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XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA 29 DE MAIO A 01 DE JUNHO DE 2007
GT – 30 VIOLÊNCIA E SOCIEDADE
Acidentes de Trânsito em Minas Gerais (2003): uma abordagem espacial
DINIZ, Alexandre. SANTOS, Andreia.
EMAIL: [email protected]
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Acidentes de Trânsito em Minas Gerais (2003):
uma abordagem espacial DINIZ, Alexandre. 1 SANTOS, Andreia. 2
Resumo
Introdução: Os acidentes de trânsito no Brasil representam um problema público com dimensões sociais que favorece uma discussão sobre suas causas em nossa sociedade. Além de representar a segunda maior causa de morte entre jovens, evocam a há um desdobramento desse aspecto que diz respeito aos que não voltam ao mercado de trabalho por lesões permanentes, ficando assim incapacitados para a atividade produtiva. Mesmo com essas dimensões é um fenômeno social que é pouco discutido por sociólogos. Objetivos: os objetivos do trabalho são: conhecer a literatura sobre os acidentes de trânsito no Brasil; levantar informações estatísticas sobre os acidentes de trânsito; analisar o fenômeno a luz da teoria social.
Metodologia: Os dados foram obtidos através das informações estatísticas, conseguidas junto a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) no ano de 2003, e analisadas as estatísticas de modalidades sobre os acidentes, tais como: abalroamento, atropelamento, capotamento, entre outros. Resultados: O resultado em relação aos acidentes de trânsito de uma forma mais ampla não tem uma única causa, como apontam alguns órgãos de trânsito, mas são multicausais, ou seja, acontecem muitas vezes por um conjunto de fatores que podem ser da via, de má condução veicular e até de iluminação. No entanto a observação especial dos tipos de acidentes por todo o Estado de Minas Gerais no ano escolhido para a análise demonstra que os acidentes de trânsito são bastante dispersos em relação aos tipos escolhidos para a análise. Mas podemos indicar que esta investigação faz-se de suma importância, uma vez que, a partir da identificação da localização e das suas principais causa, pode-se utilizar estes conhecimentos em prol da solução deste problema, com a atuação mais intensa nas áreas-problema já localizadas, considerando, ainda, os seus condicionantes, tornando o combate mais dinâmico e eficaz.
1 Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia e tratamento da informação e Doutor em Geografia. 2 Professora de sociologia da PUC Minas; doutoranda na Universidade Federal de Minas Gerais.
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Acidentes de Trânsito em Minas Gerais (2003): uma abordagem espacial
1. Introdução
Atualmente, vê-se inúmeros fatos relacionados ao trânsito e às
conseqüências diretas e indiretas da difusão e propagação do automóvel, como
um dos principais meios de transporte utilizados pela sociedade
contemporânea. Neste contexto, destacam-se os danos irreversíveis ao meio
ambiente – com o exacerbado monóxido de carbono e outras substâncias
nocivas ao homem expelidos à atmosfera3, o crescimento das indústrias do
asfalto e pavimentação das vias em prol de uma melhor infra-estrutura
rodoviária, o congestionamento contínuo das vias que estorva o escoamento
da produção industrial e, ainda, os acidentes de trânsito, que são responsáveis
pela segunda maior causa externa de morbidade, sendo ultrapassado apenas
pelos homicídios, sobretudo após a década de 1990 (SIM/DATASUS, 2005).
No que tange a esta última variável, é sabido que várias são as suas
dimensões de análise, sendo necessário considerar algumas características
que lhe são inerentes. Desta forma, os acidentes de trânsito se destacam não
apenas pelo crescimento expressivo, mas também por serem protagonizados
por vítimas, muitas vezes, fatais, que sensibilizam a nossa sociedade e faz-nos
instigar alguns sentimentos de contestação, seja por atitudes ilícitas dos
responsáveis, seja por má conservação das vias rodoviárias no país. No caso
de Minas Gerais, objeto específico da presente análise, sabe-se que este
possui a maior malha rodoviária do Brasil e que sua quilometragem perpassa
os 264.898 km, seja de estrada pavimentada ou não (DENATRAM, 2006).
Assim, compreender a dinâmica dos acidentes de trânsito no Estado que se
situa estrategicamente nos principais corredores de fluxo comercial do país –
como as BR´s 262, 381, 040, 135 – é de suma importância para a análise do
dinâmico fenômeno que transforma e reorganiza o nosso espaço geográfico.
3 A atmosfera dos grandes centros urbanos é composta por um complexo arranjo de partículas e gases poluentes, líquidas ou sólidas, gerados por reações químicas de fontes móveis – como os veículos que circulam diariamente pelos diferentes sistemas viários – ou por fontes imóveis, como chaminés de indústrias. Algumas dessas substâncias são cancerígenas, como metais constituídos por arsênio, cromo, chumbo, cobre e zinco, que definem o processo radioativo da atmosfera, espalhando ou absorvendo radiação solar.
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Assim, este artigo pretende investigar a incidência, os padrões de
distribuição espacial e os condicionantes dos acidentes de trânsito no Estado
de Minas Gerais, para o ano de 2003, com o fito de elucidar este fenômeno
cada vez mais crescente e preocupante em nossa sociedade.
2. Acidentes de trânsito
Acidentes de trânsito de uma forma geral representam no Brasil, um
problema social de grande repercussão. Nesse sentido, muitos são os
problemas referentes ao trânsito, pode-se pensar em aspectos como a fluência,
quantidade de carros circulando e produzindo poluição, morte, violência. Mas o
que chama realmente atenção é número elevado de pessoas que estão
morrendo no trânsito.
No entanto, curiosamente, não tem despertado o interesse de
pesquisadores em áreas sociais. Mesmo que sendo um problema social e
público que ceifa vidas e trás prejuízos previdenciários e sociais para o país,
ainda assim, pesquisadores têm deixado de lado uma área de pesquisa que
pode dizer muito do comportamento social do brasileiro.
Em Minas Gerais isso não tem sido diferente, uma vez que a publicação
tem sido escassa e pouco significativa em contribuições teóricas e
metodológicas sobre o tema.
Nesse sentido a presente proposta tem por finalidade, analisar a
produção acadêmica sobre os acidentes de trânsito e também, analisar de
forma exploratória os dados de acidentes no Estado de Minas Gerais.
Em relação às discussões sobre os acidentes o assunto não é novo, já
no ano de 1771 registrou o primeiro acidente de trânsito
(http://www.atividadesrodoviarias.pro.br/primeiroacidtrans.html). No Brasil o
primeiro acidente sem registro de vítima fatal ocorreu no ano de 1897
(http://www.atividadesrodoviarias.pro.br/primeiroacidtrans.html). De lá para cá
esse número só fez aumentar. É verdade também que cresceu o número de
carros e de pessoas que aprenderam a utilizá-lo como meio de locomoção,
encurtando distâncias e aproximando as pessoas. No entanto não é preciso
retroceder tanto no tempo para reconhecer a origem do problema. Gusfield
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(1981), em seu estudo sobre motoristas embriagados, faz uma reflexão no
mínimo curiosa sobre as facilidades que o automóvel trouxe à vida moderna.
Suponha que um anjo desceu do céu e prometeu as pessoas dos EUA uma invenção maravilhosa, que simplificaria suas vidas. Habilitando-os a receberem um rápido tratamento, diminuindo o tempo de transporte em longa distância, reunindo a família e os amigos mais íntimos, criando uma vida de maiores facilidades e convivência que não existe atualmente. Porém em agradecimento a esse benefício de bem-estar humano, o anjo exigiu que todos os anos, 5.000 americanos fossem postos à morte. Tendo proposto o dilema, o filósofo perguntou então à classe que resposta deveria ser dada ao anjo. Depois que o dilema ético foi discutido durante um tempo, o professor mostrou aos alunos que todos os anos muito mais do que 5.000 americanos foram mortos em acidentes automobilísticos nos EUA (GUSFIELD, 1981:2).
Com certeza, esse dilema permeia a vida de todas as pessoas que
estão circulando pelas cidades. Se nos Estados Unidos a discussão do
problema dos acidentes já é intensa, em países em desenvolvimento esse
dilema começou a inspirar mais cuidados depois da década de 1980 com
investimentos consolidados na indústria automobilística.
No entanto só na segunda metade do século XX foram promovidos os
primeiros debates sobre o problema envolvendo principalmente os aspectos de
prevenção e segurança. Segundo MELLO JORGE (1984), em 1961 a OMS
propôs que acidentes de trânsito fossem tratados mundialmente como um caso
de saúde pública, já que representam um problema social de grandes
proporções.
Países como EUA, Japão e França ainda na década de 1960 voltaram
suas atenções para o problema, época em que as estatísticas apontaram um
crescimento significativo. As medidas adotadas nesses países com vistas a
redução dos acidentes, possuíam pelo menos dois pontos principais: o primeiro
foi reconhecer que trânsito deve ser tratado como um problema e sua solução
uma prioridade nacional. O segundo muito associado ao primeiro diz respeito
aos meios de combate ao problema do trânsito. Medidas práticas e pontuais
foram tomadas, entre estas merecem destaque: a redução dos limites de
velocidade em alguns estados nos EUA, adoção do uso de cinto de segurança,
combate ao consumo de bebidas alcóolicas, campanhas preventivas
sistemáticas, leis mais severas para os infratores (COELHO, 1993). Com essas
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medidas esses países conseguiram estabelecer certo controle sobre o
problema de acidentes de trânsito e em meados da década de 70, e nos anos
subsequentes constatou-se redução dos índices a patamares aceitáveis. Por
exemplo, nos EUA no ano de 1967 a taxa de mortalidade por cem mil
habitantes era de 27,1, já no ano de 1987 esse número caiu para 19,5. No
Japão em 1960 a taxa de mortalidade por cem mil habitantes era de 12, 9 em
1987 de 9,9.
No Brasil apesar do acompanhamento dos debates, como demonstra os
estudos realizados por CAMPOS (1978) em que relata as preocupações ainda
na década de 70 sobre a questão do trânsito. Já naquela época se comparava
proporcionalmente os números entre o Brasil e EUA, por exemplo. Só para se
ter uma idéia algumas informações do período demonstram que de cada seis
acidentes que aconteciam no Brasil acontecia apenas um no EUA e que lá o
número de veículos é aproximadamente sete vezes maior do que em nosso
país.
Uma outra revelação é que já existiam discussões, não apenas com o
levantamento de estatísticas como a apreciação das causas dos acidentes.
Além disso, a Comissão Especial de Segurança de Veículos Automotores e
Tráfego recolheu no ano de 1972, informações sobre o trânsito no Brasil
revelando que 70% dos acidentes são atribuídos à falhas humanas, 15% a
falhas estruturais e 12 % a falhas mecânicas e somente 3% foram atribuídos a
fatalidades (COSTA, 1978:5). Mas, segundo GOLD (1998) essa questão é
polêmica e hoje muito discutida, pois há uma carência no Brasil, de
profissionais especializados em perícia de acidentes de trânsito que pudesse
indicar com confiabilidade esses resultados.
Somente no final da década de 90, é que foi aprovado um Código
Brasileiro de Trânsito 4 contendo medidas muito próximas das que foram
adotadas por esses países na década de 1960, entre elas podemos destacar;
multas severas no controle de motoristas alcoolizados, controle de velocidade,
melhorias nas campanhas educativas entre outras.
4 Vale ressaltar que a aprovação do Código Brasileiro de Trânsito, que entrou em vigor em 23 de janeiro de 1998, representou um avanço em termos de lei no Brasil, abrindo um precedente para discussões mais aprofundadas no que diz respeito às políticas públicas a serem implementadas com o novo código.
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Ao contextualizar o tema de pesquisa é possível perceber que este é
uma preocupação para algumas áreas de conhecimento que possuem
afinidade com o problema social aqui estudado. Áreas voltadas para pelo
menos dois níveis de discussão que são importantes de serem apresentados
aqui.
A primeira área é a da saúde, pois são esses profissionais que
trabalham de forma significativa os acidentes, seja na triste contabilidade dos
mortos em acidentes de trânsito seja trabalhando com um outro resultado
negativo do problema que são os inúmeros pacientes com seqüelas graves
e/ou permanentes em função dos acidentes. De uma outra maneira e tentando
minimizar os efeitos dos acidentes estão os engenheiros de trânsito e
transporte que procuram através de estudos científicos e técnicos
3. Metodologia
Para se alcançar os objetivos do presente artigo, trabalhou-se com os
registros de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais, referentes às
seguintes modalidades de acidentes de trânsito, para todos os municípios
mineiros no ano de 2003:
• abalroamento sem vítima
• abalroamento com vítima
• abalroamento com vítima fatal
• atropelamento de pessoas sem vítima fatal
• atropelamento de pessoas com vítima fatal
• capotamento/tombamento sem vítima
• capotamento/tombamento com vítima
• capotamento/tombamento com vítima fatal
• colisão de veículos sem vítima
• colisão de veículos com vítima
• colisão de veículos com vítima fatal
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Esses acidentes foram, então, agregados e posteriormente organizados
em quatro grandes grupos: total de abalroamentos, total de atropelamentos de
pessoas, total de tombamentos/capotamentos e, ainda, total de colisão de
veículos.
No que se refere aos conceitos dessas modalidades de acidentes de
trânsito, esses foram desenvolvidos pela própria instituição que forneceu o
banco de dados com as ocorrências de acidentes. Portanto, de acordo com
esta definição, tem-se:
Tabela 15
Modalidade de acidente de trânsito/código Definição
Abalroamento (HO1.000)
Ocorre quando um veículo, em movimento, colhe ou é colhido na lateral ou
transversalmente por outro veículo, também em movimento.
Atropelamento (HO6.000) Ocorre quando um veículo, em movimento,
colhe uma ou mais pessoas, produzindo-lhes algum dano físico ou psíquico.
Capotamento (HO2.000) Ocorre quando o veículo, em movimento, gira
em qualquer sentido, ficando com as rodas para cima, mesmo que momentaneamente.
Tombamento (HO2.000) Ocorre quando um veículo, em movimento,
tomba lateral ou frontalmente, assim estacionando-se.
Colisão de veículos (HO9.000) É o impacto de dois ou mais veículos em
movimento, frente a frente ou pela traseira. Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais
Estas modalidades de acidentes foram analisadas para todo o Estado de
Minas Gerais, em escala municipal, para o ano de 2003. Para tanto, com o
número das ocorrências de cada uma destas modalidades já citadas,
confeccionou-se taxas brutas que foram posteriormente corrigidas, através da
utilização do estimador bayesiano. Esta técnica estatística objetiva instituir a
proporcionalidade e diminuir a discrepância entre as ocorrências dos acidentes
e o número total de veículos para cada um dos 853 municípios mineiros, uma
vez que estes não se apresentam homogeneamente no espaço. Ressalte-se,
ainda, que as taxas foram corrigidas por um grupo de 10.000 veículos, uma vez
que este é o procedimento adotado pela OMS (Organização Mundial de
Saúde), para o estudo referente às vítimas do fenômeno aqui em estudo. Além
disto, é válido observar que os dados relativos ao número de veículos são
5 Embora as definições das modalidades de acidentes capotamento e tombamento sejam diferenciadas, a PMMG adota o critério de agrupá-las em apenas uma única categoria.
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originários do DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, que forneceu,
através de seu site oficial, os referidos dados
(http://www.denatran.gov.br/frota.htm).
Após essa correção, iniciou-se a confecção dos mapas coropléticos,
através da utilização do software MapInfo 7.8, a fim de visualizar e analisar a
distribuição espacial dos acidentes de trânsito em Minas Gerais. Através destes
mapas, deu-se início à interpretação do fenômeno, em busca da sua
compreensão. Nos mapas estão cartografadas, além das taxas corrigidas dos
acidentes de trânsito, a malha viária que perpassa o Estado, como as rodovias
federais, estaduais e, ainda, as municipais, o que subsidia a uma análise ainda
mais instigadora das prováveis causas deste fenômeno, cada vez mais
crescente.
Após esta etapa da pesquisa, deu-se início à correlação bivariada de
natureza exploratória, enfatizando a relação entre as taxas de acidentes de
trânsito e diversas variáveis contextuais. Este processo auxiliou na
identificação dos principais fatores correlatos às taxas de acidentes de trânsito
no Estado de Minas Gerais, para o ano de 2003.
4. PRINCIPAIS RESULTADOS
Os principais produtos deste trabalho serão analisados em duas seções
distintas. Inicialmente, discutir-se-á acerca da distribuição espacial e a
incidência das taxas dos acidentes de trânsito para o Estado de Minas Gerais,
a partir dos quatro agrupamentos já explicitados. Em conseguinte, serão
analisados os coeficientes de correlação das variáveis sociais, demográficas,
econômicas, ambientais e culturais, com o fito de se identificar os prováveis
determinantes do fenômeno em tela, contribuindo, assim, para a sua
compreensão.
4.1 Análise da distribuição espacial das taxas de acidentes de trânsito em Minas Gerais (2003)
4.1.1 Total de abalroamento
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O cartograma coroplético referente ao total de abalroamento demonstra
que a sua distribuição no espaço mineiro não se dá de forma homogênea, uma
vez que se nota concentrações das taxas em quadrante específicos do espaço
(Figura 01). Assim sendo, vê-se que os municípios que apresentaram as mais
altas taxas localizam-se na porção setentrional de Minas Gerais, sobretudo nas
mesoregiões noroeste (Unaí, Cabeceira Grande), norte (Montes Claros, Claro
das Poções), Vale do Rio Doce (Governador Valadares, Marilac, Ipatinga), Vale
do Mucuri (Águas Formosas, Teófilo Otoni) e RMBH (Belo Horizonte, Sete
Lagoas, Betim). Entre as maiores taxas destacam-se Marilac (475,73), Belo
Horizonte (269,74) e Governador Valadares (247,18), por um grupo de 10.000
veículos, assim como Patos de Minas (214,39), Alfenas (207,71) e Juiz de Fora
(179,44), sendo que estes municípios se localizam na porção meridional do
Estado.
Por outro lado, vê-se que as menores taxas também se concentram em
regiões exclusivas, em linhas gerais. Neste caso, destacam-se as mesoregiões
Central Mineira, Zona da Mata e Sul/sudoeste de Minas, todas espacialmente
localizadas na porção meridional, embora municípios específicos são
encontrados também no norte do Estado. Os principais representantes das
menores taxas compreendem em Resende Costa (Campo das Vertentes),
Felixlândia (Central Mineira) e Santa Margarida (Zona da Mata), com taxas de
12,39, 17,98 e 18,77, respectivamente, para um grupo de 10.000 habitantes.
4.1.2 Total de atropelamentos
Assim como no total de abalroamentos em Minas Gerais, o cartograma
coroplético referente ao total de atropelamentos contra a pessoa também
sugere que há um padrão de concentração das suas taxas em quadrantes
específicos do Estado, embora sejam substancialmente menores (Figura 02).
Desta forma, nota-se que as taxas mais expressivas se centralizam na
porção noroeste do Estado, abrangendo, principalmente, as mesoregiões
Norte, Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce e Jequitinhonha, bem como a RMBH
e municípios específicos na porção meridional. Entre os 50 municípios que
apresentaram as taxas mais expressivas, vários deles são cidades médias e
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pólos regionais, tais como Barbacena (62,25), Juiz de Fora (59,35), Pedra Azul
(58,99), Itabira (52,07), Betim (50,06), Teófilo Otoni (49,51), Nova Lima (48,34),
Bocaiúva (46,44), Diamantina (44,94), Contagem (43,75) e Lavras (43,58),
sendo taxas por um grupo de 10.000 veículos.
No que tange às taxas menos expressivas, pode-se dizer que estas se
localizam na porção oeste do Estado, principalmente nas mesoregiões
Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Sul/sudoeste, oeste, Zona da Mata e, até
mesmo, no Norte de Minas Gerais, onde também apresentou taxas
consideráveis em outros municípios. Sob uma análise de escala municipal,
destacam-se Matozinhos, Capitólio, Jaíba, Resende Costa, Lagoa Formosa e
Camanducaia, que apresentaram a taxa máxima de 15 por um grupo de 10.000
veículos. Ressalte-se, ainda, que grande parte destes municípios se localizam
na divisa entre diversos Estados da federação.
4.1.3 Total de capotamento/tombamento
Através do cartograma coroplético referente ao total de
capotamento/tombamento em Minas Gerais, para o ano de 2003, vê-se que as
taxas desta modalidade de acidente são substancialmente menores que as
apresentadas anteriormente, uma vez que a taxa máxima encontrada
corresponde à 33,04, no município de Leandro Ferreira (Central Mineira)
(Figura 03).
De modo geral, as taxas mais expressivas localizam-se no noroeste e
sul do Estado, o que demonstra que não se nota um padrão específico de
comportamento em Minas Gerais. De toda forma, os municípios que se
destacam neste contexto são, em ordem decrescente, além de Leandro
Ferreira, Fortaleza de Minas (Sul/sudoeste), Raul Soares (Zona da Mata),
Salinas (Norte), Grão Mogol (Norte), Brumadinho (RMBH) e Diamantina
(Jequitinhonha).
No que se refere às menores taxas, nota-se que 305 dos municípios
mineiros apresentam taxas de até 5,58 por grupo de 10.000 veículos, com
destaque para Mantena (1,11), Andradas (1,69), Mateus Leme (2,12) e Rio
Paranaíba (3,00), localizadas nos mais diversos quadrantes do Estado, o que
demonstra que esta modalidade de acidente não apresenta homogeneidade no
espaço, seja nas maiores ou menores taxas apresentadas.
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4.1.4 Total de colisão de veículos
O cartograma coroplético referente ao total de colisão de veículos
apresenta uma distribuição específica no espaço mineiro (Figura 04). A maior
concentração desta modalidade de acidentes dá-se no quadrante leste/sudeste
do Estado, abrangendo as mesoregiões Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce,
RMBH, Zona da Mata e Campo das Vertentes. Entre os municípios que se
destacam neste contexto, tem-se: Coronel Fabriciano (Vale do Rio Doce),
Lagoa Santa (RMBH), Reduto (Zona da Mata), Uberaba (Triângulo mineiro) e
Belo Horizonte (RMBH), com taxas de 92,79, 80,27, 77,70, 62,05 e 62,06,
respectivamente.
Em relação às menores taxas, nota-se que estas se localizam na porção
espacial oposta das maiores taxas, o que corresponde ao quadrante oeste de
Minas Gerais. Assim sendo, as mesoregiões que predominam neste contexto
são, majoritariamente, Central Mineira, Sul/sudoeste, Triângulo mineiro/Alto
Paranaíba, Oeste e parte do Norte do Estado. Entre os municípios com taxas
menos expressivas tem-se Curvelo (Central Mineira), Espinosa (Norte de
Minas), Passa Quatro (Sul/sudoeste), Três Marias (Central Mineira) e Além
Paraíba (Zona da Mata), com taxas de 8,49, 8,72, 8,93, 9,14 e 11,13,
respectivamente.
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4.2 Coeficientes de Correlação
PEARSON Abalroamento Total
Atropelamento Total
Capot/Tomb Total
Colisões Total
Pearson 0,269 0,103 -0,031 0,143 Sig. 0,000 0,003 0,366 0,000 População 15 a 24 anos N 853 853 853 853 Pearson 0,226 0,082 -0,034 0,157 Sig. 0,000 0,016 0,320 0,000 Densidade Demográfica N 853 853 853 853 Pearson -0,008 -0,082 0,022 0,009 Sig. 0,818 0,016 0,526 0,784 IDH-M Educação N 853 853 853 853
Pearson -0,096 -0,163 0,004 -0,061 Sig. 0,005 0,000 0,897 0,076 Taxa de alfabetização N 853 853 853 853
Pearson -0,099 -0,189 0,032 -0,115 Sig. 0,004 0,000 0,358 0,001 IDH-M Longevidade N 853 853 853 853 Pearson -0,019 -0,187 -0,010 -0,102 Sig. 0,577 0,000 0,761 0,003 IDH-M Renda N 853 853 853 853 Pearson -0,044 -0,171 0,014 -0,078 Sig. 0,197 0,000 0,684 0,022 IDH-M N 853 853 853 853 Pearson 0,199 0,193 -0,016 0,028 Sig. 0,000 0,000 0,644 0,417 Índice de Gini N 853 853 853 853
Pearson 0,167 0,138 -0,025 0,003 Sig. 0,000 0,000 0,468 0,924 Índice de Theil N 853 853 853 853
Pearson 0,268 0,101 -0,032 0,143 Sig. 0,000 0,003 0,356 0,000 População Total N 853 853 853 853 Pearson 0,269 0,096 -0,033 0,146 Sig. 0,000 0,005 0,334 0,000 População Urbana N 853 853 853 853 Pearson 0,237 0,068 0,028 0,154 Sig. 0,000 0,049 0,422 0,000 Total geral de crimes
violentos 2003 N 853 853 853 853 Pearson 0,225 0,035 0,024 0,143 Sig. 0,000 0,310 0,480 0,000 Total de crimes contra o
patrimônio 2003 N 853 853 853 853 Pearson 0,138 0,135 0,032 0,118 Sig. 0,000 0,000 0,347 0,001 Total de crimes contra a
pessoa 2003 N 853 853 853 853
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o conjunto de mapas coropléticos observados nesta
análise, viu-se que os acidentes de trânsito, em Minas Gerais, não se
distribuem de forma homogênea neste espaço, sendo que a análise específica
por agrupamentos de acidentes faz-se necessária.
No que tange ao total de abalroamento notou-se, de acordo com o
cartograma coroplético correspondente, que a taxa de ocorrência desta
modalidade se concentrou, sobretudo, no quadrante setentrional do país,
especialmente nas mesoregiões norte, vale do Rio Doce, Noroeste e Vale do
Mucuri.
No que se refere ao total de atropelamentos, as suas maiores taxas
foram encontradas na porção oriental do Estado, seja no quadrante meridional
ou setentrional. Situação semelhante foi também observada no mapa referente
ao total de capotamento/tombamento, embora as suas taxas sejam mais
dispersas e proporcionalmente menores que as da modalidade analisada
anteriormente.
Na análise do total de colisão de veículos, viu-se que estes acidentes de
trânsito se concentram, majoritariamente, ao longo da BR 262, a partir da
capital mineira até a divisa interestadual com os Estados localizados à leste.
Entretanto, pode-se também observar que o norte de Minas Gerais também se
apresenta como um pólo concentrador da incidência destes acidentes
específicos.
Desta forma, a partir deste artigo, pode-se perceber o contexto espacial
onde se dão os principais acidentes de trânsito que permeiam o Estado de
Minas Gerais, no ano de 2003, bem como os seus principais condicionantes.
Esta investigação faz-se de suma importância, uma vez que, a partir da
identificação da localização e das suas principais causas, pode-se utilizar estes
conhecimentos em prol da solução deste problema, com a atuação mais
intensa nas áreas-problema já localizadas, considerando, ainda, os seus
condicionantes, tornando o combate mais dinâmico e eficaz.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Informações sobre a Mortalidade/Departamento de Informática do Sistema
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10(supl.1): 19-44, 1994.
Polícia Militar de Minas Gerais – PMMG. Número de ocorrências de acidentes
de trânsito em Minas Gerais, 2003.
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Figura 01 Figura 02
Figura 03
Figura 04