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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE VIGILÂNCIA EM Boletim Epidemiológico Prevalência atual da Leishmaniose Visceral em Divinópolis SAÚDE INFORMAÇÕES DISQUE: 37 3229-6870/6874 Prefeitura de Divinópolis

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Page 1: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - Divinópolis · Leishmaniose visceral humana (LVH) em áreas urbanas, pois é sabido que o cão doméstico é reservatório da Leishmania infantum

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

VIGILÂNCIA EM

Boletim EpidemiológicoPrevalência atual daLeishmaniose Visceralem Divinópolis

SAÚDE

INFORMAÇÕES DISQUE:

37 3229-6870/6874

Prefeitura de

Divinópolis

Page 2: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - Divinópolis · Leishmaniose visceral humana (LVH) em áreas urbanas, pois é sabido que o cão doméstico é reservatório da Leishmania infantum

A Leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose grave que pode

atingir o ser humano, inclusive levando-o a morte na maioria dos casos

não tratados1. Casos humanos autóctones foram registrados em 23 dos

27 Estados do Brasil2, e o processo de urbanização desta parasitose se

tornou um desafio para a Saúde Pública3. Casos de Leishmaniose

visceral canina (LVC) autóctones foram registrados em 25 dos 27

Estados do Brasil4 e estão fortemente ligados à ocorrência de

Leishmaniose visceral humana (LVH) em áreas urbanas, pois é sabido

que o cão doméstico é reservatório da Leishmania infantum (parasito

causador dessa enfermidade) e que casos caninos precedem a

ocorrência de casos humanos em áreas endêmicas5.

O município de Divinópolis, região Centro Oeste de Minas Gerais,

é considerado endêmico para LV. Desde 2007 já foram confirmados 24

casos de LVH com três evoluções a óbito6.

Estudos realizados anteriormente em Divinópolis mostraram a

presença de Lutzomyia longipalpis, inseto vetor do agente causador da

leishmaniose, e ocorrência de casos de LVC7.

Tendo em vista a gravidade da LV e a importância do cão como

reservatório do parasito, algumas ações são realizadas de forma

contínua pela Secretaria Municipal de Saúde através do setor de

Vigilância em Saúde Ambiental e do Centro de Referência em Vigilância

e Saúde Ambiental (CREVISA) de Divinópolis:

� Realização de testes de diagnóstico de LVC em cães:

direcionados ao CREVISA pela população; cães errantes

(cães de rua) suspeitos (trabalho realizado exclusivamente

pela equipe do CREVISA) e cães domiciliados mediante

demanda da população.

� Inquérito censitário canino próximo ao local onde for

confirmado caso humano de Leishmaniose (trabalho

realizado pela Equipe de Leishmaniose da Secretaria

Municipal de Saúde).

Introdução

Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

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Objetivo

Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

Avaliar aprevalência atual de LVC em cães domiciliados da área

urbana do município de Divinópolis, baseado no diagnóstico

imunológico preconizado pelo Ministério da Saúde (MS).

Metodologia e Fonte de dados

Para determinação da prevalência atual de LVC está sendo

realizado, no momento, inquérito amostral canino nas 11 regiões

sanitárias de Divinópolis conforme metodologia proposta pelo Manual de

Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral (MS). Os cães são avali-

ados por dois testes imunológicos para o sorodiagnóstico de LVC,

sendo considerados cães com LVC aqueles com resultados

reagentes pelos dois testes8.

Dados preliminares mostram que de uma amostra aleatória de

3.150 cães, 1.696 já foram avaliados por teste de imunocromatografia

rápida TR-DPP® (triagem), em oito das 11 regiões sanitárias do município

entre janeiro de dezembro de 2018. Nestes cães foram realizados em

campo testes de imunocromatografia rápida TR-DPP® (triagem),

produzidos pela Bio-Manguinhos/FIOCRUZ e cedidos ao município

pela Secretaria do Estado de Saúde, via Regional de Saúde (GRS).

Aqueles cães que apresentaram testes de triagem sororreagentes,

tiveram amostras de sangue colhidas e encaminhadas para a realização

do teste ELISA (confirmatório) no Laboratório de Parasitologia da

Universidade Federal de São João del-Rei – CCO. Foram utilizados kits

de diagnóstico imunológico produzidos pela Bio-Manguinhos/FIOCRUZ

e fornecidos Fundação Ezequiel Dias (FUNED/BH).

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Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

Os tutores dos cães sororreagentes foram informados acerca da

conduta preconizada pelo MS, que consiste na realização da eutanásia

de cães com LVC. Dos 122 cães sororreagentes, 53 (43,4%) foram

eutanasiados após autorização de seus tutores e 31 (25,4%) ficaram com

Das 1.696 amostras, 192 (11,3%) foram reagentes no TR-DPP® e

122 confirmadas por ELISA (figura 1).

Fig.1 Casos de Leishmaniose Visceral Canina confirmados em Divinópolis, Minas Gerais.

Assim, a prevalência preliminar de LVC fo i 7,2%.

Resultados e Discussão

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região sanitária6 (bairro Davanuze), situação que corrobora estudos

epidemiológicos realizados em centros urbanos nos quais a ocorrência

de casos caninos precede os casos humanos de leishmaniose visceral.

os tutores mediante assinatura de termo de responsabilidade de posse

de cão sororreagente para LVC e utilização de coleira repelente de

insetos. Dos demais, 11 (9%) vieram a óbito entre a coleta dos exames e

a entrega dos resultados, e 27 (22,1%) não tiveram seus tutores

encontrados para entrega do resultado, ou se negaram a saber o

resultado. Existe intensa discussão sobre o real impacto da eliminação

de cães soropositivos para LV e a ocorrência de casos de LVH10.

Não foi constatada diferença significativa entre a prevalência de

LVC nas oito regiões sanitárias avaliadas até o momento nesse estudo

(7,2%) e aquela detectada em 2014 nas mesmas áreas (5,8%) (p>0,05)

quando avaliadas em conjunto.

Avaliando isoladamente as oito regiões (Gráfico 1), foi possível

identificar aumento significativo da prevalência de LVC apenas na região

sanitária 5 (região Sudeste do município), 9,6% no estudo atual e 3,3%

em 2014 (p<0,001). No ano de 2017 foi confirmado caso de LVH nesta

Resultados e Discussão

Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

3,0%

0,9%

4,8%

1,8%

3,3%

8,4%8,7%

4,8%5,4%

1,8%

7,8%

4,6%

6,0%

0,0%

4,8%

0,0%

9,6% 9,3%

6,7%

8,4%

4,4%

0,0%

7,5%7,2%

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 TOTAL

Pre

valê

nci

a

Regiões Sanitárias (Estratos)

Prevalência de LVC em Divinópolis nos anos 2014 e 2018

Prevalência de LVC 2014 Prevalência de LVC atual

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O município de Divinópolis como área de transmissão moderada

de LV, desenvolve medidas de prevenção e controle da doença. Medidas

de educação em saúde e manejo ambiental estão sendo implementadas

na rotina de trabalho dos agentes de controle de endemias do município

para que a população seja esclarecida sobre as formas de combate e

controle da Leishmaniose Visceral. O controle populacional canino está

sendo realizado pelo CREVISA como medida de redução dos casos de

LVC.

Quando estiver concluído este inquérito amostral poderá ser uma

ferramenta importante para a adoção de medidas de controle adequadas

e direcionadas a cada região de saúde do município de Divinópolis. Pois,

as ações de controle poderão ser implementadas e realizadas da forma

mais efetiva e de maneira individual em consonância com a realidade de

cada setor de saúde avaliado, com objetivo de atuar na redução dos

casos humanos e caninos de leishmaniose visceral.

Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

As medidas de controle da LVC propostas pelos serviços de

vigilância e programas de saúde pública ainda são deficientes, pois, não

foram capazes de conter o aumento dos casos e nem a distribuição

geográfica da LV, favorecendo sua urbanização.

Estudos anteriores mostram que a maior ocorrência de casos

caninos e humanos em Divinópolis é identificada em áreas com

características semelhantes, sendo as mais comuns àquelas próximas

aos efluentes, áreas de alta vulnerabilidade social e de infraestrutura

escassa, com alto número de cães errantes e cães domiciliados vivendo

em casas com quintais favoráveis ao desenvolvimento do inseto vetor9.

A presença de cães infectados tem sido frequentemente

apontada como um fator de risco para a infecção humana nas áreas

urbanas5.

Resultados e Discussão

Conclusões

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1 Ministério da Saúde. Manual de Leishmaniose Visceral , 2014. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_leish_visceral2006.pdf> Acesso em: 17 de novembro de 2018. 2 Ministério da Saúde. Saúde de A a Z – Leishmaniose Visceral , 2019. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/12/LV-Casos.pdf> Acesso em: 15 de abril de 2019.

3 Carvalho, JKMR. Leishmaniose visceral canina: aspectos clínicos e de diagnóstico. (Tese de mestrado em Ciência Animal) – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 2009.

4 Ministério da Saúde. Cenários da Leishmaniose Visceral no Brasil , 2018. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/apresentacao/simposio-lv/3._francisco_edilson_ferreira_lima_jr._cenarios_da_lv_e_perspectivas.pdf>. Acesso em: 14 de abril de 2019.

5 Araújo, VEM; Pinheiro, LC; Almeida, MCM; Menezes, FC; Morais, MHF; Reis, IA; Assunção, RM; Carneiro, M. Relative risk of visceral leishmaniasis in Brazil: a spatial analysis in urban área. Plos Neglected Tropical Diseases , v. 7, p. 1-9, 2013.

6 SEMUSA – Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis, Minas Gerais. Boletim Epidemiológico, Leishmaniose Visceral Humana , 2018.

7 Nascimento, BW. Study of Sand Flies (Diptera: Psychodidade) in Visceral and Cutaneos Leishmaniasis areas in central western of Minas Gerais State – Brazil. In: Acta Tropica. v. 125. Issue 3, March 2013. p. 262 – 268.

8 FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Tecnologia em imunobiológicos – Bio-Manguinhos. TR DPP ® Leishmaniose Visceral Canina. Manual de instrução de uso, 2012.

7 Laboratório de Parasitologia da UFSJ/CCO. Resultados de Testes Diagnósticos LVC , 2018.

8 SEMUSA – Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis, Minas Gerais. Boletim CREVISA, Leish maniose Visceral Canina , 2018.

9 Teixeira-Neto, RG; Silva, ES; Nascimento, RA; Belo, VS; Oliveira, C; Pinheiro, L; Gontijo, CM. Canine visceral leishmaniasis in an urban setting of Southeastern Brazil: an ecological study involving spatial analysis. Paras ites & Vectors , v. 7, p. 485, 2014.

10 Vaz, TP.Reavaliação de uma área endêmica para a Leishmaniose visceral canina no Centro Oeste de Minas Gerais . (Dissertação de mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro Oeste, 2018.

Referências bibliográficas

Secretaria Municipal de SaúdeVigilância em Saúde

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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Projeto Gráfico

Autora

Hamilton Costa - Equipe de Educação

Marcella Oliveira Gama de Melo

Diretora da Vigilância em Saúde

Janice de Oliveira Soares

Secretário Municipal de Saúde

Amarildo Sousa

Secretaria Municipal de Saúde de DivinópolisRua Minas Gerais, 55 CEP: 35.500-007 Fone: (37) 3229-6800

FICHA TÉCNICA