guia pragas de soja 1

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2008 Alexandre de Sene Pinto José Roberto Postali Parra Heraldo Negri de Oliveira CP 2 guia de campo de PRAGAS E INSETOS BENÉFICOS DA SOJA Patrocínio: Monsanto do Brasil Ltda.

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2008

Alexandre de Sene PintoJosé Roberto Postali Parra

Heraldo Negri de Oliveira

CP 2

guia de campo de

PRAGAS E INSETOSBENÉFICOS DA

SOJA

Patrocínio: Monsanto do Brasil Ltda.

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Copyright©, CP 2, [email protected]

Editoração, arte e capaAlexandre de Sene Pinto

FotografiasHeraldo Negri de Oliveira

2008

Todos os direitos reservados.Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida, armazenada outransmitida por meio eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação eoutro, sem autorização dos autores.

ISBN 978-85-60409-09-9

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Pinto, Alexandre de Sene Guia de campo de pragas e insetos benéficos da soja / Alexandre de Sene Pinto, José Roberto PostaliParra e Heraldo Negri de Oliveira. - - Piracicaba: CP 2, 2008. 64 p. : il.

Bibliografia.

1. Insetos benéficos 2. Pragas de plantas 3. Soja I. Pinto, A. de S. II. Parra, J. R. P. III. Oliveira, H. N. deIV. Título CDD 633.34 P659g

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SUMÁRIO

PragasÁcaro-rajado 7Ácaro-branco 9Lagartas de solo 11Lagarta-da-soja 13Lagarta-falsa-medideira 15Lagarta-cabeça-de-fósforo 17Lagarta-enroladeira 19Lagartas Spodoptera spp. 21Outras lagartas desfolhadoras 23Broca-das-axilas 25Broca-das-vagens 27Vaquinhas 29Coró-da-soja 31Outros besouros 33Percevejo-castanho 35Percevejo-verde 37Percevejo-verde-pequeno 39Percevejo-marrom 41

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Outros percevejos 43Mosca-branca 45Outras pragas 47

Inimigos naturaisCarabídeos predadores 51Percevejos predadores 53Outros predadores 55Parasitóides de ovos 57Parasitóides de larvas e ninfas 59Parasitóides de adultos 61Considerações finais 62Referências bibliográficas 64

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ÁCAROS TETRANIQUÍDEOSTetranychus urticae, T. ludeni e outras

Os ácaros tetraniquídeos tecem teias. O mais importantedeles é o ácaro-rajado, T. urticae. Os ovos são colocadosentre as teias que o ácaro tece na página inferior das folhas.As fêmeas são esverdeadas e apresentam duas manchaslaterais escuras. Os machos têm a extremidade posterior maisestreita. Medem em torno de 0,3 mm de comprimento. Asfolhas ficam amareladas, posteriormente avermelhadas epodem cair, após secarem. As temperaturas altas e osperíodos de veranicos favorecem a ocorrência dessa praga.O ciclo de ovo a adulto é de 10 dias, em condições ótimas,passando pelas fases de larva, protoninfa e deutoninfa. Osácaros-vermelhos T. gigas, T. ludeni e T. desertorum tambémpodem ocorrer em soja e sua importância aumentou com oplantio das variedades transgênicas no sul do país. Os seusdanos são semelhantes aos do ácaro-rajado. O ácaro-verde,Mononychellus planki, é uma praga que também temaumentado sua importância nos últimos anos. É de coloraçãoverde, com pernas amareladas. Os ovos são colocados aolongo das nervuras. Ataca preferencialmente as folhas maisnovas. Ocorre em ambas as faces das folhas e, portanto, émais facilmente lavado pelas chuvas.

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ÁCARO-BRANCOPolyphagotarsonemus latus

Essa espécie de ácaro ataca diversas culturas e ocorre nomundo todo. Alimenta-se principalmente dos tecidos jovensdas plantas e não tece teia. Os ovos são típicos, poisapresentam protuberâncias. São de aspecto vítreo. Medemem torno de 0,17 mm de comprimento. O macho, menor doque a fêmea, tem o quarto par de pernas modificado parapoder carregar a “pupa” da fêmea, para quando esta emergir,ele garantir a cópula. A fêmea tem o quarto par de pernasatrofiado. Apresenta apenas as fases de larva, “pupa” e adulto,não passando pelas fases ninfais comuns da maioria dosácaros. Sua população é favorecida por temperaturas altase dias chuvosos, quando as plantas não passam por estressehídrico, podendo completar uma geração em torno de cincodias. As folhas atacadas ficam brilhantes e bronzeadas econforme se desenvolvem, apresentam os bordos enroladospara baixo. Usualmente não causam prejuízos consideráveisà cultura.

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LAGARTAS DE SOLOElasmopalpus lignosellus e Agrotis ipsilon

A lagarta-elasmo ou broca-do-colo, E. lignosellus, ocorre emquase todas as regiões produtoras de soja do país e éimportante para plantas pequenas nos anos de seca e emsolos arenosos. As lagartas são de coloração verde-azulada,são muito ativas e, quando bem desenvolvidas, medem 15mm de comprimento. A lagarta recém-eclodida (recém-nascida) abre uma galeria na base da planta (colo) e penetrao caule, causando a murcha e morte da planta. Forma aolado do orifício de entrada da galeria um casulo de terra eteia, sob a superfície do solo, onde fica a maior parte dotempo. Ataca as plantas novas, causando redução do númerode plantas e da produção, havendo necessidade de novoplantio em anos favoráveis à praga. A lagarta-rosca, A. ipsilon,dentre outras, corta as plântulas rente ao solo, reduzindo onúmero de plantas e a produção. Os ovos são colocados nasfolhas. As lagartas são escuras, chegam a 45 mm decomprimento e têm o hábito de permanecerem enroladasdurante o dia no solo, se alimentando durante a noite.

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LAGARTA-DA-SOJAAnticarsia gemmatalis

É a lagarta desfolhadora mais comum nas plantações de sojano Brasil e em todo hemisfério ocidental. Os ovos,esverdeados, são colocados isoladamente na página inferiordas folhas e demoram cinco dias para originarem lagartas.As lagartas se alimentam das folhas e chegam a medir 30mm de comprimento. Caminham medindo palmo quando maisnovas. Sua coloração varia de verde, pardo-avermelhada,até preta. Em altas populações ou escassez de alimento, aforma escura pode predominar. Têm cinco listras longitudinaisbrancas no corpo e quatro pares de falsas pernas, o que adiferencia das demais lagartas, na prática. São muito ativase ágeis. A pupação ocorre no solo. Os adultos são mariposastípicas, que quando em repouso apresentam uma linha quedivide as asas ao meio. As lagartas mais novas apenasraspam as folhas, deixando pequenas manchas claras, masmais desenvolvidas, destroem completamente as folhas, nãodeixando nem as nervuras. Para esta praga, o agricultor temdisponível Baculovirus anticarsia, eficiente agente de controlebiológico.

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LAGARTA-FALSA-MEDIDEIRAPseudoplusia includens

É a espécie de lagarta desfolhadora que tem aumentado suaimportância em várias regiões do Brasil, especialmente noCentro-Oeste. Os ovos são colocados isolados,preferencialmente na página inferior das folhas. As lagartassão de coloração verde, com uma série de linhas longitudinaisbrancas sobre o dorso. Possuem três pares de falsas pernasabdominais e caminham medindo palmo, o que a diferenciada lagarta-da-soja. A pupação se dá nas folhas da soja, presasem teias tecidas pelas lagartas. As lagartas não se alimentamdas nervuras, dando às folhas um aspecto característico. Emperíodos chuvosos, é comum a ocorrência de alta mortalidadenatural da lagarta-falsa-medideira e da lagarta-da-sojacausada pelo fungo Nomuraea rileyi.

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LAGARTA-CABEÇA-DE-FÓSFOROUrbanus proteus e outras

São comuns na soja, porém em baixas populações. Os ovossão colocados isolados na lateral e no meio das folhas. Aslagartas são típicas, pois apresentam cabeça proeminente,de coloração escura, vermelha, semelhante a uma cabeçade fósforo. Nesta espécie o corpo é esverdeado, com estriade coloração marrom no sentido longitudinal e duas estriasmais largas, amareladas, na lateral do corpo. Têm o hábitode enrolar a folha de soja, prendendo pequenas porções desuas margens com teias. O seu consumo é muito superiorao da lagarta-da-soja e da falsa-medideira, ficando ao redorde 200 cm2 de área foliar durante toda a fase larval. O adultoé uma borboleta muito vistosa, com um prolongamento caudalna asa posterior. Existem várias espécies do gênero Urbanus,porém U. proteus é a mais comum em soja perene.

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LAGARTA-ENROLADEIRAOmiodes indicatus

É uma lagarta comum no final do ciclo da soja, antigamenteclassificada como Hedylepta indicata. As lagartas são decoloração inicialmente amarelada, passando a verde-claro echegando a um verde mais acentuado quando bemdesenvolvidas, atingindo 19 mm de comprimento. Sãoconhecidas como lagarta-do-feijoeiro e nas folhas grudadasestão sempre ao lado de excrementos e é possível ver, portransparência, o alimento no interior do corpo da lagarta. Têmo hábito de “grudar” as folhas. As pupas são formadas naspróprias folhas coladas.

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LAGARTAS Spodoptera spp.S. cosmioides e S. eridania

As espécies S. eridania (lagarta-das-folhas) e S. cosmioides(lagarta-preta) têm aumentado sua importância na cultura dasoja, desde o Paraná até a região norte. Provavelmente, odesequilíbrio causado pela aplicação excessiva de inseticidasfoi o responsável pela mudança de status dessas lagartas,que nunca foram problema na soja. Ambas causam desfolhasevera e atacam vagens, danificando-as, causando perdasna produção. O ciclo de vida de S. cosmioides é de 26 a 77dias (32 e 18ºC, respectivamente) e de S. eridania é de 33 a115 dias. São muito confundidas entre si e com a lagarta-militar, S. frugiperda, que também tem causado problemasaos sojicultores.

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Foto: Monsanto do Brasil

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OUTRAS LAGARTAS DESFOLHADORASTrichoplusia ni, geometrídeos e outras

Existem outras espécies de lagartas desfolhadoras de plantasde soja. As principais delas são Rachiplusia nu, T. ni (lagartasfalsa-medideiras) e espécies de geometrídeos (lagartas mede-palmo). As lagartas falsa-medideiras – que caminhammedindo palmo, mas apresentam três pares de falsas pernasno final do abdome – são comuns no Rio Grande do Sul,mas raramente causam prejuízos à cultura. Ocorrem desdeo início da cultura até o amarelecimento das folhas. Emestádios mais avançados, surgem as lagartas mede-palmo(geometrídeos) – caminham medindo palmo e apresentamum par de falsas pernas no final do abdome –, de diferentesespécies e que também são pragas secundárias. Ambascausam desfolha da soja.

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Fotos: Embrapa - Soja

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BROCA-DAS-AXILASEpinotia aporema

Durante muito tempo a broca-das-axilas foi considerada umapraga secundária na cultura da soja. Provavelmente, porcausa da expansão das áreas plantadas com essa cultura ecom a introdução de novas cultivares, essa praga se tornouimportante em muitas regiões, especialmente do Paraná. Osovos são colocados isolados nas folhas mais novas. Aslagartas são pequenas (10 mm de comprimento), de coloraçãoverde clara, tornando-se beges ou rosadas quando maisdesenvolvida, com cabeça escura, que passa de preto-brilhante a marrom. As lagartas recém eclodidas (nascidas)se alimentam das folhas das extremidades, reunindo-as comfios de seda por ela tecidos. Posteriormente, penetram nocaule pelas axilas dos brotos terminais na base do pecíoloda folha e caminham pelo caule em sentido descendente.Podem se alimentar das flores também. As pupas sãoformadas no solo. O ciclo, de ovo a adulto, dura de 30 a 40dias. Causa o secamento das extremidades dos ramos oufolhas e por construírem galerias internas, deixam as plantasmais frágeis ao tombamento com ventos e chuvas e maissuscetíveis às doenças e apodrecimento do tecido. São maisimportantes para cultivares tardias.

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BROCA-DAS-VAGENSEtiella zinckenella e Maruca testulalis

São pragas secundárias na soja. Os ovos de E. zinckenellasão colocados no cálice das flores ou nas vagens. A lagartaé verde-clara quando nova e rosada quando maisdesenvolvida, com cabeça escura, chegando a 20 mm decomprimento. Se alimentam dos grãos de soja em formaçãoe vivem dentro das vagens, danificando-as. Nos orifícios deentrada da lagarta são encontradas fezes, o que identificasua presença. A espécie M. testulalis se alimenta depedúnculos, flores e vagens e seu orifício de entradageralmente não é obstruído por suas fezes.

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Foto: Monsanto do Brasil

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VAQUINHASDiabrotica speciosa e outras

Os besouros desfolhadores, conhecidos por vaquinhas,sempre estão presentes nas lavouras e geralmente as plantassuportam a desfolha causada por eles, não afetando aprodução. São várias as espécies de besouros desfolhadores,mas as mais comuns são D. speciosa, o brasileirinho oupatriota, Cerotoma spp. e Colaspis spp e Maecolaspis spp.(metálicos). Os ovos de D. speciosa são colocados no solo.As larvas vivem no solo, se alimentando das raízes dasplantas, especialmente de invasoras (plantas daninhas) emilho. São de coloração amarelo-pálida, com cabeça, tóraxe pernas castanho-escuros, e medem 10 mm de comprimentoquando bem desenvolvidas. A pupação se dá no solo, dentrode um casulo. O ciclo de ovo a adulto varia de 23 a 69 dias.As larvas de Cerotoma arcuatus são brancas, com uma placaescura no dorso do último segmento abdominal. O ciclo totalvaria de 23 a 45 dias. Atacam geralmente as folhas maistenras, deixado-as com pequenos furos. Quando o ataque éintenso, há atraso no desenvolvimento das plantas ediminuição na fixação do nitrogênio. A alta infestação de larvaspode afetar a germinação das sementes. D. speciosa é maiscomum em solos escuros e ricos em matéria orgânica.

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CORÓ-DA-SOJAPhyllophaga cuyabana e outras

Existem várias espécies de larvas de besouros melolontídeosque ocorrem em solos cultivados com soja, sendo asprincipais pertencentes aos gêneros Phyllophaga, Plectris eLiogenys. São também chamados de bicho-bolo ou pão-de-galinha. A espécie P. cuyabana é a mais estudada, mas poucoainda se sabe sobre esse complexo grupo de pragas.Ganharam importância com o aumento das áreas de plantiodireto. Os adultos de P. cuyabana são castanho-escuros,medindo cerca de 20 mm de comprimento, e começam arevoada em outubro no Paraná. Os ovos são colocados nosolo, em câmaras construídas pelas fêmeas, chegando atéa 15 cm de profundidade. As larvas são brancas e a cabeçamarrom-amarelada, podendo atingir 35 mm de comprimento.O ciclo de vida é superior a 250 dias e por isso só ocorreuma geração por ano. As larvas se alimentam das raízes,causando a morte das plantas. O ataque ocorre geralmenteem reboleiras e pode causar perda total da área, em altasinfestações.

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