saúde - 02 de setembro de 2012

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Sa úde Caderno E e bem- estar MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 [email protected] (92) 3090-1017 Coração feminino em perigo Saúde e bem-estar E7 O queridinho da mamãe Não tem jeito, por mais que se diga que o amor de mãe é igual para todos os filhos, um sempre acaba achando que o outro é mais protegido, o que pode desencadear o ciúme. Veja aqui como contornar o problema e viver bem com todos J á faz parte do dia a dia da família Pacheco as bri- gas entre os irmãos André Gustavo, 16, e André Fre- derick, 15. Com uma peque- na diferença entre as idades, os desentendimentos entre os dois é algo que acontece desde a infância e o principal motivo de tanta discussão está no famoso ciúme entre irmãos. “Até uma louça que mando lavar é motivo de briga, o que lava diz que gosto mais do outro e vice-versa”, conta a mãe, Leila Gisele Pacheco, que trabalha no segmento de vendas. “O Gustavo chama o Fred de mano que por sua vez chama o irmão pelo nome. Isso deixa o Gustavo chateado, mas é porque ele é o mais velho e quando o Fred nasceu eu sempre o ensinei a chamá-lo de maninho”, continua. E, muitos são os exemplos das brigas entre irmãos, que apesar de demonstrarem muito companheirismo não conseguem ficar sem trocar “alfinetadas”. Para o psicólo- go Fabrício Menezes, esse é um comportamento, até certo ponto, normal, já que o irmão mais velho é acostumado a ter a mãe para si e quando chega o outro, ou outros irmãos, ele não sabe dividir a atenção materna. Do mesmo modo, que o irmão mais novo requer mais cuidados e também ne- cessita de atenção. “Funciona assim: O outro está recebendo mais aten- ção do que eu. Esse, na ver- dade, é mais um sentimento de preocupação, de receio de ficar de lado ou esque- cido”, explica o especialista em comportamento humano. “O ciúme deixa de ser normal quando fica explícito social- mente que tudo tem que girar em torno de uma pessoa, como se todos tivessem que fazer o que a pessoa enciu- mada quer”, completa. De modo geral, todo ciu- mento acredita que o outro é propriedade dele, no caso do ciúme entre irmãos a disputa é pela atenção exclusiva da mãe. A pessoa em crise de ciúme perde o senso crítico e acaba exagerando na in- terpretação da falta de afe- to. “Esse comportamento é um sofrimento para quem o possui, pois o ciumento sofre por antecipação, muitas ve- zes, sem ter razão para isso”, afirma o psicólogo. Explicação que é fácil de se identificar no caso dos irmãos Pacheco. Gustavo acredita que o ir- mão caçula é mais protegido pela mãe, enquanto Frederick afirma que é o mais velho o favorito. “A maioria das vezes sou eu quem arruma o quarto ou limpa a casa, porque o Fred é alérgico e não pode fazer nada. Ele se aproveita disso para se beneficiar”, reclama Gustavo. “Não importa qual o motivo, toda vez que brigo com o Gustavo a mamãe dá razão para ele, sempre sai como certo na história”, re- bate Frederick. A mãe, Leila, diz que é muito difícil agra- dar aos dois ao mesmo tempo, já que eles têm gostos e perso- nalidades bem distintas. “Eu procuro respei- tar essa indivi- dualidade, mas também faço que entendam que não existe um queridinho. O mesmo amor que te- nho por um, tenho pelo outro”, declara. Fabrício Menezes comenta que os pais não devem es- quecer que são responsá- veis pela construção de um indivíduo que deverá ter controle de suas emoções, capacidade para resolver seus problemas pessoais e vir a contribuir com a so- ciedade. “O ideal é que todos (filhos) sejam tratados de ma- neira igual, tendo o cuidado de evitar as comparações entre os filhos, pois isso suscitará um provável sentimento de menos valia”, aponta. Ainda de acordo com o profissional, os pais devem procurar incen- tivar o respeito mútuo entre os irmãos e sempre elogiar os pontos fortes de cada um. ALITA MENEZES Equipe EM TEMPO A maneira como se gosta de cada filho tem a ver com afinidade e isso é normal, mas não se deve demonstrar preferência Fabrício Menezes, psicólogo Outros profissionais que tratam de comportamento humano preconizam ainda que os pais não devem se descuidar do filho mais calminho, vendo-o como se não tivesse autonomia e sentimentos. Ele tam- bém deve ser valorizado e apoiado. “Aparentemente ele não pede afeto, mas precisa sempre receber demonstração de carinho”, conclui Fabrício. Uma dica do especialista é identificar as situações de ciúme e procurar intervir antes que vire uma nova briga. “Reforce, sempre, que a amizade entre os irmãos é única. Conte sobre seus irmãos, se for o caso, e mostre exemplos em ou- tras famílias”, aconselha. O psicólogo observa, ainda, a importância da política familiar das famosas reu- niões para discussão dos fatos e problemas decor- rentes dessa convivência. Família reunida e integrada

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Saúde - Caderno de saúde e bem estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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SaúdeCa

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o E

e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 [email protected] (92) 3090-1017

Coração feminino em perigo

Saúde e bem-estar E7

O queridinho da mamãeNão tem jeito, por mais que se diga que o amor de mãe é igual para todos os fi lhos, um sempre acaba achando que o outro é mais protegido, o que pode desencadear o ciúme. Veja aqui como contornar o problema e viver bem com todos

Já faz parte do dia a dia da família Pacheco as bri-gas entre os irmãos André Gustavo, 16, e André Fre-

derick, 15. Com uma peque-na diferença entre as idades, os desentendimentos entre os dois é algo que acontece desde a infância e o principal motivo de tanta discussão está no famoso ciúme entre irmãos.

“Até uma louça que mando lavar é motivo de briga, o que lava diz que gosto mais do outro e vice-versa”, conta a mãe, Leila Gisele Pacheco, que trabalha no segmento de vendas. “O Gustavo chama o Fred de mano que por sua vez chama o irmão pelo nome. Isso deixa o Gustavo chateado, mas é porque ele é o mais velho e quando o Fred nasceu eu sempre o ensinei a chamá-lo de maninho”, continua.

E, muitos são os exemplos das brigas entre irmãos, que apesar de demonstrarem muito companheirismo não conseguem fi car sem trocar “alfi netadas”. Para o psicólo-go Fabrício Menezes, esse é um comportamento, até certo ponto, normal, já que o irmão mais velho é acostumado a ter a mãe para si e quando chega o outro, ou outros irmãos, ele não sabe dividir a atenção materna. Do mesmo modo, que o irmão mais novo requer mais cuidados e também ne-cessita de atenção.

“Funciona assim: O outro está recebendo mais aten-ção do que eu. Esse, na ver-dade, é mais um sentimento de preocupação, de receio de fi car de lado ou esque-cido”, explica o especialista em comportamento humano. “O ciúme deixa de ser normal quando fi ca explícito social-mente que tudo tem que girar em torno de uma pessoa, como se todos tivessem que fazer o que a pessoa enciu-mada quer”, completa.

De modo geral, todo ciu-mento acredita que o outro é propriedade dele, no caso do ciúme entre irmãos a disputa é pela atenção exclusiva da mãe. A pessoa em crise de ciúme perde o senso crítico e acaba exagerando na in-terpretação da falta de afe-to. “Esse comportamento é um sofrimento para quem o possui, pois o ciumento sofre por antecipação, muitas ve-zes, sem ter razão para isso”, afi rma o psicólogo. Explicação

que é fácil de se identifi car no caso dos irmãos Pacheco.

Gustavo acredita que o ir-mão caçula é mais protegido pela mãe, enquanto Frederick afi rma que é o mais velho o favorito. “A maioria das vezes sou eu quem arruma o quarto ou limpa a casa, porque o Fred é alérgico e não pode fazer nada. Ele se aproveita disso para se benefi ciar”, reclama Gustavo. “Não importa qual o motivo, toda vez que brigo com o Gustavo a mamãe dá razão para ele, sempre sai como certo na história”, re-bate Frederick.

A mãe, Leila, diz que é muito difícil agra-dar aos dois ao mesmo tempo, já que eles têm gostos e perso-nalidades bem distintas. “Eu procuro respei-tar essa indivi-dualidade, mas também faço que entendam que não existe um queridinho. O mesmo amor que te-nho por um, tenho pelo outro”, declara.

Fabrício Menezes comenta que os pais não devem es-quecer que são responsá-veis pela construção de um indivíduo que deverá ter controle de suas emoções, capacidade para resolver seus problemas pessoais

e vir a contribuir com a so-ciedade. “O ideal é que todos (fi lhos) sejam tratados de ma-neira igual, tendo o cuidado de evitar as comparações entre os fi lhos, pois isso suscitará um provável sentimento de menos valia”, aponta. Ainda de acordo com o profi ssional, os pais devem procurar incen-tivar o respeito mútuo entre os irmãos e sempre elogiar os pontos fortes de cada um.

que é fácil de se identifi car no caso dos irmãos Pacheco.

Gustavo acredita que o ir-mão caçula é mais protegido pela mãe, enquanto Frederick afi rma que é o mais velho o favorito. “A maioria das vezes sou eu quem arruma o quarto ou limpa a casa, porque o Fred é alérgico e não pode fazer nada. Ele se aproveita disso para se benefi ciar”, reclama Gustavo. “Não importa qual o motivo, toda vez que brigo com o Gustavo a mamãe dá razão para ele, sempre sai como certo na história”, re-bate Frederick.

A mãe, Leila, diz que é muito difícil agra-dar aos dois ao mesmo tempo, já que eles têm gostos e perso-nalidades bem distintas. “Eu procuro respei-tar essa indivi-dualidade, mas também faço que entendam que não existe um queridinho. O mesmo amor que te-nho por um, tenho pelo outro”, declara.

Fabrício Menezes comenta que os pais não devem es-quecer que são responsá-veis pela construção de um indivíduo que deverá ter controle de suas emoções, capacidade para resolver seus problemas pessoais

e vir a contribuir com a so-ciedade. “O ideal é que todos (fi lhos) sejam tratados de ma-neira igual, tendo o cuidado de evitar as comparações entre os fi lhos, pois isso suscitará um provável sentimento de menos valia”, aponta. Ainda de acordo com o profi ssional, os pais devem procurar incen-tivar o respeito mútuo entre os irmãos e sempre elogiar os pontos fortes de cada um.

ALITA MENEZESEquipe EM TEMPO

A maneira como se gosta de cada

fi lho tem a ver com afi nidade e isso é normal, mas não

se deve demonstrar preferência

Fabrício Menezes,psicólogo

Outros profi ssionais que tratam de comportamento humano preconizam ainda que os pais não devem se descuidar do fi lho mais calminho, vendo-o como se não tivesse autonomia e sentimentos. Ele tam-bém deve ser valorizado e apoiado. “Aparentemente ele não pede afeto, mas precisa sempre receber demonstração de carinho”, conclui Fabrício.

Uma dica do especialista

é identifi car as situações de ciúme e procurar intervir antes que vire uma nova briga. “Reforce, sempre, que a amizade entre os irmãos é única. Conte sobre seus irmãos, se for o caso, e mostre exemplos em ou-tras famílias”, aconselha. O psicólogo observa, ainda, a importância da política familiar das famosas reu-niões para discussão dos fatos e problemas decor-rentes dessa convivência.

Família reunida e integrada

DIVULGAÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012E2 Saúde e bem-estar

Desde os primeiros registros, tanto nos religiosos quanto nos laicos, sabe-se da estreita relação entre saúde e doença com o modo como as sociedades se organiza-ram. Hoje, basta comparar o tipo de doença nos países industria-lizados e nos subdesenvolvidos, para a certeza da importância da saúde como indicador social.

Defesa do organismoDepois da publicação dos tra-

balhos do pesquisador Susumi To-negawa, o ganhador do Nobel da Medicina de 1987, esclarecendo algumas dúvidas de como ocorre a variação dos aminoácidos dos anticorpos produzidos pelos linfó-citos B, demonstrou que quando esse linfócito se desenvolve, seg-mentos do seu material genético são selecionados e misturados para formar novos genes, dando origem a milhões de sequências variadas de aminoácidos, capazes de efetuar com mais competência a defesa do corpo humano contra as agressões micro e macroscópi-cas vindas do meio ambiente.

Fontes de energiaComo consequência imediata

dessas pesquisas, é possível afi r-mar que pelo menos parte da

estrutura genética do homem é móvel e capaz de desenvolver durante a vida uma infi nidade de combinações gênicas adapta-tivas. Para que este mecanismo biológico ocorra na sua plenitude, é indispensável que o corpo dis-ponha da mais importante fonte de energia: o alimento.

Deste modo, se dissolveram como castelo de areia à chuva os pressupostos racistas alimen-tados pelos interesses dos dife-rentes matizes ideológicos.

Isso signifi ca que as crianças subnutridas dos países pobres não poderão competir, em igual-dades de condições, com as dos países industrializados, onde a oferta de alimentos, indispensá-vel para a maturação do geno-ma, é feita em níveis calóricos adequados.

Hábitos coletivosA certeza da importância do so-

ciocultural produzindo doença es-tava presente nos livros sagrados escritos, há milhares de anos, nas culturas que se desenvolveram na Mesopotâmia, Egito e Índia. Naquelas épocas, os legisladores utilizaram todos os poderes dispo-níveis e interferiram nos hábitos coletivos das populações, para

evitar a doença. Assim conse-guiram determinar, ao longo dos séculos que se seguiram, modifi -cações na cadeia epidemiológica de muitas doenças.

Etiologia do câncer O exemplo de fácil verifi cação

é o câncer do colo uterino, com baixíssima prevalência, entre as judias.

A explicação é dada pela ci-rurgia da fi mose feita, obrigato-riamente, nos homens judeus no sétimo dia após o nascimento. Com isto, o prepúcio fi ca livre e facilita a higienização impe-dindo que o vírus Epstein Baar, relacionado com a etiologia do câncer do colo uterino, e aloje no esmegma (secreção espessa, ca-seosa, malcheirosa, formada por células epiteliais descamadas, que se encontra, sobretudo, em torno da genitália externa).

Falta de higieneO câncer do pênis é o outro

lado da mesma questão e acaba acometendo homens com fi mose. Nas diversas regiões do mundo onde a água é escassa, ainda menos para a higiene pessoal, é maior a incidência desse tipo de câncer.

Defesa imunológica do corpo e doenças

João Bosco [email protected]

João Bosco Botelho

João Bosco Botelho

Doutor Honoris

Causa

EditoraVera [email protected]

RepórterAlita MenezesEmily Ponce (free lancer)

DiagramaçãoWeiner Auzier Sobreira

RevisãoMarco Adolfs Antônio Fonseca

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

A carne de porco, geralmente muito mal vista, também tem suas vantagens no cardápio. Ela é fonte de proteínas necessárias na reconstituição das fibras musculares e na formação de novas células. É também rica em vitaminas do complexo B, especial-mente a vitamina B1 (tiamina), que está relacionada à assimilação dos carboidratos e contribui para o sistema nervoso e neuromuscular, pois participa da transmissão dos impulsos nervosos e atua como blo-queador dos canais de potássio em células nervosas. Para completar, ela tem, ainda, selênio (antioxidante), zinco (defesa do organismo) e mais ferro (formação dos glóbulos vermelhos) do que a carne de frango.

Carne de porco é saborosa e muito saudável

A certeza da importância do sociocul-tural produ-zindo doença estava presente nos livros sagra-dos escritos, há milhares de anos”.

O mal do mau humor. O que acontece com certas pessoas que acordam todas as manhãs com o pé esquerdo e que no resto do dia, em vez de melhorar a disposição do espírito, sofrem alterações do humor para pior? Provavelmente elas estão so-frendo de distimia, uma pertur-bação do humor defi nida como depressão de baixa intensidade que, devido o seu caráter crônico, pode conduzir a prejuízos sociais graves, como mal-estar familiar, insucesso conjugal e baixa pro-dutividade no trabalho, além de sofrimento individual.

Os distímicos são pessoas de-sanimadas e apáticas, que têm difi culdades de se relacionarem e se emocionar. Vivem num estado de depressão leve e constante, fruto de uma disfunção química. E precisou de amparo médico. Esse transtorno atinge de 5% a 6% da população mundial, com taxa de prevalência em pessoas acima dos 18 anos de idade.

Desenvolvimento A distimia começa na adoles-

cência, é desencadeada por fa-tores genéticos e ambientais. O abuso do álcool ou drogas pelos pais contribui para o desenvol-vimento da distimia nos fi lhos.

Eventos traumáticosOs maiores índices da doença,

no entanto são registrados em pessoas que têm parentes de primeiro grau com uma história de transtorno de humor.

As pessoas que sofrem desse mal têm desequilíbrio no pro-cesso químico de dois neuro-transmissores, a noradrenalina e a seretonina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar no organismo. Não estamos falando de um descontrole emo-cional passageiros mas de um estado permanente de ânimo.

Sabendo que se trata de uma doença, a família deve deixar de criticar o mal-humorado e procu-rar ajuda médica.

Os sintomasA distimia segundo alguns es-

pecialista, não tem cura, os mal-humorados crônicos têm elevado índice de recaída e terão de se tratar a vida inteira, como o dia-bético ou hipertenso.

À medida que a doença se agrava, surgem sintomas que não tem nada haver com o humor. O doente sofrerá depressão, dis-túrbio do sono, baixa energia, indecisão, fraqueza, e alteração no apetite.

A família pode ajudar a tornar

a vida do mal-humorado mais alegre levando-o ao cinema, ao shopping, ao restaurante. A disti-mia segundo alguns especialistas, não tem cura, os mal-humorados crônicos têm elevado índice de recaída e terão de se tratar a vida inteira, como o diabético ou hipertenso, mas é uma doença controlável. Eles têm sua própria vida normalmente, ou seja, ir ao trabalho, a faculdade e outras obrigações e passeios, porém sempre reclamando e com pen-samentos negativistas, tendência ao pessimismo.

O tratamentoA terapia comportamental tem

mostrado algum sucesso em graus variados de depressão, podendo ser útil no tratamento da distimia. Seu uso baseia-se no pressuposto de que os distúrbios obrigam pensamentos patologi-camente negativos acerca de si.

O objetivo da terapia é trazer à tona essas atitudes patologi-camente negativas e ajudar o paciente a ter uma visão mais racional das circunstâncias que o cercam.

O mau humor é uma disfunção. Não é um descontrole emocional passageiro, mas um estado per-manente de ânimo.

Distimia, suas causas e tratamento

Os distímicos são pessoas desanimadas e apáticas, que têm difi-culdades de se relaciona-rem e se emocio-nar”.

Malagueta, dedo-de-moça, comari, biquinho, caiena, habanero, tabasco, jalapeño. Não faltam opções de pimentas para temperar e dar sabor aos alimentos. A variedade existente no Brasil e no mundo é ampla, tanto quanto os benefícios que elas podem propiciar ao organismo. Atreladas a um estilo de vida saudável, elas podem melhorar o humor, ajudar a emagrecer, aumentar a circulação sanguínea e agir como anti-infl amatórios. Os efeitos são resultados da ação da capsaicina e da piperina, agentes ativos, encontrados nos frutos, com comprovada ação vasodilatadora arterial. As proprie-dades também aumentam a produção da endorfi na, o hormônio do prazer e do bem-estar.

Pimenta para todos os gostos e para fazer rir

Humberto Figliuolohfi [email protected]

Humberto Figliuolo

Humberto Figliuolo

Farmacêutico

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MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 E3Saúde e bem-estar

Coisa de [email protected]

A importância de um detalheVERA LIMA

Estamos em pleno século 21 e as mulheres estão evo-luídas, emancipadas e inde-pendentes, certo? Bom, em primeira mão, metade das minhas caras leitoras dirão que sim, ou pelo menos é o que elas acreditam. Na verdade, eu também acreditaria nes-sa premissa, mas não vamos generalizar, porque ainda te-mos umas figuras draconianas que, ou pararam no tempo, ou simplesmente não saíram da Idade da Pedra.

Esta semana quase caí de costas quando vi uma notícia bizarra na internet. Não que isso seja uma coisa anor-mal, porque a internet tem muitas bizarrices, mas essa me chamou a atenção pelo inusitado da coisa, dada a nossa suposta evolução.

Pasmem, senhoras e se-nhores: uma colunável vai fazer uma segunda cirurgia plástica para reconstrução do hímen porque quer casar virgem. Ai, meus sais!!!

Não, juro pelos meus ado-ráveis bibelôs que não estou brincando. Ainda tem gente, neste mundinho de Deus, e de mulheres supostamente inteligentes, liberadas e mo-dernas, que valorizam uma película que lhes dá a sublime conotação de pureza.

Pois é, me reportei imedia-temente à novela “Gabriela”, baseada na obra do magis-tral Jorge Amado, onde uma moçoila recentemente “deflo-rada” procura uma parteira, meio vigarista, para lhe re-constituir o que foi danificado a fim de que ela possa dar a volta no coronel Jesuíno. Expli-co para quem não acompanha a trama: o tal coronel, aquele

que manda a mulher deitar porque quer usá-la, ameaçou a noivinha pura que lhe daria um belo tiro nas “fuças” se na noite de núpcias verificasse que ela não era mais virgem.

Só que tudo isso era plena-mente compreensível, embo-ra nunca justificado, nos idos do século passado, quando uma mulher que perdia a virgindade era considerada uma pária e, ou casava, ou era repudiada publicamen-te. Atualmente, uma mulher se submeter a uma operação para voltar a ser virgem e casar com o símbolo de pu-reza é, no mínimo, uma coisa absolutamente ridícula.

Que não me levem a mal as moçoilas que desejam se preservar para um grande amor ou até para o casa-mento. Nada contra e nem a favor. Cada um sabe bem o que fazer de sua vida e não é minha intenção incentivar ninguém a coisa alguma. Só que, no caso em questão, a tal senhora tem muitos qui-lômetros rodados na estrada da vida e já parte para o seu segundo casamento. Se quer casar de véu e grinalda como uma linda donzela, tudo bem, mas vender gato por lebre é uma coisa muito feia. E ainda tem quem compre!

Como vai a sua pressão arterial? Você tem ideia?São muitos os sintomas confundidos entre pressão alta e baixa, mas quem sofre com o problema tem que se tratar

O que diferencia pres-são alta ou hiperten-são, da pressão bai-xa ou hipotensão?

Bem, vamos por partes!A hipertensão arterial é

uma doença crônica, deter-minada por elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias, o que faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer circular o sangue. A hipertensão pode ser classificada em primária e secundária. Cerca de 90% a 95% dos casos são clas-sificados como hipertensão primária, o que significa que a elevada pressão sanguínea não tem causa médica iden-tificável. Os restantes 5% a 10% dos casos são motiva-dos por outros transtornos que afetam os rins, glândula renal, artérias, coração ou o sistema endócrino. ’’Pressão alta é sempre uma doença’’, afirma o cardiologista Efrem de Aguiar Maranhão.

Um dos principais fatores de risco da hipertensão são ocorrências de acidentes vas-culares cerebrais, enfartes do miocárdio, aneurismas das

artérias, doenças arteriais periféricas, além de ser uma das causas de insuficiência renal crônica. Mesmo que mo-derado, o aumento da pressão sanguínea arterial está as-sociado à redução da espe-rança de vida. O controle da pressão sanguínea pode ser conseguido com alterações nos hábitos alimentares e do estilo de vida, reduzindo assim o risco de complicações clínicas, embora o tratamento por meio de fármacos seja normalmente necessário em indivíduos nos quais a adoção de um estilo de vida saudável se mostre insufi-ciente ou ineficaz.

Sintomas e cuidadosDe acordo com o cardiolo-

gista, para evitar a pressão alta é preciso cuidados na alimentação, praticar ativi-dades físicas regulamente, controlar o peso e tomar os medicamentos específicos.

Já a hipotensão arterial é a situação médica na qual existe uma diminuição dos valores da pressão arterial, acompanhada de sintomas decorrentes dessa queda. Entre os sintomas podem ocorrer tonturas, desmaios, confusão mental, desidrata-ção e hemorragias. Quem tem alterações na pressão arterial deve manter um controle com medição constante

Como o risco de der-rame cerebral e infarto agudo do miocárdio são contínuos com a pres-são arterial elevada, um valor baixo de pressão na ausência de sinto-mas, não só é normal, como é desejado. Isso, se a pressão baixa for secundária. “Hipoten-são arterial nem sem-pre é uma doença. Se por exemplo, uma pes-soa estiver com a pres-são em média a 10.6 não é considerada uma doença’’, explica o car-diologista, acrescen-tando que, nesse caso, é considerada uma hi-potensão de nível pri-mário. Segundo Efrem Maranhão, para evitar a pressão baixa é neces-sário hidratar-se e fazer trocas de medicamentos que causem tontura.

O ideal é manter um controle

DIVULGAÇÃO/STCK

EMILY PONCE Especial EM TEMPO

E03 - SAÚDE.indd 3 29/8/2012 20:43:56

E4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 E5

Para o bem da saúde pública e por respeito aos animais

Ao se adquirir um animal de estimação em Ma-naus é preciso que ele seja devidamente regis-

trado no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) ou por algum dos estabelecimentos veterinários credenciados. Além disso, é de responsabilidade dos proprietá-rios que ao levarem os animais de estimação para passear esses estejam, obrigatoriamente, uti-lizando coleira e guia adequada para seu tamanho e que o con-dutor recolha os dejetos fecais eliminados pelo bichinho em vias e logradouros públicos.

Mas, isso só funciona na teoria, porque na prática o que se vê na capital amazonense são inúme-ros cães e gatos abandonados nas ruas, e ainda, animais mal-tratados pelos donos, que tam-bém não demonstram nenhuma preocupação em cumprir as de-terminações das leis municipais existentes para os cuidados com os animais domésticos.

Atualmente, duas leis do âm-bito do município abordam a temática dos animais domés-ticos, uma trata do registro e identifi cação e a outra sobre o controle populacional. São elas: 1.590/2011 e a 161/2005, res-pectivamente. “Não é por falta de legislação que os cães e ga-tos da cidade estão entregues à própria sorte e sim pela falta de fi scalização”, afi rma o ve-terinário e fundador do Grupo de Proteção aos Animais (GPA), Jorge Carneiro.

Segundo o militante da prote-ção animal, ao tornar os cuida-dos com os bichos de estimação em uma questão de políticas públicas, não só os animais saem benefi ciados como também a população. É o que explica Anacy Miranda, diretora da organiza-

ção não governamental (ONG) Proteção, Adoção e Tratamen-to Animal (Pata). “Estando nas ruas os animais reviram lixei-ras, fazem suas necessidades em locais impróprios e podem contrair uma série de doenças, algumas delas nocivas ao ser humano”, destaca.

De acordo com o diretor do CCZ, Francisco Zardo, não se sabe o número exato, mas se estima que, aproximadamente, 85 mil cães e gatos estejam em estado de abandono nas ruas de Manaus.

“No centro de zoonoses nós tratamos as principais doenças que atingem os animais e podem ser nocivas também ao huma-no, como a raiva, leptospirose e lestimaniose visceral, além do controle de sarnas, carrapatos e contaminação por parvovirose, essas últimas, doenças inofensí-veis à população”, destaca.

A presidente da ONG Compai-xão Animal, Jaqueline Comisa, esclarece que ao passearem na rua com seus donos os ani-mais saudáveis estão sujeitos a contrair as doenças que afetam os animais abandonados. Zardo comenta ainda que o CCZ tem recebido de 25 a 30 animais resgatados diariamente. “Esta-mos trabalhando em nosso limite máximo”, alerta.

São 84 funcionários envolvidos no atendimento do centro, entre veterinários, agentes de zoonoses e pessoas que trabalham nas ações de investigação e ado-ção. “A castração e esterilização animal é um novo conceito, que tem sido defendido de maneira unânime pelas entidades liga-das à proteção animal como a alternativa mais efi caz para o controle de natalidade e, conse-quentemente, do elevado índice de animais abandonados, mas que ainda é uma iniciativa tímida no Amazonas”, conclui o diretor.

De fato, nem todo mundo gosta de animais de esti-mação, mas isso, defi nitiva-mente, não signifi ca que eles devem ser negligenciados de cuidados e muito menos se-rem vítimas de maus-tratos, afi nal, eles podem até não ter racionalidade, mas cer-tamente têm sentimentos. Para os defensores dessa ideologia, ver um animal em situação de risco é sinônimo de engajamento social.

Membro da Pata, mas en-volvida com os movimentos de proteção animal desde 2002, a jornalista Mel Luna conta que muitas vezes se sente constrangida ao res-gatar um cão ou gato da rua. “Parece que estou cometendo um crime”, desabafa. “Exis-tem pessoas que acreditam que é falta de tempo e gas-to de dinheiro desnecessário

cuidar de um animal abando-nado, mas elas não pensam que esse bichinho não pediu para estar lá”, completa.

Com essa frase, a amante dos animais pretende chamar a atenção para a falta de controle da natalidade ani-mal. “Ao adotar um animal as pessoas esquecem que eles irão crescer e, consequente-mente, se reproduzir. Quem nunca presenciou alguém abandonando fi lhotinhos na rua, por não querer ou não ter condições de cuidar de todos?”, incita Mel.

A Associação Humanitá-ria de Proteção e Bem-Es-tar Animal (Arca Brasil) é uma organização criada em 1993 e reconhecida interna-cionalmente por sua proposta de interligar saúde pública, proteção animal e sociedade para o aprimoramento das re-

lações homem/animal, como acontece com o programa de controle da natalidade de cães e gatos, implantado São Paulo e reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), servindo de modelo para vários mu-nicípios do país.

Entre as vantagens da cas-tração, a Arca Brasil destaca a drástica diminuição do risco de doenças nas vias uterinas, do câncer de mama, útero, próstata e testículos, além de diminuir o risco das fugas e brigas que podem acarretar acidentes graves e até fa-tais, acaba com os latidos, uivos e miados excessivos que ocorrem por ocasião do cio, elimina os estados de excita-ção por falta de cruzamento e diminuiu o hábito dos gatos de urinar em paredes e móveis para marcar território.

Compromisso e responsabilidade

Aproveitando o atual mo-mento político, de vésperas de eleição municipal, três das principais ONGs de proteção animal de Manaus – Compaixão Animal, Pata e GPA – se reuniram com a equipe de campanha do candidato a prefeito Artur Virgílio Neto para apresen-tar ao seu plano de gover-no um projeto que prevê a criação do Hospital Animal, dentre outras medidas. O candidato se mostrou total-mente favorável à criação de um espaço para receber e tratar os animais.

“Já existem precedentes de que também cabe ao poder público viabilizar melhores condições para o trato dos animais domésticos, além de promover ações de adoção, Manaus precisa se reedu-car quanto ao abandono de animais, pois essa também é uma questão de saúde pública”, afi rmou Artur.

Jorge Carneiro, fundador da GPA, enumera as princi-pais metas dos manifestan-tes, que giraram em torno da criação de um espaço próprio para o tratamento de animais doméstico, com ser-viços gratuitos à população, e sobre medidas que visem o controle de natalidade e, por conseguinte, a diminuição de animais abandonados devi-do a posse irresponsável de animais domésticos.

“O programa de posse responsável é referência na maior parte dos países desenvolvidos e consiste em quatro tópicos fundamen-

tais: registro e identifi cação do animal, educação quanto a responsabilidade com o animal doméstico, fi scaliza-ção da legislação existente e o controle de natalidade”, resume Jorge Carneiro.

A ex-procuradora do Tri-bunal de Contas e uma das militantes mais ativas das causas animas, Regina Bas-tos, chama a atenção para o fato de que para se investir nos cuidados com os ani-mais não é necessário que se mexa no orçamentos de

serviços públicos essenciais como saúde e educação. “Há um determinado valor no Or-çamento municipal já dire-cionado para projetos com o explicado por Jorge, o pro-blema é que os governantes ainda não acordaram para a importância do tratamento mais digno para os animais domésticos”, defende.

Ela comenta que chega a gastar mais de R$ 3 mil mensais em ações volun-tárias para tratar cães e gatos que apresentam do-enças graves.

Um hospital e ações de adoção

Quem tem animais em casa tem a responsabilidade de manter a caderneta de vacinação atualizada

FOTOS: DIVULGAÇÃO/STCK

VOLUNTÁRIOSTem um grande número de pessoas envolvidas com o res-gate e tratamento de animais em Manaus de maneira volun-tária, mas é preciso que o poder público também ajude

O registro de identifi cação do animal doméstico seria de muita ajuda no caso dos animais maltratados

Quem gosta de animais sempre pode encontrar um bom companheiro nas feiras de adoção

ALITA MENEZESEquipe EM TEMPO

Saúde e bem-estar

Para o bem da saúde pública

Cuidar dos cães e gatos abandonados é mais que ter o sentimento de bondade apurado é uma questão de saúde pública que envolve também o carinho por companheiros leais e solidários, que podem aliviar a solidão de muita gente

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E4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 E5

Para o bem da saúde pública e por respeito aos animais

Ao se adquirir um animal de estimação em Ma-naus é preciso que ele seja devidamente regis-

trado no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) ou por algum dos estabelecimentos veterinários credenciados. Além disso, é de responsabilidade dos proprietá-rios que ao levarem os animais de estimação para passear esses estejam, obrigatoriamente, uti-lizando coleira e guia adequada para seu tamanho e que o con-dutor recolha os dejetos fecais eliminados pelo bichinho em vias e logradouros públicos.

Mas, isso só funciona na teoria, porque na prática o que se vê na capital amazonense são inúme-ros cães e gatos abandonados nas ruas, e ainda, animais mal-tratados pelos donos, que tam-bém não demonstram nenhuma preocupação em cumprir as de-terminações das leis municipais existentes para os cuidados com os animais domésticos.

Atualmente, duas leis do âm-bito do município abordam a temática dos animais domés-ticos, uma trata do registro e identifi cação e a outra sobre o controle populacional. São elas: 1.590/2011 e a 161/2005, res-pectivamente. “Não é por falta de legislação que os cães e ga-tos da cidade estão entregues à própria sorte e sim pela falta de fi scalização”, afi rma o ve-terinário e fundador do Grupo de Proteção aos Animais (GPA), Jorge Carneiro.

Segundo o militante da prote-ção animal, ao tornar os cuida-dos com os bichos de estimação em uma questão de políticas públicas, não só os animais saem benefi ciados como também a população. É o que explica Anacy Miranda, diretora da organiza-

ção não governamental (ONG) Proteção, Adoção e Tratamen-to Animal (Pata). “Estando nas ruas os animais reviram lixei-ras, fazem suas necessidades em locais impróprios e podem contrair uma série de doenças, algumas delas nocivas ao ser humano”, destaca.

De acordo com o diretor do CCZ, Francisco Zardo, não se sabe o número exato, mas se estima que, aproximadamente, 85 mil cães e gatos estejam em estado de abandono nas ruas de Manaus.

“No centro de zoonoses nós tratamos as principais doenças que atingem os animais e podem ser nocivas também ao huma-no, como a raiva, leptospirose e lestimaniose visceral, além do controle de sarnas, carrapatos e contaminação por parvovirose, essas últimas, doenças inofensí-veis à população”, destaca.

A presidente da ONG Compai-xão Animal, Jaqueline Comisa, esclarece que ao passearem na rua com seus donos os ani-mais saudáveis estão sujeitos a contrair as doenças que afetam os animais abandonados. Zardo comenta ainda que o CCZ tem recebido de 25 a 30 animais resgatados diariamente. “Esta-mos trabalhando em nosso limite máximo”, alerta.

São 84 funcionários envolvidos no atendimento do centro, entre veterinários, agentes de zoonoses e pessoas que trabalham nas ações de investigação e ado-ção. “A castração e esterilização animal é um novo conceito, que tem sido defendido de maneira unânime pelas entidades liga-das à proteção animal como a alternativa mais efi caz para o controle de natalidade e, conse-quentemente, do elevado índice de animais abandonados, mas que ainda é uma iniciativa tímida no Amazonas”, conclui o diretor.

De fato, nem todo mundo gosta de animais de esti-mação, mas isso, defi nitiva-mente, não signifi ca que eles devem ser negligenciados de cuidados e muito menos se-rem vítimas de maus-tratos, afi nal, eles podem até não ter racionalidade, mas cer-tamente têm sentimentos. Para os defensores dessa ideologia, ver um animal em situação de risco é sinônimo de engajamento social.

Membro da Pata, mas en-volvida com os movimentos de proteção animal desde 2002, a jornalista Mel Luna conta que muitas vezes se sente constrangida ao res-gatar um cão ou gato da rua. “Parece que estou cometendo um crime”, desabafa. “Exis-tem pessoas que acreditam que é falta de tempo e gas-to de dinheiro desnecessário

cuidar de um animal abando-nado, mas elas não pensam que esse bichinho não pediu para estar lá”, completa.

Com essa frase, a amante dos animais pretende chamar a atenção para a falta de controle da natalidade ani-mal. “Ao adotar um animal as pessoas esquecem que eles irão crescer e, consequente-mente, se reproduzir. Quem nunca presenciou alguém abandonando fi lhotinhos na rua, por não querer ou não ter condições de cuidar de todos?”, incita Mel.

A Associação Humanitá-ria de Proteção e Bem-Es-tar Animal (Arca Brasil) é uma organização criada em 1993 e reconhecida interna-cionalmente por sua proposta de interligar saúde pública, proteção animal e sociedade para o aprimoramento das re-

lações homem/animal, como acontece com o programa de controle da natalidade de cães e gatos, implantado São Paulo e reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), servindo de modelo para vários mu-nicípios do país.

Entre as vantagens da cas-tração, a Arca Brasil destaca a drástica diminuição do risco de doenças nas vias uterinas, do câncer de mama, útero, próstata e testículos, além de diminuir o risco das fugas e brigas que podem acarretar acidentes graves e até fa-tais, acaba com os latidos, uivos e miados excessivos que ocorrem por ocasião do cio, elimina os estados de excita-ção por falta de cruzamento e diminuiu o hábito dos gatos de urinar em paredes e móveis para marcar território.

Compromisso e responsabilidade

Aproveitando o atual mo-mento político, de vésperas de eleição municipal, três das principais ONGs de proteção animal de Manaus – Compaixão Animal, Pata e GPA – se reuniram com a equipe de campanha do candidato a prefeito Artur Virgílio Neto para apresen-tar ao seu plano de gover-no um projeto que prevê a criação do Hospital Animal, dentre outras medidas. O candidato se mostrou total-mente favorável à criação de um espaço para receber e tratar os animais.

“Já existem precedentes de que também cabe ao poder público viabilizar melhores condições para o trato dos animais domésticos, além de promover ações de adoção, Manaus precisa se reedu-car quanto ao abandono de animais, pois essa também é uma questão de saúde pública”, afi rmou Artur.

Jorge Carneiro, fundador da GPA, enumera as princi-pais metas dos manifestan-tes, que giraram em torno da criação de um espaço próprio para o tratamento de animais doméstico, com ser-viços gratuitos à população, e sobre medidas que visem o controle de natalidade e, por conseguinte, a diminuição de animais abandonados devi-do a posse irresponsável de animais domésticos.

“O programa de posse responsável é referência na maior parte dos países desenvolvidos e consiste em quatro tópicos fundamen-

tais: registro e identifi cação do animal, educação quanto a responsabilidade com o animal doméstico, fi scaliza-ção da legislação existente e o controle de natalidade”, resume Jorge Carneiro.

A ex-procuradora do Tri-bunal de Contas e uma das militantes mais ativas das causas animas, Regina Bas-tos, chama a atenção para o fato de que para se investir nos cuidados com os ani-mais não é necessário que se mexa no orçamentos de

serviços públicos essenciais como saúde e educação. “Há um determinado valor no Or-çamento municipal já dire-cionado para projetos com o explicado por Jorge, o pro-blema é que os governantes ainda não acordaram para a importância do tratamento mais digno para os animais domésticos”, defende.

Ela comenta que chega a gastar mais de R$ 3 mil mensais em ações volun-tárias para tratar cães e gatos que apresentam do-enças graves.

Um hospital e ações de adoção

Quem tem animais em casa tem a responsabilidade de manter a caderneta de vacinação atualizada

FOTOS: DIVULGAÇÃO/STCK

VOLUNTÁRIOSTem um grande número de pessoas envolvidas com o res-gate e tratamento de animais em Manaus de maneira volun-tária, mas é preciso que o poder público também ajude

O registro de identifi cação do animal doméstico seria de muita ajuda no caso dos animais maltratados

Quem gosta de animais sempre pode encontrar um bom companheiro nas feiras de adoção

ALITA MENEZESEquipe EM TEMPO

Saúde e bem-estar

Para o bem da saúde pública

Cuidar dos cães e gatos abandonados é mais que ter o sentimento de bondade apurado é uma questão de saúde pública que envolve também o carinho por companheiros leais e solidários, que podem aliviar a solidão de muita gente

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MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012E6 Saúde e bem-estar

Jovens ganham estímulo e motivação com esporte Cada vez mais os jovens compreendem a importância das atividades físicas com regularidade para manter a saúde

Que o esporte esti-mula a vida ativa e a coletividade, me-lhora o condiciona-

mento físico e a disposição dos atletas, muitos já sabem. Mas técnicos e preparadores físicos de times juvenis perce-beram ainda mais vantagens na prática desportiva para essa faixa etária.

“A prática esportiva melho-ra a saúde do corpo e da mente. Nos jovens, os exercícios são o início para uma vida saudável”, revela o coordenador do time de futebol Grêmio Recanto da Criança, Antônio Jailton Cas-tro de Oliveira.

Nos treinos da equipe são trabalhados elementos im-portantes como resistência física, respiração e também valores como disciplina e o significado do fair-play - o espírito de competição. A equipe masculina foi campeã amazonense da edição 2011 do Copa Coca-Cola. Na final nacional, disputada no Rio de Janeiro, o time, com jogado-res de 13 a 15 anos, conquis-tou medalha de prata. “Foi uma conquista enorme para esses jovens. A molecada vê o futebol com outros olhos e deixa aquela vida sedentária”, completa Antônio.

O jovem Matheus da Silva, 15, que jogou no time “Recan-to da Criança” no ano passado, também concorda que o es-porte traz muitos benefícios. “O futebol me traz um corpo definido e saúde de sobra”, diz o atleta.

Segundo o professor de educação física, Reinaldo Thompson, na rotina esporti-va, os jovens atletas têm seus músculos fortalecidos, mem-bros superiores e inferiores trabalhados, e melhoram o seu sistema cardiorrespirató-rio. O professor, que também é técnico do time feminino do “Recanto da Criança”, conta que além do benefício de um bom condicionamento físico e acesso a médicos particula-res, os jovens de comunidades

carentes puderam ter acesso a um ensino de qualidade. “Conseguimos em uma escola particular 20 bolsas de estudo integrais para nossos atletas. A escola oferece também o vale-transporte e o material didático”, diz.

Outro aspecto positivo do futebol é o aprimoramento de sentidos que costumam ser pouco desenvolvidos na faixa etária de 13 a 15 anos, fase em que os times estão inseridos, como a coordenação motora, noção de espaço e agilidade.

Para isso, a preparação da equipe é feita de maneira lúdica para entreter os parti-cipantes e não sobrecarregar os jovens. “Depois que acaba a partida de futebol, libero as meninas para aproveitarem as brincadeiras e se divertirem um pouco. Depois de tanto esforço é importante que elas tenham um momento de des-contração”, fala.

Vida ativa também faz parte da vida de Marianna Goulart, 13. A atleta da natação treina de segunda a sábado durante duas horas. Três vezes por semana também faz muscu-lação para ajudar a ganhar massa muscular. “Adoro na-dar. Se algum dia falto o treino, parece que me sinto incompleta. O meu corpo fica estranho, como se faltasse al-guma coisa”, conta a atleta.

O treinador de Marianna, Darlan Padilha, explica que a natação é um esporte comple-to. “Nadar desenvolve a resis-tência física nos adolescen-tes. Além disto, é importante para a saúde cardiovascular e ajuda a manter a forma, pois trabalha com todos os músculos do corpo”, comenta. O treinador fala que alguns pais também matriculam os alunos na aula de natação por recomendação médica. “Tenho alunos que tem asma e pressão alta. Depois que começaram a nadar melho-raram muito”. Para Darlan, a vida ativa, por meio do esporte, faz a diferença na saúde dos jovens.

VANTAGENSO futebol aprimora os sentidos dos jovens, que costumam ser pouco desenvolvidos na faixa etária de 13 a 15 anos, e eles ganham em coordena-ção motora, noção de espaço e agilidade

Quem pratica atividade física desde cedo ganha em saúde, agilidade e coordenação motora

DIVULGAÇÃO/STCK

ALIMENTO

Hiperatividade prejudica na escola Desatenção, inquietação

e impulsividade são alguns dos indícios de que seu filho pode ser hiperativo. Segun-do levantamento do Progra-ma de Atendimento de Hipe-ratividade do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saú-de e maior complexo hospi-talar da América Latina, 90% das crianças atendidas no ambulatório da unidade são meninos na idade escolar, dos seis aos 17 anos.

A hiperatividade traz pre-juízos, principalmente, no período escolar da criança, e não deve ser confundida com a simples agitação ou even-tuais casos de bagunça.

O psiquiatra e coordena-dor do programa, Enio An-drade, explica que, devido à presença de outras crianças na sala de aula, os sintomas são mais facilmente percebi-dos nesses ambientes.

Para ele, os professores são os primeiros a perce-ber que a criança não é apenas bagunceira e os pais precisam ouvi-los com mais atenção.

As crianças podem apre-sentar, esporadicamente, agitação, sem que isso sig-nifique uma patologia. Para ser, de fato, hiperatividade, que precisa ser diagnosti-cada por um profissional, os sintomas têm que ser cons-tantes, estarem presentes em ambientes diversos e com uma duração mínima de seis meses.

Quanto mais cedo a hi-

peratividade for diagnos-ticada, menos prejuízo a criança terá. O mais in-dicado para o tratamento é acompanhamento com psiquiatra e com um grupo multidisciplinar. Para isso os pais precisam esquecer o preconceito contra essa ciência. O tratamento nor-malmente é feito com me-dicamentos para estimular o controle de atenção.

Atendimento interdisciplinar

A hiperatividade traz prejuízos, principalmente na infância

DIVULGAÇÃO Fome ‘oculta’ causa problemasA fome oculta caracteri-

za-se pela falta de vitami-nas e minerais. Isso afeta o crescimento físico e cog-nitivo da criança, assim como o seu sistema imu-nológico durante os pri-meiros anos de formação. Anemia e falta de vitamina A afetam milhões de bra-sileiros, quase a metade da população de crianças e mulheres grávidas. Até mesmo uma dieta adequa-da em calorias, proteínas e carboidratos, pode ter sérias deficiências em vi-taminas e minerais. Países desenvolvidos têm comba-tido a fome oculta desde a década de 40, erradicando com sucesso muitas doen-ças na América do Norte e na Europa. Embora o

Brasil registre melhorias nos índices sociais, essa modalidade de fome ainda afeta 40% das crianças brasileiras. As deficiências em minerais e vitaminas essenciais possuem efeitos desastrosos na saúde e eco-nomia do Brasil e de outras nações ao redor do mundo.

DesnutriçãoA adição de vitaminas e

minerais através da forti-ficação de alimentos bási-cos é considerada uma das mais baratas e efetivas estratégias para comba-ter a desnutrição por mi-cronutrientes. A Europa e os Estados Unidos têm fortificado os alimentos básicos com trigo, farinha e sal por mais de sete dé-

cadas para assegurar que as pessoas recebam os micronutrientes necessá-rios para uma boa saúde. Comparado com pastilhas ou barras de suplemento vitamínico, a fortificação tem a vantagem de um custo baixo e ser de fácil aceitação, pois não requer mudanças nos hábitos ali-mentares da população.

O arroz fortificado – um alimento básico para a maioria da população - é uma recente tecnologia descoberta pela Funda-ção Bill & Melinda Gates, nos Estados Unidos, e foi repassada ao Brasil sem custo algum. O alimento chegará às prateleiras dos supermercados brasileiros em outubro deste ano.

APRENDIZAGEM

A criança mal alimentada não consegue ter um bom rendimento durante as aulas

DIVULGAÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012 E7Saúde e bem-estar

Personal Fitness Club

Corpo firme e definido com o boxeQueimar calorias, ganhar

agilidade e ainda modelar o corpo como manda o figuri-no? Agora você pode conseguir tudo isso com uma prática esportiva que ganhou as aca-demias e conquistou homens e mulheres em Manaus: o boxe.

A atividade é uma excelente dica para quem quer eliminar aqueles quilinhos a mais e, de quebra, ainda ajuda a eliminar as tensões do dia a dia. Dar socos no saco de areia, na pushing ball (pequeno saco que tem a forma de uma pera) ou em adversários, contribui eficazmente para exterminar as gordurinhas, modelar os músculos dos braços, das per-nas e do abdômen. Só para você ter uma ideia, em uma hora de aula se pode queimar até 700 calorias.

Dentre outras vantagens ób-vias na silhueta, você ainda tra-balha o condicionamento físico, a coordenação motora e ganha resistência. Como em toda ati-

vidade física, antes de começar, é bom passar por uma avalia-ção. Quem tem pressão alta, problemas nas articulações ou alguma lesão muscular, por exemplo, necessita da orien-tação de um especialista.

Para a mulherPara quem ainda acha que

o boxe pode deixar a mulher masculinizada, um exemplo de que a atividade pode ser unida com muita feminilidade é a campeã lutadora Duda Yanko-vich, naturalizada brasileira. Duda é uma loira de 1,69 de altura, com 64 Kg, dona de um belo par de olhos azuis e com um corpo escultural.Para a mulher que busca uma melhor postura, musculatura abdominal e lombar reforça-dos, musculaturas das pernas, ombros e costas bem defini-dos e desenvolvidos, e ainda busca aliviar o estresse, o esporte é o mais indicado e não é à toa que está em alta

no universo feminino. Na academia Personal Fit-

ness Club você encontra essa e outras modalidades esportivas de acordo com a sua necessi-dade específica. Tudo com a orientação e acompanhamento de um profissional qualificado. Não perca tempo, procure hoje mesmo a melhor academia da cidade e se informe sobre os melhores planos e a modalidade que você deseja praticar.

O esporte dá agilidade e melhora a coordenação motora, além de contribuir para emagrecer

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Ainda segundo o doutor Aristóteles Alencar, a pa-lavrinha mágica é preven-ção. “Mudança de estilo de vida, não fumar sob hipótese alguma, controlar a hipertensão arterial, o colesterol e o açúcar san-guíneo”, recomenda.

Outros fatores podem

contribuir para complicar a saúde feminina. Somado ao colesterol elevado, o aumen-to do tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas, além do consumo exagerado de alimentos ricos em gordura, podem ajudar a desenvolver a doença arterial coronária. O caminho da prevenção não

é misterioso e nem compli-cado. Se a palavra-chave é prevenção, os cuidados bá-sicos podem ser resumidos em uma alimentação saudá-vel, rica em frutas, verduras, legumes e carnes magras, além da prática de ativida-des físicas pelo menos três vezes por semana.

O que fazer para evitar o mal?

ESTRESSESegundo cardiologis-tas, a dupla ou tripla jornada de trabalho pode ser um agravante para as mulheres, que atualmente apresen-tam tantos problemas cardiovasculares quan-to os homens

Coração se ressente dos excessos do cotidiano Ritmo de vida muito acelerado pode causar doenças coronárias

Segundo o cardiologista, a partir dos 40 anos, a mu-lher está mais sujeita ao de-senvolvimento de doenças cardíacas, principalmente se ela já apresentar todos os fatores de risco. “Depois da menopausa a proteção conferida pelos hormô-nios estrogênios, expõe a mulher a maior chance de

ter um episódio agudo de doença isquêmica do co-ração”, explica o médico Aristóteles Alencar.

Entre os principais fato-res de risco das mulheres estão: hipertensão, coles-terol, diabetes, obesidade abdominal, sedentarismo, cigarro e interação entre fumo e anticoncepcional.

Palavra de especialista

Se a rotina é estressante, uma maneira de atenuar o cansaço é praticar atividade física

DIVULGAÇÃO/STCK

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Endereço

Informações

Academia Perso-nal Fitness ClubRua Acre, 66, Vieiralves - Nos-sa Senhora das Graças 3584 0317

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

Quando o despertador toca, às 5h30, Ma-riana dá um pulo da cama e trata de ser rá-

pida, porque sabe que tem mais um dia intenso pela frente. Já está acostumada com a rotina: crianças, escola, trabalho, casa, academia, supermercado, ma-rido. Se você está achando que o marido ficou em último lugar, está enganada, em último lugar ficou a Mariana, que não tem tempo nem para se coçar.

Com essa rotina diária, Ma-riana acaba esquecendo de se cuidar e nunca mais fez um che-ck-up, vai adiando os exames porque existem outras priorida-des no trabalho e em casa.

Mariana é uma figura da ficção, mas bem poderia ser eu ou você, mulheres que se dividem entre duas ou três jornadas de trabalho diárias e que, na maioria das vezes, não têm nem tempo para cuidar de si mesma, porque o cuidado com os outros já lhe toma todo o tempo disponível. Ela não é a “mulher-maravilha”, mas é o padrão da mulher brasileira de classe média, di-vidida, atarefada, estressada e em situação de risco, porque vive o tempo todo como se estivesse se equilibrando em uma corda esticada.

Em tudo isso, como é que

fica a saúde do seu coração? Segundo pesquisas na área médica, as doenças cardio-vasculares (DCV) são o inimigo número um das mulheres, e esse risco aumenta considera-velmente após a menopausa, quando, de cada dez, seis mor-rem de infarto. O agravante é que a maioria nem tem cons-ciência do risco. Enquanto a mídia reforça a necessidade de exames ginecológicos pe-

riódicos, como os de mama e colo de útero, o coração trata de fazer suas vítimas de maneira silenciosa. Os cardiologistas advertem que as doenças cardiovasculares matam seis vezes mais que o câncer de mama, por exemplo, e as brasileiras são líderes das Américas em acidente vascu-lar cerebral (AVC).

“As DCV ainda são mais co-muns nos homens, no entanto;

em países desenvolvidos as estatísticas mostram que as mulheres estão apre-sentando mais doenças crônico-degenerativas como a cardiopatia, dia-betes mellitus e câncer em valores muitos pa-recidos com os dos homens”, adverte o médico cardiologista Aristóteles Alencar.

Segundo ele, as mulheres hoje estão expostas aos mesmos fatores de risco cardiovascu-lar que os ho-mens: fumam, bebem, são sedentárias e estressadas. O mais grave é que possuem dupla jornada, diz ele, e ao che-gar em casa o tra-balho continua.

Isso é fato, e a maioria das mulheres que constitui família e trabalha fora sabe como é estressante ter que conciliar tarefas domésti-cas, cuidados com os filhos e responsabilidades profis-sionais extra-lar.

A vida dessas mulheres é marcada pela superação diária como esposa, mãe e profissional. As múltiplas exi-gências da vida moderna so-

brecarregaram as mulheres, que acabaram relegando a saúde a segundo plano. O famoso “pé de igualdade” com os homens trouxe bônus e di-videndos, entre eles os riscos para o coração. O famoso turno triplo, como mães, exe-cutivas e donas de casa, acaba gerando uma sobrecarga e um estresse que poderá contribuir para desencadear a doença arterial coronária.

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E8 MANAUS, DOMINGO, 2 DE SETEMBRO DE 2012Saúde e bem-estar

Aprendendo a conviver com a esclerose múltiplaA doença parece incontrolável, mas quando diagnosticada e supervisionada, é possível apresentar surtos menores

A esclerose múltipla é uma doença inflama-tória crônica, prova-velmente autoimune

que atinge cerca de 35 mil pessoas no Brasil. Por motivos genéticos ou ambientais, na esclerose múltipla, o sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina (capa que envolve todos os axônios) que cobre os neurônios e isso compromete a função do sis-tema nervoso. A característica mais importante da esclerose múltipla é a imprevisibilidade dos surtos. “É uma doença crô-nica, de caráter genético. Se a pessoa tiver queixa sensitiva e de tonturas, é aconselhável procurar imediatamente o neurologista”, afirma a médica especializada em neurologia, Nize Alessandra.

Segundo ela, de maneira geral a doença aparece em pessoas jovens, entre 20 e 30 anos, e provoca dificul-dades motoras e sensitivas. O diagnóstico, conforme ex-plica a especialista, é feito por meio de exames clínicos mostrados por imagens (res-sonância magnética).

Para discutir o tema, foi realizada esta semana, em Manaus, no ambulatório Araújo Lima, uma palestra de conscientização com a participação de médicos, en-fermeiros, fisioterapeutas e pacientes com a doença. A enfermeira Fernanda Ma-chado Domingos, que tra-balha para a empresa Bayer,

falou da qualidade de vida e explicou como conviver com a enfermidade.

A neurologista Nize Ales-sandra acrescentou que, de maneira geral, quando um paciente recebe o diagnós-tico, não sabe o que fazer, e esse tipo de palestra aju-da muito porque coloca um paciente ouvindo a história

de outro com o mesmo mal. Assim, ele se sente melhor e com mais condições para aceitar a doença.

SintomasA esclerose múltipla causa

uma piora do estado geral do paciente que normalmente apresenta fraqueza muscular, rigidez articular, dores articu-lares e descoordenação moto-ra. O doente sente dificuldade para realizar vários movimen-tos com os braços e pernas, perde o equilíbrio quando fica em pé, sente dificuldade para andar, tremores e formiga-mentos em partes do corpo. Em alguns casos, a doença pode provocar insuficiência respiratória, diminuição uriná-ria, alterações visuais graves, perda de audição, depressão e impotência sexual.

TratamentoQuando confirmado o diag-

nóstico de esclerose múltipla, o principal objetivo é abreviar a fase aguda e tentar aumen-tar o intervalo entre um surto e outro. No primeiro caso, os corticosteroides são drogas úteis para reduzir a intensi-dade dos surtos e propiciar alívio aos pacientes.

EMILY PONCEEspecial EM TEMPO

DESNORTEADODe maneira geral, quando uma pessoa re-cebe o diagnóstico de esclerose múltipla fica sem saber o que fazer. A doença é crônica e pode aparecer em pes-soas com idade entre 20 e 30 anos

A pessoa portadora de esclerose múltipla tem dificuldade para andar e tremores no corpo

DIVULGAÇÃO/STCK

No segundo, os imunos-supressores (ato de reduzir a atividade ou eficiência do sistema imunológico) e imunomoduladores (subs-tâncias que atuam no siste-ma imunológico conferindo aumento da resposta orgâ-nica contra determinados micro-organismos, incluin-do vírus, bactérias e proto-

zoários), ajudam a espaçar os episódios de recorrên-cia e o impacto negativo que provocam na vida dos portadores de esclerose múltipla, já que é quase impossível eliminá-los com os tratamentos atuais.

De acordo com especia-listas, levando em conta a não evolução da doença, é

importante fazer exercícios físicos diariamente. Quando os movimentos do corpo dei-xam a desejar, é necessário recorrer à fisioterapia para contrair os músculos ainda preservados. O uso regular de medicamentos ajuda no controle da doença, e o re-pouso é a peça-chave para um paciente em crise.

Exercícios físicos todos os dias

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