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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

UNESPAR/FAFIPA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL – PDE

DARLI DE LOURDES BONAN

A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO COMO

INSTRUMENTO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

PARANAVAÍ

2012

1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

UNESPAR/FAFIPA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

DARLI DE LOURDES BONAN

A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO COMO

INSTRUMENTO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

Artigo apresentado à Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR/FAFIPA, à Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED) e para o programa de formação continuada intitulada Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Alexandre Molena Fernandes.

PARANAVAÍ 2012

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A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO

MÉDIO NOTURNO

Autora: Darli de Lourdes Bonan1

Orientador: Carlos Alexandre Molena Fernandes2

Resumo

O artigo teve como objetivo motivar a participação dos alunos do primeiro ano do Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio – Altônia - Paraná nas aulas de Educação Física escolar do período noturno, tendo a ginástica de condicionamento físico como objeto de estudo. Participaram da proposta trinta alunos que se envolveram em atividades que contaram com estratégias diferenciadas como exposição oral, apresentação e interpretação de vídeos, debates, trabalhos em grupo, pesquisa na internet, leitura e interpretação de textos. A implementação pedagógica mostrou que nas aulas de Educação Física escolar, as atividades voltadas para a padronização dos movimentos e aquisição de condicionamento físico fascinam os praticantes, por se constituir em uma prática voltada para os vários sentidos humanos Os alunos demonstraram interesse em praticar as atividades de condicionamento físico na escola. Concluímos que a ginástica enquanto atividade física quando bem orientada, traz vários benefícios ao organismo, contribuindo para a melhora das funções cardiovasculares, prevenindo doenças degenerativas, diminuindo os índices de gordura corporal e a melhora dos aspectos psicológicos, incluindo o humor, sono, ansiedade, estresse, entre outros sintomas prejudiciais à saúde. Acreditamos que o trabalho de condicionamento físico nas aulas de Educação Física escolar se ajusta às necessidades dos alunos, sobretudo, no sentido de levá-los a refletir sobre a importância de cuidar da saúde por meio das práticas de atividade de condicionamento físico.

Palavras-chave : Educação Física Escolar; Ensino Médio Noturno; Ginástica de Condicionamento Fisico; Ensino-Aprendizagem.

1 Graduada em Educação Física . Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná.

2 Professor Adjunto da UNESPAR/FAFIPA. Doutor em Ciências Farmacêuticas – UEM.

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1 Introdução

As atividades que envolvem o conteúdo da ginástica são praticamente

inexistentes em escolas públicas (BOLDA; SOUZA, 2003). Isso faz pensar que

esforços profissionais são necessários para desenvolver, testar e publicar materiais

educativos adequados para o uso em escolas. Faz-se necessário desenvolver

propostas diferenciadas nas escolas, no sentido de auxiliar os alunos a atingir

qualidades cognitivas, afetivas e comportamentais associadas ao exercício, saúde e

condicionamento físico.

O movimento que atribui sentido particular à Educação Física é aquele que

comporta determinado sentido/significado que, por sua vez, lhe é conferido pelo

contexto social. Para Vasconcellos (2004), se o profissional ficar limitado às

atividades de esportes com bola, fato recorrente nas aulas, pode cair no erro de que

a disciplina pouco poderá contribuir para o ensino e aprendizagem dos alunos do

ensino médio.

Com base nisso, cabe aos professores de Educação Física escolar

aprofundar seus conhecimentos em relação às formas de integrar atividades de

condicionamento físico às práticas pedagógicas na escola.

No Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio – Altônia – Paraná, os

alunos do Ensino Médio noturno se evadem das aulas de Educação Física,

demonstrando completo desinteresse pelas atividades escolares propostas pela

disciplina comumente realizadas, com ênfase em atividades com uso de bolas na

quadra da escola (handebol, voleibol, futebol de salão) entre outras exercidas quase

sempre sem planejamento prévio.

Atualmente, observa-se uma supervalorização do corpo físico, com uma

constante busca pela saúde e estética nos padrões modernos (BOLDA; SOUZA,

2003). Por esse motivo, percebe-se um grande interesse pela prática de ginástica

em academias e/ou clubes, atividades nas quais, se adéquam aos ritmos e

movimentos que animam os adolescentes. Nesse contexto, é importante que a

escola se utilize destas práticas de atividades físicas como conteúdo das aulas de

Educação Física escolar, com a intenção de promover o interesse e motivar os

alunos.

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A falta de reflexões em torno do significado mais amplo e profundo da

Educação Física escolar tem retirado dessa disciplina a oportunidade de se

estabelecer definitivamente como uma verdadeira arte e ciência do movimento

humano. Por isso, acreditamos que esse momento é propício para um repensar e

para uma tomada coletiva de posição mais clara nesta área, sobretudo, no que

tange à mediação dos conteúdos de ginástica de condicionamento físico, que

merece atenção especial, não só no campo de estudo como também no campo de

ação.

Com esse propósito e considerando que determinadas formas de seleção e

organização do conhecimento corresponde a determinado tipo de pensamento que

se deseja formar no aluno sobre a sua realidade, o presente estudo aponta reflexões

e situações práticas, envolvendo a ginástica de condicionamento físico de maneira

atrativa.

Este artigo, portanto, fruto da implementação pedagógica desenvolvida no

Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação

do Paraná-PDE/PR, tem como objetivo motivar a participação dos alunos do 1º ano

do Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio – Altônia - Paraná nas aulas de

Educação Física escolar, tendo a ginástica de condicionamento físico como objeto

de estudo.

2 A Importância da Ginástica como Conteúdo de Ensino na Educação Física

Escolar

Ao tratar do conteúdo de ginástica na escola é necessário considerar os

sentidos e os significados atribuídos à prática no decorrer da história, desde a

sobrevivência dos homens nos primórdios da humanidade, assim como preparação

de guerreiros, como eugenização e higienização de povos.

Do seu desenvolvimento e sistematização surgiram escolas (francesa,

alemã), movimentos (norte, oeste) e linhas. Assim sendo, é possível compreendê-la

de forma mais ampla no centro das atividades humanas corporais, a partir de duas

bases (apoios e giros) e de cinco fundamentos (equilibrar, saltar, rolar/ girar,

balançar/ embalar, suspender/ trepar) (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

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Até hoje, nos programas brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas. A falta de instalações e aparelhos no estilo “olímpico” desestimula o professor a ensinar ginástica. Quando existem esses meios, sobressai a tendência à “esportivação” que fixa normas de movimento e determina o “sexismos” das provas. Por outro lado, a capacidade artística individual tida como “inata” acaba gerando a “elitização” da ginástica. O que legitimaria, então, a presença da ginástica nos programas de Educação Física? (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.77).

Os autores entendem a ginástica como uma modalidade particular de

exercitação, na qual com ou sem uso de aparelhos, oferece a possibilidade de

execução de atividades diferenciadas que ativam intensas experiências corporais.

Assim sendo, a prática contextualizada do conteúdo da ginástica nas aulas de

Educação Física na escola é relevante à medida que a memória histórica da

sociedade possui ofertas de práticas com significações culturais para os seus

praticantes.

Segundo Lorenzini (2001):

Hoje, com uma leitura atenta à dinâmica da realidade social, evidenciamos um tímido engatinhar buscando ressignificar o campo pedagógico escolar, sistematizando o conhecimento afeto ao sentido do lazer ativo com dignidade, a importância do não trabalho, a vida saudável e nestas a importância das práticas corporais culturalmente construídas. As novas formas de exercitação em paralelo com as tradicionais viabilizam uma prática corporal que consente aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas (LORENZINI, 2001, p. 08).

No espaço escolar, as artes contribuíram nas três últimas décadas com as

possibilidades de sistematizar o conteúdo relativo à ginástica. O termo conteúdo é

utilizado ao se referir a “[...] conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis

científicas, regras, habilidades cognitivas, modos de atividade, métodos de

compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência

social, valores, convicções e atitudes” (DARIDO, 2005, p. 65). Ao se referir ao

conteúdo da ginástica este pode ser orientado por:

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[...] uma abordagem científica que abarque a idéia de um conhecimento específico, tratado com diferentes possibilidades de investigar, desafiar as ações gímnicas humanas, tendo como fim o trabalho formativo. Necessita do princípio da ludicidade, priorizando a recriação da ginástica enquanto exercitação do fazer corporal e de sua expressão enquanto atividade gímnica (LORENZINI, 2001, p. 08).

A prática da ginástica na escola em razão dos benefícios que pode trazer

aos alunos auxilia na resistência muscular, na flexibilidade, nas resistências

aeróbicas e anaeróbicas, contribuindo, ainda, para a melhoria da força, equilíbrio,

coordenação e potência. A ginástica educa o movimento, ajuda na qualidade de vida

e no desenvolvimento das habilidades.

Gasparin (2005, p. 17) lembra que a tomada de consciência “[...] da

realidade e dos interesses dos alunos evita o distanciamento entre suas

preocupações e os conteúdos escolares”.

Deste modo, ao tratar da cultura corporal dos alunos é preciso buscar: desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 38).

A ginástica é uma forma de exercitação que provoca experiências corporais

significativas e enriquecedoras da cultura corporal de alunos e alunas, em particular

e, do homem, em geral, troando-se muito necessária no contexto escolar na prática

das aulas de Educação Física, pois é uma prática permeada por um significado

cultural por abarcar a “tradição histórica do mundo ginástico”, permitindo aos

alunos darem sentido às suas exercitações ginásticas.

As DCEs – Paraná (2008. p. 24), ao tratar das práticas corporais da

ginástica destacam que “[...] a crítica à lógica do sacrifício e do sofrimento – não

somente físico -; o excesso de exercícios que aumentam o risco de lesões graves e

a possível degradação do corpo”. Fazem referência, também, ao uso de

anabolizantes que contribuem para acelerar a performance corporal desejada. Daí a

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importância de discutir com os alunos os danos que o uso dessas substâncias causa

no organismo.

Segundo Medeiros e Loureiro (2011), a ginástica no espaço escolar

proporciona inúmeros benefícios aos alunos, atuando no aprimoramento dos

movimentos motores e utilizando-se as valências psicomotoras que quando

trabalhadas desenvolvem o esquema corporal; equilíbrio, ritmo, raciocínio lógico,

controle muscular, socialização, coordenação motora geral, força e velocidade.

Daí a necessidade de que o professor saiba utilizar-se de exercícios que as

desenvolvam, aliando a prática à teoria na escola, elucidando a importância da

ginástica como conteúdo de ensino, quais os conteúdos devem ser trabalhados,

como se deu a construção desse patrimônio. Tais conteúdos são relevantes

importantes para que os alunos entendam o porquê da prática.

A ginástica no contexto escolar oferece inúmeros benefícios aos educando, por ser muitas vezes o momento que este aluno tem para se movimentar. Este estudo conclui que é bem possível trabalhar com a ginástica na escola, pois seus conteúdos atendem as necessidades físicas dos alunos conforme sua natureza (MEDEIROS; LOUREIRO, 2011, p. 01).

O professor de Educação Física escolar em qualquer modalidade de

ginástica, precisa desenvolver o conhecimento técnico do aluno, sem que isso

signifique exigir dele, níveis de execução de alta qualidade técnica. Caso alguns

alunos se interessem em desenvolver condições para tal, os mesmos poderão

treinar para atingir esses níveis, enquanto outros serão orientados pelo professor

dentro das possibilidades individuais, sem negar conhecimentos mais profundos

(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

De acordo com Medina (1990), a Educação Física escolar se ocupa do

corpo e seus movimentos voltados para a ampliação constante das possibilidades

concretas dos seres humanos. Isso contribui para ajudar os alunos na sua

realização mais plena e autêntica. O autor citado entende que, tal finalidade

educativa, torna-se inviável quando se reduz o corpo a uma de suas dimensões

apenas, pois se considera impossível desenvolver um trabalho adequado na

disciplina, caso os aspectos físico, mental, espiritual e emocional do aluno não

sejam percebidos em sua unidade e totalidade, pois somente de uma maneira

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integral o corpo poderá se constituir num objeto específico da educação física

enquanto uma ciência do movimento.

O corpo está todo o tempo presente no aprendizado. Nesse sentido, cabe à

escola constituir-se em um espaço de aprendizagem significativa, para trabalhar os

mais diversos conceitos por meio dos quais o aluno aprenderá a usar o seu corpo de

maneira expressiva, desenvolvendo sua capacidade de comunicação, criatividade e

interação (BOLDA; SOUZA, 2003, p.111).

A ginástica é o ato de movimentar o corpo, com técnicas específicas, sendo que o ser humano apresenta em sua história o movimento que caminha lado a lado com sua evolução. É bem possível trabalhar a ginástica na escola, oportunizando ao aluno o exercitar-se, fortalecendo e agilizando seus movimentos. O professor por sua vez tem um papel essencial na aplicação da ginástica, podendo através de atividades com músicas oferecer aulas mais atrativas, sabe-se que nesta faixa etária a música é um incentivo a mais na participação efetiva dos alunos (MEDEIROS; LOUREIRO, 2011, p. 01).

Os autores supracitados evidenciam que a ginástica como conteúdo atende

as necessidades dos alunos, desenvolvendo o corpo como um todo, fazendo com

que os próprios alunos reconheçam seus benefícios e bem estar cotidiano. Por tudo

isso, a ginástica é entendida como uma metodologia democrática e inclusiva,

beneficiando o aluno conforme a sua natureza humana.

Cabe aos professores adentrar a realidade de forma concreta através da

reflexão crítica e da ação, no sentido de promover conscientemente o aluno a níveis

mais altos de vida, contribuindo, assim, com sua parcela para a realização da

sociedade e das pessoas em busca de sua própria felicidade (MEDINA, 1990). Para

este autor, toda a ação que distancie o profissional destes propósitos estará

desservindo aos alunos e diminuindo-os.

Uma Educação Física desvinculada de suas finalidades mais gerais, não

pode atender às necessidades dos alunos. Uma educação física assim delineada

estará procurando cuidar de um corpo isento de suas totais significações e, portanto,

desconsiderando os alunos de maneira integral.

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Na área escolar, uma abordagem orientada pela reflexão pedagógica possibilita à Teoria Pedagógica, a superação de tecnologias prescritivas que desobrigam docentes e discentes da elaboração do pensamento sobre o conhecimento tratado, onde aprender ginástica não é só exercitar-se. Com o referencial desta produção compreendemos que o conteúdo é constituído pelo conjunto das qualidades geral, singular, particular, do objeto e do seu processo de seleção, organização e sistematização. Visualizamos que o geral e o singular estão inscritos no particular de um conhecimento específico do tipo corporal, estabelecendo relações e nexos, buscando as regularidades comuns e de significado. Sendo uma atividade orientada por um fim intencionalmente avaliado, a Ginástica Escolar é o conteúdo específico da exercitação de si próprio, entrelaçado com uma forma particular de manifestação, praticado sem ou com materiais, com aparelhos móveis, fixos, elásticos, leves ou pesados, em diferentes superfícies e no meio líquido, possibilitando aos aprendizes conhecer o universo ginástico ao usufruir da atividade gímnica (LORENZINI, 2001, p. 08).

Por tudo isso, em seu trabalho na escola, é fundamental que o professor de

Educação Física escolar parta do entendimento de que os alunos são pessoas

concretas, com níveis de aspiração, interesses e motivações diferenciados. Isso faz

com que cada aluno atribua um sentido pessoal às atividades, pelo sentido e

objetivos pessoais que costumam representar.

Contudo, observa-se que há certa resistência por parte dos profissionais de

Educação Física escolar para trazer a ginástica para o espaço escolar. Faz-se

necessário a presença de professores capacitados para ensinar os alunos a

verdadeira função do exercício físico para a saúde mental e corporal dos alunos,

enquanto adultos e não somente na fase infantil.

A implantação e adaptação dos exercícios que evolvem a ginástica em sala

de aula podem trazer grandes benefícios para os alunos, uma vez que essa prática

pode ser trabalhada para ajudá-los no processo de desenvolvimento motor, afetivo,

intelectual, levando em consideração os aspectos sociais do ambiente em que o

aluno está inserido (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Conforme o Manual Merck (s/d), a prática de condicionamento físico é

entendida como:

[...] a capacidade de realizar atividades físicas. Para tornar-se e manter-se condicionado, os indivíduos devem exercitar-se regularmente. Os exercícios fortalecem o coração, permitindo que ele bombeie uma maior quantidade de sangue em cada batimento. O sangue então pode liberar mais oxigênio ao organismo, aumentando a quantidade da máxima de oxigênio que o organismo consegue obter e utilizar. Essa quantidade,

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denominada captação máxima de oxigênio, pode ser medida para se determinar o nível de condicionamento de um indivíduo. Os exercícios beneficiam o corpo de muitas outras maneiras.

O conhecimento aprofundado acerca da ginástica de condicionamento físico

enquanto prática de ensino e aprendizagem no espaço escolar possibilita ao

professor de Educação Física desenvolver um trabalho pedagógico mais adequado

a fim de que os educandos, nas fases posteriores do processo, apropriem-se de um

conhecimento significativo para as suas vidas (BARBOZA; RINALDI, 2004).

Assim sendo, com a intenção de contribuir para ampliar o interesse dos

alunos do Ensino Médio noturno para a participação nas aulas de Educação Física,

faz-se necessário estabelecer um elo entre os saberes a serem trabalhados em

ginástica e a maneira de tratá-los metodologicamente.

3 Encaminhamento Metodológico

O caminho metodológico proposto buscou colaborar para ampliar o interesse

por ações voltadas ao ensino da ginástica, especialmente, de condicionamento

físico, nas aulas de Educação Física, no sentido de promover o entendimento sobre

a relevância do trato metodológico, utilizando as diferentes metodologias existentes

para estabelecer um elo entre os saberes a serem trabalhados e a maneira de tratá-

los.

Assim, as estratégias de ação contemplaram um conjunto de ideias e

vivências práticas que foram desenvolvidas em oito oficinas pedagógicas,

perfazendo um total de trinta e duas horas, no período de setembro a outubro de

2011. Participaram das oficinas um total de trinta alunos, do primeiro ano noturno do

Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio – Altônia – Paraná.

A proposta teve início com a apresentação à direção, equipe pedagógica,

funcionários e alunos da escola. As atividades desenvolvidas envolveram a

exposição oral do conteúdo, sobre a importância da ginástica enquanto modalidade

de ensino, com ênfase no condicionamento físico; apresentação e interpretação de

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vídeos sobre o tema objeto de estudo; debates, trabalhos em grupo, pesquisa na

internet, leitura e interpretação de textos variados.

Foram desenvolvidas atividades práticas para encontrar o índice de massa

corporal, trabalho com os mitos e verdades sobre a musculação, confecção de

materiais para atividades práticas de musculação, e práticas de atividades básicas

sobre condicionamento físico. As atividades foram desenvolvidas com respeito às

potencialidades dos alunos, na tentativa de trabalhar as capacidades físicas de

forma equilibrada, ensinando-os a forma correta de realizá-las e estimulando a

adoção de hábitos saudáveis de vida.

A proposta de implementação buscou contribuir para a descoberta e

transposição de alguns obstáculos que possam se relacionar com a ginástica na

escola, levando os alunos e a docente pesquisadora a refletir sobre a importância da

prática de condicionamento físico na Educação Física no âmbito educacional, a

partir dos seguintes objetivos:

- Compreender os benefícios da ginástica em suas dimensões fisiológicas e

psicológicas, em suas possibilidades de utilização como instrumento de

condicionamento físico;

- Promover atividades para trabalhar os grupos musculares superiores e

inferiores, adequadas à faixa etária e ao nível de condicionamento físico;

- Promover atividades de solo para o condicionamento físico;

- Refletir sobre a importância de atitudes e hábitos saudáveis para a prática

da atividade física, evitando lesões e riscos à saúde.

A coleta de dados foi realizada por meio da técnica de observação no

decorrer da proposta de implementação. Os dados foram transcritos em fichas

elaboradas pela pesquisadora, sendo analisados utilizando a fala dos alunos

envolvidos na pesquisa.

4 Resultados e Discussão

Inicialmente, a proposta foi apresentada a equipe Pedagógica e alunos da

escola explicando que o objetivo seria levar os alunos a compreenderem que a

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ginástica enquanto atividade física quando bem orientada, traz vários benefícios ao

organismo.

Para tratar da importância da ginástica como cultura corporal na primeira

oficina, desenvolvemos atividades centradas em apresentação de vídeos e reflexões

a partir de leituras de textos. Primeiramente, o professor utilizou um vídeo para

introduzir a importância da prática da atividade física. O videoclipe contribuiu para

ilustrar algumas atividades práticas, com uma música bem agitada que mobilizou a

todos. Solicitamos que os alunos se engajassem na tarefa de repetir os movimentos

apresentados no videoclipe. Na sequência, debatemos sobre as sensações que eles

tiveram com a prática.

Fazer exercícios é muito importante para a nossa saúde e para o nosso corpo, não devemos esquecer de praticar exercícios todos os dias (Aluno 1). Não foi difícil repetir os exercícios do vídeo, com aquela música foi legal (Aluno 2). A gente não pode descuidar e ficar sem fazer exercício físico, mas não é fácil, a gente trabalho o dia inteiro e a noite a gente estuda, não sobra tempo para praticar exercícios. Por isso, fazer ginástica na Educação Física é muito bom (Aluno 3). Bem, eu não gosto muito da aula de Educação Física quando o pessoal só fica jogando bola, eu não gosto de jogar bola. Mas esses exercícios são bons e ajudam a gente a não ficar muito parado (Aluno 4).

Esses alunos demonstraram que consideram importante o fato de fazer

exercícios contínuos para a saúde. O discurso é revelador que eles gostaram de

executar os exercícios de condicionamento físico apresentados nos vídeos, sentiram

prazer com a música, trocaram experiências, e descobriram possibilidades de

movimentos diferenciados na aula de Educação Física na escola.

Os benefícios da ginástica de condicionamento físico são muitos. É possível

pensar em saúde em sentido amplo, na questão do bem-estar, do lazer, de

entendimento do homem como produto e produtor de cultura e de conhecimento,

não somente como ser biológico. Os benefícios chegam também pela convivência

social que se estabelece no grupo, com troca de experiências, além da sensação de

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descobrir novas possibilidades de movimentos e da sensação de alegria e prazer

(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Dois outros vídeos foram apresentados para reflexão a respeito da prática

de condicionamento físico. Após a apresentação dos vídeos, os alunos refletiram

sobre algumas questões: O que você achou dos vídeos? O que aprendeu? Você

acha importante essa prática? Vocês já tiveram aulas sobre a ginástica de

condicionamento físico? Qual a importância de trazer essa prática para as aulas de

educação física?

Eu gostei muito de assistir esse vídeo, a gente sabe que tem que fazer exercício, mas quando a gente vê isso fica melhor para a gente entender. Eu vou me esforçar mais para praticar algum tipo de exercício e a aula de Educação Física também vai ajudar (Aluno 1). O corpo é uma máquina que funciona direitinho, mas a gente também precisa cuidar dessa máquina e a gente faz isso comendo direitinho e fazendo exercício físico. Eu nunca tinha estudado ginástica na aula de Educação Física (Aluno 2). Até hoje a gente não tinha estudado sobre a ginástica, mas foi legal aprender um pouco mais sobre isto e ver o vídeo que a professora passou (Aluno 3). Eu sou mais velha e não gosto de fazer aula de Educação Física, mas se for para fazer ginástica eu vou tentar fazer (Aluno 4).

Os alunos afirmaram ter gostado dos vídeos e do conteúdo apresentado

demonstrando que não haviam estudado o assunto nas aulas de Educação Física,

fato que parece ter contribuído para despertar o interesse da maioria.

Vasconcellos (2004) comenta a respeito da necessidade de o profissional de

Educação Física criar objetivos, metas visíveis e compreender as necessidades

reais dos alunos em cada fase de desenvolvimento, no sentido de despertar-lhes o

interesse pela prática na escola.

Embora a Educação Física escolar possua interconexões com a área

biológica ou exata, esta encontra, segundo Bracht (1989), a sua base na educação,

na ação pedagógica, devendo, portanto, ser trabalhada em interação constante com

o corpo que, por sua vez, é expressão da cultura.

O acesso a essa área do conhecimento é um direito de todos os alunos e

alunas, “porque em conjunto com outras áreas, poderá contribuir para que os alunos

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possam participar da construção de uma realidade mais favorável para si e para

todos” (BARBOZA; RINALDI, 2004, p. 77).

Isso faz pensar na necessidade de investir em uma prática pedagógica

diferenciada em ginástica na escola de forma a contribuir com estratégias de ação

coerentes ao tratar os conteúdos escolares, embasada em uma orientação

pedagógica transformadora de ensino e aprendizagem. Existe uma função errada

para a ginástica na visão da maioria das pessoas, que corresponde ao culto ao

corpo, sendo o único intuito da mesma, preparar e modelar o físico humano. Nas

academias, a exploração do condicionamento físico chega a ser preocupante,

levando o praticante da atividade, a meios que prejudicam a saúde, com remédios

para acelerar os resultados dos exercícios (LORENZINI, 2001).

Para complementar e melhor compreender a importância das atividades

práticas de condicionamento físico, recorremos a um texto para leitura e reflexão

sobre alguns conceitos importantes que embasam esta prática. O texto mostrou que

ao praticar uma atividade física, busca-se uma vida com saúde. Contudo, é

necessário que o indivíduo esteja sempre atento para a falta de hábito da prática de

uma atividade física, pois o mundo moderno traz implicações para o sedentarismo.

Discutimos que os benefícios da prática da atividade física para o corpo são

inúmeros. Além dos diversos benefícios para o corpo (principalmente para os

sistemas cardíaco e respiratório), a pessoa tem o benefício mental que ajuda no

combate ao stress e outros incômodos da vida contemporânea. Daí a necessidade

de transformar a prática da atividade física em uma rotina diária, encarando-a como

um prazer e não como um esforço.

Explicamos que para ganhar condicionamento físico, além das mudanças na

alimentação, ingerindo alimentos ricos em carboidratos para te mais energia; e

alimentos ricos em vitaminas e proteínas, para fortalecer os ossos e os músculos. O

texto revelou a necessidade de mudar a alimentação, fazer atividade física;

começando com um ritmo devagar e aumentar o ritmo gradativamente, pois o

aumento de desempenho tem ação direta na melhora do desempenho cardíaco e do

fôlego do praticante.

Com base em Gasparin (2005) comentamos sobre a necessidade de fazer

uma avaliação física antes de iniciar um programa de atividade física regular, para a

prevenção de quaisquer riscos à saúde. Esta avaliação de estado de aptidão inclui

quatro áreas: força muscular; flexibilidade articular; composição corporal (percentual

15

de gordura, peso corporal magro e peso corporal desejável); capacidade funcional

cardiorrespiratória Todos estes dados colaboram para a formulação correta de um

programa de exercícios individualizado, baseado no estado de saúde e de aptidão

da pessoa.

Após a leitura os alunos se reuniram em grupo para debater algumas

questões: Qual a importância da prática da ginástica nas dimensões fisiológicas e

psicológicas?

Agora que a gente está estudando mais sobre os exercícios físicos eu estou entendendo que melhor, a gente tem que pensar mais em cuidar do corpo e fazer exercício ou ginástica não é só para ficar com o corpo perfeito, mas faz bem para a saúde da gente (Aluno 1). Eu não fazia nenhum tipo de exercício, depois que eu comecei a fazer mais caminhada eu me sinto melhor (Aluno 2). Eu até queria começar a fazer exercício, mas depois que a professora explicou eu acho que vou no médico primeiro, para depois eu começar a fazer exercício (Aluno 3). Não adianta só fazer exercício, tem que pensar na alimentação também, uma coisa ajuda a outra e é isso que eu penso (Aluno 4). A gente trabalha muito e nem tem tempo para fazer exercício, mas eu estou vendo como é importante cuidar mais disso. Eu acho que a gente tinha que cuidar mais do nosso corpo e assim a gente ia viver bem melhor (Aluno 5).

Esses alunos demonstram em suas falas que a prática desenvolvida

contribuiu para a compreensão da temática, levando-os a refletir sobre a importância

de cuidar do corpo por meio dos exercícios de ginástica na escola. Dentre outros

fatores considerados importantes para a saúde, fizeram menção à importância da

caminhada, sobretudo, da necessidade de procurar por um profissional

especializado ante de optar pela prática de uma atividade física. A alimentação

também foi sugerida como um fator a ser repensando quando se deseja a saúde em

suas várias dimensões humanas.

O movimento e, consequentemente, o corpo, constituem a matéria-prima da

Educação Física Escolar. Lidar com o ser humano sugere considerá-lo sob as várias

dimensões (cognitiva, afetiva, psicomotora e social) compreendendo-o como um

processo constante de construção sociocultural. Com esse entendimento, os

conteúdos da Educação Física escolar implicam em valores, ideologias e

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representações histórico-culturais que precisam ser considerados e discutidos pelos

profissionais com os seus alunos na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Na segunda, terceira e quarta oficinas trabalhamos com atividades

diferenciadas que envolveram leituras de textos e imagens (vídeos e figuras); bem

como atividades práticas relativas ao índice de massa corporal, com destaque em

mitos e verdades sobre a musculação.

Na oportunidade, medimos a altura, o peso e encontramos o índice de

massa corporal de todos os alunos. Para o desenvolvimento da atividade houve a

participação de todos que compartilharam ideias e se ajudaram mutuamente. O

vídeo sobre mitos e verdades e musculação contribuiu para ilustrar as discussões

que se seguiram e que foram colocadas para a socialização em grupo de até cinco

alunos, tais como: Seu peso está normal, abaixo ou acima da média? O que você

tem feito para manter o peso equilibrado? O que você acha que é preciso? Você tem

praticado atividade física? Quais? Com que frequência?

Agora que a professora ensinou a achar o índice de massa corpórea eu vi que estou acima do meu peso, mas também não adianta fazer iguais umas pessoas fazem, tomam remédio para emagrecer ou para ficar bombado, o certo mesmo é fazer exercício físico e tomar cuidado com o que a gente come (Aluno 1). Tem gente que tem um corpo bonito, mas não é bom, porque essa pessoa tomou aqueles remédios que fazem mal para ficar com bastante músculo. A gente viu que na sala tem bastante pessoas que estão acima do peso e isso eu acho que também é falta de fazer exercício. Nós precisamos nos cuidar e cuidar do nosso corpo (Aluno 2). Como a gente esta aprendendo, tudo está ligado, o corpo e a nossa mente não fica separada. Por isso, tem que cuidar do geral, do corpo e da mente. O exercício não é bom somente para o corpo, ele também é bom para a nossa cabeça (Aluno 3). Eu não estou gorda, meu peso é certo com minha altura, mas eu acho que a gente não faz exercício só para emagrecer, é bom para a vida da gente e para continuar com a saúde boa (Aluno 4).

Os alunos demonstraram ter aprendido a encontrar o índice de massa

corpórea. Alguns perceberam que se encontravam acima do peso. Observamos que

os alunos fizeram menção ao fato de que não é adequado ingerir remédios para

emagrecer. A prática de atividade física parece ter sido compreendida como um

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recurso adequado para quem deseja emagrecer e conservar a saúde. A ligação

corpo e mente foi mencionada pelos alunos.

A Educação Física tem o compromisso de atuar no sentido de desenvolver

com os alunos, “práticas de cultura corporal para que a construção de hábitos físicos

saudáveis passe a fazer parte da vida cotidiana futura dos sujeitos que hoje

frequentam a escola” (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 27).

Como atividade complementar, trabalhamos com a leitura e discussões de

um texto sobre algumas dicas práticas para o condicionamento físico. Com base na

leitura do texto refletimos que o homem moderno vem deixando de lado as práticas

esportivas, assumindo um estilo de vida sedentário que contribui para provocar

distúrbios como a má alimentação, obesidade, tabagismo, estresse, doenças

coronarianas, etc.

Como reação a essa atitude, discutimos com base em Gasparin (2005), que

a ciência do esporte vem desenvolvendo estudos e demonstrando a importância que

a prática constante de uma atividade física bem planejada tem para que as pessoas

possam ter uma vida mais saudável dentre os motivos importantes para a prática de

atividades físicas. A prática contínua contribui para elevar a autoestima, a

capacidade mental, o combate ao colesterol (exercícios vigorosos e regulares

aumentam os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade, o “bom colesterol”) no

sangue, fator associado à redução dos riscos de doenças cardíacas); combate a

depressão (pessoas com depressão branda ou moderada, que praticam exercícios

de 15 a 30 minutos em dia alternados, experimentam uma variação positiva do

humor já após a terceira semana de atividade); auxilia nas doenças crônicas (os

sedentários são duas vezes mais propensos a desenvolver doenças cardíacas e

regula a taxa de açúcar no sangue, reduzindo o risco de diabetes); contribui para o

envelhecimento saudável (ao fortalecer os músculos e o coração, e ao amenizar o

declínio das habilidades físicas, os exercícios podem ajudar a manter a

independência física e a habilidade para o trabalho, retardando o processo de

envelhecimento); os exercícios regulares com pesos são acessórios fundamentais

na construção e manutenção da massa óssea; quem se exercita “pega” no sono

com mais facilidade, dorme profundamente e acorda restabelecido; libera os

hormônios acumulados durante os momentos de stress, funcionando como uma

espécie de tranquilizante natural – depois do exercício a pessoa experimenta uma

sensação de serenidade.

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Na sequencia, fizemos uma roda de conversa, com os alunos sentados em

um grande círculo a partir de um roteiro de questões: Você concorda que a prática

de atividades físicas exige muita determinação? Por que a musculação é

importante? O que você aprendeu de novo? Por que a alimentação é importante?

Qual o tipo de alimentação? Por que é importante uma musculação natural? Por que

o alongamento é importante? O que acontece com o corpo com a prática contínua

do alongamento? Quais os erros principais cometidos pelas pessoas que desejam

um corpo perfeito muito rapidamente? Por que é necessário evitar o fumo e as

bebidas alcoólicas?

A atividade foi significativa para os alunos que demonstraram interesse e

compartilharam experiências, conforme relatos:

Eu acredito que a gente vai vivendo e aprendendo, agora eu percebi o quanto é importante eu fazer exercício, não é só para ficar com o corpo sarado, mas é bom para mim e para a minha mente. Como a professora disse, corpo e mente estão ligados (Aluno 1). Tem gente que pensa que come bem, mas não come. E não é só a comida que é importante, também tem que praticar exercícios para viver bem (Aluno 2). Eu faço exercício sempre, porque eu gosto de jogar bola, mas eu não consigo ficar sem fumar. Mas eu acho pior é que tem gente que não faz exercício e ainda fuma, eu até queria parar, mas eu não consigo. Agora eu vou cuidar mais da minha alimentação e vou ver se consigo praticar mais esporte (Aluno 3). A gente sempre está vendo na televisão a importância de fazer esporte e eu queria até fazer, mas não é fácil trabalhar e fazer esporte (Aluna 4).

Esses alunos parecem ter compreendido que a prática constante de uma

atividade física bem planejada traz benefícios para a saúde. Dentre os principais

aspectos elencados pelos alunos observamos que para eles não é importante

apenas ter um corpo perfeito, mas, principalmente, pensar na saúde como um todo,

inclusive, na alimentação bem conduzida, e o prejuízo causado por maus hábitos,

como o fumo, por exemplo, e pelas consequências adversas da inatividade física.

Assim sendo, a atividade foi significativa para os alunos que demonstraram interesse

e compartilharam experiências.

A quinta, sexta e sétima oficinas destinaram-se às atividade práticas que

foram desenvolvidas sempre com muito respeito às potencialidades dos alunos, na

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tentativa de trabalhar as capacidades físicas de forma equilibrada. Os alunos foram

levados a compreender que, para iniciar um programa de exercícios físicos com

segurança, é necessário realizar o exercício e/ou esporte devagar. Quando os

membros inferiores ou superiores estiverem doloridos ou se tornarem pesados isso

indica que é hora de parar naquele dia e reiniciar a atividade em outro dia. Quando o

condicionamento físico do indivíduo aumenta, ele é capaz de praticar sem sentir

dores musculares ou desconforto.

Como atividades práticas os alunos fizeram caminhadas, sessões de

ginástica com alongamento e corrida de curta distância; condicionamento físico geral

de fortalecimento para trabalhar todos os principais grupos musculares (pernas,

coxas, costas, peito, abdômen, ombros e braços); exercícios aeróbicos que

incluíram atividades de dançar, pedalar, correr, caminhar rápido.

Os alunos praticaram exercícios físicos de intensidade vigorosa, moderada,

ou uma combinação de ambos, considerando que um minuto de atividade física

vigorosa, equivale em torno de dois minutos de atividade física de intensidade

moderada, sempre em conformidade com os limites do praticante.

Os exercícios de fortalecimento muscular foram realizados até o ponto onde

era difícil para eles realizarem outra repetição corretamente sem ajuda. Cada oito a

12 repetições de um exercício contamos como uma série. Os alunos foram

orientados a fazer pelo menos uma série para cada grupo muscular. Aqueles que

tinham o interesse em obter ainda mais benefícios e condicionamento físico

realizaram até duas ou três séries.

Na oportunidade, lembramos a necessidade de prevenir lesões mediante

certos cuidados como:- uso de calçado adequado para a modalidade de atividade a

ser desenvolvida; iniciar a sessão com um aquecimento visando diminuir o risco de

lesões; - alongamento cuidadoso seguido de exercícios respiratórios; - início e

execução do exercício programado e resfriamento do corpo lentamente após a

prática do exercício. Os alunos gostaram das aulas, fato que parece ter permeado

os discursos, conforme os depoimentos:

Quando eu ia jogar bola eu não fazia alongamento, eu achava que isso não era importante, agora eu vou tomar mais cuidado e vou fazer sempre que der certo (Aluno 1).

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Eu consegui fazer todos os exercícios que a professora passou para gente fazer. Eu gostei dessa atividade e quero que a professora sempre faça isso na aula, agora eu vi que é bom fazer exercício (Aluna 2). Eu estava pensando em começar a fazer caminhada todo dia, mas agora eu vou começar como a professora ensinou, vou fazer de pouquinho em pouquinho, até que vou fazer uma hora (Aluno 3). Nós precisamos fazer mais exercício e cuidar melhor do nosso corpo. Na Educação Física que a gente faz na escola dá para fazer muita coisa legal e nós gostamos de aula assim (Aluno 4). Quando a gente vai ficando mais velha vai ficando enferrujada, mas agora eu aprendi que não vai ficar desenferrujada de uma vez, tem que ser aos poucos e isso é bom, porque quando eu ia caminhar com minha amiga eu ficava com muitas dores nas pernas, mas a gente já ia caminhando uma hora de uma vez só (Aluna 5).

Para esses alunos parece que a ginástica de condicionamento físico se

apresenta como uma alternativa prática bastante significativa, contribuindo para a

assimilação de novos valores dos alunos, aproximando-os de uma melhor

percepção de si mesmos e da sua própria realidade. Os alunos destacaram a

necessidade de fazer alongamentos continuamente, demonstrando interesse em dar

início a atividades como a caminhada, por exemplo.

De acordo com Brasil (2002, p. 26), os benefícios mais significativos para a

saúde encontram-se “no processo de realizar a atividade física e não,

necessariamente, na busca de níveis de excelência atlética, passíveis de avaliação

comparativa do desempenho dos diferentes sujeitos”.

Com base nisso, dentre as diversas manifestações corporais que o professor

de Educação Física escolar pode trabalhar com o conteúdo estruturante de

ginástica, a modalidade relativa ao condicionamento físico é uma prática que pode

contribuir para a motivação dos alunos. Esse tipo de manifestação corporal combina

movimentos dos diversos segmentos do corpo, procurando desenvolver agilidade,

flexibilidade, equilíbrio, força, resistência e aperfeiçoamento dos parâmetros de

habilidades motoras.

Entretanto, o estudo ficou limitado a uma turma do ensino médio noturno.

Sugere que a experiência seja realizada em outras turmas do Ensino Médio na

escola e em outras escolas da rede pública de ensino. Acredita-se que a proposta

pode colaborar para auxiliar a construção do conhecimento pelos alunos,

contribuindo para a reorientação da ação pedagógica. As escolas precisam resgatar

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a ginástica de condicionamento físico enquanto prática corporal a ser trabalhada nas

aulas de Educação Física Escolar.

5 Conclusão

A implementação realizada junto aos alunos do Ensino Médio mostrou que

nas aulas de Educação Física escolar, as atividades voltadas para a padronização

dos movimentos e aquisição de condicionamento físico fascinam os praticantes, por

se constituir em uma prática voltada para os vários sentidos humanos.

Os alunos demonstraram interesse em praticar as atividades de

condicionamento físico na escola. Concluímos que a ginástica enquanto atividade

física quando bem orientada, traz vários benefícios ao organismo, contribuindo para

a melhora das funções cardiovasculares, prevenindo doenças degenerativas,

diminuindo os índices de gordura corporal e a melhora dos aspectos psicológicos,

incluindo o humor, sono, ansiedade, estresse, entre outros sintomas prejudiciais à

saúde.

Portanto, acreditamos que o trabalho de condicionamento físico nas aulas de

Educação Física escolar se ajusta às necessidades dos alunos, sobretudo, no

sentido de levá-los a refletir sobre a importância de cuidar da saúde, por meio das

práticas de atividade de condicionamento físico.

Do exposto, o trabalho com a ginástica, mais especificamente, a de

condicionamento físico auxilia no desenvolvimento de atividades mais atrativas para

os alunos nas aulas de Educação Física, servindo como instrumento facilitador de

aprendizagens integradoras.

Sugere-se que o conteúdo de condicionamento físico seja trabalhado com

mais frequência nas aulas de Educação Física, no sentido de oferecer aos alunos a

oportunidade de estabelecerem a articulação entre a arte e a ciência do movimento

do corpo.

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Referências

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