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Secretaria Nacional de Renda de Cidadania Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome RED DE POBREZA Y PROTECCIÓN SOCIAL Buenos Aires - Novembro 2006 Experiências em focalização de Programas de TCR: o caso do Programa Bolsa Família

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Secretaria Nacional de Renda de Cidadania

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

RED DE POBREZA Y PROTECCIÓN SOCIAL

Buenos Aires - Novembro 2006

Experiências em focalização de Programas de TCR: o caso do

Programa Bolsa Família

Brasil: Breve Panorama

População: 184 milhões

Área: 8,5 milhões km²

País federado, com 27 estados e 5.564 municípios

População pobre: 11,1 milhões de famílias (21,% da população)

População extremamente pobre: 4,2 milhões de famílias (8,2% da população)

Coeficiente de Gini em 2005 = 0,566

Alívio imediato da pobreza (renda)Ruptura do ciclo intergeracional da pobreza (condicionalidades)

Desenvolvimento das famílias (ações complementares)

Programa Bolsa Família

Transferência de renda

• focalizado• condicionado• de livre utilização

Critérios de elegibilidade

Situação da família

Renda mensal per

capita

Ocorrência de crianças /

adolescentes, gestantes e nutriz

Quantidade e tipo de benefícios

Valor do benefício(em R$)

PobrezaDe R$ 60,01 a

R$ 120,00

(US$ 27,00 a US$ 54,00)

1 membro (1) Variável 15,00(us$ 7,00)

2 membros (2) Variável 30,00(us$ 14,00)

3 ou + membros (3) Variável 45,00(us$ 21,00)

Extrema Pobreza

Até R$ 60,00

(US$ 27,00)

Sem ocorrência Básico 50,00(us$ 22,00)

1 membro Básico + (1) Variável 65,00(us$ 29,00)

2 membros Básico + (2) Variável 80,00(us$ 36,00)

3 ou + membros Básico + (3) Variável 95,00(us$ 43,00)

w w w . m d s . g o v . b r

Cobertura do Programa Bolsa FamíliaNovembro de 2003 Setembro de 2006

3,6 milhões de benefícios pagos em novembro de 2003

Estimativa de Famílias Pobres em 2003 – 11,2 milhões

11,1 milhões de benefícios pagos em julho de 2006

Estimativa de Famílias Pobres em 2006 – 11,1 milhões

Até 25%Mais de 25% Até 50%Mais de 50% Até 75%Mais de 75%

Fonte: MDS/IBGE/IPEA

Focalização: capacidade para

• Selecionar: definir quem tem e quem não tem direito ao Bolsa Família

• Incluir: busca ativa das famílias mais excluídas

• Identificar atributos que permitam direcionamento de políticas que desenvolvam capacidades das famílias

• Identificar, dentre os mais beneficiários, os mais vulneráveis que devem ser priorizados pelos serviços e políticas de acompanhamento familiar

Principais Desafios• Escala e meta governamental de “tempo” para implementação do Bolsa Família

• Construir capacidade para dizer quem tem e quem não tem direito ao Bolsa Família de forma clara e fácil de ser entendida e implementada

• Visibilidade do Programa e cobrança de “erro zero” de focalização pela sociedade

• Desigualdade e diversidade regional do País

• Forte demanda por coordenação inter e intragovernamental

• Instabilidade da situação de vida das famílias mais pobres e dificuldade para identificação dos “limites” entre os pobres, os extremamente pobres e os não pobres

• Fragilidade e mutabilidade das informações que caracterizam a situação de pobreza

• Encontrar e incluir os “invisíveis”, os sem documentos

Principais Desafios• Demanda por estratégias diferenciadas para setores mais vulneráveis numa

política com o tamanho e complexidade do PBF

• Necessidade de transversalidade e de incorporação de “olhar” focalizado em políticas de caráter universal: saúde e educação

• Construir instrumentos que permitam identificar as famílias mais vulneráveis dentre as atendidas

• Integrar programas anteriores com desenhos muito diferenciados

• Construção de padrões para identificação de pessoas e famílias em todo o país

• Processos contínuos de aperfeiçoamento

• Construção de estimativa nacional de famílias pobres: 11,1 milhões

• Construção de estimativa de famílias pobres para cada município brasileiro

• Pré seleção e cadastramento das famílias pobres no Cadastro Único (linhas diferentes de pobreza para PBF e CadÚnico)

• Controle de qualidade dos cadastros pelo MDS (validação)

• Estratégias diferenciadas para cadastramento de populações tradicionais e específicas

• As famílias selecionadas pelo MDS segundo a renda per capita, considerando como referência a estimativa de famílias pobres

• Acompanhamento das famílias beneficiárias e indução de processos permanentes de aperfeiçoamento e de identificação dos mais excluídos

• Controle externo: pela sociedade e por órgãos de controle

• Auditorias de rotina e critérios para atuação de fiscalização própria

Processo de identificação e seleção de beneficiários

Cadastro Único – núcleos básicos de informações• Identificação da pessoa (que geram o NIS das pessoas):• nome completo• nome da mãe• data de nascimento• município de nascimento• documento de identificação (preferencialmente de emissão nacional)

• Identificação do endereço

• Caracterização sócio-econômica:• composição familiar (número de membros, existência de gestantes, idosos, mães

amamentando, deficientes físicos); • características do domicílio (número de cômodos, tipo de construção, tratamento da

água, esgoto e lixo); • qualificação escolar dos membros da família; • qualificação profissional e situação no mercado de trabalho; • rendimentos e despesas familiares (aluguel, transporte, alimentação e outros).

• Realização de testes de consistência na base do Cadastro Único

• Comparação com outras bases de dados (Ex: Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, Guia de Recolhimento Previdenciário de Pessoa Física - GEFIP e Censo Previdenciário

• Auditorias para identificação de duplicidades

• Desenvolvimento de versões do sistema de cadastramento com checagem da informação na entrada de dados

• Atualização cadastral em âmbito nacional, com apoio financeiro do MDS e “validação” posterior dos dados

• Utilização de modelo de predição de renda para identificação de casos suspeitos para ações de fiscalização

Gestão do Cadastro e de benefícios - algumas estratégias de controle

31,33 33

,82 35,46 36

,2838,7241

,18 49,52 55

,35 62,06 70

,28 75,74 78

,21 82,18 86

,59 89,33

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

100,00

(F) % Cadastros Validados

% Crescimento de Cadastros ValidadosMarço/ 2005 a Setembro/ 2006

mar/05ago/05set/05out/05nov/05dez/05jan/06fev/06mar/06abr/06mai/06jun/06jul/06ago/06set/06

Observação: o conceito de cadastro “válido” foi regulamentado com o objetivo de disciplinar a liberação de recursos para apoio aos municípios e inclui exigências adicionais àquelas para a concessão de benefícios

Cadastros Domiciliares Atualizados - março/05 a Setembro/06

Cadastros Domiciliares Atualizados - março/05 a agosto/06

3.646

1.770

3.288

5.942

106

3.564

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Documento doResp. Legal

Endereço Nº de Pessoas Renda FamiliarPer Capita

Alteração deResp. Legal

CadastrosNovos

Tipo de Alteração

Distribuição do Nº de Alterações Cadastrais (em Milhões) de Famílias do CadUnico, Segundo o Tipo de Alteração - Brasil - Mar/05 a Agosto/06

Controle Social e Rede Pública de Fiscalização

• Todo município possui uma Instância de Controle Social composta por representantes do governo e da sociedade.

• Os nomes dos beneficiários estão disponibilizados na internet, resguardadas as restrições de sigilo das informações pessoais

• Foi constituída uma “Rede Pública de Fiscalização” com a participação dos Ministérios Públicos Estaduais e Federal, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União

• Estão disponíveis para a população linhas 0800 (chamada gratuita) para a prestação de informações à população e também para o recebimento de denúncias

100%71,31%0,04%0,02%0,25%27,57%0,39%0,44%

135.38896.539482234137.322524592Abr/06

100%72,39%0,05%0,02%0,28%26,42%0,41%0,43%

121.59588.023562334032.127499527Mar/06

100%75,41%0.05%0,01%0,26%23,59%0,29%0,38%

99.13574.760461126023.384289385Fev/06

Total

Sem motivo informadoViolncia

domˇ stica

Violncia sexual/explora¨ ‹ o sexual

Trabalho infantil

Negligncia dos pais ou

respons‡veis

Mendic‰ncia/trajet—ria de

ruaGravidez precoce

Ms

100%71,31%0,04%0,02%0,25%27,57%0,39%0,44%

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100%72,39%0,05%0,02%0,28%26,42%0,41%0,43%

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Trabalho infantil

Negligncia dos pais ou

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Mendic‰ncia/trajet—ria de

ruaGravidez precoce

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Acompanhamento de frequência escolar - indicadores de vulnerabilidade

•Indicadores considerados:• Qualidade das informações do CadÚnico• Atualização da base do CadÚnico pelo menos a cada dois anos• Informações sobre condicionalidades da área de educação• Informações sobre condicionalidades da área de saúde

•Possibilidades de uso do recurso financeiro• Gestão de condicionalidades• Acompanhamento das Famílias beneficiárias, especialmente das mais

vulneráveis• Cadastramento de novas famílias, atualização e revisão• Implementação de programas complementares

Construção de indicadores de qualidade da gestão descentralizada - IGD

Transferência dos Recursos

•Transferência mensal•Recursos só liberados para municípios com índice mínimo de 0,4•Valor em dobro para até 200 famílias•Valor transferido:

IGD x R$ 2,50 x 200 x 2 +IGD x R$ 2,50 x (nº de famílias - 200)

Valor estimado para repasse em 2006: R$ 190 milhões

IGD médio nacional: 0,69

Abril - 2006

118

1.348

2.747

1.351

0500

1.0001.5002.0002.5003.0003.5004.0004.5005.000

De 0 até 0,39 0,4 até 0,59 0,6 até 0,79 0,8 ou maisFaixa do IGD

Quantidade de Municípios, segundo Faixas do IGD - Abri/2006

58

1.023

2.738

1.745

0500

1.0001.5002.0002.5003.0003.5004.0004.5005.000

De 0 até 0,39 0,4 até 0,59 0,6 até 0,79 0,8 ou mais

Quantidade de Municípios, segundo Faixas do IGD - Setembro/2006

Apoio a Gestão Municipal - IGD:Repasse de recursos vinculado ao desempenho

Setembro - 2006

Resultados: incidência dos programas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 20 40 60 80 100

Bo lsa-F am ília BP C Pe nsões < 1 sm R end a to ta l pe r cap ita

R $ 100 (B olsa-F am ília )

re ta de 45 g raus BF +B P C + <1S M

Fonte: Marcelo Medeiros e Sérgio Serguei - IPEA

-

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

- 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00

México Ecuador

Chile Brasil

Igualdade

Programas de transferência de renda comparados

Fonte: Marcelo Medeiros e Sérgio Serguei - IPEA

Fonte: Adaptado de Lindert - BIRD

Grau de focalização:comparação com programas brasileiros

Incidência Absoluta - PNAD 2004

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

% d

os b

enef

ício

s de

cad

a pr

ogra

ma

rece

bido

s po

r cad

a qu

intil

TRC-PNAD

Pre-BFP-PNAD

BFP-PNAD

PETI-PNAD

Merenda (7-15)-PNAD

Fonte: Lindert - BIRD

Grau de focalização:comparação com programas de transferência de renda com

condicionalidades na América Latina

Incidência Absoluta: comparação entre o PBF e programas

latino-americanos de transferência de renda com condicionalidades

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

BRA-BFP-PNAD

BRA-TRC-PNAD

CHL-SUF/Solidario

Rep. Dom-TAE

MEX-Oportunidades

ARG-Jefes

• Aperfeiçoamento de desenho do Programa• Revisão do formulário do cadastramento• Aperfeiçoamento das estratégias de busca ativa e de atendimento dos mais excluídos• Disponibilização de mapas de pobreza por setores censitários para os municípios• Incorporação de variável de focalização para repasse de recursos aos municípios • Ampliação do uso do Cadastro Único por outras políticas sociais• Construção de medida multidimensional de pobreza - Índice de Desenvolvimento das

Famílias - IDF. Variáveis disponíveis no Cadastro Único agrupadas em dimensões:• Vulnerabilidade (V)• Acesso ao conhecimento (C)• Acesso ao trabalho (T)• Disponibilidade de recursos (R)• Desenvolvimento infantil (D)• Condições habitacionais (H)

Focalização: propostas em estudo

Evolução temporal da desigualdade de renda familiar per capita no Brasil: Coeficiente de Gini

0.615

0.599

0.587

0.596

0.588

0.594

0.604

0.593

0.589

0.582

0.623

0.602

0.612

0.580

0.634

0.599

0.600

0.6000.598

0.5920.581

0.5660.569

0.587

0.593

0.550

0.560

0.570

0.580

0.590

0.600

0.610

0.620

0.630

0.640

0.650

1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005

Coe

ficie

nte

de G

ini

Fonte: Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1976 a 2005, porém nos anos 1980, 1991, 1994 e 2000 a PNAD não foi a campo.

Redução no grau de desigualdade de renda