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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE TOLEDO

LEILA WERKHAUSER

DANÇAS FOLCLÓRICAS:

POSSIBILIDADES DE EDUCAÇÃO PELO LAZER DE ALUNOS DE UMA ESCOLA

PÚBLICA DO PARANÁ

Artigo apresentado como requisito final do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2010, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED/PR. Professora orientadora, Ms. Ilse Lorena von Borstel Galvão de Queirós.

Marechal Cândido Rondon

2012

DANÇAS FOLCLÓRICAS: POSSIBILIDADES DE EDUCAÇÃO PELO LAZER DE

ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO PARANÁ

Autora: Leila Werkhauser1

Orientador: Ilse Lorena von Borstel Galvão de Queirós2

RESUMO

Este estudo fez parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), com abrangência de agosto de 2010 a agosto de 2012. Buscou demonstrar a importância da dança folclórica e o desenvolvimento de oficinas para alunos do ensino fundamental, no contraturno escolar, com o intuito de desenvolver a motricidade, valores morais e sociais. Caracterizou-se em uma pesquisa-ação, que envolveu a realização de uma pesquisa bibliográfica, a produção de uma unidade didática, e a implementação de atividades em uma escola pública, de Toledo, PR, utilizando como instrumentos para a coleta de dados um questionário e relatórios. O referido texto aborda sobre a dança na Educação Física; a importância das danças no contexto escolar; o lazer no contra turno escolar; metodologias no ensino de danças. Demonstrou que, o caminho para cativar o aluno a conhecer e gostar das danças folclóricas no tempo de lazer na escola não é tão fácil, devido a vários aspectos, como desinteresse, falta de conhecimento e desmotivação, mas o diálogo e desenvolvimento de danças de acordo com o gosto e interesse dos alunos foram importantes para a participação deles, no entanto, o ideal consistiria em uma proposta que intercalasse diferentes gêneros e estilos de danças.

Palavras-Chave: Dança folclórica; tempo de lazer; escola.

ABSTRACT

This study was part of the Educational Development Program (EDP), the Ministry of Education of Paraná (SEED/PR), with coverage from august 2010 to august 2012.Sought to demonstrate the importance of folk dance and the development of

1 Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR, graduada em

Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá, PR, com especialização em Magistério da Educação Básica, concentração em interdisciplinaridade na escola, Faculdades Integradas “Espírita” e Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão, Curitiba, PR. 2 Professora da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon, PR, mestre em Educação Física,

área de concentração Estudos do Lazer, Unicamp, SP. Membro do Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFE) da Unioeste e Confraria de Lazer do Paraná.

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workshops for elementary students, the school contraturno, in order to develop motor skills, moral and social values. Characterized in an action research, which involved conducting a literature search, the production of a teaching unit, and implementation of activities in a public school in Toledo, PR, using as instruments for data collection a questionnaire and report of each workshop developed. This text focuses on dance in physical education, importance of dance in the school context; leisure in the shift from school; methodologies in teaching dance. We realize that the way to captivate students to know and enjoy the folk dances in leisure time in school is not so easy due to various aspects such as disinterest, lack of knowledge and motivation, but the dialogue and development of dance in accordance with tastes and interests of students were important to their participation, however, the ideal would be a proposal that intercalasse different genres and styles of dance.

Key words: Folk dance; leisure time; school.

1 INTRODUÇÃO

As danças, nas suas mais variadas manifestações como populares, clássicas

e folclóricas, entre outras, são importantes para o desenvolvimento e formação do

ser humano, pois promovem o enriquecimento e o aperfeiçoamento das habilidades

e das aptidões motoras e intelectuais, aprimorando também, o convívio e o

relacionamento afetivo-social entre os praticantes. Além disso, é um meio educativo

relevante, para aquisição de conhecimentos históricos, culturais e sociais sobre esta

expressão humana.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do estado do Paraná - DCE’s

(PARANÁ, 2008), da Educação Física, orientam que ao trabalhar a dança no espaço

escolar, o professor deve tratá-la de maneira especial, considerando-a um conteúdo

que pode auxiliar no desenvolvimento físico, intelectual e emocional do aluno por

apresentar as possibilidades de superação dos limites e das diferenças corporais

que surgem ao longo da vida do ser humano. Em relação às danças folclóricas,

orientam ao professor incorporar seu ensino aos aspectos culturais e regionais

específicos dos alunos, sendo importante que o aluno vivencie diferentes tipos e

estilos de danças, e também que possibilite a liberdade de recriação coreográfica e

a expressão livre dos movimentos.

Ao longo de minha carreira no magistério, ministrei o conteúdo danças, na

maioria das vezes, em véspera de eventos sociais de lazer na escola,

especialmente, nas apresentações artísticas, mas continuava insatisfeita, por

4

acreditar não ser esta a única forma de trabalhar este tema, assim, senti

necessidade de ampliar meus conhecimentos teórico-práticos sobre este conteúdo.

Consciente da função que o profissional de Educação Física deve oferecer

alternativas para que os estudantes tenham a oportunidade de aprender os diversos

conteúdos estruturantes, entre eles, as danças folclóricas, nas aulas de Educação

Física e no tempo de lazer na escola, surgiram os seguintes questionamentos: as

danças folclóricas são capazes de despertar o interesse, educar e integrar os

alunos? Oficinas de danças folclóricas, no contraturno escolar, podem contribuir

para ocupar o tempo livre dos alunos, mediando conflitos gerados pela ociosidade?

Diante destes questionamentos, percebi a necessidade de aprofundar

conhecimentos sobre o tema danças folclóricas, bem como, sobre metodologias de

ensino, visando sensibilizar os alunos de que é possível realizar esta atividade física

de forma prazerosa em momentos de lazer na escola, e de que elas podem

contribuir para melhorar sua formação física, intelectual, e social.

Este estudo fez parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)3·,

da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), com abrangência de

agosto de 2010 a agosto de 2012. Buscou demonstrar a importância da dança

folclórica e o desenvolvimento de oficinas para alunos do ensino fundamental, no

contraturno escolar, com o intuito de desenvolver a motricidade, valores morais e

sociais.

Caracterizou-se em uma pesquisa-ação, que envolveu a realização de uma

pesquisa bibliográfica, a produção de uma unidade didática, e a implementação de

atividades em uma escola pública, de Toledo, PR. Esta etapa envolveu em média

vinte alunos, do ensino fundamental, onde foram realizadas oficinas de danças

folclóricas, uma vez por semana, no contraturno escolar, das 14 horas às 17 horas e

30minutos, contabilizando um total de 64 horas de implementação na escola,

utilizando como instrumentos de pesquisa para coleta de dados, um questionário e

relatórios.

3 Segundo Lei Complementar n° 103/2004, de 15 de março de 2004 (2010), o PDE é uma proposta

de formação continuada para o professor do ensino público, através de um retorno às atividades acadêmicas na sua área de formação inicial, com condições de atualização e aprofundamento de seus conhecimentos teórico-práticos, permitindo e estimulando a reflexão teórica sobre a prática pedagógica para possibilitar mudanças na vida cotidiana nas escolas.

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2 DANÇAS: PRÁTICA PEDAGÓGICA NO AMBIENTE ESCOLAR

2.1 A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Um dos conceitos mais atuais sobre a Educação Física escolar é defendido

por Betti (apud GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2005, p.148) descrito como:

[...] disciplina que tem por finalidade propiciar aos alunos a apropriação crítica da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que possa usufruir, compartilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais do exercício da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas e práticas de aptidão física, danças e atividades rítmicas/expressivas, lutas/artes marciais e práticas corporais alternativas.

A dança sempre esteve presente como conteúdo na disciplina de Educação

Física, bem como, atualmente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e

nas DCE’s do Paraná, norteando a Educação Brasileira e Paranaense.

O ser humano sempre se movimentou, desde os primórdios da civilização. E

movimentos como: saltar, correr, arremessar, caçar e dançar tinham por propósito a

sobrevivência da espécie.

Segundo Teixeira (1996), durante a antiguidade vários povos praticavam

atividades físicas de forma natural nas mais diversas situações, como nas

cerimônias religiosas, no trabalho e durante as guerras, também as empregavam

como medidas higiênicas e medicinais. Durante a Idade Média segundo Goff e

Truong (2006) o corpo foi desprezado, condenado, humilhado, muitas das atividades

físicas e festivas foram desvalorizadas. Interessava-se pelos homens, mas quase

sempre sem corpo, separando-se o corpo da alma. Por sua vez, Teixeira (1996)

menciona que durante a Idade Média realizavam-se apenas as justas e os torneios,

combates que eram praticados entre os nobres. E no Renascimento iniciaram-se

movimentos em prol de uma Educação Física moderna, onde surgiram as escolas

de Educação Física. Finalmente, durante a Idade Contemporânea a Educação

Física passou a ser ensinada nas escolas, academias, e em outros ambientes.

Com as mudanças sociais, culturais e tecnológicas ocorridas ao longo do

tempo evoluíram-se as investigações na área da Educação Física e na dança, com o

intuito de aprimorar conhecimentos para aplicá-los em sala de aula em beneficio do

aluno. Em vista disso, estudiosos de diferentes correntes de pensamento

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procuraram estudar e pesquisar sobre benefícios físicos, afetivos e psicológicos da

educação física.

Nesta direção, segundo as DCE’s (PARANÁ, 2008), as correntes de

pensamento que contribuíram para um melhor entendimento sobre o

desenvolvimento físico, intelectual, esportivo e recreativo do ser humano foram: a

Perspectiva Esportiva, Psicomotricidade, Desenvolvista, Construtivista e concepções

críticas Superadora e Emancipatória.

Na década de 90, com a construção dos PCN’s (BRASIL, 1998, p. 68), o

conhecimento da Educação Física na escola foi dividido em blocos: “Conhecimentos

sobre o corpo, Esportes; Jogos; Lutas; Ginásticas e Atividades Rítmicas e

Expressivas”. Valorizando a Educação Física como um instrumento formador da

consciência do aluno, como um indivíduo atuante nas diversas esferas sociais.

No estado do Paraná, implantaram-se as DCE's (2008) para a Educação

Física, que aborda conteúdos estruturantes definidos como conhecimentos de

grande amplitude, conceitos e práticas que identificam e organizam os campos de

estudo da disciplina em cinco grandes grupos: esportes, jogos e brincadeiras,

ginásticas, lutas e danças, onde o seu objeto de ensino e estudo é a cultura

corporal4.

Especificamente, sobre as danças as DCE's (PARANÁ, 2008, p.70) enfatizam

que:

A dança é a manifestação da cultura corporal responsável por tratar o corpo e suas expressões artísticas, estéticas, sensuais, criativas e técnicas que se concretizam em diferentes práticas, como nas danças típicas (nacionais e regionais), danças folclóricas, danças de rua, danças clássicas, entre outras.

Por sua vez os PCN’s (BRASIL, 1998, p. 72) salientam que “a diversidade

cultural que caracteriza o país tem na dança uma de suas expressões mais

significativas, constituindo um amplo leque de possibilidades de aprendizagem”.

4 Segundo as DCE’s (PARANÁ, 2008, p. 44) “a cultural corporal representa as formas culturais do

‘movimentar-se humano’ historicamente produzidas pela humanidade. [...]”.

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2.2 A IMPORTÂNCIA DAS DANÇAS NO CONTEXTO ESCOLAR

O ensino da dança na escola tem a possibilidade de contribuir para o

desenvolvimento do aluno, como num todo, por isso sua grande importância nos

educandários, seja na Educação Física e no tempo de lazer.

Barreto (2005) distinguiu os benefícios do ensino da dança no ambiente

escolar, apresentando as seguintes categorias/metas: propiciar o autoconhecimento

e iniciativa; estimular práticas de vivências corporais; proporcionar ao educando

relacionamentos estéticos e motores; incentivar a expressividade e criatividade dos

indivíduos; possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais, e por fim

sensibilizar as pessoas, contribuindo para que elas tenham uma educação estética e

corporal, promovendo relações mais equilibradas e harmoniosas diante do mundo,

desenvolvendo a apreciação e a fruição da dança.

Além disso, a dança por intermédio do corpo desperta o interesse do homem

em demonstrar suas expressões e emoções, tornar-se membro atuante de uma

sociedade, aprende a agir perante as transformações que ocorrem no meio social do

qual pertence. Costa (2002, p.19) complementa que o ser humano através da dança

aprende a “[...] organizar-se como membro de uma sociedade, e a compreender as

transformações do mundo, da realidade e de seu próprio ser”. Pois, por intermédio

da dança percorremos caminhos onde entramos em contato com nossos anseios

mais escondidos, onde podemos demonstrar nossas crenças, interesses pessoais e

coletivos, e motricidade.

Sob outro pensamento, ao ensinar a dança na escola estamos contribuindo a

formar indivíduos atuantes na sociedade, questionadores de seus direitos e deveres.

Lembramo-nos a citação de Verderi (2000, p. 23) “Precisamos fazer com que nossos

alunos deixem de ser corpo – objeto e torne-se corpo sujeito, um corpo vivido”, seja

na escola, na família, e na sociedade.

Sabemos que quando os alunos em seus momentos livres tomam

conhecimento e apropriam-se de um modelo de dança veiculado pelos meios de

comunicação, estão simplesmente copiando e imitando o que está sendo

demonstrado. Nós, professores de Educação Física, devemos instigar e orientar sua

criatividade através da criação de novos movimentos e coreografias, e provocar

leitura critica do que está sendo exposto pela mídia, para que este se torne um

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cidadão consciente e apto para se desenvolver e tomar as melhores decisões e

expressões corporais.

Quando o aluno é bem orientado e estimulado pelo professor, poderá através

da dança, planejar e produzir como indivíduo, auxiliando na identificação de ações

para o desenvolvimento de um mundo melhor.

Marques (2005, p.24), bem nos lembra quando faz a seguinte citação: “Essa é

uma das grandes contribuições da dança para a educação do ser humano – educar

corpos que sejam capazes de criar pensando e re-significar o mundo em forma de

arte”.

Neste contexto qual a importância do ensino das danças folclóricas na

Educação Física e no tempo de lazer na escola?

A dança folclórica é importante para o desenvolvimento humano, pois pode

possibilitar a ampliação do desenvolvimento das habilidades físicas e intelectuais, e

promover o convívio social entre os praticantes, além de resgatar a cultura e o

folclore de uma região ou nação.

Giffoni (apud PEREIRA, 2009, p. 2889) escreve que:

a palavra folklore (folclore) deriva da fusão da palavra folk que quer dizer povo, e lore, no sentido de saber. A cultura é uma dimensão da realidade social, a dimensão não-material, uma dimensão totalizadora, pois engloba os vários aspectos da realidade do qual são construídas pelas ações dos próprios homens. (grifo do autor)

Segundo Nanni (2001, p. 77) as danças folclóricas retratam épocas e etapas

do desenvolvimento sócio-econômico de uma comunidade/sociedade, seus usos,

seus costumes e manifestações corporais de um determinado grupo social. Ainda

fazendo referência a autora “as danças folclóricas possuem características regionais

e dependendo do grupo étnico terá suas influências culturais, políticas e sociais”.

Podemos citar alguns exemplos de danças folclóricas brasileiras, como: o

carimbó, o frevo, maracatu, fandango paranaense, jardineira, balaio, pau de fita, e

muitas outras mais que fazem parte da nossa cultura popular.

Nesta direção, todos os aspectos desenvolvidos através do ensino da dança

folclórica são importantes para a formação e desenvolvimento humano, no entanto,

devido às características da vida moderna necessita-se estimular as lembranças de

um povo, a sua herança cultural, entre várias manifestações, as suas danças, para

que não sejam absorvidas ou esquecidas pela modernidade, para isso, os

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profissionais de Educação Física necessitam de maiores conhecimentos para saber

atuar pedagogicamente, como nos lembra Marques (2005, p.157) “articular passado

e presente para construir o futuro.”

Assim, o ensino de danças folclóricas nas aulas de Educação Física e no

contraturno escolar precisa ser valorizado, para que não se caracterize mais no

ensino do movimento pelo movimento, tal pratica pedagógica não condiz mais com a

realidade atual da Educação Física.

Acima foram abordados valores que as danças de forma geral, e as danças

folclóricas promovem, os quais podem contribuir para que nossos alunos possam

participar na construção de uma sociedade mais justa e humana, onde todos

poderão ter a consciência de seus direitos e deveres perante a sociedade em que

vivem. Desta forma é importante integrar as danças folclóricas nas aulas de

Educação Física e oferecer projetos/oficinas de danças folclóricas para ocupar o

tempo livre de crianças, adolescentes e jovens no contraturno nas escolas.

2.3 O LAZER NO CONTRATURNO DA ESCOLA

Segundo estudos realizados por Campos (1999, p. 31) “o lazer é um

instrumento de defesa, é a pausa para o excesso de ruído e de estímulo”,

provocados pelos avanços tecnológicos existentes em nosso dia a dia.

Por outro lado, Marcellino (1990, p. 31), cita que lazer é “[...] uma atividade de

escolha individual, praticada no tempo disponível e que proporciona determinados

efeitos, como o descanso físico e mental, o divertimento e o desenvolvimento da

personalidade e da sociabilidade [...]”.

O lazer é vital para desenvolvimento integral do indivíduo, seja criança,

adolescente ou adulto, pois o prazer está em escolher uma atividade para fazer sem

obrigação e cobranças diárias que tanto afligem o ser humano. Quando falamos

sobre lazer, mais do que imediatamente pensamos no lúdico, sendo que várias

atividades realizadas no tempo livre, são vivenciadas de forma lúdica.

Segundo Silva (2004, p. 111) “as manifestações do lúdico encontram-se

inseridas nos conteúdos do lazer”, por isso faz-se necessário uma breve abordagem

sobre o lúdico.

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Com base nos estudos de Machado (2004), Silva (2004) e Bustamante

(2004), o lúdico deve ser entendido como um elemento educativo que desenvolve a

criatividade despertando para formas mais humanas e sensíveis de viver e conviver.

Como cita Queirós (2010, p. 49) as diversas situações que envolvem o lúdico

encontram-se infiltradas “[…] nos mais diversos momentos da vida, em qualquer

idade, atividade, lugar, e hora, de acordo com o desejo de cada um e as

circunstâncias que permitem ou estimulam sua expressão”.

O lúdico é uma expressão humana que pode se manifestar, nos vários

momentos e atividades que fazem parte da vida cotidiana de um individuo, inclusive

na dança, seja na Educação Física e no lazer na escola.

Nesta direção, as escolas no desenvolvimento de suas políticas educacionais,

deveriam considerar, entre outros aspectos, também a necessidade de ações

relacionadas à vivência do lazer. Por um lado, otimizando seus espaços,

equipamentos e materiais para as atividades de lazer decorrentes da iniciativa

própria de pessoas ou grupos, como exemplo, a disposição de locais e materiais

para jogar e dançar. Por outro, podem proporcionar atividades e projetos

supervisionados através da animação sócio-cultural, como: eventos ou oficinas de

danças, jogos, esportes, teatro, colônia de férias, etc. Desta forma, poderão

possibilitar a pratica do lazer para a comunidade interna (alunos, pais, professores,

administração) e externa (comunidade próxima), através de atitudes e propostas

economicamente viáveis (QUEIRÓS, 2010).

2.4 METODOLOGIAS NO ENSINO DA DANÇA

A dança por intermédio do corpo, desperta no homem o interesse em

evidenciar suas emoções. É dançando que as pessoas extravasam sentimentos,

formam grupos, aproximam-se uns dos outros pelo prazer e gosto em dançar e

realizar exercícios rítmicos.

Diante da importância da dança, questiona-se, se há mudanças no ensino da

dança, em especial nas danças folclóricas no contexto escolar? As metodologias

estão despertando nossos alunos para o prazer e o gosto pelo ato de dançar?

Quando pensamos em mudanças sempre vêm à tona perguntas: Por que

mudar? Para que mudar? Em momentos de nossa vivência diária se fazem

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necessárias mudanças a partir do instante em que nosso modo de viver, sentir e

pensar já não acompanha mais o momento presente.

E na educação, são necessárias mudanças? Buscar conhecimentos,

conversar e interagir com nossos alunos são ações importantes, pois, é através

deste diálogo que será possível alcançar mudanças necessárias em nosso cotidiano

escolar.

Segundo Moraes (2006, p. 17):

Em nosso cotidiano, aprendemos que não se muda um paradigma educacional apenas colocando uma nova roupagem, camuflando velhas teorias, pintando a fachada da escola, colocando telas e telões nas salas de aula, se o aluno continua na posição de mero espectador, de simples receptor, presenciador e copiador, [...].

Assim, é necessário que o professor envolva os alunos nas suas aulas e

sinta-se instigado a procurar por métodos diversos de aplicação dos conteúdos, para

que suas aulas tornem-se atrativas e interessantes de acordo com as características

etárias, sociais e culturais deles. Mas antes de tudo, precisamos entender o modelo

de educação e de escola que tem norteado a sociedade atual.

Moraes (2006), ainda descreve que na área educacional, apesar de todas as

correntes filosóficas que continuam disputando o espaço pedagógico, observamos a

escola atual sob as influências do pensamento cartesiano-newtoniana, sendo na

maioria das vezes, uma escola resistente a mudanças, e em vez de produzir

transformações necessárias para o desenvolvimento harmonioso do ser humano,

continua gerando padrões de comportamento preestabelecidos, com base em um

sistema de referência que ensina a não questionar e expressar o pensamento

divergente, mas sim, a aceitar passivamente a autoridade do professor.

Sendo assim, a autora propõe uma reflexão sobre uma proposta educacional

centrada na pessoa, para que haja a compreensão da importância do pensar e agir

crítico e criativo. Para tanto, são necessárias mudanças na nossa maneira de

transmitir e gerar conhecimentos, para que possamos ter cidadãos críticos e

conscientes, capazes de tomar decisões que contribuirão para promover a

transformação social tão necessária nas escolas.

Quais são as metodologias de ensino que podemos aplicar sobre este novo

olhar, no ensino da dança folclórica no ambiente escolar?

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As DCE’s para a Educação Física (PARANÁ, 2008) propõem uma

metodologia do ensino da dança voltado para as possibilidades de superação de

limites e diferenças corporais dos alunos de acordo com suas características

etárias, sociais e culturais.

Estimular o senso de investigação e pesquisa pode transformar e ampliar o

conjunto de conhecimentos sobre as danças a serem transmitidas e discutidas com

os alunos, levando em conta o momento político, histórico, econômico e social em

que um determinado ritmo de dança está inserido. Essa metodologia propõe a

construção do conhecimento pela práxis, ou seja, integrar teoria a prática durante o

aprendizado, proporcionando ao mesmo tempo a compreensão, a expressão

corporal, o aprendizado da técnica e a reflexão sobre o movimento corporal. Nesta

metodologia o conhecimento deve seguir “o princípio da complexidade crescente,

em que um mesmo conteúdo pode ser discutido tanto no Ensino Fundamental

quanto no Ensino Médio“ (PARANÁ, 2008, p.73), a diferença ocorre no nível de

complexidade e na maneira de expor o conteúdo para o aluno.

Barreto (2005, p.127), afirma que o ensino da dança nas escolas aproxima o

“ser que dança e quer conhecer de si mesmo, de sua autonomia e potencial

criativo”. O aluno a partir da dança aproxima-se mais de si mesmo, desenvolve sua

iniciativa e criatividade na busca pela emancipação.

A autora compartilha das idéias de Pierre Furter, quando este apresenta a

Pedagogia da Imagem, que no âmbito das escolas, devolveria ao processo

educacional e ao ser humano a possibilidade da realização de utopias e sonhos.

Permitiria também, ao educando representar a partir das imagens suas aspirações,

sentimentos e idéias em relação à sociedade em que vive.

Segundo Furter (apud BARRETO, 2005) as imagens estão ligadas a uma

parte da personalidade que tem relação com as emoções e os sentimentos

humanos, portanto de difícil controle. Para o autor, as imagens possuem diferentes

dimensões, as quais podem ser a visceral, a simulação e o simulacro. Assim, a

dimensão visceral tem relação com as imagens que surgem dos sentimentos e das

emoções que adquirimos durante nossa própria experiência de mundo. A dimensão

da simulação tem relação com as imagens que utilizamos para representar a nossa

própria experiência de mundo. A dimensão de simulacro relaciona-se com imagens

que compõem a realidade virtual do ambiente que este ser humano sobrevive e com

os quais ultrapassam seus limites de conhecimento, sendo necessárias novas

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formas de experiênciar, compreender e se relacionar com a nova realidade

tecnológica existente na sociedade que ele coabita.

Desta forma, Barreto afirma que o fato de escolher a Pedagogia da Imagem

de Furter juntamente com as propostas pedagógicas de Freire e Duarte Junior,

podem resultar em um possível caminho de uma metodologia mais efetiva e

educativa sobre danças na escola, dentre os vários estilos, as danças folclóricas.

Em outra direção, os PCN’s para a Educação Física (BRASIL, 1998) colocam

que o professor deve respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas

existentes no País, e também considerar a necessidade de construir referências

nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Traz para

a Educação Física uma proposta que deve procurar democratizar, humanizar e

diversificar a prática pedagógica ampliando o que era uma visão apenas biológica

para uma visão que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos

alunos.

Complementando as discussões, é importante também examinar os PCN’s da

disciplina de Arte (BRASIL, 1998), pois apresentam uma proposta educacional sobre

as danças, significativas para as crianças e jovens que vivem no mundo

contemporâneo. Recomendam ao professor a escolha de conteúdos e

procedimentos não somente adequados, mas também, problematizadores das

realidades em que esse corpo/dança está inserido, no sentido de promover a

possibilidade do educando conhecer, reconhecer, articular e imaginar a dança em

diferentes maneiras de viver na sociedade, permitindo e orientando ao aluno traçar

relações diretas com as dimensões sociopolíticas e culturais da dança.

Sob outro olhar, Marques (2005; 2008) nos conduz para a metodologia do

ensino da dança através de textos, subtextos e contextos da dança, propondo a

união e novas formas de relacionamentos entre dança, ensino e sociedade. O

ensinar a dança, necessita de mudanças, já não é mais possível conceber um

ensino fragmentado, separando a aprendizagem teórica da aprendizagem prática. O

ensino na atualidade solicita a existência da relação e a união entre teoria e prática.

Além disso, a autora aborda que o desenvolvimento do ensino/aprendizagem da

dança através de textos, subtextos e contextos vão promover o intercâmbio entre a

dança dos alunos, a dança dos artistas e o conhecimento em sala de aula. Nesta

direção, o trabalho com textos possibilita a prática e compreensão da dança em si

própria, um conhecimento direto sobre esta, quer dizer, dos seguintes processos: a

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improvisação, a composição coreográfica e o próprio repertório. Já os subtextos são

os elementos/conhecimentos sociais, afetivos e culturais sobre a dança. E o

contexto terá o papel de interlocutor, promovendo a conversa sobre as práticas

artístico-educativas. Incluem-se aqui nesta parte, o ensino dos elementos históricos,

culturais e sociais da dança, como a história, estética, sociologia, antropologia,

música e os saberes em anatomia, fisiologia e cinesiologia.

Marques (2008) sintetiza sua metodologia no ensino da dança de forma

integrada, conforme demonstra o gráfico abaixo:

Fonte: Marques (2008, p. 101)

No entanto, não encontraremos metodologias prontas para o ensino-

aprendizagem da dança e conforme citação de Marques (2008, p. 17) “[...] nem

sempre temos as respostas prontas [...] é a própria prática que nos dirá como

proceder”. Desta maneira, precisamos empregar diversos meios didático-

pedagógicos para descobrir possíveis respostas aos problemas que surgirão durante

o processo de ensino da dança, em especial, da dança folclórica.

Por sua vez, Almeida (2000), nos guia através de suas reflexões sobre o

papel do professor neste novo contexto de mudanças necessárias no ensino na

escola. Relata que, ao docente é proposto promover a aprendizagem do aluno para

que este possa construir conhecimento dentro de um ambiente desafiador e

motivador, para explorar, refletir, escolher idéias e agir na descoberta de novos

conhecimentos. Além disso, o professor precisa reconhecer os conflitos dos alunos e

seus próprios conflitos, bem como, refletir e buscar novas teorias que facilitem a

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compreensão do significado da sua prática pedagógica no sentido de identificar seu

estilo de atuação.

Para desta forma, propiciar ao aluno a formação de identidades, o

desenvolvimento das diferentes habilidades e capacidades, autoconfiança e

criatividade através da experiência com diversos conteúdos, entre eles, as danças.

Finalizando, é diante deste panorama teórico sobre diferentes metodologias,

que o professor poderá ousar e ter novas posturas na sua prática pedagógica em

torno das danças.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

a) A realização da pesquisa bibliográfica foi importante porque foram feitas

leituras e análises de artigos científicos sobre os conhecimentos teórico-práticos

mais pertinentes sobre danças, o que foi fundamental para a construção do projeto

de intervenção pedagógica, elaboração material didático, e implementação de

atividades na escola.

b) A elaboração do material didático se caracterizou em uma unidade didática,

abordou conhecimentos teóricos e atividades práticas sobre danças folclóricas, foi

importante porque consistiu no planejamento de atividades para serem

desenvolvidas na etapa implementação de atividades na escola.

c) Foi realizado também um curso à distância - Grupo de Trabalho em Rede –

GTR, onde o projeto e a unidade didática foram disponibilizados em rede para

possibilitar a formação continuada de professores da rede pública do estado do

Paraná. Foram momentos que compartilhamos estudos, discussões e sugestões

com professores interessados sobre as danças folclóricas. Houve interação e

contribuições valiosas por parte deles, possibilitando assim, a ampliação de

conhecimentos sobre a teoria e prática sobre a temática, e acredito que tenha

incentivado reflexões e ações na prática pedagógica destes professores, seja nas

aulas de Educação Física e/ou no tempo de lazer na escola. Além disso, o GTR foi

importante para a execução da etapa implementação de atividades em uma escola

pública do Paraná.

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d) A implementação de atividades na escola teve como principal objetivo

proporcionar mudanças qualitativas na minha prática pedagógica no cotidiano

escolar. A proposta consistiu no desenvolvimento de oficinas de danças folclóricas,

no contraturno escolar, para alunos do ensino fundamental, do Colégio Estadual

Novo Horizonte, no município de Toledo/PR, de 22 de agosto a 30 de novembro de

2011. Envolveu em média vinte alunos, foram realizadas quatro oficinas de danças

folclóricas, uma vez por semana, das 14h às 17h30min, totalizando 64 horas de

implementação, e os instrumentos de coleta de dados utilizados foram um

questionário e relatório de cada oficina desenvolvida.

Após a divulgação da proposta e a formação do grupo de alunos para as

oficinas, realizou-se um diagnóstico de interesses utilizando um questionário,

buscando verificar quais as danças folclóricas que conheciam e aquelas que

gostariam de aprender, os resultados são apresentados a seguir:

Quadro 1: Conhecimentos sobre danças folclóricas

ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS

Conhecem alguma dança folclórica 16

Não conhecem nenhuma dança folclórica 04

Total 20

No quadro acima, percebeu-se que a grande maioria dos alunos conhecem

algum gênero de danças folclóricas, apenas, quatro alunos responderam não

conhecem nenhum tipo de dança deste estilo.

Em seguida, foram questionados sobre os tipos de danças folclóricas que

conheciam como apresentado abaixo:

Quadro 2: Danças folclóricas conhecidas

ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS

Quadrilha junina 07

Pau de fita 03

Frevo 10

Total 20

Verifica-se pelo quadro acima, que as danças folclóricas mais conhecidas

pelos alunos foram em primeiro lugar o frevo, em segundo a quadrilha, e em terceiro

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o pau de fita. Evidencia-se aqui, um conhecimento restrito dos alunos sobre este

conteúdo, considerando a existência de uma diversidade de estilos no Brasil.

Segundo Portinari (apud MELLO; ZANCAN, 2010, p. 2) “no Brasil a dança

folclórica é uma das tantas riquezas mal exploradas. Existem muitas que nem

mesmo são conhecidas fora de seus redutos e que vão desaparecendo junto com

outras antigas tradições”.

Na seqüência, perguntamos aos alunos quais as danças folclóricas que

gostariam de aprender, cada aluno podia escolher três danças folclóricas,

demonstrando o seguinte resultado:

Quadro 3: Danças folclóricas escolhidas

ALTERNATIVAS NÚMEROS DE ALUNOS

Carimbo 01

Alegre tarantela 06

Pezinho 00

Pau de fita 06

Fandango Paranaense 04

Balaio 08

Cuá fubá 01

Lundu 02

Samba de roda 08

Ciranda 01

Coco 03

Cana verde 01

Frevo 15

Total 20

Sobre o tipo de dança folclórica preferido para aprendizagem, observa-se que

a dança frevo foi a preferida (15) adesões, seguido do balaio e samba de roda (08),

alegre tarantela e pau de fita (06), fandango (04), coco (03), e lundu (02). Apenas

com uma preferência aparecem as danças cana verde, ciranda, cuá fubá e carimbó,

e o pézinho não teve nenhuma adesão.

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Verifica-se que o interesse que predominou foi por uma dança do nordeste

brasileiro, mas, grande parte das outras danças preferidas fazem parte da cultura do

sul do Brasil.

Nesta direção, Lima (2011) relata que o frevo é largamente conhecido,

mesmo não sendo divulgado fora do período carnavalesco.

A análise dos resultados deste diagnóstico foi importante para conhecermos

os interesses dos alunos sobre este estilo de danças, e podermos melhor planejar a

implementação de atividades na escola.

A seguir, apresentamos o relato sobre as oficinas de danças folclóricas

desenvolvidas como atividade extracurricular.

A oficina sobre Atividades Rítmicas Expressivas, realizada no dia 22 de

agosto de 2011, com uma hora e meia de duração, teve como objetivos integrar e

socializar os alunos, adaptar o ritmo individual ao ritmo musical e estimular a

capacidade de se expressarem frente aos diferentes tipos de músicas folclóricas.

Observou-se que a maioria dos alunos participou com prazer, demonstrando alegria

e espontaneidade na realização das várias atividades propostas. Verificou-se que os

meninos menores tiveram mais dificuldades para interagir com o sexo oposto e com

os demais. Na avaliação desta oficina com os alunos, comentaram sobre um

problema surgido durante as atividades, que foi o comportamento inadequado de

alguns alunos como bagunça e tumulto. Conversamos e houve promessa por parte

deles em melhorar o comportamento no decorrer das aulas.

A oficina sobre Atividades Artísticas de Colagem sobre danças folclóricas, foi

realizado de 29 de agosto a 05 de setembro de 2011, com quatro horas de duração,

teve como objetivos demonstrar aos alunos a importância e os diferentes tipos de

danças folclóricas existentes, através de pesquisas em revistas, jornais e internet,

bem como, desenvolver a criatividade e a coordenação motora fina na elaboração

de um jornal mural.

Após o seu desenvolvimento realizou-se uma avaliação com os alunos, sobre

esta forma diferenciada de se trabalhar a teoria de algumas danças folclóricas.

Abaixo citamos algumas respostas que se destacaram:

Aluno nº 13: “Eu achei interessante, gostaria de fazer outros tipos de cartazes

como esse”.

Aluno nº 05: “Sim, pois eu achei que foi bom muito divertido,...”

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Aluno nº 10: “Gostei sim, porque é um assunto interessante e gostoso de

aprender...”

Aluno nº 03: “Eu achei interessante em nós fazermos este tipo de atividade, é

bem diferente, eu gostei”.

Aluno nº 06: “Eu achei que foi bom porque é uma forma diferente e faz com

que a gente trabalhe em grupo”.

Com base nestes depoimentos e na realização da aula evidenciou-se que os

objetivos foram atingidos, houve participação e interesse da maioria dos alunos em

pesquisar material no horário de realização da oficina, buscando mais

conhecimentos sobre o tema. Percebeu-se que os alunos interagiram bastante uns

com os outros, e algumas alunas continuaram suas pesquisas em casa, na internet,

aprofundando o conhecimento teórico sobre danças folclóricas. Em relação à

confecção do jornal mural revelou-se interessante a realização desta tarefa, pois

demonstraram prazer ao elaborar, visualizar e descobrir danças folclóricas

existentes no Brasil.

A oficina danças africanas ocorreu de 12 de setembro a outubro de 2011, com

nove horas de duração, o objetivo foi adquirir conhecimentos sobre ritmos africanos

que influenciaram a cultura da região norte e nordeste do Brasil. As danças

escolhidas foram o batuque, o carimbó e o frevo.

Um aspecto positivo na realização desta oficina foi a interação entre os alunos

do grupo e o interesse em pesquisar na internet passos característicos de cada

dança folclórica. E um ponto negativo, foi que eles ainda conversaram demais e com

isso o tempo previsto para as atividades ultrapassou o estabelecido. Outro aspecto

percebido em alguns alunos foi o interesse em desistir, pois não estavam gostando

destas danças folclóricas e queriam outras danças da cultura de massa como o “hip

hop”. Assim, propomos que se participassem das oficinas restantes, faríamos um

trabalho final com a dança “hip hop”, desta forma, o grupo interessou-se e

comprometeu-se em participar.

A oficina Dança Folclórica Paranaense ocorreu nos dias 17 de outubro a 28

de novembro de 2011, com dezoito horas de duração, teve como objetivos resgatar

e conhecer a dança Cuá Fubá, proporcionando a vivência desta manifestação

cultural estimulando a criatividade. Primeiramente ensinou-se a coreografia original,

e depois de adquirido este conhecimento, propomos a recriação desta coreografia,

desta forma, a oficina foi realizada em duas etapas.

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Após o desenvolvimento da primeira etapa fizemos a seguinte pergunta para

os alunos: Expresse sua opinião sobre o que você achou da coreografia original da

dança Cuá Fubá. As respostas foram as mais variadas, e relatamos algumas a

seguir:

Aluno 9: “Legal, ali mostra um pouco sobre o trabalho de antigamente”.

Aluno 2: “A coreografia do Cuá Fubá é muito boa. Os passos se encaixam

perfeitamente”.

Aluno 1: ”Eu acho que o Cuá Fubá é uma dança um pouco entediante, mas é

legal e um tanto cansativa”.

Aluno 4: ”Eu achei legal, engraçada, principalmente a parte de coar o fubá e

passar a peneira”.

Aluno 3: “Eu achei bem interessante por que é divertido e legal, gostei da

música e da coreografia porque são diferentes, os passos são importantes e

caracterizam a música”.

Percebeu-se, nesta etapa que a maioria dos participantes demonstrou

interesse em aprender esta dança, pois não tinham conhecimento da mesma.

Apenas alguns demonstraram que era entediante e desinteressante.

Após realizamos a segunda etapa desta oficina, que tinha como tema recriar

a coreografia Cuá Fubá, após a realização desta atividade, solicitamos aos alunos

que respondessem a seguinte pergunta: Foi interessante ou não recriar a

coreografia, por quê? Assim, destacamos algumas respostas:

Aluno 4: “Sim, porque nós sem querer acabamos adaptando uma dança com

cara de velha em nosso jeito”.

Aluno 13: “Sim, porque é uma dança de nossa região, adaptamos sem querer

uma dança que pensamos ser chata, com tipo velho, mas no final achei muito legal”.

Aluno 3: “Foi interessante, porque é uma dança da nossa região, adaptamos

sem querer uma dança que pensamos que seria chata, com tipo velho, mas no final

achamos bem nossa”.

Durante o desenvolvimento desta segunda etapa, percebeu-se todo potencial

criativo que os alunos têm, pois, criaram movimentos e coreografias muito

interessantes e assim fazemos referência a Fleith e Ribeiro (2007), quando

mencionam que a escola adquire grande importância como local de estímulo e

desenvolvimento das habilidades criativas. Marques, por sua vez (2011, p. 35) vem

nos lembrar que “ao propormos a educação de corpos lúdicos em nossas salas de

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aula de dança, propomos também a possibilidade de que esses corpos sejam

capazes de criar e recriar suas danças e, assim, a sociedade”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná - PDE é

um importante avanço como política de formação continuada articulada à

progressão de carreira para os professores da rede pública estadual do Paraná.

Desta forma, participar deste programa foi muito importante, porque se constituiu de

atividades teóricas e práticas que permitiram e estimularam o aperfeiçoamento

intelectual e profissional, para a melhoria da educação paranaense.

Este estudo demonstrou a importância da dança folclórica e o

desenvolvimento de oficinas para alunos do ensino fundamental, no contraturno

escolar, com o intuito de desenvolver a motricidade, valores morais e sociais.

Nesta direção, a implementação do projeto de intervenção pedagógica na

escola através da elaboração do projeto, da unidade didática, do grupo de trabalho

em rede (GTR) e implementação de atividades nos educandários foram muito

importantes, considerando que promoveram a articulação entre a teoria e a prática,

gerando reflexões e mudanças qualitativas no nosso conhecimento e prática

pedagógica no cotidiano escolar.

Sobre a implementação de atividades na escola é necessário destacar os

principais resultados que observamos ao longo do desenvolvimento das oficinas.

Na participação das oficinas de dança folclórica, iniciamos com 20 alunos e

finalizamos com 12 alunos, o que podemos considerar como satisfatório, pois, mais

de 50% dos alunos permaneceram e participaram da proposta até o final. Este

resultado provavelmente está relacionado ao fato da dança folclórica não ser um

conteúdo regular da Educação Física, sendo, considerando que ainda é muito pouco

ministrado pelos professores, salvo em eventos escolares como festas juninas e

festivais de dança. Além disso, não apresenta grande atração e interesse pelos

adolescentes, considerando as características da vida moderna em que a mídia

impõe outros ritmos e estilos de danças, considerados mais atrativos por esta faixa

etária de alunos.

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Percebeu-se também, que parte dos participantes não gostaram muito das

danças folclóricas desenvolvidas, queriam danças com ritmos mais atuais, o que

provocou algumas desistências, mas também, outros motivos colaboraram para uma

melhor participação, como: problemas de saúde, opção por treinar futsal e a

responsabilidade de cuidar de irmãos mais novos.

Constatamos também, que existe na escola grande carência de material

bibliográfico, audiovisual e musical para o ensino de danças folclóricas.

Finalizando, observamos que o caminho para cativar o aluno a conhecer e

gostar das danças folclóricas através de um projeto no tempo de lazer na escola não

foi tão fácil, devido a vários aspectos, como desinteresse, falta de conhecimento e

desmotivação. Mas o diálogo e o atendimento de suas preferências como a

integração de danças populares nas oficinas de danças folclóricas foi muito

importante para uma melhor participação.

Com base nestes resultados, podemos dizer que para promover uma maior

aceitação e interesse deste conteúdo em projetos no contraturno escolar,

recomendamos intercalar danças folclóricas com outros gêneros e estilos de danças,

como com as danças de salão, coreografadas, dramatizadas, circulares, hip-hop,

country, street dance, axé e tantas outras. De preferência que sejam escolhidas

pelos alunos através de diagnósticos, e tenha-se por base as características e o

contexto sociocultural no qual os alunos estão inseridos.

E, principalmente que a dança folclórica junto com outras danças sejam

integradas como conteúdo regular sistematizado nas aulas de Educação Física na

escola, e não apareçam eventualmente como preparação de apresentações

artísticas para eventos sociais de lazer na escola, como: festa junina, dia das mães,

e demais datas comemorativas nos educandários.

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