saúde

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CIDADE & REGIÃO A5 ORIENTAÇÕES GRIPE A SAIBA MAIS Uberlândia tem três casos confirmados EM TODO O ESTADO FORAM CONFIRMADOS, ATÉ ONTEM À NOITE, 162 CASOS DE GRIPE A E MAIS 374 CASOS SUSPEITOS INFLUENZA A LYGIA CALIL | REPÓRTER [email protected] M ais um caso de gripe A foi confirmado em Uberlân- dia ontem, por um exame realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro. Trata-se do tercei- ro diagnóstico comprova- do na cidade. Em junho, outros dois pacientes fo- ram infectados pela doen- ça, mas evoluíram bem e se curaram. Até agora, nenhum óbito por gripe A foi con- firmado na cidade. A pa- ciente tem 22 anos e está internada desde 27 de julho no Centro de Tra- tamento Intensivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU). Ela tem HIV positivo e o esta- do de saúde é grave, respi- ra com ajuda de aparelhos e apresenta comprometi- mento pulmonar grave. Outra paciente con- tinua internada no HC ainda com suspeita da doença. Ela está grávida e poderá receber alta do CTI ainda hoje, pois o quadro é estável. Os nomes das duas mulheres não foram divulgados. Segundo o represen- tante do Comitê Munici- pal contra a Influenza A, o infectologista Marcelo Simão, esta nova con- firmação da doença não deve gerar pânico na po- pulação. “A gripe A não é muito diferente da gri- pe comum. Em 99,6% dos casos, a evolução é a mesma. Só em grupos de risco, como pessoas com doenças cardíacas ou pul- monares, HIV positivo e outras enfermidades gra- ves”, afirmou. Além das duas mulhe- res, mais quatro pacientes convivem com sintomas equivalentes aos da gripe A na cidade. Além de en- cararem os sintomas, eles têm de enfrentar a dúvida se foram ou não contami- nadas pelo vírus H1N1, já que o laboratório da Fio- Cruz atende toda a região Sudeste e tem realizado testes só de pacientes em estado grave, em confor- midade a uma recomen- dação do Ministério da Saúde.comendação do Mi- nistério da Saúde. PAULO AUGUSTO MARCELO SIMÃO pede que a população não crie pânico Para pessoas com suspeita de contaminação Higienizar as mãos com água e sabonete (ou se possível álcool gel 70%), após tossir, espirrar, usar o banheiro e antes das refeições Não compartilhar objetos de uso pessoal e alimentos Permanecer sempre que possível em sua residência Ficar em repouso, utilizar alimentação balanceada e aumentar a ingestão de líquidos Para familiares e cuidadores Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados) Higienizar as mãos frequentemente Evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies potencialmente contaminadas Para população em geral Não há necessidade de usar máscara Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados) Qual a diferença entre a gripe comum e a Influenza A (H1N1)? Elas são causadas por diferentes subtipos do vírus Infl uen- za. Os sintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina, tosse, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Por isso, não importa, neste momento, saber se o que se tem é gripe comum ou a nova gripe. A orien- tação é, ao ter alguns desses sintomas, procure seu médico ou vá a um posto de saúde. Vale lembrar que, na gripe comum, a maioria dos casos apresenta quadro clínico leve e quase 100% evoluem para a cura. Isso também ocorre na nova gripe. Em ambos os casos, o total de pessoas que morrem após contraí- rem o vírus em todo o mundo é, em média, de 0,5%. O que fazer em caso de surgimento de sintomas? Qualquer pessoa que apresente sintomas de gripe deve procurar seu médico de confiança ou o serviço de saúde mais próximo, para receber o tratamento adequado. Nos casos de agravamento ou de pessoas que façam parte do grupo de risco, os pacientes serão encaminhados a um dos 68 hospitais de referência. Os hospitais estão preparados para atender pacientes com a Influenza A? O Brasil possui 68 hospitais de referência para tratamen- to de pacientes graves infectados pelo novo vírus. Nestas unidades, existem 900 leitos com isolamento adequado para atender aos casos que necessitem de internação. Todos os outros hospitais estão preparados para receber pacientes com sintomas leves de gripe. PERGUNTAS E RESPOSTAS FREQUENTES SOBRE GRIPE A FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE HOSPITAIS Uberlândia tem hoje três leitos preparados com filtro EPA para isolamento dos pacientes com a Gripe A no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/ UFU). Dois estão localizados na Unidade de Terapia Inten- siva (UTI) de adultos e um na UTI Pediátrica. Atualmente, os leitos de adultos estão ocupados por pacientes LEITOS PREPARADOS PARA A GRIPE A ENDEREÇOS DAS UAIs UAI Luizote Rua Matheus Vaz, 465 UAI Martins Av. Belo Horizonte, 1.084 UAI Morumbi Av. Felipe Calixto Milken, s/n UAI Pampulha Av. João Naves de Ávila, 4.920 UAI Planalto Rua do Engenheiro, 246 UAI Roosevelt Av. Cesário Crosara, 4.000 UAI São Jorge Av. Toledo, 165 UAI Tibery Av. Benjamin Magalhães, 1.115 A GRIPE A NÃO É MUITO DIFERENTE DA GRIPE COMUM RESULTADO DOS EXAMES DEMORA Segundo a assessoria da Gerência Regional de Saúde (GRS), há amostras recolhidas no início de julho que ainda não foram analisadas. Muitos pa- cientes que já se restabelece- ram ainda não sabem ao certo se contraíram a doença. A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é que, a par- tir da segunda quinzena deste mês, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) também passe a rea- lizar os exames e possa desa- fogar a demanda na FioCruz. “É uma situação grave, pois fi- camos sem a confirmação, sem saber se precisamos monitorar ou não. É praticamente impos- sível fazer o diagnóstico de gri- pe A clinicamente. Estes exa- mes deveriam ficar prontos em cinco dias úteis, no máximo”, disse Marcelo Simão, repre- sentante do Comitê Municipal contra a Influenza A. QUANDO O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou ontem que, embora cause menos mortes do que a gripe comum, a Influenza A (H1N1) — gripe suína — representa 60% dos casos de gripe no País. Segundo Temporão, nos próximos dias há uma tendên- cia “natural” de aumento no número de casos. “O vírus está se disseminando”, disse. Mas garantiu que o sistema público de saúde está bem preparado, até mesmo com estoque ade- quado de medicamento. O ministro também expli- cou que, com a disseminação da doença e com a semelhan- ça nos sintomas e no trata- mento, a exigência de testes para diferenciar as gripes é desnecessária. “Esse [exigir o exame] é outro disparate [o primeiro é o uso indiscrimina- do do medicamento Tamiflu]. Nenhum país está mais fazen- do isso.” MINISTRO TEMPORÃO diz que SUS está bem preparado para tratar pacientes com gripe VALTER CAMPANATO/ABR DOMINGO NO CORREIO AGOSTO É O MÊS DOS IPÊS CORREIO DE UBERLÂNDIA • TERÇAFEIRA 4/8/2009

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Reportagens produzidas para a editoria de Saúde.

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CIDADE & REGIÃOA5

ORIENTAÇÕES

GRIPE A

SAIBA MAIS

Uberlândia tem três casos confirmadosEM TODO O ESTADO FORAM CONFIRMADOS, ATÉ ONTEM À NOITE, 162 CASOS DE GRIPE A E MAIS 374 CASOS SUSPEITOS

INFLUENZA A

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Mais um caso de gripe A foi c o n f i r m a d o em Uberlân-

dia ontem, por um exame realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro. Trata-se do tercei-ro diagnóstico comprova-do na cidade. Em junho, outros dois pacientes fo-ram infectados pela doen-ça, mas evoluíram bem e se curaram.

Até agora, nenhum óbito por gripe A foi con-fi rmado na cidade. A pa-ciente tem 22 anos e está internada desde 27 de julho no Centro de Tra-tamento Intensivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU). Ela tem HIV positivo e o esta-do de saúde é grave, respi-ra com ajuda de aparelhos e apresenta comprometi-mento pulmonar grave.

Outra paciente con-tinua internada no HC ainda com suspeita da doença. Ela está grávida e poderá receber alta do CTI ainda hoje, pois o quadro

é estável. Os nomes das duas mulheres não foram divulgados.

Segundo o represen-tante do Comitê Munici-pal contra a Infl uenza A, o infectologista Marcelo Simão, esta nova con-fi rmação da doença não deve gerar pânico na po-pulação. “A gripe A não é muito diferente da gri-pe comum. Em 99,6% dos casos, a evolução é a mesma. Só em grupos de risco, como pessoas com doenças cardíacas ou pul-monares, HIV positivo e outras enfermidades gra-ves”, afi rmou.

Além das duas mulhe-res, mais quatro pacientes convivem com sintomas equivalentes aos da gripe A na cidade. Além de en-cararem os sintomas, eles têm de enfrentar a dúvida se foram ou não contami-nadas pelo vírus H1N1, já que o laboratório da Fio-Cruz atende toda a região Sudeste e tem realizado testes só de pacientes em estado grave, em confor-midade a uma recomen-dação do Ministério da Saúde.comendação do Mi-nistério da Saúde.

PAULO AUGUSTO

MARCELO SIMÃO pede que a população não crie pânico

Para pessoas com suspeita de contaminação

› Higienizar as mãos com água e sabonete (ou se possível álcool gel 70%), após tossir, espirrar, usar o banheiro e antes das refeições

› Não compartilhar objetos de uso pessoal e alimentos › Permanecer sempre que possível em sua residência › Ficar em repouso, utilizar alimentação balanceada e

aumentar a ingestão de líquidos

Para familiares e cuidadores

› Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados)

› Higienizar as mãos frequentemente › Evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com

superfícies potencialmente contaminadas

Para população em geral

› Não há necessidade de usar máscara › Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os

ambientes ventilados)

Qual a diferença entre a gripe comum e a Infl uenza A (H1N1)?

Elas são causadas por diferentes subtipos do vírus Infl uen-za. Os sintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina, tosse, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Por isso, não importa, neste momento, saber se o que se tem é gripe comum ou a nova gripe. A orien-tação é, ao ter alguns desses sintomas, procure seu médico ou vá a um posto de saúde. Vale lembrar que, na gripe comum, a maioria dos casos apresenta quadro clínico leve e quase 100% evoluem para a cura. Isso também ocorre na nova gripe. Em ambos os casos, o total de pessoas que morrem após contraí-rem o vírus em todo o mundo é, em média, de 0,5%.

O que fazer em caso de surgimento de sintomas?

Qualquer pessoa que apresente sintomas de gripe deve procurar seu médico de confi ança ou o serviço de saúde mais próximo, para receber o tratamento adequado. Nos casos de agravamento ou de pessoas que façam parte do grupo de risco, os pacientes serão encaminhados a um dos 68 hospitais de referência.

Os hospitais estão preparados para atender pacientes com a Infl uenza A?

O Brasil possui 68 hospitais de referência para tratamen-to de pacientes graves infectados pelo novo vírus. Nestas unidades, existem 900 leitos com isolamento adequado para atender aos casos que necessitem de internação. Todos os outros hospitais estão preparados para receber pacientes com sintomas leves de gripe.

PERGUNTAS E RESPOSTAS FREQUENTES SOBRE GRIPE A

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE

HOSPITAIS

Uberlândia tem hoje três leitos preparados com fi ltro EPA para isolamento dos pacientes com a Gripe A no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU). Dois estão localizados na Unidade de Terapia Inten-siva (UTI) de adultos e um na UTI Pediátrica. Atualmente, os leitos de adultos estão ocupados por pacientes

LEITOS PREPARADOS PARA A GRIPE A

ENDEREÇOS DAS UAIs UAI Luizote Rua Matheus Vaz, 465UAI Martins Av. Belo Horizonte, 1.084UAI Morumbi Av. Felipe Calixto Milken, s/n UAI Pampulha Av. João Naves de Ávila, 4.920UAI Planalto Rua do Engenheiro, 246UAI Roosevelt Av. Cesário Crosara, 4.000 UAI São Jorge Av. Toledo, 165UAI Tibery Av. Benjamin Magalhães, 1.115

A GRIPE A NÃO É MUITO DIFERENTE DA GRIPE COMUM

RESULTADO DOS EXAMES DEMORASegundo a assessoria da

Gerência Regional de Saúde (GRS), há amostras recolhidas no início de julho que ainda não foram analisadas. Muitos pa-cientes que já se restabelece-ram ainda não sabem ao certo se contraíram a doença.

A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é que, a par-tir da segunda quinzena deste mês, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) também passe a rea-

lizar os exames e possa desa-fogar a demanda na FioCruz. “É uma situação grave, pois fi -camos sem a confi rmação, sem saber se precisamos monitorar ou não. É praticamente impos-sível fazer o diagnóstico de gri-pe A clinicamente. Estes exa-mes deveriam fi car prontos em cinco dias úteis, no máximo”, disse Marcelo Simão, repre-sentante do Comitê Municipal contra a Infl uenza A.

QUANDO

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou ontem que, embora cause menos mortes do que a gripe comum, a Infl uenza A (H1N1) — gripe suína — representa 60% dos casos de gripe no País.

Segundo Temporão, nos próximos dias há uma tendên-cia “natural” de aumento no número de casos. “O vírus está se disseminando”, disse. Mas garantiu que o sistema público de saúde está bem preparado,

até mesmo com estoque ade-quado de medicamento.

O ministro também expli-cou que, com a disseminação da doença e com a semelhan-ça nos sintomas e no trata-mento, a exigência de testes para diferenciar as gripes é desnecessária. “Esse [exigir o exame] é outro disparate [o primeiro é o uso indiscrimina-do do medicamento Tamifl u]. Nenhum país está mais fazen-do isso.”

MINISTRO

TEMPORÃO diz que SUS está bem preparado para tratar pacientes com gripe

VALTER CAMPANATO/ABR

DOMINGO NO CORREIO AGOSTO É O

MÊS DOS IPÊSCORREIO DE UBERLÂNDIA • TERÇA!FEIRA • 4/8/2009

CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • SEGUNDA!FEIRA • 7/9/2009

A3

Eles venceram os limites do corpo> COM ÓRGÃOS DOADOS, UBERLANDENSES VIVEM NORMALMENTE E DÃO EXEMPLO DE AMOR À VIDA

VIDA DE TRANSPLANTADO

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Para doentes crô-nicos, quando já não há mais outro recurso ou

tratamento, o transplante de órgãos é a última indi-cação dos médicos. É uma tentativa, a opção fi nal. Ouvir a notícia, porém, é o primeiro passo de um longo processo, que inclui internações, fi las de espe-ra, cirurgias e medo.

Mas, depois de ultrapas-sado o limite da doença e toda a angústia causada por ela, como é a vida de quem convive com um pedaço de outra pessoa no próprio corpo? Que li-mitações e expectativas envolvem quem passa por um transplante?

“Pedi a Deus que tives-

BETO OLIVEIRA

se misericórdia de mim. E Ele teve.” É esta a explica-ção da enfermeira Neide Carla de Jesus, 39 anos, para o sucesso dos trans-plantes de rim e pâncreas que ela recebeu há quase dez anos. Ela é a única transplantada dupla de Uberlândia e faz da sua condição uma bandeira.

São 12 comprimidos to-dos os dias, uma vida mais regrada e nem por isso anormal. “A minha imu-nidade é mais baixa, mas continuo a fazer minhas atividades normalmente. Vivo para ajudar trans-plantados e conscientizar as pessoas da importância da doação”, disse.

A insufi ciência renal surgiu por causa do dia-betes incontrolável, hoje curado em função do transplante de pâncreas.

AOS 39 ANOS, NEIDE CARLA LEVA UMA VIDANORMAL, APENAS COMINGESTÃO DE12 COMPRIMIDOSAO DIA

TRANSPLANTADA, Neide tornou-se enfermeira para ajudar outras pessoas

CIGARRO obrigou o empresário Roberto a um transplante de pulmão

“A minha taxa de glicose subia e descia, entrei em coma algumas vezes. Quan-do recebi a notícia da insu-fi ciência e do transplante, eu me desesperei, me agar-rei a Deus. Hoje, eu faço pelas outras pessoas o que fi zeram por mim. Até me formei como enfermeira para poder ajudar”, disse.

UMA VIDA TRANSFORMADAO hobby preferido do em-

presário Roberto Rodrigues, 62, é pescar. Durante 25 anos, ele viajou com amigos para pescarias em vários lugares do Brasil. Na sema-na passada, depois de qua-se sete anos sem praticar o esporte, ele fi nalmente foi liberado por uma junta mé-dica para viajar. Há quatro anos, ele carrega no peito um pulmão de um jovem gaú-cho, morto em função de um aneurisma.

Devido ao enfi sema cau-sado pelo cigarro (fumava três maços diariamente), ele foi dependente do balão de oxigênio por sete anos. “Não conseguia nem tomar banho sozinho. Era uma tortura di-ária, não era vida”. Ele fi cou na lista de espera, morando em Porto Alegre (RS) de no-vembro de 2004 até abril do

ano seguinte. “No fi nal, já não conseguia fazer nada, só esperar, com agonia, a notí-cia da chegada do pulmão”, disse.

Hoje, vive uma vida ini-maginável há cinco anos: tra-balha, namora, pratica ativi-dades físicas, faz drenagem linfática. De diferente, só um detalhe: são 24 comprimidos de imunossupressores todos os dias. “Vai ser assim pelo resto dos meus dias. Estou feliz, voltei a respirar alivia-do”, afi rmou.

Assim como a enfermei-ra Neide, ele dedica parte do tempo para a conscien-tização das pessoas sobre a importância da doação de órgãos, além de participar de campanhas contra o fumo. “Tenho que fazer a minha parte. Eu tive sorte, é minha obrigação ajudar.”

ROBERTO

MUITA PACIÊNCIA COM A FILA DE ESPERAHá dez anos na fi la de espera

por um rim, o aposentado Na-talino José Augusto, 60, sobre-vive graças às quatro sessões de diálise semanais. Com os dois rins paralisados em fun-ção de pressão alta, ele se diz resignado com a própria sorte. “Deus é perfeito e dá uma cruz a quem pode carregar. Sou tei-moso, vou resistindo enquanto der”, disse.

A difi culdade para encontrar um rim para Natalino Augusto é o tipo sanguíneo raro, O positi-vo. Ele afi rma não sentir tanta dor como outros pacientes de hemodiálise, nas sessões que duram, em média, quatro ho-ras, mas se queixa das limita-ções. “Não posso comer o que

DIÁLISES

MÉDICO COLECIONA HISTÓRIAS EMOCIONANTESO nefrologista Heleno

Batista de Oliveira é um dos responsáveis pelos trans-plantes renais realizados em Uberlândia. Na cidade, além desta modalidade, só são feitos transplantes de cór-neas. Há dez anos na função, ele se emociona ao relembrar histórias de pacientes que se livraram da diálise e hoje vivem bem, depois de muito tempo de transplante.

Entre os mais de 250 pa-cientes transplantados que atende, ele aponta quatro

fases pré e pós-transplante. A primeira é de extrema de-pressão ao receber o diag-nóstico. Depois, há a ago-nia da espera, seguida pelo medo. No fi nal, depois do transplante, o clima de fes-ta no setor do Hospital de Clínicas da Universidade Fe-deral (Setran-HC/UFU) que envolve pacientes, família e equipe médica. De acordo com ele, os renais têm a op-ção de continuar com diálise, mas são poucos que prefe-rem não transplantar. No

caso de transplantes como de pulmão, coração e fígado, não há opção. Os pacientes fi cam dependentes do transplante. Nestes casos, o tempo na fi la de espera é crucial. “O trans-plante tem a função básica de reinserir o paciente na socie-dade, não é só resgatar a saú-de, mas também a dignidade.”

A escolha do candidato a receber o órgão não é feita por ordem na fi la, mas por compatibilidade: vai para o paciente que apresenta a me-nor chance de rejeição.

FASES

eu quero, beber o que eu te-nho vontade. Se eu for viajar, tenho de correr atrás de diá-lise para onde eu for. É muito difícil”, disse.

Presidente da Associação dos Renais Crônicos, ele co-

nhece todas as histórias dos cerca de 300 pacientes da região do Triângulo Mineiro. “Todo renal crônico sonha em abandonar a máquina. É uma vida muito limitada. Todos queremos liberdade”, afi rmou.

RENAL crônico, Natalino aguarda transplante e sonha em se livrar da diálise

PAULO AUGUSTO

PAULO AUGUSTO

O transplante tem a função básica de reinserir o paciente na sociedadeHELENO BATISTA DE OLIVEIRA | NEFROLOGISTA

CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 15/11/2009

A3FRASES DA SEMANAO asfalto das rodovias é projetado para suportar até 8,2 toneladas por eixo. Mas são transportadas até 15 toneladas em cada eixo JOÃO ANDREA MOLINERO | SUPERVISOR DO DNIT

Veja as maiores listas contabilizadas pela direção do Hospital de Clínicas em outubro de 2009*

. OTORRINO – 3 mil pessoas (em processo de recontagem)

. TRAUMATOLOGIA – 1.987 pessoas

. GERAL/VESÍCULA – 330 pessoas

. CARDÍACA ADULTO – 132 pessoas

. PRÓSTATA – 130 pessoas

*A lista de cirurgia plástica ainda não está disponível.

Espera por cirurgia pode durar anos> PACIENTES AGUARDAM OPERAÇÃO DE MÉDIA COMPLEXIDADE, ENQUANTO DIREÇÃO, SUS E MP BUSCAM SOLUÇÃO

HOSPITAL DE CLÍNICAS

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Quem precisa de cirurgia eletiva (não emergen-cial) em Uberlân-

dia tem duas opções. A primeira é pagar pelo pro-cedimento. Já o paciente que não tem condições fi nanceiras para custear o tratamento deve se sub-meter a uma longa espera nas fi las do Hospital de Clínicas da Universidade Federal (HC/UFU). A espe-ra pode ser superior a dez anos.

Este é o caso de Fernan-da Aparecida de Oliveira, 31 anos, que está na fi la desde 1995, quando re-cebeu indicação médica para a redução das ma-mas. De acordo com ela, o médico afi rmou que suas dores nas costas, pesco-ço e pernas são causadas pelo excesso de peso dos seios, que totalizam cerca de sete quilos.

Nestes 14 anos, a situ-ação piorou, pois ela teve três fi lhos e ganhou peso. “Sinto cada vez mais do-res. Às vezes, acho que eles pensam que é frescu-ra minha, por isso demo-ram”, disse ela, que tem mais uma consulta mar-cada no setor de cirurgia plástica no HC. “Espero que desta vez dê certo, porque já não aguento mais.”

Há seis meses, a dire-

ção hospital deu início a um projeto para a redu-ção das fi las das cirurgias de média complexidade. A primeira etapa foi con-cluída. As listas, que antes eram gerenciadas pelos diversos setores do hospi-tal, foram centralizadas na direção, que agora tem acesso online a elas.

SEGUNDA ETAPA

Outro levantamento está sendo realizado com cada responsável pelos se-tores, para que a direção tenha o controle exato da capacidade do hospital para a negociação com o gestor do Sistema Único de Saúde (SUS), a Secreta-ria Municipal de Saúde.

Por se tratar do único hospital que realiza pro-cedimentos de alta com-plexidade na região (29 municípios e população estimada de 3 milhões de pessoas), a maioria dos leitos é usada nos casos graves, enquanto os de média complexidade são deixados na lista de espe-ra.

Com os números aferi-dos de quantos pacientes de média complexidade o hospital pode absorver, o SUS terá de dar conta do restante da população que não pode ser aten-dida. Estes números, até quarta-feira passada (11), ainda não haviam sido to-talizados.

PACIENTES ESTÃO NA FILA HÁ CINCO ANOS O estudante Fabrício

Dener de Melo, 18 anos, e a doméstica Maria do Ro-sário Cardoso Amorim, 35, aguardam por cirurgias ele-tivas de média complexi-dade no HC. Eles não estão incluídos nas maiores listas (ortopedia, otorrinolaringo-logia, plástica e geral), mas também fazem parte do grupo que espera por anos pelo procedimento. Ambos estão na fi la há cinco anos.

Ele sofre com o excesso de sudorese e espera pela retirada de glândulas sudo-ríparas. Depois de se con-sultar na Unidade de Aten-dimento Integrado (UAI) do

bairro Pampulha, ele rece-beu a indicação da cirurgia. Foi encaminhado ao HC e, lá, um ano depois, a equipe médica confi rmou a neces-sidade da operação.

“Desde essa época [2005] que espero ser cha-mado. Sinceramente, às vezes, não acredito que vão me chamar, pois devem até ter perdido o meu papel”, disse ele, que se vê obriga-do a conviver com um pro-blema que não causa males de saúde, mas sim sociais. “É muito difícil continuar com este problema, porque é um transtorno para mim”, afi rmou.

VARIZES

Já Maria do Rosário es-pera pela cirurgia de va-rizes. Ela vê as veias das pernas aumentarem e es-tourarem desde 2004, diz sentir muitas dores, mas afi rmou que não pode fazer nada, pois depende do HC. “Se eu tivesse condições, já tinha feito em clínica parti-cular há muito tempo. Mas não tem jeito mesmo, então tenho de esperar.” Depen-dendo da gravidade, as va-rizes podem deixar de ser um problema estético. Po-dem causar de eczemas e hemorragias até trombose.

SEM ESPERANÇA

PROMOTORIA DEVE ACIONAR ESTADO E UNIÃODe acordo com o promotor

de Justiça da Defesa da Saúde, Lúcio Flávio de Faria e Silva, o quadro do HC é consequência de anos de administração pú-blica inefi ciente na área. “Por que só agora teremos a cons-trução de um Hospital Mu-nicipal? Isso deveria ter sido pensado e planejado antes que a situação chegasse onde está”, disse.

Ele afi rmou que a respon-sabilidade pela saúde pública tem sido exclusiva do muni-cípio, quando, na verdade, de-veria ser dividida com a União e o estado. Por isso, disse que vai acionar os governos fede-ral e estadual para que Uber-lândia receba ajuda no setor.

O promotor afi rmou que tenta buscar alternativas para

dar vazão às cirurgias de mé-dia complexidade no hospital, mediando reuniões semanais entre a direção do HC e o SUS, representado na cidade pela Secretaria Municipal de Saú-de. “Primeiro, queremos sa-ber qual é a capacidade men-sal do HC para operar. Depois, se esta capacidade tem sido cumprida, para fi nalmente buscarmos a contratação de outras clínicas, caso seja ne-cessário”, disse.

A quantidade de pacientes que o procuram na Promo-toria para reclamar do aten-dimento do HC é tão grande que ele distribui senhas para controlar o fl uxo. “O meu co-tidiano é receber estas pes-soas que não são atendidas, que esperam há tantos anos

RESPONSABILIDADE

PAI PAGOU CIRURGIA DA FILHA COM O FGTSFoi o próprio médico do HC

que avisou a Dilvane Bolívar Vitorino dos Santos que pro-curasse ajuda em hospitais particulares para a operação da fi lha dele, há três anos. A garota, na época, começava a ter audição comprometida em função das adenoides.

Sem condições de pagar

pela cirurgia, ele acionou a Justiça para sacar o seu Fun-do de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Demorou um ano para conseguir a decisão, enquanto o quadro da fi lha, na época com 10 anos, piorava.

O saldo disponível era R$ 3.230, exatamente o valor cobrado pela cirurgia em um

hospital particular de Uber-lândia. “Se eu fosse esperar o HC chamar a minha fi lha, tal-vez não tivesse dado tempo. Certamente ela não teria sido operada até hoje. Durante dois anos, ela teve de usar um aparelho para recuperar a au-dição e hoje está bem. Graças a Deus”, disse.

JUSTIÇA

ESTRUTURA É INSUFICIENTE PREÇO NÃO ATRAI HOSPITAISO quadro de cirurgias ele-

tivas é um dos mais preocu-pantes no Hospital de Clínicas da UFU. Tanto, que o diretor técnico da instituição, César Augusto dos Santos, afi rma que não é possível zerar as fi las com a estrutura atual. Ele pretende, na negociação com o SUS para o ano que vem, esclarecer qual a capacidade real de atendimento e limitar o pacto a este número.

“Sempre atuamos aci-ma do pactuado com o SUS, mas, ainda assim, não damos conta, sozinhos, da demanda. Não temos uma sala cirúrgica

ociosa. O Hospital de Clínicas de Uberlândia tem uma das mais altas produções cirúrgi-cas em hospital universitário do país”, disse.

Nos principais gargalos da cirurgia, há mutirões para tentar reduzir as fi las. No de otorrinolaringologia, por exemplo, são atendidas 12 crianças por semana. “Fize-mos um recadastramento de quem ainda tem a indicação da operação. Os pacientes estão sendo reavaliados e a lista, que conta com 3 mil pessoas, vai cair para cerca de 300”, disse.

O coordenador da rede de saúde em Uberlândia, Ade-nílson Lima e Silva, reconhe-ce que o Hospital de Clínicas não é capaz de absorver toda a demanda de Uberlândia e região. De acordo com ele, o município tem procurado resolver a situação por meio de convênios com hospitais particulares - as especiali-dades de otorrinolaringolo-gia, oftalmologia e ortopedia também são atendidas pelo Hospital Santa Marta, por exemplo.

O problema, segundo ele, é negociar com os hospitais

a partir da tabela de preços oferecida pelo SUS em ci-rurgias de média complexi-dade. Os hospitais conside-ram os valores muito abaixo do mercado e não fecham a parceria com a prefeitura. Nos casos de alta comple-xidade, em que os valores são mais altos, a negociação é mais fácil. “Se a União e o estado não forem parceiros e oferecerem algum aporte financeiro para a contrata-ção de mais hospitais para a rede, será impossível re-solver o problema das filas”, afirmou.

DIRETOR SERVIÇO PRIVADO

CIRURGIAS

FERNANDA APARECIDA DE OLIVEIRA recebeu há 14 anos indicação para reduzir os seis, que pesam sete quilos, mas até agora não conseguiu

BETO OLIVEIRA

MARIA DO ROSÁRIO CARDOSO AMORIM sofre com dor nas pernas causadas por varizes desde 2004

pelas cirurgias. É por meio delas, em casos individuais, que posso atingir o coleti-vo e ter ideia da gravidade da situação. Mas não passo ninguém na frente. Temos que dar prioridade aos casos mais graves e às crianças.”

PROMOTOR Lúcio Flávio Faria

BETO OLIVEIRA

PAULO AUGUSTO

CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 16/8/2009

A9

Divórcio causa prejuízos à saúde> PROBABILIDADE DE DESENVOLVER PROBLEMAS CRÔNICOS É 20% MAIOR ENTRE AS PESSOAS QUE SE DIVORCIAM

PESQUISA

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Q uem já acompa-nhou um processo de divórcio de per-to sabe quantos

problemas a separação cau-sa. Em primeiro plano, pelo sofrimento e frustração de sonhos abandonados. Para os mais práticos, questões fi nanceiras difíceis de serem resolvidas. Além de todos estes transtornos, o rompi-mento também pode causar sérios prejuízos à saúde, se-gundo cientistas.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, aponta que pessoas que se divor-ciam têm 20% mais chances de desenvolver um proble-ma crônico de saúde do que as que nunca se casaram ou permanecem juntas por toda a vida.

Publicada no mês pas-sado na revista científi ca “Journal of Health and So-cial Behavior”, a pesquisa foi feita com 8.652 pessoas

com idades entre 51 e 61 anos. Resultados prelimina-res de outros estudos feitos na Universidade indicam que, entre os mais jovens, os efeitos nocivos da separação também são percebidos em proporção equivalente aos mais velhos.

Os cientistas responsáveis pela investigação sugerem que a maior incidência de doenças como câncer, dia-betes e problemas cardíacos em divorciados está relacio-nada ao estresse causado pe-los confl itos e pela queda da renda dos parceiros.

ADOECER PSÍQUICO

Segundo o psicólogo Jorge Pfeifer, as doenças podem co-meçar a aparecer mesmo an-tes do término do casamento. Quando o casal se dá conta de que não há caminhos para que o relacionamento continue, inicia-se o processo de luto, pelo qual ambos os ex-parceiros passam.

“Há um adoecer psíquico, acompanhado por apatia,

indiferença e negação do futu-ro. A autoestima é minada e a tendência é que a resistência fi que cada vez menor. É aí que surgem doenças. O problema maior é quando a pessoa não consegue dar um passo adian-te, fi ca remoendo e tem senti-mentos de rejeição ou culpa”, afi rmou.

Em outros casos, de acor-do com Pfeifer, as patologias começam inconscientemen-te para chamar a atenção ou culpar o outro pela situação de sofrimento e pela incapa-cidade de enfrentar o futuro sozinho.

PESQUISA OUVIU

PESSOAS COM IDADES ENTRE 51 E 61 ANOS

8.652

PSICÓLOGO Jorge Pfeifer diz que patologias começam inconscientemente para chamar a atenção ou culpar o outro

LUTO DEVE PERMANECER ENTRE 4 E 6 MESESSegundo o psiquiatra Al-

fredo Demétrio Jorge Neto, é normal que o luto de pa-cientes separados dure entre quatro e seis meses. Passa-do este tempo, se o estado emocional não melhorar ou se os transtornos se agrava-rem, é sinal de que a dor pode ter se tornado patológica. Quando isso acontece, é hora

de procurar ajuda com um es-pecialista.

“Todas as separações são dolorosas, mas não é preciso que seja pelo resto da vida. Quem se divorcia deve guar-dar as melhores lembranças e seguir em frente. Os relacio-namentos devem ser cons-trutivos, sempre, mesmo de-pois que acabam”, disse.

Jorge Neto alertou que os divórcios também podem provocar o efeito contrário, e curar doenças psíquicas causadas pela infelicidade de manter um relacionamento já falido. “Muitas vezes, acon-tece de a separação fazer bem para a pessoa. Tudo de-pende das condições em que o casamento estava.”

MALES E BENS

CASAL SAI NO PREJUÍZO DURANTE PARTILHAOs prejuízos fi nanceiros

causados pelo divórcio tam-bém são inimigos da saúde, pelo estresse que causam. Se-gundo o advogado e professor universitário Antônio Chaves Neto, que atende casos da vara de família há 14 anos, em todo processo de partilha de patri-mônio, o casal sai no prejuízo e o mal-estar é inevitável.

“Por muito tempo, o com-portamento dos envolvidos muda. Dorme-se e come-se mal, há uma absorção do pro-blema. A vida da pessoa passa a girar em função do divórcio. É por isso que o advogado deve ser um pouco psicólogo tam-bém. Já vi muitos clientes adoe-cerem, até enfartarem durante o processo”, disse.

Ainda que os esforços em-preendidos para alcançar os bens tenham sido os mesmos, de ambas as partes, há tam-bém o sentimento de injustiça do outro levar a metade de tudo. “Ninguém planeja um casamento por tempo deter-minado. De fato, há o prejuízo, pois o patrimônio conquistado é dividido”, afi rmou.

PREJUÍZOS FINANCEIROS

FIM DO RELACIONAMENTO FOI SURPRESADepois de dois anos de ca-

samento, a pedagoga empre-sarial Paula (nome fi ctício), 27 anos, surpreendeu-se quando o marido decidiu abandoná-la e voltou a morar na casa da mãe dele. Um mês depois do rompimento defi nitivo, seis quilos mais magra, hoje ela busca forças para superar o trauma na religião e em um tratamento psicológico.

“Tínhamos planos, querí-amos fi lhos, planejamos um futuro juntos. No começo, tí-nhamos as mesmas ideias. Tudo o que procurava em um homem encontrei nele. Acho que, quando se entra em um casamento, ele deve ser leva-do a sério. No meu, não teve falta de respeito nem traição. Ele, simplesmente, quis jogar tudo para o alto. Foi falta de

consideração”, disse.Mesmo depois de o ex-

companheiro ter saído de casa, ela tentou a reconciliação. Por quatro meses, o casal se en-controu e manteve um namo-ro. “Já não era a mesma coisa. Aí fui eu que resolvi que não adiantava mais. Mas não é fá-cil. Nunca busquei tanto a Deus quanto neste último mês. É uma dor inexplicável”, afi rmou.

QUEM

BETO OLIVEIRA

INFORMAÇÕES SOBRE A GRIPE ASIM - 3239-2800Polícia Militar - 190 !

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DICASQuando a separação já é fato con-sumado, o que fazer? Veja algu-mas sugestões de profi ssionais que podem ajudar a superar o trauma com mais equilíbrio e evi-tar o estresse

ARTES – Descubra um dom es-condido em você. Tente pintar, cantar, bordar, fotografar lugares diferentes

ENCONTRE UM INTERMEDIÁRIO Quando os confl itos e agressões

verbais forem muito frequentes, procure alguém para intermediar as negociações

NÃO SE ABANDONE - Invista em si mesmo. Se possível, mude o corte de cabelo, compre roupas novas e se prepare para a nova vida

ATIVIDADES FÍSICAS – Encontre atividades que deem prazer. Pode ser algum esporte, arte marcial, dança, o que o atrair

ESPIRITUALIDADE – Busque con-forto em Deus. As religiões podem ser grandes aliadas para enfrentar traumas emocionais

FAMÍLIA E AMIGOS – Aproxime-se de quem gosta de verdade de você. Busque forças com sua fa-mília e amigos

AFETIVIDADE - Quando se sentir preparado ou surgir a oportuni-dade, invista em um novo amor e siga em frente

MINAS GERAIS

Sudeste lidera mortes

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • S Á B A D O • 2 1 D E M A R Ç O D E 2 0 0 9

Em cinco anos — de 2001 a 2005 —, o índice de mortalidade por câncer aumentou nos 18 municípios da macrorregião mi-neira onde Uberlândia está inse-rida. Nos homens, a taxa de morte cresceu 50,6% e, nas mu-lheres, subiu 35%. Os dados fo-ram publicados na 2ª edição do Atlas de Mortalidade por Câncer em Minas Gerais, lançado nesta semana pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O estudo aponta que, no Triângulo do Norte, onde Uberlândia é a referência de tra-tamento da doença, os cânceres mais mortais são os de colo de útero e o de próstata.

O estudo mostra que, assim como no restante do Estado, no Triângulo do Norte, os homens morrem mais de câncer do que as mulheres. O índice de mortali-dade na macrorregião é de 78,7 por 100 mil habitantes para o sexo masculino e 65,9 para o sexo feminino.

O tipo mais frequente na re-gião é o de pulmão para ambos os sexos. Para os homens, prós-tata, estômago, esôfago e cólon e reto seguem a lista. Em mulhe-res, os mais frequentes, depois do de pulmão, são o de mama, colo de útero, encéfalo e cólon e reto (veja quadro).

TIPOS MAIS FREQUENTES

MINAS GERAIS TRIÂNGULO DO NORTEHomens Mulheres Homens Mulheres

1º Próstata Mama Pulmão Pulmão

2º Pulmão Pulmão Próstata Mama

3º Estômago Estômago Estômago Colo do útero

4º Esôfago Cólon e reto Esôfago Encéfalo

5º Cólon e reto Colo do útero Cólon e reto Cólon e reto

TIPOS MAIS MORTAIS POR MACRORREGIÃO

Sudeste Estômago, esôfago, cólon/reto, próstata, mamaTriângulo do Sul PulmãoTriângulo do Norte Colo do úteroSul Leucemia em homensOeste Leucemia em mulheres

FONTE: SECRETARIA ESTADO DA SAÚDE

O lavrador aposentado Manoel José de Araújo, 76 anos, recebeu alta do Hospital do Câncer ontem, depois de quatro anos e meio de tratamento, “38 ciclos de radiote-rapia, 12 de quimioterapia, cente-nas de comprimidos e muito sofri-mento”, segundo suas palavras. Os 168 quilômetros entre Coro-mandel, onde mora, e Uberlândia, onde se tratava de um tumor na próstata, já não serão percorridos mensalmente por causa da doen-ça. Ela fi cou para trás.

Manoel Araújo afi rmou que se arrepende de não ter recorrido aos cuidados médicos mais jo-vem. Esperou sentir dores e o tumor estar em estado avançado para realizar o exame. “Podia ter cuidado antes, mas homem tem a cabeça dura. Agora, meu con-selho para todo mundo é para se cuidar, para não ter de passar pelo que eu passei”, disse.

Outro exemplo de como a falta

A explicação para a taxa de mortalidade entre as mulheres ser menor do que entre os homens é a prevenção. Segundo Rogério Araújo, é uma questão cultural. “As mulheres se cuidam mais, vão mais ao médico e têm uma preo-cupação maior com a saúde. Os homens sempre são mais resis-tentes, ainda mais com o tabu do exame de toque. Enquanto houver esta resistência, eles vão continu-ar à frente no ranking”, afi rmou.

A prevenção básica para

qualquer tipo de câncer, de acor-do com Araújo, é evitar sol em demasia, cigarro e obesidade. “Isso não garante que a doença não vai se manifestar, mas reduz as chances em cerca de 50%”, disse.

Para o diagnóstico precoce, o ideal são exames de rotina. Para mulheres sexualmente ativas, exame papanicolau uma vez ao ano; depois dos 40, mamografi a a cada cinco anos. Para os ho-mens, exame de toque retal.

O câncer é a segunda causa de morte de Minas Gerais, atrás das doenças cardíacas. Dentre as macror-regiões, a Sudeste apresenta a maior carga de mortalidade em homens e mulheres — cólon e reto, esôfago, estô-mago, mama e próstata. Nas outras regiões, as mais eleva-das taxas de mortalidade fo-ram, no Triângulo do Sul

(Uberaba e região), de pul-mão; no Sul, leucemia em homens e, no Oeste, leuce-mia em mulheres.

De acordo com coordena-dora do programa estadual de Avaliação e Vigilância do Câncer, Berenice Navarro An-toniazzi, cerca de 40% da mortalidade ocorre por tipos passíveis de ações preventi-vas e detecção precoce.

TRIÂNGULO DO NORTE

Mortalidade por câncercresce 50% nos homensEntre as mulheres,taxa subiu 35%;colo de útero epróstata lideramLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

ROGÉRIO A. DE ARAÚJO afi rma que números mostram que prevenção e diagnósticos precoces são precários

FOTOS MURIEL GOMES

Na avaliação do diretor do Hospital do Câncer de Uberlân-dia, Rogério Agenor de Araújo, os números mostram que a prevenção e diagnósticos preco-ces são precários na região. “É vergonhoso o câncer de colo de útero ser a principal causa de morte na nossa região. É um tipo 100% curável, basta que o exa-me papanicolau seja feito com frequência. Quando a lesão é identifi cada, antes de se tornar um tumor, ela pode ser tratada no próprio consultório do gine-cologista. Com o de próstata, a mesma coisa, mas com o toque retal. Falta consciência da im-portância destes exames entre a população e mesmo entre os médicos”, disse.

A divulgação dos números, para Araújo, poderá ajudar na conscientização, já que servirá como uma diretriz para as políti-

PRÓSTATA

Lavrador recebe alta do tratamento

de preocupação com a saúde pode ser perigosa é o aposentado Onézio Venâncio de Paula, 74 anos. Ele não pode responder à reportagem por-que está preso ao balão de oxigênio. A ex-mulher dele Joanna Apparecida Rodrigues é quem o acompanha no leito do Hospital do Câncer.

Ela disse que, por 50 anos,

Onézio fumou mais de dois maços (cerca de 40 cigarros) por dia. Até depois do diagnóstico de câncer de pulmão ele continuou fuman-do. “Mesmo internado, magro, fraco e sem fôlego, ele descia para fumar. Hoje, já não tem mais forças, só por isso parou”, afi rmou Joanna Rodrigues.

cas de saúde públicas, específi -cas para cada área. “Temos que conhecer o inimigo para, então, lutarmos contra. O câncer só tem cura quando é diagnosticado

precocemente e tratado adequa-damente. Este estudo pode aju-dar em campanhas direcionadas para as regiões apresentadas por ele”, afi rmou.

HDR

CULTURA

Falta de aparelho infl uencia

Mulheres são mais prevenidas

De acordo com o diretor do Hospital do Câncer de Uberlândia, Rogério Agenor de Araújo, um dos motivos para o alto índice de mortalidade por câncer de colo de útero, por muito tempo, pode ter sido a falta do High Dosage Radiation (HDR), equipamento que emite altas doses de radia-ção, indispensável no tratamento deste tipo de câncer.

Desde agosto de 2007, quan-do o Low Dosage Radiation (LDR) — aparelho de tecnologia inferior — foi desativado, até janeiro des-te ano, quando o HDR entrou em

funcionamento, o hospital não ti-nha disponível um tratamento es-pecífi co para o colo de útero. “As pacientes faziam quimioterapia e radioterapia aqui e depois eram transferidas para Barretos, Ubera-ba e outras cidades para fazer o restante do tratamento. Talvez as viagens e a interrupção no trata-mento possam ter atrapalhado o resultado para muitas delas. Espe-ro que, com este aparelho, a mor-talidade diminua.” Hoje, dos 1,7 mil pacientes tratados no Hospital do Câncer de Uberlândia, 50 mu-lheres utilizam o HDR.

ATLAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER

MANOEL DE ARAÚJO completou quatro anos e meio de tratamento

UBERLÂNDIA SOMA 35 HOMICÍDIOS DESDE

O INÍCIO DO ANOPÁGINA B3

WILLIAM DE SOUZAESPERA PELA CNHDESDE 9 DE MARÇOPÁGINA B2

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 2/8/2009

CREDITO

BETO OLIVEIRA

DORES DE CABEÇA SÃO SENTIDAS COM MAIS FORÇA NA IDADE FÉRTIL, ENTRE 30 E 39 ANOS

PESQUISA E SAÚDE

LYGIA CALIL | REPÓRTER

[email protected]

Quem convive com a enxaqueca sabe quando a crise se aproxima. A visão

se torna embaçada, pon-tos luminosos aparecem e desaparecem diante dos olhos, um mal-estar genera-lizado toma conta do corpo acompanhado de náuseas e formigamentos. Depois, a intolerância à luz e ao som e, fi nalmente, a dor forte, latejante, em um dos lados da cabeça.

O primeiro levantamento sobre dor de cabeça no País revela que cerca de 20% das brasileiras conhecem bem estes sintomas, pois sofrem com crises de enxaqueca.

O número é mais do que o dobro da incidência nos homens. No Brasil, 9,3% deles manifestam as crises. Segundo o estudo, a maio-ria das vítimas está na faixa dos 30 aos 39 anos.

Divulgada no mês passa-do, a pesquisa foi realizada por profi ssionais de institui-ções como a Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre).

Foram ouvidos 3.848 vo-luntários com idade entre 18 e 79 anos, nos 27 estados brasileiros.

Segundo o neurologis-ta José Antônio Carneiro, que coordena um centro de tratamento para a dor de cabeça em um hospital particular em Uberlândia, a incidência é maior em mulheres porque são mais

suscetíveis às variações hor-monais.

É por isso, também, que a enxaqueca desaparece quando a mulher está grávi-da ou na menopausa.

As causas das dores são variadas, nem todas são co-nhecidas. Durante a crise, há uma alteração na vascu-laridade do cérebro. Os va-sos sanguíneos contraem-se excessivamente e, em segui-da, se dilatam.

As dores e o mal-estar são causados pela falta de san-gue e, depois, pelo excesso.

Sabe-se que há caracte-rísticas familiares, embora não se conheça um con-junto de genes responsável pelas dores. “Percebemos que algumas famílias apre-sentam mais casos do que outras, mas ainda não há comprovação de que se tra-ta de uma doença genética”, afi rmou Carneiro.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de enxa-queca, de acordo com o neurologista, é feito por ex-clusão. Há muitas doenças que podem estar relaciona-das à enxaqueca, como hi-pertensão, infl amações nos seios paranasais (sinusites), neuralgias, até distúrbios de refração na visão e pro-blemas odontológicos.

“De cada 100 pacientes que atendo, apenas 20% têm a enxaqueca clássica, não provocada por outras doenças. As pessoas chegam aqui e já dizem que têm a enxaqueca, pois parece ser uma doença ‘chique’. Não é bem assim. Há que se inves-tigar”, disse.

Dependendo do paciente e do tipo de enxaqueca que apresenta, o tratamento é diferente. Os medicamen-tos mais utilizados, segundo o neurologista José Antônio Carneiro, são beta-bloquea-dores, usados no tratamento da pressão alta, que ajudam no controle da irrigação vas-cular no cérebro.

Antidepressivos e anticon-vulsivantes também podem ser indicados quando as crises

se intensifi cam ou os pacien-tes não respondem ao trata-mento mais leve.

“É preciso muito critério para usar estes medicamen-tos, porque causam depen-dência e efeitos colaterais. Não é para qualquer um”, afi r-mou Carneiro.

Para ajudar o tratamen-to regular, outras medidas podem ser tomadas. A prá-tica de exercícios físicos, por exemplo, é essencial. Também

pode-se recorrer a técnicas de relaxamento, como acupuntu-ra e massagens.

A enxaqueca também ataca crianças. De acordo com José Antônio Carneiro, elas exigem mais cuidado, pois não podem ser medicadas com o trata-mento aplicado a adultos. Os remédios são fortes e podem atrapalhar o desenvolvimento dos pacientes. “Normalmente, usamos só a dieta alimentar”, disse.

RELAXAMENTO E MASSAGEM PODEM AJUDAR

COMPORTAMENTOTIVE QUE APRENDER A CONVIVER COM A DOR

SARA HATEN

PESQUISA REVELA CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA ENXAQUECA

15.4

9.5 9.3

20.0

TIPO TENSIONAL ENXAQUECA

PERFIL DOS PORTADORES (% POR SEXO)Pesquisa feita pela Unifesp, Hospital Albert Einstein e Moinhos de Ventos, de Porto Alegre com 3.848 pessoas de idades entre 18 e 79 anos em 27 estados brasileiros

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BETO OLIVEIRA

MAISNOS

Duas em cada dez mulheres sofrem coma enxaqueca

“ A engenheira química Sara Haten, 28, enfrenta a enxaque-ca há três anos. A primeira cri-se aconteceu à noite, enquanto dormia. Acordou já com os pri-meiros sintomas.

“Estava com o coração dis-parado, um mal-estar horrível e náuseas. Depois, a cabeça co-meçou a doer. Era uma dor que eu nunca tinha sentido e não ti-nha ideia do que poderia ser. Foi assustador.”

As dores passaram a apa-recer quase todos os dias e ela viu sua rotina transformada. Começou a tomar doses exage-radas de analgésicos. Procurou um médico quase um ano de-

pois, que receitou um remédio forte, usado no tratamento da epilepsia.

Por três meses, as dores su-miram, mas efeitos colaterais começaram a aparecer. “Era como se, para consertar um problema, eu criasse outros até mais graves”, afi rmou.

Ela procurou, então, um se-gundo especialista, com quem continua se tratando até hoje à base de remédios fi toterápicos e dieta alimentar – evita fritu-ras, chocolates e mantém uma rotina de exercícios físicos.

Além do tratamento com o médico, anda, por conta pró-pria, com analgésicos, remédios

para enjoo e antiinfl amatórios na bolsa. “É uma preocupação permanente, porque as cri-ses atrapalham tudo, desde o desempenho profi ssional até os relacionamentos pessoais. Tudo fi ca para depois que a dor passar.”

Ela sabe que a enxaqueca não tem cura, mas se sente confortável com a doença sob controle.

Hoje, as crises aparecem, em média, uma vez por mês. “Tive de aprender a conviver com as dores. Sei que, depois de passar por situações de stress, que são como gatilhos para as crises, elas vão aparecer”, disse.

TUDO FICA PARA DEPOIS QUE A DOR PASSAR

ALTERNATIVAS

ALIMENTOS E BEBIDAS GERAM ENXAQUECA

VERDADE. O chocolate é vilão, assim como o vinho tinto. Evite algumas frutas cítricas, frituras e café também .

BATATA GELADA MELHORA

MITO. Qualquer material gelado pode aliviar a dor. Prefi ra usar uma bolsa de gelo

NA MENOPAUSA MELHORA

VERDADE. Durante a menopausa, há escassez dos hormônios relaciona-dos às crises

NA GRAVIDEZMELHORA

VERDADE. A maioria das mulheres apresenta melhora da enxaqueca no período de gravidez

MITOS &VERDADES

SARA HATEN tem seu desempenho profi ssional e pessoal comprometido com as crises de enxaqueca

JOSÉ ANTÔNIO CARNEIRO diz que mulheres sofrem mais por causa das variações hormonais

CIDADE & REGIÃOA16

FRASES DA SEMANAA máscara cirúrgica não impede a passagem do vírus da gripe H1N1.“ GLADSTONE DA CUNHA

Secretário de Saúde, sobre a gripe A

BETO OLIVEIRA