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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

NO CONTEXTO DO PDE

Unidade didática no formato de Artigo apresentado como requisito ao Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE no 2º Período de julho a dezembro de 2012, na área de Educação Profissional. Dr. Prof. Orientador: Rui Scaramella Furiatti

PONTA GROSSA

2012

2

Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica

Título: MANEJO DE PRAGAS NA SOJA (MP-Soja): uso da tecnologia e sua contribuição na sustentabilidade das propriedades rurais do município de Palmeira, PR.

Autor João Carlos Hoffmann

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Agricultura/Educação Profissional

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Agrícola Estadual “Getúlio Vargas”- Ensino Médio e Profissional, Palmeira,PR.

Município da escola Palmeira

Núcleo Regional de Educação

Ponta Grossa

Professor Orientador Rui Scaramella Furiatti

Instituição de Ensino Superior

UEPG

Relação Interdisciplinar

Produção Vegetal

Resumo

O manejo integrado de pragas na soja (MIP-soja) foi desenvolvido em meados de 1970, no entanto, atualmente é pouco utilizado pelos produtores brasileiros. Possivelmente, uma das principais causas desse abandono da tecnologia é a falta de assistência técnica ou assistência técnica não direcionada. Neste contexto percebe-se que o objetivo da escola é formar Técnicos em Agropecuária ao “mundo do trabalho”. A produção didático-pedagógica será utilizada com aluno (a)s do 1º e 2º semestre do Técnico em Agropecuária- Subsequente de 2013, no Colégio Agrícola Estadual “Getúlio Vargas”, Palmeira, PR. A estratégia de ação será nas aulas teórico-práticas de Produção Vegetal, MP-Soja, com apoio de textos, laboratórios de informática, ciências e pesquisa de campo com sojicultores, técnicos, que fará parte do artigo final. A socialização com outros profissionais da área de educação será no GTR. Espera-se um apoio importante no ensino-aprendizagem dos alunos, instigando-os a voltarem ao campo na assistência técnica como “agentes polinizadores” do resgate desta tecnologia, sensibilizando e conscientizando as pessoas envolvidas na produção de soja, não só do Uso Racional de

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Inseticidas (URI), mas do MIP-Soja. Com essa ação pretende-se minimizar o impacto negativo do uso inadequado dos inseticidas nas propriedades rurais da região, rumo à agricultura sustentável.

Palavras-chave Manejo de pragas na soja; Assistência técnica; Agricultura sustentável.

Formato do Material Didático

Unidade Didática- Artigo

Público Alvo

A produção didático-pedagógica na escola será desenvolvida com 15 alunos (as), filhos (as) de agricultores (as) e maiores de 18 anos, do Técnico em Agropecuária – Subsequente, cursando o 1º e 2º semestre do ano de 2013.

4

Apresentação

A Produção Didático-pedagógica é uma atividade prevista para o segundo

período do Programa-PDE, já planejada no Projeto de Intervenção Pedagógica, que

tem correlação direta com a implementação na escola. Portanto, o professor precisa

ter clareza quanto à intencionalidade de sua produção, buscando a fundamentação

teórica e os encaminhamentos metodológicos a serem apresentados, de forma a

garantir a sua aplicabilidade na realidade escolar.

A Produção Didático-pedagógica é a elaboração intencional do Professor

PDE ao organizar um material didático, enquanto estratégia metodológica, que sirva

aos propósitos de seu Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola. Esta

elaboração significa preparar com detalhes o material, organizá-lo de modo a

contribuir com o aprimoramento da prática pedagógica. Deve ser pertinente ao seu

objeto de estudo/problema, considerando a sua área/disciplina de ingresso no

Programa.

A Produção Didático-pedagógica busca alternativas de superação dos

problemas percebidos pelos professores em suas práticas pedagógicas e

apresentados no Projeto de Intervenção.

Existem diversos formatos de material didático disponível no meio

educacional. No caso da atividade solicitada pelo Programa esse material é

articulado ao Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola do Professor PDE, com

a orientação do Professor Orientador da IES. Nesta perspectiva, a escolha do

formato do material didático foi a Unidade Didática.

Unidade Didática é a elaboração que desenvolve um tema, aprofundando-o

de forma teórica e metodológica. Compreende um ou mais conteúdos da

disciplina/área em foco, desenvolvidos sob uma perspectiva metodológica para o

público alvo da implementação do Projeto de Intervenção na escola.

A Unidade Didática que foi feita a opção é através de um tema em forma de

Artigo e possui uma dimensão de conteúdo, no qual o Professor PDE irá

desenvolver uma reflexão teórica sobre o mesmo.

Deverá ser produzido individualmente e estruturado seguindo normas próprias

de elaboração (ABNT), devendo conter os elementos previstos nestas normas.

Na atualidade um grande número de agricultores não tem utilizado o MP-Soja,

no monitoramento de organismos nocivos nas lavouras de nossa região e muitos

5

alunos egressos do curso Técnico em Agropecuária do Colégio Agrícola Estadual

“Getúlio Vargas”- Ensino Médio e Profissional, em Palmeira, PR, não tem voltado

para o campo.

No desenvolvimento desta unidade didática, pretende-se refletir com os

alunos sobre estas questões: O que é agricultura sustentável? Quais são as pragas

chave da soja e medidas de controle? Quais as diferenças entre Uso Racional de

Inseticidas (URI) e Manejo Integrado de Pragas na Soja (MIP-Soja)? Qual a

importância do monitoramento de pragas da soja e inimigos naturais? Pesquisar no

campo, técnicos e produtores de soja para elucidar as razões da renúncia ou

desconhecimento do MIP-Soja. Qual a importância da assistência técnica no campo?

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MANEJO DE PRAGAS NA SOJA (MP-Soja): uso da tecnologia e sua contribuição na sustentabilidade das propriedades rurais do município de Palmeira, PR.

Autor: João Carlos Hoffmann 1

Orientador: Rui Scaramella Furiatti2

Resumo

O manejo integrado de pragas na soja (MIP-soja) foi desenvolvido em meados de 1970, no entanto, atualmente é pouco utilizado pelos produtores brasileiros. Possivelmente, uma das principais causas desse abandono da tecnologia é a falta de assistência técnica ou assistência técnica não direcionada. Neste contexto percebe-se que o objetivo da escola é formar Técnicos em Agropecuária ao “mundo do trabalho”. A produção didático-pedagógica será utilizada com aluno (a)s do 1º e 2º semestre do Técnico em Agropecuária- Subsequente de 2013, no Colégio Agrícola Estadual “Getúlio Vargas”, Palmeira, PR. A estratégia de ação será nas aulas teórico-práticas de Produção Vegetal, MP-Soja, com apoio de textos, laboratórios de informática, ciências e pesquisa de campo com sojicultores, técnicos, que fará parte do artigo final. A socialização com outros profissionais da área de educação será no GTR. Espera-se um apoio importante no ensino-aprendizagem dos alunos, instigando-os a voltarem ao campo na assistência técnica como “agentes polinizadores” do resgate desta tecnologia, sensibilizando e conscientizando as pessoas envolvidas na produção de soja, não só do Uso Racional de Inseticidas (URI), mas do MIP-Soja. Com essa ação pretende-se minimizar o impacto negativo do uso inadequado dos inseticidas nas propriedades rurais da região, rumo à agricultura sustentável.

Palavras-chave: Manejo de pragas na soja; Assistência técnica; Agricultura sustentável.

1 Especialista, Engenheiro Agrônomo e Professor do Técnico em Agropecuária-CAEGV, Palmeira, PR.

2 Doutor, Engenheiro Agrônomo e Professor de Agronomia-UEPG, Ponta Grossa, PR.

7

SUMÁRIO

1 Introdução.......................................................................................................8

2 Revisão de literatura (Textos).........................................................................9

2.1 Agricultura Sustentável..........................................................................9

2.2 Ciclo da Soja.......................................................................................13

2.3 Pragas Chave da Soja.........................................................................15

2.4 Manejo Integrado de Pragas na Soja (MIP-Soja)................................19

2.5 Medidas de Controle de Pragas da Soja.............................................22

2.6 Classificação das Propriedades Rurais...............................................26

2.7 Assistência Técnica.............................................................................30

3 Orientações Metodológicas..........................................................................32

4 Considerações Finais...................................................................................36

Referências......................................................................................................37

8

1 Introdução

O uso da produção didático-pedagógica na escola é importante para os

alunos conhecerem o MP-Soja e aqueles que voltarem ao campo como profissionais

da assistência técnica em instituições públicas, empresas privadas, nas lavouras de

seus familiares e associações de agricultores, possam resgatar o uso desta

importante tecnologia.

A produção didático-pedagógica na escola tem como objetivos sensibilizar e

conscientizar os alunos do projeto da importância do MP-Soja e assistência técnica

nas lavouras, visando contribuir à sustentabilidade das propriedades rurais; motivar

os alunos a voltarem ao campo, para serem profissionais dedicados à assistência

técnica; preparar os alunos a serem “agentes polinizadores” do uso do MIP-Soja,

nas comunidades rurais da região de sua atuação profissional; instigar através dos

resultados da pesquisa participativa de campo, os sojicultores, a buscar assistência

técnica pública ou privada, desvinculada da área de venda de insumos agrícolas;

estimular os alunos a participar de cursos de aperfeiçoamento em Manejo Integrado

de Pragas na Soja (MIP-Soja); socializar com outros educadores do Paraná, sobre a

importância da produção didático-pedagógica na preparação de Técnicos

Agropecuários, para atuarem na assistência técnica e principalmente aos pequenos

produtores rurais; reduzir o uso de inseticidas nas lavouras de soja.

9

2 Revisão de literatura (Textos)

2.1 Agricultura Sustentável

Agricultura foi definida como "a arte de modificar os ecossistemas, em termos

econômicos e sem produzir danos irreversíveis" (MALAVOLTA, 1997). Muito embora

uma agricultura moderna, baseada em desenvolvimentos científicos, ao mesmo

tempo aumente a produtividade, proteja e economize o meio ambiente, tem havido

uma preocupação crescente em minimizar eventuais danos e nos últimos anos

discute-se com mais intensidade, o que veio a ser chamado de "agricultura

sustentável".

A agricultura sustentável deve ser encarada sob todos os aspectos sociais,

ecológicos e econômicos, para garantir a sobrevivência da humanidade.

O objetivo de uma agricultura sustentável deve ser o de envolver o manejo

eficiente dos recursos disponíveis, mantendo a produção nos níveis necessários

para satisfazer às crescentes aspirações de uma também crescente população, sem

degradar o meio ambiente (FAO, 1989).

A produção integrada baseia-se na adoção das boas práticas agrícolas,

principalmente as relacionadas ao manejo e conservação do solo, manejo integrado

de pragas, utilização racional de agroquímicos, eliminação do uso daqueles

extremamente tóxicos ao homem e ao meio ambiente (SEAB, 2007). Na produção

integrada são monitorados e registrados todos os procedimentos adotados durante

cada etapa do processo produtivo, garantindo assim, a rastreabilidade e a qualidade

do produto.

No âmbito da produção integrada de soja, o MIP vem sendo amplamente

enfatizado. Na safra 2006/2007 foram implantados pelo Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (MAPA) em áreas de produtores, nove campos-piloto de

Produção Integrada de Soja, onde um deles foi o campo-piloto I do município de

Palotina, PR.

Em todos os campos-piloto foi detectada a presença da lagarta-da-soja,

percevejos marrom e pequeno. A lagarta falsa medideira e ácaros, pragas estas que

até pouco tempo eram consideradas secundárias, foram também encontradas em

todos os campos-piloto.

10

O número médio de aplicações de inseticidas nos campos-piloto, na safra

2006/2007, foi de 2,44, mostrando-se inferior á média do Estado do Paraná na safra

2004/2005, que foi de 3,56 aplicações.

Tabela 1 Número de aplicações de inseticidas e a produtividade da soja (Variedade Embrapa 48) colhida em áreas submetidas a diferentes táticas de manejo na safra 2006/2007,

em Palotina, PR (Campo-piloto I)

Tratamentos Nº de aplicações de Rendimento inseticidas

(Kg/ha)

Manejo Biológico 2 3328

Manejo Integrado 3 3793

Manejo Produtor 5 3818 Fonte: Embrapa Soja, 2008

Tabela 2 Inseticidas utilizados em lavouras de soja submetidas a diferentes táticas de manejo na safra de 2006/2007, em Palotina, PR (Campo-piloto I)

Tratamentos Produto Dose

Manejo Biológico Baculovírus 20 g/ha

Trissolcus basalis 5000/ha

Manejo Integrado Diflubenzurom 60 g/ha

Triflumurom 50 ml/ha

Tiametoxam 250 ml/ha

Manejo Produtor Fipronil 25 ml/sc

Beta-ciflutrina 20 ml/ha

Diflubenzuron 60 g/ha

Metamidofós 600 ml/ha

Metamidofós 800 ml/ha Fonte: Embrapa Soja, 2008

O número de aplicações de inseticidas (Campo-piloto I) no tratamento que

reflete o manejo adotado pelos produtores da região foi de cinco e quatro para o

controle dos insetos da parte aérea e mais uma aplicação no tratamento de

sementes, significando um volume de inseticida de até duas e três vezes mais que

aquele utilizado nas áreas de manejo integrado e biológico, respectivamente (Tabela

1).

Além das consequências drásticas para o ambiente, o rendimento da soja nos

diferentes tratamentos não foi diretamente proporcional, obtendo-se, em valores

absolutos, produtividades semelhantes no manejo do produtor e manejo integrado,

este tratamento com menor número de aplicações e com uso de produtos mais

11

seletivos aos inimigos naturais (Tabela 2). A área com manejo biológico apresentou

menor rendimento, porém com o menor custo com aplicação de inseticidas.

Embora o MIP- Soja seja recomendado pela maioria dos órgãos de pesquisa,

extensão rural e universidades, não conta com o mesmo entusiasmo e motivação

dos agricultores (MORALES, 2006). A pesquisa proposta nesse projeto pretende

elucidar as razões da renúncia ou desconhecimento do MIP por parte de técnicos e

produtores.

Há séculos o homem e insetos competem pelo mesmo alimento, pois das 10

pragas do Egito na Bíblia, três eram insetos e na história da humanidade as pragas

estão entre os principais fatores que reduzem a produção de alimentos. Minimizar

perdas na agricultura é um grande objetivo dos profissionais das ciências agrárias,

pois de acordo com a FAO, o mundo perde em média 14% da produção de

alimentos devido ao ataque de insetos e nos países em desenvolvimento como o

Brasil as perdas são ainda maiores, ou seja, 38% (ZAMBOLIM et al., 2003).

Segundo levantamentos da EMATER (dados não publicados), as aplicações

de inseticidas na soja do Paraná aumentaram 67,1% nos últimos anos. Isto contribui

na elevação dos custos de produção, problemas ambientais e intoxicações (Tabela

3).

Tabela 3 Número médio de aplicações de inseticidas em soja no Estado do PR

Praga 1999/2000 2004/2005 % Aumento

Lagarta

Desfolhadora 1,23 1,92 56,1

Lagarta

Desfolhadora + 0,13 0,2 53,8

Percevejos

Percevejos 0,74 1,34 81,1

Outras 0,03 0,1 33,3

Total 2,13 3,56 67,1

Fonte: Morales, 2006

12

A cultura da soja está sujeita ao ataque de diferentes espécies de insetos

durante todo o seu ciclo. Embora esses insetos tenham suas populações reduzidas

por predadores, parasitóides e doenças, em níveis dependentes das condições

ambientais e do manejo de pragas que se pratica, quando atingem populações

elevadas, capazes de causar perdas significativas no rendimento da cultura,

necessitam ser controlados.

A necessidade de produção para suprir a crescente demanda de alimentos

obriga o homem a praticar uma agricultura altamente tecnológica. No entanto, a

busca de produtividade tem levado a agressões contra o meio ambiente, como o uso

indiscriminado de pesticidas, e consequentemente à insustentabilidade do

agronegócio.

O Brasil na safra de 2010/2011 plantou 71 milhões de hectares de lavoura

temporária (soja, milho, cana, algodão, etc) e permanente (café, cítricos, frutas,

eucaliptos, etc). Nosso país é o segundo maior produtor de soja mundial, sendo a

principal cultura plantada no território nacional. O complexo de soja, (grãos, óleo e

ração) é o maior produto de exportação brasileiro, gerando muitas divisas ao nosso

país (IBGE, 2012).

O Paraná é o segundo maior produtor de soja brasileiro e ainda que seja

considerada por muitos como uma cultura de escala, a soja ocupa no Paraná

aproximadamente quatro milhões de hectares, plantada por 100 mil produtores com

área média de 35 a 40 hectares, sendo 70% de agricultores familiares (MORALES,

2006).

A agropecuária de Palmeira, PR, contribui com quase 40% do Produto Interno

Bruto (PIB) na safra 2010/2011 deste município. A área plantada foi de 83.871,25

ha, produção das culturas de 312.146 t e valor total da produção anual de R$

268.589.392,73. A soja foi à cultura mais plantada, com uma área de 50.000 ha

(59,61%), produção de 175.000 t do grão (56,06%) e teve um valor total da produção

de R$ 69.833.242,11 (26%), (VALOR BÁSICO DA PRODUÇÃO - DERAL/SEAB,

2012).

O Brasil utilizou cerca de 853 milhões de litros (produtos formulados) de

agrotóxicos pulverizados nas lavouras temporárias e permanentes na safra

2010/2011, principalmente de herbicidas, fungicidas e inseticidas, representando

média de uso de 12 litros/hectare e exposição média

13

ambiental/ocupacional/alimentar de 4,5 litros de agrotóxicos por habitante

(IBGE/SIDRA, 2012; SINDAG, 2011).

A soja utilizou 40% do volume total entre herbicidas, inseticidas, fungicidas,

acaricidas e outros (adjuvantes, surfactantes, reguladores). Em seguida está o milho

com 15%, a cana e o algodão com 10%, depois os cítricos com 7%, o café (3%), o

trigo (3%), o arroz (3%), o feijão (2%), a pastagem (1%), a batata (1%), o tomate

(1%), a maçã (0,5%), a banana (0,2%) e as demais culturas consumiram 3,3% do

total.

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do

observatório da Industria dos Agrotóxicos da UFPR, divulgados durante o 2º

Seminário sobre Mercado de Agrotóxicos e Regulação, realizado em Brasília (DF),

em abril de 2012, enquanto, nos últimos dez anos, o mercado mundial de

agrotóxicos cresceu 93%, o mercado brasileiro cresceu 190%. Em 2008, o Brasil

ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de maior mercado mundial de

agrotóxicos. Em 2010, o mercado nacional movimentou cerca de US$ 7,3 bilhões e

representou 19% do mercado global de agrotóxicos. Em 2011 houve um aumento de

16,3% das vendas, alcançando US$ 8,5 bilhões, sendo que as lavouras de soja,

milho, algodão e cana-de-açúcar representam 80% do total das vendas do setor

(SINDAG, 2012). Já os Estados Unidos foram responsáveis por 17% do mercado

mundial, que girou em torno de US$ 51,2 bilhões (ANVISA & UFPR, 2012). De

acordo com o estudo, existe uma concentração do mercado de agrotóxicos em

determinadas categorias de produtos. Os herbicidas, por exemplo, representaram

45% do total de agrotóxicos comercializados. Os fungicidas respondem por 14% do

mercado nacional, os inseticidas 12% e as demais categorias de agrotóxicos 29%

(ANVISA & UFPR, 2012).

2.2 Ciclo da Soja

O conhecimento dos estádios fenológicos da soja é importante no manejo das

pragas, pois facilita os sojicultores e técnicos a monitorá-las, considerando que elas

preferem diferentes estágios de desenvolvimento das plantas.

Com exceção dos estádios VE (emergência) e VC (cotilédone), as letras V e

R são seguidas de índices numéricos que identificam estádios específicos, nessas

duas fases do desenvolvimento da planta.

14

A partir do VC, as subdivisões dos estádios vegetativos são numeradas

sequencialmente (V1, V2, V3, V4, V5, V6 e Vn, onde n é o número de nós, acima do

nó cotiledonar, com folha completamente desenvolvida). Assim, uma plântula está

em V1 quando as folhas unifolioladas (opostas, no primeiro nó foliar) estiverem

completamente desenvolvidas. De modo semelhante, uma planta atinge o estádio

V2 quando a primeira folha trifoliolada estiver completamente desenvolvida. E assim,

sucessivamente, para V3, V4, V5, V6 e Vn (Tabela 4).

Tabela 4 Descrição dos estádios vegetativos da soja

Estádio Denominação

Descrição

VE emergência Cotilédones acima da superfície do solo.

VC cotilédone Cotilédones completamente abertos.

V1 primeiro nó Folhas unifolioladas completamente desenvolvidas.

V2 segundo nó Primeira folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V3 terceiro nó Segunda folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V4 quarto nó Terceira folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V5 quinto nó Quarta folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V6 sexto nó Quinta folha trifoliolada completamente desenvolvida.

Vn último nó Última folha trifoliolada completamente desenvolvida.

Fonte: Fehr e Caviness, 1977

Os estádios reprodutivos abrangem quatro distintas fases do desenvolvimento

reprodutivo da planta, ou seja, florescimento (R1 e R2), desenvolvimento da vagem

(R3 e R4), desenvolvimento do grão (R5 e R6) e maturação da planta (R7 e R8).

15

Tabela 5 Descrição dos estádios reprodutivos da soja

Estádio

Denominação

Descrição

R1 Início do florescimento

Uma flor aberta em qualquer nó do caule (haste principal).

R2 Florescimento pleno Uma flor aberta nos dois últimos nós do caule com folha completamente desenvolvida.

R3 Início da formação da vagem

Vagem com cinco mm de comprimento nos quatro últimos nós do caule com folha completamente desenvolvida.

R4 Vagem completamente desenvolvida

Vagem com dois cm de comprimento nos quatro últimos nós do caule com folha completamente desenvolvida.

R5 Início do enchimento do grão

Grão com três mm de comprimento em vagem dos quatro últimos nós do caule, com folha completamente desenvolvida.

R6 Grão cheio ou completo

Vagem contendo grãos verdes preenchendo as cavidades da vagem de um dos quatro últimos nós do caule, com folha completamente desenvolvida.

R7 Início da maturação Uma vagem normal no caule com coloração de madura.

R8 Maturação plena 95% das vagens com coloração de madura. Fonte: Fehr e Caviness, 1977

A proposta de Fehr e Caviness (1977) não apresenta subdivisões dos

estádios de desenvolvimento da soja. Entretanto, para melhor detalhamento do

estádio R5, Yorinori (1996) propõe sua subdivisão em cinco sub-estádios:

R5.1 - grãos perceptíveis ao tato (granação de 10%); R5.2 – grãos

perceptíveis ao tato (granação de 11% a 25%); R5.3 – grãos perceptíveis ao tato

(granação de 26% a 50%); R5.4 – grãos perceptíveis ao tato (granação de 51% a

75%); R5.5 – grãos perceptíveis ao tato (granação de 76% a 100%).

2.3 Pragas Chave da Soja

Segundo a Embrapa Soja, as pragas chave no Paraná são:

Sternechus subsignatus- Tamanduá-da-soja- Ha* (Figura 1)

Danos- O ataque inicial ocorre normalmente pela bordadura da lavoura e o

adulto raspa o caule e desfia os tecidos nas hastes. A fêmea realiza a postura no

interior das hastes e quando a população é alta e ocorre na fase inicial da cultura, o

16

dano das larvas é irreversível, as plantas morrem, podendo haver perda de parte da

lavoura. No final do ciclo pode quebrar a haste principal pela ação do vento e das

chuvas (Figura 2).

Figura 1 Figura 2

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

Anticarsia gemmatalis - Lagarta-da-soja- Fo* (Figura 3)

Danos- As lagartas vivem de 12 a 15 dias e podem consumir cerca de 100 a

150 cm² de área foliar (Figura 4); aproximadamente 96% desse consumo ocorre do

4º ao 6º ínstares larvais. Em alta população, diminui área fotossintética das plantas.

Foto 3 Foto 4

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

Pseudoplusia includens -Falsa-medideira- Fo* (Figura 5)

Danos- As lagartas vivem em torno de 15 dias e podem consumir de 130 a

150 cm² de área foliar. Como essa lagarta não consome as nervuras da folha, o

desfolhamento apresenta aspecto rendilhado (Figura 6). Em alta população, diminui

área fotossintética das plantas.

17

Figura 5 Figura 6

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

Crocidosema aporema- Broca-das-axilas- Fo, Br, Va* (Figura 7)

Danos- A broca-das-axilas tem o hábito de penetrar no caule, através da axila

dos brotos terminais da soja, situada na base do pecíolo, unindo os três folíolos com

uma teia, posteriormente cava uma galeria descendente, que lhe serve de abrigo.

No broto atacado, a larva pode também se alimentar de pequenas porções do tecido

foliar, causando desenvolvimento anormal ou a sua morte. Além dos brotos foliares,

pecíolos e hastes, o inseto pode se alimentar de flores e vagens da soja. Em alta

população pode reduzir o número de vagens por planta.

Figura 7

Fonte: Autor, 2006

Figura 8. Percevejos da soja: Euschistus heros- Percevejo marrom- Va, Se*

(a); Piezodorus guildinii- Percevejo verde pequeno- Va, Se* (b); Nezara viridula-

Percevejo verde- Va, Se* (c) e Dichelops melacanthus, D.furcatus-Barriga verde- Va,

Se* (d)

Danos- Os percevejos, em geral, são responsáveis pela redução no

rendimento e qualidade dos grãos e sementes, em consequência das picadas (saliva

tóxica) e da transmissão de moléstias, como a levedura Nematospora coryli. Os

grãos atacados ficam menores, enrugados, chochos e tornam-se mais escuros. A

18

má formação das vagens e dos grãos provoca a retenção das folhas das plantas de

soja, que não amadurecem na época da colheita (soja louca 1). Assim, o complexo

de percevejos constitui o maior risco à cultura. Em alta população causam danos

irreversíveis à soja desde o início da formação de vagens (Figura 9).

Figura 8 (a) Figura 8 (b)

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

Figura 8 (c) Figura 8 (d)

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

Figura 9

Fonte: Autor, 2006

19

Spodoptera cosmioides (Figura 10), S.eridania, S. albula-Lagartas-das-vagens- Fo, Va*.

Danos- As lagartas-das-vagens, além de vagens e grãos, podem se alimentar

de folhas. Em alta população diminui as vagens por planta e em alguns casos

diminui área fotossintética das plantas.

Figura 10

Fonte: Autor, 2006

*Br = brotos; Fo = folhas; Ha = hastes; Se = sementes; Va = vagens.

2.4 Manejo Integrado de Pragas na Soja (MIP-Soja)

Segundo Kogan (2001), “O MIP contempla um sistema complexo baseado em

conhecimento profundo do agroecossistema, em que se utilizam medidas de manejo

biológico, genético, físico e cultural, com uso bastante restrito de pesticidas”.

Atualmente os produtores de soja utilizam, quando muito, a técnica da

quantificação das populações dos insetos praga da cultura para aplicarem

inseticidas. Porém, a grande maioria decide a aplicação dos mesmos pelo

calendário ou aproveitando a aplicação de outros pesticidas.

Os produtores que decidem as aplicações baseadas na quantificação dos

insetos confundem esse procedimento com o MIP e segundo Furiatti (2011, p.23):

O Uso Racional de Inseticidas (URI) tem sido confundido sistematicamente

com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), no entanto, a bem da verdade, é

preciso salientar que monitorar as pragas e recomendar inseticidas

baseando-se em níveis de ação propostos não é MIP, mas apenas uma

etapa do mesmo (Furiatti, 2011).

No MIP-Soja além do URI é preciso escolher adequadamente as cultivares

para cada época de plantio, optar por variedades resistentes, preocupar-se com a

20

fertilidade do solo e adubação equilibrada, monitorar os insetos potencialmente

pragas e seus inimigos naturais, manejar os hospedeiros intermediários, conhecer a

bioecologia dos insetos, usar inseticidas seletivos aos insetos úteis, entre outras

práticas que compõe o MIP.

As aplicações de inseticidas de largo espectro levam à ressurgência de

pragas, surgimento de novas pragas ou elevam o “status” de inseto de importância

secundária à praga, além de contribuir na seleção de populações resistentes a

inseticidas.

Com a introdução do MIP houve a redução do número de aplicações de

inseticidas no Paraná, de cinco para menos de duas por safra (KOGAN, 2001). No

entanto, os Níveis de Controle (NC) (Tabela 6) de pragas, sugeridos na época,

baseavam-se nas cultivares de soja com índice de área foliar (IAF) e rendimento,

inerentes a elas. A porcentagem de desfolha sugerida e mantida até hoje deveria ser

revista, considerando os menores IAF e o rendimento significativamente mais

elevado das cultivares na atualidade. Os NC defasados podem ser um dos maiores

entraves na adoção do MIP na soja pelos produtores modernos.

O índice de área foliar (IAF) é a relação entre a área da folhagem e a

superfície do solo por ela ocupada e é variável de acordo com a espécie do vegetal,

variedades, além de outros aspectos. Com o aumento do IAF até um valor crítico,

também se aumenta a interceptação de luz e, consequentemente, a fotossíntese

líquida. O IAF crítico é definido como a quantidade de folha requerida para

interceptação de 95% da radiação solar ao meio dia. Quando a taxa de crescimento

é decrescente, abaixo de um dado IAF, e não havendo mais uma contribuição

líquida ao acúmulo de fotossintetizados, será denominado IAF ótimo (MÜLLER,

1981).

As primeiras variedades de soja no Brasil vieram dos EUA, tais como: Bragg,

Davis, Hardee e possuíam um grande IAF (1,5 a 1,6) no estádio fenológico

vegetativo final, sendo componente secundário de produtividade. Em alguns casos,

a desfolha nas fases iniciais do ciclo aumentava o índice de insolação e maior

produção de fotoassimilados, o que levava a maiores rendimentos.

As variedades atuais tem elevado potencial produtivo quando comparadas às

variedades antigas, e sua grande maioria, tem IAF menor no estádio fenológico

vegetativo final (1,0 a 1,2), porém têm componentes primários de produtividade,

21

como maior quantidade de vagens por planta, grãos por vagem e peso de grãos,

além de outras tecnologias que proporcionam maiores rendimentos. Estas cultivares

suportam menos desfolhas devido à redução de área fotossintética e,

provavelmente, deveriam ser manejadas com NC de pragas menores que as

recomendadas atualmente, principalmente no que se refere às pragas

desfolhadoras.

Reichert (2000), trabalhando com a cultivar BRS 137, concluiu que os

desfolhamentos sequenciais de 33% + 17% e de 17% + 33% nas fases vegetativa e

reprodutiva, respectivamente, e o desfolhamento de 33% na reprodutiva reduzem o

rendimento de grãos por planta. Já o desfolhamento de 33% apenas na fase

vegetativa e 17% na fase reprodutiva não afeta o rendimento de grãos de soja. Não

podemos generalizar estes dados para todas às variedades de soja, como não

podemos usar os critérios de níveis de ação recomendados atualmente para todas

elas também.

Tabela 6 Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja

Emergência Período Floração Formação Enchimento Maturação vegetativo de vagens de vagens

30% de desfolha 15% de desfolha ou 20 lagartas/m* ou 20 lagartas/m*

Lavoura para consumo 2 percevejos/m** Lavoura para semente 1 percevejo/m**

Broca-das-axilas: a partir de 25 a 30% das plantas com ponteiros atacados

Tamanduá-da-soja: Lagarta-das-vagens: Até V3: 1 adulto/m a partir de 10% de vagens De V4 a V6: 2 adultos/m atacadas

* Maiores de 1,5cm e considerando a batida de apenas uma fileira de soja sobre o pano. ** Maiores de 0,5cm e considerando a batida de apenas uma fileira de soja sobre o pano

Fonte: SENAR/ Embrapa Soja, 2010

Os períodos de maior ataque de pragas e a determinação segura dos seus

níveis populacionais presentes nas lavouras de soja através de monitoramentos é

requisito básico em MIP. O monitoramento periódico da lavoura indicará a

necessidade e o momento mais adequado de alguma intervenção de controle, caso

22

as demais medidas que compõe o MIP, mesmo que adotadas, não conseguirem

controlar os insetos praga.

No caso das lagartas desfolhadoras e percevejos, as amostragens devem ser

realizadas com o auxílio uma armadilha conhecida como pano de batida, a qual se

caracteriza pelo uso de uma estrutura com um pano branco preso em duas varas,

com 1m de comprimento, a qual deve ser usada em uma fileira de soja (Figura 11).

As plantas devem ser sacudidas vigorosamente sobre o mesmo, promovendo a

queda dos insetos, que deverão ser contados. Esse procedimento deve ser repetido

em vários pontos da lavoura, considerando-se como resultado, a média de todos os

pontos amostrados. A Embrapa Soja (Figura 12) recomenda seis amostragens para

lavouras de até 10 ha; oito, para lavouras de até 30 ha; e 10, para lavouras de até

100 ha. Para propriedades maiores recomenda-se a divisão em talhões de 100 ha

(SENAR-PR/Embrapa Soja, 2010).

O uso do pano de batida no monitoramento das pragas e inimigos naturais,

tomada de decisões de controle analisando as peculiaridades de cada situação-

problema de campo, métodos de controle não químicos, recomendação de

inseticidas registrados e mais seletivos, são pontos importantes para o sucesso do

resgate do MIP-Soja.

Figura 11 Pano de batida Figura 12 Amostragem

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

2.5 Medidas de Controle de Pragas da Soja

As medidas de controle de pragas são:

a-Controle biológico: É um fenômeno natural que consiste na regulação de plantas e

animais.

23

Os tipos de controle biológico são:

Controle biológico natural- É a população de inimigos que ocorre

naturalmente.

Controle biológico clássico- Importação e colonização de predadores ou

parasitóides, visando principalmente o controle de pragas exóticas.

Controle biológico aplicado- Trata-se de liberações inundativas de

parasitóides (Figura 13) ou predadores, após a criação massal em laboratório.

Figura 13 Trissolcus basalis

Fonte: Autor, 2006

Os agentes de controle biológico mais comum na soja são:

Predadores (Figura 14), parasitóides (Figura 15) e entomopatógenos (Figura

16 e 17).

Figura 14 Figura 15

Fonte: Autor, 2006 Fonte: Autor, 2006

As diferenças básicas entre predadores e parasitoides são:

PREDADORES PARASITÓIDES

Mata a presa

Mata o hospedeiro

Exige mais de um indivíduo para completar o desenvolvimento

Somente um indivíduo para completar o ciclo

Vida livre durante todo o ciclo

Adulto de vida livre

Ex. Calosoma granulatum Ex. Trissolcus basalis

24

Controle microbiano é o ramo do controle biológico que trata da utilização

racional dos entomopatógenos, visando manutenção das populações de pragas

abaixo dos níveis de danos econômicos. São organismos capazes de causar

doenças em insetos. Os entomopatógenos mais comuns na soja serão tratados a

seguir.

Fungos- Infectam através do corpo dos hospedeiros, geralmente têm amplo

espectro de hospedeiros, transmissão boa pelo vento, geralmente lentos na sua

ação contra os insetos e dependentes de alta umidade. Ex. Nomuraea rileyi (Doença

branca).

Figura 16- Doença branca

Fonte: Autor, 2006

Vírus- Os vírus são específicos a artrópodes e principalmente de insetos. São

inócuos para plantas, vertebrados e inimigos naturais de pragas e apresentam

grande potencial para o controle de pragas agrícolas. Ex. Baculovírus anticarsia

(Doença preta).

Figura 17- Doença preta

Fonte: Autor, 2006

25

Bactérias- Existem inseticidas biológicos que devem ser pulverizados nas

lavouras de soja, quando houver necessidade de controle de lagartas. Infectam por

ingestão de esporos e/ou toxinas e normalmente tem efeito rápido, mas tem baixa

persistência e dispersão no ambiente. Ex. Bacillus thuringiensis (Bt).

O controle biológico traz muitos benefícios ao produtor e ambiente, tais como:

maior equilíbrio no agroecossistema; menor impacto ambiental; menor uso de

pesticidas e alimentos mais seguros.

b- Controle químico: Consiste no uso de inseticidas naturais ou sintéticos e deve- se

dar ênfase a produtos pouco tóxicos ao homem (Tabela 7), pouco perigoso ao

ambiente (Tabela 8) e mais seletivos aos inimigos naturais (Tabela 9).

Tabela 7 Classificação toxicológica de pesticidas (Relativo ao ser humano)

Classe toxicológica Significado Cor da faixa

I Extremamente tóxico Vermelha

II Altamente tóxico Amarela

III Moderadamente tóxico Azul

IV Pouco tóxico Verde Fonte: Zambolim et al., 2003

Tabela 8 Classificação da periculosidade ambiental aos pesticidas (Relativo ao solo, ar, água, microorganismos e outros arganismos não alvo)

Classe ambiental Significado

I produto altamente perigoso

II produto muito perigoso

III produto perigoso

IV produto pouco perigoso Fonte: Zambolim et al., 2003

Tabela 9 Classificação de seletividade dos pesticidas aos inimigos naturais- International Organization for Biological Control of Noxious Animals and Plants (IOBC)

Redução na população de Classe / inimigos naturais (%) / Classificação

1 < 30% Inócuo

2 30-79% Levemente nocivo

3 80-99% Moderadamente nocivo

4 >99% Nocivo Fonte: Zambolim et al., 2003

26

c- Controle Genético: Consiste no uso de melhoramento genético das cultivares de

soja, na busca de tolerância e resistência a determinadas pragas, pelos métodos

convencionais de cruzamentos ou OGM’s (Organismos Geneticamente Modificados)

liberados no Brasil.

d- Controle Cultural: Consiste no manejo adequado da cultura de soja com relação a

época de plantio, espaçamentos adequados às diferentes variedades, rotação de

culturas, consorciação de culturas, sistema plantio direto, vazio sanitário, melhoria

da fertilidade do solo, etc.

e- Controle Físico: É um método utilizado para prevenir ou controlar algumas pragas

de soja. Ex. no preparo convencional de solos as grades expõem as larvas de solo

ao sol, o que levam a morte destas pragas.

2.6 Classificação das Propriedades Rurais

Uma propriedade rural pode ser classificada em pequena, média ou grande

de acordo com o tamanho da área do imóvel, expresso em módulos fiscais. Por sua

vez, o tamanho de um módulo fiscal, unidade de medida expressa em hectares (ha),

é fixado para cada município, considerando os seguintes fatores:

Tipo de exploração predominante no município (hortifrutigranjeira; cultura

permanente; cultura temporária; pecuária; florestal); renda obtida com a exploração

predominante; outras explorações existentes no município que, embora não

predominantes, sejam significativas em função da renda ou da área utilizada.

Conforme expresso na Lei 8.629/1993-INCRA, artigo 4º, pequena propriedade

é o imóvel rural de área compreendida entre um e quatro módulos fiscais, média

propriedade aquela com área superior a quatro e até 15 módulos fiscais e acima

desse tamanho estão as grandes propriedades rurais.

De acordo com a Lei 11.326/2006, agricultor familiar é aquele que desenvolve

atividades rurais em área de até quatro módulos fiscais. Além do tamanho da área, o

agricultor familiar deve utilizar predominantemente mão-de-obra da própria família,

ter renda proveniente de atividades vinculadas ao estabelecimento rural e ser ele o

próprio gestor da propriedade. No município de Palmeira, PR, o módulo fiscal é 16

ha.

27

Pelo Censo Agropecuário em 2006 (IBGE, 2012), o município de Palmeira

tinha 2.364 estabelecimentos, com 1.108 estabelecimentos com menos de 10 ha

(47%), 1.038 com 10 a 100 ha (44%), 107 com 100 a 200 ha (4,5%), 66 com 200 a

500 ha (2,7%), 24 com 500 a 2000 ha (1%), 10 > 2000 ha (0,4%) e 11 sem

declaração (0,4%).

A amostragem da presente pesquisa será proporcional à estrutura fundiária

do município e representará a área dos estabelecimentos, número de técnicos e

produtores rurais envolvidos na cadeia produtiva da soja.

Serão entrevistados pelos alunos do projeto os técnicos do poder público,

iniciativa privada e sojicultores do município em estudo, onde serão selecionados

produtores rurais dos estabelecimentos: a) com 16 ha a 64 ha (um a quatro módulos

fiscais), renda bruta anual familiar menor de R$130.000,00, considerados pequenos;

b) produtores rurais de estabelecimentos com mais de 64 ha a 240 ha (acima de

quatro a quinze módulos fiscais) renda bruta anual familiar acima de R$130.000,00 a

R$700.000,00, considerados médios; c) produtores rurais de estabelecimentos

acima de 240 ha (acima de quinze módulos fiscais) renda bruta anual familiar acima

de R$700.000,00, considerados grandes (VALOR BÁSICO DA PRODUÇÃO –

DERAL/SEAB, 2012).

O questionário que será utilizado nas entrevistas está contido na Tabela 10.

Tabela 10 Questionário de campo

MIP-Soja Nº_____ Data:_____/____/___ Prof.: João Carlos Hoffmann, CAEGV; Orientador: Rui Scaramella Furiatti, UEPG. Aluno:______________________________________________________________ Produtor/Técnico: ________________________________Município: Palmeira, PR.

1- Qual é a faixa etária do produtor rural ou técnico? ( ) Até 17 anos ( ) 18 a 24 anos ( ) 25 a 45 anos ( ) 46 a 64 anos ( ) Acima de 65 anos

___________________________________________________________________ 2- O que é MIP-Soja?

( ) É a contagem de pragas e aplicação de inseticidas. ( ) É a contagem de pragas e aplicação de inseticidas que não matam os inimigos naturais. ( ) É a contagem de pragas e mediantes os níveis de controle determinados pela Embrapa Soja, aplica-se inseticidas. ( ) É um sistema que utiliza diversas medidas de controle, com uso restrito de pesticidas.

28

___________________________________________________________________ 3- Você faz ou recomenda monitorar as áreas de soja, antes de aplicar

pesticidas? ( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não Por que?_______________________________________________________

___________________________________________________________________ 4- Caso a resposta da pergunta 3 seja eventualmente, responda com qual

frequência tem feito ou recomendado o monitoramento de pragas na soja, antes de aplicar ou recomendar inseticidas? ( ) Pouca (< 50%) ( )Média (50%) ( ) Alta (> 50%)

___________________________________________________________________ 5- O produtor procura assistência técnica antes de aplicar inseticidas?

( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não ___________________________________________________________________

6- O produtor lê o receituário agronômico, para uso de inseticidas? ( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não

___________________________________________________________________ 7- O produtor segue o receituário agronômico, para uso de inseticidas?

( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não ___________________________________________________________________

8- O produtor rural e técnico preferem aplicar ou indicar pesticidas (inseticidas, acaricidas, fungicidas e herbicidas):

( ) Baseado no preço de cada um. ( ) Baseado na eficácia de cada um.

( ) Baseado no preço e eficácia de cada um. ( ) Nenhuma das alternativas. Por quê?___________________________

___________________________________________________________________ 9- Você utiliza ou indica inseticida (s) em mistura de tanque com herbicida e/ou

fungicida? ( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não Por que? ___________________ ___________________________________________________________________

10- Você sabe o que é inseticida biológico ou regulador de crescimento de alta seletividade aos inimigos naturais, no controle de lagartas desfolhadoras? ( ) Sim ( ) Não.

Caso a resposta foi sim, o que é? ( ) Inseticidas que controlam 100% das pragas da soja. ( ) Inseticidas que controlam 100% das lagartas da soja e tem faixa verde no rótulo.

( ) Inseticidas que controlam lagartas da soja, de baixa toxicidade ao homem, baixa toxicidade ao ambiente e preservam a maioria dos inimigos naturais. ___________________________________________________________________

11- Você utilizaria ou recomendaria plantas transgênicas com evento de

resistência a pragas de soja, caso elas venham a ser liberadas no Brasil? ( ) Sim ( ) Não Por quê?__________________________________________ ___________________________________________________________________

12- Você utiliza ou recomenda medidas alternativas de manejo de pragas na soja ( Rotação de culturas, controle biológico, melhoria da fertilidade do solo, etc)

( )Sim ( ) Eventualmente ( ) Não Qual (is)?____________________________

29

13- Quais destas pragas-chave você reconhece? (Fotos)

( ) Tamanduá- da- soja- Sternechus subsignatus; ( ) Lagarta-da-soja- Anticarsia gemmatalis; ( ) Lagarta falsa-medideira- Pseudoplusia includens; ( ) Broca-das-axilas- Crocidosema aporema ; ( ) Percevejo verde- Nezara viridula; ( ) Percevejo marrom- Euschistus heros; ( ) Percevejo verde pequeno- Piezodorus guildinii; ( ) Percevejo barriga verde- Dichelops spp ( ) Lagartas- das- vagens- Spodoptera spp

___________________________________________________________________ 14- Quais destes inimigos naturais de pragas chave você reconhece? (Fotos)

Predadores hemípteros: ( ) Geocoris sp; ( ) Tropiconabis sp; ( ) Podisus sp; Predadores coleópteros: ( ) Callida sp.; ( ) Lebia concinna; ( ) Calosoma granulatum; ( ) Eriopsis conexa; ( ) Cycloneda sanguínea; Parasitóides de lagartas: ( ) Mosca Patelloa similis. Parasitóides de percevejos: ( ) Microvespa Trissolcus basalis;( ) Microvespa Telenomus podisi. Entomopatógenos- Fungo: ( ) Doença branca da lagarta- Nomuraea rileyi; Vírus- ( ) Doença preta da lagarta- Baculovírus anticarsia. ___________________________________________________________________

15- Área da propriedade e Renda Bruta Anual do produtor: ( ) 1 a 4 módulos fiscais e R$ 130.000,00-Pequeno; ( ) > 4 a 15 módulos fiscais e R$ 130.000,00 a R$ 700.000,00-Médio; ( ) > 15 módulos fiscais e R$ 700.000,00-Grande. Área com soja: ___ha e Produtividade:___ sacas/ha. ___________________________________________________________________

16- O produtor tem assistência técnica na lavoura de soja? ( ) Sim ( ) Não. Caso a resposta foi sim, o assistente técnico pertence: ( ) Poder público ( ) Iniciativa privada. Qual (is)?___________________________

17- Qual a sua renda principal na agricultura? ( ) Soja ( ) Fumo ( ) Milho ( ) Feijão ( ) Batata ( ) outras____________________

18- Sua lavoura de soja é: ( ) orgânica ( ) convencional ( ) transgênica (RR) O custo médio de agrotóxicos em relação aos custos variáveis na soja é? ( ) < 20% ( ) 20 a 30% ( ) 30 a 40% ( ) 40 a 50% ( ) > 50%

Por quê?______________________________________________________

19- Qual é a escolaridade do produtor rural?

( ) Analfabeto ( ) Fundamental incompleto ( ) Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo ( ) Pós-graduação

30

20- Quais pesticidas foram utilizados nesta safra 2012/2013?

Nº de aplicações

Produto(s) utilizado(s) inseticidas, acaricidas, fungicidas e herbicidas? (Nome comercial)

Quais pragas, doenças e plantas daninhas foram alvos de controle?

__________________________________________________________________

21- O que o técnico faz na sua empresa ou instituição? ( ) Emite receituário agronômico e vende agrotóxicos ( ) Vende agrotóxicos ( ) Emite receituário agronômico ( ) Outras atividades __________________________________________________________________

22- O técnico do poder público ou iniciativa privada, presta serviço de assistência técnica nas lavouras de soja, predominante:

( ) Pequeno ( ) Médio ( ) Grande

23- Qual (is) a (s) cultura (s) principal (is) que o técnico presta serviço de assistência técnica?

( ) Soja ( ) Fumo ( ) Milho ( ) Feijão ( ) Batata ( ) outras__________________

2.7 Assistência Técnica

Em 2010 o Paraná tinha 85% da população vivendo na zona urbana e 15% na

zona rural, sendo que o município de Palmeira, PR, tinha 60% vivendo na zona

urbana e 40 % na zona rural. O êxodo rural estava localizado mais entre os jovens

na faixa de 16 a 21 anos, que frequentavam escola regularmente e buscavam uma

oportunidade na cidade (VALOR BÁSICO DA PRODUÇÃO - DERAL/SEAB, 2012).

Muitos dos alunos do Colégio Agrícola Estadual “Getúlio Vargas”, Palmeira,

PR, são oriundos do campo, filhos de pequenos e médios produtores rurais. Através

de pesquisa realizada com 181 desses alunos egressos nos anos de 1994 a 1996

constatou-se que 13,2% trabalhavam como Técnico em Agropecuária, 17,6% com a

31

família no campo, 7,1% cursavam universidades na área de Ciências Agrárias

(HOFFMANN, 1997) e até os dias atuais verifica-se que muitos deles são atraídos

para outras áreas, em detrimento da atividade na assistência técnica do campo.

No Censo Agropecuário 2006 (IBGE 2012) destacam-se as seguintes

informações: A soja é a cultura que mais cresceu no Brasil (88%) nos últimos dez

anos; a orientação técnica chega a apenas 22% dos estabelecimentos que ocupam

46% das terras, sendo mais comum nos médios e grandes estabelecimentos. No

Paraná houve redução de produtores que declararam receber orientação técnica, o

que pode ser uma sinalização de declínio nos serviços de Extensão Rural; a área

média do grupo que recebeu assistência no Brasil é 228 ha; enquanto a dos não

assistidos é de 42 ha; as empresas privadas de planejamento atendem

estabelecimentos com área média de 506 ha; no Brasil, agricultores com instrução

igual ou inferior ao ensino médio incompleto, apenas 16,8% receberam assistência

técnica, enquanto com ensino fundamental completo o percentual sobe para 31,7%

e nível superior, excetuando-se aqueles com formação em ciências agrárias, a

assistência técnica alcança 44,7% dos estabelecimentos; no Brasil 80% dos

produtores rurais tinham baixa escolaridade (analfabetos ou não concluíram ensino

fundamental); os estabelecimentos no Brasil onde houve utilização de agrotóxicos

não receberam orientação técnica em 56,3% e as orientações de uso de agrotóxicos

que acompanham estes produtos são de difícil entendimento e o baixo nível de

escolaridade, está entre os fatores socioeconômicos que contribuem no uso

inadequado de agrotóxicos; há também no Brasil pouca rotação de culturas entre os

estabelecimentos (12,4%) e o mínimo uso de práticas alternativas para redução de

agrotóxicos, como controle biológico (1,3%), eliminação de restos culturais (0,9%),

uso de repelentes, caldas, iscas, etc. (7,8%).

No Paraná foi criado em 2008, o projeto Cuidando do Ambiente Produtivo do

Paraná pelas instituições EMATER, Embrapa Soja, IAPAR e SEAB, para resgatar o

MIP-soja. O fator determinante para que haja sucesso deste programa parece ser a

pesquisa de novas técnicas incorporadas ao MIP-Soja e a presença do técnico no

campo, avaliando junto com o produtor as melhores táticas e assim a assistência

técnica pública e privada deve concentrar esforços na retomada dos seus princípios

básicos aplicados na cultura da soja (HOFFMANN–CAMPO et al., 2000).

32

3 Orientações metodológicas

Os educadores que forem utilizar o material didático em suas aulas, devem

inicialmente fazer uma reflexão sobre qual educação queremos em nossas escolas e

qual profissional queremos entregar à sociedade atual.

O consumo na contemporaneidade exerce forte pressão sobre a natureza e

sobre o espaço rural. A industrialização crescente do século XX até a atualidade

aumenta a extração de recursos naturais do campo, para atender a grande demanda

de matéria-prima urbano-industrial.

A exaustão dos recursos naturais colabora com o êxodo rural e o homem do

campo procura novas oportunidades nas grandes cidades, criando muitas vezes

fantasias que podem posteriormente transformar-se em frustrações, que levam à

inserção nas problemáticas sócio econômicas das periferias (ANDRADE, 2012).

Na construção da sustentabilidade no campo, devemos rever o modelo de

educação convencional, que reproduz ideias historicamente concebidas no contexto

urbano. Essa quebra de paradigma educacional passa por alguns questionamentos

pedagógicos, citados a seguir.

A educação convencional promove a ideia de cidadania, sustentabilidade e

fixação do homem do campo?

Os atuais aspectos educacionais reproduzidos podem levar o educando a

valorizar seu espaço natural e sua cultura local?

O educando é formado para atuar sobre sua realidade local, visando

melhorias?

A formação do Técnico em Agropecuária está efetivamente voltada ao

reconhecimento das potencialidades rurais?

A educação profissional integrada ao ensino médio trabalha os conteúdos de

maneira interdisciplinar e contextualizada dentro da realidade dos educandos?

A educação convencional, incentiva o homem do campo a viver de ilusões,

sonhando mudar-se para as cidades em busca de uma vida melhor?

A educação convencional, incentiva o homem a ter consumo responsável dos

recursos naturais?

33

As atividades a serem desenvolvidas com o público alvo são:

1ª Atividade em sala de aula.

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade são o texto 2.1 Agricultura

Sustentável, quadro de giz, giz, folhas de sulfite e caneta.

A metodologia será feita através da formação de grupos de 2 a 3 alunos do

projeto, com a disposição das carteiras em semicírculo, voltadas para o quadro de

giz. Após a distribuição do texto, os grupos farão leitura anotando na folha de sulfite

a resposta da seguinte pergunta:

a- A agricultura na atualidade do Brasil está sendo manejada com

sustentabilidade? ( ) Sim ( ) Eventualmente ( ) Não

Por quê?_______________________________________________________

O representante eleito pelos grupos anotará a resposta com frases curtas no

quadro de giz. Na sequência o professor será o mediador de um debate sobre o

conteúdo, fazendo perguntas diretas e indiretas aos alunos dos grupos.

O tempo estimado para a 1ª Atividade é 2 horas.

2ª Atividade no laboratório de informática (a) e lavoura de soja (b).

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade, são o texto 2.2 Ciclo da

Soja e 2.3 Pragas Chave da Soja, computadores em rede com a internet, pendrive,

prancheta, folhas de sulfite e caneta.

A metodologia no laboratório de informática da escola será com alunos

participantes do projeto. Inicialmente distribuir individualmente os textos de apoio

para leitura. Após pesquisar nos computadores em rede com a internet, em sites

confiáveis indicados pelo professor PDE, as partes morfológicas da soja, estádios de

desenvolvimento da planta, fotos das pragas, danos, inimigos naturais, etc. O aluno

deverá salvar no seu pendrive, conteúdos e imagens relevantes da pesquisa.

O tempo estimado para a 2ª Atividade (a) é 2 horas.

A metodologia da aula prática na lavoura de soja com alunos do projeto

iniciará na coleta de uma planta de soja, identificando as partes morfológicas, ou

seja, raízes, hastes, folhas, flores, vagens e grãos. Na sequência os alunos com

apoio dos textos devem identificar em qual fase de desenvolvimento encontra-se a

soja e quais pragas, danos e inimigos naturais podem ser frequentes neste período.

34

Os alunos deverão anotar em folhas de sulfite na prancheta de trabalho, conteúdos

relevantes sobre a aula.

O professor PDE será o mediador de um debate, através de perguntas diretas

e indiretas do conteúdo da aula de campo aos participantes do projeto.

O tempo estimado para a 2ª Atividade (b) é 2 horas.

3ª Atividade na lavoura de soja.

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade são o texto 2.4 Manejo

Integrado de Pragas na Soja (MIP-Soja), pano de batida, fichas entomológica

(Embrapa Soja), lápis, frasco para coleta de insetos.

A metodologia iniciará no MP-Soja em grupos de 2 a 3 alunos com a

distribuição e leitura do texto. Após, confecção do pano de batida pelos alunos do

projeto (2 cabos de vassoura com 1,20m de comprimento e um pano branco com 1m

de comprimento e 70 cm de largura). Na sequência realizar o monitoramento de

pragas na lavoura do Colégio Agrícola em estudo. Coletar as pragas, inimigos

naturais, contar e anotar na ficha entomológica.

Os talhões da lavoura que recentemente foi usado agrotóxico, não devem ser

usados para aula prática, pois devemos respeitar o período de reentrada de pessoas

na área tratada, além de mascarar o monitoramento da lavoura.

O tempo estimado para a 3ª Atividade é 4 horas.

4ª Atividade no laboratório de ciências.

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade são lupas, alfinetes, isopor,

placas de Petri, estilete, álcool etílico (70%), tela de projeção, notebook, multimídia,

folhas de sulfite, caneta e o texto 2.5 Medidas de Controle de Pragas da Soja.

A metodologia deve ser a identificação das pragas e inimigos naturais

encontrados nas amostragens de campo. Algumas pragas e inimigos naturais

deverão ser observados com auxílio da lupa, presos em alfinete e isopor, outras em

placa de Petri com álcool etílico (70%).

O professor PDE deverá projetar em multimídia detalhes para facilitar a

identificação de pragas e inimigos naturais da soja, tais como: Fases de

desenvolvimento das pragas e inimigos naturais (ínstares), ciclo, aparelho bucal,

tipos de asas, patas, etc. Os alunos deverão anotar em folhas de sulfite, conteúdos

35

relevantes sobre a aula de laboratório.

Após o diagnóstico de campo e laboratório definimos se há necessidade de

controle de pragas na lavoura de soja em estudo, com apoio do texto 2.5.

O tempo estimado para a 4ª Atividade é 6 horas.

5ª Atividade pesquisa de campo e sala de aula.

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade são o texto 2.6

Classificação das Propriedades Rurais, questionário, prancheta, caneta, álbum com

fotos de pragas chave da soja e seus principais inimigos naturais.

A metodologia de pesquisa será executada pelos alunos do projeto

inicialmente no campo, com auxílio do questionário, entrevistando técnicos do poder

público, iniciativa privada e sojicultores do município em estudo, com intuito de

investigar os conhecimentos sobre URI e MIP-Soja. Após a entrevista, em sala de

aula, vão ler o texto 2.6 e ajudarão a compilar e analisar os dados da pesquisa com

o professor PDE, para ser utilizado no artigo final.

O tempo estimado para a 5ª Atividade é 10 horas.

6ª Atividade em sala de aula.

Materiais e métodos:

Os materiais de apoio para realizar esta atividade são o texto 2.7 Assistência

Técnica, flip chart (álbum seriado), folhas de flip chart, folhas de sulfite e caneta.

A metodologia será feita através da formação de grupos de 2 a 3 alunos do

projeto, com a disposição das carteiras em semi-círculo, voltadas para o flip chart.

Após a distribuição do texto, os grupos farão leitura anotando na folha de sulfite a

resposta das perguntas:

a- Quem presta serviço de assistência técnica para seus pais e/ou familiares?

( ) Poder público ( ) Iniciativa Privada ( ) N.D.A. Quem?______________

b- Qual a importância da assistência técnica no campo?

R.____________________________________________________________

O representante eleito pelos grupos anotará a resposta com frases curtas no

flip chart. Na sequência o professor será o mediador de um debate sobre o

conteúdo, questionando através de perguntas diretas e indiretas aos alunos dos

grupos.

O tempo estimado para a 6ª Atividade é 2 horas.

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4 Considerações Finais

Os alunos e futuros Técnicos Agropecuária do projeto terão neste material

didático uma ótima oportunidade de conhecer a importância da tecnologia do MP-

Soja nas aulas, curso, levantamentos e análise da pesquisa de campo. Assim

facilitará sua aprendizagem e o educando não poderá ignorar que no ecossistema

natural as relações biológicas são estáveis, já no agroecossistema há ruptura nas

relações biológicas, que podem comprometer o ambiente e consequentemente a

sustentabilidade do agronegócio.

O material didático pretende contribuir no resgate do MP-Soja e quem sabe

seja um impulso para alcançar o almejado MIP-Soja, onde esta tecnologia deve ser

insistentemente fomentada e atualizada pelos técnicos da assistência técnica e

pesquisa, que saem dos bancos escolares de nossa instituição.

A retomada da adoção do MIP-Soja, é a única maneira do sojicultor se manter

competitivo no mercado com redução de custos, maximização da produtividade e

associado à preservação do agroecossistema. Desta maneira haverá produção de

alimentos mais seguros, para garantir atendimento a consumidores cada vez mais

exigentes em qualidade.

O material didático utilizado com alunos no projeto tem a missão de formar

Técnicos éticos ao mundo do trabalho e aqueles que voltarem ao campo, estejam

aptos a executar assistência técnica digna e igualitária a todos os “empresários

rurais”, rumo à agricultura sustentável.

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Referências

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