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Doenças relacionadas com a água

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    CAPITULO II

    DOENAS RELACIONADAS COM A GUA

    2.1 -INTRODUO A gua pode ser veculo de vrias doenas, reunidas

    em dois grupos: - doenas de transmisso hdrica - doenas de origem hdrica As primeiras so aquelas em que a gua atua como

    veculo propriamente dito do agente infeccioso, como no caso da febre tifide, da disenteria, etc.; as segundas so aquelas causadas pr substncias - chamadas pr alguns de CONTAMINANTES txicos - contidas na gua em concentraes excessivas e que do origem a doenas como a fluorose, a metemoglobinemia, o plumbismo (1) Tc, sendo que ainda neste caso, a gua atua como verdadeiro meio de transporte daquelas substncias.

    2.2 - DOENAS DE TRANSMISSO HDRICA So doenas infecciosas que tm na gua o seu meio de

    propagao pr excelncia. Apesar de poderem ser tambm veiculadas pelo leite e alimentos em geral a sua transmisso pela gua mais importante e perigosa porque de uso geral e abundante. Os demais agentes de disseminao atingem um menor nmero de indivduos.

    As doenas de transmisso hdrica caracterizam-se, principalmente, pr distrbios do trato gastrointestinal . Os microorganismos que as causam so eliminados com os excretas (fezes e urina) de pessoas ou de animais infectados e , tambm , dos chamados "portadores".

    Portador a pessoa ou animal que no apresenta sintomas clinicamente reconhecveis de uma determinada doena transmissvel, mas que alberga, em algum esconso do organismo, o microorganismo responsvel. Do ponto de vista da sade pblica, os portadores so mais perigosos do que os casos clnicos, porque, geralmente, nos primeiros a infeo passa despercebida.

    A eliminao dos parasitas para o meio exterior pelo portador pode ser contnua ou intermitente e pode durar pr tempo maior ou menor.

    Dada a sua relao com os excretas, as doenas de transmisso hdrica tambm so chamadas de doenas da imundcie.

    Os microorganismos patognicos responsveis pr essas doenas chegam acidentalmente gua - que no o seu ambiente biolgico natural - e nela, via de regra, no se reproduzem e sobrevivem pouco tempo. A gua se constitui, meramente, em agente mecnico de transporte.

    Geralmente, o processo de transmisso se verifica como se segue: as fezes e urina do doente ou portador crnico que no foram tratadas convenientemente so carregadas pr meios vrios, inclusive pelas chuvas, para os rios, poos, ou outras fontes de abastecimento de gua que, assim, se prestam a disseminao da doena entre os consumidores.

    As doenas que comumente se consideram de transmisso hdricas so a febre tifide, a febre paratifoide, a disenteria amebiana, a disenteria bacilar, a clera-morbo e as

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    gastroenterites, mas existem, ainda, outras das quais se suspeita que sejam transmitidas atravs da gua. o caso da hepatite infecciosa ou ictercia infecciosa, uma virose que pode ser transmitida pela gua, principalmente , em condies sanitrias insatisfatrias, como parecem indicar algumas observaes feitas. Uma grande epidemia dessa afeco atingiu, nos anos de 1955 e 1956, a dezenas de milhares de pessoas em Deli, na ndia, e que consta ter sido causada pela gua de abastecimento pblico apesar desta estar submetida ao processo clssico de potabilizao.

    Tambm a tularemia (febre do coelho), uma doena pestiforme, apesar do bacilo causador, a pasteurella tularensis, ter sido encontrado em cursos d' gua, no oferece evidncia de ser propagada pela gua. O mesmo se pode dizer da poliomielite ou paralisia infantil apesar do vrus causador ter sido isolado de esgotos. A esquistossomose, uma verminose cujas larvas penetram pela pele dos indivduos que se banham em guas por elas invadidas , no constitui doena de veiculao hdrica. E, por fim, a tuberculose no apresenta nenhuma prova concludente para considerar-se doena hdrica, apesar do bacilo responsvel ter sido identificado em esgotos. Isto porque as doenas citadas no satisfazem os critrios epidemiolgicos das doenas hdricas.

    Segundo Kenneth F. Maxey , para uma doena ser considerada de transmisso hdrica deve preencher quatro critrios:

    1 - A doena deve coincidir com condies sanitrias no satisfatrias.

    2 - A incidncia da doena deve diminuir quando so realizados melhoramentos sanitrios no abastecimento.

    3 - A incidncia da doena deve crescer em ritmo de epidemia quando o abastecimento for submetido a uma poluio temporria ou quando o tratamento for interrompido.

    4 - A incidncia da doena deve ser maior entre os indivduos que usam um abastecimento suspeito do que entre aqueles que usam outros abastecimentos semelhante ao primeiro, mas, havidos como salubres.

    2.3 - DOENAS DE ORIGEM HDRICA: Os contaminantes txicos que do origem a esta

    espcie de doenas do de quatro tipos: a) Contaminantes naturais de uma gua que esteve

    em contato com formaes minerais venenosas. So , pois, contaminantes minerais entre os quais se encontram compostos de flor de arsnico e de boro;

    b) Contaminantes introduzidos na gua pelo contato com certos materiais hidrulicos (principalmente tubos metlicos) ou de prticas inadequadas no tratamento da gua. so contaminantes minerais resultantes da corroso de tubulaes metlicas, principalmente, por gua mole ou que contm teores maiores de anidrido carbnico, sendo que os que derivam do chumbo so os nicos de toxidez comprovada e efeito cumulativo.

    Os compostos de cobre, zinco e ferro, mesmo em pequenas concentraes , emprestam gua um sabor metlico caracterstico e so responsveis por certos distrbios em

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    determinadas operaes industriais. O tratamento da gua com compostos qumicos, para coagulao, desinfeo, controle de corroso ou destruio de algas pode ser fonte potencial de contaminao por unidades residuais desses compostos.

    c) Contaminantes naturais de uma gua na qual se desenvolveram determinados microorganismos venenosos. So contaminantes orgnicos, como as substncias txicas liberadas pelas algas azul-esverdeadas, em certas guas de superfcies.

    d) Contaminantes introduzidos em cursos d'gua por certos despejos industriais.

    2.4 - DEFEITOS FISIOLGICOS DOS CONSTITUINTES QUMICOS DA GUA As guas naturais contm, dissolvidas, em pequenas

    propores, sais minerais vrios que podem ser utilizados pela economia dos organismo vivos.

    No obstante, , principalmente, atravs da alimentao que o corpo humano satisfaz sua demanda nutricional de sais minerais, de vez que as guas naturais, mesmo as fartamente mineralizadas, constituem por si s fonte alimentar insuficiente.

    A gua deve ser considerada como mero suplemento da dieta , destinando-se, precipuamente, manuteno do teor de unidade de que o organismo necessita (60%, em peso, do corpo humano gua).

    Contudo, a observao tem mostrado que a concentrao mineral das guas naturais influem, de maneira significativa, na constituio dos vegetais cultivados em reas por elas irrigadas. , assim , que guas muito moles, deficientes em clcio, denunciam solos carentes desse metal, nas regies em que elas circulam, e a conseqente deficincia dos mesmos nos vegetais.

    Neste particular, mais decisiva ainda para a composio qumica dos cultivos, o teor de iodo da gua, que quando inferior concentraes desejveis do ponto de vista nutricional, determina o surto do bcio endmico (2) entre os habitantes da rea interessada.

    Finalmente, para citar mais um exemplo, considere-se o caso do flor. Esse metalide existe em concentrao muito pequena nas guas naturais e no solo dos quais extrado plos vegetais. Teores nulos ou muitos reduzidos desse elemento nas guas de uma regio se retratam na crie dental endmica, e teores excessivos, na fluorose dental, tambm endmica.

    Efeitos fisiolgicos dos constituintes minerais da gua se revelam quando da mudana de gua, nos consumidores que se deslocam dos seus domiclios para outras localidades cujas guas apresentam composio mineral diversa. Consistem de suaves diarrias ou constipao. Tais manifestaes corporais so devidas no a potabilidade da gua, mas, mudana no equilbrio mineral do corpo, ou seja, mudana da concentrao de sais minerais na gua de beber aparecem no trato intestinal, por fora de alteraes no processo osmtico de absoro, cessando, de pronto, quando o organismo restabelece aquele equilbrio frente nova fonte de gua.

    Alguns constituintes qumicos da gua potvel podem ser txicos quando presentes em concentraes alm de

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    determinados valores especficos. Os limites de tolerncia so estabelecidos em base da sensibilidade varivel dos indivduos, dependendo mais da observao e experincia do que de conhecimentos precisos.

    A seguir apresentamos as propriedades de alguns constituintes significativos da gua.

    2.4.1 - Arsnio: O arsnio pode aparecer em guas termais ou

    guas naturais poludas por despejos industriais. O pesticida arseniato de chumbo , usado na agricultura contra pragas dos pomares e das pastagens, no leva a contaminao dos abastecimentos de gua originrios de bacias em que aquele inseticida usado por ser insolvel em gua.

    Os padres de qualidade fixam em 0,05 p.p.m. o teor mximo permissvel de arsnio. interessante revelar que o limite de 0,2 p.p.m. A literatura registra que, em 1943, a cidade de Los Angeles (USA) consumiu, durante muitos meses, gua potvel com 1,0 p.p.m. de arsnio sem registrar casos de intoxicaes.

    Em verdade, no existe relato sobre envenenamento por arsnio oriundo do abastecimento de gua. As guas tratadas s contm traos desse metalide.

    2.4.2 - Clcio O clcio e o magnsio so os causadores essenciais

    da dureza da gua. A quantidade de clcio das guas, mesmo as duras, muito menor do que a demanda diria da nutrio: 0,7 a 1,0 grama de Ca. De fato, admitindo-se que algum beba 2 litros dirios de gua de dureza 300 p.p.m CaCO2 (muito dura) isto significa um suprimento alimentar de apenas 0,24g Ca/dia.

    As pesquisas e as bio-estatsticas tm demonstrado que no existe relao entre a dureza da gua ingerida e doenas das artrias, rins e bexiga (clculos).

    2.4.3 - Cloretos: Relaes fisiolgicas devidas a excesso de cloretos

    na gua s ocorrem em concentraes da ordem das que se verificam na gua do mar (3% NaCl).

    Os padres de gua potvel estabelecem o limite de 250 p.p.m de Cl. Alguns percebem este teor salino, de gua salobra, e existem mesmo pessoas que j se sensibilizam a um teor de cloretos to baixo quanto 100 p.p.m. De outro lado, mesmo teores da ordem de 700 p.p.m. de Cl no tem gosto salgado aprecivel.

    Existem verificaes de que as variaes do sabor da coexistncia de cloretos e certos outros sais, como o caso de cloretos juntos com dureza, podem provocar gosto quando o teor combinado de 400 p.p.m. As limitaes impostas ao teor de cloreto nas guas potveis se baseiam mais em motivos de gostos do que de sade. Considere-se que, nos USA, adiciona-se muitas vezes sal comum gua potvel de localidades quentes a fim de compensar a perda de sais por transpirao. No sudoeste daquele pas se distribuem guas com 500 p.p.m de Cl.

    2.4.4 - Cloro:

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    No homem comum subsiste a idia de que o cloro e seus derivados ativos (hipocloritos) tem efeito fisiolgico prejudicial.

    sabido que o cloro livre ou ativo no persiste nos abastecimentos de gua potvel, de vez que vai desaparecendo, paulatinamente, medida que exerce sua ao desinfetante na gua. As vezes se procede a um super tratamento com cloro visando garantir a qualidade da gua na rede de distribuio at chegar cloro livre ao domiclio.

    O consumidor ento, ao se aperceber do gosto e odor do cloro na gua, tem receio de efeitos nocivos. No se dispem de dados precisos relativamente aos limites de tolerncia do cloro na gua potvel.

    Sabe-se, todavia, que as concentraes de cloro residual necessrias para irritar a boca ou garganta so mais elevadas do que as que, usualmente, so utilizadas na superclorao. Quanto aos efeitos a longo prazo das concentraes mais elevadas de cloro residual no existem informaes suficientes. geralmente aceito que pequenas quantidades de cloro residual se dissipam em reaes com a saliva e o suco gstrico assim que a gua deglutida. No tem sido registrado efeitos nocivos onde se consome gua potvel superclorada.

    Pesquisas feitas nos EEUU mostram que plantas regadas com gua contendo 50 p.p.m de cloro no sofrem danos. Flores colocadas em jarros, tambm , no foram prejudicadas por guas com 10 p.p.m de cloro.

    2.4.5 - Cromo: As guas naturais no contm cromo, ele aparece em

    guas poludas com os despejos de estabelecimentos de cromagem e de curtumes, ou, acidentalmente com o cromato usado no tratamento de gua de refrigerao.

    Os sais de cromo trivalente (Cr III) so inofensivos ao passo que os de cromo hexavalente (CrVI) so reconhecidamente irritantes.

    O limite de CrVI tolerado pelos padres de qualidade 0,05 p.p.m.

    2.4.6 - Cobre: Na gua natural o cobre ocorre apenas em traos.

    Contudo, os sistemas de gua potvel podem acusar a presena de quantidade maiores de sais de cobre provenientes da ao corrosiva da gua sobre tubulaes de cobre ou lato, ou sobre peas de encanamentos feitas desses materiais.

    Menos freqente o caso de guas de abastecimento que contm cobre proveniente de superdosagem com sulfato de cobre para o combate s algas.

    Somente grandes concentraes de cobre emprestam sabor desagradvel gua, sendo remoto o perigo de envenenamento. O cobre indispensvel ao organismo desempenhando a importante funo de catalisador da fixao do ferro alimentar sobre a hemoglobina, e , por isso, vital para a existncia do glbulo vermelho. A maior fonte de cobre do organismo o alimento.

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    Uma dieta normal pode incluir, aproximadamente, 20mg de cobre por dia sem inconvenientes. Efeitos fisiolgicos sensveis aparecem ao se ingerir mais de 100 mg por dia: irritao dos intestinos, vmitos e nuseas. At hoje no se conhece nenhum caso fatal por envenenamento com sais de cobre.

    Os padres de qualidade estipulam 3,0mg/litro de cobre, o teor mximo permissvel do cobre. Concentraes iguais ou superiores podem circular em sistemas de abastecimento de guas com tubos de cobre ou lato. Remedeia-se o mal com tratamento anti-corrosivo , que evitar sabores metlicos e prevenir possveis efeitos txicos.

    O uso do sulfato de cobre como algicida no implica no uso de grandes concentraes, porque ele se precipita imediatamente, na maioria das guas, como carbonato insolvel de cobre e, mais lentamente, nas guas brandas.

    Desde que seja cumprido o limite de 3,0 p.p.m de Cu podem aplicar-se dosagens de sulfato de cobre maiores do que a necessidade para o controle das algas.

    2.4.7 - Flor: O solo sempre contm pequenas quantidades de flor,

    proveniente do mineral apatita - Ca5F(PO4)3 - donde as plantas retiram esse elemento, de sorte que a folhas de vegetais, como a btula, acusam 0,190mg de flor em suas cinzas, e pelo menos igual o teor de flor dos cereais e das gramneas em geral. Os compostos de flor existem nas guas naturais, concentrando-se mais nas guas do subsolo do que nas superficiais.

    No organismo animal e humano o flor forma, no esmalte dental e nos ossos, um composto semelhante apatita que funciona como componente endurecedor.

    As concentraes de flor na gua variam de 0 (zero) at 30 (trinta) p.p.m.

    Em 1925, nos EEUU, foi indicado, pela primeira vez, que as manchas no esmalte dos dentes, afeco hoje chamada fluorose dental, era devida a algum ingrediente dos suprimentos de gua, mas, s em 1931, foi demonstrado que era devida a um alto teor de fluoretos. As manchas so de tonalidade castanha e em forma de pintas ou veios e aparecem quando o teor de fluoretos da gua superior a 1,5 p.p.m de F. tornando-se pronunciadas a partir de 3 p.p.m. a 6p.p.m.

    Verificou-se que as crianas que tinham manchas nos dentes raramente apresentavam cries. As manchas so irreversveis.

    Estudos epidemiolgicos provaram que o flor essencial a um desenvolvimento sadio dos dentes e que a sua presena na gua potvel, em concentraes entre 0,6 e 1,5 p.p.m, atendia a essa circunstncia.

    Com a fluoretaao da gua potvel, tambm chamada de fluorao, possvel reduzir em 65 % as cries dos dentes , sendo que esta reduo exige que as crianas consumam gua fluorada durante os dez (10) primeiros anos de sua vida, desde o nascimento. Admite-se que a proteo aos dentes, assim conseguida, dura por toda a vida. A fluoretaao sem efeito para pessoas adultas.

    Como a dose diria recomendada de flor de cerca

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    de 1mg/dia, e, como a quantidade de gua tomada como bebida varia com as condies climticas, principalmente com a temperatura, a dosagem de flor na gua deve ser fixada em base desse fator:

    Temperatura Mdia Anual (oC) | Dosagem Recomendada (p.p.m) | Flor ----------------------------------+----------------------------- 10 - 17 | 1,1 17 - 24 | 0,9 24 - 31 | 0,7 |

    2.4.8 - Iodo O iodo muito difundido na natureza mas sempre

    encontrado em concentraes reduzidas. A gua do mar contm cerca de 2 x 10-4% de I2.

    As algas marinhas, em especial os sargaos, e algumas esponjas e corais, acumulam iodo em forma de iodoproteinas. Tambm os vegetais terrestres contm, sem exceo, minguados teores de iodo.

    Para a manuteno do metabolismo normal do homem e, certamente, da maioria de outros organismos, so necessrias pequenas quantidades de iodo.

    A Tireoidina, hormnio produzido pela glndula tireoide, uma protena que, alm de fsforo, contm cerca de 9% de I2. Na deficincia de iodo surge o bcio (papeira), um processo de hiperplasia da tireoide que aumenta consideravelmente de volume no af de captar iodo da corrente sangnea.

    A extirpao da glndula determina graves injrias ao organismo, levando ao cretinismo, mas, podem ser conjuradas atravs da administrao de preparados base de extratos tireidicos.

    A maioria das guas naturais acusam apenas traos de iodo. A gua potvel e os alimentos proporcionam, comumente, de 0,05 a 0,10g I2 por dia.

    A taxa de incidncia do bcio e sua relao com o teor de iodo da gua a seguinte:

    Teor de I2 (p.p.m) Taxa de bcio (pessoa/1000 hab.) -----------------------------------------------------------------

    10-5 - 10-3 15 - 30

    1,4 x 10-3 - 10-2 1

    As deficincias de iodo podem ser compensadas por alimentos marinhos ou gneros provenientes de reas onde o teor de iodo na gua seja normal.

    No Brasil, o abastecimento de massa do iodo feito atravs do sal comum (NaCl) devidamente iodado, isto

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    , adicionado de iodato de sdio (NaIO3).

    2.4.9 - Ferro O ferro um componente essencial de muitas

    variedades de solo que so tingidos de castanho e vermelho pelo hidrxido frrico. Tambm muitas nascentes contm bicarbonato ferroso dissolvido.

    Os organismo superiores necessitam de ferro, por exemplo:

    As plantas - para constituio da clorofila Os animais - para formao da hemoglobina Os padres de gua potvel estipulam que o teor de

    ferro + Mangans no exceda de 0,3 p.p.m. , no obstante, guas potveis com muitos p.p.m. de Fe so largamente usadas sem efeitos fisiolgicos prejudiciais. guas com altos teores de ferro so rejeitadas porque tm aparncia avermelhada e mancham roupas, assoalhos e aparelhos sanitrios.

    2.4.10 - Chumbo O chumbo no existe nas guas naturais, a no ser

    que estas tenham sido contaminada por despejos industriais. A literatura nunca registrou envenenamento por sais de

    chumbo e o nico problema que pode surgir quando guas corrosivas entram em contato com canalizaes de chumbo ou juntas desse metal. O gs carbnico livre da gua dissolve o chumbo, como bicarbonato de chumbo solvel, se a gua for muito mole. Em gua mais dura, porm, o bicarbonato de chumbo solvel logo precipitado, como carbonato bsico insolvel, ou em presena de sulfatos, como sulfato de chumbo, muito solvel.

    Os padres de qualidade limitam o ter de chumbo nas guas naturais a 0,1 p.p.m de chumbo. Outros pases tm padres menos exigentes, como por exemplo a Holanda, que estabelece o limite de 0,3 p.p.m de Pb. At agora no se conhece o nvel a partir do qual o chumbo ingerido excede o expelido pelo corpo, ou seja, a partir do qual se verifica a acumulao do chumbo no organismo. Provavelmente tal marco se situa entre 0,3 mg/dia e 1,0mg/dia.

    2.4.11 - Nitratos At 1945, os nitratos em si no tinham significao

    sanitria para as guas potveis a no ser como indicadores da qualidade sanitria da gua integrantes que so do ciclo do nitrognio.

    Naquele ano, em Iowa (USA), verificou-se que o uso de guas ricas em nitratos no alimento das lactentes produzia cianose, ou seja, descolorao do pelo por efeito de alteraes do sangue. A afeco foi chamada metemoglobinemia e foi atribuda a elevada concentrao de nitratos nas guas de poos rurais, devido ao nitrognio orgnico nas camadas superiores do solo.

    Parece que a suscetibilidade metemoglobinemia est vinculada acidez do suco gstrico, atuando sobre os nitratos. Quando a acidez baixa, as bactrias, que proliferam no trato intestinal superior, reduzem os nitratos a nitritos, que a seu turno, so absorvidos pelo sangue.

    O suco gstrico dos lactentes com menos de seis meses tm geralmente, pH 4,0 ou mais alto e, por isto, so mais

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    suscetveis. A reduo no ocorre nos intestinos das crianas mais velhas e nem nos adultos porque a elevada acidez do suco gstrico permite absoro imediata dos nitratos, impedindo a formao do cido nitroso que, em se combinando com a hemoglobina, forma a metemoglobina, composto estvel, que no se presta hematose.

    O teor de nitrato das guas responsveis pela metemoglobina, nos EEUU, variam de 11 a mais de 60(sessenta) p.p.m. no obstante, verificou-se, tambm, que um grande nmero de poos com alta concentrao de nitratos no produziram a doena. Assim a questo ainda est aberta enquanto no surgirem novos dados tcnicos e estatsticos.

    2.4.12 - Sdio sabido que o teor de sdio dos alimentos e da

    gua pode prejudicar as pessoas de presso arterial elevada. Assim, uma dieta com 200 mg/dia adquire significao. As guas de abastecimento, via de regra, no contm tanto sdio, a no ser as guas minerais.

    De outro lado, o abrandamento da gua pelo processo dos permutadores de ctions sdio aumenta o teor desse elemento na gua, e tanto mais, quanto mais dura for a gua original. Isto pode ter por resultado teores excessivos de sdio na gua potvel.

    2.4.13 - Zinco Na rea em que h minerao de zinco, as guas

    naturais tem acusado concentraes de at 50 p.p.m de Zn. No comum dos casos, o teor de Zn da gua

    potvel decorre da corroso das canalizaes de lato e ferro galvanizados. As concentraes de Zn que aparecem na gua no tem significao prtica enquanto no surgir sabor metlico.

    Quanto aos efeitos fisiolgicos, traos de zinco facilitam a nutrio.

    Os padres de qualidade estabelecem 15 p.p.m Zn como teor limite.

    2.4.14 - Slidos Totais (Resduo Seco) Os padres de qualidade para gua potvel recomendam

    o limite de 500 p.p.m para os slidos totais a no ser em reas onde as guas so ricamente mineralizadas, quando aquele teor sobe a 1000 p.p.m.

    As concentraes permitidas baseiam-se nos limites de adaptao s guas muito mineralizadas. Pode ser que assim se evitem efeitos fisiolgicos nos indivduos que esto acostumados com gua de reduzido teor salino.

    2.4.15 - D.D.T a sigla do dicloro-difenil-tricloro-etano, tambm

    chamado Gararol ou Neocid. um inseticida de contato sintetizado pela primeira vez por Zeidler, em 1374, e patenteado por P. Muller, na Sua, em 1940. Este produto qumico tem sido, desde incio de sua explorao comercial durante a Segunda Guerra Mundial, largamente empregado para o controle de pragas. Apesar de seus efeitos colaterais nocivos serem bastante conhecidos e de alguns pases, como os EEUU, terem proibido o seu

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    uso quase que totalmente continua sendo amplamente empregado nos pases subdesenvolvidos.

    Cl O D.D.T. um composto orgnico c- clico. | Um Hidrocarbonato clorado, que cris- taliza como gua em uma soluo de | | lcool de 95%. solvel em cetona, | | benzeno, tetracloreto de carbono, Clo- | | robezeno, lcool, ter, gasolina, que- rosene e em outros solveis orgnicos. . praticamente insolvel em gua, cidos diludos e lcalis. Cl3 - C - CH As solues de DDT podem ser absorvi- . das pela pele. Sintomas agudos de in- toxicao do homem so: tremores dos | msculos da cabea e do pescoo, con- | vulses, depresso, deficincia respi- | ratria e morte.

    | Cl

    A dose oral fatal estimada em 500 mg/kg de peso corporal, para a substncia slida. Solventes, como o querosene , incrementam a toxidez. A morte ocorre dentro de 2 a 24 horas.

    Sintomas Crnicos: hipertrofia e necrose do fgado e alteraes degenerativas do crebro.

    Aplicado s lavouras extremamente eficaz na eliminao de pragas, ao menos antes de algumas delas desenvolverem resistncia. Por isto, apesar de ter sido reconhecido como veneno ambiental, ainda tem muitos defensores, entre eles alguns cientistas de renome mundial.

    2.5 - DOENAS CAUSADAS POR IODO, FLUOR, FERRO E CHUMBO

    Fluorose: Doena causada pela ingesto de flor e

    caracterizada principalmente pelo aparecimento de manchas coloridas no esmalte dos dentes e nos ossos.

    Metemoglobinemia: um estado patolgico caracterizado pela

    quantidade elevada de pigmento sangneo com Ferro totalmente oxidado sob a forma trivalente, Fe+++, incapaz de transportar oxignio. O indivduo normal possui menos de 1% de metemoglobina.

    Pode ser congnita e adquirida. Estas so produzidas pela ao de diversas substncias qumicas com propriedades oxidante ou metemoglobinizantes diretas (in vitro e in vivo), tais como a fenilidrazina derivados dos cidos nitroso, ntrico, clordrico, gua oxigenada, corantes, etc., ou indiretas (apenas in vivo), tais como as aminas aromticas.

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    Plumbismo ou Saturnismo: uma intoxicao pelos sais de chumbo que se depositam

    nos ossos particularmente no fmur e tbia a nvel de zona de crescimento. O mesmo acontece nas gengivas, onde se estabelece uma linha de cor azul escura.

    So causadas pela manipulao constante de substncias contendo chumbo, ingesto de sais de chumbo, quer por engano, quer para fins criminosos ou suicdio. Pela ingesto acidental de alimentos como farinha, chocolate, bebidas e conservas que contenham indevidamente aquelas substncias.

    O chumbo penetra no organismo quase exclusivamente por via entrica. eliminado pela saliva, pela pele, principalmente pela blis e , muito lentamente , pela urina .

    Crianas, mulheres, alcolatras, sifilticos so mais sensveis ao Saturnismo. Acredita-se que as intoxicaes facilitam o incio da tuberculose.

    Consideram-se as formas: - Aguda: causada pela ingesto macia de acetado

    de chumbo, podendo a morte ocorrer em algumas horas ou aps trs ou quatro dias.

    - Crnica: devido a ingesto sub macia de acetato de chumbo, sendo possvel a cura . Isto ocorrendo a convalescncia arrasta-se por bastante tempo.

    Bcio Endmico: o aumento significativo do tamanho e volume da

    glndula tireide decorrente de uma ingesto insuficiente de iodo. Isto ocorre nas regies que existe pouco iodo na gua, como Alpes, Pirineus, Canad, Mxico, Andes, Brasil (principalmente nas regies subdesenvolvidas) etc.