio do Turismo passou a entender por produto turstico o conjunto de atrativos, equipamentos e servios tursticos acresci-dos de facilidades, localizados em um ou mais municpios, ofertado de forma organizada por um determinado preo (MTur, 2007, p. 17).

    A elaborao dos produtos tursticos deve estar intrinsecamente relacio-nada demanda desejada. Dessa forma, a combinao de bens e servios, de recursos e infraestrutura deve estar ordenada e disponvel ao consumo de forma que oferea vantagens ao cliente, satisfazendo suas necessidades e expectativas (BALANZ; NADAL, 2003).

    Para satisfazer os consumidores, os produtos podem sofrer adequaes conforme as exigncias dos diversos segmentos de mercado, evitando uma oferta padronizada para todos os turistas.

    O produto turstico formado por seis componentes (IGNARRA, 1999):

    r Recursos: naturais (clima, solo, paisagens, fauna, #ora e outros) e culturais (patrimnio arquitetnico, cultura local, gastronomia, artesanato e outros);

    r Bens e Servios: produtos alimentcios, materiais esportivos, servi-os receptivos, atraes etc;

    r Infraestrutura e equipamentos: estradas, Hotis, pousadas, restau-rantes etc.;

    r Gesto: a forma como o produto gerido e ofertado;

    r Imagem da marca: como este produto percebido pelos consumi-dores;

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    r Preo: o valor a ser pago deve ser condizente com os benefcios oferecidos.

    Por isso, no se pode pensar em produtos tursticos de uma forma indi-vidual, mas sim como o conjunto de experincias relacionadas viagem (de deslocamento, alimentao, hospedagem e de outros fatores) vividas pelos turistas antes, durante e depois de sua realizao.

    Um exemplo para este conceito pode ser analisado a seguir:

    A Floresta Amaznica por si s no produto turstico (embora faa par-te da oferta turstica dos Estados que compem a Amazonia Legal), mas para se tornar um produto deve combinar os diversos fatores que tornam possvel sua visitao, como exemplicado a seguir:

    r O transporte areo para levar o turista a Manaus;

    r O transporte #uvial que possibilita o deslocamento durante a visita-o aos vrios pontos da #oresta;

    r O guia de turismo que acompanha, orienta e transmite informaes que faro o turista perceber os mistrios da #oresta e ter uma vivn-cia inesquecvel;

    r Os servios de um receptivo que organiza todas as atividades duran-te a visita do turista;

    r Os hotis que proporcionam a hospedagem durante o perodo de estada;

    r Os restaurantes que fornecem a alimentao e/ou experincias gas-tronmicas diferenciadas;

    r A produo associada ao turismo, como as apresentaes cultu-rais e o artesanato local que oferecem momentos de compra ou agradveis experincias e novos conhecimentos para o turista.

    A combinao destes elementos que possibilita a experincia ao turista, e a falta, ou o servio de baixa qualidade de um ou mais destes, pode com-prometer o sentimento positivo da experincia de estar na #oresta Ama-znica, e consequentemente, gerar uma avaliao negativa do produto.

    Assim, o produto no apenas o que oferecemos, mas a expe-

    rincia que ele pode gerar para o turista, e estas experincias

    sero diferentes para diferentes pessoas.

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    Considerando esta interao entre os componentes, o produto turstico possui caractersticas especcas14 (adaptado de MTur, 2007, p. 17):

    r intangvel: por ser um bem de consumo abstrato e intangvel, o turista no pode tocar ou armazenar o produto, bem como trans-port-lo em uma mala, ele vive a experincia e a guarda na mem-ria;

    r esttico: pois no possvel mudar a localizao de uma atrao turstica;

    r perecvel: pois se a visitao, ou hospedagem no acontecer no perodo esperado, o prejuzo no pode ser recuperado. A venda per-dida no poder mais ser feita;

    r limitado: a produo de servios limitada determinada quan-tidade, em um determinado tempo e espao;

    r sazonal: concentra-se em algumas pocas e locais especcos, o que acaba por induzir a criao de produtos diferenciados para se-rem vendidos ao longo de todo o ano;

    r sistmico: todos os produtos e servios de uma atrao turstica esto interligados. Como o turista necessita de produtos e servios variados, a ausncia de um deles poder inviabilizar ou dicultar a experincia vivida pelo turista;

    r varivel em seu valor percebido: a avaliao feita pelo turista ser de acordo com a qualidade da experincia vivida por ele, que pode ser diferente da experincia de outros na mesma viagem;

    r simultneo: o turista consome o produto ao mesmo tempo em que o servio prestado.

    r difcil de controlar: uma vez que o turista avalia os servios pres-tados posteriormente sua experincia, torna-se mais difcil o con-trole da qualidade do produto turstico.

    Dessa forma, o produto para o turista passa a ser a experincia da viagem de forma mais abrangente, considerando a qualidade da hospedagem, as experincias gastronmicas vivenciadas, o transporte at a localidade, a locomoo interna, o atendimento recebido, os presentes e lembranas comprados e tudo que seja relativo sua permanncia.

    14 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 8 Promoo e Apoio Comercializao, Braslia, 2007.

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    De#nir um produto turstico criar a combinao entre os atra-

    tivos disponveis em uma localidade com os equipamentos,

    servios, e infraestrutura para disponibilizar para o visitante

    uma experincia de visitao prazerosa por um preo compe-

    titivo.

    Para criar um produto turstico segmentado, deve-se considerar:

    r A vocao do destino: identicar os atrativos de maior potencial e as condies para criar atividades relacionadas com as caractersticas do segmento a ser trabalhado, que gerem uma identidade do destino;

    r A imagem do destino: necessrio denir a identidade do destino e identicar como os turistas a percebem e qual o valor atribudo;

    r O per$l do turista que se deseja atrair: qual o segmento de deman-da que se deseja atrair para a localidade;

    r As preferncias da demanda: quais as necessidades e expectativas destes turistas sobre o destino.

    necessrio, portanto, que o produto turstico atenda s ne-

    cessidades e demandas do pblico-alvo, que seja vivel para

    comercializao, que seja sustentvel para a localidade e que

    gere lucratividade para as empresas que trabalharam para

    ofert-lo.

    4.3 A oferta turstica

    Oferta turstica o conjunto de atrativos tursticos, servios

    e equipamentos e toda infraestrutura de apoio ao turismo de

    um determinado destino turstico, utilizados em atividades de-

    signadas tursticas (MTur 2007, p. 65).

    Entendendo a oferta turstica como tudo o que oferecido para os visitan-tes, possvel identicar quatro categorias que a compem e que juntas oferecem diferencial da localidade ou regio (GOELDNER et al., 2002):

    r Recursos e Ambientes naturais: clima, #ora, fauna, relevo, praias e outros atrativos, existentes na regio;

    r O Ambiente Construdo: neste tpico, esto relacionados infra-estrutura (fornecimento de gua, luz eltrica, estradas, redes de co-

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    municao e outros) e superestrutura, construes voltadas para dar suporte aos turistas (aeroportos, hotis, restaurantes, museus, produo associada ao turismo e outros);

    r Transporte: a disponibilidade de transporte para o visitante da origem at o destino e dentro do prprio destino, incluindo avies e vos, taxis, trens, navios e outros meios que possibilitem a visitao;

    r Hospitalidade e Recursos Culturais: so temas relacionados cul-tura local do destino, como lnguas, religio, costumes e compor-tamentos de trabalho e lazer, a cortesia, amizade e a vontade de receber bem dos moradores daquela localidade.

    Logo, a oferta turstica tudo aquilo que faz parte do consumo do turista, podendo ser bens, servios pblicos e privados, recursos naturais e cultu-rais, eventos, atividades recreativas, dentre outros (DIAS, 2005).

    Para entender o que se deve oferecer e como compor a oferta turstica, preciso, antes, abordar o conceito de consumo turstico. O consumo tu-rstico, segundo Dias (2005), pode ser denido como a aquisio de bens e servios com objetivo de satisfazer s necessidades que motivaram a viagem do turista.

    O consumo referente a todos os gastos feitos para a preparao (vacina-o, passaporte, aquisio de malas), para a realizao (visitao, hospe-dagem, alimentao e outros servios) ou mesmo posteriores viagem (souvenir, excesso de bagagem, revelao de fotos etc). O consumo dos visitantes no se restringe apenas s atividades ligadas diretamente via-gem, mas tambm a toda atividade de suporte para fazer da viagem uma experincia agradvel. Assim, se o visitante no encontra na oferta tursti-ca todos os recursos para atender suas necessidades e desejos, pode haver frustrao em relao ao destino.

    Como visto, a oferta turstica tudo que est disponvel para o turista, sendo composta dos diversos produtos tursticos de uma localidade, de-vendo estar organizada para ser oferecida e gerar experincias positivas para um visitante com demandas especcas.

    No adequado que uma localidade dependa de um nico produto, princi-palmente, se ele for sazonal (o turismo de sol e praia, por exemplo, aumenta seu #uxo no perodo de vero), mas sim oferecer um cardpio de produtos, tais como eventos locais vinculados a datas comemorativas, que possam atender os visitantes em diferentes perodos do ano (IGNARRA, 1999).

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    Devemos, ento, fazer uma anlise aprofundada da oferta turstica de uma regio, cidade, ou localidade para que possamos entender as possibi-lidades de composio de diferentes produtos para os diferentes pers de visitantes que desejamos atender.

    Vamos ver o exemplo do Estado de So Paulo. A oferta deste Estado bas-tante diversicada, e podemos encontrar centros de convenes e parques de exposio de feiras, assim como fazendas de caf e clubes de campo. Porm, para atingir o melhor resultado, a oferta deve ser organizada e segmentada para atender diferentes pers de visitantes.

    Pode-se armar que a cidade de So Paulo um centro comercial, e as reas de exposies, juntamente com restaurantes, nas proximidades, e meios de hospedagem para pernoite dos visitantes, podem ser interessan-tes para turistas de negcios e eventos.

    Porm esta mesma composio poderia no ser adequada para os turistas de lazer e descanso, interessados em contato com a natureza. Para estes, pode ser oferecida outra composio, com base em visitas as fazendas e hospedagem em hotis de campo.

    Note que a oferta turstica do Estado possibilita diferentes combinaes direcionadas para visitantes com interesse distintos. desta forma que a oferta turstica, combinando os produtos tursticos segmentados, pode atender diferentes expectativas dos turistas deste Estado.

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    5. A demanda turstica

    Demanda turstica o conjunto de turistas, que de forma individual ou coletiva, esto motivados a consumir uma srie de produtos ou servio tu-rsticos com o objetivo de cobrir suas necessidades de descanso, recreao, entretenimento e cultura em seu perodo de frias (DIAS, 2005).

    A demanda turstica , ento, o nmero de pessoas que viaja (demanda real) e que deseja viajar (demanda potencial) para locais diferentes do local de trabalho e residncia habitual, para desfrutar dos produtos e servios tursticos e vivenciar uma experincia turstica.

    A demanda real o nmero de pessoas que efetivamente viajam para um destino ou localidade, enquanto a demanda potencial composta de todos que tm per$l para consumir os produtos tursticos do destino, porm no viajam por motivos diversos (falta de tempo, falta de disponi-bilidade nanceira, falta de conhecimento do destino etc).

    Nem todos os viajantes atribuem o mesmo conceito de valor para uma viagem, portanto, alguns podem optar pela troca do carro, ou de uma te-leviso nova, dependendo de sua avaliao pessoal sobre o valor agregado da viagem. Este conceito se aplica demanda potencial, pois o indivduo ou famlia pode estar caracterizado economicamente como pblico-alvo, mas no tem interesse em viajar para este destino (as formas de atuao para atrair os potenciais clientes sero aprofundadas no mdulo III deste Curso).

    Para se fazer a anlise da demanda turstica, precisamos entender quais fatores que in#uenciam, aumentando ou reduzindo, o #uxo de pessoas nos destinos tursticos. Existem vrios fatores que in#uenciam a deman-da, sendo alguns dos principais os seguintes (DIAS, 2005; MTur 2005):

    r Disponibilidade de tempo dos turistas: devemos considerar qual o tempo livre que eles tm para realizar a visita: frias, nais de se-mana, feriados. Temos que entender a disponibilidade dos visitantes para compor os produtos tursticos adequados s possibilidades de viagem destes clientes. Assim, pode se tornar invivel montar paco-tes de cinco dias para visitantes que s possuem disponibilidade de nais de semana para realizar seus passeios.

    r Disponibilidade Econmica: muitas vezes, deve existir aumento da disponibilidade de renda do pblico para que possam ser realiza-

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    dos gastos com a viagem. Oferecer pacotes de viagem para o nal do ano, quando existe aumento da disponibilidade nanceira por causa do dcimo terceiro salrio pode se tornar uma boa opo para desenvolver um destino.

    r Fatores Demogr$cos: a idade, o gnero, o estado civil e a compo-sio familiar so fatores que devem ser considerados para compor o produto turstico de forma a gerar maior atrao. A oferta de cru-zeiros martimos para solteiros pode no atrai o pblico da terceira idade, ou mesmo casais com lhos. Desta forma, o perl dos visi-tantes in#uencia no potencial de aceitao dos produtos oferecidos ou na visitao de uma localidade.

    r Fatores Sociais: o ato de viajar est ligado ao conceito de ascenso em termos de status e aceitao nos grupos sociais. Assim, a viagem em si, ou a visitao a algum destino especco pode contribuir para a melhoria do relacionamento com grupo de convvio.

    Considerando os fatores que in#uenciam a demanda, mencionados acima, podemos perceber que o deslocamento dos visitantes at o destino est di-retamente associado ao conceito de valor percebido dos produtos ofereci-dos. Por isso, o turista escolhe seu destino dependendo da disponibilidade nanceira, de tempo, ou do status que a viagem pode proporcionar.

    Esta relao de fatores que cria caractersticas peculiares para a demanda turstica, fazendo com que ela se torne instvel e se modique de forma constante. As caractersticas principais da demanda turstica, que determi-nam as alteraes no volume e na qualidade da demanda so (DIAS, 2005; MTur 2005):

    r Sazonalidade: a demanda no permanece estvel, ocorrendo varia-es de consumo ao longo do tempo. Essa caracterstica pode ser motivada pela disponibilidade de tempo (frias possibilitam mais tempo disponvel), por questes ambientais (as praias sero mais frequentadas durante o perodo de vero), ou por outros motivos nanceiros (o dcimo terceiro salrio aquece o mercado, incluindo o do turismo);

    r Elasticidade: a demanda sensvel a diversas variaes que ocor-rem no mercado e ambiente, tais como epidemias (o caso da gripe Nova In#uenza A H1/N1, para o Mxico e o caso da gripe aviria, para a sia), aumento da violncia, crises polticas (Amrica cen-

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    tral), guerras (Oriente Mdio) e at transporte (o caso do caos a-reo no Brasil). Estes fatores tambm in#uenciam o processo de escolha, pois o visitante precisa ter certeza de que a viagem lhe pro-porcionar momentos agradveis.

    r Concentrao Espacial: existe a tendncia a uma concentrao espacial da demanda (as pessoas vo para o mesmo lugar), moti-vada pela comunicao formal e informal feita por turistas que j visitaram o destino. Essa comunicao boca-a-boca (agora muito mais intensa com a utilizao do e-mail e outras ferramentas digitais como ambientes virtuais de bate-papo, redes de relacionamento e blogs) in#uencia diretamente na escolha dos locais a serem visita-dos, podendo tambm afastar os visitantes, no caso de relatos nega-tivos sobre o atendimento ou sobre os atrativos do destino;

    r Heterogeneidade das motivaes da Demanda: no existe mais um padro para as motivaes de visita a determinadas localidades. Quando o forte era o turismo de massa, o deslocamento era predo-minantemente feito para o descanso. Mas, atualmente, existe um conjunto de novas expectativas dos turistas que levaram diversi-cao dos motivos de viagem (melhoria da cultura, aventura, lazer, dentre outros que sero abordados no tpico de segmentao da demanda).

    O que podemos concluir que a demanda turstica est vinculada a diver-sos fatores, alguns relativos s preferncias e motivaes dos visitantes, e outros atrelados a aspectos relacionados ao macroambiente e ao mercado do qual o destino turstico faz parte.

    Para entender os movimentos realizados pela demanda, suas modica-es e nuances, o planejador da estratgia do turismo e os empresrios de uma localidade, regio ou cidade, devem entender o comportamento do mercado turstico, da oferta turstica de sua localidade e dos produ-tos oferecidos para os clientes. Esse entendimento servir para ajustar a oferta de produtos e servios, visando estar de acordo com a expectativa do turista. Assim, para compor uma estratgia competitiva, devemos entender como deve ser a relao entre oferta de produtos tursticos e a demanda existente.

    Existem quatro combinaes para relacionar os produtos com as deman-das, buscando um melhor desempenho do setor (PETROCCHI, 1998). Para exemplicar as descries destas combinaes, vamos realizar uma

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    proposio hipottica para aumento do turismo em uma localidade reco-nhecida pelos atrativos histricos e culturais.

    Um Estado pretende aumentar seu #uxo de turismo por meio de combi-naes de oferta e demanda, desta forma, essa localidade pode oferecer:

    r Um produto atual para um segmento de demanda atual: aumen-tando o consumo do produto atual e por meio de maior atuao dentro do mesmo segmento de demanda - (ex: aumentar o !uxo de turistas moradores do Estado em sua regio histrica);

    r Um produto atual para um novo segmento de demanda: atraindo visitantes que antes no viajavam para este destino - (ex: programas de atrao de moradores de outras regies e Estados do Pas para

    conhecer a regio histrica de seu estado);

    r Um produto novo para um segmento de demanda atual: conse-guindo atrair maior diversidade de visitantes de uma localidade que j emissora para sua regio - (ex: aumentar o turismo interno do Estado oferecendo produtos ligados ao turismo de aventura, evi-

    tando que estes turistas procurem a soluo para estas motivaes

    em outras localidades);

    r Um produto novo para um novo segmento de demanda: atraindo visitantes que antes no viajavam para este destino, com produtos que atendem motivaes que antes no eram oferecidas - (ex: pro-gramas de atrao de moradores de outras regies do Pas com

    produtos que atraiam turistas com motivaes diferentes da his-

    trica e cultural podendo sugerir, turismo de aventura, ecotu-

    rismo, ou outra atividade que no estava antes sendo oferecida).

    A relao da oferta turstica com a demanda existente pode acontecer de diferentes formas, dependendo do potencial existente na localidade, do n-vel de desenvolvimento dos produtos a serem oferecidos e das tendncias de consumo existentes.

    No existe uma regra para o melhor posicionamento da oferta

    turstica no mercado, mas sim a formatao de estratgias di-

    recionadas para per#s espec#cos de pblico, por meio da cria-

    o e desenvolvimento de produtos condizentes com as po-

    tencialidades da regio e com motivaes dos visitantes que

    se deseja atrair. Este , portanto, o objetivo da segmentao no

    turismo: direcionar a produo turstica, de acordo com a voca

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    o do destino, de forma competitiva, focando o segmento de

    demanda que tem maior potencial de consumo dessa produ-

    o. Isso possibilita maior e#ccia na oferta e maiores chances

    de sucesso.

    De modo geral, os produtos tursticos so direcionados para uma deman-da especca, e com isso acabam caracterizando segmentos ou tipos de turismo especcos. Dessa forma, as caractersticas da oferta que de-terminam a imagem e identidade do produto, e consequentemente, o per$l de turista que poder consumi-lo.

    Para entendermos os pers de visitantes e suas motivaes, bem como as caractersticas da oferta, abordaremos, no prximo tpico, o que seg-mentao turstica e como fazer esta segmentao, direcionando os pro-dutos para o pblico potencial.

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    6. Segmentao turstica

    Para o Ministrio do Turismo, a segmentao entendida como uma for-ma de organizar o turismo para ns de planejamento, gesto e mercado. Os segmentos tursticos podem ser estabelecidos a partir dos elemen-tos de identidade da oferta e tambm das caractersticas e variveis da demanda (MTur 2005, p. 2).

    Para aprofundarmos o conceito e aplicao das tcnicas de segmentao turstica, vamos antes entender o que signica segmento. Segmento, do ponto de vista da demanda, um grupo de clientes atuais e potenciais que compartilham as mesmas caractersticas, necessidades, comportamento de compra ou padres de consumo (LOVELOCK; WRIGHT, 2001).

    Vale lembrar que os pro#ssionais que atuam em turismo, ou

    mesmo em qualquer outra atividade econmica, no criam os

    segmentos, apenas identi#cam e decidem para quais segmen-

    tos os esforos de criao e oferta dos produtos sero direcio-

    nados. Este entendimento dos segmentos preferenciais possi-

    bilita melhor ordenao dos esforos para atrao e #delizao

    dos turistas.

    Uma vez identicado o segmento de demanda, cabe ao planejador da es-tratgia turstica ou ao empresrio, apresentar ofertas #exveis de produ-tos, pois nem todos os clientes tm exatamente as mesmas demandas e preferncias (KOTLER; KELLER, 2006). Nesse sentido, ser necessrio de-senvolver uma oferta segmentada, denindo tipos de turismo especcos.

    Esta oferta +exvel composta de duas partes: uma soluo

    bsica, que so os produtos e servios que so valorizados por

    todos os membros do segmento escolhido, e as opes, que

    so os produtos e servios valorizados por apenas alguns dos

    integrantes deste segmento.

    Vamos entender esta abordagem por meio de um exemplo. Imagine uma famlia que foi ao Rio Grande do Norte em busca de lazer e descanso. Fazem parte desta famlia, os avs, os pais e os lhos, que viajaram juntos para este destino. Como soluo bsica (que agrada a todos), pode ser oferecido um produto relacionado ao conhecimento das praias do Estado e banho de mar em locais de mar calmo e protegido. Porm, como opo

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    (que agradam apenas a alguns membros desta famlia), pode se oferecido passeio de bu$y e caminhada pelas dunas, considerados inadequados para indivduos com mobilidade reduzida.

    Percebam que a soluo bsica atrair todo o segmento denido como prioritrio, mas algumas opes sero direcionadas apenas para parte do segmento, acarretando nus na criao e oferta dos servios que no se-ro de interesse de todo o pblico visitante.

    Muitos estudos sobre perl de demanda recorrem, quase sempre, s vari-veis scio-demogrcas para denir o chamado retrato-rob do turista e recorrem s variveis de viagem, hospedagem, durao, tipo do produto comprado e gastos para explicar o comportamento desse turista (CHIAS, 2007). Estes estudos facilitam o entendimento do segmento, mas sempre como uma simplicao da realidade, representando o grupo de turistas pela mdia matemtica dos dados encontrados que, na verdade, no re-presentam a realidade de nenhum dos indivduos analisados.

    importante considerar que dicilmente todas as pessoas de um grupo tero exatamente o mesmo interesse e demanda para um determinado produto ou destino, podendo caracterizar um nicho de mercado. Nichos de mercado so subsegmentos dentro dos segmentos de demanda. O ni-cho de mercado um grupo de consumidores caracterizado por ter neces-sidades ou expectativas especcas, diferente das necessidades do resto do segmento. Por isso, devemos nos aprofundar na composio do pblico-alvo escolhido e em suas expectativas.

    O comportamento do consumidor vem mudando e, com isso, surgem novas motivaes de viagens e expectativas que precisam ser atendidas. O novo turista tende a ser uma pessoa mais interessada na convivncia com a comunidade, quer conhecer seus costumes, e est mais exigente, porque mais bem informado sobre as opes de produtos e servios existentes.

    Vrios benefcios podem ser obtidos a partir de uma atuao segmenta-da do mercado turstico (DIAS, 2005):

    r Facilita a identicao dos pblicos mais rentveis;

    r Percebe-se em quais segmentos a concorrncia tem menor atuao, podendo focar em mercados menos concorridos;

    r Denem-se mais claramente as necessidades j satisfeitas dos consu-midores, e as solues que devem ser criadas para as demandas ain-

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    da no satisfeitas, representando novas oportunidades de negcios;

    r Facilita a adaptao dos produtos s mudanas do mercado e das preferncias dos turistas;

    r Reduz o desperdcio de investimento, pois as aes passam a ser direcionadas e com objetivos especcos;

    r Melhora a comunicao do produto e do destino, pois a linguagem e a mensagem passam a ser direcionadas para um pblico com ca-ractersticas distintas.

    Percebam que realizar um planejamento para melhoria do turismo sem considerar os segmentos prioritrios pode acarretar baixo desempenho, aes com falta de direcionamento e desperdcio de recursos nanceiros.

    Com todas estas modicaes, devemos nos aprofundar nas variveis da demanda (do perl do turista) e da oferta (disponibilidade das localidades) para compreendermos como deve acontecer o processo de segmentao e a elaborao de um plano estratgico de turismo que seja competitivo em sua implantao.

    Considerando a importncia da segmentao para um bom desempenho turstico, vamos analisar separadamente os aspectos e variveis relativos segmentao da demanda (dos visitantes) e segmentao da oferta (pro-dutos e servios) nos tpico a seguir. Essa anlise ajudar a entender como compor os produtos de acordo com o perl de pblico que se deseja atingir.

    6.1 Segmentao da demanda

    Denir o perl dos turistas que j visitam ou que pretendem visitar uma localidade ajuda no planejamento da oferta e diversicao dos produtos e servios. Ajuda, tambm, a atender as expectativas dos visitantes e con-seguir que retornem, ou que quem com uma imagem positiva da experi-ncia que tiveram. Para isso, importante entender o comportamento de compra e as motivaes que zeram os visitantes irem at outra cidade, regio ou pas.

    Segmentar dividir a demanda em grupos diferentes nos quais todos os clientes compartilham caractersticas relevantes que os distinguem de clientes de outros segmentos (LOVELOCK; WRIGHT, 2001). A sociedade est constituda por um nmero substancial de pessoas com necessidades

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    bsicas j satisfeitas e que esto canalizando seu tempo, dinheiro e esfor-os para satisfazer outras necessidades e desejo, como o lazer, a viagem, o turismo (TRIGO, 2003).

    Os consumidores podem ser categorizados de acordo com vrias dimen-ses, como as questes geogrcas, demograa (os aspectos objetivos de uma populao, tais como idade e gnero), o uso que fazem do produto, e psicograa (caractersticas psicolgicas e de estilo de vida).

    A escolha do segmento vai ajudar na estruturao de produtos

    e elaborao de roteiros, pois a identidade dada a cada roteiro

    ser criada, levando em considerao o pblico ao qual se des-

    tina. Uma recomendao importante: escolha os segmentos

    e concentre neles sua gesto, evitando desperdcio de recur-

    sos ou falta de direcionamento das aes para desenvolver o

    potencial turstico de uma localidade.

    Formar um grupo de consumidores com caractersticas similares no sig-nica que todos tero as mesmas respostas (positivas ou negativas) sobre os produtos consumidos. Temos que considerar que as pessoas so dife-rentes e j passaram por outras experincias, e que estas in#uenciaro na percepo que cada um ter do produto.

    Existem vrios critrios para realizar a segmentao da demanda, no s turstica, mas para qualquer tipo de produto ou servio. Existem dois grupos de variveis que devem ser considerados: as caractersticas do grupo (geogrcas, demogrcas e psicogrcas) e as respostas que os indivduos apresentam em relao aos produtos ofertados (KOTLER; KELLER, 2006).

    A seguir, possvel observar um dos tipos de organizao das variveis que in#uenciam no comportamento da demanda:

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    Bases para a segmentao de mercado

    GeogrcaDemogrca e

    Socioeconmica

    Psicogrcas

    (de ordem

    psicolgica)

    Padres de

    Comportamento

    Padres de

    consumo e

    predisposio

    do consumidor

    t'SPOUFJSBTQPMUJDBTt$MJNBTt'SPOUFJSBTQPQVMBDJPOBJT

    t(OFSPt*EBEFt&TUBEP$JWJMt$PNQPTJPGBNJMJBSt$JDMPEFWJEBt0DVQBPt&EVDBPt3FOEB

    t&TUJMPEFWJEBt"UJWJEBEFTt$BSBDUFSTUJDBTEFQFSTPOBMJEBEFt1SFGFSODJBT

    t.PNFOUPEBTDPNQSBTJNQVMTPPVQSFGFSODJBQPSNBSDBTt/NFSPEFVOJEBEFTDPNQSBEBTt'SFRVODJBEFDPNQSBTt)CJUPTFNSFMBPNEJB

    t'SFRVODJBEFVTPoNVJUPVTPWFSTVTQPVDPt0DBTJPt'JEFMJEBEFNBSDBt1SPQSJFEBEFEFPVUSPTQSPEVUPTt$POIFDJNFOUPEPQSPEVUPt#FOFGDJPTCVTDBEPT

    Figura 1.6. Fonte: Adaptado de GOELDNER, 2002 apud MTur 2007.

    Vamos analisar estes fatores para um melhor entendimento de como rea-lizar a segmentao do seu pblico-alvo.

    6.1.1 A segmentao geogr%ca

    Segmentar o pblico geogracamente signica dividir a demanda em di-ferentes regies geogrcas emissoras, como cidades, estados ou pases. No signica que o foco deve ser voltado apenas para uma localidade, mas sim que em cada localidade os indivduos podem ter preferncias e demandas distintas e, portanto, oportunidades de negcios diferentes.

    Existem vrias abordagens para a segmentao geogrca, como o tama-nho da rea geogrca, a densidade populacional e o clima.

    Entender as pessoas que esto naquela regio ajuda a compor correta-mente a oferta. Numa situao hipottica, escolhemos o Chile como mer-cado para divulgar o Brasil. A populao do Chile concentrada na regio metropolitana de Santiago, portanto, uma divulgao em todo o Chile poderia gerar desperdcios e baixo retorno do investimento.

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    As praias do Chile no oferecem as mesmas caractersticas que as praias do nordeste, com guas quentes e clima quente em todo o ano. Assim, oferecer produtos relacionados a sol e praia para estes visitantes poderia ter grande potencial de atrao, pois estes atributos no so encontrados naquela regio.

    Porm, se oferecssemos produtos relacionados ao frio, com pacotes para o sul do Brasil, por exemplo, poderamos no ter o mesmo resultado, pois o frio dos Andes supera o frio brasileiro e a gastronomia relacionada (como queijos e vinhos) tambm pode ser facilmente encontrada l. As-sim, oferecer este tipo de produto para os turistas provenientes do Chile poderia ser um erro estratgico e um desperdcio de investimentos.

    Note que o conhecimento da rea geogrca escolhida direciona para a criao de produtos e servios adequados para gerar maior atrao para os moradores de uma localidade.

    Entender quais cidades ou regies tendem a enviar maior quantidade de visitantes, ajuda a direcionar os esforos e evitar desperdcios (LARA, 2001). Porm, deve-se entender que algumas localidades tm grande po-tencial de envio de turistas, mas a falta de aes promocionais para aquela localidade faz com que os moradores busquem outros destinos por no conhecerem ou no se sentirem atrados pela sua oferta de produtos.

    Assim, segmentar ajuda a entender quais destinos so grandes

    emissores de turistas para sua localidade, quais outras regies

    precisam de maiores investimentos, pois apresentam grande

    potencial de emisso de visitantes e gerao de novos neg-

    cios, e quais devem ser descartadas, ou colocadas em segunda

    prioridade em seu plano estratgico.

    6.1.2 A segmentao demogr%ca e socioeconmica

    Para segmentar um perl de demanda, no podemos apenas identicar qual o destino emissor, pois tambm necessrio analisar o perl dos consumidores de acordo com as caractersticas demogrcas. As caracte-rsticas demogrcas de um pblico esto relacionadas a fatores pessoais, sociais e socioeconmicos como idade, renda, faixa etria, dentre outros.

    O planejamento do turismo deve tentar atenuar os efeitos negativos que a concorrncia e a sazonalidade exercem sobre um destino e, portanto, co-nhecer o perl dos visitantes ajuda a executar melhor este planejamento (PETROCCHI, 1998).

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    Para denir o perl do pblico de uma regio, diversos fatores devem ser considerados. Alguns desses fatores abordaremos a seguir.

    6.1.2.1 Idade e ciclo de vida

    Os desejos dos consumidores mudam com a idade, e embora localizados na mesma rea geogrca, pessoas com idades distintas tero preferncias diferentes.

    O percentual da populao com idade acima de 50 anos est crescendo e, segundo o IBGE, esta faixa de idade representa 45% da populao com maior poder aquisitivo (renda acima de 10 salrios mnimos). Com isso, surgem novas oportunidades, incluindo viagens e turismo, com ofertas especcas para este perl de consumidor. Este segmento de pblico apre-senta maior poder de compra e maior disponibilidade de tempo, sendo um pblico potencial para o mercado de turismo, mas com demandas especcas que devem ser atendidas.

    O ciclo de vida tambm um fator que tem se mostrado importante no processo de segmentao da demanda. Percebe-se que as pessoas esto casando e tendo lhos mais tarde. Com isso, alguns produtos que eram direcionados para determinadas faixas etrias podem ter sua segmentao alongada em funo das modicaes sociais que esto acontecendo.

    Um exemplo disso pode ser a diferena entre oferta de pacotes tursticos para casais com lhos (que deve agregar solues para crianas, como par-ques, piscinas e recreaes diversas) e para casais sem lhos (com oferta de produtos que contemplem a vida noturna, bares e boates). Os fatores importantes para os dois grupos de pessoas tero diferenas no apenas pela idade (pois os dois casais podem ter a mesma faixa etria), mas de acordo com os ciclos de vida em diferentes fases.

    Esta modicao no perl da sociedade faz com que surjam novas opor-tunidades de negcios. Assim, o empresrio deve estar atento s novas de-mandas e especicidades deste padro de consumo, que busca conforto, segurana e novas experincias atravs do turismo.

    6.1.2.2 Gnero

    Mulheres e homens tm percepes distintas sobre os produtos oferecidos. Assim, embora a oferta do produto seja tecnicamente bem denida, a percep-o sobre os benefcios oferecidos pode ser diferente para homens e mulheres.

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    Esta segmentao dever in#uenciar fortemente na composio da hospe-dagem e transporte, assim como no momento da escolha da mdia e das mensagens que divulgaro o destino e seus produtos.

    Oferecer a visitao com hospedagem rstica, em amplo convvio com a natureza pode parecer atraente para ambos os sexos, mas a falta de seca-dor de cabelo, por exemplo, no quarto do hotel, in#uenciar basicamente a percepo do pblico feminino.

    6.1.2.3 Renda

    A segmentao por renda bastante utilizada em todos os segmentos de negcios, e entender qual o nvel de renda dos visitantes que se deseja atrair, torna-se fundamental para a criao e oferta dos produtos e servi-os de uma localidade.

    Este tipo de segmentao considera, normalmente, a renda bruta mensal familiar do grupo de indivduos, e classica os indivduos de acordo com a hierarquizao de suas receitas.

    Imagine que a oferta de pacotes de sol e praia, com hospedagem em pou-sadas de localizao medianas e baixo nvel de conforto e servios poder no atender o pblico da classe alta. Mas este produto pode ser adequado para famlias de classe mdia, com trs lhos e que esto viajando para conhecer o nordeste pela primeira vez.

    Entender a renda dos clientes, relacionando-a com a idade e o ciclo de vida dos indivduos e comparando com os diferentes padres ocorridos nas diferentes localidades emissoras (segmentao geogrca), ajuda a denir quais segmentos de demanda tero maior propenso a consumir os pro-dutos disponveis e ofertados por sua localidade.

    6.1.2.4 Formao e nvel educacional

    Os apelos das localidades e de seus produtos sero percebidos diferen-temente por pessoas com nvel de formao diferente. Entender o nvel educacional, ou mesmo a prosso exercida por seu pblico tambm importante para a criao e oferta de seus produtos.

    Algumas regies ou cidades podem possuir um apelo histrico ou cultural muito forte, atraindo um pblico com maior interesse em leitura, arte e his-tria, normalmente, formado por indivduos com maior nvel de educao.

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    O Brasil oferece produtos diversos, em diferentes localidades, que podem atrair diferentes pblicos. Vejamos o exemplo de Minas Gerais, com gran-de apelo nas cidades histricas. Esta localidade tem maior poder de atra-o para indivduos com maior nvel de formao e interesse por cultura.

    6.1.3 A segmentao psicogr%ca

    A anlise psicogr$ca de um segmento de um pblico considera fato-res como estilo de vida, personalidade e valores das pessoas. Percebam que as anlises geogrcas, demogrcas e socioeconmicas so relacio-nadas aos moradores como parte de um grupo ou rea, mas no os consi-dera como indivduo com preferncias prprias e distintas do restante da populao.

    Por isso, a segmentao psicogrca tenta entender como se comportam e convivem as pessoas na rea geogrca escolhida. Nem todas as pessoas moradoras do estado de So Paulo, por exemplo, com o mesmo nvel de renda familiar, tero o mesmo estilo de vida, preferncias e interesses.

    Diferentes religies indicam diferentes comportamentos, assim como as pessoas da zona rural tm estilo de vida distinto do modo urbano, e os interesses dos moradores da capital paulista no sero os mesmos dos mo-radores de cidades menores do interior paulista.

    Os turistas podem possuir mesmo nvel de renda ou mesmo destino de origem, mas alguns buscaro luxo, outros as novas experincias de vida e outros a aventura. Devemos entender a motivao que incentiva o turista a consumir um produto turstico ou a viajar para determinada localidade se quisermos satisfazer as demandas dos visitantes.

    Uma classicao utilizada para entender o perl dos turistas considera a existncia de dois tipos bsicos de turistas: aqueles com perl aventu-reiro (alocntricos) e aqueles com perl dependente (psicocntricos), se considerarmos a forma como escolhem os destinos de suas viagens (PLOG, 2001). Os dependentes so mais conservadores em relao es-colha do destino, procurando localidades mais populares. Alm disso, controlam mais os gastos, e preferem estar na companhia da famlia e de amigos. J os aventureiros so curiosos e buscam sempre novos lugares para conhecer, tomam as decises com maior facilidade e esto dispostos a gastar um pouco mais. Gostam tambm de atividades variadas e no se incomodam em estar, ou em viajar, sozinhos.

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    Estes dois tipos de classicao no devem ser considerados como as nicas formas de classicar os turistas. normal que os viajantes possuam caracte-rsticas de ambas as abordagens, situando-se no como aventureiro ou como dependente, mas em uma posio entre as duas classicaes. Alm disso, devemos considerar as tendncias de consumo e mudanas nos padres de escolha ao longo do tempo. Assim, podemos entender, por exemplo, que o mesmo turista poder ter um perl mais aventureiro na fase de vida mais jo-vem e migrar para um perl mais dependente em outra fase de sua vida, po-dendo acontecer pela preocupao com lhos ou outros fatores familiares.

    6.1.4 A segmentao comportamental

    Mais do que identicar o grupo ou segmento que um indivduo faz parte, entender quais os comportamentos que as pessoas tm em relao aos produtos consumidos ajuda a compor a oferta de produtos e servios.

    Nem todas as pessoas de uma mesma faixa de idade, renda ou lugar de moradia tero as mesmas reaes ou motivaes em relao a um produ-to ou localidade.

    Assim, entender os fatores de comportamento de um grupo de pessoas ou de um indivduo fator relevante no processo de segmentao do merca-do. Vamos ento entender estes fatores comportamentais.

    Ocasies

    Deve-se entender em quais situaes o indivduo ou grupo sente necessi-dade de consumo de determinado produto. Assim, uma passagem area pode ser comprada para realizao de negcios ou visitar parentes, dentre inmeras opes.

    Este entendimento importante, pois a forma de compor o produto de-pende desta percepo da motivao do consumidor. Um indivduo pode viajar de avio sempre para fazer negcios, mas para os momentos de la-zer, prefere fazer viagens de carro para passar mais tempo perto da famlia.

    Desta forma, no se deve julgar o padro de consumo apenas pelas estats-ticas do grupo ou de indivduos, mas sim por cada ocasio ou situao de consumo de determinado produto.

    Benefcios

    Diferentes benefcios buscados pelos turistas sero solucionados por meio de diferentes ofertas. O consumo de um posto de gasolina pode aumentar

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    porque seus banheiros so limpos e sua loja de convenincia tem bom atendimento. Assim, o benefcio principal da compra no posto no foi o combustvel, mas sim a unio dos benefcios encontrados naquele lugar.

    Neste ambiente, a gasolina pode at ser mais cara, mas a percepo de va-lor ser diferente para o cliente que busca outras solues alm do simples abastecimento do carro.

    Status do usurio

    A segmentao no deve considerar apenas quem visitante assduo, mas tambm quem j visitou e quem um cliente potencial para os produtos oferecidos. Para cada um destes, ser necessria uma estratgia diferente.

    Imagine que voc precisa montar uma estratgia para atrair visitantes que tiveram experincias negativas em uma localidade, como atendimento ruim ou foram assaltadas. Esta estratgia no dever ser igual a que ser utilizada para atrair potenciais visitantes, que tm perl para consumo dos produtos, mas que nunca foram ao destino.

    6.1.5 Padres de consumo

    Podemos segmentar os indivduos de acordo com o ndice de utilizao do produto dentro do mercado como Light-users (usurios que consomem pouco), Medium-users (usurios de consumo mediano) ou Heavy-users (usurios de alto consumo).

    Esta segmentao facilmente notada no mercado turstico, quando per-cebemos que alguns so viajantes compulsivos, e o fazem de forma fre-quente e para diferentes destinos. J outras pessoas viajam com menos frequncia, mas ainda o fazem com regularidades e outro grupo opta por viajar apenas em ocasies especiais.

    Esta segmentao pode tambm ser relacionada com as motivaes de viagem ou com o perl do turista. Alguns podem ter alto consumo de viagens em fun-o da atividade prossional que exercem, sendo ento heavy-users com foco em turismo de negcios, porm light-users para o turismo de lazer. Outros podem ser medium-users, viajando com frequncia mediana, em funo da baixa dispo-nibilidade nanceira, mas sempre com foco em turismo de lazer.

    Assim, entender a diferenciao da demanda fundamental para a com-posio dos produtos de uma localidade, direcionando-os para diferentes segmentos, movidos por diferentes apelos.

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    importante #car claro para quem estiver de#nindo ou ana-

    lisando um segmento para atuao, que a segmentao da

    demanda no pode ser feita s com a anlise de um dos fato-

    res de segmentao (geogr#ca, demogr#ca, psicogr#ca ou

    comportamental). A segmentao deve considerar as diversas

    combinaes possveis entre estes fatores, para encontrar o

    pblico-alvo de maior potencial de consumo ou de maior ren-

    tabilidade para o destino e para os produtos oferecidos em sua

    localidade.

    6.1.6 Roteiro sugestivo para de%nio do segmento de demanda

    Agora que entendemos quais os fatores que devemos considerar para seg-mentar a demanda, apresentamos algumas perguntas orientadoras para denio do pblico-alvo:

    1. De onde vm os turistas que hoje visitam minha regio (pblico atual)?

    2. De que outras regies eu desejo atrair turistas (pblico potencial)?

    3. De que outras regies eu teria capacidade de atrair turistas?

    4. Como posso atingir esses novos turistas?

    5. Qual o clima da regio de origem dos turistas (atual e potencial)?

    6. O meu pblico composto mais de homens ou mulheres?

    7. O meu pblico mais solteiro, casais ou famlias?

    8. Qual a idade mdia dos turistas que desejo atrair?

    9. Qual a renda mdia dos turistas que desejo atrair?

    10. Qual o nvel de educao dos turistas?

    11. Quais as motivaes de viagem dos turistas atuais e potenciais (des-canso, conhecimento, praia, cultura, preo, interao entre a fam-lia)?

    12. Eles esto dispostos a testar novos produtos ou querem algo j de-nido?

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    13. Eles viajam com frequncia ou apenas de forma espordica?

    14. Que outras regies eles j visitaram e podem comparar com o meu destino?

    15. Que tipo de experincia (tipos de turismo) que este perl de turista est interessado?

    Estas perguntas servem como base para o entendimento do perl de turis-ta atual e potencial para a localidade. Cada segmento de consumidor pode buscar diferentes tipos de turismo, dependendo da idade, da renda ou da motivao de viagem.

    importante que as respostas s perguntas estejam tambm condizen-tes com a capacidade de atendimento da localidade e/ou empresa. Pouco adiantaria a denio, por exemplo, de captar turistas de um determinado pas do qual no existem vos regulares e disponveis ao cliente para che-gar sua localidade.

    Vamos entender quais os tipos de turismo podem ser oferecidos, de acor-do com a vocao de cada regio.

    6.2 Segmentao da oferta

    Como vimos no tpico anterior, diferentes pers de turistas podem ter expectativas diferentes e motivaes diversas para a realizao de suas via-gens. Assim, faz-se necessrio entender a demanda dos turistas para que possam ser oferecidos produtos que atendam s expectativas deste pblico.

    Com isso, percebemos que necessrio segmentar, tambm, a oferta, com vistas a suprir as demandas dos visitantes com produtos especcos para cada necessidade ou desejo.

    A segmentao com base na oferta dene o tipo de turismo que ser ofe-recido ao visitante. A denio desses tipos de turismo realizada a partir da existncia de certas caractersticas comuns em um territrio, tais como (MTur 2005, p. 2):

    r Aspectos e caractersticas comuns (geogrcas, histricas, arqui-tetnicas, urbansticas, sociais);

    r Atividades, prticas e tradies comuns (esportivas, agropecu-rias, de pesca, manifestaes culturais, manifestaes de f);

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    r Servios e infraestrutura comuns (servios pblicos, equipamen-tos hoteleiros e de lazer).

    Os produtos e roteiros tursticos, de modo geral, so denidos com base na oferta (e em sua relao com a demanda), de modo a caracterizar segmentos ou tipos de turismo especcos de cada regio, cidade ou localidade.

    Assim, as caractersticas dos segmentos da oferta que determinam a ima-gem do roteiro, ou seja, a sua identidade, e embasam a estruturao de produtos, sempre em funo da demanda (MTur, 2007)18 .

    Esta identidade, no entanto, no signica que uma localidade s pode atre-lar sua imagem e oferecer atividades relacionadas a apenas um segmento.

    Todos os fatores da oferta turstica devem ser aproveitados para os diver-sos segmentos de oferta, relacionando-os com o potencial de demanda existente para cada um deles.

    Ao adotar a segmentao como estratgia, o planejador dever entender e organizar os segmentos da oferta, visando atingir a incessante e dinmica busca de novas experincias dos turistas atuais.

    necessrio entender quais os segmentos de oferta podem

    ser trabalhados em uma localidade, considerando a vocao e

    potencialidades do destino para determinado tipo de ativida-

    de/turismo que pode ser vivenciado.

    Assim, com o intuito de promover o entendimento e orientar o setor quanto a algumas terminologias, abordagens e delimitaes da segmen-tao turstica, o Ministrio do Turismo (2006) deniu alguns segmentos tursticos prioritrios para desenvolvimento no Brasil. Existem, porm, diversos outros segmentos de oferta que podem existir, e abordaremos alguns deles para aprofundar neste curso.

    Esses segmentos esto, a seguir, descritos e exemplicados de forma sint-tica de acordo com os Cadernos de Orientao Bsica (Ministrio do Tu-rismo, 2008). O detalhamento sobre cada segmento ser objeto de estudo no Mdulo II deste curso, para um melhor entendimento do processo de segmentao do turismo no Brasil.

    18 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 8, Braslia, 2007.

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    6.2.1 Ecoturismo

    Ecoturismo um segmento da atividade turstica que utiliza,

    de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva

    sua conservao e busca a formao de uma conscincia am-

    bientalista atravs da interpretao do ambiente, promovendo

    o bem-estar das populaes.

    Segundo a OMT (1995), o Ecoturismo visa promover a harmonia dos se-res humanos entre si e com a natureza. Utilizar o patrimnio natural e cultural de forma sustentvel representa a promoo de um turismo eco-logicamente suportvel em longo prazo, economicamente vivel, assim como tica e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exige integrao ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando a fragilidade que caracteriza muitas destinaes tursticas.

    Esta conscientizao ambiental implcita no ecoturismo no deve ser ape-nas do turista, mas de todo o trade turstico, por meio do perfeito enten-dimento dos valores do desenvolvimento sustentvel (Vaz, 2001).

    Assim, o ecoturismo o segmento no qual a principal motivao do turis-ta a interao com a natureza. Dentre as atividades do turismo ecolgi-co, podemos citar a observao (da fauna, #ora e formaes geolgicas e outros), caminhadas, mergulhos e safris geogrcos.

    O ecoturismo pode ser combinado com outros segmentos para diversi-cao do pblico. Enquanto a visitao a reservas pode atrair prioritaria-mente famlias com lhos, grupo de jovens e estudantes, a realizao de congressos ou cursos (turismo de eventos) relacionados ao tema do meio ambiente, pode atrair tambm estudiosos para uma localidade com este mesmo apelo. Note que existem diferentes segmentos de demanda (fa-mlias com $lhos, estudantes e estudiosos ou cientistas) atrados por um segmento de oferta.

    6.2.2 Turismo Cultural

    O MTur (2008) de#ne Turismo Cultural como as atividades

    tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos

    signi#cativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos

    culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e ima-

    teriais da cultura.

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    A denio de turismo cultural est relacionada motivao do turista, especicamente, em vivenciar o patrimnio histrico e cultural e eventos culturais, preservando a integridade desses bens.

    O que caracteriza este segmento, segundo Vaz (2001), a inteno de apreciar e vivenciar obras de arte, arquitetura, e manifestaes culturais seja pelo apelo esttico ou pelo apelo histrico do atrativo.

    Esta vivncia implica duas formas de relao do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a busca em aprender e entender o objeto da visita-o e as experincias participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em funo da visitao.

    Para o MTur (2008), os deslocamentos para ns religiosos, msticos, eso-tricos, de visitao a determinados grupos tnicos (nos quais o atrativo principal a identidade e modo de vida de cada um), e atrativos cvicos so entendidos como recortes do Turismo Cultural e podem constituir outros segmentos para ns especcos, desde que preservados os princpios da tipicidade e identidade.

    Dentre os recortes do turismo cultural podem ser citados: o turismo cvi-co, religioso, mstico, esotrico e tnico.

    6.2.3 Turismo de Estudos e Intercmbio

    Atualmente, as viagens de estudos e intercmbio ocorrem em praticamen-te todos os pases, principalmente, por acontecer independentemente de caractersticas geogrcas e climticas especcas, podendo ser oferecidas durante todo o ano.

    Segundo levantamentos do MTur (2008, p. 15), existem no Brasil mais de 150 instituies pblicas e privadas que trabalham com esse tipo de turis-mo, tanto na recepo como no envio de turistas de estudos e intercm-bio - agncias de intercmbio, escolas de idiomas, instituies de ensino mdio e superior.

    De#ne-se Turismo de Estudos e Intercmbio como a movimen-

    tao turstica gerada por atividades e programas de aprendi-

    zagem e vivncias para #ns de quali#cao, ampliao de co-

    nhecimento e de desenvolvimento pessoal e pro#ssional.

    Este tipo de turismo pode ter apelos educacionais, para formao aca-dmica do indivduo (voltado fortemente para jovens) e apelo tcnico-

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    cientco, voltados para prossionais j estabelecidos e que buscam aper-feioamento (VAZ, 2001).

    Note que mesmo dentro de um segmento de oferta, podemos ter mais de um perl de segmento de demanda relacionado com idades, ciclo de vida e moradores de regies geogrcas distintas.

    Podem-se constituir atividades desse tipo de turismo: os intercmbios estudantil, esportivo e universitrio; a operacionalizao de acordos de cooperao entre pases, estados e municpios na rea educacional e entre instituies pedaggicas; os cursos de idiomas, cursos tcnicos, prossio-nalizantes e cursos de artes; e as visitas tcnicas, pesquisas cientcas e os estgios prossionalizantes, alm dos trabalhos voluntrios com carter pedaggico.

    6.2.4 Turismo Nutico

    O Brasil possui um amplo e belo litoral, vias internas navegveis, reser-vatrios de gua doce, como hidroeltricas, lagos e lagoas, alm do clima ameno, que devem ser aproveitados para a prtica deste tipo de turismo.

    Para o MTur (2008), o Turismo Nutico caracteriza-se pela utili-

    zao de embarcaes nuticas como #nalidade da movimen-

    tao turstica, podendo ser +uvial, em represas, lacustre ou

    martima. Pode, tambm, envolver atividades como cruzeiros

    e passeios, excurses e viagens em quaisquer tipos de embar-

    caes nuticas para #ns tursticos.

    6.2.5 Turismo de Aventura

    Primeiramente entendido como uma atividade associada ao Ecoturismo, o segmento do Turismo de Aventura, atualmente, possui caractersticas e consistncia mercadolgica prpria e, seu crescimento, no Brasil, vem adquirindo um novo enfoque de ofertas e possibilidades.

    Nesse contexto, o Turismo de Aventura compreende os mo-

    vimentos tursticos decorrentes da prtica de atividades de

    aventura de carter recreativo e no competitivo.

    Consideram-se atividades de aventura as experincias fsicas e sensoriais recreativas que envolvem desaos, riscos avaliados, controlveis e assumi-dos que podem proporcionar sensaes diversas como liberdade, prazer

  • 84

    ou superao. Estas atividades podem ocorrer em qualquer espao natu-ral, construdo, rural, urbano, estabelecido como rea protegida ou no.

    As atividades do turismo de aventura tm uma forte relao com outros segmentos como turismo esportivo ou ecoturismo, pelo carter das ativi-dades realizadas, mas se diferenciam dos outros pelas condies de risco implcitas nas atividades do turismo de aventura (VAZ, 2001).

    Assim, atividades como trekking, rapel, escalada, canoagem, mergulho, vo livre dentre outros, contanto que realizados de forma no competiti-va, sero caracterizados como turismo de aventura.

    6.2.6 Turismo de Sol e Praia

    As praias representam um dos principais atrativos tursticos na atualidade, especialmente, nos pases tropicais. O Brasil tem grande potencial para ofer-tar este tipo de turismo, tanto para turistas nacionais como internacionais.

    Considera-se que o segmento denominado como Turismo de

    Sol e Praia constitui-se das atividades tursticas relacionadas

    recreao, entretenimento ou descanso em praias, em funo

    da presena conjunta de gua, sol e calor. Para o turismo de Sol

    e Praia, a recreao, o entretenimento e o descanso esto re-

    lacionados ao divertimento, distrao ou ao usufruto e con-

    templao do ambiente de praia.

    Para melhor entendimento desse segmento turstico, dene-se como praia, a rea situada ao longo de um corpo de gua, constituda comu-mente de areia, lama ou diferentes tipos de pedras. Por isso, as praias po-dem ser:

    r Praias martimas: margem ao longo do mar;

    r Praias 1uviais e lacustres: margens de rios, lagoas e outros corpos de gua doce;

    r Praias arti$ciais: construes similares s praias naturais beira de lagos, represas e outros corpos de gua.

    As atividades oferecidas nesse segmento so das mais diversas, sendo tambm comuns a outros segmentos, tais como atividades nuticas (pas-seios de escuna e jet ski, por exemplo), atividades de aventura (mergulho e windsurf), atividades de esporte (surf e golfe). Tambm muito comum

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    o segmento de sol e praia estar agregado a atividades de outros segmentos que no envolvem, necessariamente, a gua, tais como: city tour cultural, compras e eventos.

    6.2.7 Turismo de Pesca

    O segmento denominado Turismo de Pesca compreende as

    atividades tursticas decorrentes da prtica da pesca amadora,

    praticada por brasileiros ou estrangeiros, com a #nalidade de

    lazer, turismo ou desporto, sem #nalidade comercial.

    J grande o nmero de pessoas que praticam o pesque-e-solte por prazer ou postura conservacionista, devolvendo os peixes capturados ao ambiente.

    Existem vrias formas de pesca amadora:

    r Desembarcada: sem o auxlio de embarcaes;

    r Embarcada: com auxlio de embarcaes;

    r Subaqutica: com ou sem o auxilio de embarcaes, utilizando ins-trumentos prprios;

    E existem vrias modalidades de pesca:

    r De barranco;

    r De arremesso;

    r De corrico;

    r De rodada;

    r Com mosca.

    O Turismo de Pesca vem se destacando como opo de desenvolvimento para determinadas regies, especialmente, pela capacidade de promover a conservao dos recursos naturais nos destinos tursticos.

    6.2.8 Turismo de Negcios e Eventos

    Turismo de Negcios e Eventos compreende o conjunto de

    atividades tursticas decorrentes dos encontros de interesse

    pro#ssional, associativo, institucional, de carter comercial,

    promocional, tcnico, cient#co e social.

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    A denio de Vaz (2001) corrobora esta percepo ao armar que o turis-mo de negcios constitudo de empresrios e executivos que viajam com intuito de prospeco ou realizao de negcios especcos.

    Tal movimentao de negcios inclui atividades como visitas tcnicas, reunies, exposies comerciais, compra e venda de produtos e servios, e outros. A participao em eventos pode acontecer atravs de congressos, convenes, simpsios, lanamentos, mostras, exposies e feiras. Essas atividades sero detalhadas no Mdulo II deste Curso.

    O Turismo de Negcios e Eventos possui algumas caractersticas que o destaca, como:

    r Oportunidade de equacionamento de perodos sazonais, propor-cionando equilbrio na relao entre oferta e demanda durante o ano, pois independe de condies climticas e perodos de frias escolares;

    r Caracteriza-se como de alta rentabilidade, uma vez que o turista de negcios e eventos possui maior gasto mdio que o turista de lazer e possivelmente, retorna mais vezes e com maior tempo de perma-nncia no destino;

    r Os eventos e atividades de negcio funcionam como ferramenta de marketing para o destino, expondo-o signicativamente na mdia e estimulando que o turista volte para ns de lazer e divulgue-o a outras pessoas;

    r As atividades de outros segmentos tursticos so incrementadas com as visitas realizadas por esses turistas em seus horrios livres, em perodos pr ou ps-eventos, e em retornos futuros com fami-liares e amigos;

    r Possibilidade de interiorizao da atividade turstica, pois podem ser realizados em cidades menores, desde que apresentem as condies e estruturas necessrias para a realizao de eventos, reunies e vi-sitas de negcio.

    Assim, o turismo de negcios se mostra menos suscetvel as condies de concentrao, sazonalidade, elasticidade e heterogeneidade da demanda, constituindo uma opo para movimentao turstica nos perodos de bai-xa visitao.

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    6.2.9 Turismo Rural

    A conceituao de Turismo Rural fundamenta-se em aspectos que se re-ferem ao turismo, ao territrio, base econmica, aos recursos naturais e culturais, sociedade, e ao campo afetivo.

    Turismo Rural o conjunto de atividades tursticas desenvol-

    vidas no meio rural, comprometido com a produo agrope-

    curia, agregando valor a produtos e servios, resgatando e

    promovendo o patrimnio cultural e natural da comunidade.

    O turismo rural se baseia em algumas premissas que determinam sua ca-racterizao:

    r Territrio: prticas agrcolas, produo de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e o modo de vida, a lgica familiar e a cultura comunitria;

    r Comprometimento com a produo agropecuria: ser represen-tado pelas prticas sociais e de trabalho, pelo ambiente, pelos cos-tumes e tradies, pelos aspectos arquitetnicos, pelo artesanato, pelo modo de vida relacionados com a atividade econmica ou pro-dutiva rural;

    r Agregao de valor a produtos e servios: beneciamento de pro-dutos in natura, transformando-os para que possam ser oferecidos ao turista (produo associada);

    r Resgate e promoo do patrimnio cultural e natural: manifesta-es e prticas regionais (como o folclore, os trabalhos manuais, os causos, a gastronomia), e primar pela conservao do ambiente natural.

    As atividades oferecidas no segmento de turismo rural so tanto as volta-das s atividades agropecurias, como tambm s atividades esportivas e de lazer (equestre, de pesca, aventura, esporte), s ecotursticas, s peda-ggicas, culturais e recreativas.

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    7. A segmentao e a sustentabilidade

    do turismo

    A oferta de produtos tursticos atrai novos visitantes e gera crescimento econmico. Porm, esse crescimento no garantia de qualidade de vida para os moradores e nem sempre tem resultados positivos para uma re-gio, uma vez que pode produzir graves impactos nas localidades ou nos destinos.

    Por isso, durante a composio e oferta dos produtos deve-se pensar nos impactos positivos e negativos que este desenvolvimento pode causar. Va-mos, ento, entender os conceitos de sustentabilidade e como relacion-lo com o desenvolvimento turstico de uma regio.

    A incluso do termo sustentvel ao conceito de desenvolvimento sur-ge da preocupao com o impacto das decises atuais na qualidade de vida das prximas geraes.

    Assim, no se pensa mais em desenvolvimento a qualquer custo. Deve-se sempre analisar os impactos positivos e negativos que o desenvolvimento causar para os moradores de uma localidade, sua economia, seu meio ambiente e suas relaes de convivncia.

    O turismo considerado uma atividade com enorme importncia no de-senvolvimento socioeconmico de uma regio e com grande poder de distribuio de renda (IGNARRA, 1999). Mas o turismo tambm pode ter efeitos negativos para uma comunidade, por meio de um crescimento desordenado.

    Considerando a importncia do turismo para o desenvolvimento econ-mico e os impactos (positivos e negativos) na comunidade, os produtos tursticos vm sendo demandados por consumidores que exigem prticas sustentveis na sua composio. Assim, a produo turstica deve ser pen-sada e criada de forma a incorporar tais prticas, prevendo harmonia com o meio ambiente e as culturas locais, garantindo que a regio turstica seja beneciria do processo de desenvolvimento e no apenas espectadora deste processo.

    Os princpios do desenvolvimento sustentvel so19 (MTur 2008, p. 20):

    19 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Contedo Fundamental Turismo e Sustentabilidade. Braslia, 2007.

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    r A sustentabilidade ambiental: Assegura a compatibilidade do de-senvolvimento com a manuteno dos processos ecolgicos essen-ciais diversidade dos recursos.

    r Sustentabilidade sociocultural: Assegura que o desenvolvimento aumente o controle das pessoas sobre suas vidas, preserve a cultura e os valores morais da populao e fortalea a identidade da comu-nidade. Tem por objetivo construir uma civilizao mais igualitria, ou seja, com mais equidade na distribuio de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padres de vida dos ricos e dos pobres.

    r Sustentabilidade econmica: Assegura que o desenvolvimento seja economicamente ecaz, garanta a equidade na distribuio dos benefcios advindos desse desenvolvimento e gere recursos que pos-sam suportar as necessidades das geraes futuras.

    r Sustentabilidade poltico-institucional: Assegura a solidez e a continuidade das parcerias e dos compromissos estabelecidos entre os diversos agentes e agncias governamentais dos trs nveis de go-verno e nas trs esferas de poder, alm daqueles atores situados no mbito da sociedade civil.

    Ao segmentar a oferta (denindo os tipos de turismo que podem ser ofe-recidos por uma localidade ou regio) importante entender quais tipos de turismo podem ser desenvolvidos de forma sustentvel em determi-nada localidade e quais causariam prejuzos quela comunidade e meio-ambiente.

    At os anos 60, os administradores do turismo objetivavam ampliar a demanda, tendo suas atenes voltadas para o aumento do nmero de visitantes. Mas, a partir de ento, notou-se que o turismo dependia dire-tamente da preservao do ambiente onde ocorre o consumo do produto turstico.

    Para a Organizao Mundial do Turismo (1999), o turismo sus-

    tentvel pode ser de#nido como a atividade que satisfaz as

    necessidades dos turistas e as necessidades socioeconmicas

    das regies receptoras, enquanto a integridade cultural, a inte-

    gridade dos ambientes naturais e a diversidade biolgica so

    mantidas para o futuro.

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    Deve car claro que o desenvolvimento do turismo tem como principal nalidade garantir qualidade de vida para os moradores. Nem sempre este desenvolvimento oferece resultados positivos. Se no houver planejamen-to para que o turismo acontea de forma sustentvel, alguns sintomas ne-gativos podem aparecer (IGNARRA, 1999):

    r Degradao do meio fsico e ambiental;

    r Aumento do ndice de criminalidade e prostituio;

    r Aumento dos preos dos produtos e das moradias;

    r Con#itos com a comunidade;

    r Desarticulao da estrutura familiar;

    r R