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SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
OFICINA DE PRODUÇÃO DE UM NEWSLETTER NA AULA DE LÍNGUA
INGLESA.
.
Artigo apresentado como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional elaborado pela Secretaria de Estado da Educação.
Professora Orientadora:
Rosangela Aparecida Alves Basso
Maringá
Julho/2012
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OFICINA DE PRODUÇÃO DE UM NEWSLETTER NA AULA DE LÍNGUA
INGLESA. 1
Arminda Ferreira Antunes2
Rosangela Aparecida Alves Basso3
RESUMO
A desmotivação e a falta de interesse dos alunos em aprender uma língua
estrangeira, neste caso, a Língua Inglesa, e os estudos de gêneros textuais foram os
motivos e a alternativa para o desenvolvimento da pesquisa a qual este artigo se
refere. Trabalhar com o gênero “Newsletter” em aulas de língua inglesa teve por
objetivos, além de informar os acontecimentos da comunidade escolar e da
sociedade em geral, desenvolver, no aluno, estratégias de leitura a fim de que o
aluno possa a partir da leitura crítica produzir e elaborar um newsletter da escola. A
pesquisa foi desenvolvida por alunos do primeiro ano do ensino médio do Colégio
Estadual Olavo Bilac, na cidade de Sarandi. Além dos alunos, o desenvolvimento do
projeto teve a participação da equipe pedagógica e dos professores da rede
envolvidos no Grupo de Trabalho em Rede. O resultado obtido a partir da elaboração
do newsletter teve grande repercussão na escola, uma vez que envolveu os alunos
e assuntos do interesse dos mesmos.
.
Palavras-chave: Newsletter; produção; Leitura;
ABSTRACT
Students’ lack of motivation and interest in learning a foreign language, in this case, English
1 Trabalho desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Educação do
Estado do Paraná. 2 ANTUNES, Arminda Ferreira participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), turma 2010 - Universidade
Estadual de Maringá (UEM). 3 BASSO, Rosangela Aparecida Alves Professora Orientadora Me. Do Departamento de Letras da Universidade Estadual de
Maringá-UEM.
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language, and textual genres studies were the reasons and the alternative to develop the
research which this article refers to. Working with "newsletter in English language classes,
besides to inform the events of the school community and society in general, was to develop
student’s reading strategies, so that, students can produce a critical reading and further to
produce a school newsletter. This research was developed by students in the first year of
high school in Olavo Bilac College, in the city of Sarandi in Paraná State and also has the
participation of teaching staffs and school teachers involved in the Working Group Network
(GTR). The results obtained from the elaboration of the newsletter received considerable
attention in school, since it involved the students and subjects of their interests..
Keywords: newsletter; production; reading
1 INTRODUÇÃO
Os problemas existentes nas salas de aulas de língua inglesa tem sido o
foco de muitas pesquisas na área. Alguns questionamentos com relação ao ensino e
aprendizagem do idioma tem levado muitos professores e alunos a se desinteressar
pelo que fazem e pelo que aprendem ou deveriam aprender em língua inglesa. É
importante que os professores tenham ciência do que se pretende com o ensino da
Língua Estrangeira na Educação Básica e que, embora a aprendizagem de Língua
Estrangeira Moderna também ajude no mercado de trabalho e nos estudos
posteriores, deve também formar alunos críticos e transformadores através da leitura
de textos que envolvam pesquisa e a reflexão, além das práticas da leitura, da
escrita e da oralidade. Um dos principais objetivos da disciplina de Língua
estrangeira moderna é que os alunos utilizem a língua que estão aprendendo em
situações significativas, e que não fiquem presos a uma prática de formas
linguísticas descontextualizadas.
De acordo com as Diretrizes, o ensino de Língua Estrangeira Moderna, na
Educação Básica, propõe superar os fins utilitaristas, pragmáticos ou instrumentais
que historicamente têm marcado o ensino desta disciplina. (DCES, 2008 p.56)
Propõe-se ainda que, nas aulas de Língua Estrangeira Moderna, o professor
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aborde os vários gêneros textuais, em atividades diversificadas, analisando a função
do gênero estudado, sua composição, a distribuição de informações, o grau de
informação presente ali, a intertextualidade, os recursos coesivos, a coerência e,
somente depois de tudo isso, a gramática em si. Sendo assim, o ensino deixa de
priorizar a gramática para trabalhar com o texto, sem, no entanto, abandoná-la.
Cabe lembrar que disponibilizar textos aos alunos não é o bastante (DCES, 2008
p.63). É necessário provocar uma reflexão maior sobre o uso de cada um deles e
considerar o contexto de uso e os seus interlocutores. Por isso, os gêneros
discursivos têm um papel tão importante para o trabalho na escola. Para Bakhtin
(1997, p. 279) [...] gêneros de discurso são os enunciados dos integrantes de uma
ou doutra esfera da atividade humana e estas esferas de utilização da língua
elaboram seus tipos relativamente estáveis de enunciado.
O gênero newsletter é uma importante fonte de informação entre alunos,
professores, escola e sociedade. É também um importante instrumento pedagógico
na medida em que envolve o aluno na produção desse material e faz com que ele
valorize o trabalho em grupo, a troca de experiências e a construção coletiva do
conhecimento para criar um newsletter que possa vincular informações e prestar
serviços à comunidade. Ademais, o newsletter informa aos leitores assuntos que
fazem parte de seu contexto escolar e social, despertando a curiosidade do leitor e
formando-o um leitor crítico, capaz de agir e interagir na sociedade em que vive
como cidadão. É muito importante que o aluno tenha, na escola, um espaço onde
ele possa expressar suas opiniões, desenvolver sua criatividade, o discurso oral e
escrito e ter a oportunidade para uma reflexão crítica sobre o texto. O letramento
crítico e a construção do conhecimento por meio de práticas do cotidiano nos leva a
outro questionamento: A oficina de um newsletter escolar pode ajudar o aluno a se
tornar um cidadão crítico e consequentemente agir e interagir na sociedade em que
vive? Em que medida o ensino por meio de gênero contribui para o aprendizado da
língua estrangeira?
Tais perguntas nortearam e foram um dos principais objetivos do projeto:
desenvolver estratégias de leitura em língua inglesa para que os alunos possam
elaborar um newsletter a partir de textos, produzidos por eles, em inglês. Além do
ensino da língua inglesa de forma mais efetiva e interessante, durante a
implementação do projeto buscou- se alcançar os objetivos propostos como
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desenvolver a criatividade e assim levar os alunos a produção, através da leitura
crítica, a produção de textos que fossem de interesse dos mesmos. Promover a
discussão de problemas existentes na escola, contribuindo assim para o
entendimento das questões sociais existentes no cotidiano desses alunos; o
reconhecimento da diversidade linguística e cultural dos países falantes da língua
inglesa.
Este artigo esta dividido em cinco partes além da introdução: Fundamentação
teórica, metodologia, apresentação e discussão dos dados e conclusão.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A escola é um espaço social democrático, responsável pela adequação
crítica e histórica do conhecimento como instrumento de percepção das relações
sociais e para a transformação da realidade, tendo o compromisso de fornecer aos
alunos elementos necessários para que não apenas assimilem o saber como
produto, mas compreendam o processo de sua produção, bem como as tendências
de sua transformação. A escola tem uma importante função que é informar, mostrar,
ensinar regras, não apenas para que essas regras sejam seguidas, mas
principalmente para que possam ser modificadas. Inspirando-se nas palavras de
Simon (apud JORDÃO, 2004a, p. 164).
Ainda, as Diretrizes (DCE, 2008, p.53) propõem que a aula de Língua
Estrangeira Moderna seja um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a
diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e
perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que
vive. Espera-se assim, que o aluno compreenda que os significados são sociais e
historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social.
Esta proposta se fundamenta na corrente sociológica e nas teorias do
Círculo de Bakhtin, que representam a língua como discurso. Procura-se, dessa
forma, estabelecer os objetivos de ensino de uma Língua Estrangeira Moderna e
resgatar a função social e educacional desta disciplina na Educação Básica. A teoria
dos gêneros e suas aplicações estimulam o desenvolvimento da fala e escrita, e
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estimulam os aprendizes a expressar suas próprias idéias, dúvidas e problemas. A
teoria de Bakhtin foi o ponto de partida para a grande parte dos estudos sobre
gêneros dentro da linguística. Em sua obra Estética da Criação Verbal, Bakhtin
conceitua gêneros...
Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana [...]. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo temático e por se estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais – mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Assim sendo, todos os nossos enunciados se baseiam em formas-padrão e relativamente estáveis de estruturação de um todo (1953,p.179)
Desta forma, Bakhtin entende a linguagem como um fato social e ideológico,
ele define um enunciado como uma verdadeira unidade de comunicação verbal.
Segundo Marcushi (2000) a linguagem é aprendida por meio de enunciados
concretos, ouvidos e reproduzidos na comunicação verbal. No âmbito da fala,
aprender a falar é aprender a estruturar enunciados.
Nós adaptamos nosso discurso às formas do gênero e quando ouvimos o
outro já reconhecemos o gênero. Sem o gênero a comunicação verbal seria quase
impossível (Bakhtin, 1992).
No contexto escolar, os alunos precisam entender como o conteúdo, a forma
da língua e a estrutura de organização dos vários gêneros discursivos, e que eles
fornecem meios para apresentar a informação e interagir oralmente ou por escrito
com os outros. Assim, os alunos aprendem a utilizar os gêneros de acordo com a
situação de comunicação que estão inseridos, e também aprendem a controlar a
linguagem, o propósito da escrita, o conteúdo e o contexto.
Bakhtin chama a atenção para a diversidade dos gêneros e para a diferença
fundamental entre gêneros primários e secundários. Os gêneros primários se
constituem em circunstâncias de uma comunicação verbal instantânea (carta,
diálogo cotidiano) enquanto a secundária apareceria em circunstâncias de uma
comunicação mais complexa. Segundo Bakhtin a distinção entre os dois Gêneros
não pode ser menosprezada porque...
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Ignorar a natureza dos enunciados e as particularidades do gênero que assinalam a variedade do discurso em qualquer área do estudo lingüístico leva ao formalismo e à abstração, desvirtua a historicidade do estudo, enfraquece o vínculo existente entre a língua e a vida. A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua. (1992:283)
Os Gêneros textuais são fatos históricos, profundamente ligados à vida
cultural e social. Os gêneros contribuem para ordenar e consolidar as atividades
comunicativas do dia a dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social
não contornável em qualquer situação comunicativa. Entretanto, mesmo
apresentando alto poder de previsão e interpretação das ações humanas em
qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e
enriquecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente
flexíveis, dinâmicos e passíveis de serem moldados. Surgem unidos a necessidades
e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que
é facilmente visível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais que existem
atualmente em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita (LUÍS
ANTÔNIO MARCUSCHI).
Contudo, o trabalho com a Língua Estrangeira Moderna fundamenta-se na
diversidade de gêneros textuais e busca alargar a compreensão dos diversos usos
da linguagem, bem como a ativação de procedimentos interpretativos alternativos no
processo de construção de significados possíveis pelo leitor. Tendo em vista que
texto e leitura são dois elementos indissociáveis, e que um não se realiza sem o
outro, é importante definir o que se entende por esses dois termos. O texto,
entendido como uma unidade de sentido, pode ser verbal ou não verbal. Para
Bakhtin (1992), o texto é a materialização de um enunciado e é entendido como
unidade contextualizada da comunicação verbal (DCE.2008.p58)
As pessoas não trocam orações assim como não trocam palavras (numa acepção rigorosamente linguística), ou combinações de palavras, trocam enunciados constituídos com a ajuda das unidades da língua – palavras, conjunto de palavras, orações; mesmo assim, nada impede que o enunciado seja constituído de uma única oração, ou de uma única palavra por assim dizer, de uma unidade de fala (o que acontece sobretudo na réplica do diálogo). Mas não é isso que converterá uma unidade da língua numa unidade da comunicação verbal (BAKHTIN, 1992, p. 297)
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Embora necessite do aparato técnico da oração, o texto não corresponde
aos aspectos sistêmicos da língua. Ele se organiza em formas relativamente
estáveis, determinadas pelas condições materiais de produção, denominadas por
Bakhtin Língua Estrangeira Moderna 5 (1992) de gêneros do discurso. Para esse
teórico, os gêneros se desenvolveram através do tempo e correspondem a formas
típicas criadas por esferas de atividades humanas.
A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e a cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa (BAKHTIN, 1992, p. 279).
Nessa definição, podem ser considerados textos uma figura, um gesto, um
slogan, tanto quanto um trecho de fala gravado em áudio ou uma frase em
linguagem verbal escrita, a partir dos quais os conteúdos específicos de Língua
Estrangeira Moderna serão tratados. No entanto, é preciso atentar para o fato de
que são atribuídos, aos textos, os sentidos reconhecidos como válidos por
determinada comunidade, considerando-se sempre o contexto e o momento
histórico em que eles foram produzidos: uma construção à qual não se considere
possível atribuir sentidos não será vista como texto por uma determinada
comunidade. Nessa visão, é importante que os alunos tenham consciência de que
há várias formas de produção e circulação de textos em nossa cultura e em outras,
de que existem diferentes práticas de linguagem no âmbito de cada cultura, e que
essas práticas são valorizadas também de formas diferentes nas distintas
sociedades. Destaca-se que os textos aos quais a sociedade está exposta são de
natureza genérica. Conforme aponta Moita Lopes, vivemos num mundo
multisemiótico, cujos textos extrapolam a letra, ou seja, “um mundo de cores, sons,
imagens e design que constroem significados em textos orais ou escritos e
hipertextos” (LOPES e ROJO, 2004, p. 30-31). Isso vem ao encontro da linguagem
específica usada na comunicação mediada pelo computador. Aparentemente trata-
se da linguagem escrita, mas quando desenvolvida em uma interação em tempo
real, distancia-se da forma tradicional, adquirindo características semelhantes às do
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imediatismo e da redundância da fala, bem como é acrescida de ícones, cores,
recursos sonoros, por exemplo, para comunicar aspectos que estariam presentes na
fala. Conforme o exposto, as diferenças entre comunicação escrita e falada se
diluem na construção desse novo tipo de texto. A leitura, processo de atribuição de
sentidos, estabelece diferentes relações entre o sujeito e o texto de acordo com as
concepções que se têm de ambos. O trabalho proposto nestas Diretrizes está
ancorado na perspectiva de uma leitura crítica, a qual se efetiva no confronto de
perspectivas e na (re)construção de atitudes diante do mundo. A abordagem da
leitura crítica extrapola a relação entre o leitor e as unidades de sentido na
construção de significados possíveis. Busca-se, então, superar uma visão tradicional
da leitura condicionada à extração de informações. ( DCE.2008.p.59)
Os grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a
televisão, o jornal, a revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande
influência nas atividades comunicativas da realidade social que ajudam a criar, vão
por sua vez proporcionando e compartilhando gêneros novos e bastante
característicos. O avanço tecnológico vem progredindo em diferentes áreas e a
sociedade tem a necessidade de se transformar para poder acompanhar esse
processo de crescimento da tecnologia. “É preciso valorizar o mundo real e os
sujeitos como protagonistas da sua história e não como meros receptores de
mensagens e consumidores de produtos” (SCHRAMM, 1965: PINTO, 1998 apud
BELLONI, 2001). ). E neste contexto tecnológico, estamos vivenciando uma cultura
visual, onde as imagens são muito mais valorizadas que a escrita, pois estão
carregadas de valores, estereótipos e mensagens que nos induzem a acreditar no
que está sendo mostrado como verdade absoluta.
[...] são imagens aparentemente diferentes de uma mesma sociedade “idealizada” onde as pessoas são jovens e saudáveis, vivem felizes, consumindo mercadorias as mais variadas e resolvendo seus conflitos de maneira aparentemente racional, com uma violência cada vez mais sofisticada e a partir de uma moral extremamente individualizada. (BELLONI, 2005)
Ainda, de acordo com Bakhtin (1997,p. 279), os gêneros textuais são
específicos em cada uma das esferas sociais. Assim, é possível falar em gêneros
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textuais que ocorrem no cotidiano (marcados pelas relações familiares), acadêmicos
(que se dão na vida estudantil), jornalísticos (produzidos no âmbito da mídia).
Atualmente a concepção de gênero estendeu-se para toda a produção
textual. O jornal ou newsletter apresentam diversos tipos de gêneros. Conhecer
quais tipos de textos se encontram nos jornais é importante, uma vez que eles
articulam os enunciados, dando às enunciações diferentes cargas ideológicas.
Takazaki identifica 18 gêneros discursivos mais frequentes em jornais, os quais
podemos enumerar como: 1. anúncio classificado, 2. Anúncio publicitário, 3. artigo,
4. carta do leitor, 5.chamada, 6. charge, 7. crítica [de arte], 8. crônica, 9. editorial,10.
entrevista, 11. gráfico, 12. legenda, 13. manchete, 14. notícia, 15. reportagem, 16.
resenha, 17. tabela, 18. tira. (Takazaki,2004, p. 106). Podemos ainda incluir muitos
outros a esses.
Paulo Freire acreditava na prática pedagógica com o compromisso de
diminuir a evasão escolar e formar alunos críticos. Ele defende a elaboração de um
jornal escolar como um importante instrumento para motivar a escrita e leitura dos
alunos, “contribuindo para o desenvolvimento social e cultural do educando” (Elias,
1997, p. 101).
A mídia representa um campo autônomo do conhecimento que deve ser estudado e ensinado às crianças da mesma forma que estudamos e ensinamos a literatura, por exemplo. A integração da mídia à escola tem necessariamente de ser realizada nestes dois níveis: enquanto objeto de estudo, fornecendo às crianças e aos adolescentes os meios de dominar esta nova linguagem; e enquanto instrumento pedagógico, fornecendo aos professores suportes altamente eficazes para a melhoria da qualidade do ensino, porque adaptados ao universo infantil. (Belloni, 1991, p. 41)
A partir da produção do newsletter, os alunos, em vez de meros leitores, eles
descobrem-se como sujeitos ativos no processo de construção da notícia,
contribuindo assim para sua interação social e para uma melhor leitura do mundo,
contudo, sem se desviar dos conteúdos programáticos que a escola determina.
Ademais, o uso de textos jornalísticos serve como fonte motivadora porque
está conectada com a realidade vivida por alunos e professores. Na verdade,
fornece os elementos necessários a alunos e professores para fazerem a leitura
crítica da mídia a partir da leitura do mundo.
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3 METODOLOGIA
Por se tratar de um projeto que envolvia uma pesquisa-ação, pois segundo
Thiollent, (1970 ) é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo na qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.O
projeto que originou este artigo propôs através da produção de jornal em sala de
aula de língua inglesa, reconhecer, analisar e produzir diversos gêneros textuais.
Considerando a era da tecnologia, a circulação de informações veiculadas as
mídias, principalmente pelos meios de comunicação o gênero estudado foi o
Newsletter. Reconhecer que o jornal, impresso ou na versão online, usa linguagens
específicas para transmitir a informação: o texto escrito, a imagem e a disposição na
página e nas seções (diagramação, lugar e espaço ocupado pela notícia, caracteres
tipográficos usados, cores, outros) foi de suma importância no desenvolvimento do
projeto.
O Projeto foi apresentado à equipe pedagógica, aos professores do GTR e
aos alunos. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos do 1º ano do ensino Médio do
Colégio Olavo Bilac, no município de Sarandi e os professores que participaram do
GTR, onze professores da rede, os quais serão identificados como P1, P2... e P11..
Como parte integrante das atividades propostas em um primeiro momento,
os alunos tiveram o contato com diversos exemplares de newsletter. Observar e
manusear um newsletter em português e inglês foi essencial para o reconhecimento
do gênero que seria desenvolvido no projeto. Tais atividades foram desenvolvidas
no laboratório de informática, uma vez que seria mais fácil o acesso a esse tipo de
jornal, especialmente os de língua inglesa. Os alunos fizeram a leitura do texto e foi
feita uma discussão a respeito das informações contidas no newsletter.
Após o reconhecimento do gênero em estudo, foi feito um levantamento do
tipo de informação que os alunos queriam veicular no jornal que eles iriam produzir.
Nessa etapa alunos levaram para a aula textos variados como: propaganda, receita,
informativo de eventos, charge, entre outros. Também mostram vários exemplos de
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informações que um newsletter pode conter. Neste momento os alunos apontaram o
tipo de informação de cada texto, reconheceram ainda questões gramaticais que
envolvia cada tipo textual.
Na etapa posterior, os alunos foram divididos em grupos e cada grupo
recebeu orientações acerca da tarefa que iria desenvolver. Alguns alunos tomaram
parte em uma discussão sobre qual seria o assunto a ser trabalhado e fizeram
pesquisas na internet usando o laboratório de informática. Baseados na pesquisa
feita na internet, os alunos produziram seu próprio texto e depois de feita uma
correção, transcreveram o mesmo para a língua inglesa usando dicionários e
programas de tradução. Outros grupos fizeram pesquisa de campo, entrevistando a
direção, equipe pedagógica e professores da escola sobre futuros eventos e demais
informações que poderiam ser editadas no newsletter. Cada entrevista foi
fotografada para uma possível ilustração do artigo. Após a entrevista os alunos
produziram um texto que foi devidamente corrigido e transcrito para a língua inglesa.
Outros grupos fizeram pesquisa na internet sobre assuntos relacionados ao
cotidiano da sociedade a qual eles pertencem para produzir o texto. Uma das
maiores dificuldades encontradas foi escrever os textos produzidos em língua
inglesa, pois muitos alunos tem muita dificuldade em produzir textos em inglês. Com
muita calma e com a ajuda de dicionários e de tradutores online esse problema foi
resolvido.
A correção dos textos produzidos pelos alunos foi feita em conjunto, revendo
algumas pautas e selecionando os que iriam ser impressos no newsletter. A
montagem dos textos com as fotos foi feita com a participação de todos os alunos.
Uma etapa importante do processo foi a importância dos “drafts” ou refacção.
Depois da ultima correção a versão final foi impressa e distribuída na escola
e para a comunidade em geral.
No término dos trabalhos foi feita uma sessão reflexiva com os alunos
envolvidos a fim de ter um levantamento do que os alunos acharam e aprenderam
com o projeto.
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4 ANÁLISE DE DADOS
Apesar do trabalho com o Grupo de Trabalho em Rede de 2010, ter sido um
período curto de formação “contínua”, foi extremamente relevante. Um momento
valioso de estudo, troca de experiência, avaliação de prática pedagógica e
reavaliação de conceitos. A aceitação do projeto pelo grupo foi muito grande. Alguns
ainda sugeriram que o projeto com o Newsletter se transformasse em um tipo de
atividade periódica na escola e que o mesmo foi desenvolvido mesmo depois de
concluído o projeto.
Dentre os vários comentários feitos pelo GTR pode-se ainda mencionar os
efeitos benéficos do trabalho com tais professores como, por exemplo: O “encontro”
com profissionais de formação diversificada, o claro compromisso de cada um com a
Educação; o envolvimento e o comprometimento em realizar as leituras, as
postagens nos diversos Fóruns e no Diário de cada temática, a receptividade à
necessidade de inovar a prática pedagógica a fim de facilitar o processo ensino-
aprendizagem, o desprendimento de todos em fazer sugestões, socializar
experiências e partilhar suas ideias. E tantos outros motivos que podemos, ainda,
apontar.
Apesar da grande aceitação, os cursistas realizaram atividades em tempos
muito distintos e muitos não conseguiram realizá-las no tempo pré-determinado, o
que, de certa forma, não foi positivo no que refere a interação. Porém, essa situação
não comprometeu a qualidade final do nosso curso.
Os participantes do GTR “Oficina para Produção de um Newsletter na aula
de língua inglesa” discutiram questões que envolveram questões pedagógicas como:
estratégias de leituras em sala de aula, reflexão, a importância da refacção dos
textos, práticas muitas vezes esquecidas pela falta de tempo, a importância do uso
da língua no cotidiano dos alunos entre outros. Outro aspecto importante foi
referente a formação continuada desses professores que de alguma forma
ocorreram nas discussões, no compartilhamento das experiências, na importância
de se inovar na prática pedagógica e ter consciência de que é necessário adotar
linguagens mais atrativas para o ensino de Inglês e demais disciplinas
Sem dúvida o GTR foi significante e que tivemos bons resultados quando
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levamos para a sala de aula a proposta de estar em maior sintonia com nossos
jovens alunos e seu universo. Trabalhar com o Newsletter é trabalhar muito próximo
da realidade dos alunos. Dessa forma, podemos afirmar que a inserção do
newsletter na escola contribuiu com a produção do conhecimento, despertando nos
nossos jovens para uma ação consciente e transformadora do espaço no qual estão
inseridos.
O grupo contou com a participação de 11 professores, dos quais tiveram
participação satisfatória, com 77% de concluintes, e cada participante contribuiu com
depoimentos que demonstram as impressões dos professores participantes.
P1- “[...] Creio que o projeto tem tudo para dar certo, pois realmente o ensino
de língua inglesa, não é apenas um problema para Escolas Públicas, mas é geral,
talvez algo de cultura dos alunos mesmo, como eles vivem, com que tipo de
literatura eles tem acesso, qual o impacto que tudo isso causa sobre eles. Apesar de
hoje o Brasil ser muito impactado pelas palavras de origem inglesa, vemos que o
jovem e adolescente de hoje, se preocupa muito mais em saber manipular o orkut,
Facebook, ou twitter, do que ler algo e aprender a se comunicar de uma maneira
eficaz através da língua estrangeira. Portanto creio que um projeto como esse se
aplicado na comunidade e fazendo com que a mesma tenha interação com o aluno,
dando assim incentivos de alguma maneira, tem tudo para dar certo
P2- “[...] O projeto de intervenção "Oficina para produção de um Newsletter na
aula de Língua Inglesa" é bastante interessante e ajudará muito os alunos. Muitos
não estão acostumados a ler em sua própria língua e quando olham para um texto
em língua estrangeira vêem apenas um amontoado de palavras, por isso é preciso
mostrar aos alunos estratégias de leitura que irão ajudá-los a entender a mensagem
do autor e reagir a ela de acordo com seu ponto de vista.”
P3-“[...] A produção de um Newsletter despertará o interesse dos alunos
tanto na leitura quanto na escrita, pois em um jornal há diferentes gêneros textuais:
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propaganda, previsão de tempo, coluna de entretenimento, classificados, enfim, o
jornal traz ideias, informações, opiniões e tudo isso poderá despertar o interesse
provocar debates e a escrita”.
P4- “[...] Uma oficina de um Newsletter só vem engrandecer o trabalho do
professor de língua inglesa e estimular o aluno a ler e produzir em inglês textos
jornalísticos. Além disso, é um projeto de fácil entendimento. Seria interessante se
os professores da Rede pública ou as escolas recebessem um jornal impresso em
inglês, periodicamente. Assim, o aluno ficaria mais familiarizado com a linguagem
jornalística de outros países.
P5- “[...] Diante da resistência apresentada por nossos alunos, pode-se avaliar
o quanto é importante a proposta apresentada pela professora através desta
Produção, nossos alunos passarão a atuar de maneira positiva e produtiva
encontrando significado no ato de aprender. A aprendizagem leva a mudança de
comportamento e é isso que a proposta elaborada pela professora nos faz entender
através de sua abordagem clara e objetiva. A desafiadora e sábia proposta nos
mostra que é possível ensinar para além da sala de aula, e isso só é possível
quando temos clareza do que queremos para nossos alunos. Para formarmos
leitores críticos, formadores de opinião e capazes de transformar o meio em que
vivem, precisamos levá-los a desenvolver o interesse pela pesquisa, leitura e
produção. A produção de um jornal os levará a agir de maneira atuante na sociedade
em que vivem.”
P6-“[...] O ensino de Língua Estrangeira Moderna permite uma melhor
compreensão da importância da percepção da pluralidade cultural que hoje permeia
e direciona o aprendizado desta língua. Segundo as Diretrizes Curriculares, o ensino
de LEM deve se dar por meio da interação social, para garantir ao aluno uma
autonomia discursiva. Este projeto propicia reflexões sobre as relações entre língua
e sociedade e aborda assuntos relevantes presentes na mídia nacional e
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internacional. A implementação do Projeto Didático-Pedagógico integra as
habilidades de leitura, escrita, compreensão e produção oral.”
Com a aplicação deste projeto uma importante contribuição, apontada pelos
professores participantes foi a reflexão, que levou os professores a analisar e refletir
mais sobre a prática pedagógica que vem sendo desenvolvida nas aulas de língua
inglesa. Reflexões sobre como ensinar, pra quem ensinar e o que ensinar foram
constantes durante a implementação e desenvolvimento das atividades propostas. A
aplicação do projeto trouxe reflexão sobre a forma de ensinar e a importância do
newsletter com instrumento de aprendizagem em LEM.
Com relação aos alunos, no início, eles estavam receosos pelo fato de ainda
não dominarem a língua inglesa e sentindo-se incapazes de desenvolver as
atividades propostas. Outra dificuldade apontada por eles foi a de trabalhar de forma
não linear e de realizar uma leitura crítica, com uma tradução não literal ou apenas
extração de informações.
Alguns alunos mostraram-se desinteressados, a princípio, em participar das
atividades do material didático, mas à medida que foram percebendo que tinham
potencial para cumprirem todas as tarefas, o interesse aumentou, principalmente
com o início das atividades práticas. A atividade da refacção foi apontada pela
maioria dos alunos como essencial na produção de textos, uma vez que eles
reconheceram nessa etapa como um texto fica melhor. E ainda sugeriram que tal
prática seja adotada nas aulas de língua inglesa, e que desta forma eles
aprenderiam mais e cometeriam menos erros, aprimorando seus textos. Isto também
foi apontado como uma atividade motivadora no processo de aprendizagem.
Disseram ainda, que aprenderam muito mais inglês durante a produção deste
material do que nas aulas regulares da professora.
O desempenho dos alunos foi significativo durante a produção dos textos,
pois os temas estavam diretamente relacionados com problemas sociais que
existem no meio em que vivem, promovendo a interação sócio-discursiva (aluno-
aluno, professor-aluno) que segundo BAKHTIN (1992) toda enunciação envolve a
presença de pelo menos duas vozes, a voz do eu e do outro, e é nesta relação do eu
e do outro que os sujeitos se constituem socialmente. Trabalhar com temas
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relacionados com o cotidiano dos alunos favorece a aprendizagem, pois os alunos
podem contar como conhecimento do mundo de cada um, e é durante as relações
sociais que a língua se manifesta como espaço de construções discursivas
indissociáveis do contexto. (DCE, 2009, p.51)
A impressão que os alunos tiveram sobre o projeto foi muito positiva e
mencionaram o interesse de continuar com o projeto na escola, devido a importância
social que o jornal e as reportagens e assuntos apresentados tem no contexto social
deles. Outros alunos, de outras salas, demonstraram interesse em participar da
equipe para manterem o jornal na escola. Dizem ter gostado das matérias e do
layout apresentados.
.
5 CONCLUSÃO
.
Durante a implementação do projeto percebeu-se que um fator que motivou
os alunos na oficina é o fato de que eles não estavam escrevendo somente para o
professor ler e avaliar como geralmente acontece em uma aula de produção de
texto, mas porque outros alunos, professores de outras áreas e até pessoas fora da
comunidade escolar veriam o trabalho deles e que posteriormente seria impresso e
postado no site da escola.
No que se refere a leitura, os alunos de outras turmas que não participaram
da oficina apresentaram um maior interesse, pois o newsletter traz informações
sobre a escola da qual ele faz parte. Alguns professores utilizaram o newsletter
produzido como material didático em suas aulas, pois o mesmo apresenta
variedades em gêneros textuais.
A experiência com a produção de um newsletter trouxe reflexão para alguns
professores do GTR e os professores da escola que acompanharam a
implementação sobre as atividades desenvolvidas em sala de aula. A maior
preocupação dos professores era com a gramática e com a fixação do vocabulário
deixando as atividades muito restritas ao texto. Esta prática foi repensada, o que
mostra a importância da reflexão dos professores sobre suas práticas. A reflexão
feita pelos professores envolvidos nesta pesquisa teve grande efeito nas praticas
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pedagógicas em sala de aula e, como consequência na aprendizagem de língua
inglesa.
Respondendo as perguntas feitas no início do projeto: A oficina de um
newsletter escolar pode ajudar o aluno a se tornar um cidadão crítico e
consequentemente agir e interagir na sociedade em que vive? Em que medida o
ensino por meio de gênero contribui para o aprendizado da língua estrangeira? O
trabalho desenvolvido com o gênero newsletter foi importante para o
amadurecimento das reflexões e discussões acerca dos assuntos a serem
publicados no jornal, demonstrando assim, o papel importante dos conhecimentos
prévios de cada um, das opiniões e do trabalho em grupo, sem rivalidade, mas sim
com uma postura de colegas trabalhando para o melhor.
Quanto ao ensino da língua inglesa, a escolha do gênero neswletter motivou
o interesse dos alunos na disciplina, a participação e a preocupação em aprender. E
desta forma, eles viram a importância da necessidade de saber uma língua
estrangeira, que ela pode ser usada no cotidiano e de maneira efetiva.
Com certeza o desenvolvimento deste trabalho teve um impacto positivo em
todos os envolvidos, tanto no que se refere as questões sociais quanto nas questões
que envolvem o processo de ensino-aprendizagem da língua estrangeira.
REFERÊNCIAS
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