saÚde bucal sob o prisma da pessoa idosa · cantemos a canção da vida, na própria luz...

22
ANNA CHRISTINA FONSECA CAMPOS SAÚDE BUCAL SOB O PRISMA DA PESSOA IDOSA FORMIGA/MINAS GERAIS 2009

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ANNA CHRISTINA FONSECA CAMPOS

SAÚDE BUCAL SOB O PRISMA DA PESSOA IDOSA

FORMIGA/MINAS GERAIS

2009

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ANNA CHRISTINA FONSECA CAMPOS

SAÚDE BUCAL SOB O PRISMA DA PESSOA IDOSA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Especialização em

Atenção Básica em Saúde da Família,

Universidade Federal de Minas Gerais, para

obtenção do certificado de especialista.

Orientadora: Profª. Dra. Simone Dutra

Lucas

FORMIGA/MINAS GERAIS

2009

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ANNA CHRISTINA FONSECA CAMPOS

SAÚDE BUCAL SOB O PRISMA DA PESSOA IDOSA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Especialização em

Atenção Básica em Saúde da Família,

Universidade Federal de Minas Gerais, para

obtenção do certificado de especialista.

Orientadora: Profª. Dra.Simone Dutra

Lucas

Banca Examinadora

Prof. _______________________________________

Prof.________________________________________

Prof.________________________________________

Aprovada em Formiga – MG ____/____/______.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos que

sempre apoiaram com palavras, atos e orações. Ao

meu querido marido Flávio pela compreensão,

companheirismo e ajuda nos momentos mais delicados

e em especial ao meu filho Felipe que tanto aguardo

ansiosamente sua chegada.

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AGRADECIMENTO

A Deus pela presença constante e pela oportunidade e privilégio que me foi dado em

freqüentar este curso e compartilhar tamanha experiência e atentar para relevância de

temas que não fazia parte da minha vida.

A Profª.dra. Simone Dutra Lucas pela orientação deste trabalho.

Ao Grupo Feliz Idade que me recebeu de braços abertos e auxiliou na elaboração deste

trabalho participando nas respostas das entrevistas.

Aos colegas da Policlínica que muito me auxiliaram, meu sincero agradecimento.

A Subsecretária de Saúde, Priscila Rodrigues Rabelo Lopes, pela cumplicidade e

espontaneidade e alegria na troca de informações, numa rara demonstração de amizade.

A Ana Hortência e Tia Elza pela ajuda e disponibilidade.

A jornalista Flávia Carvalho pela colaboração.

Em fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram com este trabalho. Meu carinho,

afeto e muito obrigada!

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INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

A vida é um incêndio: nela

dançamos, salamandras mágicas

Que importa restarem cinzas

se a chama foi bela e alta?

Em meio aos toros que desabam,

cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,

na própria luz consumida...

(Mário Quintana)

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SAÚDE BUCAL SOB O PRISMA DA PESSOA IDOSA

ORAL HEALTH IN THE PRISM OF THE ELDERLY

DE SALUD BUCAL EN EL PRISMA DE LAS PERSONAS MAYORES

Campos, Anna Christina Fonseca 1

RESUMO

As projeções democráticas apontam que em 2.025 o Brasil terá cerca de 32 milhões de

idosos, uma conquista e também um desafio para humanidade, já que os serviços públicos

de saúde encontram-se despreparados para acolher essa demanda senil. O município

cenário da pesquisa não é diferente, a população envelhece e as políticas de saúde bucal

ainda encontram-se na adolescência, que com a implantação da equipe saúde bucal

modalidade dois no município, ampliou o acesso da população ao serviço de saúde, mas a

política local de saúde bucal ainda não conseguiu sensibilizar os usuários da melhor idade.

Diante dessa realidade surgiu o impulso para realização desta pesquisa, que constitui-se em

um estudo quali-quantitativo, com o objetivo de analisar o conhecimento dos idosos sobre

saúde bucal frequentes em grupo de convivência de um município pertencente à

macrorregião de Divinópolis – Minas Gerais. A pesquisa justifica-se baseando que esta

poderá servir de base para a implementação de políticas de saúde bucal inclusivas,

considerando o idoso um usuário que também necessita de cuidado integralizado. O estudo

apontou que os idosos não têm conhecimento de suas necessidades odontológicas. A

presente pesquisa é de cunho social e pretende despertar o interesse dos profissionais da

saúde bucal e gestores na elaboração de políticas públicas inclusivas que contemplem a

pessoa idosa.

Palavras-chave: Política de Saúde, Idosos e Saúde Bucal.

1

Cirurgiã - Dentista Graduada em Odontologia pela Universidade de Lavras - UNILAVRAS/MG,

Coordenadora Saúde Bucal do município de Japaraíba – MG

[email protected]

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ABSTRACT

Projections show that democracy in 2025 Brazil will have about 32 million people, an

achievement and a challenge to humanity, as the public health services are unprepared to

accept this demand senile. The council research scenario is no different, the population

ages and the oral health policy are still in their teens, with the installation team sport two

oral health in the city, increased the population's access to health services, but local politics

of health is not able to sensitize users to the best age. Given that reality came the impetus

for this research, which is based on a qualitative and quantitative methodology in order to

examine the knowledge of the elderly on oral health in frequent social group of a

municipality belonging to the macro-region Divinópolis - Minas Gerais . The research is

justified on the basis that it could be the basis for the implementation of oral health policy

inclusive, given the elderly a User who also needs care paid. The study found that older

people are not aware of their dental needs. This research is of social nature and want to

arouse the interest of oral health professionals and managers in the development of

inclusive public policies that address the Elder.

Key-words: Health Policy, Seniors and Oral Health.

RESUMEN

Las proyecciones muestran que la democracia en 2025, Brasil tendrá alrededor de 32

millones de personas, un logro y un desafío para la humanidad, como los servicios de salud

pública no están preparados para aceptar esta demanda senil. El escenario del Consejo de

Investigación no es diferente, la población envejece y la política de salud oral se

encuentran todavía en su adolescencia, con el deporte de equipo de instalación de dos salud

oral en la ciudad, un mayor acceso de la población a los servicios de salud, pero la política

local de salud no es capaz de sensibilizar a los usuarios la mejor edad. Dada esa realidad

surgió el impulso para esta investigación, que se basa en una metodología cualitativa y

cuantitativa a fin de examinar los conocimientos de las personas mayores en la salud bucal

en el grupo social frecuente de un municipio perteneciente a la macro-región Divinópolis -

Minas Gerais . La investigación se justifica sobre la base de que podría ser la base para la

aplicación de la política de salud oral inclusive, a las personas ancianas un usuario que

también necesita cuidados pagados. El estudio encontró que las personas mayores no son

conscientes de sus necesidades dentales. Esta investigación es de naturaleza social y quiere

despertar el interés de los profesionales de la salud oral y los administradores en el

desarrollo de políticas públicas que aborden el Viejo.

Palabras llaves: Políticas de Salud, Tercera Edad y Salud Bucal.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................

10

2 Metodologia ................................................................................... 12

2.1 Delineamento da Pesquisa ............................................................ 12

2.2 Seleção dos Participantes ............................................................. 12

2.3 Coleta de Dados ............................................................................. 12

2.4 Análise dos Dados .......................................................................... 13

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. 15

3.1 Dados demográficos ...................................................................... 15

3.2 Percepção da saúde bucal ............................................................. 15

3.3 Uso de Prótese Odontológica......................................................... 17

3.4 Serviço público de saúde bucal .................................................... 18

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................

20

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................ 21

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecer é descrito como um processo biológico complexo que ocorre durante

toda vida, do qual existem inúmeros conceitos que variam de acordo com o contexto

socioeconômico e com a autonomia do idoso (MINAS GERAIS, 2007).

Essa definição é motivo de questionamentos e imprecisões, já que estudos sobre o

envelhecer são poucos e limitados, estes em sua maioria acompanham dados demográficos,

sendo este fenômeno tão novo que as demandas de uma sociedade envelhecida só

recentemente têm sido conhecidas. (CHAIMOWICZ,et al. 2009).

Segundo Chaimowicz, et al.(2009) essa tendência deve-se a transição demográfica,

caracterizada por uma sequência de eventos que resultam em baixas taxas de mortalidade,

redução do tamanho da população e aumento da proporção de idosos.

As projeções demográficas apontam que em 2.025 o Brasil terá cerca de 32 milhões

de idosos, o que poderá ser considerado uma conquista única para humanidade, porém um

desafio, para toda sociedade (BRASIL, 2009; MINAS GERAIS, 2007).

De acordo com Colussi, Freitas, Calvo, (2004) essa conquista pode ser entendida

como um problema já que as condições de autonomia e saúde são limitadas, o que

acarretará uma sobrecarga do serviço público de saúde, que se encontra despreparado para

acolher essa demanda senil.

Constituem também uma problemática para o serviço de saúde, as questões de

saúde bucal do idoso, já que as políticas existentes pouco contemplam a saúde bucal das

pessoas idosas e estas foram pouco beneficiadas pela evolução da área de saúde e da

odontologia, já que conviveram com a quase inexistência do serviço de saúde bucal

preventivo, em que a prática prevalente era a extração dentária

(VARGAS,VASCONCELOS,RIBEIRO,2009; BRASIL, 2006).

O município cenário da pesquisa não é diferente, a população envelhece e as

políticas de saúde bucal ainda se encontram na adolescência, sendo que há pouco tempo se

restringia basicamente a exodontia e aos atendimentos de urgência, geralmente

mutiladores.

Com a implantação da equipe de saúde bucal modalidade dois no município,

houve um maior acesso da população ao serviço de saúde, mas a política local de saúde

bucal ainda não conseguiu sensibilizar os usuários da melhor idade.

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Diante dessa realidade surgiu o impulso para realização desta pesquisa, cujo

objetivo é descrever o conhecimento sobre a saúde bucal dos idosos frequentes em grupo

de convivência de um município pertencente à macrorregião de Divinópolis - Minas

Gerais, caracterizar o perfil socioeconômico, identificar a data da última visita ao dentista,

bem como conhecer os fatores associados à procura por assistência e a adesão ao serviço

público odontológico.

A pretensão desta pesquisa é desenvolver raciocínio crítico em relação ao modelo

de saúde bucal do idoso vigente, contribuir para elaboração e implementação de políticas

inclusivas de saúde bucal.

2 METODOLOGIA

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2.1 Delineamentos da pesquisa

Trata-se de um estudo com abordagem quali-quantitativa (triangulação sequencial)

e o método transversal.

De acordo Minayo (1994), não existe uma definição de onde começa e termina a

relação entre qualitativo e quantitativo. O primeiro termo representa o lugar da intuição, da

exploração e do subjetivo, já o segundo representa o espaço científico por ser traduzido em

dados matemáticos.

Segundo Vergara (2008), a triangulação pode ser definida como uma estratégia de

pesquisa variada na utilização de vários métodos para investigar o mesmo fato, ou seja,

refere-se ao uso de métodos quantitativos e qualitativos ao mesmo tempo. A interação

entre os métodos durante a coleta de dados é reduzida, mas eles se complementam no

momento da conclusão do estudo (VERGARA 2008).

2.2 Seleções dos participantes

A escolha foi motivada por dois critérios, sendo que o primeiro pela facilidade de

acesso ao município em questão. E o segundo pelo fato de o referido grupo ter a maior

concentração de idosos do município e encontrar-se em funcionamento há mais de dois

anos, dado este relevante para investigação.

Durante a realização da pesquisa nenhum idoso apresentou-se contra a realização

da mesma, com isso não foi necessária à eliminação ou substituição.

Assim sendo, o número inicial de participantes foi de 25 idosos sendo mantido o

mesmo número até o final da pesquisa.

2.3 Coletas de dados

A coleta de dados ocorreu no período de setembro a outubro de 2009. O primeiro

contato foi feito com a presidente do grupo através de telefonema, sendo agendada a data,

hora e local para a apresentação da pesquisa através de carta de apresentação. As

entrevistas com os idosos foram realizadas durante os encontros, na sede do grupo e

tiveram duração média de 20 minutos.

Com o objetivo de manter o anonimato, cada idoso foi codificado com a letra I,

sendo seguidos de uma sequência numérica, de 01 a 25.

Todos os participantes da pesquisa foram submetidos ao Termo de Consentimento

Livre e Esclarecidos, visando à legitimidade da pesquisa e garantia de direitos aos

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participantes. O presente termo encontra-se em consonância com a Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde que normatiza a pesquisa envolvendo seres humanos. O

termo foi lido e explicado ao participante da pesquisa e assinado em duas vias, uma para o

participante e outra para o pesquisador.

Foi utilizada a entrevista semi-estruturada e aplicado teste piloto em três idosos que

não compõem a amostra, sendo que este identificou a necessidade de pequenas adaptações.

Todas as entrevistas foram gravadas.

O fator dificultante para a coleta de dados foi o número reduzido de idosos em

alguns encontros, o que impossibilitou o término da coleta da data prevista.

2.4 Análises dos dados

Após a coleta de dados, as entrevistas gravadas foram ouvidas e em seguida

transcritas em sua íntegra para análise de dados. Seguindo como referência a análise de

conteúdo sugerida por Minayo (1994) e Bardin (1977).

A análise de dados apresenta finalidades de grande importância ao trabalho

científico e pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações

com o objetivo de obter, por procedimentos, sistemáticos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às

condições de produção e recepção destas mensagens (BARDIN, 1977).

Com base em Minayo et al. (1994), existem três fases correspondentes à análise de

dados que se complementam entre si. A primeira fase diz respeito ao estabelecimento de

uma compreensão dos dados coletados, a segunda relaciona-se com a confirmação ou não

dos pressupostos iniciais da pesquisa, ou seja, responder as questões formuladas no início

da pesquisa, e por fim busca-se ampliar o conhecimento sobre o tema pesquisado.

Uma forma de obter uma boa análise de dados é trabalhar com categorias ou

semelhanças das falas dos entrevistados. Segundo Bardin (1997), esta se baseia em

operações de desmembramento do texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes

núcleos de sentido que constituem a comunicação, e posteriormente, realizar o seu

reagrupamento em classes ou categorias.

De acordo com esta mesma autora os pontos primordiais da fase da descrição ou

preparação do material visam à inferência ou dedução e a interpretação. Portanto, os

principais pontos da pré-análise são as primeiras leituras de contato com os textos, a

escolha dos documentos ou no caso os relatos transcritos, a formulação das hipóteses e

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objetivos relacionados, a referenciação dos índices e elaboração dos indicadores, ou seja, a

frequência de aparecimento e a preparação do material propriamente dito.

Dentro dos discursos dos participantes foram identificadas categorias quantitativas

e qualitativas.

Uma vez, definidas as categorias tem-se a fase de análise dos conteúdos. Segundo

Minayo et al. (1994), essa análise tem duas funções importantes: a primeira diz respeito à

confirmação das hipóteses surgidas antes da realização da coleta de dados. A segunda

relaciona-se aos dados que estão além dos conteúdos manifestos que também devem ser

observados durante a coleta de dados.

A análise de conteúdo se classifica em três fases diferentes: a primeira denomina-

se como fase pré-analítica, na qual ocorre a organização do material coletado durante a

coleta de dados para que possa ser analisado, nessa fase devem ser definidas as categorias

que serão avaliadas. A segunda fase é a de exploração do material, este é o momento de

aplicar o que foi definido na fase anterior, geralmente mais longa e tornam-se necessárias

diversas leituras do material agrupado durante a coleta de dados. A terceira fase é a de

tratamento e interpretação dos dados obtidos, nela busca verificarem os dados quantitativos

existentes na pesquisa (MINAYO et al., 1994).

Uma vez definidas as categorias das entrevistas, foram feitas pequenas correções

linguísticas com preservação do conteúdo e a espontaneidade das falas; os conteúdos

destas foram analisados dentro da abordagem qualitativa. Em seguida realizou-se a busca

dos dados quantitativos e foram identificadas duas categorias representadas e discutidas no

trabalho através de gráficos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante da opção pela pesquisa quanti-qualitativa os resultados obtidos foram

trabalhados através de gráficos e análise do conteúdo das entrevistas dos participantes,

dividindo os mesmos em categorias que se encontram descritos na pesquisa.

3.1 Dados demográficos

Participaram da pesquisa 25 indivíduos, todos residentes na área urbana, 20%

moram sozinhos, 68% moram com a família e 12% moram com o (a) companheiro (a). As

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idades dos participantes variaram entre 60 a 81anos. Com prevalência de mulheres (86%),

de indivíduos da cor branca 52 %, negro 24% e pardo 24%.60% dos idosos estudaram até a

quarta série do ensino fundamental, 16% são analfabetos funcionais e20% são analfabetos.

A maioria 80% mantém sua subsistência com a aposentadoria, 4% com trabalho

remunerado, 4% é dependente de filhos e 4% através do auxilio 65anos.

A prevalência de indivíduos do sexo feminino condiz com dados demográficos do

IBGE em que a maioria da população brasileira é composta pelo sexo feminino, reflexo da

mortalidade masculina de jovens e adultos por causas externas. Em todas as regiões do

Brasil a proporção de mulheres idosas é maior do que a de homens idosos (BRASIL,

2008).

Para Moreira et al., 2005, o acesso do idoso ao serviço de saúde bucal é dificultado

pela baixa escolaridade, baixa renda e escassa oferta de serviços públicos de atenção à

saúde bucal dos idosos.

3.2 Percepções da Saúde Bucal

A análise do GRAF. 01 demonstra que a maioria dos idosos (44%) relatou não se

lembrar da última visita ao dentista, 24% realizou a visita ao dentista no período de seis

meses a um ano,20% de um ano a dois anos e 12% mais de dois. Muitos idosos

principalmente os edentados, não realizam visitas regulares ao dentista, esquecendo-se da

necessidade de fazer o diagnóstico precoce do câncer. (MINAS GERAIS, 2007).

Um dos fatores que influencia nesse resultado é a persistência do tabu de que

usuários de prótese total não necessitam de acompanhamento odontológico (MINAS

GERAIS, 2007).

De acordo com Matos, Giatti, Costa, (2004) é preocupante a baixa periodicidade do

uso do serviço odontológico pelos idosos, pois, a intervenção do dentista pode sanar

problemas orais (eliminação de dores e focos infecciosos) reabilitação oral e ajuste de

próteses mal adaptadas.

A frequência da consulta de manutenção deve ser determinada pelo profissional de

acordo com as variáveis do processo saúde/doença. Esse controle odontológico regular

para o idoso deve primar pela redução de irritações e injúrias mecânicas nas mucosas,

visando à melhor qualidade de vida e a prevenção do câncer bucal (MINAS GERAIS,

2007).

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20%

12%

44%

24%

6 meses a 01 ano

01 ano a 02 anos

02 anos ou mais

não lembra

GRÁFICO 1: Distribuição dos idosos participantes da pesquisa em relação à última visita

ao dentista.

Fonte: Consolidado das entrevistas aplicadas durante a pesquisa, ano base 2009.

Questionados os idosos sobre a realização do auto-exame bucal apenas 20%

afirmam realizá-lo.

O câncer bucal representa um importante problema de saúde pública no Brasil, há

predominância de casos de câncer bucal no sexo masculino e em pessoas de meia idade e

idosos (ARAÚJO, CAPISTRANO, 2003).

Perdura uma crença de que os idosos perdem os dentes com a idade, mas esse

paradigma deve ser quebrado, é possível manter os dentes hígidos durante o

envelhecimento (BRASIL, 2008).

Silva, Sousa, Wada, (2004) relacionam as extrações em série, a cárie dentária e a

doença periodontal com o edentulismo o que resulta o grande número de indivíduos

usando próteses totais e/ou delas necessitando.

3.3 Uso de Prótese odontológica

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8%4%

88%

Total

Parcial

Não usa prótese

GRÁFICO 2 - Distribuição dos idosos que relataram o uso de prótese odontológica

Fonte: Consolidado das entrevistas aplicadas durante a pesquisa, ano base 2009.

Dos participantes que usam prótese 84% afirmam já ter trocado, das alegações

apresentadas para troca apenas 8% ocorreram por indicação do dentista e 76% por outros

motivos, apresentados na TABELA1.

TABELA 1

Motivos alegados pelos idosos para troca da prótese odontológica

(%)

Fratura

30

Desgaste Natural

20

Perda dos dentes

14

Indicação do Dentista

8

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3.4 Serviços públicos de saúde bucal

Martins et al., 2008 afirma que os idosos carregam o legado de um modelo

assistencial alicerçado em práticas curativas e mutiladoras.

As falas dos idosos remetem a dificuldades de acesso ao serviço de saúde bucal em

sua infância e juventude.

“Na minha época não tinha isso de ficar

tratando de dente. Quando o dente ficava

estragado eu ia lá ao dentista e aí ele

arrancava os estragados e os bons também...

(I1)”.

“... hoje o que vejo se tivessem na minha

época estas medidas de cuidado, acredito que

teriam todos os meus dentes hoje. Antigamente

era só arrancar, não tinha outros

tratamentos... (I13)”.

“... comecei a arrancar meus dentes com 12

anos, fui arrancando aos poucos, fiquei seis

Estética

8

Injurias Mecânicas

4

Fonte: Consolidado das entrevistas aplicadas durante a pesquisa,

ano base 2009.

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meses sem dente algum, depois coloquei

várias dentaduras, mas todas me

machucaram, está que eu estou agora

machucou oito meses, agora não machuca

mais (I12).”

Perguntado aos idosos sobre o serviço público de saúde bucal municipal 24%

disseram conhecê-lo, porém apenas 8% relatam já utilizaram o serviço.

“... conheço o dentista de graça porque já

acompanhei os meus filhos em tratamento

(I9)”.

“Eu conheço sim. Esses dias eu fui lá pra

arrancar o resto dos meus dentes debaixo, só

que o dentista não arrancou, disse que eles

ainda estão bons, fez uma limpeza e agora

estou pensando até em colocar um roth... ele

me explicou que tenho que limpar minha boca

bem direitinha e tenho que voltar lá sempre...

(I2)”.

Inúmeros fatores podem impossibilitar o acesso do idoso à atenção em saúde bucal,

dentre eles: a limitação do idoso por problemas de saúde, as barreiras físicas, a falta de

priorização dessa faixa etária pelos serviços odontológicos, medos, tabus, descrédito na

capacidade resolutiva do serviço (MINAS GERAIS, 2007).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A população idosa crescerá consideravelmente nos próximos anos, necessitando de

políticas públicas de saúde bucal mais concisas que promovam a integração do idoso no

contexto mais amplo de saúde pública e que atendam as prerrogativas dos princípios

doutrinários do Sistema único de Saúde – SUS. Políticas inclusivas que priorizem o idoso

como cidadão que requer assistência integralizada.

Nesta pesquisa verificou-se que 44% dos idosos não se lembram quando foi sua

última visita ao dentista, 80% nunca ouviram falar no auto-exame bucal, 88% usam prótese

odontológica total, 84% já trocaram à prótese, sendo que apenas 8% ocorreram por

indicação do profissional e que atribuem o edentualismo a desinformação, a falta de acesso

ao serviço de saúde bucal na infância e juventude. O que ainda perdura, tendo em vista que

24% dos idosos relataram conhecer o serviço público de saúde bucal e apenas 8% já

utilizaram este serviço.

A questão crucial da pesquisa sobre o conhecimento dos idosos sobre saúde bucal

foi elucidada, o idoso não conhece suas necessidades e o serviço público de saúde bucal

não dispõe de política específica para idoso.

No entanto, a constatação deste resultado não tem a pretensão de ser conclusivo,

mas que venha contribuir para uma reflexão crítica que promova o aprofundamento para

profissionais da odontologia e Gestores sobre as considerações aqui colocadas.

A proposta é de que norteiem as entidades de classe e governos na elaboração de

políticas públicas voltadas a inclusão promovendo ações específicas aos problemas de

saúde bucal do idoso dentre esses, a falta de dentes. Além de medidas educativas e

preventivas, diante desta realidade do grande número de edentualismo deve ser levado em

conta a reabilitação oral.

5 REFERÊNCIAS

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1. ARAÚJO, Ilza Helena Miranda; CAPISTRANO, Hermínia Marques. Análise do

câncer bucal em hospital de atendimento geral. Revista do Conselho Regional de

Odontologia de Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p. 78-83,

Abril/Maio/Junho 2003.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Saúde Bucal.

Brasília, 2006. Disponível em: <

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