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SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
Material Didático
PROFESSORA PDE: DIRCE NAVROSKI CORREA FERNANDES
ORIENTADORA: Profª. Drª MARIA CLECI VENTURINI
PRUDENTÓPOLIS 2008
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CADERNO PEDAGÓGICO
LEITURA
DIRCE NAVROSKI CORRÊA FERNANDES
Orientadora: Profa. Dr. Maria Cleci Venturini
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SUMÁRIO
1.0 Apresentação - Leitura e Escrita: Prática Discursiva entre Sujeitos... 042.0 Organização teórico-metodológica....................................................... 063.0 Unidade 1: Níveis de leitura................................................................. 073.1 Introdução do tema.............................................................................. 073.2 Sobre política e jardinagem – Rubem Alves........................................ 083.2 1 Sugestões de atividades...................................................................... 103.3 Machado de Assis................................................................................ 123.3. 1 Sugestão de atividades........................................................................ 123.4 O Analfabeto Político: Berthold Brecht................................................ 143.4.1 Atividades de leitura e exterioridade.............................................. 153.4.2 Imbricação de discursos na leitura: atividades..................................... 163.5 Concluindo............................................................................................ 164.0 Unidade 2: sujeito, discurso e memória............................................... 184.1 Introdução do tema.............................................................................. 184.2 Titãs – Itamar de Oliveira..................................................................... 184.2.1 Os fios que tecem a rede pela interdiscursividade............................... 194.2.2 Figuras da mitologia............................................................................. 224.2.3 Relações entre discursos e atividades................................................. 244.3 Concluindo............................................................................................ 255.0 Unidade 3: O espaço urbano na leitura do político.............................. 265.1 Introdução do tema............................................................................... 265.2 Que País é Este – Legião Urbana........................................................ 265.2.1 Sugestões de atividades...................................................................... 275.3 De 1930 a 1945: a Era Vargas............................................................. 285.3.1 Carta testamento ................................................................................. 295.4 Concluindo............................................................................................ 316.0 Referências ......................................................................................... 32
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1.0 APRESENTAÇÃO - Leitura e Escrita: Prática Discursiva entre
Sujeitos
A Análise do Discurso, de linha francesa, desenvolvida a partir dos anos 60, por Michel
Pêcheux e no Brasil, por Eni Orlandi, é uma disciplina de entremeio, cuja atuação se situa
entre a lingüística (releitura de Saussure por Pêcheux), o marxismo histórico (releitura de
Marx, por Althusser) e a Psicanálise (releitura de Freud, por Lacan). O trabalho com a leitura,
nessa perspectiva, considera que há um saber discursivo, uma memória que não se aprende,
filiações a sentidos, a que, enquanto seres simbólicos, estão sujeitos e sobre os quais não
temos controle em termos de “transmissão” de sentidos”, (Orlandi, 2001, p. 69).
O seu objeto é o discurso, analisado, na perspectiva de Orlandi, a partir de textos,
definido como linguagem como não é transparente e o texto tem uma materialidade simbólica
própria e significativa. Não leva em consideração somente o texto analisado para
compreender e identificar os significados presentes nele. São consideradas as condições de
produção de um determinado discurso, uma vez que o sentido pode mudar de acordo com
essas condições de produção.
A análise, nessa perspectiva, considera a linguagem como produção social e
compreende o sujeito, como produtor do discurso e receptor do discurso. O sujeito, não é visto
como uma pessoa, mas como uma posição social, do qual o sentido não emana, uma vez
que, segundo Pêcheux (1997) é assujeitado à ideologia e atravessado pelo inconsciente. O
assujeitado se dá pelos desdobramentos desse sujeito, delimitados por Pêcheux (idem, p.
214) por dois termos: o locutor (responsável pelo que é dito) e o sujeito do saber (memória do
saber, dada pelo interdiscurso).
O interdiscurso funciona pela memória, que de acordo com o mesmo autor, sustenta a
possibilidade do dizer. A situação é o contexto, levando sempre em conta o momento histórico,
sob a forma de pré-construído, que sustenta a busca do sentido, que se dá pela leitura, que
segundo Orlandi (2002, p. 26) se dá em três níveis: o primeiro fica no nível do inteligível, e
corresponde à decodificação, isto é, ler e saber o que está escrito. O segundo nível é o da
interpretação e considera o sentido “pensando-se o co-texto (as outras frases do texto) e o
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contexto imediato”. Já o terceiro nível, o da compreensão consiste em “saber como um objeto
simbólico (enunciado, texto, pintura, música, etc.) produz sentido”. Nesse nível buscam-se as
outras possibilidades de sentidos, que possibilitam, segundo Orlandi (idem) “escutar” outros
sentidos que ali estão, e que o leitor, muitas vezes, não alcança.
Na leitura discursiva, o terceiro nível é aquele que possibilita perceber o funcionamento
da língua na história, considerando o que está “fora” do texto. Assim, o sentido nunca é
apenas, ele depende da inscrição do sujeito a formações discursivas e a filiação a redes de
memória, que decorrem da repetição (paráfrase) e da possibilidade do novo (polissemia).
O trabalho com os textos, que encaminham para discursos, considera também o
retorno de discursos ao eixo da formulação, é o que vamos trabalhar nesse caderno
pedagógico. A leitura vista em sua acepção mais ampla, pode ser entendida como “atribuição
de sentidos”. Daí ser utilizada indiferentemente tanto para a escrita como para oralidade
(Orlandi, 1993, p. 7).
No Ensino Médio, a leitura segue caminhos dentro do ambiente escola: faz com que os
jovens melhorem suas habilidades e tomem consciência da necessidade de lidar criticamente
com os textos para não se deixar aprender por uma sociedade consumista e massificadora,
ampliando a autonomia intelectual desse aluno. A sala de aula é o lugar de formação de
leitores e a leitura deve ser uma das mais importantes atividades na escola e fora dela.
O tema do caderno pedagógico é o discurso político, que será tomado pelo viés da
memória – o interdiscurso – que se lineariza no fio do discurso de duas formas, como
articulação ou como discurso transverso (atravessamento de discursos). O interlocutor, nesse
sentido, é o professor, com o qual se pretende discutir a leitura como prática, em que o sentido
nunca é um, mas constitui-se de acordo com o sujeito, que é heterogêneo, o que significa a
possibilidade de ocupar várias posições na estrutura social. O resultado de um trabalho como
esse é o abandono da leitura como decodificação.
Antecipamos que um texto pode encaminhar para um discurso ou outro, e que os
discursos que retornam não são os mesmos para todos os leitores, pois dependem dos
sujeitos, de suas filiações. Por isso é importante buscar o sujeito-autor e as condições de
produção de cada materialidade.
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2.0 ORGANIZAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
O desenvolvimento teórico abordará o conteúdo estruturante o discurso político,
a leitura como prática social, que na perspectiva discursiva tem como objeto de análise
o discurso, analisado a partir de textos, dos quais são recortadas seqüências
discursivas de referências, que Courtine (1982) entende como parte de discursos
efetivamente realizados.
Discursivamente não se busca os conteúdos, mas os efeitos de sentidos para
saber “como” o texto significa pelo trabalho da língua na história. Assim, uma mesma
palavra, expressão, proposição, de acordo com Pêcheux (1997) significa
diferentemente, tendo em vista a inscrição do sujeito a formações discursivas (FDs),
que determinam o que “pode ou deve ser dito”.
O sujeito de que se fala não é um indivíduo, mas uma “posição”, que é
determinada pelo seu lugar na formação social. Pode-se dizer, de acordo com os
teóricos estudados, que o sujeito é descentrado, apesar de se constituir pela dupla
ilusão de ser a origem do dizer (correspondente ao inconsciente) e de que o dizer só
pode ser um (correspondente à enunciação).
Nesse trabalho, o nosso objeto é o discurso político que será analisado a partir
de textos, dos quais se recortará seqüências discursivas (SDRs), mostrando que o
sentido organiza-se em dois eixos: o interdiscurso (memória) e o intradiscurso
(materialidade textual) e também que o texto, que é, segundo Orlandi (2001, p. 69) “um
objeto simbólico”, que articula sujeito-língua e história, sujeito-autor e discurso.
Na leitura ocorre o efeito-leitor, isto é, a relação do sujeito com o sentido.
Segundo Orlandi (1993, p. 55) “O discurso não é um conjunto de textos, é uma prática.
Para se encontrar sua regularidade não se analisam seus produtos, mas os processos
de sua produção”. Esse é o centro deste caderno pedagógico, pois se pretende dar
visibilidade à leitura como prática social, encaminhando para o que está fora da
materialidade textual, mas significa nela, legitimando ou apagando determinadas
interpretações ou sentidos.
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As questões metodológicas vão sendo colocadas em cada unidade, introduzindo-
as, ou antes das aplicações, pois se entende que o processo de leitura é fragmentada,
mas realiza-se em sua totalidade. Isso significa faz retornar, o que destacamos
anteriormente, citando Orlandi, que não há como “gerenciar” os sentidos, pois ele
depende de sujeito.
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3.0 UNIDADE 1: Níveis de Leitura
3.1 Introdução do tema
Antes de iniciarmos o trabalho da leitura como prática social, enfocando o
discurso político, é imprescindível que se entenda o vocábulo político, suas implicações,
as relações que estabelece. No entanto, o analista, ou o professor, no momento em que
“seleciona” um texto, faz um recorte. O ato de selecionar e de recortar é um ato político,
porque revela a filiação do professor a redes de memória e as projeções imaginárias
que faz dele mesmo e também do aluno.
Por isso, apesar de serem muitas as possibilidades, reportamos à leitura do
político realizada por Rubem Alves, Machado de Assis e Berthold Brecht. No primeiro
trabalho o tema central gira em torno da educação, que é o gesto político fundamental.
No segundo, Machado de Assis, utiliza-se da ficcionalidade para denunciar as práticas
políticas da sociedade em geral. No terceiro, faz uma crítica daqueles que não se
posicionam em relação ao político, dizendo que estes são os piores analfabetos.
O foco dessa primeira unidade é a leitura realizada em três níveis: o inteligível, o
interpretável e o compreensível.
Ler é fazer amor com as palavras (Rubem Alves
3.2 Sobre política e jardinagem
Rubem Alves
De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim "vocare",
quer dizer "chamado". Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por
um "fazer". No lugar desse "fazer" o vocacionado quer "fazer amor" com o mundo.
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Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
"Política" vem de "polis", cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro,
ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O
político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a
serviço da felicidade dos os moradores da cidade.
Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com
cidades; sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oásis. Deus não
criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu "o que
é política”? ” ele nos responderia”, a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas".
O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu
amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si
mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o
deserto inteiro se transforme em jardim.
(...)
Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na
própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho
que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante.
Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a
mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por
vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para
construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente
o deserto e o sofrimento.
Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar
minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que
explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado
por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: "Eu jamais poderia ser
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político com toda essa charlatanice da realidade.... Ao contrário dos "legítimos"
políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em
minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem."
Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva
muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las. Alves, Rubem.In: Folha de São
Paulo, 19 de maio 2000© .
É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte
sejam citados e esta nota seja incluída.
3.2 1 Sugestões de atividades
1. Em seu texto, Rubem Alves separa o sujeito político em duas categorias: o
vocacionado e o profissional. Retorne ao texto faça um paralelo que possibilita
caracterizar um e outro.
Político vocacionado Político profissional
2, Em seu texto Rubem Alves traça juízos de valor a favor ou contra determinado tipo
de político, sinalizando para a sua filiação, enquanto sujeito. A legitimidade de suas
“opiniões” decorre da sua atuação profissional. Por isso, é importante, sabermos:
a) Quem é Rubem Alves?
b) Ele se filia a alguma tendência política?
c) Teologia , Filosofia e Psicanálise são as três especialidades desse grande escritor ,
mas o que o ajudou a enfrentar problemas existenciais foi a Literatura. Como se explica
este fato?
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d) Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz,
Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa,
entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e
revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. No texto
há evidência dessa admiração, de que forma esse escritor foi relacionado com a
política?
3 . Por Rubem Alves 02/05/2003 às 06:05
“Escrevo para você, jovem, para seduzi-lo à vocação política. Talvez haja um
jardineiro adormecido dentro de você”.
Este enunciado interpela o jovem, buscando a sua filiação à política. Qual o efeito de
sentido dessa interpelação no fio do discurso?
4 - O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Constitua
redes parafrásticas para mostrar as possibilidades de sentido.
5. Até 1964, o Brasil adotou o sufrágio universal e direto: vereadores, prefeitos,
deputados, governadores, senadores e Presidente da República eram eleitos pelo
povo. Em 1964 teve início no Brasil um longo de repressão, de silêncio. Foi retirado o
poder de decisão popular. Nesse período, coube ao Supremo Magistrado da Nação o
direito ao voto. No entanto, após 20 anos o Brasil tornou-se novamente democrático.
Os jovens encabeçaram movimentos de resistência e de luta. O resgate desse
movimento é um trabalho da memória e que faz retornar hoje outro movimento da
juventude ocorrido quando do impecheament de Fernando Collor. Busque esses dois
movimentos, descreva-os e estabeleça relações.
Este escrito, publicado primeiro na Gazeta de Notícias, como outros do livro, é o
único em que há um sentido restrito: — as nossas alternativas eleitorais. Creio que
terão entendido isso mesmo, através da forma alegórica.
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3.3. MACHADO DE ASSIS
www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=imagens+fatos+machado+de+Assis+dominio+publico&btnG=Pe
A literatura trabalha com a ficção, mas mantém, pela verossimilhança relações com
a realidade, uma vez que o inteligível, o interpretável e o compreensível só possível
pelo trabalho da memória, a qual se liga a um real e isso faz com que, os textos
literários “carreguem” ou retomem outros discursos, que se assemelham à realidade.
Com essa reflexão, trazemos para o eixo da formulação, um pequeno fragmento de
Machado de Assis, que trata sobre o político.
3.3. 1 Sugestão de atividades
1-Leia nos contos Papéis Avulsos “A sereníssima República” para dizer quem é para
Machado de Assis o político, a que refere a República, que outros discursos ela faz
retornar.
Este escrito, publicado primeiro na Gazeta de Notícias, como outros do livro, é o
único em que há um sentido restrito: — as nossas alternativas eleitorais. Creio que
terão entendido isso mesmo, através da forma alegórica.
(Conferência do cônego Vargas)
Meus senhores,
Antes de comunicar-vos uma descoberta, que reputo de algum lustre para o nosso
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país, deixai que vos agradeça a prontidão com que acudisses ao meu chamado. Sei
que um interesse superior vos trouxe aqui; mas não ignoro também, — e fora ingratidão
ignorá-lo,
— que um pouco de simpatia pessoal se mistura à vossa legítima curiosidade científica.
Oxalá possa eu corresponder a ambas.
(...)
Mas o Globo noticiou que um sábio inglês descobriu a linguagem fônica dos insetos,
e cita o estudo feito com as moscas. Escrevi logo para a Europa e aguardo as
respostas com ansiedade.
(...)
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
2. As definições de que trata a questão anterior sustentam-se no texto por figuras
mitológicas, históricas e por metáforas. Identifique-as e comente as relações que elas
presentificam.
3. Nesse texto, o escritor caracteriza a política brasileira. Pense na prática política de
hoje e discuta a pertinência ou não de suas reflexões no texto.
4. Que tipos de políticos “constroem” a rede que define a política, a política e a prática
política.
5. Machado de Assis caracteriza-se pela ironia, pelo pessimismo, pela presença do
político. Propomos que os grupos busquem contos do escritor, que versem sobre o
“fazer político” e o apresentem para a classe, verificando os recortes efetivados.
3.4 O Analfabeto Político: Berthold Brecht.
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Atitude-Discussão-Dominação-Governo-Politico-Posicionamento
Os dois textos anteriores versam sobre a política, como prática. O texto a seguir tem
como eixo estruturador o sujeito-político, a sua participação na sociedade, nas decisões
coletivas. Bertolt Brecht relaciona o “ser analfabeto” com o fazer político. Antes de
trabalharmos o texto é importante saber quem foi o autor
Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht. Estudou e trabalhou como enfermeiro
num hospital em Munique durante a 1ª guerra mundial. Filho da burguesia sofreu,
como todos em seu país, a sensação de desolamento de encarar um país
completamente destruído pela guerra. Depois da guerra mudou-se para Berlim, onde o
influente crítico chamou-lhe a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno.
Podem ser identificadas duas motivações principais para o teatro de Brecht: as
concepções marxistas do Homem, um ser que deve ser entendido observando-se o
conjunto de todas as relações sociais de que participa. Para Brecht, a forma épica é a
única capaz de apresentar as determinantes sociais das relações inter-humanas. O seu
intuito didático, a necessidade de um "palco científico" capaz de desmistificar as
relações da sociedade, esclarecendo o público e suscitando a ação transformadora.
Brecht foi responsável por aprofundar o método de interpretação do teatro épico, uma
das grandes teorias de interpretação.
Ele foi o mais autêntico representante do teatro de ação social, voltado para mostrar
que o homem tem a capacidade, o direito e o dever de transformar o mundo em que
vive. [E que não é possível lutar contra a retórica de um governo, mostrando que o
destino do homem deve ser sempre preparado por ele mesmo.]
O Analfabeto Político
“O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
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O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce à prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o
corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.
Nada é impossível de Mudar.
“Desconfiai do mais trivial, na aparência singela.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em
tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar”.
Privatizado
“Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar”.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence.
3.4.1 Atividades de leitura e exterioridade
1. Com base no texto defina o analfabeto político e relacione com os eventos políticos
brasileiros, considerando como o cidadão vota, o que ele busca nos candidatos e a
prática dos políticos.
2. Trazer reportagens que ilustrem os comportamentos dos políticos no pleito para
prefeito e vereadores em sua cidade. As pessoas são analfabetizadas politicamente?
Justifique.
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3.4.2 Imbricação de discursos na leitura: atividades
Eu roubo, mas faço? ? Ademar de Barros sobre sua administração na vida
política
1. Que político brasileiro, da atualidade o enunciado acima traz para o fio do discurso?
2. Qual é a analogia (ponto de semelhança entre coisas diferentes) entre o texto
Analfabeto e o Analfabeto político.
3. Em que época política brasileira Bertolt Brecht escreveu esse texto e que em que
época Ademar de Barros fez essa afirmação.
4. Ademar de Barros é um conhecido político que governou um estado brasileiro.
Busque saber mais sobre este político polêmico.
5. Ademar de Barros e Jânio Quadros foram candidatos a presidente dos brasileiros.
Esses acontecimentos históricos constituem memória. Por isso, vamos pesquisar esse
pleito e os simbólicos que cada um utilizou para atingir os eleitores.
5 Que tipo de povo vai escolher os representantes do povo numa Democracia?
3.5 Concluindo
As atividades de leitura e de escrita proposta nesta primeira unidade mostram
que ler é muito mais do que decifrar as letras, do que está na linearidade. Há, nesta
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perspectiva, três níveis de leitura, descritos por Eni Orlandi. O primeiro deles é o
inteligível e considera o texto em si. Nesse sentido, ler é identificar palavras. O segundo
nível é o do interpretável, que exige conhecimento dos sujeitos do discurso e de dados
que permitam identificá-los. O terceiro nível é o do compreensível, isto é, considera o
contexto sócio-histórico, o que está fora do texto, mas é constitutivo do sentido do texto.
As atividades propostas consideram esses três níveis e mostram que um texto
pode encaminhar para diferentes discursos, dependendo da filiação dos sujeitos e do
que faz sentido para eles.
Tratamos do discurso político e nessa primeira parte trabalhamos o próprio
político, o que é a política e o ser político.
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4.0 Unidade 2: sujeito, discurso e memória
4.1 Introdução do tema
Nesta segunda unidade, continuamos a tratar do discurso político, mas o enfoque
gira em torno do sujeito político, ou seja, os sujeitos da prática política. O sujeito do
discurso ocupa uma posição e a partir dessa posição é que fala, fazendo funcionar
espaços de memória, que não dependem só deles, mas também dos leitores.
Nessa perspectiva, a noção que desencadeia e sustenta essa segunda unidade é
a memória, como interdiscurso, também chamada de memória do dizer. Essa memória
está em relação com as formações discursivas, que determinam o que “pode” ou “deve”
ser dito. Assim, o sujeito desdobra-se em dois, o sujeito da enunciação (responsável
pelo dizer) e o Sujeito Universal (memória do dizer).
Nessa segunda unidade trabalhamos o texto de Itamar de Oliveira, buscamos as
suas filiações políticas e também as memórias que esses textos fazem retornar. Assim,
os Ulysses são dois (o mitológico e o ex-presidente do PMDB e candidato a Presidente
da República, morto tragicamente). Tancredo e Juscelino fazem rede junto ao Partido
Político de Ulysses, fazendo cada um retornar outras memórias.
4. 2 Titãs
Itamar de Oliveira
Ulysses, que pouco sabia, ensinava latim
Tancredo, que sabia pouco, estudava direito
Juscelino, que sonhava muito, aprendia medicina
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Ulysses, mais que Penélope, sabia tecer
Tancredo, mais que Ariadne, sabia pensar
Juscelino, mais que Helena, queria viver
(...)
Ulysses, que aprendeu muito, nos deixou a Constituição
Tancredo, que aprendeu demais, nos deixou a Conciliação
Juscelino, que aprendeu quase tudo, nos deixou a Esperança
4.2.1 Os fios que tecem a rede pela interdiscursividade
Itamar de Oliveira é o autor desse texto, que é jornalista, presidente e diretor da
Fundação Ulysses Guimarães. Escreveu o livro: Política e Cidadania, juntamente com
Thomas de Oliveira Gonçalves, Vanderlei Lourenço, que foi publicado pela Editora
Libertas, Fundação Ulysses Guimarães. MG. O texto anterior é de sua autoria e deixa
entrever as suas filiações políticas.
Segundo o autor a política não se faz com ódio, pois não é função hepática. É filha
da consciência, irmã do caráter, hóspede do coração. Eventualmente, pode até ser
açoitada pela mesma cólera com que Jesus Cristo, o político da Paz e da Justiça,
expulsou os vendilhões do Templo. Nunca com a raiva dos invejosos, maledicentes,
frustrados ou ressentidos. Sejamos fiéis ao evangelho de Santo Agostinho: ódio ao
pecado, amor ao pecador. “Quem não se interessa pela política, não se interessa pela
vida” Ulysses Guimarães.
Para ler esse texto e ir além do fio do discurso, é preciso estabelecer relações,
buscar os fios que tecem a rede e formam o texto, como uma unidade imaginária de
sentido. É por isso, que recortamos os traços identitários dos políticos a que o
funcionamento da memória, que atualiza o dizer, remete.
Ensinava latim
ULISSES Sabia tecer
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Deixou-nos
Quem foi Ulysses Guimarães?
A resposta é: foi um dos maiores políticos brasileiros.
Ulysses Silveira Guimarães ou Ulisses Guimarães nasceu em Rio Claro-SP, no
dia 06 de Outubro de 1916, filho de Ataliba Silveira Guimarães e de dona Amélia Correa
Fontes. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo (USP), em 1940. Antes
de ingressar na política, foi secretário da Federação Paulista de Futebol.
Elegeu-se deputado estadual em 1947, pelo Partido Social Democrático (PSD).
Três anos depois, passou a ser deputado federal, função que exerceu durante 11
mandatos consecutivos. Foi presidente do MDB e PMDB durante vários anos e seu
presidente de honra. Em 1987, o parlamentar comandou a Assembléia Constituinte.
Candidato à Presidência em 1989, não obteve sucesso, mas marcou a história do País.
Ulisses Guimarães morreu (desapareceu) no Rio de Janeiro, em 12 de Outubro de
1992
1- Será que Ulisses é o sujeito do discurso ou remete a outro Ulisses da política
contemporânea?
2 - Buscar na história dentro da mitologia o Ulisses e o seu significado.
3- O que possibilita a relação entre Ulisses da mitologia grega e o político brasileiro
Ulisses Guimarães?
Sabia pensar
Tancredo Neves Estudava Direito
Deixou conciliação
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Segundo historiadores Tancredo Neves trabalhou em favor da união nacional, do
diálogo, do entendimento, da conciliação, da trégua.
Esta frase é sua: “De Norte a Sul do Brasil, estou pregando, em praça pública, a
unidade nacional”. Prego a concórdia, a construção do futuro, e não me prendo aos
pesadelos do passado.
http://www.frasesfamosas.com.br/de
Nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais, em 4 de março de 1910. Advogado,
ingressou na política pelo PP (Partido Progressista), pelo qual foi eleito vereador em
São João Del Rei em 1935, cargo que exerceu até 1937.
Já pelo PSD (Partido Social Democrático), elegeu-se deputado estadual (1947-1950) e
deputado federal (1951-1953). Passou a atuar no ministério a partir de 25 de junho de
1953, exercendo os cargos de ministro da Justiça e Negócios Interiores até o suicídio
do presidente Getulio Vargas.
http://www.oyo.com.br/astros-e-estrelas/outros/juscelino-kubitschek/fotos-videos/200807010153014351.jpg
APRENDIA MEDICINA
Juscelino Kubitschek
QUERIA VIVER
DEIXOU ESPERANÇA
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Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em 12 setembro de 1902 em Diamantina,
Minas Gerais. Com apenas três anos de idade, Juscelino ficou órfão de pai e foi criado
por sua mãe. Espírito inquieto e sonhador, seus primeiros anos de vida foram
marcados de um lado por uma infância profundamente pobre e de outro pelos signos da
modernidade e pelo desejo de progresso que via em sua volta. Candidato à presidência
da República. JK sabia que precisava do apoio de uma base sólida e da aceitação
popular, como tinha o PTB, partido de Vargas e que tinha João Goulart como candidato
à presidência. Poucos dias após a homologação de JK como candidato do PSD, o PTB
selou acordo tendo João Goulart (Jango) concorrendo como vice-presidente.
Morre em 1976 de acidente automobilístico no dia 22 de Agosto 1976 na Rodovia
Presidente Dutra, em São Paulo. Seu carro chocou-se de frente com uma carreta após
ter sido acidentalmente fechado por um ônibus que vinha na mesmo pista em alta
velocidade.
4.2.2 Figuras da mitologia
Itamar de Oliveira, o autor do texto mostra que tem conhecimentos da mitologia e,
por isso utiliza-se do processo metafórico, colocando os políticos junto a Penélope, a
Ulysses, a Ariadne e a Helena. Por isso pode-se dizer que um discurso significa em
outro, isto é, pelos espaços de memória que retornam.
PENÉLOPE SABIA TECER
ARIADNE SABIA PENSAR
HELENA QUERIA VIVER
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ÍTACA
http://miriamfajardo.blogspot.com/2008/09/ilada-e-odissia-saga-do-conflito.html
Acessado em 05/12/2008
A mitologia grega possui várias características específicas. Os deuses gregos
assemelham-se exteriormente aos seres humanos e apresentam, ainda, sentimentos
humanos histórias e lendas sobre uma grande variedade de deuses.
Penélope Filha de Ícario, rei de Esparta, mulher de Odisseu, rei de Ítaca, e mãe de
Telêmaco. Seu marido esteve ausente por mais de 20 anos, como conseqüência da
guerra de Tróia, mas ela nunca duvidou que ele regressaria e se manteve fiel.
Na mitologia grega, Helena era filha de Zeus e de Leda, esposa do rei Menelau de
Esparta. Possuía a reputação de mulher mais bela do mundo. O seu rapto feito pelo
príncipe troiano Páris desencadeou uma guerra. Após este acontecimento, foi perdoada
pelo marido e levada de volta para Esparta, seu reino.
As desventuras de Ariadne ou Ariadna, filha de Pasífae e de Minos, rei de Creta,
começaram quando ela deu, seu amado, o fio que lhe permitiria sair do labirinto onde
vivia o Minotauro.
www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Antes_de_Cristo_Bloco8.html
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Helena de Tróia
Guerra de Tróia
http://miriamfajardo.blogspot.com/2008/09/ilada-e-odissia-saga-do-conflito.html
Acessado em 05/12/2008
4.2.3 relações entre discursos e atividades
1. Existe uma filiação partidária entre as personagens do texto Titãs: Ulisses
Guimarães, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Qual é essa filiação e qual é a
trajetória desse partido dentro do cenário político brasileiro?
2. Atualmente, a legislação eleitoral brasileira e a Constituição, promulgada em 1988,
permitem a existência de várias agremiações políticas no Brasil. Com vários partidos
políticos e foram criados outros, que estavam na clandestinidade na época da Ditadura
de 1964 os quais voltaram a funcionar. Quais os partidos políticos existentes, hoje, no
Brasil?
3. Titãs também vêm da mitologia grega. Estabeleça a relação entre o título do texto e o
histórico da palavra.
4. “Não é o poder que corrompe o homem. O homem é que corrompe o poder “
Ulisses Guimarães – Escritor. ttp://www.florianonet.com.br
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Pode-se ler, por esse enunciado que o poder e a corrupção possuem traços em
comum, podendo-se dizer que esses traços são elos. Enumere alguns tipos de
corrupção que pode haver na política.
4. 3 Concluindo
Nesta segunda unidade o fio condutor foi a memória, que possibilita a leitura de
textos e a possibilidade de mais de um sentido. Pelas atividades desenvolvidas,
podemos concluir que um discurso remete a outro, a partir do qual ele faz sentido.
Assim, para definir Ulysses, Juscelino e Tancredo, Itmar de Oliveira referiu à mitologia e
a figuras mitológicas, que por um processo metafórico, dizem quem são esses políticos.
Há, na relação entre os discursos que se imbricam, também uma imbricação de
tempos, pois o presente, o passado e também a possibilidade de um futuro podem ser
lidas aí.
Um das funções do professor é ajudar o aluno a “ler” o que está dito, mas
também o que não está, mas retorna pelo funcioinamento da memória. É por isso que
se diz que um texto não tem um único sentido e que a leitura não é fechada, mas
aberta á possibilidades de interpretações outras.
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5.0 UNIDADE 3: O espaço urbano na leitura do pólítico
5.1 Introdução do tema
O foco dessa terceira unidade em relação ao discurso político é o espaço urbano e
os sujeitos que o habitam, bem como a mídia, através da musica. Iniciamos com o
Grupo Legião Urbana e o contexto sócio-histórico do grupo, a partir do qual pode-se ler
a música.
O espaço urbano e as práticas políticas ocorrem a partir de sujeitos. Como
estamos tratando do discurso político, iniciamos com um texto da Legião Urbana: que
país é este e recortamos um político: Getúlio Vargas. Um texto de destaque é a Carta
com a qual ele se despede da vida e da política.
5.2 Que País é Este
Esta música do grupo Legião Urbana define o espaço político e a identidade dos
sujeitos nos anos 80. Trata-se de um discurso urbano, pois ela os sujeitos são
significados e se significam. Renato Russo, um dos líderes da banda, era um músico
competente e um excelente letrista.
Como artista, era engajado. Defendia veementemente seus pontos de vista nas
letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas, hoje, sejam tão conhecidas
pelos jovens desta geração. A música que trabalhamos a seguir foi composta por ele e
fala das cidades, como um espaço político.
Legião Urbana
Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
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Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?(...)
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papéis e documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
(...)
O Brasil não é um país sério. (Charles de Gaulle).
www.geocities.com/Paris/Opera/470
5.2.1 Sugestões de atividades
1. O entendimento de política para muitos é desorganização de atividades, má
administração das coisas públicas. Por que este entendimento é tão comum?
2. Como se pode identificar o bom do mau político, existem evidências?
3. No Brasil, tem-se falado também de grandes feitos políticos. Será que há nomes e
feitos de bons políticos brasileiros? Cite-os se houver.
4. “Ninguém respeita a constituição”. É importante existir leis, regras que orientem
comportamentos de um povo ou isto é desnecessário, pois cada um sabe o que
precisa? Quantas constituições já existiram no Brasil?
5. “Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão”.
a) Por que os nativos brasileiros “índios” são mercadoria de troca? Foi sempre assim?
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b)Se eles são “nossos” é porque são brasileiros, se brasileiros, como justifica este
tratamento de venda?
6- Charles de Gaulle fez a afirmação que o Brasil não é um país sério? Quem é
Charles de Gaulle? Que experiências administrativas ou políticas ele tem para fazer
esta afirmação.
5.3 De 1930 a 1945: a Era Vargas.
Brasil sempre viveu e vive, antes e depois de Vargas, em periódicas dificuldades
e agitações, na probabilidade de acomodamento, em busca de soluções que, em fase
de tentativas e experiências, as quais ainda inquietam a sensibilidade social.
Getúlio Vargas foi um político apaixonante pelas suas idéias, pelas suas atitudes
e, principalmente pelo legado que deixou aos brasileiros: a legislação trabalhista. É
essa uma das razões pelas quais muitos o amam e o idealizam.
Assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 1930, que derrubou o
governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes caracterizaram-
se pelo nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de
1934. Fecha o Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar
com poderes ditatoriais. Sua forma de governo passa a ser centralizadora e
controladora. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e
censurar manifestações contrárias ao seu governo. Perseguiu opositores políticos,
principalmente partidários do comunismo.
Embora tenha sido um ditador e governado com medidas controladoras e
populistas, Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área
do trabalho favoreceram os trabalhadores. A carta deixada, quando da sua morte em
24 de agosto de 1954 entrou pela história e tem um teor dramático, permitindo
que os leitores o vejam não só como político, mas também como ser humano.
28
5.3.1 Carta testamento
http://www2.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/imagens/re_governo_vargas_2.jpg
Eis a Carta:
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e
novamente se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam: não me combatem, caluniam e não me dão o direito
de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não
continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o
destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos
econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei
o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar.
Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos
internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia
do trabalho. A lei dos lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da
revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional
da pontencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa a
funcionar, a onda de agitação se avoluma.
E Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador
seja livre. Não querem que o povo seja independente.
(...)
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de
peito aberto. O ódio, as infâmias, as calúnias não abateram meu ânimo. Eu vos dei a
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minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o
primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
Getúlio Vargas
5.3.2 Lendo a Carta
1. A visão histórica dos fatos, ações e atitudes passadas e sua repercussão são
mencionadas na carta. Enumere-os explicando de que forma o autor da carta está
relacionado com os mesmos.
2. A quem o discurso está sendo dirigido e por qual razão? Quem é sujeito interlocutor
da carta?
3. Getúlio foi chamado e é conhecido pelo povo como “O Pai dos Pobres”. Há alusão na
carta que comprove esta memória?
4. Destinos Impostos, quem pode impor um destino aos homens? Que memórias essa
relação com o destino faz trabalhar? Quais os grupos sociais que mais se preocupam
com o destino?
5. Os opositores destruiriam o povo, o sujeito do discurso nomeia-os ou eles retornam
pelo funcionamento da memória do sujeito-autor e também do sujeito leitor. Como eles
podem ser identificados?
6. Os fatos são colocados no passado e no presente. Como estes tempos estão
relacionados aos acontecimentos históricos e à memória nacional?
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5.4 Concluindo
Nesta terceira parte o enfoque foi o espaço urbano e buscamos mostrar que o
sujeito se representa e é representado pelo espaço que habita, enquanto ser politizado
que é.
Dois textos constituem essa terceira unidade: um que fala da Legião Urbana e
mostra os espaços que constituem a cidade e outro do político controvertido e político,
que viveu no espaço urbano, mas foi idealizado no campo, levando para lá a
urbanidade.
Buscamos mostrar, com as atividades propostas, que o discurso político é
constitutivo do sujeito-cidadão em todos os espaços, mas provém, especialmente do
espaço urbano.
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6. Referênciasconciliação
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Paulo:Record, 1999.
_____________ Margens do Texto, Rita Chaves. São Paulo: Scipione 1993.
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GALVES, Carlos. Elementos de Economia Política atual. São Paulo:FTD. 1966.
OLIVEIRA, Itamar de; GONÇALVES, Thomas de Oliveira; LOURENÇO,Vanderlei.
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ORLANDI, Eni Pulcinelli Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. São Paulo:
Pontes 2004.
____________ Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez; Campinas, SP.
PALERMO, Alfredo. Estudo de Problemas Brasileiros. São Paulo: Lisa - Livros
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PECHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio,
tradução: Eni Pulcinelli Orlandi. Campinas, SP, Unicamp, 1997.
SELEÇÕES do Reader’s Digest. Grandes Vidas Grandes Obras. Lisboa – Rio de
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www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=imagens+fatos+machado
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