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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM NÍVEL MÉDIO:
CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO INTEGRADO PROFESSORA PDE: JOSELI MARIA BORATO KLOSTER - COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ – PONTA GROSSA – PR PROFESSORA ORIENTADORA Ms: MARINÊ FECCI BATISTÃO LEITE - UEPG
PONTA GROSSA
2008
APRESENTAÇÃO
Este Caderno foi idealizado a partir de minha experiência como professora do
Curso Técnico em Secretariado Integrado, das leituras, cursos e estudos realizados no
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2007, da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná.
Ele tem a finalidade de socializar os resultados dos estudos realizados e oferecer
subsídios para reflexões dando início às discussões sobre práticas pedagógicas,
vivenciadas no cotidiano escolar. É importante os saberes que cada professor traz tanto
de experiências quanto científicos em cada área de conhecimento que contribuirão para a
formação do aluno/cidadão.
Disponibiliza dados e questões a serem refletidos para proposição de
procedimentos didáticos pedagógicos com possíveis encaminhamentos, norteando o
trabalho do professor do Curso Técnico em Secretariado Integrado do Colégio Estadual
Regente Feijó Ponta Grossa - PR, visando que seus objetivos educacionais sejam
alcançados de forma adequada, efetiva e traduzam-se em melhorias da qualidade da
aprendizagem do aluno.
Está organizado em duas partes para melhor disposição didática:
A PARTE 1 aborda a fundamentação teórica em relação ao trabalho, a legislação
da Educação Profissional inserindo a concepção paranaense sobre a formação do
aluno/cidadão.
A PARTE 2 apresenta um breve retrospecto histórico do Colégio Estadual
Regente Feijó; dados de sondagem coletados no segundo semestre de 2007 e quatro
práticas pedagógicas que receberam maior destaque dos professores e alunos
diretamente envolvidos no Curso Técnico em Secretariado Integrado os quais
responderam os questionários (modelos apêndice A), que são, por ordem de
preferências:
- Palestras;
- Semana do Secretariado;
- Trabalhos em grupo;
- Trabalho individual.
Pesquisas recentes realizadas com professores, evidenciaram a importância de a
prática pedagógica ter como ponto de partida o cotidiano, as experiências dos alunos e a
partir disso articular com o conhecimento universal, científico e, ainda a importância do
docente ter conhecimento sobre os alunos tanto no que se refere à cognição como sobre
a afetividade, o que está presente em depoimentos de professores sistematizados em
pesquisa por Romanowski (2006).
Disponibiliza ainda, alguns exemplos de conteúdo curriculares onde a
interdisciplinaridade configura-se como uma forma de melhoria no processo ensino-
aprendizagem. Também, serão promovidas discussões de encaminhamentos quanto às
alternativas metodológicas para ressignificação das práticas acima elencadas,
integrando-as no processo avaliativo sob a forma de painéis, seminários e outras formas
sócio-individualizadas de estudo, utilizando o laboratório de informática.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................5
PARTE 1
1. SITUANDO A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL............................7
1.1. ENSINO MÉDIO INTEGRADO – EDUCAÇÃO PROFISSIONAL........................7
1.2. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL LDB
Nº 9.394/96 E O DECRETO Nº 5.154/2004............................................................10
1.3. A POLÍTICA DE RETOMADA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA REDE
PÚBLICA ESTADUAL............................................................................................11
PARTE 2
2. COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ – CURSO TÉCNICO EM
SECRETARIADO....................................................................................................17
2.1. BREVE RETROSPECTO HISTÓRICO...................................................................17
2.2. FLASHES DE REPRESENTAÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS NA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO
DO COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ.....................................................18
2.2.1. Conhecendo Melhor os Alunos e Professores do Curso Técnico em
Secretariado............................................................................................................18
2.3. SEMANA DO SECRETARIADO............................................................................24
3. SUGESTÕES PARA RESSIGNIFICAR AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.....29
3.1. A INTERDISCIPLINARIDADE..............................................................................30
3.2. A CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................32
3.3. O TRABALHO INDIVIDUAL.................................................................................35
3.4. O TRABALHO EM GRUPO....................................................................................37
3.5. PALESTRA...............................................................................................................42
3.6. A SEMANA DO SECRETARIADO........................................................................44
REFERÊNCIAS.............................................................................................................48
APÊNDICE A.................................................................................................................51
ANEXO A – Atividades..................................................................................................57
ANEXO B – Oficina de trabalho.....................................................................................59
INTRODUÇÃO
Professor! Você já parou para pensar que, para
encarar as situações conflituosas, ambíguas, incertas e
por vezes violentas, presentes no cotidiano escolar e não
escolar, o “ser professor” requer saberes e
conhecimentos científicos, pedagógicos, educacionais,
sensibilidade, ética, indagação teórica e criatividade?
Faz parte da atividade docente proceder à mediação reflexiva e crítica entre as
transformações sociais concretas e a formação humana dos alunos, indagando os modos
de pensar, sentir, agir e de produzir e distribuir conhecimentos.
Isso porque, nós professores, escolhemos uma profissão instigante: convivemos
com alunos principalmente adolescentes e jovens em uma das fases mais decisivas da
vida, com o desafio de inseri-los na vivência plena da cidadania. Estamos sempre em
busca do conhecimento, de teorias e práticas que nos ajudem a renovar o nosso ensino,
pois, sabemos que na contemporaneidade, com a globalização, as tecnologias, as
mudanças acontecem rapidamente em todos os sentidos, temos que ser pesquisadores,
reflexivos, críticos e criativos buscando sempre novos saberes para as nossas ações que
precisam ser ressignificadas.
Deixa-se transparecer no trabalho docente a intencionalidade, pois, visa à
formação humana por meio de conteúdos e habilidades, de pensamento e ação, o que
implica escolhas, valores, compromissos éticos. Isso se traduz em introduzir objetivos de
natureza conceitual, procedimental e valorativa, em relação aos conteúdos curriculares;
transformar o saber científico ou tecnológico em conteúdos formativos; selecionar e
organizar conteúdos de acordo com critérios lógicos e psicológicos, em função das
características dos alunos e das finalidades do ensino; utilizar métodos e procedimentos
de ensino específicos, inserindo-os em uma estrutura organizacional em que participe de
decisões e ações coletivas. (MANFREDI, 2002).
Assim, no que diz respeito ao processo formativo dos alunos, trabalhar o
conhecimento significa proceder à mediação entre os significados do saber no mundo
atual e aqueles dos contextos nos quais foram produzidos e, ainda, demonstrar a conexão
entre a atividade de pesquisa e seus resultados, ou seja, instrumentalizar os alunos no
próprio processo de pesquisar.
Contemporaneamente, o professor deixa de ser a única fonte legítima de
conhecimento para seu aluno. Talvez este seja mais hábil e mais rápido para ir à internet
buscar inúmeras informações! Mas enquanto isso acontece fortalece-se o papel que o
professor sempre teve de ajudar o aluno a dar sentido às informações, avaliando,
criticando, compreendendo, julgando a pertinência e aplicando-as na vida prática. Isso
terá cada vez mais impacto sobre a atividade docente. O professor não precisa ser a
única fonte de conhecimentos para legitimar-se entre os alunos. Os conhecimentos
podem vir da internet, da televisão, do vizinho, da prática social, do trabalho. Mas o
sentido que esses conhecimentos podem constituir é algo que esse professor pode e deve
trabalhar.
Assim, entendemos que a finalidade primordial da escolarização é a
aprendizagem, que esta é resultado do processo de mediação docente com os alunos,
articulada com o contexto sócio-cultural, propomos um processo de reflexão sobre
nossas práticas pedagógicas. Esta reflexão tem como objetivo buscar melhorias no
ensino aprendizagem.
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PARTE 1
1. SITUANDO A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
1.1. ENSINO MÉDIO INTEGRADO – EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Na sociedade capitalista em que vivemos, a crise da escola, e da educação
profissional não é novidade. Cogitam-se mudanças com relação aos conteúdos
curriculares e aos métodos de ensino nas escolas, indagando-se:
Qual é o modelo educativo que motiva, ou não, os nossos estudantes a empenhar-
se em seus estudos?
Por que os saberes que lhes são transmitidos não os ajudam, ou ajudam, a
compreender o tipo de mundo em que eles vivem?
Existe perspectiva de emprego para os recém formados de nossas escolas?
BARCELONA (2006).
Para maior compreensão, é importante que analisemos algumas conceituações:
Etimologicamente, a origem de trabalho é o tripalium, é tortura, sofrimento.
Marx distingue o trabalho como um valor intrínseco à vida humana e ao
conhecimento que ele proporciona ao homem na relação que o mesmo faz com a
natureza, consigo mesmo e com os demais homens, como um princípio de cidadania.
Isso no sentido de direito à participação legítima nos benefícios da riqueza social
Podemos partir destas indagações para compreendermos a
relação que se estabelece entre o “mundo do trabalho” e a “formação
profissional” necessária para atender às atuais demandas do mundo do
trabalho?
8
acumulada historicamente e contra as formas de trabalho alienantes, de exploração do
trabalhador, presentes na produção capitalista. Assim o conceito de mundo de trabalho
inclui tanto as atividades materiais produtivas, como todos os processos de criação
cultural que se geram em torno da reprodução da vida. Evoca-se com isso o universo
complexo que, às custas de enorme simplificação, reduzimos a uma das suas formas
históricas aparentes, tais como a profissão, o produto do trabalho, as atividades laborais,
fora da complexidade das relações sociais que estão na base dessas ações. Apenas,
enfocando o trabalho na sua particularidade histórica, nas medições específicas que lhe
dão forma e sentido no tempo e no espaço, podemos apreendê-lo ou apreender o mundo
do trabalho na sua historicidade, seja como atividade criadora, que anima e enobrece o
homem, ou como atividade aviltante, penosa ou que aliena o ser humano de si mesmo e
dos produtos de seu trabalho (CIAVATTA, 2004).
É a partir desta distinção básica que entendemos o trabalho como princípio
educativo. Ter o trabalho como princípio educativo implica referir-se a uma formação
baseada no processo histórico e ontológico de produção da existência humana, em que a
produção do conhecimento científico é uma dimensão.
O trabalho como princípio educativo situa-se em um campo de preocupações com os vínculos ente vida produtiva e cultura, com o humanismo, com a constituição histórica do ser humano, de sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. Situa-se no campo de preocupações com a universalidade dos sujeitos humanos, com a base material (a técnica, a produção, o trabalho), de toda atividade intelectual e moral, de todo processo humanizador (ARROYO, 1998, p.152).
Assim, a ação educativa não deve ser centrada na qualificação do trabalhador, mas,
superar o consenso da teoria do capital humano por um outro pautado na relevância da
formação da totalidade das dimensões humanas. Devemos entender que, tomar o trabalho
como princípio educativo não significa sucumbir as propostas que articulam escola e
produção ou à proposta das escolas ativas, Pelo contrário, como afirma Kuenzer (2005), a
finalidade da escola que unifica cultura e trabalho é a formação de homens desenvolvidos
multilateralmente, que articulem à sua capacidade produtiva as capacidades de pensar, de
estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige.
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Esta afirmação nos remete à escola única do trabalho como a proposta a ser
defendida a partir da ótica dos trabalhadores, com base em Gramsci: a escola unitária, ou
de formação humanista ou de cultura geral deveria se propor a tarefa de inserir os jovens
na atividade social, depois de tê-los levado a um certo grau de maturidade e capacidade, à
criação intelectual e prática e a uma certa autonomia na orientação e na iniciativa
(PARANÁ, 2005).
Na verdade, todo sistema educacional se estrutura a partir da questão do trabalho, pois o trabalho é a base da existência humana, e os homens se caracterizam como tais na medida em que produzem sua própria existência, a partir de suas necessidades. Trabalhar é agir sobre a natureza, agir sobre a realidade, transformando-a em função dos objetivos, das necessidades humanas. A sociedade se estrutura em função da maneira pela qual se organiza o processo de produção da existência humana, o processo de trabalho (SAVIANI, 1986, p.14).
Partindo do pressuposto que o trabalho é a base da existência humana, então,
devemos indagar como é produzida essa existência humana, por intermédio do trabalho
na especificidade do modo capitalista de produção, pois, sabemos que são muitas as
angústias e incertezas dos jovens em relação ao trabalho, ao aumento das formas de
marginalismo profissionais, o desemprego a precarização nas relações de trabalho, as
novas valorizações de padrões tanto de trabalho, quanto de consumo.
O compromisso com uma educação profissional adequada aos interesses dos que
vivem do trabalho, ao tomar como princípio educativo o trabalho, implica em desenvolver
um percurso educativo em que estejam presentes e articuladas as duas dimensões, a
teórica e a prática, em todos os momentos da formação, contemplando ao mesmo tempo
uma sólida formação científica e a formação tecnológica de ponta, ambas sustentadas em
um consistente domínio das linguagens e dos conhecimentos sócio-históricos. Isto
significa afirmar que a proposta político-pedagógica terá como finalidade o domínio
intelectual da tecnologia, a partir da cultura, permitindo ao aluno dos cursos de formação
profissional, com base na formação em nível médio, compreender os processos de
trabalho e em suas dimensões científica, tecnológica e social, como parte das relações
sociais.
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Neste sentido, Ciavatta (2005, p.95) nos apresenta os seguintes questionamentos:
-Como cada instituição se reconhece no torvelinho das transformações aceleradas em
curso?
-Como professores e alunos se reconhecem em meio às contradições entre o que
esperam, o que desejam e o que conseguem fazer?
-Como você analisa as transformações do mundo do trabalho e, de modo especial, a
educação profissional ?
1.2. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
LDB Nº 9. 394/96 E O DECRETO Nº 5.154/2004
A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº 9.394, de 20 de
Dezembro de 1996) estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e define que a
educação abrange processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Esta lei
disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do
ensino, em instituições próprias, determina também que a educação escolar deverá
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
Em se tratando dos Princípios e Fins da Educação Nacional, esclarece que a
educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Quanto ao Ensino Médio prevê que uma vez atendida a formação geral do educando,
poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. Já a Educação Profissional,
integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz
ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
O Decreto nº 5.154 de 23 de julho de 2004 que regulamenta o § 2º do art. 36 e os
arts.39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, o qual prevê que uma das
formas de “articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino
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médio dar-se-á de forma integrada (Art.4º Par.1º Inc.I), isto é, a educação geral deve ser
parte inseparável da educação profissional em todos os campos onde se dá a preparação
para o trabalho: seja nos processos produtivos, seja nos processos educativos como a
formação inicial, como o ensino técnico, tecnológico ou superior.
Os cursos técnicos de nível médio proporcionarão formação específica sem
comprometimento da formação geral em 3200 horas (correspondente a quatro anos),
reservando-se para a segunda às 2400 horas.
Essa nova legislação possibilitou conceber propostas curriculares considerando a
necessária articulação entre as diferentes dimensões do trabalho de formação profissional
do cidadão/aluno, na perspectiva da oferta pública da educação profissional técnica de
nível médio, enfatizando o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia, como princípios
fundadores da organização curricular integrada ao ensino médio.
1.3. A POLÍTICA DE RETOMADA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA REDE
PÚBLICA ESTADUAL
A SEED - PARANÁ, através do Departamento de Educação Profissional, assumiu
o compromisso com uma política de educação profissional que tem o trabalho como
princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica, e a
articulação entre trabalho manual e intelectual a partir do processo produtivo
contemporâneo, com todas as contradições daí decorrentes para os processos de formação
humana no e para o trabalho.
A política de retomada da Educação Profissional na Rede Pública Estadual
incorpora o reconhecimento de que a educação para o trabalho é fator que contribui de
forma expressiva para a inserção do cidadão/aluno no mundo do trabalho produtivo
moderno. No entanto, esta possibilidade não dispensa o acesso aos conhecimentos
científicos tecnológicos e sócio históricos próprios da formação geral pela via escolar
pública como forma de assegurar a apreensão destes conhecimentos que, são produzidos
de forma coletiva e, por esta característica precisam ser também compartilhados, sendo a
escola pública a instituição que possui historicamente esta função – posição assumida,
defendida e disseminada pelo Departamento de Educação Profissional.
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Segundo o dicionário Globo, integrar significa completar, inteirar, portanto,
tornar íntegro, tornar inteiro, assim, no caso da formação integrada ou do ensino médio
integrado ao ensino técnico, a educação geral deve se tornar parte inseparável da
educação profissional em todos os campos onde se dá a preparação para o trabalho: seja
nos processos produtivos, seja nos processos educativos como a formação inicial, como
o ensino técnico, tecnológico ou superior.
A premissa que orienta o projeto do ensino médio integrado à educação profissional é a de centralizar e aprofundar o caráter humanista, próprio do ato de educar, desconstruindo o parâmetro colonialista que norteia a relação entre educação e educação profissional no contexto de um desenvolvimento econômico internacionalizante. (FERREIRA e GARCIA, 2005, p.167).
Assim um currículo integrado pode ser compreendido como aquele próprio de
todo ensino médio, pois como bem destaca Ramos (2004), “o objetivo não é a formação
de técnicos, mas a formação de pessoas que compreendam a realidade e que possam
também atuar como profissionais”
A proposta de integração tem como objetivo a formação humana. Isto implica
formar as pessoas (cidadãos/trabalhadores) para compreenderem a realidade para além
de sua aparência fenomênica. Por realidade compreendemos aqui tanto as relações
sociais em geral quanto os processos de trabalho que envolvem o trabalhador e dele
requerem uma ação “competente”.
Os indivíduos devem ser formados de maneira que corresponda a divisão social
do trabalho na ação de executar, pensar, dirigir e planejar. Trata-se de superar a redução
da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional, simplificado, escoimado dos
conhecimentos para avançar-se na sua gênese científico-tecnológica e na sua
apropriação histórico-social. Como formação humana, o que se busca é garantir ao
indivíduo o direito de uma formação completa para a leitura do mundo e para a atuação
como cidadão pertencente a um país, integrado dignamente à sua sociedade política,
formação que, neste sentido, supõe a compreensão das relações sociais subjacentes a
todos os fenômenos. Os indivíduos devem receber formação de maneira que
correspondam às necessidades do mundo do trabalho permeado pela presença da ciência
e da tecnologia como forças produtivas, geradoras de valores, fontes de riquezas e
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gênese da exclusão de grande parte da humanidade relegada às atividades preconizadas,
ao subemprego, à perda dos vínculos comunitários e da própria identidade.
Nenhum expoente da Revolução Científica jamais afirmou que a libertação do homem pudesse ser confiada à ciência e à técnica enquanto tais: a restauração do poder humano sobre a natureza, o avanço do saber só têm valor se realizados num contexto mais amplo que concerne em conjunto e simultaneamente à religião, à moral, à política. Assim, podemos dizer que a emancipação humana se faz na totalidade das relações sociais onde a vida é produzida. (ROSSI. 2000, p. 15).
A integração entre o ensino médio e o ensino técnico pode atuar, também, como
compromisso ético-político de preparação dos jovens das classes trabalhadoras para
ganhar autonomia faces ao mundo do trabalho e para ter condições de prosseguir os
estudos (Ramos, 2004).
A partir de 2003 a política estabelecida para a Rede Estadual inicia não só o
processo de retomada da oferta pública e gratuita da formação para o trabalho, mas
assume a concepção de ensino e currículo em que o trabalho, a cultura, a ciência e a
tecnologia constituem os fundamentos sobre os quais os conhecimentos escolares devem
ser trabalhados e assegurados, na perspectiva da escola unitária e de uma educação
politécnica, favorecendo assim, a formação do cidadão/trabalhador, que precisa ter
acesso ao saberes técnicos e tecnológicos requeridos atualmente. A educação básica de
nível médio, tomado como direito social universal de todo cidadão, é indissociável da
formação profissional.
Os critérios adotados para a definição da expansão da oferta dos cursos foram os
de priorizar a política de desenvolvimento sócio econômico do Estado e a vocação
econômica das regiões, considerando também, o provimento de recursos materiais e
humanos, a reestruturação curricular dos cursos com o objetivo de favorecer a formação
do cidadão/aluno/trabalhador .
O Decreto nº 5.154/04 possibilitou conceber propostas curriculares considerando
a necessária articulação entre as diferentes dimensões do trabalho de formação
profissional do cidadão/aluno, na perspectiva da oferta pública da educação profissional
técnica de nível médio, enfatizando o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia, como
princípios fundadores da organização curricular integrada ao ensino médio buscando o
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ensino público, gratuito e de qualidade dando ao aluno condições para a sua inserção ao
mundo do trabalho e também de prosseguimento aos seus estudos a nível superior.
A formação integrada entre o ensino geral e a educação profissional ou técnica (educação politécnica ou, talvez, tecnológica) exige que se busquem os alicerces do pensamento e da produção da vida além das práticas de educação profissional e das teorias da educação propedêutica que treinam para o vestibular. Ambas são práticas operacionais e mecanicistas, e não de formação humana no seu sentido pleno. (CIAVATTA. 2005, p.94)
A SEED, através do Departamento de Educação Profissional, assumiu o
compromisso com uma política de educação profissional que tem o trabalho como
princípio educativo, princípio este que considera o homem em sua totalidade histórica, e
a articulação entre trabalho manual e intelectual a partir do processo produtivo
contemporâneo, com todas as contradições daí decorrentes para os processos de
formação humana no e para o trabalho.
Afirma Küenzer (1988, p.126) a finalidade da escola que unifica cultura e
trabalho é a formação de homens desenvolvidos multilateralmente, que articulem à sua
capacidade produtiva as capacidades de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar
quem dirige.
A concepção de educação profissional no Paraná, implementada a partir de 2003,
assume uma concepção para essa modalidade que rompe com a dimensão que a articula
diretamente ao mercado de trabalho e a questão da empregabilidade e laboralidade,
assumindo compromisso com a formação humana dos alunos, a qual requer a apreensão
dos conhecimentos científicos, tecnológicos e histórico-sociais pela via escolarizada.
O papel da escola no ensino profissional deve levar em conta a visão que os
alunos têm de si mesmos, das possibilidades de inserção social e laboral que o mundo
externo lhe oferece e das modalidades formativas oferecidas pela escola. O que exige
um processo de diálogo e de conscientização dos alunos e de suas famílias sobre as
próprias expectativas e sua possível realização. Há que se dar ao aluno horizontes e
captação do mundo além das rotinas escolares, dos limites do estabelecimento e do
normatizado, para que ele se aproprie da teoria e da prática que tornam o trabalho uma
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atividade criadora, fundamental ao ser humano. Assim se gera o conhecimento, a ciência
e a cultura como parte do aperfeiçoamento que a atuação sobre a natureza produz.
ALTERNATIVAS PARA ANÁLISE
As tecnologias mudam nossas vidas, ameaçam nossas crenças, tiram nossas
certezas, na sociedade da informação e do conhecimento ocorrem mudanças
significativas na forma de ensinar e produzir, educadores e empresários devem discutir
esse impacto e o papel da escola na constituição de relações sociais mais justas e como
poderemos a partir da inclusão tecnológica evitar a exclusão social.
Concorda professor?
A educação de jovens e adultos não pode ser reduzida às necessidades estritas do
mercado de trabalho, ela não pode ser alheia às necessidades de sobrevivência dos
jovens e às exigências da produção econômica, como campo de onde os sujeitos sociais
retiram sua sobrevivência. Em conseqüência, os estudos locais, a identificação das
oportunidades ocupacionais não é um dado desprezível, pelo contrário, é parte do
processo educativo de desenvolvimento de competências cognitivas complexas.
O desenvolvimento de competências cognitivas complexas e de relacionamento, tais como análise, síntese, estabelecimento de relações, criação de soluções inovadoras, rapidez de resposta, comunicação clara e precisa, interpretação e uso de diferentes formas de linguagem, capacidade para trabalhar em grupo, gerenciar processos para atingir metas, trabalhar com prioridades, avaliar, lidar com as diferenças, enfrentar os desafios das mudanças permanentes, resistir a pressões, desenvolver o raciocínio lógico-formal aliado à intuição criadora, buscar aprender permanentemente, e assim por diante. (KUENZER, 2007)
Portanto, o que aumenta a possibilidade de empregabilidade no mundo de hoje é
a ênfase nas habilidades básicas e gerais. Têm grande importância a capacidade de
análise, a capacidade de resolver problemas, a capacidade de tomar decisões e,
sobretudo, ter flexibilidade para continuar aprendendo.
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Como podemos então, professor, viabilizar em nosso currículo o
desenvolvimento dessas competências cognitivas complexas?
Sabemos que as grandes alterações econômicas, sociais, tecnológicas e culturais
a que temos assistido se refletem diretamente na escola, aumentando nossas
responsabilidades quanto à forma de conduzir o ensino-aprendizagem. Os professores
contribuem com seus saberes, seus valores suas experiências na complexa tarefa de
melhoria da qualidade do ensino aprendizagem. O desafio posto é proporcionar aos
jovens um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que
adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo do trabalho contemporâneo.
Você consegue trabalhar integrando conteúdos da sua disciplina do núcleo comum
com a educação profissional e vice-versa. De que forma? Cite exemplos.
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PARTE 2
2. COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO
2.1.BREVE RETROSPECTO HISTÓRICO
DIOGO ANTÔNIO FEIJÓ, foi sacerdote, político e professor. Por sua
dedicação ao ensino no Brasil foi escolhido como patrono do Ginásio
Regente Feijó, através do diário oficial nº 5.052 de 05/03/1927.
A aula inaugural foi ministrada no dia 1º de abril de 1927.
Em 1990 o prédio, em estilo neoclássico, foi tombado pelo
patrimônio histórico do Paraná.
Este Colégio tem como meta à educação dos jovens para que
possam desfrutar dos benefícios do progresso e viver numa sociedade onde
impere a justiça social e a honestidade.
Atualmente denomina-se COLÉGIO ESTADUAL REGENTE
FEIJÓ – ENSINO MÉDIO E PROFISSIONAL, atendendo 2.740 alunos nos três
turnos.
Ilustres pessoas estudaram neste tradicional educandário,
deixando marcas enaltecedoras de trabalho, esforço e dedicação, ocupando
ontem e hoje, cargos significativos na vida pública brasileira.
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2.2. FLASHES DE REPRESENTAÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS NA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO
DO COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ.
2.2.1. Conhecendo Melhor os Alunos e Professores do Curso Técnico em Secretariado
Através de uma sondagem realizada no 2º semestre de 2007, no Curso Técnico
em Secretariado do Colégio Estadual Regente Feijó Ponta Grossa – PR, envolvendo 08
professores e 34 alunos do 3º ano do referido curso, constatamos o seguinte: apenas uma
aluna é repetente do Ensino Médio. Isto demonstra uma fluidez na demanda do curso;
75% dos professores entrevistados atuam em cursos técnicos de 01 a 10 anos e 25% de
11 a 20 anos, ficando, assim constatado que são profissionais com experiência suficiente
para atuarem no curso.
O gráfico abaixo nos apresenta um comparativo entre as preferências de
professores e alunos quanto às práticas pedagógicas mais relevantes para o curso.
GRÁFICO 1
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS APONTADAS COM MAIS RELEVANTES PARA PROFESSORES E ALUNOS
0%20%40%60%80%100%120%
Palestras
Sem
ana do
Secretariado
Trabalhos
individuais ou
em grupo
Visitas às
empresas
Outras
Alunos
Professores
Fonte: Sondagem realizada no Colégio Estadual Regente Feijó através de questionário respondido por alunos e professores – 2007.
Analisando o gráfico 1, percebemos que as práticas: palestras, Semana do
Secretariado e trabalhos individuais ou em grupo foram as mais citadas pelos professores
e alunos e por este motivo daremos um destaque maior para as mesmas, fazendo um
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estudo no sentido da sua forma de aplicação ser ressignificada para a melhoria do
processo ensino aprendizagem.
Quando perguntamos o motivo de estar fazendo o curso, 67% responderam que
estão fazendo o curso porque se identificam com ele; 11% porque os pais querem que
façam e 22% concentraram suas respostas na área para preparação profissional como
ficou demonstrado, segundo suas representações:
-Porque é uma coisa a mais que o ensino médio normal.
-Pois eu penso que este curso abre as portas para começar minha
carreira.
-Este curso, é bom ter porque você tem um bom item para o currículo
que melhora futuramente sua vida profissional.
-Para obter conhecimento, para ingressar no mercado de trabalho.
-Por obter mais chances no mercado de trabalho, ter um
diferencial dos alunos que fazem apenas o Ensino Médio.
-Por ser um curso profissionalizante me oferece mais chance de
entrar no mercado de trabalho, diferenciando dos alunos do
Ensino Médio.
-Para ter grande chance de trabalho e outros benefícios positivos
para a carreira profissional.
Em relação às nossas práticas pedagógicas e as que os
alunos consideram importantes, será que temos condições de
atendermos mais os nossos alunos? De que maneira?
20
Através desta sondagem, pudemos também perceber que as expectativas em
relação ao preparo para o mundo do trabalho e também para continuar os estudos em
nível de 3º grau. são grandes, 62% desejam fazer um curso universitário e 38% que
almejam somente o preparo para o mundo do trabalho.
GRÁFICO 2
Disciplinas que os alunos encontram mais dificuldades
26%
12%
12%
3% 3% 3%
41%
Bio lo gia
Inglês
Matemática
Adminis tra ção dema te ria is
P rá tic a des ecre tariado
Adminis tra çãofinanceira
F ís ic a
Fonte: Sondagem realizada no Colégio Estadual Regente Feijó através de questionário respondido pelos alunos do 3º ano do Curso Técnico em Secretariado – outubro de 2007.
Segundo os alunos que responderam ao questionário, a concentração de
dificuldades na disciplina de Biologia, justifica-se pelo acúmulo de matéria a ser
O estudo e o mundo do trabalho
Veja professor como é importante estarmos contextualizando nossos
conteúdos em relação à prática profissional e o mundo do trabalho.
21
trabalhada pelo professor, visto que esta disciplina não é contemplada na grade
curricular da primeira série.
GRÁFICO 3
Dificuldades encontradas pelos professores para trabalhar no Curso Técnico em Secretariado
25%12%
13%
25% 25%
Elevado nº de alunos em salade aula
Falta de interesse dos alunos
Falta de livro didático específicopara o curso
Falta de material para aulaprática
Alunos despreparados
Fonte: Sondagem realizada no Colégio Estadual Regente Feijó através de questionário respondido por professores – 2007.
Na questão: “O que é fundamental para melhorar significativamente o curso”, os
professores, cada um com mais de uma respostas, fizeram as suas colocações da seguinte
maneira:
-Mais material para o uso dos professores e alunos- 25%
-Mais reuniões com professores do Curso, para discussões sobre assuntos pedagógicos-
25%
-Maior comprometimento por parte de professores e alunos- 25%
-Professores mais capacitados nas disciplinas da parte diversificada do curso (formação
profissional)- 25%
-Turmas menores- 13%
-Maior interdisciplinaridade- 13%
-Estágio na grade curricular do Curso- 13%
-Laboratório de informática melhor equipado- 13%
-Palestras que valorizem o ser humano, a vida e a educação- 13%.
22
PROFESSOR!
Apresentamos anteriormente vários itens que segundo alguns professores
melhoraria significativamente o curso. O que poderíamos fazer para disponibilizá-los a
curto e médio prazo?
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Finalmente os computadores novos chegaram no Colégio ( final de 2007). Você
tem a intenção de usá-los com os alunos em sua aula? Como?
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_______________________________________________________________________
Quando perguntamos sobre a importância da disciplina que o professor trabalha
no Curso, todos responderam que a sua disciplina é importante e justificaram da seguinte
forma (segundo suas representações):
-A matemática é importante para a vida e para o dia-a-dia.
-Educação Física, porque trabalha com o corpo e a mente.
- Língua Portuguesa: é de suma importância, pois, a língua deve
ser levada ao conhecimento de forma atualizada, com linguagem
simples e de fácil entendimento.
-Gestão de Pessoal: a disciplina está relacionada com o trabalho a
ser executado na empresa.
-Psicologia: porque faz com que o aluno saiba se relacionar consigo
mesmo e com as pessoas, respeitando a personalidade de cada
indivíduo.
23
-Prática de Secretariado: é o “carro chefe do Curso”, faz com que o
aluno tenha uma noção de quais são as atividades e atribuições de
sua função.
-Cerimonial e Protocolo: é a alma do Secretariado, pois, desenvolve
os alunos em todos os sentidos.
-Legislação Profissional: leva o aluno ao conhecimento da
legislação na cidadania.
Sabemos que todas as disciplinas contempladas na grade curricular são de
máxima importância para os educandos, cabe ao professor, com criatividade e bom
senso encaminhar os seus conteúdos de forma a atender às necessidades do
aluno/cidadão em relação ao mundo do trabalho, aos seus prosseguimentos nos estudos,
enfim ao seu desenvolvimento e realização pessoal e profissional.
Segundo a sondagem realizada, os alunos responderam que gostariam de ter mais
conteúdos sobre: etiqueta e postura, economia, política, atualidades, informática
empresarial, redação etc.
Professor, existe a possibilidade de inserir alguns destes conteúdos que os alunos
gostariam de ter, na sua disciplina de atuação? Quais? De que maneira?
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Em relação à pergunta: você conhece alguém que fez o Curso Técnico em Secretariado
neste colégio?
68% responderam sim; 32% responderam não; aos que responderam sim, perguntamos:
essa pessoa está atuando? 29% responderam sim; 44% responderam não.
Estas respostas confirmam que os cursos técnicos, de modo geral, não dão aos
alunos a garantia de emprego, cabe a cada aluno esta conscientização e o esforço pela
24
conquista da sua colocação profissional, o que se consegue em sua grande maioria pelo
conhecimento, pela postura, pela ética, pelas relações inter e intra pessoais entre outros
atributos pessoais, sociais, econômicos e culturais.
2.3. SEMANA DO SECRETARIADO
Com relação à III Semana do Secretariado (2007) intitulada como “Trabalho e
Qualidade de Vida” realizada nas dependências do Colégio Estadual Regente Feijó, no
período de 25 a 28 de setembro de 2007, responderam ao questionário 16 alunos do 2º
ano e 20 alunos do 3º ano, totalizando, portanto, um universo de 36 alunos, e
entrevistamos 07 professores do curso. Os resultados alcançados foram os seguintes:
Professores: 100% responderam que este evento deve continuar acontecendo no Curso
Técnico em Secretariado, porque (segundo suas representações): os alunos
aprendem mais; agrega conhecimentos positivos às futuras
secretárias e aos futuros secretários; é importante para a
complementação curricular; promove reflexões sobre temas
diferentes dos vivenciados em sala de aula; propicia uma
integração entre alunos de diferentes turnos, fortalece o
grupo e valoriza o curso. Enfim, segundo os professores, “tudo que propicia
conhecimento é sempre proveitoso.”
Todos os professores da amostra declararam que a “Semana do
Secretariado” deve continuar acontecendo, os alunos também apreciam este
acontecimento e se sentem beneficiados com o mesmo. Então o que está
faltando para que todos participem mais ativamente da elaboração deste
acontecimento contribuindo assim para diminuir os aspectos negativos.
25
PARTICIPAÇÃO
GRÁFICO 4 GRÁFICO 5
Fonte: Sondagem realizada no Colégio Estadual Regente Feijó através de questionário respondido por professores e alunos – 2007.
Analisando os gráficos acima, percebemos que muitos professores e alunos não
participam ativamente da Semana do Secretariado, embora alguns professores tenham
declarado que gostariam de aumentar a sua participação e que isto se daria através de
uma maior integração com a coordenação do Curso.
Cite alternativas para que haja maior interação entre coordenação, professores e
alunos, oportunizando participação mais ativa de todos os envolvidos, resultando, assim,
em melhorias para o evento.
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_______________________________________________________________________
PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NA "III SEMANA DO SECRETARIADO"
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Som
ente com
oouvinte Ativa
Desinteressada
Ausente
26
Entre os alunos que responderam o questionário, 78% afirmaram que os assuntos
tratados nas palestras foram condizentes com o curso e colaboraram de alguma forma
para o seu crescimento pessoal, sócio-cultural, e profissional e justificaram da seguinte
forma: Assuntos novos, palestras direcionadas para a mulher,
importância da mulher, beleza; auto-estima, DST, administração,
palestras voltadas mais para o lado pessoal.
Já 17%, gostariam que os assuntos tratados nas palestras fossem mais sobre
contabilidade e 5% não responderam.
Com relação a outros assuntos que deveriam ser tratados nessa semana obtivemos as
seguintes respostas por ordem de preferências:
Mercado de trabalho e primeiro emprego – 53%
Etiqueta social - 14%
Tendências da moda – 11%
Postura e ética – 11%
Atualidades – 8%
Saúde – 3%
MELHORES ACONTECIMENTOS DA SEMANA DO SECRETARIADO PARA
OS ALUNOS
Palestras – 94%
Desfile de modas para secretária – 36%
Apresentações culturais e artísticas – 22%
Interação entre as turmas de turnos diferentes – 3%
Nenhum – 6%
AVALIAÇÃO
Segundo os professores esta Semana tem muitos aspectos positivos, pois, permite
ao aluno adquirir novos conhecimentos, promove reflexões sobre temas diferentes dos
vivenciados em sala de aula, proporciona integração entre os alunos de diferentes turnos,
propicia conhecimentos. Como aspecto negativo os professores relataram que eles
poderiam ter participado mais.
27
Alunos: 44% dos alunos responderam que a programação da “Semana” correspondeu
às suas expectativas, porque (conforme às suas representações) o curso foi bom e
bem organizado com uma programação dinâmica, as palestras
foram produtivas favorecendo a aprendizagem de conteúdos
interessantes e novos; os outros 56% acharam que deixou um pouco a desejar,
pois, gostariam que tivesse mais palestras com assuntos relacionados diretamente à
profissão de Secretária.
O SETOR DO MERCADO DE TRABALHO
Nosso interesse também se dirigiu a representantes da comunidade, diretamente ligados ao setor do mercado competitivo, pois, consideramos suas opiniões relevantes balizando o direcionamento das práticas curriculares específicas da Educação Profissional. a) Comunidade empresarial
Foram entrevistadas 15 pessoas entre elas profissionais liberais e empresários. 01 Dentista 02 Gerentes 01 Técnico Administrativo 01 Técnico Previdenciário 01 Proprietária de loja 01 Presidente do sindicato dos vigilantes 01 Diretor de compras Tempo de atuação nesta área de trabalho De 01 a 10 anos – 5 pessoas De 20 a 22 anos – 3 pessoas Quando perguntamos sobre o nível de importância da secretária dentro da empresa, obtivemos as seguintes respostas justificadas: -Um nível de extrema importância, porque é a pessoa que direciona os compromissos de maiores importâncias e de prioridades para o desenvolvimento do trabalho do gerente e bom andamento da empresa; -É muito importante para o primeiro contato com o paciente quer por telefone ou pessoalmente, é necessário também, para a organização de arquivos, agendamentos, informações gerais sobre horários, valores etc.
28
-Atua como organizadora, tem total importância para administrar horários e compromissos; -É de grande importância, agiliza o trabalho, organiza horários, agenda compromissos; -Agiliza o trabalho do executivo, organiza horários; -A secretária é a peça-chave de uma empresa, pois, é ela quem faz quase tudo; -Que possa me ajudar em minhas responsabilidades, que esteja a altura de seu conhecimento; -A secretária tem um papel muito importante muna empresa, porque ela organiza o dia-a-dia do seu superior “patrão”, administrando ele em funções que tomam muito tempo. No que diz respeito ao perfil que uma pessoa precisa ter para ser um(a) secretário(a) (de nível médio) ideal para atuar em uma empresa, as resposta foram as seguintes por ordem de prioridades: eficiente; simpática; comunicativa; responsável; organizada; boa aparência; ética; dinâmica; honesta; criativa; dedicada; pontual; discreta; ter espírito de equipe; atenciosa. O que não se admite em um (a) secretário (a)? Aparece em 1º lugar atrasos depois desorganização, falta de comunicação, não comprimento das tarefas determinadas, desonestidade, falsidade, mau atendimento, falta de interesse no trabalho, falta de conhecimento, mau humor, falta de comprometimento, inconveniência, indiscrição, fofocas, falta de ânimo, irresponsabilidade, indisciplinada, mau relacionamento com funcionários e patrão. b) Secretárias
Foram entrevistadas 15 secretárias entre elas 05 concluíram o Curso Técnico em Secretariado. 86% assessoram entre 01 a 10 executivos; 7% entre 10 e 20 e 7% entre 20 e 30 executivos. 46% responderam que o que mais lhes agrada nesta função é a importância (status) do seu papel na empresa; 27% gostam de organizar e coordenar informações e projetos e 27% gostam dos relacionamentos.
29
Quanto às dificuldades mais significativas encontradas nesta função, ficaram, assim enumeradas: 1º. Manter-se atualizada em tecnologias – 47% 2º. Aumento da carga de trabalho – 33% 3º. Equilíbrio entre família e trabalho – 20% No que diz respeito às áreas de responsabilidades que aumentaram mais nos últimos 5 anos 86% responderam gerenciar e coordenar o escritório e informações; 7% planejamento de reuniões e 7% administração de projetos a longo prazo. Quanto ao grau de importância sobre os desafios diários, aparece em 1º lugar lidar com pessoas difíceis e diferentes personalidades com 67% contra 33% para coordenar múltiplas prioridades. As ferramentas tecnológicas mais utilizadas para aumentar a produtividade, oferecidas pelo empregador, foram as seguintes citadas por ordem: Computadores mais potentes; gravador de CD; copiadora digital; impressora colorida; scanner; internet; novos softwares; celular; notebook; câmera digital. O presente levantamento por amostragem dos diretamente envolvidos no Curso Técnico em Secretariado: professores, alunos, secretárias e empresários, nos deu um parâmetro de que o processo que estamos desenvolvendo já tem indícios satisfatórios. Sabemos que algumas coisas podem ser modificadas com a ressignificação das práticas pedagógicas.
3. SUGESTÕES PARA RESSIGNIFICAR AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes.
Albert Einstein
Por que ressignificar? Como você sabe, na contemporaneidade urge a
necessidade de revisão e ressignificação de certas práticas
pedagógicas. O professor precisa assumir uma postura
comprometida e sintonizada com teorias e metodologias que o
levem a trabalhar considerando a complexidade da realidade social,
O termo ressignificação vem de re + significar, que pode ser entendido como significar outra vez; dar outra vez significado; tornar a significar; conferir novo significado.
30
econômica, tecnologica e cultural em que vivemos. Enfim, pensar a ressignificação da
prática docente, a partir de uma reflexão sobre a sua própria ação e o aprendizado do
aluno.
No questionário de levantamento aplicado (ver gráfico1, p.18) as práticas
pedagógicas mais significativas para professores e alunos foram: palestras, Semana do
Secretariado, trabalhos individuais e em grupo. Sobre essas práticas é que focalizamos
a nossa reflexão afim de torná-la mais efetivas no processo ensino aprendizagem pela
ação interdisciplinar e contextualizada, princípios integradores do currículo.
3.1. A INTERDISCIPLINARIDADE
Talvez o primeiro passo para a interdisciplinaridade
seja a boa-vontade, a idéia de desarmar resistências em
relação aos feudos disciplinares. Quanto mais o professor
se aprofunda na sua disciplina, mais percebe as ligações dessa disciplina (como objeto e
como método) com outras áreas de conhecimento.
Segundo Santos (SEED, 2007), a interdisciplinaridade favorece a integração
curricular, visto que, estimula a reorganização das áreas do conhecimento, a seleção e a
organização de conteúdos curriculares e a definição de metodologias de ensino-
aprendizagem inovadoras, ainda, subsidia a transformação de uma organização
curricular fragmentada e fragmentária, reprodutora de posições desiguais para saberes de
igual importância, em propostas e projetos pedagógicos que podem ir além das fronteiras
tradicionais entre a chamada formação científica e a tecnológica. Assim, sob os eixos do
trabalho, da ciência e da tecnologia, a integração entre conhecimentos gerais e
específicos irá se constituir ao longo da formação do jovem.
“A metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerça-se no
diálogo e na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir além e exercitar-se
na arte de pesquisar.”(FAZENDA, 1995, p.69).
Através do envolvimento qualificado dos educadores nesse processo de mudança, a
interdisciplinaridade é uma grande aliada para o sucesso das escolas que ofertarem o
31
curso técnico médio integrado, mas está na dependência da construção de atitude
interdisciplinar.
Entendemos por atitude interdisciplinar, uma atitude diante de alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera ante os atos consumados, atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo – ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo – atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio – desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho - atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e com as pessoas neles envolvidas, atitude, pois, de compromisso em construir sempre da melhor forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de revelação, de encontro, enfim, de vida (FAZENDA, 1995, p.82).
Nada melhor para promover a interdisciplinaridade do que um projeto de estudo
e um projeto de trabalho. Projeto é uma forma interessante de integrar disciplinas,
porque significa resolver um problema real ou estudá-lo.
Para que a interdisciplinaridade aconteça devemos, por exemplo, incentivar os
alunos a construírem relações entre os diferentes conteúdos presentes nas diversas
disciplinas do currículo. Conduzir as reflexões para os alunos de forma que percebam
que a ciência também tem uma história, assim como o país, o estado, ou a comunidade.
Mostrar que os problemas ambientais são, ao mesmo tempo, problemas de saúde, de
Química e de Física, além de envolverem a Ecologia e a Biologia como um todo.
EXEMPLO:
Um Projeto de reciclagem do lixo urbano, por exemplo, é interdisciplinar por sua
própria natureza. Em torno dele articulam-se conhecimentos de política, de sociologia,
de psicologia, de geologia, de geografia, de história, de biologia, de química e de física.
32
3.2. A CONTEXTUALIZAÇÃO
O conceito de interdisciplinaridade está relacionado ao conceito de
contextualização enquanto princípios integradores do currículo.
Sob algumas abordagens, a contextualização, na pedagogia, é compreendida como a inserção do conhecimento disciplinar em uma realidade plena de vivências, buscando o enraizamento do conhecimento explícito na dimensão do conhecimento tácito. Tal enraizamento seria possível por meio do aproveitamento e da incorporação de relações vivenciadas e valorizadas nas quais os significados se originam, ou seja, na trama de relações em que a realidade é tecida (RAMOS, p.01, s/d).
Esta abordagem evidencia a importância da perspectiva relacional entre teoria e prática na construção do conhecimento escolar, ou seja, a práxis na dimensão pedagógica. Ainda de acordo com Ramos:
O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância está condicionada à possibilidade de levar o aluno a ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução /apropriação de outros. Em outras palavras, o processo de enraizamento da dimensão explícita do conhecimento na dimensão tácita, não pode levar à cristalização do senso comum. Para promover esse enraizamento, pode ser necessário questionar o conhecimento tácito, reorganizando-se por completo o campo de relações entre ambas as dimensões do conhecimento (RAMOS, p. 02, s/d)
33
Sob este ponto de vista, o aluno deve aprender de
forma significativa e, um dos recursos é relacionar o que
está sendo ensinado com sua experiência imediata ou
cotidiana, motivando-o a entender, dar sentido àquilo que
aprende. Promover uma discussão prévia sobre o tema
conduzirá, por um lado, os alunos a saberem por que e para
que está sendo estudado determinado assunto. Por outro
lado, o professor, perceberá logo no início, o que eles
sabem em relação ao tema; permitindo-lhe, assim, a
planejar mais adequadamente as situações que podem levar os alunos a reformular e a
ampliar seus conhecimentos prévios. É na contextualização que se faz uma sondagem,
de como trabalhar os conteúdos de modo que o aluno dê aos mesmos um sentido
prático.
Por exemplo: Levar o aluno a perceber que o ruído de pneu e a freada do carro
têm a ver com aquela fórmula sobre atrito, explicada em aula pelo professor de Física é
fazer a ponte entre a teoria e a prática, dando sentido à aprendizagem. Um dos contextos
importantes para fazer isso é o da produção de bens e serviços, isto é, o contexto do
trabalho.
De acordo com Aranha e Martins (1997, p.293), “refletir é desdobrar o
pensamento, é pensar duas vezes, é tematizar. É como se trouxéssemos o outro para
dentro de nós: refletir é discutir interiormente”.
Isso se traduz na ação do professor, refletindo antes, durante e depois de sua
prática, sobre os aspectos significativos da aula, do Projeto Político Pedagógico.
Sabemos que as grandes alterações econômicas, sociais, tecnológicas e culturais
a que temos assistido, exigem sensibilidade às mudanças, uma reflexão na forma de
conduzir o processo ensino-aprendizagem concedendo uma atenção especial à formação
do aluno na totalidade das dimensões humanas no que o ser humano tem de mais
profundo e autêntico: a vida a criatividade, sendo necessário hoje à construção de
ATENÇÃO
“O professor deve ter cautela para não empobrecer a construção do
conhecimento em nome de uma prática de contextualização do
mesmo.” SEED (2006).
34
atitudes e comportamentos mais pró-ativos do que reativos, a capacidade de respostas
rápidas e a convicção da necessidade de estudos permanentes.
O professor que insistir no seu papel de fonte e transmissor de conhecimento estará fadado a ser dispensado pelos alunos, pela escola e pela sociedade em geral. O novo papel do professor será o de gerenciar, de facilitar o processo de aprendizagem e, naturalmente, de interagir com o aluno na produção crítica de novos conhecimentos (D’AMBROSIO, 2005, p. 80).
Como nos posicionamos diante dessa afirmação?
Entendemos assim, que se tornam necessárias ações que vislumbrem caminhos
para práticas pedagógicas coerentes às perspectivas atuais de formação e aos princípios
relacionados com a formação integral do aluno/cidadão.
Marx (1997) chama de práxis à ação humana de transformar a realidade. Assim,
o conceito de práxis não se identifica propriamente com a prática, mas significa a união
dialética da teoria e da prática. Ao mesmo tempo em que a consciência (teoria) é
determinada pelo modo como os homens produzem a sua existência, também a ação
humana (prática) é projetada, refletida, consciente.
O homem é um ser da práxis, da ação, pensa sobre a sua ação, a linguagem é
necessária para articular o pensar com a práxis.
Ao confrontar suas ações cotidianas com as produções teóricas, é necessário
rever as práticas e as teorias que as informam, pesquisar a prática e produzir novos
conhecimentos para a teoria e a prática de ensinar. Assim, as transformações das práticas
docentes só se efetivarão se o professor ampliar sua consciência sobre a sua própria
prática, a de sala e a da escola como um todo, o que pressupõe os conhecimentos
teóricos e críticos sobre a realidade, assim, no processo educativo teoria e prática se
associam e a educação é sempre prática intencionalizada pela teoria.
35
3.3. O TRABALHO INDIVIDUAL
No decorrer da vida escolar, trabalhamos com nossos
alunos muitas atividades individuais, como: pesquisas,
apresentações, interpretações de textos, exposições individuais
etc. Mas, será que os nossos alunos sabem estudar? Será que
recebem motivações e incentivos para estudar?
Segundo Matos (1994), estudar é procurar a verdade, o estudo está inserido num
processo de saber, buscar, saber de novo e recomeçar para buscar ainda mais. O objetivo
é aprender, livre de opiniões vulgares e de todo posicionamento inverídico. Um estudo
qualificado leva a pessoa a fundamentar as próprias sentenças e pareceres em fatos e
evidências possíveis de serem comunicáveis a outros. Estudar com seriedade faz com
que as pessoas se tornem ponderadas, abertas, respeitosas frente a outras opiniões e
expressões. O estudo apresenta-se como um fator significativo de aproximação dos
homens e das culturas.
Uma pessoa não precisa ser dotada de uma inteligência extraordinária para
realizar um bom estudo, basta uma inteligência normal e força de vontade, pois, estudar
corresponde a trabalhar e muitas vezes é um trabalho duro, exaustivo. Exige empenho e
muita dedicação. Quem se propõe a estudar deve estabelecer uma hierarquia de valores
em sua vida. E para não perder de vista a realidade concreta, podemos comparar um
estudante a um operário, ele é igualmente sujeito a horários de trabalho, a tarefas
indicadas, a controles e verificações de qualidade. Seria irreal distanciar-se dessas
comuns exigências do mundo do trabalho, apesar de saber que, como estudante, ele
pertence ao pequeno grupo de privilegiados, de operários em condições de trabalhos
excepcionalmente boas.
36
Você já perguntou ao seu aluno se ele:
-Sabe estudar a sua disciplina?
-Sabe extrair as idéias principais de um texto, analisar e discutir sobre elas?
-Sabe fazer uma leitura trabalhada, um resumo, um esquema?
- Estabelece horários para estudar em casa?
- Tem horários predeterminados para o descanso, estudo, lazer e família?
- Tem um lugar específico para estudar e fazer tarefas e trabalhos escolares?
- Estuda em um ambiente com boa ventilação e luminosidade livre de interrupções,
telefone, barulhos que o distraiam?
- Dispõe de material apropriado para começar um estudo ou um trabalho?
- Alimenta-se adequadamente antes de começar a estudar?
- Tem boa saúde?
- Dorme o tempo necessário?
- Em casa é motivado pelos familiares a estudar?
Professor!
Se o seu aluno não recebe de seus familiares motivação para estudar, como você o ajuda a aprender a ser resiliente?
PARA REFLETIR E DISCUTIR COM SEUS COLEGAS DE SUA ÁREA DE CONHECIMENTO
Você já passou para seu aluno alguns procedimentos, métodos e técnicas
para que ele estude com sucesso? Discuta com os colegas de sua área de conhecimento o melhor modo de
ensinar o seu aluno a estudar. Será que o nosso aluno não gosta de estudar ou não estuda porque não sabe
estudar ou não tem condições apropriadas para desenvolver um estudo com êxito? Que poderemos fazer coletivamente?
37
3.4. O TRABALHO EM GRUPO
Trabalhar em grupo implica em compartilhar o processo
de conhecimento. Significa aprender coisas novas com a
ajuda dos colegas. Fazer parte de um grupo que debate
assuntos de interesse e dividir com eles as dúvidas e
descobertas pessoais; aprender a trabalhar junto a outras pessoas, aprender a ouvir, a
respeitar a palavra dos outros. Aprender a fazer parte, a colaborar e a pedir ajuda.
Todo trabalho em grupo deve ser precedido de estudo individual.
A finalidade dos trabalhos em grupo é o estudo coletivo para solucionar diversas
tarefas didáticas, cuja característica principal é enriquecer o estudo individual a partir da
troca de idéias e do debate presentes nas reuniões de estudo e trabalho.
O trabalho em grupo proporciona economia de tempo de estudo, visto que a
distribuição de tarefas (cada um dedica o tempo disponível a uma parte do todo) que,
depois de realizadas, são apresentadas debatidas e sintetizadas.
Segundo Minicucci (2001, p.20), o grupo é entendido como um conjunto de
pessoas que:
São interdependentes na tentativa de realização de objetivos comuns;
a) Visam a um relacionamento interpessoal satisfatório.
b) A busca pela consecução desses objetivos, desenvolve, no grupo, um processo de
interação entre pessoas que se influenciam mutuamente.
No grupo a ajuda é recíproca entre os componentes, mas existem
dificuldades muitas vezes causadas pela diversidade de interesses, de
comprometimento com os desafios derivados de atividades grupais.
Portanto, devemos levar em consideração que: o grupo é formado por
pessoas diferentes sendo importante conhecer essas diferenças. É
Convivência: deve ser democrática, respeitar a palavra dos outros.
38
necessário estabelecer regras mínimas tanto de convivência quanto de
trabalho; eleger um coordenador e respeitá-lo; contar com a assessoria
do professor, mas, tentar solucionar as dificuldades no interior do grupo.
No caso específico de grupo de estudo, é necessário considerar, na hora de
selecionar os integrantes, o tipo de pessoa que gostaria que fizesse parte da equipe. Entre
os critérios deve considerar-se afinidade, disponibilidade e conhecimento do tema.
3.4.1. Técnicas de Trabalho em Grupo (indicação)
As técnicas a seguir foram selecionadas por apresentar um potencial educativo
junto aos adolescentes e jovens do Ensino Médio. Estão detalhadas na obra de Minicucci
Técnicas do Trabalho de Grupo (2001).
SEMINÁRIO
Origina-se do latim sêmen que significa semente, dar origem e ário que quer
dizer lugar. O lugar onde germinam as idéias lançadas (sêmen) é o seminário.
É uma forma de estudo que envolve pesquisa (busca, investigação), discussão e
debate das informações. Compreende a busca de informações sobre um tema
(preparação do trabalho) e, posteriormente, o debate sobre este em plenário.
Esse tipo de atividade pode contribuir para: o trabalho interdisciplinar; a criação
de hábitos de estudo e; a sistematização da busca e do tratamento de informações para
desenvolver trabalhos específicos. Portanto, a prática da atividade precisa ser estimulada
no colégio e no Curso Técnico sem Secretariado.
Outras técnicas de trabalhos em grupo trazemos a seguir e estão baseadas em
Minicucci (2001).
DISCUSSÃO CIRCULAR É um processo de trabalho de grupo que poderá ser utilizado em determinadas
situações de ensino, pois, conduz ao desenvolvimento do raciocínio verbal, pensamento
lógico e preparação oral para dissertações.
Trabalho: cumprir as tarefas estabelecidas
39
GRUPO V.O. (VERBALIZAÇÃO – OBSERVAÇÃO)
Van Bockstle, alicerçado no grupo T (de treinamento) de escola de Bethel,
idealizou a chamada sócio-análise (análise de grupo), também conhecida por grupo
experimental.
Objetivos:
Este tipo de técnica, usada na análise de grupos, poderá ser utilizado com os
objetivos de ensino e aprendizagem.
É uma técnica de discussão em grupo que ajuda os participantes a aprenderem a
ouvir os outros elementos do grupo; a participarem de uma discussão, ainda que não
falem; a seguirem uma discussão, como observadores.
Geralmente, esse tipo de grupo tem sido utilizado para:
1. Treinar os indivíduos para trabalhar em grupo;
2. Identificar e questionar a participação dos membros de um grupo;
3. Forçar a participação direta ou indireta dos elementos do grupo;
4. Levar os indivíduos a exercitarem-se na elaboração de sínteses.
Essa técnica também foi utilizada por Pierre Weil, no treinamento de pessoal, no
chamado Desenvolvimento de Relações Humanas (DRH).
Meigniz (1970), propõe os seguintes objetivos para este tipo de trabalho de grupo:
1. Melhorar a capacidade dos participantes de aprender as razões e as
conseqüências de seu modo habitual de ser e de reagir em relação aos indivíduos
e aos grupos.
2. Facilitar a exploração, na situação privilegiada da sessão, das relações sociais da
vida cotidiana (hierarquia, igualdade, isolamento).
3. Ajudar a reconhecer os diversos sentimentos que se encontram associados a estas
relações sociais cotidianas; esses sentimentos, se recusados, tornam dificilmente
controlável toda a situação social.
4. Aumentar, assim, a capacidade de cada um de manifestar-se, na vida dos grupos,
no sentido de um melhor funcionamento destes últimos. Trata-se de uma
sensibilização, à dimensão social e às suas condições de funcionamento ótimo.
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BRAINSTORMING
O termo brainstorming vem do inglês Brain = cérebro, mente e storming =
tempestade, explosão, portanto, explosão de idéias. É um tipo de interação em que um
grupo pequeno, concebido para incentivar a livre promoção de idéias sem restrições nem
limitações quanto à exeqüibilidade delas.
Um grupo se reúne em assembléia de brainstorming quando almeja idéias ou
soluções novas, sempre que se for necessário utilizar a imaginação. O propósito do
grupo será produzir o maior número de idéias possível sobre um problema particular.
ENTREVISTA
É uma situação em que uma ou mais pessoas (entrevistadores) formulam
perguntas ou apresentam questões a um ou vários indivíduos. Em geral, a entrevista faz
a abordagem de um tema (ou vários) em que o especialista é interrogado.
Em seleção de pessoal, na empresa, a entrevista é utilizada para levantar dados
comportamentais e situacionais de um candidato a emprego.
O professor poderá utilizar esta técnica para que os alunos obtenham
informações, fatos, opiniões, acerca de eventos controvertidos, de assuntos de interesse
do grupo, de esclarecimentos de dúvidas acerca de um acontecimento; para desenvolver
nos educandos a capacidade de análise e síntese; para criar uma atmosfera descontraída,
proporcionando entrosamento entre entrevistado, entrevistador e os demais elementos do
grupo.
ESTUDO DE CASOS
Esta técnica visa ao estudo de “caso”, ou seja, a análise minuciosa e objetiva de
uma situação real que foi investigada. Desenvolve a flexibilidade de raciocínio,
mostrando que pode haver diversas soluções para um mesmo problema.
FÓRUM
Entende-se por fórum ou foro, uma reunião de grupo da qual todos os presentes
podem participar. É organizado com a finalidade de debater um tema ou problema
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determinado. Vem do latim – for – que significa “praça pública”. Era o local onde se
faziam os julgamentos.
O fórum permite a informalidade na expressão de idéias ou opiniões de todos os
integrantes de um grupo. As participações são espontâneas e, de certa forma, levam a
desinibir os participantes diante de um auditório. Há um levantamento de opiniões
rápido.
Pode ser utilizado, por exemplo, após a projeção de um filme, de uma
representação teatral, uma palestra etc.
MESA REDONDA
Um grupo de pessoas especializadas em determinado assunto apresenta e debate
pontos de vista divergentes ou contraditórios sobre um mesmo tema. Visa dar ao
auditório a oportunidade de conhecer o que pensam técnicos ou especialistas sobre um
assunto controvertido.
Esta técnica poderá ser utilizada em todas as disciplinas. Abre espaço para
confrontar conhecimentos, difundir assuntos novos, ampliar ou aprofundar
conhecimentos.
PAINEL
No painel reúnem-se alguns alunos para exporem suas idéias sobre determinado
assunto ante os demais alunos, a conversação é basicamente informal, os membros não
atuam como oradores, não expõem.
Esta é uma técnica muito utilizada nas escolas pelos professores, pois,
contribui para o desenvolvimento da informalidade, espontaneidade, raciocínio, atenção,
além de constituir recurso didático de exposição de um conteúdo.
SIMPÓSIO
O termo simpósio vem do latim, através do idioma grego. Sim (sym) que
significa, ao mesmo tempo e pos (pon-o) colocar.
Realiza-se um simpósio quando fatos, opiniões, conclusões, são colocados ao
mesmo tempo. Um grupo de pessoas especialista em determinado assunto desenvolve
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diferentes aspectos de um problema, de um tema em forma sucessiva. Visa apresentar
em diferentes ângulos ou aspectos, com informações autorizadas, o que pensam
especialistas sobre um assunto do qual são técnicos.
Para realizar um simpósio na escola, podemos convidar pessoas da comunidade
para debater um assunto de interesse dos alunos, ou os próprios alunos podem preparar
e expor um assunto.
WORKSHOP
Também chamado oficina. São pequenos grupos de pessoas que trabalham em
vários tipos de projetos. Estes projetos incluem aprendizagem e prática de certa matéria
ou ofício, os participantes poderão buscar fatos ou informações fora da classe. São
experiências que complementam o trabalho teórico.
3.5. PALESTRA
Segundo Miranda (2007), palestra é o evento muito requisitado
atualmente, pois, seu formato peculiar presta-se a muitas aplicações.
Visa sensibilizar a platéia para um tema específico ou vários temas e
despertar o interesse para a reflexão e a busca de seu desenvolvimento.
Seu tempo de duração varia de 45 minutos a 3 horas, dependendo do
tipo do tipo de evento no qual estão programadas. Palestras são ótimas para congressos,
convenções (empresariais, vendas, planejamento, lançamentos de campanhas ou de
produtos, RH...), seminários internos (segurança, qualidade de vida, qualidade...), feiras,
programas de desenvolvimento gerencial, abertura ou fechamento de projetos de
treinamento, reuniões etc. Utilizam-se nas palestras técnicas de sensibilização,
descontração, motivação e reflexão para apresentar conceitos de alta performance. O
conteúdo da palestra é teórico e motivacional e o número de participantes é livre.
As palestras nas escolas têm se constituído em uma valiosa ferramenta
pedagógica proporcionando ótimos resultados para a aprendizagem dos alunos.
Convidar um palestrante para discorrer sobre um determinado assunto, tem-se mostrado
43
uma prática que agrada os alunos e auxilia o ensino/aprendizagem, pois eles transferem
seus conhecimentos e experiência para a realidade dos alunos de forma espontânea,
motivadora, objetivando proporcionar uma reflexão através de exemplos práticos
conduzindo o aluno a relacionar a teoria de sala de aula com a prática acentuada na fala
do palestrante. Mostram como superar desafios e alcançar resultados, incentivando os
alunos a enfrentar com criatividade os problemas do cotidiano, transformando-os muitas
vezes em oportunidades.
Professor, você já convidou um palestrante para trabalhar um assunto da sua
disciplina com os seus alunos? Qual foi o resultado?
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3.6. A SEMANA DO SECRETARIADO
A Semana do Secretariado é um projeto
desenvolvido todo ano no Curso Técnico em
Secretariado. Normalmente é trabalhado na
semana que antecede o “Dia da Secretária” - 30
de setembro. Há um real envolvimento da comunidade empresarial e
cultural. É bem aceito pelos professores e os alunos esperam por esta “semana” com
entusiasmo, surte bons resultados na integração e aprendizagem dos alunos sendo
apontada com destaque dentre as práticas pedagógicas do curso.
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Projeto do Colégio Estadual Regente Feijó. Título: Semana do Secretariado Justificativa:
A semana intitulada “Semana do Secretariado” faz parte da história do Curso
Técnico em Secretariado do Colégio Estadual Regente Feijó.
Com uma visão holística do processo educacional, proporciona ao aluno novos
horizontes e captação do mundo para além das rotinas do estabelecimento e do
normatizado, dando condições para que ele se aproprie da teoria e da prática sob a forma
interdisciplinar e contextualizada.
Assim, faz-se mister que a escola abra seus horizontes para o mundo e que os
alunos junto com seus professores e comunidade em geral elevem com criatividade,
autonomia e poder de decisão a proposta do referido curso que é a formação humana
baseada nos eixos da ciência, tecnologia e cultura.
Justifica-se também pela parceria com a comunidade empresarial, profissionais
da área, instituições que oferecem ensino profissionalizante como o Senac, o qual
oferece aos alunos participantes certificados no final do curso.
Objetivos:
- Geral
Construir uma visão ampla do curso, condizente com o contexto sócio-
econômico e cultural da sociedade contemporânea.
- Específicos
Interagir escola e comunidade empresarial para melhoria do conhecimento
sistematizado;
Refletir sobre o papel do profissional enquanto protagonista do processo
educacional;
Filtrar conhecimentos para ajudá-los nas resoluções de problemas cotidianos;
Sentir a real existência da interdisciplinaridade e a amplitude das possibilidades
da universalização do conhecimento.
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Metodologia
Pensar em um bom curso técnico é deter-se em questões metodológicas que
facilitem a tarefa de pensar, apontando desta forma à proposta do trabalho “Semana do
Secretariado.” É ir ao encontro de saberes e experiências que no momento serão
vivenciadas. Para isso, o encaminhamento metodológico deve estar pautado em
situações concretas indissociáveis da realidade social.
Para a efetivação deste evento, teoria e prática é entendida como um processo
unitário, buscando abrir maiores perspectivas ao aluno, através da participação da
comunidade empresarial e cultural. Outrossim, abrangerá os outros cursos
profissionalizantes do colégio que participarão desta semana com apresentações,
palestras, simpósios, mesa redonda etc.
A participação dos alunos do curso de secretariado nesta semana será de forma
presencial e ativa, para que haja efetivação dos objetivos propostos.
Avaliação
Segundo Vaconcelos (1992), há que se distinguir inicialmente avaliação e nota.
Avaliação é um processo abrangente da existência humana que implica numa reflexão
crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas
dificuldades, e possibilita a tomada de decisão sobre o que fazer para superar obstáculos.
Apud, SEED – Avaliação Escolar: um compromisso ético. 1993, p. 40.
Neste projeto, a avaliação seguirá a forma conceitual da SEED, a qual prima
pelos conceitos mais atuais, inclusive desmistificando alguns parâmetros avaliativos
classificatórios.
A avaliação será processual e realizada pelos professores, utilizando
instrumentos atuais como: questionário individual, debate por turma e junto à equipe
pedagógica, coordenação e professores. Terá a finalidade de ouvir os alunos sobre
aspectos qualitativos do evento também, relatório elaborado em grupo pelos alunos,
obedecendo às normas técnicas para apresentação de trabalhos científicos e,
apresentados aos professores que juntos o avaliarão.
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A participação organizacional da “Semana do Secretariado” será também
avaliada por todos os educadores que fazem parte do curso. A auto-avaliação fará parte
deste contexto, pois o aluno dever habituar-se a refletir sobre suas ações de forma
consciente e responsável.
Como o sistema somatiza os resultados, os instrumentos terão valoração.
Questionários tabulados e estatisticamente apresentados à coordenação do curso que fará
a avaliação da semana junto aos professores, procedimentos esses, que contribuirão para
a melhoria desse acontecimento.
O debate deverá primar pela argumentação dos alunos, valorado pelo corpo
docente em momento especial de suas aulas.
A participação dos alunos na organização será avaliada com instrumento próprio.
Neste contexto, a reflexão servirá como alicerce pedagógico em prol do
aprimoramento teórico e prático que embasam todo o processo educacional.
Professor! Analisando o gráfico 4 p.25, percebemos que nem todos os
professores participam ativamente da “Semana do Secretariado”. Você acha que esta participação não é total porque nem todos os docentes têm esta oportunidade ou outro motivo como a falta de interesse e esforço de professores em participar?
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REFERÊNCIAS
Apostila Expoente. Metodologia Científica: primeiros passos. V. único. Editora gráfica expoente Ltda., 2000.
ARANHA, L. Educação e trabalho no contexto da terceira revolução industrial. Sergipe: UFS,1999. BARCELONA, P. Trabalho, ciência, tecnologia e cultura como princípios fundantes da organização curricular: uma leitura pedagógica. Documento SEED, 2006 BRASIL. Leis e Decretos. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. _____.Leis e Decretos. Decreto n. 5.154 de 23 de julho de 2004. CIAVATTA, M. Os estudos comparados em formação profissional. Niterói: UFF, 2004. _____. Políticas públicas para a educação profissional e tecnológica. V Congresso Nacional de Educação (CONED), Recife, 2 a 5 de maio de 2004. FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. São Paulo: Papirus, 2ª ed. 1995. FERRETTI, C. Formação profissional e reforma do ensino técnico no Brasil: anos 90. educação e sociedade, n.59. Campinas, CEDES, 1997. FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educar o trabalhador cidadão produtivo ou o ser humano emancipado? Trabalho, educação e saúde, v.1, n.1, Rio de Janeiro, 2003. FRIGOTTO, G. ;CIAVATTA, M. ;RAMOS, M. A gênese do Decreto n. 5.154/2004: um debate no contexto controverso da democracia restrita. Rio de Janeiro: UFF/UERJ, 2004. FRIGOTTO, G. et al. Ensino médio integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. KUENZER, A. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. São Paulo: Cortez, 1988. MATOS, H. C. J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para o estudo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994. MANFREDI, S. M. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.
48
MINICUCCI, A. Técnicas do trabalho de grupo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MOCHCOVITCH, L. G. Gramsci e a escola. 2.ed. São Paulo: Ática, 1990. NOSELLA, P. A escola de Gramsci. Porto Alegre. Artes médicas, 1992. PARANÁ/SEED. Educação profissional na rede pública estadual: fundamentos políticos e pedagógicos – versão preliminar, 2005. RAMOS, M. Conhecimento e competências: (não) está na hora de mudar seus conceitos. Revista do ensino médio. MEC, Brasília, out/nov 2003. _____.Possibilidades de construção de um currículo integrado de ensino médio técnico. Rio de Janeiro: UERJ, 2004. ROCHA, E. A. Princípios de economia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1983. ROSSI, P. Naufrágios sem espectador: A idéia de progresso. São Paulo: UNESP, 2000. SANTOS, E. H. A interdisciplinaridade como eixo articulador do Ensino Médio e do Ensino Técnico de nível médio integrados. Documento SEED. 2007. SAVIANI, D. Sobre a concepção de politecnia. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/FIOCRUZ, 1989. Mello, G. N. de. Diretrizes curriculares para o ensino médio: por uma escola vinculada à vida. Revista Ibero-americana de Educação. n. 20, mai/ago 1999. Disponível em: <http://www.rieoei.org/rie20a06.htm>. Acesso em: 05 de dezembro de 2007.
SILVA, LÉA S.P. A orientação da prática pedagógica na formação superior de professores em serviço: um estudo sobre o serviço de tutoria. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT08-1856--Int.pdf. Acesso em: 09 de novembro de 2007. RUBIM, L.C.B. A resssignificação da prática pedagógica em educação a distância on-line. Disponível em: < http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/089tcf5.pdf>. Acesso em: 20 de novembro de 2007.
MIRANDA, M.B. Momentos mágicos em sua vida. Disponível em: <http://www.profmarcio.com.br/palestras.htm>. Acesso em: 25 de novembro de 2007.
Contextualizar. Disponível em:<http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/ciencias/explorando/manual_contextualizar.htm>. Acesso em: 20 de novembro.
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APÊNDICE A
COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DO CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO Prezado (a) professor (a): O presente questionário tem por finalidade colher informações relevantes para minha intervenção enquanto professora do Curso Técnico em Secretariado e atualmente professora PDE. Da autenticidade das respostas dependerá, em grande parte, a qualidade deste trabalho de intervenção. NOME: DISCIPLINA(S): 1. Há quanto Tempo trabalha em Cursos Técnicos? 2. Cite no mínimo 5 práticas pedagógicas do Curso e/ou da sua atuação (disciplina), que considerar relevante para a formação do aluno/cidadão. * * * * * * 3. Quais as facilidades/dificuldades encontradas para trabalhar a sua disciplina no curso Técnico em Secretariado? 4. Qual a importância da sua disciplina na formação do Técnico em Secretariado? 5. Em sua opinião, o que é fundamental para melhorar, significativamente, o Curso?
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COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ, ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM SECRETARIADO - 3ºANO. Prezada(o) aluna(o): O presente questionário tem por objetivo levantar dados para o aprimoramento do Curso Técnico em Secretariado. Da sua sinceridade ao responder as questões, dependerá em grande parte, a melhoria do Curso. NOME: IDADE: SEXO: ( )M ( )F REPETENTE NO ENSINO MÉDIO ( ) SIM ( ) NÃO EM QUAL SÉRIE?_______________________ 1. Por que você está fazendo este curso? ( A ) Porque me identifico com o curso. ( B ) Porque meus pais querem que eu faça. Outro: 2. Quais são suas expectativas em relação a este curso? ( A ) Preparo para o mundo do trabalho; ( B ) Preparo para o mundo do trabalho e também para continuar os estudos a nível de 3º grau. Outro: 3. Cite 5 práticas pedagógicas vivenciadas no curso, que considerar relevante para a sua formação como Técnico em Secretariado. 4. Quais são as disciplinas que você encontra mais dificuldade? Por quê? 5. Que conteúdos você acha relevantes e que não ainda não foram abordados neste curso? 6. Na sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar o curso? Você conhece alguém que fez o Curso Técnico em Secretariado neste colégio? ( ) SIM ( ) NÃO Essa pessoa está atuando nesta área? ( ) SIM ( ) NÃO
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COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ, ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE
QUESTIONÁRIO PARA SECRETÁRIAS(OS) Prezada(o) Secretária(o) O presente questionário tem por objetivo captar informações em relação ao seu trabalho no cotidiano. Nome: nível escolar: Empresa em que atua: Você fez o curso Técnico em Secretariado nível 2º grau ou subseqüente? ( )SIM ( ) NÃO Em qual Colégio? Número de Executivos que assessora:.......................................................................... . O que você mais gosta nesta função ( ) A importância (status) de meu papel na empresa ( ) Organizar e coordenar informações e projetos ( ) Relacionamentos Outros: Na sua opinião, quais são as dificuldades mais significativas nesta função: ( ) Manter-se atualizada em tecnologia ( ) Aumento da carga de trabalho ( ) Equilíbrio entre família e trabalho Outras: Quais áreas de responsabilidades que aumentaram mais nos últimos 5 anos: ( ) Gerenciar e coordenar o escritório e informações ( ) Planejamento de Viagens ( ) Planejamento de reuniões ( ) Administração de projetos a longo prazo Outras: Qual o grau de importância sobre os desafios diários: ( ) Coordenar múltiplas prioridades ( ) Lidar com pessoas difíceis e diferentes personalidades ( ) Volume de trabalho ( ) Entender e utilizar tecnologia ( ) Atender vários executivos
Ferramentas tecnológicas mais utilizadas para aumentar a produtividade, oferecidas pelo empregador: ( ) Computadores mais potentes ( ) Gravador de CD ( ) Scanner ( ) Internet ( ) Novos softwares ( ) Copiadora digital ( ) Celular ( ) Notebook ( ) Câmera digital ( ) Impressora colorida.
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COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ, ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE
QUESTIONÁRIO PARA EMPRESÁRIOS (AS) Prezado (a) Senhor(a): Como professora do Curso Técnico em Secretariado do Colégio Estadual Regente Feijó, e atualmente professora PDE, tenho a preocupação de melhoria do curso, para tanto faço a seguinte sondagem, sendo de máxima importância a sua contribuição sincera nas questões abaixo propostas. Obrigada Profª Joseli Kloster Nome: Formação: Empresa: Cargo: 1. Há quanto tempo atua neste ramo? 2. Qual é o nível de importância da Secretária dentro de uma empresa? Por quê? 3. No seu ponto de vista, qual é o perfil que uma pessoa precisa ter para ser um(a) secretário(a) (de nível médio) ideal para atuar em sua empresa? 4. O que não se admite em um(a) secretário(a)?
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COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ – ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE.
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS Com relação à III Semana de Secretariado, “Trabalho e Qualidade de Vida” - que ocorreu de 25 a 28 de setembro de 2007, responda as questões abaixo: 1. A programação da “Semana” Correspondeu às suas expectativas? Por quê? ( ) Sim ( )não Porque....... 2. Cite por ordem, os acontecimentos mais importantes, para você, nesta semana. 3. Os assuntos tratados nas palestras foram condizentes com o curso e colaboraram de alguma forma para o seu crescimento pessoal, sócio-cultural, e profissional? Justifique. ( )Sim ( )Não Porque............................................................................................................. . 4. Que outros assuntos deveriam ser tratados nesta semana? 5. Como foi a sua participação nesta semana? ( )Ativa ( )Somente como ouvinte ( )Desinteressada ( )Ausente 6. Como você gostaria que fosse a sua participação nesta semana, ou seja, como poderia colaborar para que este evento fosse ainda melhor.
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COLÉGIO ESTADUAL REGENTE FEIJÓ – ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE.
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES Com relação à III Semana de Secretariado, “Trabalho e Qualidade de Vida” - que ocorreu de 25 a 28 de setembro de 2007, responda as questões abaixo: 1. Este evento deve continuar acontecendo no Curso Técnico em Secretariado? Por quê? ( )Sim ( )não Porque..... 2. Como você gostaria que fosse a sua participação nesta semana, ou seja, como poderia colaborar para que este evento fosse ainda melhor? 3. Aponte os aspectos positivos e negativos da “Semana”.
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ANEXO A
Atividade em que o aluno vivenciará o trabalho em equipe, para resolver uma tarefa
definida. (retirada da Apostila Metodologia Científica, Expoente)
Como é minha equipe de trabalho?
Objetivo: vivenciar a produção de conhecimentos em grupo, diferenciando as
dificuldades e as vantagens no desenvolver da atividade.
Tarefa: averiguar o que é trabalho em grupo, elementos que o compõem, para que
serve, quem utiliza trabalho em grupo.
Número de grupos: 10 de 5 pessoas cada um.
Tempo: uma semana (intervalo de uma aula para outra). Cinco minutos por grupo com
cartaz para exposição (apresentação).
Tema: livre.
Orientações: cada grupo precisa:
• Organizar pelo menos três reuniões para preparar a apresentação;
• Eleger um coordenador;
• Elaborar cartaz para expor o tema;
• Preparar os componentes do grupo (todos) para a apresentação;
• Registrar os itens trabalhados nas três reuniões para discussão com o professor;
• Buscar as informações sobre os temas em bibliotecas, internet, agências de
viagens, revistas etc.
Hoje o trabalho em equipe é muito comum na universidade, nas empresas e na
pesquisa científica. As regras de organização, dependendo do caso, são mais rígidas.
Nem sempre as primeiras reuniões dos grupos são muito produtivas pelo fato de os
integrantes não se conhecerem. Evite discutir assuntos que não fazem parte da pauta,
para não dispersar a atenção dos integrantes. Não misture reuniões de trabalho com
reuniões sociais. Estabeleça relações sociais com os demais integrantes do grupo, isso o
ajudará a conhecê-los melhor e a descobrir afinidades.
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ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR
Neste trabalho procura-se possibilitar: a vivência de uma atividade em grupo
identificando as dificuldades comuns a este tipo de atividade, e a vivência da construção
de conhecimento em grupo com as vantagens que apresenta.
No momento da montagem dos grupos e da distribuição de tarefas, será
importante verificar se as orientações ficaram claras, é aconselhável que o grupo seja
definido por sorteio (para posteriormente poder resgatar o assunto das regras mínimas
para grupos) e, logo após a seleção, eles se reúnam para a organização inicial (eleger o
coordenador, fazer uma conversa inicial sobre o tema para dividir e definir lugares onde
pesquisar).
Você precisa contar com uma relação de lugares onde pode ser encontrada a
informação das tarefas e conhecer os temas antes de distribuir as tarefas. Isso ajudará a
orientar as reuniões dos grupos e a aplicação dos temas para posterior reflexão.
Você deve ficar atento a dois momentos para posterior reflexão:
a) Montagem da apresentação, exposição, relacionamento com os itens trabalhados nas
reuniões. Estabelecer relação com as fases de construção do conhecimento:
• Aproximação;
• Conhecimento das partes (funções componentes etc.);
• Identificação (comparada com a informação já conhecida consegue diferenciá-
lo) resgatar o processo.
b) Trabalho do grupo: na reunião/apresentação. Estabelece relação com as características
pessoais, regras de trabalho, de convivência e vantagens do trabalho. Você ao vivenciar
verá que trabalho em grupo pode ser gratificante, porém precisa de disposição para dar
conta das tarefas assumida, especialmente ter critérios claros de avaliação.
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ANEXO B
Oficina de trabalho
A seguir, sugerimos a organização de uma atividade que envolve a preparação e
a realização de um seminário.
Objetivo: aplicar o processo de elaboração de trabalhos à atividade específica de
seminário e diferenciar os elementos quem compõem a apresentação d tema neste caso.
Tarefa: realizar três mini-seminários, sendo a turma dividida em seis grupos. Significa
quem cada mini-seminário terá dois grupos responsáveis.
• Todos os grupos contarão com um coordenador, um relator e um secretário;
• Os professores orientará todos os grupos durante a preparação e mediará os
debates;
• Será entregue uma cópia de cada trabalho para os cinco grupos restantes, para
fins de consulta e estudo de processo.
Temas: deverão ser escolhidos três temas, sendo um tema para dois grupos
desenvolverem o seminário.
Tempo: os grupos poderão ter duas semanas para preparar o trabalho. Cada grupo terá
um tempo determinado para fazer a apresentação.
Podemos inferir que adotar um processo sistemático para elaborar um trabalho
estimula também a organização de pensamento para analisar um assunto qualquer. Isso
significa que o raciocínio é exercitado, e a assimilação dos conteúdos torna-se mais
rápida. É preciso lembrar que, na medida em que aprende a utilizar o método de estudo,
as estratégias para estudar textos e o processo de elaborar trabalhos, você pode se
aproximar com mais autoconfiança e rapidez da abordagem de assuntos mais complexos
e da prática da pesquisa científica propriamente dita.