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SEÇÃO CIENTÍFICA ARTIGOS INÉDITOS PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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Page 1: SEÇÃO CIENTÍFICA ARTIGOS INÉDITOS - Portal Unisaúde · 1-Nogier, R. e Boucinhas, J. C. Prática Fácil de Patologia Porcentagem de Aparecimento Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)

VOLUME 1 / NÚMERO 2 / 23

SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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TÉCNICA DE AVALIAÇÃO EM DESTAQUE

CORRELAÇÃO ENTRE A PRESENÇA DO SULCO EM X NO LÓBULODO PAVILHÃO AURICULAR E O RISCO DE ACIDENTES CARDÍACOS

EM PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL DO CORAÇÃO DACIDADE DE FRANCA

Campos, E.C.1, de Araujo, F.L.B.2 e de Araujo, J.E.3

1. Fisioterapeuta Docente do Curso de Fisioterapia UNIFRAN.2. Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, Mestre em Psicobiologia, Doutoranda em Neurociências,

Docente IPES.3. Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, Mestre e Doutor em Ciências- Área de Psicobiologia, Diretor de

Ensino e Pesquisa em Acupuntura do IPES- Ribeirão Preto – SP., Presidente SOBRAFISA-SP.Recebido 12 de fevereiro; aceito 25 de março.

Resumo: O Pavilhão Auricular é uma estrutura derivada dos três folhetos embrionários que formaram nossoorganismo. Sua inervação é feita pelos nervos cranianos, que se comunicam diretamente com estruturas de regulaçãometabólica no tronco encefálico. Esta comunicação neural, associada à constituição embrionária, possibilita umaampla comunicação com todas as estruturas orgânicas. Podemos então, realizar diagnósticos, como o relato dasociedade americana de cardiologia, onde pacientes com maiores propensões para infarto do miocárdio (IAM)apresentariam um sulco em formato de x no lóbulo da orelha. Nosso trabalho teve como objetivo verificar aincidência do aparecimento deste, em pacientes com IAM e ainda, tentar traçar relações entre este aparecimentoem outras patologias cardíacas. Fotografamos o pavilhão auricular dos pacientes internados no Hospital do Cora-ção na cidade de Franca. Os resultados foram analisados através de uma estatística descritiva, após a transforma-ção dos mesmos em porcentagem. Analisamos um número total de 32 pacientes, sendo que destes 71,85% apre-sentavam o sulco em X na região do lóbulo da orelha. Dos pacientes com IAM 66,66% apresentavam este sulco.Posteriormente subdividimos os pacientes restantes em 5 grupos de patologias cardíacas. Para os grupos insufici-ência (IM) e estenose mitral (EM), 0% dos pacientes apresentavam o sulco. Nos grupos insuficiência coronariana(ICO) 91,66%, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 85,71% e hipertensão arterial sistêmica (HAS) 33,33%dos pacientes apresentavam o sulco em forma de X. Nossos dados apontam então, para um maior aparecimentodo sulco em X na patologia que apresentou risco direto para IAM como a ICO. No grupo IAM, 33,34% dospacientes não apresentavam o sinal, desta forma, o aparecimento do sulco não representa que o paciente fará umIAM, e sim que possui uma maior propensão para esta patologia. Outras patologias cardíacas como IM e EM, quenão apresentam riscos diretos ao IAM, não apresentaram o sulco em X.

Palavras-chave: Infarto; Pavilhão Auricular; Diagnóstico.

Abstract: The Auricle is a derived structure of the three embryonic pamphlets that formed our organism. Its inervationis made by the cranial nerves, that communicate directly with structures of metabolic regulation in the brainstem. Thisneural communication, associated to the embryonic constitution, facilitates a wide communication with whole theorganic structures. We cannot then, to accomplish diagnoses, as the report of the American Society of Cardiology,

Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)

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VOLUME 1 / NÚMERO 2 / 25

Introdução

O Pavilhão Auricular é uma estrutura derivadados três folhetos embrionários que formaram nosso or-ganismo. Sua inervação é feita pelos nervos cranianos,que se comunicam diretamente com estruturas deregulação metabólica no tronco encefálico. Esta co-municação neural, associada à constituição embrioná-ria, possibilita uma ampla comunicação com todas asestruturas orgânicas [1]. Neste sentido um trabalhomostrou, através de denervação seletiva dos nervosque provêm à inervação do pavilhão auricular, que asreações de nervos e tratos funcionam de maneira glo-bal e complexa, justificando as possibilidades de trata-mento e avaliação[2]. Em relação às possibilidadesterapêuticas, diversos trabalhos já demonstraram a efi-cácia dos pontos auriculares no tratamento dedisfunções do sistema nervoso simpático [3], epilepsiaem cachorros [4], infertilidade feminina [5], excessode peso em ratos [6], cardiopatias [7] entre outras.Outros trabalhos, entretanto se dedicaram as possibi-lidades diagnósticas [2,8,9]. Um relato diagnóstico quenos chamou atenção, foi o realizado pela SociedadeAmericana de Cardiologia (AHA), onde se relacionou

uma maior propensão para infarto do miocárdio (IAM)em indivíduos que apresentaram um sulco em formatode X no lóbulo da orelha [1]. Entretanto, não encon-tramos nenhum tipo de referência em revistas científi-cas em relação a esta técnica diagnóstica, a não ser nolivro posteriormente citado.

O IAM é a primeira manifestação da doençaisquêmica do coração em cerca de 50 a 70% dos pa-cientes, sendo o resultado final da isquemia prolonga-da e não aliviada (Insuficiência Coronariana - ICO),devido à interrupção total de suprimento de sangue aomiocárdio [10].

Como causa final, encontra-se a formação deum trombo sobre uma placa de ateroma, provocandoum estreitamento prévio no lúmen da artéria coronária,e as fibras musculares da zona miocárdica atingida per-dem sua habilidade contrátil, comprometendo a fun-ção ventricular [11].

Dessa forma, caso esta possibilidadediagnóstica através do pavilhão auricular possa ser con-firmada/reproduzida, podemos utiliza-la como um im-portante aliado para a abordagem precoce e preventi-va na ocorrência do IAM.

* Endereço para correspondência: Instituto Paulista de Estudos Sistêmicos – IPES. Praça Boaventura Ferreirada Rosa, 384, Jardin Sumaré. CEP 14025-459, Ribeirão Preto - SP. E-mail: [email protected]

where patient with larger propensities for infarct of the miocardio they would present a ridge in format of x in the lobeof the ear. Our work had as objective to verify the incidence of this, in patients with they infarct and still, to try totrace relationships among this show up in another heart pathologies. We photographed the patients’ auricle pavilioninterned in the Hospital of the Heart in the city of Franca. The results were analyzed through a descriptive statistics,after the transformation of the same ones in percentage. We analyzed a patient total number of 32, and of these71,85% they introduced it ridge in X in the area of the lobe of the ear. Of the patients with they infarct 66,66% theypresented this ridge. Later on we subdivided the remaining patients in 5 groups of heart pathologies. For the groupsinadequacy and mitral estenose, 0% of the patients show up at ridge. In the groups inadequacy coronariana 91,66%,inadequacy heart congestive 85,71% and sistemic hypertension 33,33% of the patients show up ridge in form of X.Data they point then, for an major show up of the ridge in X in the pathology that presented direct risk for infarct. Inthe group infarct, 33,34% of the patients didn’t present the sign, this way, the show up of the ridge it doesn’trepresent that the patient will do a infarct, but that possesses a larger propensity for this pathology. Other heartpathologies, that don’t present direct risks to the infarct, they didn’t show up ridge in X.

Key-words: Infarct, Auricle Pavilion; Diagnoses.

Campos et al. / Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)

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Campos et al. /

Objetivo

Nosso trabalho teve como objetivo verificar aincidência do aparecimento do sulco em X no lóbuloda orelha em pacientes com IAM e, ainda, tentar tra-çar relações entre este aparecimento em outras pato-logias cardíacas.

Metodologia

Foi fotografado o pavilhão auricular, direito eesquerdo, de 32 pacientes. Estes estavam internados,tanto na Unidade Coronariana quanto na enfermaria,no Hospital do Coração da cidade de Franca. Para arealização das fotos, sem a exposição da face do paci-ente, foi utilizada uma cartolina com uma perfuraçãocentral e identificação numérica para a posterior cor-relação do pavilhão auricular a cada paciente/patolo-gia.

Análise dos Resultados

Os resultados foram analisados através de umaestatística descritiva, após a transformação dos mes-mos em porcentagem. Dos 32 pacientes analisados,71,85% apresentavam o sulco em X na região do ló-bulo da orelha. Dos pacientes com IAM 66,66% apre-sentavam este sulco. Posteriormente subdividimos ospacientes restantes em 5 grupos de patologias cardía-cas. Para os grupos insuficiência (IM) e estenose mitral(EM), 0% dos pacientes apresentavam o sulco. Nosgrupos insuficiência coronariana (ICO) 91,66%, insu-ficiência cardíaca congestiva (ICC) 85,71% e hiper-tensão arterial sistêmica (HAS) 33,33% dos pacientesapresentavam o sulco em forma de X.

Resultados

IAM 66,66%*ICO 91,66%*ICC 85,71% HAS 33,33%IM e EM 0%

Tabela 1. Porcentagem de aparecimento dosulcamento em X no lóbulo dos 32 pacientes avalia-dos, divididos em 6 grupos de patologias. IAM –Infarto agudo do miocárdio; ICO- Insuficiênciacoronariana; ICC- Insuficiência cardíaca congestiva;HÁS- Hipertensão Arterial Sistêmica; IM – Insufici-ência mitral e EM- Estenose mitral. *Patologias queapresentam risco direto para IAM.

Figura 1- Exemplos de Marcações em formato de Xno lóbulo

Nossos dados apontam então, para um maioraparecimento do sulco em X na patologia que apre-sentou risco direto para IAM como a ICO. No grupoIAM, 33,34% dos pacientes não apresentavam o si-nal, desta forma, o aparecimento do sulco não é umacorrelação absoluta, da mesma maneira não represen-ta que o paciente fará um IAM, e sim que possui umamaior propensão para esta patologia. Outras patologi-as cardíacas como IM e EM, que não apresentam ris-cos diretos ao IAM, não apresentaram o sulco em X.Acreditamos que neste trabalho, como o descrito nolivro de Rafael Nogier [1], fica demonstrado a possi-bilidade de diagnose precoce deste dipo de distúrbioatravés da observação do pavilhão auricular.

Referências Bibliográficas

1-Nogier, R. e Boucinhas, J. C. Prática Fácil de

Patologia Porcentagem de Aparecimento

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VOLUME 1 / NÚMERO 2 / 27

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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AÇÃO BIOQUÍMICA DA ACUPUNTURA DEMONSTRADA ATRAVÉSDO ÓXIDO NÍTRICO

Andrade, K.F.*¹, Espíndola, F. S.², Alves, H. E. M. 3

1- Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura e Fisioterapia Dermato-funcional, Docente na Espe-cialista em Acupuntura pelo Center Fisio-IMES

2- Farmacêutico, Bioquímico, Mestre, Doutor e Professor na Universidade Federal de Uberlândia -UFU; Instituto de Genética e Bioquímica

3- Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura, Mestre em Fisioterapia e Professor no CEULP/ULBRA - Centro Universitário Luterano de Palmas.

Recebido 12 de fevereiro; aceito 20 de março.

Resumo: A acupuntura é uma das modalidades de tratamento incluída na Filosofia Tradicional Chine-sa e enfatiza os fenômenos precursores das alterações funcionais e orgânicas que provocam o apare-cimento de sintomas e sinais. O conhecimento de fenômenos biológicos foi insuficiente, por umlongo período, para permitir uma compreensão dos sistemas endógenos que poderiam transformarentradas sensoriais em modificação de funções, apesar dos séculos de evidências que confirmam oseu sucesso. Portanto o objetivo deste trabalho foi demonstrar que os efeitos da acupuntura tem sidocomprovados cientificamente através de pesquisas bioquímicas. Foi feita uma revisão de literaturapara verificar a influência da acupuntura sobre o óxido nítrico, um gás, que é produto da oxidaçãoreativa do nitrogênio, produzido por muitos tipos de células endoteliais e que possui funções quevariam de neurotransmissão a vasodilatação, podendo desempenhar papel terapêutico ou tóxico. Espe-ra-se com este trabalho comprovar que a ação da acupuntura é cientificamente comprovada e pode serutilizada para tratar outras patologias além da dor como descrito através dos mecanismos de compor-ta, o que tem se tornado evidente à medida que cada vez mais pesquisas feitas demonstram que atécnica da acupuntura tem um grande valor.

Palavras chaves: óxido nítrico, acupuntura, fisiologia, bioquímica.

Abstract: The acupuncture is one of the modalities enclosed treatment in the Chinese Traditional Phylosophy andemphasizes the precursory phenomena functional and organic alterations that provoke the appearance of symptomsand signals. The knowledge of biological phenomena was insufficient, for a long period, to allow an understanding ofthe endogenous systems that could transform entered sensorial in modification of functions, despite the centuries ofevidences that confirm its sucess. Therefore the objectives of this work was to demonstrate that the effect of theacupuncture have been proven scientific through research biochemistry. A literature revision was made to verify theinfluence of the acupuncture on nitric oxide, a gas that is product of the reactive oxidation of nitrogen, produced formany types of endotelious cells and that it possess functions that vary of neurotransmiss the vasodilatation, beingable to play therapeutical or toxic role. One expects with this work to prove that the action of the acupuncturescientific is proven and can be used to treat other patholoy beyond pain as more done research demonstrates that

ARTIGO ORIGINAL

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the technique of the acupuncture has a great value.

Key-Words: nitric oxide, acupuncture, fisiology, biochemistry

* Autor responsável pela correspondência: endereço – Quadra 1104 Sul, Alameda 04, Lote 54, Palmas – TO, cep:77024-032, e-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A Filosofia Tradicional Chinesa (FTC) consti-tui vasto campo de conhecimento, de origem e de con-cepção filosófica, abrangendo vários setores ligados àsaúde e à doença. Suas concepções são voltadas mui-to mais ao estudo dos fatores causadores da doença,à sua maneira de retratar, conforme os estágios da evo-lução do processo de adoecer e, principalmente, aosestudos das formas de prevenção, na qual reside todaa essência da filosofia Chinesa [1].

Na comunidade ocidental, a acupuntura éfreqüentemente olhada com ceticismo ou até mesmoconsiderada como charlatanismo e rejeitada pelosmédicos.Uma razão importante para esse ceticismo éa limitação ou falta de documentação científica queprove ou refute os efeitos terapêuticos apregoados pelosadeptos da acupuntura. Uma análise da literatura so-bre acupuntura mostra um grande número de publica-ções, mas sua qualidade é freqüentemente baixa [2].

A descrição dos mecanismos da comporta, re-alizada por Melzac e Wall (1965), mostrou que aestimulação somática podia induzir a inibição da dor.Outro estudo que auxiliou na compreensão da analgesiapor acupuntura foi a descoberta de receptores paraopióides e dos opióides endógenos (Terenius, 1984).A liberação de endorfinas para o líquidocefalorraquidiano durante o uso da acupuntura e seusefeitos analgésicos explicaram as conclusões chinesasde que essa técnica libera uma substância inibidora dador, estando presente no líquido cefalorraquidiano.Quando o líquido cefalorraquidiano de um coelho sub-metido à acupuntura era transferido para um outro co-elho não tratado, o animal receptor mostrava uma al-teração na sensibilidade à dor semelhante à do animal

Andrade et al. /

tratado com acupuntura. Esse fatores sugerem que aacupuntura realmente possui uma ação eficaz no trata-mento da dor. O uso da acupuntura como um métodode alívio da dor está baseado num grande número deensaios clínicos e não há dúvida de que a acupunturatem um efeito potente no tratamento de dormusculoesquelética [2].

De acordo com os autores acima citados, alémde aliviar a dor, a acupuntura é comumente usada naFTC para tratar várias doenças. Estudos científicos eestudos clínicos básicos deram evidências de que aacupuntura pode ter efeitos fisiológicos e terapêuticos.

O óxido nítrico (ON), uma pequena e simplesmolécula, talvez a menor produzida pelos mamíferos,tem efeitos fascinantes desde a manutenção inicial davida, através do controle da circulação placentária, oua indução do início da vida, através da regulagem dascontrações uterinas no trabalho de parto, como tam-bém efeitos colaterais demonstráveis, por exemplo, nochoque séptico. O óxido nítrico é um importanteneurotransmissor com capacidade potencializadora,atuando na memória e no aprendizado, podendo tam-bém ter ações endócrinas, autócrinas e parácrinas. Asua ação na imuno-regulação está presente na inflama-ção e nos mecanismos de autoimunidade [3].

Vários autores têm estudado a relação daacupuntura (AP) com o ON [4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11]percebemos que o ON é estimulado ou suprimido pelaação da acupuntura e que este gás possui uma açãoterapêutica importante, mas que também pode ser tó-xico, e como está presente em várias partes do nossoorganismo e participa de várias ações importantes, porser um gás difusível. Acredita-se que este trabalho derevisão de literatura tem uma significância para revelare/ou esclarecer aos profissionais da saúde, a impor

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tância do ON, seu efeito terapêutico, como evitar e/oudiminuir seu efeito tóxico e sua modulação através daacupuntura, já que até o momento são recentes os es-tudos e há muito que descobrir sobre esse gás e comoutiliza-lo em nosso benefício.

OBJETIVO

Demonstrar que os efeitos da acupuntura têmsido comprovados cientificamente através de inúme-ras pesquisas, principalmente através da bioquímica,sendo o óxido nítrico um dos componentes encontra-dos.

MATÉRIAS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão bibliográfica, a par-tir de revisões de livros, artigos de revistas indexadas esites da internet.

Os dados coletados foram analisados e discu-tidos de forma concisa, resultando no esclarecimentoe avaliação das informações presentes até o momento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tratamento para pacientes através daacupuntura evoluiu ao longo do tempo e, recentemen-te, tem havido muito interesse pela fisiologia deste tra-tamento, pois a eficácia da acupuntura como métodoterapêutico e sua aplicação na analgesia cirúrgica mo-tivaram pesquisas com o objetivo de encontrar algumaexplicação científica de seu modo de ação [1].

Os antigos chineses desenvolveram aacupuntura dentro da estrutura filosófica e cultura doTaoísmo, onde a acupuntura é um recurso terapêuticorealizado mediante inserção de agulhas com a finalida-de de promover circulação e desbloqueio de energia[1; 12].

O óxido nítrico, um produto da oxidação donitrogênio, é normalmente produzido por muitos tiposde células e possui funções que variam de

neurotransmissão à vasodilatação, que da mesma for-ma possui neurotoxicidade no momento de muita pro-dução [13; 14]

Verificou-se que a indução de convulsões e al-gumas formas de neurotoxicidade eram associadas àliberação de aminoácidos excitadores e a união entre aativação dos receptores específicos por essesaminoácidos e a ativação das Ons (óxido nítricosintases), permitiu sugerir que a superprodução de ONpode estar envolvida nas convulsões e em algumas for-mas de neurotoxicidade [15].

Foi verificado que utilizando estímulo com EAnos pontos DU16 e DU 18 em epilepsias induzidaspor penicilina, houve uma diminuição das isoformas dasONs e que a EA (eletroacupuntura) inibiu a epilepsia,concluindo assim, que a EA tem efeito anticonvulsivantepela capacidade de diminuir as Nos [8].

Uma revisão sugere que o ON é um fatorcitotóxico liberado pelos macrófagos ativadosatravés da estimulação imunológica. E estas suasduas diferentes propriedades biológicas: de co-municação intercelular e citotóxica, sãoefetuadas pela liberação quantitativamente de ONpelos diferentes tipos de Onsintases [16].

Vários autores consideram que a iNos podeser produzida por qualquer célula sob estímulos apro-priados e, esta uma vez induzida, é capaz de produzirON por longo tempo, assim, o alto nível de ON pro-duzido por macrófagos e neutrófilos que deveria sertóxico para micróbios e parasitas pode lesar as célu-las vizinhas saudáveis [3].

Descobriu-se a origem das ONs na fibra ner-vosa através do ponto Zusanli (ST 36), onde os resul-tados processam que as ONs estão presentes emneurônios e foram distribuídas do ponto ST 36 para osgânglios de L4 e S1; concluindo que há uma distribui-ção das ONs na fibra nervosa, que é um dos funda-mentos dos efeitos da ação da acupuntura a partir desseponto [7].

A acupuntura tem sido usada no tratamento dediabetes mellitus. Em seu estudo verificaram seu efeitona expressão da nONs e das ONs na área cinzenta

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periaquedutal dorsolateral em ratos com diabetes. Osresultados revelaram que a acupuntura no ponto St36suprimiu o diabetes induzido aumentando a expressãoda nONs e das ONs, concluindo assim, que aacupuntura é efetiva na modulação da expressão danONs e ONs no diabetes [4].

Na atualidade, há numerosos estudos clínicossobre a utilização de inibidores das ONs e dosprecurssores do ON como L-Arginina naquelas pato-logias como Sepses, ARDS, traumas nas quais se su-põe que as ONs induzidas estão provocando um au-mento exagerado e deletéreo do ON. Nenhum dosestudos tem chegado a resultados positivos[17].

Sendo o ON um importante mensageirointercelular nos mamíferos superiores e seu mecanis-mo de sinalização intercelular é, em geral, realizadoatravés de receptores de membrana celular na célulaalvo. Devido à sua penetração intracelular sem inter-mediários membranosos, o organismo utiliza o ON emfunções fisiológicas em que é necessária uma respostarápida. O ON também faz parte do arsenal de primei-ra defesa do organismo com poder microbicida. Nes-tes casos, o ON atua em concentrações maiores doque as de mensageiro, sendo tóxico aosmicroorganismos invasores. Existe um tênue limite deconcentração tissular entre a não-toxicidade necessá-ria para a ação antimicrobicida. No caso de doençasautoimunes e situações de sobrecarga exageradas doorganismo, o ON encontra-se em concentrações tóxi-cas para as células do organismo. Portanto, o ON atuacomo toxina conforme a concentração e o tecido emquestão [3].

O objetivo da acupuntura e/ou eletroacupunturaé desbloquear energia e melhorar a sintomatologia dasdoenças e da dor e/ou preveni-las. Sendo o óxidonítrico um neurotransmissor difusível com importantepapel terapêutico, mas que possui toxicidade em altasconcentrações, onde, a acupuntura através da inser-ção de agulhas pode se tornar uma aliada na modula-ção tanto para ação terapêutica como inibir a toxicidadedo ON.

Diante deste trabalho de revisão de literatura,

verifica-se que apesar da extensa bibliografia, ainda,são recentes os estudos e pouco se sabe sobre a açãodo ON mediada pela acupuntura,onde, não foram en-contrados até o momento tratamentos com laserpuntura,magnetoterapia, aurículoterapia entre outros recursosda técnica da acupuntura, e em muitos trabalhos nãose relatam os pontos utilizados, sugere-se que novosestudos devem ser realizados para conhecer melhoresse gás e ainda verificar a atuação através de outrospontos de acupuntura para auxiliar ainda na eficáciado tratamento.

CONCLUSÃO

Considerando a metodologia empregadae por ser este um trabalho revisão bibliográfica,podemos concluir que os efeitos da acupunturatêm sido comprovados cientificamente à medi-da que têm-se realizados mais estudos e, suaação, demonstrada através de componentesbioquímicos de nosso organismo, como porexemplo, o óxido nítrico e que a mesma podemodular a ação deste gás auxiliando-o em seupapel terapêutico e/ou inbindo sua citotoxicidadequando corretamente empregada.

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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ARTIGO ORIGINAL

ANÁLISE DA INSERÇÃO DA ACUPUNTURA NOS CURRÍCULOS DEGRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA DO ESTADO DO PARANÁ EM 2003

Bodevan, F. A.1; Sant’Ana, D. M. G. 2

1 Fisioterapeuta. Especialista em Acupuntura e em Docência do Ensino Superior. Terra Roxa – PR.2 Professora Titular de Anatomia Humana da Universidade Paranaense.

Instituto de Pesquisa. Universidade Paranaense

Recebido 18 de fevereiro; aceito 25 de março.

Resumo: Considerando a importância da acupuntura como recurso terapêutico eficiente e rápido e ao reduzidonúmero de fisioterapeutas acupunturistas no estado do Paraná (2,5% dos profissionais habilitados), realizamosneste trabalho o estudo da inserção do tema Acupuntura como parte do currículo. Foram levantadas as Instituiçõesde Ensino Superior do Estado do Paraná que oferecem, atualmente, o curso de graduação em Fisioterapia, atravésde consultas nos sites do Conselho Regional de Fisioterapia (CREFITO – 8), e enviado um questionário sobre otema para as 24 Instituições, foi recebido 50% de retorno. Observamos que nenhum dos cursos de graduaçãopossui uma disciplina específica para este tema e, quando essa é abordada, ela está inserida em outras disciplinasdo currículo de graduação (75% das IES), os outros 25% não destinam nenhuma carga horária ao ensino dessetema. Quanto à opinião dos coordenadores de curso a respeito da inserção da Acupuntura no currículo, verificamosque 58,3% deles consideram necessária esta inserção. Ao questionarmos sobre a existência de fisioterapeutasespecialistas em acupuntura no quadro de docentes da Instituição, obtivemos a resposta de que em 91,6% doscursos que responderam, contam com pelo menos um fisioterapeuta acupunturista. Concluímos que a inclusão deuma disciplina que apresente aos graduandos em fisioterapia a acupuntura contribuirá para uma maior divulgaçãodessa técnica, ampliando as possibilidades de atuação profissional e atendendo ao perfil de generalista, propostopelas diretrizes curriculares do MEC.

Palavras-Chave Acupuntura; currículos; ensino de graduação; Fisioterapia.

Abstract: Considering the importance of acupuncturist as a therapeutic, fast and efficient resource and the reducednumber of Acupuncturist Physiotherapeutic in the Paraná State (2.5% of the skilled professionals ), we accomplishedin this work the study of the insertions of the theme Acupuncture as part of the curriculum. Was raised the superiorInstitutions of the Paraná State that offer, now, the Graduation course in Physiotherapy, through consults in the sitesof the Regional Councilor of Physiotherapy (CREFITO - 8 ) and sent in a questionnaire about the theme to the 24institutions, 50% was returned. We observed that none of the Graduation Courses has an specific discipline to thistheme and, when this is approached, it is inserted in other disciplines of the Graduation Curriculum (75% of the IES),the others 25% don’t have any timetable designated to the teaching of this theme. About the Course Coordinator’sopinion about the insertion of Acupuncture in the curriculum, we noticed that 58.3% of them considered necessarythis insertion. Questioning about the existence of Specialized Physiotherapists in Acupuncture in the EducationalSquare of the Institution, we got the answer that in 91.6% of the Courses that answered, have at least one Acupuncturist

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Physiotherapist. We concluded that the inclusion of a discipline that offers to the Majors in Physiotherapy, theAcupuncture, would contribute to major popularization of this technique, enlarging the possibilities of professionalactuation and assisting to the profile of the generalist, proposed by the guidelines of the curriculums of MEC.

Key Words: Acupuncture; curriculums, Physiotherapy; graduation.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, vem crescendo o númerode fisioterapeutas que se interessam pela especializa-ção em Acupuntura (1). Essa procura deve-se pelofato dessa técnica ter se mostrado um excelente recur-so terapêutico, pois pode auxiliar no tratamento de di-versas patologias, principalmente nos distúrbios rela-cionados ao sistema músculo-esquelético. Levando emconsideração a eficiência da Acupuntura no alívio dedores crônicas e agudas (2) que atuam como coadju-vante em situações onde é necessário o alívio rápidoda dor além da possibilidade da intervenção com ou-tras técnicas. Nestes casos, a Acupuntura mostra-secomo um excelente aliado do Fisioterapeuta, por suaeficácia no combate a dor, por sua ação reguladora dofuncionamento do organismo de forma geral (3; 4; 5) epor apresentar reduzidos efeitos colaterais (6).

Segundo a Sociedade Brasileira de Fisiotera-peutas Acupunturistas (SOBRAFISA), a Fisioterapiafoi a primeira categoria profissional a regulamentar aAcupuntura no Brasil através das resoluções COFFITOn. 60/85 (7), n. 97/88 (8); n. 201/99 (9) e reconheceua Acupuntura como especialidade através da resolu-ção n. 219/00 (10). Para exercer esta especialidade, oFisioterapeuta deve cursar, em nível de Pós-gradua-ção a Especialização em Acupuntura, com carga horá-ria mínima de 1200 horas/aulas (teóricas e práticas) eduração de pelo menos dois anos (11). Há 34 Institui-ções no Brasil que oferecem a especialização emAcupuntura voltada para Fisioterapeutas, três (3) des-sas, no estado do Paraná (12).

Apesar deste crescimento, o número de fisio-terapeutas acupunturistas permanece em torno de 2,5%

Bodevan et al. /

* Autor responsável pela correspondência: endereço Rua Veriano Santos Dias, nº 372, Terra Roxa – Paraná. CEP:85990-000. e-mail: [email protected]

dos profissionais habilitados pelo CREFITO-8 (13),mostrando que é ainda, uma área de atuação profissi-onal em expansão (11; 14). Segundo as DiretrizesCurriculares do Curso de Fisioterapia (15), o profissi-onal fisioterapeuta deve estar habilitado a compreen-der o movimento humano em todas as suas formas,quer nas alterações patológicas, cinético-funcionais,quer nas repercussões psíquicas e orgânicas,objetivando a preservar, desenvolver e restaurar a in-tegridade de órgãos, sistemas e funções. Deve estarapto a elaborar diagnósticos físico e funcional e elegera execução dos procedimentos pertinentes.

Cada Instituição de Ensino Superior podeflexibilizar e otimizar as suas propostas curriculares paraenriquecê-las e complementá-las, a fim de permitir aoprofissional a manipulação da tecnologia, o acesso àsnovas informações, diferenciando-se de acordo com arealidade regional onde está inserida. Os conteúdoscurriculares poderão ser diversificados, mas deverá serassegurado o conhecimento equilibrado de diferentesníveis de atuação e recursos terapêuticos, asseguran-do assim, a formação generalista (15).

Considerando a importância da acupunturacomo recurso terapêutico eficiente, rápido, acessível eque independe de tecnologias bem como o crescimen-to das especializações nesta área, entendemos que ocurso de graduação deve oferecer uma visão genéricasobre o tema, visando despertar interesse para futurasespecializações e ampliando o campo de atuação dofuturo profissional (16).

A inserção da acupuntura no currículo de gra-duação em fisioterapia, já foi tema de um estudo ante-rior (16). Esse autor analisou o conhecimento de tera-pias alternativas, dentre elas, a Acupuntura por parte

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dos egressos da PUC-PR graduados nos anosde 1983 e 1994. Outro item analisado foi a forma deobtenção deste conhecimento, verificando que a mai-oria das citações envolveu o aprendizado através decursos de extensão e de autodidatismo (16).

Beraldo (16), baseado em suas conclusões, su-geriu que fosse incluída uma disciplina semestral no cur-rículo pleno do curso de Fisioterapia de carga horáriade 30 ou 60 horas e que fizesse parte do ciclo de dis-ciplinas pré-profissionalizantes de modo a mostrar aoacadêmico de fisioterapia os conhecimentos necessá-rios a um posterior aprofundamento, possivelmente emcursos de especialização, de acordo com as exigênci-as dos órgãos competentes.

Considerando a realidade encontrada noEstado do Paraná, quanto à prática profissionalda acupuntura pelo fisioterapeuta, e por acredi-tar que essa reflete a formação acadêmica desdea graduação, realizamos o estudo da inserção dotema Acupuntura como parte do currículo das Ins-tituições de Ensino Superior.

METODOLOGIA

Foram levantadas as Instituições de Ensino Su-perior do Estado do Paraná que oferecem atualmenteo curso de graduação em Fisioterapia através de con-sultas nos sites da do Conselho Regional de Fisiotera-pia (1).

Foi elaborado o questionário abaixo visandoconhecer a abordagem do tema Acupuntura no currí-culo dos cursos de graduação.

QUESTIONÁRIO1 - Na grade curricular desta instituição há a

disciplina de Acupuntura? Em caso positivo, qual o nomeda disciplina e a carga-horária?

2 - Na grade curricular desta instituição o as-sunto Acupuntura é abordado dentro de alguma disci-plina? Em caso positivo, em qual disciplina e com qualcarga-horária?

3 –Você acredita que a acupuntura deveria seruma disciplina dos currículos dos cursos de Fisiotera-pia? Por que?

4 – Você acredita que o assunto acupunturadeve ser abordado apenas em nível de pós-gradua-ção. Por que?

5 – No quadro docente do curso de Fisiotera-pia desta Instituição há docentes com especializaçãoem acupuntura?

O questionário foi encaminhado via correio ele-trônico para as 24 Instituições de Ensino Superior eapenas doze das Instituições retornaram, represen-tando assim, uma amostra de 50 %.

Os dados obtidos foram tabulados e tratadosestatisticamente.

RESULTADOS

A partir dos questionários aplicados obtivemoso seguinte resultado: em relação à existência de umadisciplina no currículo dos cursos de graduação em Fi-sioterapia do Estado do Paraná, observamos que ne-nhum deles possui uma disciplina específica para estetema. Quanto à abordagem da acupuntura inseridaem outras disciplinas do currículo de graduação, veri-ficamos que 75% das Instituições de Ensino Superiorabordam esse tema dentro de outras disciplinas, como:Recursos Terapêuticos Manuais, Eletrotermoterapia,Recursos e Técnicas Complementares, Terapias Al-ternativas, Métodos Complementares Fisioterapêuticose 25 % não destinam nenhuma carga horária ao ensinodeste tema.

Quando questionado os coordenadores sobrea opinião da inserção da Acupuntura no currículo, ve-rificamos que 58,3% deles consideram necessária essainserção, justificando que acreditam ser um recurso útilpara a prática diária, porque é uma das cinco especia-lidades reconhecidas pelo COFFITO e que poderácontribuir para que o aluno entenda melhor a propostaterapêutica da acupuntura. Por outro lado, 41,7% dis-cordam que esse tema deva ser abordado na gradua-ção, e justificam que o tema é de grande complexida-de e acreditam que seria necessário ampliar a cargahorária total do curso de graduação, inviabilizando as-sim sua inserção.

Em relação ao estudo da acupuntura, apenasem nível de especialização, um menor número de co-ordenadores de curso (41,7%), acreditam que é amelhor forma de ensino, já que segundo eles, devido acomplexidade do tema e a necessidade de ampla car-ga horária,a disciplina está mais adequada para o nívelde pós-graduação.

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Quando questionado sobre a existência de fi-sioterapeutas especialistas em acupuntura no quadrode docentes da Instituição, foi obtida a resposta deque, 11 (91,6%) dos cursos que responderam contamcom pelo menos um fisioterapeuta acupunturista, sen-do que alguns destacaram contar com mais de um do-cente e apenas 1 (8,4%) não possuem em seu quadrodocentes especialistas.

DISCUSSÃO

A medicina chinesa considera o indivíduo comoum todo constituído de corpo físico e psíquico, por-tanto as alterações em qualquer parte do corpo têmrepercussão psíquica, e que, as emoções podem ma-nifestar-se por transtornos no corpo físico (5; 16; 17).A acupuntura é um ramo dessa medicina que visa cu-rar, evitar ou impedir a progressão da doença no indi-víduo (4; 16).

A Acupuntura, do ponto de vista da medicinamoderna e da Saúde Pública, pode apresentar inúme-ras vantagens e algumas limitações. Dentre as vanta-gens destacam-se: a independência quase total datecnologia médico-hospitalar-medicamentosa para re-solver a maioria das patologias simples e boa partedas mais complexas (4; 6) e o baixo custo, pois bastao profissional disponível e material de baixo custo.Outra vantagem é a intervenção, ou seja, sua capaci-dade de agir em estados desarmônicos de saúde quan-do ainda se está em uma fase funcional precoce, impe-dindo assim a sua transformação em doenças orgâni-cas, aspecto importante na prevenção de patologias(5). Por outro lado, dentre as limitações da Acupunturaestão à dificuldade de comprovação científica por nãoexistir método de pesquisa adequado para seu estudo(4).

A medicina moderna passa a idéia do proces-so saúde – doença, como fruto de imprevisíveis forçasexternas e, na maioria das vezes, sem qualquer con-trole que não seja aquele dos meios científicos (4). NoBrasil, a Acupuntura tem sido praticada há muitos anose tido um grande crescimento na década de 80, quan-do começou a ser discutida nas Universidades Brasi-leiras (4; 6). Em 1988, foi criado o primeiro serviço deAcupuntura em Hospital Universitário, na Faculdadede Medicina de Ribeirão Preto (4), e regulamentadacomo prática médica em 1995 (6).

O Fisioterapeuta é um profissional de Saúde

que deve estar habilitado para realizar atividades pre-ventivas e curativas e capacitado para diagnóstico etratamento de órgãos e sistemas, bem como do indiví-duo como um todo (15; 16; 18).

Em sua atividade diária, esse profissional de-para-se freqüentemente com pacientes portadores depatologias múltiplas (19) que envolvem a esfera físicae psíquica e que, portanto, os tratamentos ocidentaisnem sempre são eficazes ou exercem efeitos duradou-ros.

Segundo ASSAD (20), o fisioterapeuta deveter uma formação holística, onde seja necessário o agire o pensar, não somente direcionado pela área de atu-ação, mas interrelacionando-se com outras áreas. Osprofessores do curso de fisioterapia têm a responsabi-lidade de facilitar o raciocínio clínico aos seus estudan-tes, por esse ser um dos caminhos para formar profis-sionais mais reflexivos. Isso proporciona ao estudantea oportunidade às informações, à reflexão e principal-mente ao feedback (21). Aliado a isso, acredita-se que,quanto maior o contato do acadêmico com recursos etécnicas disponíveis, maior será sua interação com asociedade, exercendo assim, seu papel de profissionale cidadão.

A prática da Acupuntura no Brasil teve seu iní-cio por volta de 1950, no Rio de Janeiro, sendo prati-cada por profissionais da saúde. Tendo sido introduzi-do pelo Dr. Frederico Spaeth, que fundou em 1958, aAssociação Brasileira de Acupuntura (16).

A Acupuntura no Brasil ainda ocupa uma po-sição discreta no arsenal terapêutico disponível aos pro-fissionais de saúde. Muitos ainda olham com desconfi-ança o efeito significativo que essa técnica oferece,como mostram seus poucos seguidores (16).

Diante de toda essa negação pelos Conselhosdas Profissões da Saúde no Brasil, pode ser citadocomo exemplo de coragem o do COFFITO (Conse-lho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional),que reconheceu a Acupuntura, oficialmente como umrecurso terapêutico, registrando a especialidade de Fi-sioterapeuta na carteira profissional, desde que cursa-da em entidade que atenda aos critérios estabelecidos(16). Após este período, o COFFITO estimulou a for-mação cada vez mais aprofundada do fisioterapeutaacupunturista, aumentando as exigências para o exer-cício através de uma formação mais consolidada e re-alizada por órgãos de reconhecida competência (11).

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A visão de inovação do COFFITO, em 1985,resul-tou em evoluções crescentes que culminaram em

uma ampliação nas bibliografias que correlacionem afisioterapia e a acupuntura, culminando no primeiro pe-

riódico científico da área (22; 23).O ensino de Fisioterapia, no Estado do Paraná,

apresentou um aumento de 700% de 1995 até os diasatuais. Quando Beraldo realizou seus estudos, em

1995, o número de Instituições de Ensino Superior queofereciam a Graduação em Fisioterapia era de 3 (três),

hoje, segundo informação do CREFITO, esse número

subiu para 24 (vinte e quatro).Por sua vez, o número de Instituições que ofe-

recem o curso de especialização em Acupuntura reco-nhecido pelo COFFITO, hoje, somam 34 (trinta e qua-

tro) no Brasil, dos quais apenas três no Paraná, sendoque todas essas instituições tiveram sua estrutura

curricular aprovadas a partir de 2000. Antes disso asinstituições não passavam de 3 ou 4 (12).

Em seu estudo, Beraldo (16) analisou a estru-tura curricular das três instituições que formavam fisio-

terapeutas no Paraná em 1995 e verificou que nenhu-ma das instituições apresentava uma disciplina que tra-

tasse do tema acupuntura. Baseado nesse fato e no

baixo número de fisioterapeutas que conheciam e, prin-cipalmente exerciam a acupuntura, sugeriu a criação e

implantação de uma disciplina que apresentasse o as-sunto ao acadêmico de fisioterapia. Neste estudo, ve-

rificamos que após 8 anos da pesquisa de Beraldo (16),não houve mudanças, pois nenhum curso de gradua-

ção em Fisioterapia do Estado do Paraná apresentauma disciplina específica sobre acupuntura em 2003, e

apenas 9 apresentam o assunto dentro de outras disci-plinas e portanto superficialmente.

O número de fisioterapeutas-acupunturistas no

estado do Paraná, no ano de 2003, continua sendomuito pequeno, uma parcela de apenas 2,5%, prova-

velmente pela falta de conhecimento em relação aoassunto e aos benefícios que ele poderia trazer na prá-

tica diária do fisioterapeuta. Isso poderia ser mudado

se, já na graduação, as IES abordassem o assunto,

demonstrando aos acadêmicos todas as vantagensque a técnica poderia trazer. O objetivo não seria

habilitar o futuro profissional para exercê-la, mas simapresentá-lo ao tema, fazendo com que ele se fami-

liarizasse com os métodos e materiais da técnica, ve-rificando através do acompanhamento de um profis-

sional especialista que a utilize e que posterior a suagraduação, se especialize,caso se interesse pela téc-

nica.Em 1995, apenas 29% dos fisioterapeutas

entrevistados conheciam a acupuntura e aqueles que

a conheciam, em sua maioria (55%), afirmaram tersido através de meios não acadêmicos. Naquele pe-

ríodo, 92% dos entrevistados já achavam que as te-rapias alternativas deveriam fazer parte dos currícu-

los de graduação (16). Isto foi confirmado por Gaiad& Sant´Ana (24) que analisaram a opinião dos egres-

sos do ano de 2002 da UNIPAR sobre a eficácia doestágio supervisionado na formação do profissional.

Nessa pesquisa, constataram que 50% dos entre-vistados enxergavam a necessidade da especializa-

ção para uma maior preparação para enfrentar o mer-cado de trabalho e que, ao serem perguntados so-

bre a necessidade de incluírem novas áreas de atua-

ção profissional no estágio, 75% concordam comesta assertiva, porém nenhum dos entrevistados ci-

tou a acupuntura como área a ser acrescentada, acre-dita-se que por desconhecimento da técnica e de sua

utilidade, ou até mesmo de que o COFFITO reco-nhece a Acupuntura como especialidade do Fisiote-

rapeuta. Resultados semelhantes foram encontra-dos por Beraldo (16), onde 56% dos entrevistados

por ele, não tinham conhecimento de que aAcupuntura foi primeiramente reconhecida como re-

curso terapêutico, em 1985, e posteriormente em

2000, como especialidade do fisioterapeuta (10).A abordagem da acupuntura, nos cursos de

graduação de fisioterapia, é de extrema importânciapara que um número maior de profissionais tenha

acesso à técnica, conhecendo seus fundamentos e

teorias básicas.

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Esta inclusão, certamente fará que seja des-pertado o interesse para uma especialização, ou quepelo menos, leve o profissional a uma compreensãodo que significa uma de suas habilitações profissionais,capacitando-o a esclarecer dúvidas de seus pacientese respeitar aqueles que optaram por exercer a fisiote-rapia dentro desta modalidade. Finalmente, aumenta-ria o número de fisioterapeutas especialistas emacupuntura, o que resultaria em uma maior caracteri-zação deste profissional como um dos mais habilitadospara seu exercício (22).

Em nível de especialização, a carga horária éextremamente extensa, por basear-se em princípios fi-losóficos, diferentes de tudo o que conhecemos na for-mação científica cartesiana (4; 16), tornando-se ne-cessária uma introdução aos conceitos filosóficos queenvolvem a acupuntura e toda a medicina tradicionalchinesa. Sugere-se a criação de uma disciplina sobreterapias orientais, onde seria possível, não apenas aapresentação ao assunto, mas também uma iniciaçãoaos conceitos filosóficos que norteiam a acupuntura,facilitando seu aprendizado na especialização e aindaproporcionando a inclusão de outros assuntos relacio-nados às terapias orientais como o shiatsu e o do-in.

Segundo resultados obtidos por esse estudo,nenhuma das instituições pesquisadas, aborda aacupuntura como disciplina, porém 75% delas abor-dam o tema como assunto dentro de outras disciplinascom cargas horárias variadas. Essa forma de aborda-gem, no entanto, nem sempre consegue cumprir com oobjetivo de informar ao graduando a existência e asvantagens da acupuntura, deixando de garantindo as-sim a esperada formação generalista. Segundo as di-retrizes curriculares do MEC, para os cursos de gra-duação em fisioterapia, o graduando deve ter forma-ção humanística, crítica e reflexiva e ser capaz de atuarem todos os níveis de atenção à saúde, com base norigor científico e intelectual, com visão ampla e global,respeitando os princípios éticos/bioéticos e culturais doindivíduo e da coletividade (15).

São estas mesmas diretrizes curriculares quepossibilitam uma flexibilização dos currículos, propor-cionando a formação de um profissional crítico, inseri-do nas culturas nacionais e regionais, internacionais ehistóricas, em um contexto de pluralismo e diversidadecultural, interpretando as necessidades locais e exer-cendo plenamente o seu papel na sociedade e, princi-palmente, estar constantemente atualizado (15). Sen-do assim, nada impede que as IES paranaenses inclu-am em seus currículos de graduação uma disciplina so-

bre acupuntura.Considerando ainda que 58,3% dos entrevis-

tados, consideram necessária a inserção da acupunturano currículo e que, os 41,7% restante não concordampor acharem o assunto muito complexo, o que, paraeles, dificultaria a abordagem na graduação exigindoum aumento significativo da carga horária total do cur-so. Acredita-se que seria simples a sua inserção, vistoque, 91,6% das IES entrevistadas, já possuem pro-fessores em seu corpo docente com a devida especia-lização em acupuntura, dispensando inclusive acontratação de novos profissionais.

A inserção da acupuntura nos currículos de gra-duação, possibilitaria ainda sua desmistificação e re-dução dos preconceitos que a envolvem. Consideran-do que a acupuntura possui comprovação científica, omeio acadêmico seria o local apropriado para sua dis-cussão e divulgação.

Por fim, acreditamos que a criação de uma dis-ciplina específica sobre terapias orientais e acupunturatraria benefícios relevantes a sociedade, aumentandosignificativamente o número de profissionais especia-listas, facilitando, por sua vez, que uma parcela maiorda população se beneficie de todos os efeitos que atécnica proporciona, tanto em relação ao alívio de suasqueixas imediatas, quanto ao bem estar geral individu-al e coletivo, visando a prevenção de doenças e con-seqüentemente uma maior qualidade de vida.

CONCLUSÕES

Concluímos que as IES do Estado do Paranáque apresentam o curso de graduação em Fisiotera-pia, não possuem a abordagem sistemática daacupuntura na forma disciplinar, apesar de contaremcom profissionais habilitados para seu ensino. A inclu-são de uma disciplina que apresente aos graduandosem fisioterapia a acupuntura, contribuiria para umamaior divulgação dessa técnica, ampliação das possi-bilidades de atuação profissional e atendimento ao perfilsugerido de generalista proposto pelas diretrizescurriculares do MEC.

REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Bodevan et al. /

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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ARTIGO ORIGINAL

ACUPUNTURA FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DAFIBROMIALGIA: UMA REVISÃO

Sanchez, H.M.1*; Morais, E.G. 2; Luz, M.M.M.3

1- Fisioterapeuta, Mestrando em Fisioterapia, Especializando em Acupuntura - IMES2- Graduanda em Fisioterapia no UNIT e Especializanda em Acupuntura - IMES

3- Fisioterapeuta Acupunturista; Mestrando em Bioengenharia; Docente do curso de Formação em Especialistaem Acupuntura Center-Fisio IMES-IGES e Presidente da SOBRAFISA Regional 11-GO.

Recebido 12 de fevereiro; aceito 30 de março.

Resumo: A acupuntura possui bases teóricas neurofisiológicas no tratamento de dores, sejam estas dores agudasou crônicas, do mesmo modo no tratamento de dolorosos, os tender points. Este trabalho teve como objetivorealizar uma revisão da literatura do tratamento da acupuntura Fisioterapêutica na Fibromialgia, patologia esta quecresce rapidamente a freqüência, levando os portadores a dores musculoesqueléticas difusas. Desta maneira pro-curou-se obter informações acerca da eficácia acupuntura em dores musculoesqueléticas e em especial na fibromialgia,observando as bases fisiológicas para sua utilização. Realizou-se uma revisão acerca dos pontos mais indicados notratamento da patologia, assim como das duplas de vasos maravilhosos. Por fim concluímos que a acupuntura é degrande valia no tratamento da Fibromialgia, como sugerem vários estudos, no entanto é um assunto que deve sermais explorado.

Palavras Chave: Dor Musculoesquelética, Fibromialgia, Tender points, Acupuntura, Fisioteraphia

Abstract: The acupuncture has neurophysiologic theoretical bases in the treatment of pains, is these acute orchronic pains, in a similar way in the treatment of painful, them to tender points. This work had as objective to carrythrough a revision of the literature of the treatment of the acupuncture of Physical Therapy in the Fibromyalgia,pathology this that grows the frequency quickly, being led the carriers diffuse musculoskeletal pains. In this way itwas looked to get information concerning the effectiveness special acupuncture in pains musculoskeletal and in thefibromyalgia, observing the physiological bases for its use. A revision concerning the indicated points in the treatmentof the pathology was become full filled more, as well as of the pairs of wonderful vases. Finally we conclude that theacupuncture is of great value in the treatment of the Fibromyalgia, that is suggestions of many studies, however is asubject that must more be explored.

Key-Words: Musculoskeletal pain, Fibromyalgia, Tender points, Acupuncture

*Autor responsável pela correspondência: Rua Triângulo Mineiro N°1038 Bairro Patrimônio - Uberlândia/MGCEP38411-070; Tel 34-9194-9510; E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

I - A FIBROMIALGIA

A Fibromialgia é uma síndrome dolorosa

musculoesquelética difusa e simétrica, de etiologia des-

conhecida que acomete mais mulheres. Sua origem esta

relacionada á interação de fatores genéticos,

neuroendócrinos, psicológicos e distúrbios do sono. (1;

2; 3.; 4)

Esta síndrome está sendo vista como uma das

queixas reumáticas mais comuns, afetando 2% da po-

pulação. (1).

Diferentes fatores, isolados ou combinados, po-

dem desencadear a Fibromialgia. Alguns tipos de

estresses como doenças, traumas emocionais ou físicos,

mudanças hormonais, etc., podem gerar dores ou fadi-

ga generalizadas que não melhoram com o descanso e

que caracterizam a Fibromialgia (5).

Segundo SKARE (1999) alguns pacientes são

capazes de identificar alguns fatores que precipitam ou

agravam seu quadro doloroso entre eles, os quadros

virais, traumas físicos, traumas psíquicos, mudanças cli-

máticas, sedentarismo e a ansiedade são os mais relata-

dos.

Além da dor, a Fibromialgia pode ocasionar ri-

gidez generalizada no corpo, pela manhã, edema nas mãos

e nos pés onde também são notados parestesias, cansa-

ço extremo semelhante à fadiga crônica, tolerância ao

esforço físico, cefaléias, irritabilidade, depressão, ansie-

dade e distúrbios de sono. (1; 6).

Os pontos dolorosos mais freqüentes são: bor-

da medial da escápula (88,2 por cento), epicôndilo late-

ral do cotovelo (82,3 por cento) e borda medial do jo-

elho (73,5 por cento). (2)

De acordo com NERY (1999) e SKARE (1999)

o ACR (American College of Rheumatology) conside-

ra-se a patologia através de um diagnóstico puramente

clínico, para isso os pacientes devem ter os dois critéri-

os, com a duração da dor de pelo menos 3 meses, são

eles: 1) História de dor disseminada (> 3 meses); 2) Dor

em 11 dos 18 pontos dolorosos à palpação digital (osso

occipital bilateralmente, nas inserções musculares; colu-

na cervical bilateralmente, nos espaços

intertransversários de C5 a C7; músculo trapézio bilate-

ralmente, no ponto médio da borda superior; músculo

supra-espinhoso bilateralmente, nas origens e acima da

espinha escapular e da borda medial da escápula; se-

gunda costela: bilateralmente, no 2º espaço intercostal e

articulação condrocostal; epicôndilo lateral: bilateralmen-

te, 2 cm abaixo dos epicôndilos; região glútea: bilateral-

mente, nos quadrantes súpero-laterais e abaixo do mús-

culo piriforme; trocânter maior bilateralmente, posterior

à proeminência trocantérica; joelho bilateralmente nas

interlinhas mediais e no local de inserção dos músculos

da pata de ganso), sendo que a palpação digital deve

ser feita com a força de aproximadamente 4 kg.

II - A ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA

DOR

A acupuntura tem sido indicada para o trata-

mento de diversas condições dolorosas. (8; 9; 10; 11;

12)

A sua eficácia no tratamento das dores

musculoesqueléticas crônicas está comprovada em di-

versas situações.(13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20)

No tratamento de diversas formas de dor crôni-

ca, os resultados da acupuntura são comparáveis aos

de outros métodos, apresentando vantagens significati-

vas.(21; 22)

Os efeitos neurobiológicos da acupuntura, que

atua também sobre os neurotransmissores relacionados

com a dor e a depressão, qualificam o método como útil

e adequado na terapêutica da dor crônica. Entretanto,

não deve ser considerado como tratamento único para

Sanchez et al. /

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)Sanchez et al. /

todas as síndromes dolorosas, destacando-se a neces-

sidade de escolher a técnica mais adequada de

estimulação de pontos-gatilho ou o meio de modulação

do sistema endógeno supressor da dor para obter os

melhores resultados. (23; 24)

Os efeitos do tratamento sobre a qualidade de

vida dos pacientes foram constatados num ensaio clíni-

co em que o tratamento com acupuntura diminuiu a per-

cepção da intensidade da dor, medida tanto pela escala

VAS como pela dimensão da dor, produzindo melhora

nas atividades de vida diária medida pelo Nottingham

Health Profile. Outros indicadores importantes utiliza-

dos foram à diminuição do consumo diário de medica-

mentos para a dor e o retorno ao trabalho. Os resulta-

dos evidenciaram que o tratamento com acupuntura re-

sulta em melhora da qualidade de vida relacionada à

saúde, melhorando a percepção subjetiva da qualidade

de vida relacionada à saúde independente do local da

queixa principal e do número de comorbidades doloro-

sa; diminuindo a intensidade da dor independente do local

da queixa principal e do número de comorbidades do-

lorosa; diminuindo o consumo diário de medicamentos;

permitindo o retorno ao trabalho; permitindo também

melhor desempenho nas atividades de vida diária.( 3)

A ação terapêutica sobre os pontos-gatilho ou

pontos de acupuntura com uma agulha provou que es-

ses pontos são a chave para o controle da dor. (25; 26)

Um dos métodos mais antigos de redução da

dor é a analgesia através da desativação de pontos-ga-

tilho miofasciais pela acupuntura. (29)

ANDRADE et al.( 2003) confirma a utilização

da acupuntura e eletroacupuntura na redução da dor

através da teoria da agulha agindo como estimulo

mecanoceptivo e da teoria a isquemia neural induzida

pela agulha.

A colocação de agulhas sobre um local do cor-

po ativa vias neurais em três diferentes níveis, são eles

locais, medular e cerebral. O estímulo provocado pela

agulha leva a síntese de peptídeos opiódes, substancia

P, histaminas, bradicininas, serotoninas e enzimas

proteolíticas, explicando a redução da dor nas síndromes

cinético-funcionais dolorosas agudas ou crônicas. (27)

A eficácia do método está bem estabelecida para

o tratamento da dor musculoesquelética crônica em ge-

ral. O efeito-agulha é a base do mecanismo de ação da

acupuntura na síndrome de dor miofascial. (19; 20)

A prescrição dos pontos de acupuntura, difere

da escolha dos pontos-gatilho miofasciais a serem

desativados (baseada no conhecimento das zonas de dor

referida e verificados pelo exame físico), porque se faz

também a partir de diagnóstico clínico, através do reco-

nhecimento e agrupamento de dados semiológicos em

quadros sindrômicos, os quais fornecem diretrizes bem

definidas para o estabelecimento das medidas terapêu-

ticas. (3)

Os pontos de acupuntura apresentam funções

terapêuticas que vão além das propriedades atualmente

creditadas aos pontos-gatilho miofasciais, e a sua utili-

zação está indicada não somente para as dores

musculoesqueléticas, mas também para promover a nor-

malização funcional do organismo. (3)

Os mecanismos pelos quais os pontos-gatilho

ou pontos de acupuntura estão envolvidos e contribuem

para a dor miofascial indicam um relacionamento contí-

nuo e cíclico entre a sua atividade e o fenômeno da dor.

(31)

Segundo LEE (2000) a eficácia do tratamento

analgésico da acupuntura se deve a liberação de opiódes

endógenos.

III O TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA

PELA ACUPUNTURA

As opções de tratamento tem aumentado o ín-

dice de controle dessa patologia. A Acupuntura vem ga-

nhando mais espaço no ocidente como tratamento com

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plementar da Fibromialgia. (33)

A Fibromialgia pode ser de característica Yang

quando os distúrbios se referem ao Canal de Energia

Curioso Yang Qiao Mai, ou de característica Yin, quan-

do os distúrbios se referem ao Canal de Energia Curio-

so Yin Qiao Mai, ou sejam decorrentes de vazio de Yin

e falso calor (5).

Pelo fato dos sintomas da Fibromialgia se asse-

melhar com os sintomas da disfunção desses canais, a

fadiga persistente e a origem dos pontos dolorosos (ten-

der points) são explicados, pela Medicina Tradicional

Chinesa, como sendo manifestação do falso calor oriundo

da deficiência do shen-rins, (fadiga persistente), e sinto-

mas de caráter Yang (dores difusas pelo sistema múscu-

lo-esquelético, sono não reparador, ansiedade). Asso-

cia-se a essa deficiência do shen-rins a agressão pelo

frio (dores que pioram com o frio e a umidade, acompa-

nhadas por sensação de inchaço nas extremidades e in-

tolerância ao frio). O sono não reparador é provocado,

segundo a Medicina Tradicional Chinesa, pelo excesso

de Yang que atinge o canal curioso Yang Qiao Mai (33).

Entretanto segundo ROSS (2003) relata que a

fibromialgia resulta da síndrome vento, frio e umidade, e

não só frio e umidade.

Pode-se utilizar como opção de vasos

maravilhos Du Mai/ Yang Qiao Mai e Ren Mai/ Yin Qiao

Mai, devido seus sintomas de disfunção ser semelhante

com os sintomas da Fibromialgia. (33).

Nos estudos de DELUZE et al. (1992) o trata-

mento foi realizado em seis aplicações de

eletroacupuntura por 3 semanas (duas aplicações cada

semana), nos pontos IG4 e E36 bilateral, onde consta-

tou-se melhora em todo quadro clínico, menos na quali-

dade do sono em 70 pacientes.

TARGINO et al. (2002) no tratamento de 20

pacientes, realizou 20 atendimentos, duas vezes sema-

nal, com duração de 20 minutos bilateralmente, nos pon-

tos: Entram, F3, IG4, CS6, VB34 e BP6, com associa-

ção de relaxamento e alongamento dos membros inferi-

ores, onde observou melhora significativa na dor, e es-

tado psicológico.

De acordo com INADA (2000) trata-se com a

dupla de vasos Yang Qiao Mai / Du Mai, com pontos de

abertura, respectivamente B62 e ID3 no caso de ser

Yang, e Yin Qiao Mai / Ren Mai com pontos de abertu-

ra, respectivamente R6 e P7 no caso de ser Yin.

CANTARELLI apud YAMAMURA (2003)

descreve os pontos CS1, TA16, VG20, F5, VB30, VB1,

R2, R3, R7, BP6, E36, IG4, TA2, VB34, VB43 para o

tratamento da Fibromialgia.

O IG11 (Quchi), F3 (Taichong) e o E36

(Zusanli), são pontos indicados para o tratamento por

harmonizar as energias Yin e Yang, sendo distribuídos

bilateralmente (33).

Descreve que para o tratamento da Fibromialgia

de característica Yang é realizado utiliza-se a dupla ID3-

B62 e os pontos VG2, B43, B40, já para o tratamento

da Fibromialgia de característica Yin utiliza-se a dupla

P7-R6 e os pontos E36, R3, R4, IG2. (5)

Sendo que para diagnosticar se a Fibromialgia é

de característica Yang ou Yin, os distúrbios do sono são

os principais fatores, donde advém que se a pessoa tem

distúrbios a Fibromialgia é de origem Yang Qiao Mai e

se não tem é de origem Yin Qiao Mai. ( 37).

Já segundo RODRIGUES e SILVA (2003) os

principais pontos no tratamento da Fibromialgia são o

IG4, o IG11, o E36 e o F3.

O tratamento da Fibromialgia pela medicina tra-

dicional nem sempre oferece bons resultados, por isso a

acupuntura vem ganhando espaço no tratamento desta

patologia e comprovando sua eficácia.(37; 39; 40; 41)

Com a utilização da acupuntura os pacientes re-

latam diminuição da dor generalizada, através da escala

analógica de dor, diminuição a sensibilidade dolorosa

nos tender points, além da diminuição do número de ten

Sanchez et al. /

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)Sanchez et al. /

der points, e melhora na qualidade de vida comprovada

pelo questionário SF-36. (3;42)

A Fibromialgia leva a diminuição do fluxo

sangüíneo nos tender points levando a dor, e com a uti-

lização da acupuntura este fluxo melhora, aumentando a

temperatura cutânea, além dos benéficos efeitos nos ten-

der points, como supra citado. (43)

Segundo TARGINO et al. (2002) em estudos

norte americanos, 46% dos pacientes tratados com a

acupuntura relataram melhora de seus sintomas maior

com esta técnica do que com qualquer outro tipo de

terapia tinham recebido previamente, 59% relataram que

a acupuntura era mais eficaz do que outro método

terapêutico.

A utilização da acupuntura no tratamento de

Fibromialgia demonstra, além dos já citados efeitos so-

bre os pontos dolorosos, aumento dos níveis séricos da

serotonina e substância P plasmáticos, sendo que estas

substâncias estão diminuídas nos indivíduos que tem

Fibromialgia. (43)

Segundo INADA (2003), outra técnica que

pode ser associada à acupuntura é a ventosaterapia, pois

apresenta os benefícios da acupuntura e da ventosa jun-

tas e portanto também é útil para o tratamento de dores

causadas por vento, frio e umidade.

A aplicação da ventosa nas estagnações de Qi e

de Xue (sangue) descongestiona e promove a circula-

ção de Qi e Xue aliviando, e, às vezes curando o pro-

cesso energético patológico (tender points).(33)

DISCUSSÃO

Através da revisão realizada observamos a gran-de utilidade da acupuntura no tratamento de dores, se-jam elas de origem aguda ou crônica, através de meca-nismos neurofisiológicos com liberação de substânciasanalgésicas como a substância P e serotoninas, que es-tão diminuídas nos pacientes com Fibromialgia, tanto anível segmentar como a nível supra-segmentar.

Os pontos indicados no tratamento daFibromialgia são em alguns casos pontos específicos paratratamento com fins analgésicos, sem olhar o real aco-metimento do individuo.

Com relação as duplas de vasos maravilhososexiste praticamente um consenso na utilização das du-plas ID3-B62 e P7-R6, ficando a critério do diagnósti-co a escolha entre uma e outra de acordo com o caso aser tratado, no entanto se o terapeuta souber qual a du-pla especifica do paciente segundo o dia, mês, ano ehora do seu paciente fica a seu critério a escolha.

Os pontos IG4 e E36 são pontos vastamenteutilizados em ambulatórios e clínicas com intuitos deanalgesia e reequilíbrio das energias dos membros su-periores e inferiores respectivamente, explicando suautilização no tratamento da Fibromialgia. O ponto F3também é um ponto que não deve ser esquecido nestapatologia, pois além de equilibrar as energias Yin e Yang,assim como o IG11, além disso, o F3 pôr ser um pontofígado também age na circulação, e como esta mostra-se debilitada na Fibromialgia deve sempre punturar esteponto. O ponto do Fisioterapeuta, VB34, é de grandevalia para os fibromiálgicos, pois este é o principal pon-to relaxante muscular, indo de encontro às necessidadesde relaxamento muscular para promover melhor circu-lação intra e entre-muscular melhorando circulação, con-seqüentemente melhora oxigenação, metabolismo, reti-rada de excreções metabólicas diminuindo ativação determinações nervosas livres causadoras de dor. O pon-to BP6 por ser um harmonizador enérgico também éindicado e utilizado com os pontos de mesma indicaçãoacima citados. Desta maneira os acupontos supra cita-dos são os mais importantes no tratamento daFibromialgia, não devendo ser esquecidos pelo Fisiote-rapeuta ao abordar um paciente fibromiálgico, no en-tanto a literatura cita outros pontos como CS1, CS6,TA2, TA16, VG2, VG20, F5, VB1, VB30, VB40,VB43, R2, R3, R4, R7, IG2, IG11, B40 e B43, porindicações segundo o meridiano ao qual pertencem, comono caso dos pontos VB, R, F, ou por indicações especi-ficas de cada ponto.

A terapia com eletroacupuntura também deveser lembrada e explorada no tratamento, pois tem eficá-cia comprovada no tratamento de dor musculoesqueléticae local, sendo assim mais uma alternativa no tratamentoda Fibromialgia.

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Além dos pontos já citados os Fisioterapeutasnão devem deixar de punturar os tender points que porocasião do atendimento estejam doloridos a palpaçãopontual com força inferior a 4 Kg.

O uso da ventosa juntamente com a acunpunturadeve ser utilizado por promover o descongestionamentoda região álgica.

CONCLUSÃO

Portanto conclui-se que a acupuntura possuibases fisiológicas e neurofisiológicas que comprovam suaeficácia fornecendo embasamento ao fisioterapeuta parasua utilização no tratamento da dor musculoesquelética,concluímos também que vários estudos sugerem sua uti-lização como eficaz no tratamento da Fibromialgia, noentanto estudos e bibliografias relacionando a técnica àpatologia citada são raros, e ainda a maioria dos estu-dos relacionando acupuntura e Fibromialgia têm umametodologia pobre, sendo necessário conduzir um nú-mero maior de estudos controlados, com um númerosignificativo de pacientes, e padronizar os pontos quesão usados para comprovação da acupunturafisioterapêutica no tratamento da Fibromialgia.

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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ARTIGO ORIGINAL

ACUPUNTURA EM FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL NA FACE

Silva, A. M. R.1; Andrade, K. F.2; Vieira, S. L.3 *

1 Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura (IMES), Especializando em Fisioterapia Traumato – Ortopédica(UNIT), Aprimorando em R.P.G ( Reeducação Postural Global)

2 Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura, Especialista em Dermato- Funcional (IMES), Docente do cursode Especialização em Acupuntura na Center Fisio – IMES;

3 Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura (Center Fisio – IMES), Especializando em FisioterapiaNeurológica (UNIT).

Recebido em 25 de abril, aceito 3 de maio.

Resumo: Com o envelhecimento, as fibras de colágeno da derme tornam-se mais grossas e as fibras elásticasperdem parte de sua elasticidade, havendo uma diminuição gradual da gordura depositada no tecido subcutâneo,assim a pele perde sua uniformidade. Este processo fisiológico da idade leva o tecido cutâneo a ter uma menoroxigenação e nutrição, resultando em rugas. Existem vários tratamentos para rugas faciais em várias especialidadesda estética, dentre eles encontra-se a acupuntura, porém não foram encontrados na literatura, trabalhos que com-provem sua eficácia. Portanto, o objetivo desse presente estudo é verificar o efeito da acupuntura nas rugas faciais.No tratamento proposto foram utilizados os pontos, de diferentes meridianos co trajeto na face, com estimulaçãoatravés de eletroacupuntura para produzir no local um aumento do tônus simpático. Foi selecionada uma voluntáriade 54 anos, onde a mesma está sendo submetida a três sessões semanais, somando um total de trinta sessões. Aavaliação dos resultados foi realizada através de fotografias antes e depois do tratamento e foi analisada por trêsprofissionais da área da saúde relacionados com a Dermato-funcional. Após a análise dos resultados concluímosque a eletroacupuntura na pele da face melhora significativamente, tornando-a mais brilhosa, hidratada, com atenu-ação das manchas e das rugas.

Palavras-chave: Rugas faciais, Acupuntura, Eletroacupuntura.

Abstract: With age, the collagen fibers of the dermis become thicker and the elastic fibers lose part of their elasticity,having a gradual decline in fat deposits in the subcutaneous tissue. As a result, the skin loses its uniformity. Thisphysiological process of age causes the cutaneous tissue to have less oxygenation and nutrition resulting in wrinkles.There are various treatments for facial wrinkles in the diversified areas of aesthetics. One being acupuncture, however,no literature or projects could be found that prove its effectiveness. Therefore, the objective of this current study isto verify the effect of acupuncture on facial wrinkles. In the proposed treatment, the points utilized were, of differentsmeridians with route in the facewith stimulation through eletroacupuncture to produce an increase of the tonussympathetic system. A 54-year-old volunteer was selected and was given a total of 30 treatment sessions, threesessions per week. The evaluations of the results were achieved through pictures taken before and after the treatmentand were analyzed by three professionals in the health area related to functional dermatology. After analyzing theresults, we concluded that eletroacupuncture of the facial skin improved significantly, becoming more radiant andhydrated, with attenuation of spots and wrinkles.

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INTRODUÇÃO

Envelhecer é um processo que desde que nas-cemos, porem mais evidente após a terceira idade. Aqualidade do envelhecimento está relacionada direta-mente com a qualidade de vida a qual o organismo foisubmetido [4].

A pele é um órgão importante para as funçõesvitais e para o psiquismo do indivíduo cuja aparênciatem preocupado o homem desde a antigüidade levan-do as praticas cosméticas, que exploram a vaidade e“vendem mais esperança do que probabilidade”. Osaspectos estéticos desfavoráveis acentuam-se com oenvelhecimento, cujo estudo tem por isto mesmo me-recida intensas investigações [3].

A derme está conectada com a fáscia dos mús-culos subjacentes por uma camada de tecido conjunti-vo frouxo, a hipoderme. Na derme situam-se algumasfibras elásticas e reticulares bem como muitas fibrascolágenas e ela é suprida por vasos sangüíneos, vasoslinfáticos e nervos [4].

O envelhecimento ocorre devido à degenera-ção dos tecidos elásticos e colágeno da pele, pelamenor velocidade de troca e oxigenação dos tecidosprovocando a desidratação da pele, resultando em ru-gas.[4]

As principais alterações da pele relacionadascom faixa etária que ocorrem na face entre elas desta-cam-se:• Região Frontal - rugas glabelares e transversais;• Região Orbital – atonia e ptose das pálpebras,

bolsas gordurosas palpebrais;• Região Nasal - rugas transversais da raiz nasal,

queda da ponta nasal, exacerbação do ângulonasolabial;

• Região malar e terço médio da face- apagamentoda eminência malar, depressão do sulco nasolabial,

ptose labial, pregas e rugas em geral;• Região do Mento- apagamento da linha mandibu-

lar, prega submandibulares, “mento de bruxa”,corresponde à queda do mesmo e flacidez dapele[4].

O corpo humano é formado da união de célu-las que dão origem aos tecidos ou órgãos; estes seassociam entre si e colaboram para as funções de lo-comoção, digestão, defesa, respiração etc. As cone-xões entre os diversos sistemas fazem-se de modo geral,pelo sistema nervoso, cujo centro é o cérebro, contro-la e regula todas funções. Assim, o organismo respon-de como um todo às alterações do meio[8].

A acupuntura, o recurso terapêutico mais co-nhecido da Filosofia Tradicional Chinesa no Ociden-te, é o meio pelo qual, mediante a inserção de agulhassão feitas a introdução, a mobilização, a circulação e oequilíbrio da energia turvas (perversas), promovendoa harmonização, o fortalecimento dos órgãos, dasvísceras e do corpo. A compressão da concepçãoenergética dos Canais de Energia, dos pontos deacupuntura e suas funções são fundamentais para a uti-lização dessa técnica na prevenção e na interrupçãode um processo de adoecimento [1].

Os estudos sobre os achados anátomo-histológicos encontrados nos pontos de acupuntura,comparados com regiões adjacentes, mostraram a pre-sença de numerosas terminações nervosas livres eencapsuladas, relacionamentos com os nervos perifé-ricos, superficialidade dos nervos periféricos, isto é,quando o nervo, que era profundo, se torna superfici-al; presença em maior número de vasos arteriais,transfixação de nervos cutâneos pela fáscia profunda;passagem dos nervos cutâneos através dos foramesósseos, conexões neuromusculares, maior concentra-ção de capilares sangüíneos; ponto de bifurcação denervos periféricos, linhas de suturas do crânio; e gran

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Key Words: Facial wrinkles, Acupuncture, Eletroacupuncture.

* Autora responsável pela correspondência: endereço –Travessa São Vicente, n o 75, Centro, Araguari – MG, CEP38440-108. Telefone: (034) 32416610 ou (034) 9119 0883 E-mail: [email protected].

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de concentração de mastócitos, nas fibras mus-culares foram encontradas maiores concentrações demitocôndrias, de vascularização e de conteúdo demioglobina, acarretando processo oxidativo maior, por-tanto os pontos de acupuntura apresentam, também,características histoquímicas diferentes da pele adja-cente [1].

O líquido orgânico(Jin Ye) tem a função deumedecer e nutrir. A distribuição do líquidoorgânico(Jin Ye) por entre os músculos superficiaistem a finalidade de umedecer a superfície corpórea,a pele e os pêlos. A “energia(Qi) pode gerarsangue(Xue)” significa que os processos de forma-ção e de constituição do sangue(Xue) não podemser separados dos aspectos das atividades funcio-nais, das movimentações e das transformações daenergia(Qi). Ele circula dentro dos vasos interna-mente até os ossos, tendões e pele. A energia(Qi)pertence a Yin. “A energia(Qi)controla o aquecimen-to e o sangue(Xue) controla a umidade”[5].

Pesquisas recentes visam a entender o meca-nismo de ação da Acupuntura:• A acupuntura altera a circulação sangüínea. A par-

tir da estimulação de certos pontos, pode-se alte-rar a dinâmica da circulação regional provenientede microdilatações.

• A acupuntura regula e normaliza as funções orgâ-nicas. O estimulo pela Acupuntura pode dinamizare restabelecer os relacionamentos anteriores eapressar a recuperação.

• A acupuntura promove o metabolismo. O meta-bolismo é fundamental na manutenção da vida. Emcertas condições de doença, há alteração do me-tabolismo dos diferentes órgãos, com conseqüen-temente prostração e deficiência do organismo. Aacupuntura permite a recuperação desse metabo-lismo, importante no processo de cura.[8] O estí-mulo dos diferentes receptores pela inserção deagulha de acupuntura pode explicar os múltiplosefeitos observados, pois o sistema nervoso é es-pecificado. Essa especificidade das terminaçõesnervosas e da fibra nervosa é o que determina osefeitos de acupuntura, pois estímulos diferentes

podem determinar respostas diferentes. Na reali-dade, em nosso corpo não é preciso grandes estí-mulos para provocar respostas: pequenos estímu-los são suficientes para provocar grandes respos-tas. Se considerar que uma fibra nervosa, em seutrajeto, vai se comunicando com outras fibras,constituindo o sistema de adição, esse fato signifi-ca que um estímulo pequeno, ao chegar ao sistemade central, se torna um grande estimulo[1].

É provável que a acupuntura, pela ativaçãodo sistema betaendorfinérgico, afere as áreasvasomotoras no tronco do encéfalo, regulando, dessemodo, o tônus simpático. A estimulação sensorial con-tinue durante um período de tempo suficiente (cercade 20-40 minutos), liberam-se os opióides endógenos,que produzem a inibição central do fluxo autônomo(inibição simpática pós estimulatória). Essa inibição sim-pática não é evidente a estimulação provocada pelaenergia excitatória através dos aferentes somáticos edos efeitos metabólicos nos quimiorreceptores e de-pende do estado funcional do corpo. Desse modo, aacupuntura diminui atividade simpática na hipertensão(resultando numa pressão arterial aumentada). Isso estáprovavelmente relacionado com a função reguladorado reflexo barorreceptores na hipotensão e na hiper-tensão[2].

Há uma aceitação geral para a noção de que aacupuntura estimula as fibras A delta pelas terminaçõesnervosas na pele (Baldry, 1993) ou pelosergorreceptores, de limiar elevado, no músculo(Anderson e Lundeberg, 1995), Wang et al.(1985)registraram potenciais de ação no nervo mediano pro-duzidos pela acupuntura no antebraço e oscorrelacionaram com as sensações descritas pelos in-divíduos. Os potenciais de ação foram classificadosem diferentes tipos de fibra nervosa. As conclusõesforam que o entorpecimento foi convertido pelas Agama, a distensão e o peso, pelas fibras A delta, e airritabilidade, pelas fibras C [2] As fibras C amielínicasconvertem os impulsos das terminações nervosas li-vres, distribuídas sob a pele e em tecidos profundos,incluindo as vísceras. Essas três terminações nervosassão receptores de pressão

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de alto limiar ou nocioceptores polimodais que res-pondem à pressão pesada, ao calor ou a substânciasquímicas[2].

As fibras A delta são ativadas pela picada epela pressão forte, pelo calor e pelo frio na pele e tam-bém por ergorreceptores de alto limiar no músculo. Amaior parte das fibras do tracto atinge o tálamo (nú-cleos ventrobasais), onde neurônios de terceira ordemse projetam, somatotopicamente, para o córtex pri-mário [2].

A estimulação dos aferentes de delta ativa, porfim, o hipotálamo (núcleo arqueado). Esse, por sua vez,ativa as reações em cadeia descendentes que inibem anociocepção em toda medula espinhal.[2]

Esse sistema proporciona a percepção rápidae precisamente localizada da estimulação nociva semproduzir muita resposta emocional. Entretanto, umaminoria substancial de fibras termina na formaçãorostral, e de lá, continuam para o tálamo ( grupo mediale intralaminar dos núcleos, de onde seguem para onúcleo arqueado do hipotálamo e para o córtex pré-frontal. Esse é o limite superior do ramo aferente e tam-bém constitui o início inibidor descendente [2].

As grandes fibras A beta têm uma função im-portante no controle do corpo da entrada dos dadosnocioceptivos, mas em termos de acupuntura elas tal-vez só estejam implicadas na eletroacupuntura de altafreqüência[2]. Os peptídios opióides não são libera-dos apenas no SNC, mas também são secretados nacorrente sangüínea pela hipófise. Isso envolve a de-composição do precursor, pró- opiocortina, embetaendorfina e ACTH, que são liberados paralelamen-te. As concentrações de peptídio opioide no sangueaumentam em associação com um número de estímu-los que incluem estresse, exercício físico, sexo e con-dicionamento[2].

No Sistema Nervoso Autônomo(SNA), em-bora ainda não sejam conhecidos, evidencias experi-mentais e clínicas sugerem que acupuntura também poderestabelecer o sistema simpático pelos mecanismos nosníveis do hipotálamo e do tronco cerebral. O sistemaβ- endorfinérgico hipotálamico tem efeitos inibidoresno centro vasomotor(VMC). Esse efeito provoca umtônus simpático diminuído, com vasodilatação, e uma

força reduzida no coração, que se seguem à excitaçãoinicial do centro vasomotor durante o exercício ou aestimulação nervosa[6].

Os aspectos Eletrofisiológicos dos Pontosde Acupuntura mostraram que pesquisas recen-tes com auxilio da eletrofisiologia e daneurofisiologia, bem como o aprimoramento da

microscópia ótica, evidenciaram que a superfícieda pele não tem o mesmo potencial elétrico emtodas as áreas. Determinadas áreas apresentampotenciais elétricos diferentes, e elas

correspondem à descrição clássica de ponto deacupuntura. Os autores Nakatani (1956) eReichmanis (1979) desmostraram também quenessas áreas da pele ocorre alteração de

condutibilidade e diminuição da resistência elé-trica e verificam que correspondem a motorspoints, com alterações de condutibilidade, que sãoáreas onde as fibras nervosas pertencem na mas-sa muscular[1].]

A Eletroacupuntura de baixa freqüência (2Hz),eletroacupuntura de alta freqüência(80Hz) eagulhamento superficial são grupos de controle. Osefeitos da acupuntura foram avaliados pelo fluxosangüíneo( “fluxo”), que foi medido a partir de 20 mi-nutos antes do início do tratamento até 20 após a re-moção das agulhas de acupuntura. Em comparaçãocom os grupos de controle, foram observadas altera-ções significativas no fluxo sangüíneo durante e após aestimulação manual e a acupuntura de baixa freqüên-cia. Os pacientes que apresentam um aumento maispronunciado no fluxo sangüíneo durante os diferentesmodos de acupuntura também reagiram com fluxo sa-livar aumentado. A termografia verificam que aeletroacupuntura produziu no local um aumento tem-porário no tônus simpático durante a estimulação e,depois da estimulação, conforme demonstrado pelavasodilatação, pôde-se registrar uma diminuição cons-tante no tônus simpático em todo o corpo, especial-mente nas mãos[2].

Na medicina tradicional chinesa, o envelhe-cimento cutâneo está ligado ao desequilíbrio

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)energético do sangue(Xue), da nutrição, da de-

fesa do organismo e da pele, aparecendo as rugas.O tratamento propõe aumentar estas energias naface, através de estímulos ao Sistema Nervoso Au-tônomo[5].

A acupuntura tem sido comprovada cientificamente,porém, até o momento não foi encontrado nenhum traba-lho cientifico que relaciona-se acupuntura com rugas faciais,e pretende-se com este estudo de caso introduzi-la notratamento das mesmas por apresentar várias vantagens,como: econômica, pouco agressiva, sem mutilações, bus-ca o equilíbrio interno, trata a beleza interior e pode serusado como prevenção do aparecimento de rugas faciais

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo de caso foi realizado com base na análiseteórica e prática da acupuntura, na tentativa de minimizaras rugas faciais.

A voluntária foi escolhida por ter idade entre 50 e 70anos e ser esta a fase de maior incidência das rugas faciais.

ANTES DO TRATAMENTO

DEPOIS DO TRATAMENTO

Os critérios de inclusão foram: idade, sexo, cor,pós-menopausa, nunca ter realizado restauraçãocirúrgica facial e jamais ter aplicado substânciabotulínica, não ser fumante e etilista.

Para a avaliação dos resultados, a face da vo-luntária foi fotografada antes e depois de 30 ses-sões de tratamento, que foi avaliado por profissio-nais da área de saúde ( 1 cirurgião plástico e 2dermatologistas), através de questionário com es-cala de avaliação de Likert.

O tratamento foi realizado em 3 sessões deeletroacupuntura semanalmente, com duração de25 minutos cada sessão, totalizando as 30 sessões(16 de dezembro 2002 a 22 de fevereiro de 2003).

Os pontos de acupuntura escolhidos para o tra-tamento das rugas faciais foram: VB14, TA23, B2,E3, E4, VC24, VG25, IG20, Yin Tang, Tai Yang.

• Agulha de acupuntura descartável (0,17 x7)

• Maca• Máquina fotográfica Yaschica Fx-3 Super

/ Iluminação Frata – 160 ½ carga; distân-cia 80cm F/22 luz direta, 80cm F/35 re-batida; posição – decúbito dorsal com focode cima para baixo.

• Filme Kodak ASA 100• Multiple Eletronic Acupunctoscope (MEA)

Model WQ 10 D I, conecção dos eletro-dos – pontos bilaterais E2, E4, VB14; mo-dulação do WQ freqüência F1 entre 0 a10; F2 – 10; APD – 0; AM; intensidade αe modulada de acordo com a paciente.

• Questionário de avaliação• 30 sessões de eletroacupuntura• Fotoprotetor Isdin Extrem Uva (Gel–Cre-

me 25 FPS)• Loção não lipídica para higiene para pele

Cetaphil (Galderma)• Máscara facial de proteção para terapeuta• Faixa para cabelo para voluntária• Disco de algodão

Silva et al. /

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DISCUSSÃO

No mundo ocidental, nos adultos, existe umapressão enorme no sentido de manter uma aparênciajovial, mesmo para os mais velhos. De fato, as pesso-as se identificam com a aparência externa e não acei-tam o processo natural do envelhecimento. Na meiaidade, por volta dos 40 e 50 anos, existe a oportuni-dade de adquirir uma enorme força e sabedoria pelaassimilação das experiências da vida adulta e continu-ará vida ativa com maior compreensão e consciência.A meia idade é um período em que a qualidade doYang pode aumentar, pelo retorno ao Yin e, assim es-tabelecer um equilíbrio Yin-Yang. No entanto, paramuitos, essa oportunidade fica restrita pela sensaçãode desespero de estar envelhecendo e pela tendênciade se agarrar os acontecimentos do passado. Na ve-lhice, a partir dos 65 anos de idade, há declínio deyang, redução da atividade externa e retorno ao yin.Se as pessoas aceitarem esse processo, a velhice podeser um tempo de desenvolvimento interior e de con-tentamento, porém se não como fato natural, ela podese tornar um tempo de frustração, amargura e depres-são. O fator causal desses processos nada mais é doque o desequilíbrio da energia interna, induzido pelomeio ambiente (origem externa) ou pela alimentaçãodesregrada, emoções retidas, fadigas (origem interna)[7].

A acupuntura altera a circulação sanguínea apartir da estimulação de certos pontos, pode se alterara dinâmica da circulação regional proveniente demicrodilatações. Assim, os efeitos combinados da açãoda energia (Qi) nos Canais de Energias e dos Órgãose das Vísceras e, com isso, levar o corpo a uma har-monia de energia e de matéria. [1]

Assim, os efeitos combinados da ação de Qinos canais de energia, que se faz de maneira primária,agem sobre o sistema nervoso autônomo e sobre osistema nervoso central, assim como o Xue (sangue),difundindo o Qi e os substratos (hormônios, hormônioscerebrais, etc) provocando as reações (analgesia,hipoalgesia, hiper ou hipofunção das estruturas orgâni

Resultado da Avaliação do Questionário da Análise Comparativa

26,5

73

26,533

40

60

26,5

4046,5 45,5

13 13

100

0

20

40

60

80

100

A B C D E F G H I J L M N

Tipos de Rugas

%

RESULTADOS

Tabela de valores dos pontos encontrados nos questi-onários de análise comparativa.

Os três profissionais da área de saúde que ava-liaram as fotos da voluntária antes e depois de 30 ses-sões de eletroacupuntura. A avaliação foi realizada emforma de duplo cego, realizando uma análise compa-rativa observando e estabelecendo valores para cadatipo de rugas, que a voluntária apresenta, responden-do a um questionário com valores estabelecidos emforma de escala de Likert com os seguintes valores:

Gráfico 1- Resultado da avaliação do questionário. (A)

Rugas transversais; (B) Rugas palpebrais; (C)Bolsa gorduro-

sa; (D) Regiões transversais da raiz nasal; (E) Ângulo

nasolabial ; (F) Região da eminência malar; (G) Sulco

nasolabial; (H) Pregas e rugas da região malar; (I) Regiões

periorais; (J)Região do ângulo labial; (L) Linha mandibular;

(M) Pregas do mento; (N) Mudança do aspecto geral da face.

A somatória de 30 pontos equivale a 100%.Assim através de cálculos, foi encontrada a porcenta-gem de atenuação de cada tipo de rugas faciais que ovoluntária apresenta.

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)Silva et al. /

cas) quando se estimulam os pontos de acupuntura.[1]

O sangue tem a função de umedecer e nutrir ocorpo. Para que as atividades vitais se mantenham nor-mais, o sangue ininterruptamente circular, umedecen-do e nutrindo todos os órgãos, vísceras e sistemas docorpo. [5]

Nos dados encontrados na avaliação do tra-tamento, todos os profissionais relataram que a pelemostrada na foto teve melhora surpreendente (100%),associando assim a melhora da circulação sanguínea,deixando a pele brilhosa, hidratada, as manchas clare-aram e até mesmo uma atenuação das rugas, princi-palmente nas rugas palpebrais (73%) e as rugas daeminência malar (60%).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos mostram que aacupuntura tem efeitos nas rugas e até mesmo nahidratação da pele, mas para averiguar seus efeitos maisprofundamente, será necessário maior número de ses-sões, assim poderá constatar se as rugas só minimizaramou se desapareceram por completo, verificando se essetratamento será preventivo ou curativo.

Considerando os resultados obtidos, conclui-se que, a pele da voluntária obteve uma melhora signi-ficativa, tornando-se mais brilhosa, hidratada, com ate-nuação das machas e das rugas, principalmente dasrugas palpebrais (73%) e das rugas da eminência malar(60%). Verificou-se, portanto, a eficácia da atuaçãoda eletroacupuntura, na atenuação das rugas faciais eaté mesmo melhora na hidratação da pele.“Sugere-se a realização de novos estudos para verifi-car a atuação da acupuntura em Dermato, visto que aliteratura sobre esse tema é escassa”.

AGRADECIMENTOS

Nossos sinceros agradecimentos a todos quedireta ou indiretamente ajudaram na realização desteartigo, em especial a paciente, ao Presidente da

SOBRAFISA Nacional, Dr. Jean Luís de Souza, pelosensinamentos de amor e ética à profissão

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] DIAS, E. M., SOUZA, J. L., Neurologia como

base para compressão dos mecanismos da ação de

acupuntura no tratamento da dor por alterações

cinéticas funcionais. A SOBRAFISA- Revista Oficial

da Sociedade Brasileira da Fisioterapeutas

Acupunturistas, V.2, N.2, Outubro/ Novembro/ De-

zembro, Ribeirão Preto, 2003

[2] ERNEST, E; WHITE, A. Acupuntura Uma Ava-

liação Científica. Editora Manole, 1a Edição, 2001.

[3] GONÇALVES, A.P. Envelhecimento Cutâneo,

N 2347475/2002-1394.3, Anais Brasileiros de

Dermatologia. Editora Científica Nacional Ltda, 1991,

2s, 3s.

[4] GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. I. Fisio-

terapia Dermato-Funcional. Editora Manole, 3a Edi-

ção, 2002.

[5] HE, Y.H.; KAUFMAM, D. Teoria Básica da

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ção, 2001.

[6] HOPWOOP, VAL; LOVEREY, MAUREEN;

MOKONE, SARA. Acupuntura e Técnicas Relacio-

nadas à Fisioterapia. Editora Manole, 1a Edição, 2001.

[7] ROSS, J. Combinação de Pontos de

Acupuntura. Editora Roca, Edição, 2003.

[8] WEN, S. T. Acupuntura Clássica Chinesa.

Editora Pensamento – Cultrix Ltda.

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DECLARAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DA PESQUISA

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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ACUPUNTURA E MCKENZIE PARA LOMBOCIATALGIA:UM ESTUDO DE CASO

Lemos, T. V. 1*; Thomé, M.C.2;Souza, J. L.3

1 Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura e Mestrando em Fisioterapia; 2 Fisioterapeuta, Especialista em Acupuntura

3 Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, Mestre em Magistério Superior, Docente eDiretor de Ensino da Center Fisio - IMES, Presidente SOBRAFISA NACIONAL

Recebido em 20 de abril, aceito 10 de maio.

Resumo: O presente estudo de caso tem como objetivo avaliar a aplicação de acupuntura e método Mckenzie emum quadro de dor lombar aguda, no que diz respeito a limitação do movimento de flexão e algia apresentada emcoluna lombar. A amostra foi composta por um paciente de 52 anos de idade, sob diagnóstico clínico de lombociatalgiaaguda. Utilizaram-se como parâmetros de avaliação, o índice de Rolland Morris, a Escala Analógica de Dor (VAS)e amplitude de movimento (ADM) de flexão da coluna lombar, através da distância dedo-solo. Os resultadosobtidos pelo estudo indicaram melhora significativa da ADM de flexão da coluna e ausência da dor após quatrosessões. Concluí-se que a acupuntura e o método Mckenzie associados podem indicar aceleração no processo derecuperação, promovendo diminuição da dor, melhora do movimento de flexão e redução da inabilidade funcionalda coluna lombar.

Palavras-chaves: Dor Lombar; Acupuntura, Método Mckenzie, Fisioterapia

Abstract: The present case study had with objective evaluate the practice of acupuncture and the MethodMckenzie on one acute low back pain case, considering the limitation on anterior bend and pain of thelumbar spine. The sample was compound of one patient, 52 years old, diagnosed with acute low backpain with irradiation. Was used for evaluation the Rolland Morris questioner, Visual Analogical Scale(VAS) and movement amplitude of the low back spine on anterior bend, through the finger-grounddistance. The obtained result from the case indicates a significant improvement on the movement ampli-tude of the low back spine and no pain after four sessions. Was concluded that the acupuncture and theMethod Mckenzie associated can indicate acceleration on the recovery process, reducing the pain, madethe anterior bending of the low back spine better and reduced the functional inability related to it.

Key words: Lumbar Pain, Method Mckenzie, Acupuncture, Physical Therapy

ARTIGO ORIGINAL

* Autor responsável pela correspondência: E-mail: [email protected].

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INTRODUÇÃO

O homem tornou-se o único animal da sua es-pécie que se locomove em postura ereta utilizandoapenas dois membros, sofrendo assim uma série deadaptações fisiológicas durante sua evolução. As es-truturas lombares sofrem pressão permanente decor-rente da postura assumida, fazendo com que a regiãolombar - mais precisamente a 3ª vértebra lombar - sejao centro de gravidade do corpo humano (1).

A lombalgia é uma dor relatada na região lom-bar, que pode ocorrer sem motivo aparente, mas ge-ralmente é relacionada a algum tipo de trauma com ousem esforço. A lombalgia pode ter origem em váriasregiões, tais como: estruturas da própria coluna, estru-turas viscerais, podendo ainda ter origem vascular oupsicogênica (2). Pode ser classificada como estática,quando é causada por má postura, ou seja, vinculadaa um quadro postural; e cinética quando é decorrentede uma biomecânica incorreta ou por sobrecargascinéticas (3).

Ao se falar em lombalgia e lombociatalgia, quesignificam do ponto de vista etimológico, respectiva-mente, dor no lombo e dor no ciático, está se falandoem síndrome; logo, se deve procurar uma causa paraeste processo sindrômico. Lombalgias são todas ascondições de dor, dolorimento, rigidez com pouca ousem dor, localizadas na região inferior do dorso, emuma área situada entre o último arco costal e a pregaglútea. Lombociatalgia é a dor que se irradia daquelaregião acima delimitada, para um ou ambos membrosinferiores. Ciatalgia / Ciática: é a dor que tem início emuma ou outra das raízes da coxa, ultrapassando o(s)joelho(s), e alcançando, na maioria das vezes, o péhomolateral, acompanhada ou não de déficit motor e/ou alterações neuro-sensoriais. (4)

Na lombalgia idiopática, na maioria das ve-zes, a causa da dor lombar é de difícil determinância.Quando de natureza mecânico-degenerativa os co-nhecimentos disponíveis baseiam-se em modelo teó-rico, que é a UNIDADE FUNCIONAL ESPINAL

(UFE), composta por um par de vértebras adjacentese seu complexo disco-ligamentar correspondente. Aeficiência da biomecânica da UFE é dependente, emgrande parte, da integridade do disco intervertebral esua junção com os corpos vertebrais, das articulaçõesintervertebrais, do corpo vertebral e das estruturasmúsculo-ligamentares.(4)

Curiosamente vários estudos relatam com fre-qüência não haverem relação entre alguns sintomas delombalgias e achados radiológicos, assim como algunsachados radiológicos deveriam apresentar asintomatologia, a qual não aparece (5; 6).

A dor é decorrente de forças excessivas, se-jam externas ou internas. São consideradas forças ex-cessivas as atividades repetidas como extensão eflexão, e/ ou ainda por rotação excessiva de um seg-mento corporal. E chamadas de “perturbadoras” asforças internas que enfraquecem a funçãoneuromusculoesquelética, portanto consideradas exces-sivas ou inadequadas, entre elas a fadiga, o ódio, adepressão, a falta de atenção, a ansiedade, falta detreinamento e a distração - que podem ser decorren-tes de fatores psicogênicos e psicossociais, comoestresse e falta de motivação (7).

Tradicionalmente, os estudos epidemiológicosinvestigam as contribuições dos riscos em trabalhopesado, movimentos ao erguer uma carga, inclinaçãoe rotação, vibrações e posições estáticas. Existe mo-derada relação dos riscos associados às lombalgiasquanto aos trabalhos fisicamente pesados, mas sem li-teraturas para suportar evidências entre postura estáti-ca e lombalgia (7). Sabe-se que é uma síndrome deetiologia multifatorial e que atualmente suas investiga-ções quanto à fatores de risco em trabalhadores aindapermanecem inconclusivas (7).

Aproximadamente 50% a 80% de toda a po-pulação adulta será afetada pela dor lombar uma vez

em suas vidas (8). É a causa mais comum de limitaçãodas atividades de vida diária nas pessoas com 45 anos

ou menos. Destas crises álgicas que atingem a coluna

Lemos et al. /

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lombar 44% estavam melhores em duas se-manas, 86% em um mês, e 92% em dois meses, sendoque apenas 8% sofria de dor por mais de dois meses.Mas as chances de haverem reincidências são de 90%,onde 35% desses evoluem para uma dor lombar acom-panhada de irradiação para os membros inferiores (9).

Autores apontam que 80% de todas as pesso-as apresentam pelo menos um episódio de dor lombarem algum estágio da vida, o que a torna a segundadoença mais freqüente da humanidade, sendo supera-da apenas pelos resfriados comuns (10, 11, 12). É aquinta causa de consulta médica, sendo suplantadaapenas pela hipertensão arterial, gravidez, exame mé-dico geral e infecções do aparelho respiratório superi-or (13). No Brasil, dentre as queixas diagnósticas, ador lombar ocupa lugar entre as vinte mais comumenterelatadas por adultos que são atendidos na rede públi-ca de saúde, com uma taxa de 15 por 100 consultas/ano (14).

Os fatores de risco individuais, que constamcomo preditivo freqüente para a dor lombar são: ida-de, sexo, postura, obesidade, força muscular, condici-onamento físico e tabagismo, sendo a idade o maisimportante, enquanto que o sexo e o tabagismo sãofatores menos relevantes, porém citados (8). A grandeprevalência desta patologia em grupo de 713 esportis-tas de ambos os sexos foi de 29,9% entre 10 e 19anos, de 53,7% entre 20 e 29 anos e de 62,9% entre50 e 59 anos, confirmando que essa síndrome ocorreem diversas faixas etárias (15). Estudo feito por Cecin(1) mostra que indivíduos com mais de 30 anos apre-sentam fator maior de risco para instalação delombalgia, fato este fundamentado nas alteraçõesdegenerativas que afetam o disco intervertebral. Paci-entes acima de 45 anos de idade possuem risco au-mentado em desenvolver dor lombar crônica, conclu-indo que o envelhecimento é um fator predisponenteao seu aparecimento. (13)

Um estudo clínico randomizado, mostra a re-

lação entre a lombalgia e o sexo, comprovado por dados

do “National Health Interview Survey” de 1983 a1985, onde indicam maior incidência deste acometi-mento em mulheres (16). Da mesma forma, um estudosobre a população industrial na Tcheco-Eslováquia,mostrou que a lombalgia é mais comum em mulheres(17), por outro lado na Inglaterra, a lombalgia é res-ponsável por 33% das queixas em homens e 21% dasmulheres que se afastam do trabalho (18).

As lombalgias são classificadas como agudasquando duram até 7 dias, subagudas quando duramde 7 dias a 3 meses e crônicas quando os sintomaspersistem por mais de 3 meses (13). A dor lombar agudadura seis semanas ou menos, a subaguda de seis a dozesemanas, e a crônica dura doze ou mais semanas sen-do 80-90% dos ataques de dor lombar solucionadosem 6 semanas (13). Enquanto também para grandeparte da comunidade científica, a dor aguda tem suaduração de até três meses (16).

Mesmo com o recente progresso dos mé-todos diagnósticos, principalmente relacionadasàs modernas técnicas de imagem, em um altocontingente das lombalgias não se encontra umacausa aparente, gerando denominações comolombalgia idiopática ou inespecífica (19). Alombalgia inespecífica é denominada hoje,lombalgia mecânica comum que por sua vez éfreqüentemente atribuída a fatores mecânicos(20; 21). Na coluna vertebral existe um equilí-brio mecânico entre o segmento motor da uni-dade anátomo funcional da coluna (corpos ver-tebrais e discos) e o segmento posterior (arti-culações interapofisárias). Quando ocorre açãode força mecânica sobre estas estruturas podeocorrer desequilíbrio, gerando dor porestimulação de terminações nervosas locais ouprocedimentos inflamatórios (12).

Os tratamentos das dores lombares mantêmcontrovérsias hoje como a cinqüenta anos atrás. Du-rante os anos foram usados tratamentos com calor efrio, repouso e exercícios, flexões e extensões, mobili-zações e imobilizações, manipulações e trações, entrevários outros tratamentos. A prescrição de medicamen

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tos vem sendo utilizada indiscriminadamente,mesmo em casos onde a lombalgia fora provada serpuramente mecânica (9).

Com o alto e crescente índice de dores lom-bares, várias técnicas diferentes de tratamento foramcriadas nas últimas décadas por terapeutas do mundotodo. Serão abordados nesta pesquisa dois tratamen-tos que segundo a literatura e experiências clínicas têmobtido bons resultados diante de dor que acomete acoluna vertebral. O método Mckenzie, desenvolvidopelo fisioterapeuta Robin Mckenzie, graduado pelaFaculdade de Fisioterapia da Nova Zelândia que de-senvolveu seu método por volta de 1956. O outro mé-todo de tratamento será a acupuntura que vem sendoutilizada pelos Chineses a mais de três mil anos e nasúltimas décadas difunde-se por todo o Ocidente.

O Dr. Robin Mckenzie acreditava que as do-res lombares eram oriundas de três mecanismos: a“Síndrome de Postura”, causada por uma deformaçãomecânica dos tecidos moles adjacentes aos segmen-tos vertebrais; a “Síndrome de Disfunção”, causadapor um encurtamento ou aderência tecidual causadapela má postura ou por contratura do tecido fibro-colagenoso desenvolvido após um trauma; e o terceiroe último mecanismo, a “Síndrome do Desarranjo” cau-sada por um deslocamento do disco intervertebral.

No Oriente, a acupuntura vem sendo usadacom finalidades preventiva e terapêutica há vários mi-lênios. De fato, agulhas de pedra e de espinha de peixeforam utilizadas na China durante a Idade da Pedra(cerca de 3000 anos AC). Ney Jing, ou “Clássico doImperador Amarelo sobre Medicina Interna”, textoclássico e fundamental da MTC descreve aspectosanatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos eterapêuticos das moléstias à luz da medicina oriental.Nesse tratado, já se afirmava que o sangue flui conti-nuamente por todo o corpo, sob controle do coração.Cerca de 2000 anos depois, mais precisamente em1628, William Harvey, proporia sua teoria sobre a cir-culação sangüínea (22).

Principalmente nos últimos 20 anos aacupuntura tem crescido e tem tido grande aceitaçãocomo tratamento nos países ocidentais. De acordo coma medicina tradicional chinesa, as lombalgias, assimcomo toda a coluna vertebral, dependem do Shen Qi(Rins), e quando existe uma deficiência de Qi, surge acondição básica para que haja as alterações energéticas,funcionais e orgânicas na região. Normalmente há de-ficiência de Shen Qi (Rins) associada a patologiaenergética dos Zang Fu (órgão/ víscera) e dos JingLuo (Canais de Energia e Colaterais) (23).

A Filosofia Tradicional Chinesa (FTC) pormeio da acupuntura proporciona excelentes resultadosno tratamento de dor em coluna. Estudos demonstramque a acupuntura induz o organismo a produziresteróides, que diminuem o processo inflamatório. AFTC também estimula a produção de endorfinas, anal-gésicos naturais do corpo, melhora a sensação de bemestar, humor, a qualidade do sono e o relaxamento glo-bal, contribuindo assim na diminuição do espasmo eda dor (24).

Muitas pesquisas estão sendo realizadas no quediz respeito aos mecanismos e ações da acupuntura nocorpo humano. Existem estudos já desenvolvidos coma acupuntura nas dores lombares, mas poucos foramcriteriosos o suficiente para chegar a uma conclusãoconfiável. Alguns desses estudos foram catalogados porLewith e Kenyon, sendo que dos melhores trabalhos –correspondendo a uma pesquisa controlada e em du-plo-cego - comparou a acupuntura com uma injeçãode “lidocaína” em 77 pacientes com dores lombarescrônicas. Concluiu-se que a acupuntura obteve me-lhora de 36% e a injeção de “lidocaína” teve melhorade 22%, no que dia respeito à dor. Outros trabalhosforam desenvolvidos em protusões discais, doresmusculoesqueléticas entre outros, sendo que aacupuntura obteve resultado considerável, mas comgrandes variações estatísticas e pequenas amostras.Experiências clínicas demonstram que técnicas de ma-nipulação associadas a acupuntura vêm produzindo óti-mos benefícios em alguns pacientes (24).

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A dor nas costas é a algia localizada em qual-quer região das costas (incluindo as nádegas), abaixoda borda inferior da última costela, que está aproxima-damente nivelada com o ponto B 21 (wuishu). Todaregião sofre influência dos Meridianos da Bexiga e doRim, pois seus trajetos seguem pela região dorsal dacoluna (24).

Segundo a FTC a dor lombar possui diferen-tes etiologias. O Trabalho Físico excessivo quando re-alizado com regularidade, sobrecarrega os músculosda região e os Rins, enfraquecendo os músculos destaregião e no aspecto energético o Qi do Rim. Na faseaguda o desgaste físico também causa estagnação lo-cal de Qi e sangue nesta região gerando dor. Emsegundo, o excesso de atividade sexual, sob a visãoenergética, enfraquece as costas, pois esgota o Qi doRim. Este, quando deficiente deixa de nutrir e fortale-cer os músculos das costas. A gravidez e parto podeenfraquecer as costas sob dois aspectos: físico eenergético. A Invasão Externa de Frio e Umidade, aco-mete a residência do Qi original que se encontra naregião das costas, por isso esta deve ser aquecida eprotegida. O frio e a Umidade favorecem a invasão defatores patogênicos nos músculos, tendões e Meridianosdas costas. O excesso de trabalho sem pausa para des-canso por longas datas leva ao esgotamento do Yin doRim. Este deixa de nutrir corretamente as costas cau-sando dor. E por último os exercícios inadequados, afalta de exercício (sedentarismo), principalmente dasociedade Ocidental, gera o enfraquecimento dos li-gamentos e das juntas da espinha, predispondo o indi-víduo a problemas de disco, principalmente se combi-nado com posturas inadequadas. Devem ser aconse-lhados exercícios moderados e regulares. (24).

Devido à complexidade da dor lombar e asimplicações impostas por esta, surgiu o interesse emverificar a efetividade da Acupuntura associada aoMétodo Mckenzie diante da dor lombar, tendo comovariáveis independentes o quadro álgico, a ADM deflexão da coluna lombar e a habilidade funcional dos

pacientes acometidos por esta enfermidade.

METODOLOGIA

Amostra:

Realizou-se um estudo de caso com um paci-ente, DOS, gênero feminino, 52 anos de idade, cormorena, com 2º grau completo de escolaridade, apo-sentada, com renda de dois salários mínimos.

O paciente apresentava-se com dor lombaraguda e irradiação para a região posterior da pernadireita há doze dias, sendo encaminhada ao estudo porum médico, sob o diagnóstico de lombociatalgia. Dei-xou de tomar medicação dois dias antes de iniciar otratamento proposto, e iniciou o tratamento ainda nafase aguda.

Recursos Materiais

O estudo foi desenvolvido no ambulatório de

acupuntura da Center Fisio – IMES (Instituto Mineiro

de Estudos Sistêmicos), unidade Goiânia - GO. Como

materiais de avaliação e aplicação do método foram

utilizados martelo de reflexo, fita métrica, travesseiro e

uma maca. Foram utilizados dois questionários, um

sobre atividades funcionais que requerem movimenta-

ção da coluna lombar (Questionário de Roland-Morris);

escala analógica de dor (VAS) e duas avaliações, uma

do Método Mckenzie (1981) e outra da acupuntura.

No tratamento acupuntural foram utilizadas agulhas

descartáveis de inox de 25 x 30 mm da marca Norha

Din, álcool 70% e algodão para assepsia do local. Para

o tratamento pelo método Mckenzie foram utilizadostravesseiros, para posicionar o paciente em decúbito

ventral durante o período com maior dificuldade para

ficar na posição de decúbito ventral.

Procedimentos

O paciente foi submetido e acatou o termo de

consentimento livre e esclarecido, que apresentava in-

formações sobre o tratamento proposto e precisava

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claramente as informações sobre o projeto de estudo,seu objetivo, seus benefícios possíveis e a conduta aser adotada no tratamento.

Técnicas Metodológicas

A conduta fisioterapêutica aplicada foi basea-da no protocolo de tratamento proposto por Mckenziepara pacientes com desarranjo grau cinco. Na técnicada acupuntura os pontos foram selecionados de acor-do com a sua ação no organismo, relacionados com apatologia em estudo.

Foram selecionados os pontos: distais, B62,R4, CS7 e F3; e os locais, B23, B26, B54, VB34 eVG8. As indicações terapêuticas destes pontos estãorelacionadas a patologias da coluna lombar e seus si-nais e sintomas.

A paciente foi submetida à avaliação desen-volvida pelo Instituto Mckenzie, uma avaliação deAcupuntura da Center Fisio - IMES, composta de iden-tificação do paciente, histórico, exame físico, tipologia,pulsologia e o diagnóstico segundo a MTC. Submeti-da também ao questionário visual analógico de dor, aoquestionário de atividades funcionais de Roland-Morris, traduzida, adaptada e validada (25) e a avali-ação da ADM de flexão da coluna lombar (dedo-solo)(25). Nesta, foi solicitado o paciente que flexionasse ocorpo para frente tentando tocar seus pés com as mãos,mantendo seus joelhos estendidos e, o examinadorentão, mediu a distância da ponta do dedo médio aosolo com uma fita métrica (figura 1).

Figura 1: Distância dedo-solo (23 cm) durante a avaliação

inicial do paciente.

Após as avaliações, o paciente foi colocadaem decúbito ventral na maca e tratada pela técnica daacupuntura durante quarenta minutos, sendo que osvinte primeiros minutos as agulhas foram inseridas empontos distais e os outros vinte em pontos locais. Asagulhas foram manipuladas manualmente, aproximada-mente a cada cinco minutos. Foram utilizados os pon-tos distais R-4 (bilateral), B62 (unilateral, do lado dalesão), CS-7 (unilateral, oposto ao lado da lesão), F-3(bilateral). Os pontos locais forão B-23, B-26, B-34,Vb-34 e VG-8. Após a retirada das agulhas iniciou-sea progressão do Método Mckenzie com as posturasde extensão de tronco deitada. No primeiro dia, o pa-ciente ficou cinco minutos com um pouco de extensãoda coluna deitada e com um travesseiro sob a regiãotorácica. Após o tratamento foi dada orientações pre-ventivas de postura e exercícios, baseadas no MétodoMcKenzie, a serem realizados em casa.

No segundo dia, após retirar as agulhas, reali-zou extensão de tronco deitada com maior amplitude esem o apoio do travesseiro, permanecendo em semi-postura de leitura por cinco minutos. Em pé, realizouextensões de tronco, uma série de cinco repetições.

No terceiro dia, após a acupuntura o pacienteconseguiu ficar na posição de leitura corretamente porcinco minutos, após este tempo, descansou por doisminutos e realizou exercícios de extensão da colunaaté o limite da dor, uma série de quatro repetições (fi-gura 2).

Figura 2: extensão na maca

No quarto dia, após a acupuntura, permane-ceu na postura de leitura por cinco minutos, realizou

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quatro repetições dos exercícios de extensãode tronco deitada. Realizou exercícios de extensão decoluna em pé (figura 3).

Figura 3: extensão em pé

No quinto dia, após a acupuntura realizou aprimeira postura por cinco minutos, realizou extensãode coluna deitada com os braços totalmente estendi-dos e, devido ao fato de relatar queixa de dor nos pu-nhos não realizou mais extensões de coluna deitada.Por apresentar uma boa diminuição da dor, iniciaram-se os exercícios de flexão da coluna deitada (flexãodas pernas sobre o tronco) cinco repetições, com exer-cícios ativo-assistidos, respeitando a dor do paciente.Em seguida realizou extensões em pé, uma série dedez repetições.

No sexto dia, após a acupuntura a pacienterealizou os mesmos exercícios da sessão anterior comacréscimo do número de vezes de flexão de troncodeitada, dez repetições, ativas e sem assistência. Opaciente foi orientado, desde o primeiro dia de trata-mento a realizar os exercícios de extensão de troncotrês vezes ao dia. A partir do momento que começou arealizar flexões de tronco deitado, foi orientado a sem-pre realizar extensões de tronco após o exercício deflexão, e sempre após as quatorze horas.

No sétimo dia, a paciente não apresentou quei-xa de dor e seus movimentos já haviam melhorado deamplitude. Foram realizados os mesmos exercíciosapós a acupuntura, aumentando o número de repeti-ções de flexão da coluna deitada, duas séries de dez

repetições, terminando com extensões de tronco empé, uma série de dez repetições. Neste dia foi dadaalta fisioterapêutica ao paciente e orientações a seremseguidas em casa.

Os atendimentos foram realizados sempre noperíodo da tarde, após as 14 horas, quando o núcleopulposo encontra-se desidratado (9). Nas duas pri-meiras semanas foram realizadas 3 (três) sessões se-manais e na semana seguinte realizou-se somente uma,pois a paciente teve alta devido ao controle total dador.

O paciente foi novamente avaliado, respondeumais uma vez ao questionário funcional de RollandMorris e questionário visual analógico de dor. Nova-mente aferiu-se a ADM de flexão da coluna lombar,medindo a distância da ponta do 3º dedo ao solo (fi-gura 4). Estes dados foram comparados com os da-dos dos questionários realizados antes do inicio do tra-tamento.

Figura 4: Distância dedo-solo (6 cm) após as

sete sessões de tratamento

RESULTADOS

Na avaliação após o tratamento, observou-seo ganho de ADM de flexão de coluna lombar e o con-trole completo da dor. Também pôde ser observada amelhora nas transferências de posturas realizadas pelopaciente, de deitado para sentado, de sentado para de

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pé e a melhora na independência nas ativida-des gerais, por meio do Questionário de Rolland Morris.

As respostas dos questionários a qual a paci-ente foi submetida antes e depois do tratamento en-contram-se demonstradas nos seguintes gráficos:

Gráfico I: Referente a Avaliação Visual Analógicoda Dor no inicio do tratamento e na alta deste.

Gráfico II: Distância (cm) dedo- solo calculada noinicio e no final do tratamento.

Gráfico III: Questionário de Rolland Morris refe-rente às habilidades funcionais que requerem ati-vidade da coluna lombar. Através de vinte e quatroatividades funcionais habituais o paciente referiu

dificuldade em executar dezenove delas antes do

tratamento e duas após o tratamento.

DISCUSSÃO

Pesquisas realizadas com acupuntura nas

lombociatalgias vêm sendo desenvolvidas à alguns anos

e comprovaram a redução de 50% das dores lomba-

res, definindo como satisfatório o resultado de redu-

ção da dor em 33% dos paciente acometidos por

lombociatalgia e lombalgia (14). Autores obtiveram uma

melhora de 42% na dor realizando sete aplicações de

acupuntura em pacientes portadores de dor lombar

(26). Em um ensaio clínico randomizado, tendo como

variável dependente a lombalgia crônica, obteve uma

melhora de 79% na dor (27). Pesquisadores submete-

ram oitenta e dois pacientes com lombociatalgia ao tra-

tamento acupuntural (trinta aplicações) e obtiveram sig-

nificativa melhora em todos os parâmetros estudados,

entre eles dor e função lombar (28). Em outro estudo

desenvolvido por estes, agora tratando especificamente

hérnias de disco lombares com acupuntura, verifica-

ram uma redução estatisticamente significante da dor

(29).

E em um estudo envolvendo uma população

de 331 terapeutas licenciados pelo Método McKenzie,

em Washington (Estados Unidos), concluiu-se que 85%

dos fisioterapeutas empregados no Health Maintenance

Organization (HMO), citaram a efetividade do méto-

do Mckenzie, classificando-a de moderada a muito

eficaz, no tratamento da dor lombar (30).

Apesar das limitações próprias de um estudo

de caso, tal como a ocorrência de amostra pouco re-

presentativa, o estudo em questão torna-se importante

por contribuir com novos dados no cenário nacional e

estimular pesquisas em dor lombar, Método Mckenzie

e Acupuntura. Buscando desenvolvimento de pesqui-

sas de qualidade indica-se a aplicação de ensaios

randomizados, com amostras significativas e preferen

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cialmente, duplo-cego que utilize grupo controle.

Ao final deste estudo pode-se sugerir que hou-

ve efetividade da Acupuntura associada ao Método

Mckenzie no tratamento da lombociatalgia apresenta-

da pela paciente, em função da abolição da dor e re-

dução significativa da inabilidade funcional, além da

melhora obtida diante do movimento de flexão da co-

luna lombar. E em razão dos resultados obtidos, temos

possivelmente indicativo de que o protocolo utilizado

é bom meio de tratamento para a dor lombar.

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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REDUÇÃO DO PERFIL ANSIOGÊNICO DE PACIENTES DO PROJETOACUPUNTURA SOLIDÁRIA NO IMES/IPES FRANCA APÓS

ATENDIMENTO AMBULATORIAL

Fuzisawa, R.C.1, Fuzisawa, M.M.C2 e de Araujo, J.E.3*

1 Graduanda em Psicologia, aluna do curso de especialização em acupuntura IPES/IMES- Franca.2 Fisioterapeuta, aluna do curso de especialização em acupuntura IPES/IMES- Franca.

3 Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura, Mestre e Doutor em Ciências - Área de Psicobiologia, Diretor deEnsino e Pesquisa em Acupuntura do IPES- Ribeirão Preto – SP., Presidente SOBRAFISA-SP.

Recebido em 29 de abril, aceito 08 de maio.

Resumo: A ansiedade é um fenômeno presente na sociedade moderna e é uma das principais geradoras de distúrbios

psicossomáticos. Para a Filosofia Terapêutica Chinesa, as emoções podem nos ferir de dentro para fora, desequilibran-

do nossos meridianos de acupuntura. Sendo assim, o controle da resposta emocional torna-se prioritário para conse-

guirmos os efeitos terapêuticos desejados. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar o perfil emocional dos pacien-

tes que freqüentam o ambulatório de acupuntura do IMES/IPES na cidade de Franca e ainda verificar se este se

modifica após o atendimento. Participaram deste estudo 16 pacientes. Para a determinação do perfil emocional, antes

e depois do atendimento, foi utilizada a escala de ansiedade, IDATE – ESTADO, que é um questionário validado por

trabalhos clínico-experimentais. Momentos antes da realização da acupuntura, os pacientes responderam ao questio-

nário individualmente e voltaram a responde-lo após o atendimento, sem acesso as respostas anteriores. Os dados

foram divididos em dois grupos, antes e depois da sessão. Para a avaliação dos resultados, utilizou-se uma análise de

variância de uma via (ANOVA), a diferença entre os grupos foi demonstrada através do teste de Dunnett. Apenas 4

dos 16 pacientes apresentaram, na primeira avaliação, um perfil ansiolítico. Os outros 12 pacientes apresentaram um

perfil ansiogênico. Após a sessão de acupuntura, os 16 pacientes apresentaram uma redução estatisticamente signifi-

cativa em relação aos escores iniciais (F1,31: F23,54; P<0,05). Dessa maneira, nosso trabalho demonstrou que real-

mente a ansiedade é um fator presente nos pacientes que freqüentam o ambulatório de acupuntura na cidade de

Franca. Mostrou ainda, que o procedimento realizado nestes pacientes é adequado para reverter o perfil de ansiedade

apresentado antes do atendimento. Fica demonstrada também, de maneira experimental e inequívoca, a qualidade do

atendimento prestado a população de pacientes que freqüentam o projeto acupuntura solidária na cidade de Franca.

Palavras Chave: Ansiedade, Acupuntura, IDATE-ESTADO.

Abstract: The anxiety is a phenomenon present in the modern society and it is generating of psychosomatic disturbances

one of the main ones. For the Chinese Therapeutic Philosophy, the emotions can hurt us from within outside, our

unbalance acupuncture meridians. This way, the control of the emotional answer becomes priority for we get the

wanted therapeutic effects. Thus, the objective of this work went verify the patients’ emotional profile that they

frequent the health clinic of acupuncture of IMES/IPES in the city of Franca, and still to verify this he modifies after the

attendance. They participated in this study 16 patient. For the determination of the emotional profile, before and after

ARTIGO ORIGINAL

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Introdução

Os distúrbios de ansiedade são as maisprevalentes desordens psiquiátricas. Sua prevalência,nos Estados Unidos, chega a quinze milhões de pesso-as por ano e cerca de 30 milhões de americanos mani-festarão ansiedade em algum momento de sua vida [1].

Para entendermos o fenômeno ansiedade de-vemos estudar inicialmente outro fenômeno, o medo.A simples análise do grande número de palavras queindicam ou provocam medo revela a importância des-te conceito em nossas vidas [2]. O medo, como todasoutras formas de emoções, é um legado evolutivo vitalcujo principal objetivo é dar chance ao organismo delivrar-se da situação que ameaça sua existência [3].Desta maneira, devemos visualizar o passado da hu-manidade, onde os animais adquiriram, ao longo dahistória evolutiva, estratégias comportamentais defen-sivas cada vez mais elaboradas. Os substratos neuraisdestas respostas comportamentais se desenvolveramem conseqüência da dificuldade, que os animais en-frentaram e enfrentam, diante de situações ambientaisaversivas que colocam em risco sua integridade e so-brevivência [4].

mento, luta ou fuga) são acompanhadas de in-tensas alterações fisiológicas. Durante o congelamentoocorrem piloereção, micção, defecação, exoftalmia,bater de dentes e irregularidade dos movimentos res-piratórios. Durante o estágio de luta ou fuga ocorreminúmeras alterações autonômicas como o aumento dasfreqüências cardíaca e respiratória, elevação da pres-são arterial e maior aporte sangüíneo para os músculosperiféricos [5].

Uma resposta patológica a este mecanismo, emgeral, pode ser diagnosticada como ansiedade. A ansi-edade, pode ser percebida como um sentimento demedo ou apreensão, freqüentemente sem justificaçãoclara. É distinta do medo verdadeiro, porque diferentedeste que surge em resposta a um perigo claro e atual,surge em resposta a situações aparentemente inócuasou é o produto de conflitos emocionais subjetivos [6].Quando aparece de modo persistente, intenso, crôni-co, ou ocorrendo periodicamente é considerada comoum sinal de uma desordem emocional. Quando a ansi-edade é evocada por uma situação específica ou obje-ta, é conhecida como uma fobia[7].

Existem muitas causas e explicações psiquiá-tricas para ansiedade. Sigmund Freud viu a ansiedade

* Endereço para correspondência: Instituto Paulista de Estudos Sistêmicos – IPES. Praça Boaventura Ferreira daRosa, 384, Jardin Sumaré. CEP 14025-459, Ribeirão Preto - SP. E-mail: [email protected]

the attendance, the anxiety scale, IDATE-STATE was used. That is a questionnaire validated by clinical works. Moments

before the accomplishment of the acupuncture, the patients answered individually to the questionnaire and they returned

her you answer him after the attendance, without access the previous answers. The data were divided in two groups,

before and after the session. For the evaluation of the results, a one way analysis of variance was used (ANOVA), the

difference between the groups was demonstrated through the test of Dunnett. 4 of the 16 patients just presented, in the

first evaluation, a ansiolitic profile. The other 12 patients presented a ansiogenic profile. After the acupuncture session,

the 16 patients presented a significative estatistic reduction in relation to the initial scores (F1,31: F23,54; P <0,05). In

that way, our work demonstrated that the anxiety is really a present factor in the patients that frequent the acupuncture

national health clinic in the city of Franca. It still showed, that the procedure accomplished in these patients is adapted

to revert the anxiety profile presented before the attendance. It is also demonstrated, in an experimental and unequivocal

way, the quality of the rendered attendance the patients’ population that you/they frequent the project solidary acupuncture

in the city of Franca.

Key Words: Anxiety, Acupuncture, IDATE-STATE.

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como a expressão sintomática do conflito emo-cional interno, causada quando uma pessoa suprimesuas experiências e sentimentos da consciência cons-ciente. A ansiedade também é vista como o resultadode ameaças ao ego ou a auto-estima de um indivíduo,como no caso de um inadequado desempenho sexualou no trabalho. Psicólogos comportamentais vêem aansiedade como uma resposta inadequada aprendidapara os eventos na vida real; a ansiedade produzida éanexada às circunstâncias circunvizinhas associadascom aquele evento, de forma que essas circunstânciasvêm ativar ansiedade independentemente da pessoa oudo evento gerador [8].

Uma desordem de ansiedade pode se desen-volver onde a ansiedade é administrada de maneira ina-dequada, caracterizando um continuo ou periódicoestado de ansiedade não restrita a situações definidasou objetos, sendo geralmente classificada como umapsiconeurose. A tensão freqüentemente é manifestadana forma de insônia, explosões de irritabilidade, agita-ção, taquicardia e medo de morte eminente. A fadiga éfreqüentemente resultado do esforço excessivo nogerenciamento do medo e da infelicidade. Ocasional-mente a ansiedade é manifestada em uma forma maisaguda e resulta em perturbações fisiológicasconcomitantes como náusea, diarréia, freqüênciaurinária aumentada, sensações sufocantes, pupilas di-latadas, sudorese e taquipinéia. Outros tipos de de-sordens ansiedade-relacionadas incluem hipocondria,histeria, desordens obsessivo-compulsivas, fobias eesquizofrenia [9].

Do ponto de vista econômico a redução deprodutividade e faltas no trabalho, associados ao tra-tamento (psiquiatria, psicologia, hospitalização, medi-cações, etc), as desordens de ansiedade geram umcusto extremamente elevado para o indivíduo ou parao estado [1]. Desta maneira, torna-se prioritário umamaximização das abordagens e uma redução dos altoscustos relacionados principalmente aos medicamentos.

Na Filosofia Tradicional Chinesa, a Acupunturatem sido utilizada a milhares de anos para tratar umagrande variedade de desordens [10]. De acordo com

as propostas tradicionais, os pontos de acupunturaestão localizados em pontos específicos dos canais oumeridianos de energia, nestes locais a agulha deacupuntura restabelece o fluxo de energia vital [11].Os meridianos de acupuntura, pela visão tradicional,são os responsáveis por todas as funções em nossoorganismo. Desta maneira, as emoções são reguladasespecificamente pelo balanço energético destesmeridianos [12].

Trabalhos mais recentes dão suporte ao con-ceito que a acupuntura ativa a liberação de opióidesendógenos no sistema nervoso central, interfere na ati-vação do sistema nervoso simpático, parassimpático ena manifestação somática das respostas autonômicasem nosso organismo [13].

Objetivo

Verificar o perfil comportamental, antes e apósas sessões de acupuntura, de pacientes que participamdo projeto acupuntura solidária na cidade de Franca.

Materiais e Métodos

Participaram deste estudo 16 pacientes que

freqüentavam o ambulatório de Acupuntura solidária

do curso de formação de especialistas em acupuntura

IPES/IMES Franca. Para a determinação do perfil

emocional, antes e depois do atendimento, foi utilizada

a escala de ansiedade IDATE – ESTADO [14].

Momentos antes da realização da sessão de

acupuntura, os pacientes responderam ao questioná-

rio individualmente e voltaram a responde-lo após o

atendimento, sem acesso ao questionário anteriormente

respondido.

A sessão de acupuntura transcorreu de acor-

do com a proposta traçada individualmente para cada

paciente. Nenhum dos tratamentos propostos visavam

enfocar, como meta principal, o perfil comportamental

destes pacientes.

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)

Os questionários foram divididos em dois gru-

pos, controle (antes) e tratamento (depois da sessão

de acupuntura).

Análise Estatística

As respostas dos questionários foram trans-formadas em números, e a pontuação obtida foi agru-pada nos grupos controle e tratamento. Para a avalia-ção dos resultados, utilizou-se uma análise de variânciauma via (ANOVA), quando se verificou a diferençaentre os grupos esta foi demonstrada através do testede Dunnett.

Resultados

Apenas 4 dos 16 pacientes apresentaram, naprimeira avaliação, um perfil ansiolítico. Os outros 12pacientes apresentaram um perfil ansiogênico. Após arealização da sessão de acupuntura, os 16 pacientesapresentaram uma redução estatisticamente significati-va em relação aos escores iniciais do questionário(F1,31: F23,54; P<0,05), o que representou uma re-dução do perfil ansiogênico previamente demonstra-do.

Discussão

A grande maioria dos trabalhos encontradosna literatura, enfatizam a acupuntura em abordagenspara a depressão e poucos para a ansiedade. Em umtrabalho recente, 8 pacientes foram tratados utilizan-do-se pontos específicos para a ansiedade, e em suaavaliação final, a melhora encontrada foi similar aos

pacientes que utilizavam benzodiazepínicos [15]. Ou-tros trabalhos com humanos também demonstraram di-minuição da tensão muscular [16], controle da perdade peso [17] e diminuição de cefaléias tencionais [18]associadas à ansiedade. Em ratos, a estimulação elé-trica de pontos específicos parece reduzir o estresseemocional [19, 20,21].

Nesse sentido, nossos dados estão em dire-ção os trabalhos citados acima, já que, os níveis deansiedade revelados pela escala utilizada se mostra-ram reduzidos após a sessão de acupuntura. Entretan-to, a diferença foi o tipo de proposta utilizada em nos-sos tratamentos, já que, não havia a preocupação di-reta em utilizar-se pontos que tivessem indicações paraeste tipo de distúrbio. Todas as propostas de trata-mento foram organizadas, objetivando-se a correçãoda disfunção energética, após uma completa avaliaçãodestes pacientes (pulsologia, cinco elementos, 8 prin-cípios, etc).

A utilização de pontos sem especificidade paraa ansiedade poderia ser uma crítica a este trabalho e,até mesmo, os efeitos de tratamento encontrados po-deriam estar sendo produzidos pelo fator relaxamen-to. O próprio procedimento de acupuntura é um pontopassível de crítica, já que os pacientes permaneceramdeitados por trinta minutos e este fato poderia então,justificar a diminuição de ansiedade detectada pela es-cala. Entretanto, em um estudo recente com música,onde os sujeitos (divididos em grupos) foram submeti-dos a 30 minutos de audição musical (diferentes esti-los), no período noturno em posição deitada, tambémnenhum tipo de resposta significativa foi encontrada nosvalores da escala de ansiedade pré e pós- audição. Degrande valor, é o fato que o grupo controle deste ex-perimento permanecia deitado pro trinta minutos semnenhum tipo de audição musical [22]. Desta maneira,acreditamos que o efeito verificado em nosso estudo,realmente possa ter sido produzido pelas agulhas deacupuntura em seus pontos específicos e não pelo sim-ples fato de poder permanecer deitado e relaxado.

Vale a pena mencionarmos também que, ne-nhum dos pacientes apresentava qualquer tipo de medoou receio frente ao procedimento de acupuntura utili-zado. Fato este verificado na avaliação inicial em que4 dos 16 pacientes apresentaram um perfil ansiolítico,tendo após seu tratamento um escore ainda maisindicativo de ausência de ansiedade do que no início.Para os 12 pacientes com perfil ansiogênico, não hou-ve nenhum tipo de agravamento deste padrão com aacupuntura. Acreditamos então, que a ansiedadeverificada nos 12 pacientes antes do tratamento, real-mente era uma desordem de ansiedade presente na

Fuzisawa et al. /

ESCALA DE ANSIEDADE - IDATE.

0

10

20

30

40

50

60

70

PON

TU

ÃO

Controle

Tratamento

*

Figura 1 - Gráfico das médias dos valores obtidos com osquestionários antes (controle, coluna branca) e após (trata-mento coluna riscada em preto) a sessão de acupuntura. Ascolunas representam a média e as barras ± o erro padrão damédia. *p<0,05 teste de Dunnet.

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)vida destes sujeitos.Acreditamos então, que os resultados obtidos

se deram pela reorganização das possíveis disfunçõesenergéticas que cada paciente em particular deveriaapresentar. Fato este, completamente embasado pelopróprio conceito da não existência de patologia massim de organismos em desequilíbrio. Ainda, devemoslembrar que os 5 Shen estão distribuídos uniformementepelos 5 elementos e desta maneira podem seinterinfluenciar [12].

Não podemos é claro deixar de manifestar anecessidade de outros trabalhos, que façam acompa-nhamentos prolongados das respostas pré e pós-acupuntura e que utilizem outras formas de avaliação,para que posamos traçar o perfil emocional sobre avisão das mais variadas linhas psicológicas e realmenteentender como se processa a modificação do perfilcomportamental nestes indivíduos submetidos àacupuntura.

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SEÇÃO CIENTÍFICA

ARTIGOS INÉDITOS

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS ACUPUNTURISTAS VOLUME 1 - NÚMERO 3 JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2004

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EFEITOS DIFERENCIAIS DA ACUPUNTURA AURICULAR EMPACIENTES COM SOBREPESO CORPÓREO SUBMETIDOS A

CINESIOTERAPIA AERÓBICA SISTÊMICA

Mello, M.C.1; de Souza, L.P.2; Bósio, P.C.3 e de Araujo, J.E.4*

1Fisioterapeuta, aluna do curso de formação de especialistas em acupuntura IPES/IMES Franca.2 Fisioterapeuta, aluno do curso de formação de especialistas em acupuntura IPES- Ribeirão Preto.

3 Fisioterapeuta, docente do curso de fisioterapia da UNIFRAN, responsável pela Fisioterapia do HospitalBeneficiência Portuguesa- Ribeirão Preto-SP.

4 Fisioterapeuta, especialista em Acupuntura, Mestre e Doutor em Ciências- Área de Psicobiologia-USP/RP,Diretor de Ensino e Pesquisa em Acupuntura do IPES- Ribeirão Preto – SP, Presidente SOBRAFISA-SP.

Recebido em 20 de abril, aceito 03 de maio.

Resumo: A obesidade é considerada uma doença crônica de etiologia multifatorial, além de ser um importante fator

de risco para patologias graves, atualmente devendo ser considerada como uma epidemia mundial. Na maioria das

vezes, a obesidade vem associada a disfunções comportamentais e emocionais, onde podemos destacar a ansiedade,

como sendo o distúrbio emocional mais freqüente nesses casos. O objetivo desse trabalho foi verificar a seletividade

de efeitos de pontos auriculares utilizados para controle do apetite e para controle da ansiedade, associados a um

programa com atividade aeróbia sistêmica em pacientes com obesidade moderada. Ainda, verificar a eficácia de

ambas as propostas para o controle e perda de peso. Participaram deste estudo 10 sujeitos com faixa etária entre 63±

8 anos, havendo proporcionalidade para ambos os sexos. Todos os sujeitos apresentavam sobrepeso com Índice de

Massa Corpórea (IMC) entre 31 e 39,5. Todos os participantes passaram pelo procedimento de pesagem e mensuração

do perfil glicêmico em jejum. Para avaliação do perfil ansiogênico, foi utilizado o Inventário de Ansiedade Traço-

Estado (IDATE). Estes procedimentos aconteceram semana a semana, durante 4 semanas. Os sujeitos foram divi-

didos em 2 grupos: pontos auriculares para controle de ansiedade e pontos auriculares para perda de peso. O proce-

dimento de acupuntura auricular foi iniciado no mesmo momento que a cinésioterapia e ambos foram mantidas por 4

semanas. Para o grupo ansiedade, não encontramos nenhum tipo de alteração significativa para os dados do Idate I

(P = 0,17), Peso (P= 0,97) e glicemia (P= 0,59). Para os dados referentes à escala de ansiedade Idate II, observamos

uma redução significativa para os valores obtidos na primeira semana em relação à quarta (P> 0,05). Para o grupo

perda de peso, não obtivemos nenhuma alteração significativa para os dados obtidos com a escala de ansiedade Idate

I (P = 0, 58), Idate II (P = 0,15) e peso (P= 0,90). Já para o perfil glicêmico, houve uma diminuição significativa do

primeiro dia em relação ao 4o. dia de aferição (P<0,05). Nossos dados sugerem uma ativação bastante seletiva para

ambos os grupos. Este perfil de ativação foi suficiente para o controle da ansiedade. Novos trabalhos são necessários

com o objetivo de se verificar a interação de pontos para ansiedade e obesidade.Da mesma maneira que outros

pontos podem ser listados para o tratamento da obesidade, devendo esta seleção ser dependente da avaliação indivi-

dual de cada paciente.

Palavras Chave: Obesidade, Acupuntura Auricular, Ansiedade.

ARTIGO ORIGINAL

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Introdução

A obesidade é considerada uma doença crô-nica, apresentando etiologia multifatorial, entre eles:fatores genéticos, ambientais, fisiológicos, culturais ecomportamentais. Estes fatores podem afetar o desen-volvimento e a manutenção da obesidade [1]. Estadisfunção é um importante fator de risco para patolo-gias graves, como a diabetes, doençascardiovasculares, hipertensão, distúrbios reprodutivosem mulheres, alguns tipos de câncer e problemas res-piratórios [2]; atualmente deve ser considerada umaepidemia mundial [3]. Um indivíduo é consideradoobeso quando seu peso corporal se encontra 20 %acima do seu peso desejável. Estudos sugerem quemesmo um pequeno sobrepeso de 5 %, aumenta orisco para doenças graves [4]. O consenso do National

Abstract: The overweight is considered a chronic disease, besides being an important risk factor for serious patholo-

gies, now should be considered as a world epidemic. Most of the time, the obesity comes associated to behavior

dysfunction, where we can highlight the anxiety, as being the more frequent emotional disturbance in those cases.

The goal of that work went verify to selective effect of auriculotheraphy points used for control of the appetite and

for control of the anxiety, associated to a program with sistemics aerobics activity in patients with moderate obesity.

Still, to verify the effectiveness of both proposals for the control and weight loss. Participated of this study 10 subject

with age group between 63±8 years, having proportionality for both sexes. All the subjects presented overweight with

Index of Corporal Mass (IMC) between 31 and 39,5. All the participants went by the procedure of measure of weight

and the glicemic profile. For evaluation of the ansiogenic profile, a anxiety Inventory was used (IDATE). These

procedures happened week the week, for 4 weeks. The subjects were divided in 2 groups: auricular points for anxiety

control and for weight loss. The procedure of auricular acupuncture was begun in the same moment that the

cinesiotheraphy and both were maintained by 4 weeks. For the anxiety group, we didn’t find any type of significant

alteration for Idate I data (P = 0,17), Weigh (P = 0,97) and glicemic (P = 0,59). For the referring data to the anxiety

scale Idate II, we observed a significant reduction for the values obtained in the first week in relation to Wednesday

(P> 0,05). For the group weight loss, we didn’t obtain any significant alteration for the data obtained with the anxiety

scale Idate I (P = 0, 58), Idate II (P = 0,15) and weigh (P = 0,90). Already for the glicemic profile, was a significant

decrease of the first week in relation to the four week (P <0,05). Our data suggest a quite selective activation for both

groups. This activation profile was enough for the control of the anxiety. New works are necessary with the objective

of verifying the interaction of points for anxiety and overweight. Just as other points can be striped for the treatment

of the obesity, owing this selection to be dependent of the individual evaluation of each patient one.

Key Words: overweight, auricular acupuncture, anxiety.

* Endereço para correspondência: Instituto Paulista de Estudos Sistêmicos – IPES. Praça Boaventura Ferreira daRosa, 384, Jardin Sumaré. CEP 14025-459, Ribeirão Preto - SP. E-mail: [email protected]

Institutes of Health – NIH, caracteriza o Indíce deMassa Corpórea (IMC) maior ou igual a 40 Kg/mcomo sendo o de uma obesidade severa e de 35 a 40Kg/m como morbidade grave [5]. Segundo estatísti-cas apresentadas pela National Health and NutritionSurveys – NHANES, nos Estados Unidos da Améri-ca (EUA) aproximadamente 50% da população seencontra acima do peso, a alimentação desregrada e avida sedentária contribuem para aproximadamente300.000 mortes por ano [6].

O comportamento alimentar é monitorizadopelos mecanismos fisiológicos, periféricos e centrais queatuam de maneira sincronizada. O mecanismo centralresponsável por controlar o comportamento alimentaré caracterizado pela Regulação Hipotalâmica, que exer-ce controle na regulação do apetite através de doisnúcleos hipotalâmicos: Ventro Medial (HVM), chama

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tudos clínicos e pesquisas laboratoriais indicam que omaior determinante do comer emocional é sua habili-dade para reduzir emoções negativas como a raiva, adepressão, a solidão e a ansiedade [17].

A ansiedade é caracterizada como sendo umsentimento vago e desagradável de medo, apreensão,caracterizado por tensão ou desconforto derivado deantecipação do perigo, de algo desconhecido ou es-tranho [18,19]. Freqüentemente é acompanhada poruma ou mais sensações físicas, tais como: aumento dapressão arterial, da freqüência cardíaca, da respira-ção, urgência de micção ou defecação, a inquietação eo desejo de movimentar-se é também comum [20]. Odistúrbio ansiedade passa a ser reconhecido comopatológico quando se apresenta exagerado, despro-porcional em relação ao estímulo, interferindo na qua-lidade de vida, no conforto emocional ou no desempe-nho diário do indivíduo [15]. Tais reações exageradasao estímulo ansiogênico se desenvolvem, maiscomumente, em indivíduos com uma predisposiçãoneurobiológica herdada [21,22].

Nos dias de hoje, dado o alto grau de estressede origem pessoal, social e econômica, as prescriçõesde drogas ansiolíticas superam as de quaisquer outrosagentes terapêuticos. Estima-se que a prevalência daansiedade na população em geral se situe na faixa de15 % a 20 % [23]. Podemos distinguir a ansiedadeem dois tipos: a ansiedade estado e a ansiedade traço.A primeira denota um estado emocional transitório oucondição caracterizada por sentimentos de tensão,apreensão e um pico na atividade do sistema nervosoautônomo que provoca descargas fisiológicas comotaquicardia, distúrbios na respiração, inquietação e suor. Já a ansiedade traço, mostra a estrutura da persona-lidade do indivíduo, refere-se à diferenças individuaisde pré disposição à ansiedade, ou seja, diferentes dis-posições para perceber com bastante alcance os estí-mulos de situações como sendo perigosos ou ameaça-dores e a tendência para responder a cada ameaçacom reações na ansiedade estado [20]. Estudos mos-tram que há uma associação positiva entre a ansiedadee os distúrbios alimentares, e alguns desses estudosmostram que o distúrbio da ansiedade precede um dis-túrbio alimentar [24,25].

Mello et al. /

do de centro da saciedade e o Lateral (HL),conhecido como centro da fome. Sendo assim, quan-do o peso corporal está abaixo ou acima do valor de-sejável um sinal de erro é gerado no hipotálamo acio-nando os elementos controladores (comportamental,endócrino e autonômico) ocorrendo desta forma umajuste do sistema [7]. O mecanismo periférico respon-sável por controlar o comportamento alimentar é ca-racterizado por respostas alteradas a estímulos senso-riais. A secção de determinados nervos, tais como otrigêmeo, provoca a abolição dos impulsos sensoriaisda face e da boca, perturbando assim o comporta-mento alimentar [8].

Já em relação aos mecanismos Fisiológicos,destacam se: os níveis plasmáticos de glicose, onde nafase absortiva os níveis de glicose estão aumentadosocorrendo a sensação de saciação e na fase pósabsortiva os níveis de glicose estão baixos, provocan-do a sensação de fome; efeitos hormonais, onde vári-os hormônios esteróides, sexuais, glucagon, insulina ehormônio do crescimento afetam o comportamentoalimentar; controle externo: o comportamento alimen-tar é ativado por sinalizadores como aspecto, odor esabor dos alimentos; neuroquímica: participação deneuropeptídeos, catecolaminas e mecanismosserotoninérgicos no controle do comportamento ali-mentar.

Achado recente, sugere que a contribuição ge-nética para a obesidade é considerável [9]. É impor-tante notar, no entanto, que a vulnerabilidade genéticaà obesidade pode expressar-se em maior ou menorgrau, dependendo das condições ambientais, e que oponto de regulagem do peso pode ser influenciado poresses fatores [10].

Os fatores emocionais também contribuem parao aparecimento da obesidade dificultando o tratamen-to [11,12]. Sintomas de depressão e ansiedade os quaisagravam outras condições, são bastante comuns, eestão presentes em torno de 30% a 50 % nos pacien-tes obesos [11,12,13,14]. Desta maneira, os fatoresemocionais podem também interferir de maneira im-portante para o surgimento e manutenção da obesida-de, desde que, o comer por motivos emocionais é al-tamente prevalente em indivíduos obesos [15,16]. Es-

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Dada a multiplicidade de etiologias, de pro-blemas médicos e psicológicos a ela associados; da-das as diferentes dietas existentes e aos padrões cultu-rais de ideal de magreza, é importante haver uma ava-liação e uma decisão fundamentada para inicia um pro-grama de perda de peso.

Fisioterapeutas utilizam a atividade físicaaeróbia sistêmica de média intensidade e longa dura-ção, como um método auxiliar para perda de peso, eem longo prazo tem a vantagem de contribuir para amanutenção, além dos demais benefícios para a saúde[2]. Estes benefícios podem interferir nos fatores derisco cardiovasculares, no aumento do fluxo sanguíneomuscular, na diminuição dos níveis plasmáticos decolesterol e triglicerídeo, na redução da perda de mas-sa óssea, na melhora da capacidade cardiorespiratóriae músculo articular entre outros [26,27]. Durante a re-alização da atividade física, as gorduras podem ofere-cer 50 % ou mais das necessidades energéticas, sendoconsiderada como sendo a principal fonte de energia,onde primeiramente ela é hidrolisada em ácidos graxose glicerol, os quais são transportados para os tecidosativos. O glicerol sofre transformações e é imediata-mente aproveitado como fonte energética, já os áci-dos graxos sofrem primeiro a degradação dentro dascélulas, especificamente na mitocôndria. Em um pro-cesso denominado beta oxidação, as moléculas deácidos graxos são transformadas em Acetil-CoA, queem seguida são transformadas em energia no ciclo deKrebs [11].Outra opção terapêutica, utilizada pelos fisiote-rapeutas é acupuntura. Esta técnica é na verdade,um sistema terapêutico complexo usado na Chi-na a mais de 5000 anos [28].

Tradicionalmente a acupuntura é utiliza-da como forma de tratamento de várias doençaspela Filosofia Oriental [29]. Han [30] discute quea acupuntura acelera a síntese e liberação deserotonina e noradrenalina no Sistema NervosoCentral. Outros autores, sugerem que somente aliberação de serotonina é relevante [31] e que oaumento da liberação do Ácido Gama AminoButírico (GABA) também pode desempenhar um

papel importante [32]. Os Neurotransmissorestambém podem agir perifericamente [33], redu-zindo os sintomas de ansiedade através da inibi-ção da atividade do sistema nervoso simpático.Além da acupuntura sistêmica, a acupunturaauricular utiliza pontos específicos no pavilhãoauricular para avaliação e tratamento dasdisfunções orgânicas, emocionais e dores emgeral. A rica inervação do pavilhão auricular, pro-porciona substrato neural para a obtenção de re-sultados terapêuticos obtidos por esta forma deacupuntura [34].

É bem conhecido que a estimulação depontos auriculares específicos é bastante utili-zada no tratamento de dependentes de drogas,alcoolismo e obesidade [35,36].

Objetivo

O objetivo desse trabalho foi verificar aseletividade de efeitos de pontos auriculares uti-lizados para controle do apetite e ansiedade, as-sociados a um programa com atividade aeróbiasistêmica em pacientes com obesidade modera-da. Ainda, verificar a eficácia destas diferentespropostas para o controle e perda de peso.

MATERIAIS E MÉTODOS

Sujeitos

Participaram deste estudo dez pacientes comquadro de obesidade moderada, apresentando Índicede Massa Corporal (IMC) de 31 a 39.5 kg/m, perten-centes ao setor de Clínica Geral e Endocrinológica daclínica-escola da Universidade de Franca-UNIFRAN.A amostra foi constituída com homogeneidade entreos sexos, com média de idade entre 63 ± 8 anos.

Os sujeitos foram divididos aleatoriamente emdois grupos: pontos para a ansiedade e pontos paraperda de peso. Todos os pacientes receberam fisiote-rapia intensiva com a realização da cinesioterapiaaeróbia sistêmica (CAS) durante todo o tratamento.

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Procedimento de Acupuntura Auricular

Os procedimentos de acupuntura auricular fo-ram realizados antes do início das sessões de fisiotera-pia, durante quatro semanas consecutivas. Foram utili-zadas agulhas descartáveis de 1,5 mm (Aron Ding),utilizando como auxílio para a inserção uma pinça e umaplicador magnético. Para melhor fixação das agulhasno pavilhão auricular, foi utilizada uma fita antialérgicamicropore cor da pele (3M). As agulhas foram inseridasnos pontos auriculares, unilateralmente, trocadas parao pavilhão auricular oposto semanalmente a partir doprimeiro dia de aplicação. Para todos os pacientes otratamento teve início na orelha direita. Os pontosauriculares utilizados para ansiedade foram: Shen-men(ponto de intersecção da fossa triangular), ponto zero(depressão encontrada logo à frente da raiz da hélice),valium (borda facial externa da goteira anti-tragal), ca-deia da regulação metabólica e emocional (três pontosem uma linha reta entre o limite da cauda da hélice e olóbulo) e coração (centro da concha cava). Os pontospara a perda de peso foram: boca (concha cava, abai-xo do ramo acedente da hélice e a frente do ângulosuperior do meato acústico), estômago (posterior a raizda hélice), rim (concha cimba, abaixo do ramo inferiorda anti-hélice, em uma linha reta com o ponto zero),simpático (ramo inferior da ante-hélice), ponto da fome(trago), pulmão (concha cava) e hipotálamo (entre aconcha cava e a parede interna do anti-trago).

Protocolo de Cinesioterapia AeróbiaSistêmica

Todos os pacientes foram submetidos acinesioterapia aeróbia sistêmica de média inten-sidade e longa duração. A freqüência cardíaca detodos os pacientes foi monitorada durante todaa sessão, utilizando-se um frequencímetro (Po-lar), não ultrapassando a freqüência cardíaca alvo,que foi estabelecida com a realização prévia deum teste ergométrico. A pressão arterial e a es-cala de Borg, foram avaliadas de cinco em cinco

minutos. O tempo total de tratamento foi de cin-qüenta minutos, sendo que, nos primeiros cincominutos iniciais e finais foram realizados alon-gamentos musculares. A quantidade de cargaestabelecida durante a realização dos exercíciosnão foi padronizada, essa quantidade foi aumen-tada ou diminuída de acordo com as condiçõesfísicas apresentadas por cada paciente durante asessão.

Protocolo de Aferição de Peso

Para a análise do peso corporal foi utili-zada uma balança da marca Filizola. Todos ospacientes foram pesados semanalmente antes doinício de cada sessão.

Protocolo de Aplicação das Escalas deAnsiedade

O instrumento utilizado para avaliar o ní-vel de ansiedade foi o IDATE – Inventário deAnsiedade Traço-estado. Este teste psicométricoconsiste em duas escalas de auto relatório, ela-boradas para avaliar qualitativamente os dois con-ceitos distintos de ansiedade. Os questionáriosTraço e Estado são compostos por 20 perguntascada. As notas variam de 0 a 80. Para uma baixaansiedade = 0 a 29; média baixa ansiedade = 30 a39; média ansiedade = 40; média alta = 41 a 50 emuito alta ansiedade = 51 a 80. Neste trabalho,para o diagnóstico da ansiedade Traço foi basea-do em média de 35 pontos, já para a ansiedadeEstado, foi baseado em média de 50 pontos. Nototal foram aplicados cinco questionários, sen-do que o primeiro objetivou a inclusão dos paci-entes que apresentavam o quadro de ansiedade, eos outros quatro questionários foram para avali-ar os níveis crescentes ou decrescentes da ansi-edade. Os questionários foram aplicados sema-nalmente, de maneira individual, antes do iníciodas seses.

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Soc. Bras. Fis. Acup.1:3 (2004)Mello et al. /

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a realização da análise estatística,todos os dados foram agrupados semana a sema-na. Utilizamos o teste em t para a comparação daavaliação inicial (controle) com o último dia detratamento (avaliação final). Probabilidade esta-tística significativa aceita P<0,05.

RESULTADOS

Tabela 1- Resultado inicial e pós- tratamento com acupuntura

auricular e cinésioterapia aeróbica sistêmica sobre os valores

do questionário de ansiedade Idate traço. * P<0,05.

Tabela 2 - Valores do perfil glicêmico no início e após

acupuntura auricular somada a cinésioterapia aeróbica

sistêmica. *P<0,05.

Grupo ansiedade: Não encontramos ne-nhum tipo de alteração estatisticamente signifi-cativa para os dados do Idate I (P = 0,17), Peso(P= 0,97) e glicemia (P= 0,59). Para os dadosreferentes à escala de ansiedade Idate II, obser-vamos uma redução estatisticamente significa-tiva para os valores obtidos na primeira semanaem relação à quarta (P> 0,05) (Figura 1).

IDATE TRAÇO

0

10

20

30

40

50

60

70

Avaliação Inicial Avaliação Final

*

PERFIL GLICÊMICO

0

20

40

60

80

100

120

*

AvaliaçãoFinal

Grupo perda de peso: Não encontramosnenhuma alteração estatisticamente significativapara os dados obtidos com a escala de ansiedadeIdate I (P = 0, 58), Idate II (P = 0,15) e peso (P=0,90). Já para o perfil glicêmico, houve uma di-minuição significativa da primeira em relação àquarta semana de aferição (P<0,05) (Figura 2).

Discussão

A tentativa de emagrecer e manter os ní-veis ideais de peso é uma tarefa difícil, que exigemuito do indivíduo, pois envolve toda uma mu-dança de hábitos alimentares. O regime, e de umamaneira geral, os protocolos de atividade física,também podem ter influência nos fracassos ereincidivas de aumento de peso, pois estes po-dem gerar várias conseqüências adversas, como:ansiedade, depressão, fraqueza e irritabilidade[37]. Entretanto, diversos trabalhos já evidencia-ram os benefício da cinésioterapia aeróbicasistêmica nos mais variados sistemas do organis-mo humano [38]. E mais recentemente, os me-canismos fisiológicos pelos quais a acupunturaauricular produz seus efeitos no organismo es-tão sendo elucidados [39].

Em nosso estudo, os pacientes além dosobrepeso, também estavam enquadrados em es-tados de ansiedade, como revelou as escalas Idatetraço e Idate estado. Não podemos apontar qualfator surgiu primeiro, se a obesidade ou a ansie-dade, entretanto, esta associação se apresenta emfreqüência cada vez mais aumentada. Neste sen-tido, em um outro estudo realizado no Institutode Psicologia da Universidade Federal do RioGrande do Sul, em uma amostra de 120 sujeitos,verificou-se através do Inventário de AnsiedadeTraço – Estado (IDATE), que os indivíduos obe-sos apresentam maior ansiedade do que indivídu-os não obesos, com uma maior prevalência da an-siedade-traço [40]. Este fato, mais uma vez, nosleva ao questionamento se a situação ansiogênicade estar obeso e a busca de um emagrecimentoefetivo está sendo revelada, ou se estes indivídu-os já eram ansiosos antes do aumento de peso

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corpóreo. Foi relatado por oito, dos dez paci-entes que participaram do nosso estudo, quequase sempre preferem ter que evitar enfren-tar crises ou problemas, isolando-se em seuspróprios mundos, ficando deprimidos e irrita-dos consigo mesmos. Estudos clínicos e pes-quisas laboratoriais determinaram que os in-divíduos obesos muitas vezes, utilizam a co-mida para tentar diminuir suas emoções nega-tivas como: a raiva, a ansiedade, hostilidade e/ou para tentar compensar insatisfações espe-cíficas ou gerais com a vida [1,17]. Nesses es-tudos, os sujeitos obesos demonstraram estarconvencidos que obtinham algum alívio da an-siedade ou de alguma frustração por comer.Desta maneira, o comer em excesso pode serutilizado como uma tentativa de minimizar pro-blemas ou de trazer tranqüilidade, porém istopode gerar outras conseqüências adversasoriundas da situação de ser obeso.

Nossos dados revelam uma associação en-tre a obesidade e o quadro de ansiedade, principal-mente em relação à ansiedade traço. Este perfil semodificou no final de 4 semanas para o grupoacupuntura auricular que utilizou pontos para a ansi-edade (Figura1) e cinésioterapia aeróbica sistêmica.A redução da ansiedade se revelou por uma pontu-ação menor na escala de ansiedade Idate-traço. Aatividade física e os pontos auriculares, apenas pon-tos para controle da resposta emocional, podem termodificado os níveis de ansiedade apresentados pelospacientes [41,42]. Já para o grupo em que utiliza-mos apenas pontos auriculares para perda de peso,não verificamos nenhum tipo de alteração significa-tiva em relação aos níveis de ansiedade do grupoexperimental. De fato, os pontos auriculares pare-cem gerar uma ativação seletiva nas estruturas or-gânicas [43]. Por outro lado, é sabido que a ativida-de aeróbica sistêmica pode induzir a liberação deopióides endógenos, o que deveria interferir de ma-neira positiva na redução da ansiedade destes paci-entes em que não utilizamos pontos para ansiedade[44]. Entretanto, um dos fatores que podem ter in-fluenciado negativamente este mecanismo foi o tem-po máximo de 30 minutos atividade aeróbica, em

função dos procedimentos de alongamento muscular.Em relação à perda de peso, durante a realiza-

ção da atividade física, as gorduras podem oferecer 50% ou mais das necessidades energéticas, sendo consi-derada como sendo a principal fonte de energia, ondeprimeiramente ela é hidrolisada em ácidos graxos eglicerol, os quais são transportados para os tecidos ati-vos. O glicerol sofre transformações e é imediatamenteaproveitado como fonte energética, já os ácidos graxossofrem primeiro a degradação dentro das células, espe-cificamente na mitocôndria. Em um processo denomi-nado beta oxidação, as moléculas de ácidos graxos sãotransformadas em AcetilCoA, que em seguida são trans-formadas em energia no ciclo de Krebs [11]. A respos-ta metabólica ao exercício, pode resultar em um aumentoda sensibilidade celular em relação à ação insulina, oque promove a baixa da glicemia. Esta modificaçãoglicêmica, pode ser observada antes e depois das ativi-dades físicas [45]. Alem da atividade física, um recentetrabalho [29] demonstrou que pontos auriculares po-dem aumentar a liberação de insulina, e desta maneiratambém reduzindo o perfil glicêmico. Em nosso estudo,este perfil de diminuição glicêmica também foi observa-do para o grupo pontos auriculares para perda de peso(Figura 2). Acreditamos que os pontos auriculares te-nham tido um papel de extrema importância nos indiví-duos deste grupo, já que, no grupo pontos para ansie-dade o perfil glicêmico não se alterou. De maneira opos-ta, já que em nosso trabalho não verificamos a reduçãode peso corpóreo em ambos ou grupos, a estimulaçãoelétrica dos pontos shen-men e estômago, após quatrosemanas reduziu o peso corpóreo de sujeitos comsobrepeso [46], e a estimulação do ponto hipotálamoem ratos também produz o mesmo padrão de resposta[29]. Acreditamos então, que a intensidade deestimulação tenha sido o diferencial destes trabalhos,que utilizaram estimulo elétrico, em relação ao nossoem que apenas foi solicitado aos pacientes que realizas-sem uma pressão manual em suas agulhas.

Nossos dados sugerem uma ativação bas-tante seletiva para ambos os grupos. Este perfilde ativação foi suficiente para o controle da ansi-edade. Entretanto, para a redução da obesidade,por se tratar de uma disfunção com grande asso-ciação com a ansiedade, acreditamos que o ideal

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seria a combinação de pontos. Novos trabalhossão necessários com o objetivo de se verificar ainteração de pontos para ansiedade e obesidade.Da mesma maneira que outros pontos podem serlistados para o tratamento da obesidade, deven-do esta seleção ser dependente da avaliação in-dividual de cada paciente.

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