são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · um roteiro completo, ... um aventureiro...

43
SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO EDIÇÃO Nº 8 | DEZEMBRO/JANEIRO 2014/2015 | R$ 12,00 Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de verão r oteiro de o tietê QUe NUNCA VoCê ViU Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem O que você precisa saber sobre âncoras, cabos e amarras os mACetes do CorriCo Como se dar com os peixes mesmo durante os passeios As surpresas que esta pedra esconde lAje de sANtos UbatUba a Paraty

Upload: phungdat

Post on 25-Jan-2019

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo

edição nº 8 | dezembro/janeiro 2014/2015 | r$ 12,00

Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de

verãoverãoroteiro de

o tietê QUe NUNCA VoCê ViU

Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído

do país do começo ao fim

bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

O que você precisa saber sobre âncoras,

cabos e amarras

os mACetes do CorriCo Como se dar com os peixes mesmo

durante os passeios

As surpresas que esta pedra escondelAje de sANtos

Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de

UbatUbaaParaty

01 Capa Sudeste 8_REV OK.indd 3 26/11/14 17:52

Page 2: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Arte_boatsp_pgdp_nautica.pdf 1 25/11/2014 15:53:36

Page 3: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

O DIFERENCIAL DAS NOSSAS MARINAS?

P I R ATA S • V E R O L M E B R A C U H Y • R I B E I R A • R I O

F O T O M A R I N A B R A C U H Y

MAIS DO QUE PENS AR EM FACILITAR SUA VIDA E GARANTIR A SEGURANÇA DO

SEU BARCO, A BR MARINAS SE ORGULHA DE PODER OFERECER SEMPRE O MELHOR

ATENDIMENT O COM S ERVIÇOS DE EXCELÊNCIA. SÃO CINCO MARINAS NOS

PRINCIPAIS DES TINOS NÁUTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA VOCÊ

ESCOLHER.

VENHA PARA A BR MARINAS .

W W W . B R M A R I N A S . C O M . B R

PENSAMOS EM VOCÊ

anuncio2 Sudeste.indd 2 03/11/14 11:29

Page 4: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Índice

Acesse www.nautica.com.br/nauticasudeste e baixe, de gra-ça, esta edição de NÁUTICA SUdeSTe

DIRETOR DE REDAÇÃO Jorge de Souza [email protected]

PRESIDENTE E EDITOR Ernani Paciornik

VIcE-PRESIDENTE Denise Godoy

cOlAbORARAm NESTA EDIÇÃO: Haroldo J. Rodrigues (arte), Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)

REDAÇÃO E ADmINISTRAÇÃOAv. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, cEP 01451-001, São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000

publicidade

DIRETORA DE PublIcIDADE mariangela bontempo [email protected]

ExEcuTIVOS DE cONTAS Eduardo Santoro [email protected] Eduardo Saad [email protected]

Raquel barhum Hailer [email protected] Rabelo [email protected] Ortega [email protected]

PARA [email protected] Tel. 11/2186-1022

NÁuTica SudeSTe é uma publicação da G.R. um Editora ltda. — ISSN 1413-1412. Dezembro 2014. Jorn. resp: Denise Godoy (mTb 14037). Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Direitos reservados.

FOTOS DE cAPA: Shutterstock e Fausto campos/laje Viva

CTP, Impressão e Acabamento — IBEP Gráfica

NESTA EDIÇÃO...

BAIXE TAMBÉM AS EDIÇÕES ANTERIORES DE gRAÇA

Edição 4NaS águaS dE ParatyE + Represa de Nazaré Paulista

Edição 5o MELHor dE iLHaBELaE + Ilha Anchieta

Edição 7SaNtíSSiMa triNdadEE + edição de Aniversário –- 1º ano

são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo

edição nº 4 | abril 2014 | r$ 12,00

RIO BOAT SHOW18 bons motivos

para você ir ao salão

DO ASFALTO PARA A ÁGUA

Os passeios turísticos em ônibus-anfíbios são

a nova onda no Rio

NÃO FAÇA ONDA!

Você sabe o que uma simples marola

é capaz de fazer?

Nas Águas de Paraty

A represa que é uma surpresaNAZARÉ PAULISTA

SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO

EDIÇÃO Nº 5 | JUNHO 2014 | R$ 12,00

A Alcatraz de UbatubaILHA ANCHIETA

As 12 Melhores CoisAs de CoisAs de

ilhAbelAOu uma dúzia de motivos que tornam a ilha mais bonita de São Paulo ainda mais gostosa

PRA QUE ISSO?As tralhas inúteis

mais comuns a bordo dos barcos e como

elas atrapalham

XI, NÃO PEGA...Tudo o que você

precisa saber sobre baterias, para não ficar a ver navios...

PRANCHA DE PESCA

Um stand up paddle para quem gostar de

remar e pescar

TrindadeSanTíSSimaA ex-vila caiçara, que, primeiros os hippies, depois os surfistas e os turistas adotaram, ainda enche os olhos com a beleza de suas praias – algumas ainda virgens e as últimas desse tipo no litoral entre Ubatuba e Paraty

SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO

EDIÇÃO Nº 7 | OUTUBRO/NOVEMBRO 2014 | R$ 12,00

UMA LANCHA, TRÊS MOTORES

O que muda numa lancha quando só o que muda

é a potência do motor?

E PARA COMEMORAR... Os 10 mais lindos lugares

para passear de barco, mostrados no primeiro ano

de NÁUTICA SUDESTE

EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO 1º ANO

Os lançamentos do último salão náutico Os lançamentos do último salão náuticoOs lançamentos do último salão náuticoOs lançamentos do último salão náuticoOs lançamentos do último salão náuticoOs lançamentos do último salão náutico

AS NOVIDADES DO SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO

EDIÇÃO Nº 6 | AGOSTO-SETEMBRO 2014 | R$ 12,00

SEM FAZER ONDA

Como enfrentar com segurança as ondas e marolas

GRÁTIS CONVITE

Cadastre e visite!

LAGO JAGUARAAs mais lindas águas do

interior paulista

Marinasas Melhores

arinasdo litoral

Os lugares mais indicados para guardar um barco entre Rio de Janeiro e São Paulo

Edição 6aS MELHorES MariNaS do LitoraLraLE + Lago Jaguara

SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO

EDIÇÃO Nº 8 | DEZEMBRO/JANEIRO 2014/2015 | R$ 12,00

Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de

verãoverãoRoteiro de

O TIETÊ QUE NUNCA VOCÊ VIU

Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído

do país do começo ao fim

BÊ-Á-BÁ DA BOA ANCORAGEM

O que você precisa saber sobre âncoras,

cabos e amarras

OS MACETES DO CORRICO Como se dar com os peixes mesmo

durante os passeios

As surpresas que esta pedra escondeLAJE DE SANTOS

Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco deUm roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de

UbatUbaaParaty

VERSÃO DIgITAL gRÁTIS!

pág. 18

pág. 50

76 NÁUTICA SUDESTE

Antes de mais nada, é bom saber que a pesca de corrico — ou seja, aquela feita com uma linha a reboque no barco em movimento, que os cariocas

também chamam de “pesca de arrasto” — difere em tudo das pescarias tradicionais. Não tem, por exemplo, nada a ver com a paz contemplativa das pescarias de beira de rio ou costeiras. Ao contrário, o que não falta

na pesca de corrico é muita ação — a começar pelo próprio barco, que precisa estar em movimento. Mas não basta amarrar uma linha com anzol na popa do barco e sair rebocando a isca. Para experimentar a deliciosa sensação de ser brindado com uma fisgada enquanto passeia com sua lancha ou veleiro é preciso outros cuidados. Como estes aqui.

Que tal, durante o passeio pelo mar, tentar pegar um peixe para o almoço?

A maneira mais fácil é corricando. Veja aqui como

FOTO

S G

UIL

HE

RM

E K

OD

JA

OS MACETES DO CORRICO

CARRETILHA É

MELHOR DO QUE MOLINETE

As carretilhas são mais eficazes na pesca

de corrico. E devem estar carregadas

com bastante linha. O ideal é, pelo

menos, 400 metros. As carretilhas de

perfil redondo e numerações medianas

(para linhas de 20, 30 ou 50 libras) são

ainda mais indicadas. Mas a fricção deve

permitir ao peixe descarregar linha sem

grande dificuldade, para evitar pancadas

que rompam sua mandíbula. Peixes como

sororocas, cavalas e

bicudas possuem

mandíbula frágil,

que se rompe

com facilidade

quando

submetida a uma

súbita pressão.

PRENDA A VARA

EM VEZ DE SEGURÁ-LA

Durante o corrico, deixe a vara firme

no porta-varas do barco ou presa

firmemente a algo a bordo. Manter a vara

nas mãos gera movimentos involuntários

que podem afugentar os peixes. E se,

depois de sentir a fisgada, a linha afrouxar,

recolha um pouco, para ver se ela volta

a ficar tensionada. É que, muitas vezes,

os peixes fisgados nadam em direção ao

barco, para tentar se livrar do anzol.

PERTO DE BARCOS

ANCORADOS É MELHOR AINDA

Corricar perto de navios e barcos ancorados

pode trazer bons resultados, porque as

cracas dos cascos acabam atraindo peixes.

Correntes de âncoras são melhores ainda,

porque descem até o fundo, atraindo ainda

mais espécies. Mas tome cuidado

redobrado com a navegação.

NÃO SE DEIXE LEVAR

PELOS CARDUMES

Os corricos são a maneira mais eficiente de

cobrir grandes áreas numa pescaria. Mas

não se deixe levar pela eventual visualização

de cardumes na superfície, porque eles

são muito dinâmicos e desaparecem tão

rapidamente quanto surgem. Se vir algum

cardume, circule ao redor dele e não

apenas passe sobre os peixes, para que o

motor não os afugente.

NEM FUNDO, NEM RASO DEMAIS

A profundidade ideal da isca deve ser a meia

água, mas a mesma isca pode atingir diferentes

profundidades, dependendo da velocidade

do barco. Quanto mais rápido ele navegar,

maior será a pressão da água na barbela,

fazendo com que ela desça mais. Portanto,

fique atento à velocidade de navegação.

MUITO CUIDADO

NA HORA DE EMBARCAR

Muito cuidado na hora de embarcar o

peixe, para não perdê-lo na hora agá.

O ideal é cansá-lo um pouco e ir

bicudas possuem

mandíbula frágil,

que se rompe

com facilidade

Você e seu barco

pág.62

Só quem já mergulhou nas águas limpíssimas e cheias de vida da L A J E D E S A N T O S sabe quão bonita uma s i m p l e s p e d r a n o meio do mar pode ser

A PEDRADA VIDA

NÁUTICA SUDESTE 5150 NÁUTICA SUDESTE50 NÁUTICA SUDESTE

BEM MAIS QUE UMA PEDRAA Laje de Santos, a cerca de 21 milhas náuticas da baía da cidade: quem a vê assim, não imagina o que ela esconde debaixo d´água

Q uem sair da baía de Santos e navegar umas 20 milhas adiante encontrará esta grande pedra em forma de baleia, no meio do oceano. Ela não tem vegetação, nenhum ponto

de desembarque, muito menos praia. Ou seja, nenhum atrativo visível que justifique o passeio até lá. Mesmo assim, ao chegar, é bem provável que se encontre outros barcos ancorados ao redor deste bloco de granito, que se ergue solitário no meio do mar. E a razão disso está dentro dele. Basta enfiar a cara na água para entender o porquê de tamanha fama e popularidade da Laje de Santos, nome deste quase obstáculo natural no caminho de entrada do mais movimentado porto do país. Primeiro, verá uma água com transparência difícil de acreditar, até por conta do lugar onde está, bem na rota dos navios que entram e saem do porto de Santos. E, em seguida, se impressionará ainda mais com a quantidade e variedade de espécies marinhas que ela abriga. A Laje de Santos é uma pedra cheia de vida.

FOTO

S D

IVU

LGA

ÇÃ

O L

AJE

VIV

A/F

AU

STO

CA

MP

OS

E K

AD

U P

INH

EIR

O

62 NÁUTICA SUDESTE NÁUTICA SUDESTE 63

DIV

ULG

ÃO

Foi um feito, no mínimo, ousado — para não dizer inusitado. Três me-ses atrás, o piloto e aventureiro pro-fissional Lu Marini decolou com o seu paramotor (um parapente mo-

torizado), de Salesópolis, nas imediações de São Paulo, onde nasce o Tietê, e com ele per-correu toda a extensão do mais longo e polê-mico rio do estado. Levou 18 dias na empreita-da, voando cerca de duas horas por dia a baixa altitude e a relaxantes 50 km/h — o suficiente para ir admirando a paisagem e registrando to-dos os problemas do rio mais poluído e triste-mente famoso do país.

Além desses dois objetivos, a curiosa ex-pedição (que inaugurou a navegação do Tietê também pelo ar...), serviu para colher material para um livro, um documentário e uma carti-lha infantil sobre as questões ambientais do rio e como enfrentá-las. Como, por exemplo, faz Dona Maria, uma humilde moradora da beira do rio entrevistada por Marini, que, na falta de peixes para pescar e sustentar sua família, tro-cou de atividade e hoje vive de vender as porca-rias que recolhe do rio, feito uma espécie de fer-ro-velho fluvial. “Assim, também ajudo a limpá o rio”, disse Dona Maria àquele inesperado na-vegador, que, ao contrário de todos os que ela já viu passar pelo Tietê, chegou pelo ar e não pela água — mas munido da mesma curiosida-de sobre a outra face do rio que virou sinônimo de poluição e descaso com a natureza e o meio ambiente. “Foi uma expedição reveladora, tan-to da natureza do rio quanto dos sérios proble-mas ambientais que o assolam”, preferiu definir Marini, que já viajou com sua vela motorizada por diversos lugares do Brasil e do mundo. Mas jamais sobre um rio inteiro.

ARO NAVEGADOR DO

DO COMEÇO AO FIMLu Marini em ação, voando sobre o ponto onde o Tietê desagua no Paraná e termina sua trajetória. Infelizmente, nem tudo que ele viu no rio foi tão bonito assim

A bordo de um parapente motorizado, o aventureiro profissional Lu Marini fez a mais inusitada travessia do Tietê que se tem notícia: voou, do começo ao fim, sobre o rio mais famoso e polêmico de São Paulo

pág. 76

Você e seu barcoO BÊ-Á-BÁ DA BOA ANCORAGEM

Como barcos não têm

freio de mão, o jeito é ter

uma boa âncora e saber

direitinho o que fazer com

ela, em qualquer situação

Já passou pela sua cabeça que, para permanecerem parados na água, mesmo

os barcos mais modernos dependem de um primitivo peso preso a eles? É que ninguém jamais conseguiu desenvolver algo mais eficiente para impedir que um barco se mova ao sabor dos ventos e das correntezas do que as âncoras, equipamentos tão antigos quanto a própria história da navegação. A única diferença é que, ao longo dos tempos, elas sofreram mudanças na forma e na concepção, tornando-se bem mais eficientes e confiáveis.

Primeiro, as pedras usadas nas embarcações do passado,

ILU

STR

ÃO

PIE

RR

E R

OU

SSE

LET

RAIO-X DO FERRO

Anete É a manilha ou o anel

que é ligado ao furo da haste, no qual se

prende a amarra. No caso de corrente,

é aconselhável usar também um

destorcedor, para evitar nós na amarra.

Haste Além de unir a amarra

às patas, que é a parte que prende a

âncora ao fundo, é uma das peças mais

pesadas do ferro e ajuda na sua fixação.

Quanto mais próxima do solo ela ficar,

melhor a eficiência do fundeio.

Unhas São as pontas das

patas e as partes que de fato “espetam”

o solo. Numa boa ancoragem, elas

desaparecem no fundo e não ficam

visíveis.

Patas São as partes que

enterram e fixam a âncora no solo.

Cepo Parte perpendicular

à haste, que serve para derrubar e

posicionar a âncora, de forma que as

patas penetrem bem no fundo.

Cruz Junção entre a haste e

o cepo. Pode ser usada para soltar a

âncora, quando não se consegue

içá-la pela haste.

O q u e é o q u ê n u m a b o a â n c o r a

deram lugar ao ferro — daí um dos nomes pelos quais as âncoras são conhecidas. Depois, elas passaram a ser feitas de aço e, mais recentemente, de alumínio, este um material bem mais leve e apropriado para se transportar a bordo, já que a função do peso numa âncora é apenas levá-la até o fundo — o que segura uma embarcação de fato são as “patas”, ou garras da âncora, como se verá nas páginas a seguir.

70 NÁUTICA SUDESTE NÁUTICA SUDESTE 71

pág. 70

...A PARATYJOR

GE

DE

SOU

ZA

JOR

GE

DE

SOU

ZA

DE UBATUBA... POR JORGE DE SOUZA

Um roteiro que tem a cara do verão, para você fazer com seu barco: as praias, ilhas, sacos e enseadas do trecho mais bonito — e preservado — do litoral entre Rio de Janeiro e São Paulo. E nós damos todas as dicas para esta deliciosa viagem

Ilha Anchieta - Ubatuba

Centro Histórico - Paraty

MIKE 85 LAT 23º 46.08' S LONG 045º 24.20' W

tel.: +55.12.3862-1555www.marinaigararece.com.brmarina igararecê

agen

ciae

utue

les.

com

.br

TUDO O QUE VOCÊ ESPERA DE UMA MARINAESPERANDO POR VOCÊ

POSTO NÁUTICO - CONVENIÊNCIA - HELIPONTO - PISCINA com BORDA INFINITA - BAR MOLHADO - RESTAURANTE - SERVIÇO 24h

6 Náutica SudeSte

Page 5: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

8 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 9

LaNÇaMeNtO RiO BOat SHOW 2015

Representantes das principais marcas de barcos do país estiveram presentes e garantiram seus estandes

GRUPOS DE AMIGOSÀ esquerda, Bruno Gouezigoux, da Beneteau, e Marcos Soares, da Sailing. Abaixo, Allan Chechelero, da Triton. estudando a planta do salão. Na última foto, Eduardo Colunna e Lenilson Bezerra, da Acobar, com Cleide Lana, agora da Brunswick

FOTO

S O

TTO

AQ

UIN

O

MUITA GENTEAcima, a equipe da CL Barcos, analisando os espaços disponíveis, e Jorge Freire, da Smart Pier. Ao lado, Jaime Alves, da Flexboat, com Antonio Carlos Lobato, da Verolme, e Pedro Guimarães,da Marina da Glória. Abaixo, Guto e Kadu, da Kadu Marine

cOMO SERá O RIO bOAT ShOwA apresentação do próximo Boat Show reuniu representantes dos principais estaleiros do país, como André Motta, da Ventura, Josué Amaral, da Coral, e Allysson Yamamoto, da Intermarine (fotos ao lado)

Aconteceu...

O salão carioca acontecerá entre os dias 26 e 31 de março de 2015

Um concorrido almoço no Rio de Janeiro marcou a

apresentação e reserva de espaços para expositores do próximo

Rio Boat Show, que desta vez acontecerá em novo endereço

Como a Marina da Glória e o Píer Mauá estão em obras para as Olimpíadas, o próximo Rio Boat Show acontecerá no Riocentro

No Riocentro haverá ainda mais espaço para a exibição dos barcos

Page 6: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

ANfITRIõES E cONvIDADOSEduardo Perlingeiro, da Porto do Sol, e Marcos Pacheco, da Vip Náutica (acima), se uniram para organizar a primeira mostra náutica da cidade de Pederneiras, que também teve a presença de Alex Silva, da Mestra Boats, e Sidnei de Souza e Paulo Fernandes, da loja Campesca (ao lado)

MOStRa de BaRcOS MaRiNa POuSada dO SOLPela primeira vez, a cidade de Pederneiras, às

margens do rio Tietê, no interior de São Paulo, sediou

uma mostra náutica, com barcos e acessórios

O evento foi promovido pela Marina Pousada do Sol em parceria com a loja Vip Náutica

FOTO

S E

DU

AR

DO

SA

NTO

RO

Aconteceu...

Revenda Autorizada:

www.volvopenta.com.br

A NOVA REVENDA VOLVO PENTA EM NITERÓI.

Venha conhecer a revenda Armazém Naútico Motores.

Uma revenda autorizada Volvo Penta especialista em serviços,

produtos e peças genuínas para sua embarcação.

Estrutura completa, profissionais treinados e o compromisso em

oferecer sempre o melhor serviço.

Estrada Leopoldo Fróes, nº 450, Loja (Estacionamento do Iate Clube Icaraí)

São Francisco, Niterói – RJ • (21) 2704-5412 • (21) 7870-6262 • (21) 96433-3221

Page 7: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

iNauGuRaÇÃO NOVa LOJa ViP NáuticaA revenda exclusiva

Schaefer Yachts de

São Paulo ganhou

uma filial e um novo

espaço no Guarujá,

para atender seus

clientes também

junto à água

FOTO

S D

IVU

LGA

ÇÃ

O

A nova loja fica dentro da Marina Astúrias, uma das melhores do Guarujá

MUITOS cONvIDADOSA inauguração da nova base da Vip Náutica atraiu vários clientes da casa, especialmente aqueles que têm casa — e barco — no Guarujá. Para eles, o atendimento junto ao mar torna tudo mais prático e fácil

Aconteceu...

A loja funciona como um showroom permanente, para quem quiser conhecer e testar, na hora, as lanchas da marca Schaefer

Foto

: Alc

ídio

Bal

do

MARINA IMPERIAL IMPERIAL

www.marinaimperial.com.br

A Marina Imperial convida vocêa conhecer a mais novainfra-estrutura náutica deCaraguatatuba.

(12) 3887-2637

[email protected]

ID: 672*2511

• Rampa larga com baixo declive• Estacionamento próprio• Segurança monitorada 24 horas• Bar e Restaurante• Churrasqueira e Forno a lenha• Vestiário completo de alto padrão

Av. José Herculano, 7311 - Porto Novo - Caraguatatuba - SP

TRAGA A FAMÍLIA E OS AMIGOS PARA UM AMBIENTE AGRADÁVEL!

Page 8: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

AlEGRIA NO SAcO chEIOO passeio, organizado pelos irmãos Mirian e Marcelo Caetano, da Porto do Rio (no canto, à direita),reuniu 27 barcos e um total de 130 animadíssimas pessoas. Algumas jamais haviam dormido a bordo dos seus barcos

PaSSeiO aO SacO dO euStáquiO

O Saco do Eustáquio é um dos mais bonitos refúgios náuticos de Ilhabela

A Marina Porto do Rio, de Caraguatatuba, levou

seus clientes para um programa diferente: um

pernoite a bordo na parte mais bonita de Ilhabela À noite, teve até um animado churrasco na praia

Aconteceu...

FOTO

S D

IVU

LGA

ÇÃ

O

Santos(13) 3261-7797São Sebastião(12) 3892-1406

Nextel90 * 5225Vivo(13) 99711-1087

w w w . j o a o g a l a n t e . c o m . b r

SUA EMBARCAÇÃO SEMDOCUMENTO VIRA ENFEITE

D E S P A C H A N T E N A V A LInscrição e Transferência de Embarcações.Registro de Rádio, Epirb e AIS junto a Anatel.Seguros para Embarcações.Registro para Pesca Amadora no Ministério da Pesca.

tupi

com

unic

acao

.com

.br

78 anos deTRADIÇÃO

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AF_anuncio_nautica_JG.pdf 1 11/11/13 13:58

SUN ODYSSEY 509

SUN ODYSSEY 379

LIPARI 41 EVOLUTION

SUN ODYSSEY 439

SUN ODYSSEY 469

W I N D 3 4 N G

A sua experiência tem início em terra. A base da Wind Charter, na Marina do Engenho, em Paraty, oferece todo o suporte para embarque, desembarque e qualquer solicitação para personalizarainda mais seus momentos a bordo. Entre em contato e descubra as possibilidades extraordinárias que reservamos para você.

UM OCEANO DE POSSIBILIDADES

ESTÁ À SUA ESPERA

1.CHARTER

BAREBOAT(sem tripulação)

2.BY THE DAYDay charter

e Day skipper

3.CHARTER COM TRIPULAÇÃO

(skipper e hostess)

4.LAZER EM PARATY

Turismo, cultura e gastronomia

[email protected] - T +55 (24) 2404 0020 / +55 (51) 3221 2289Rod. Rio-Santos (BR101) Km 576 Paraty RJ Brasil - 23°13’54”S 44°41’38”W

Vamos ao mar com uma frota constantemente renovada para oferecer conforto e segurança absolutos.

A WIND CHARTERACREDITA QUE PESSOAS EXTRAORDINÁRIAS MERECEM MOMENTOS EXTRAORDINÁRIOS.

WINDCHARTER.COM.BR

Page 9: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Tudo sobre o universo náuTico para quem é apaixonado por barco e aTé para quem ainda vai ser.

26 a 31 de março riocenTro www.rioboatshow.com.br

apoio:patrocínio:realização:

Page 10: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

...A pArAtyjor

ge

de

sou

za

jor

ge

de

sou

za

de ubAtubA... por jorge de souza

um roteiro que tem a cara do verão, para você fazer com seu barco: as praias, ilhas, sacos e enseadas do trecho mais bonito — e preservado — do litoral entre rio de janeiro e são Paulo. e nós damos todas as dicas para esta deliciosa viagem

Ilha Anchieta - Ubatuba

Centro Histórico - Paraty

Page 11: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Náutica SudeSte 2120 Náutica SudeSte

ENTRE PRAIAS E ILHAS Ubatuba tem muitas praias. Paraty, várias ilhas. Este roteiro une as duas coisas num grande passeio, que só pode ser feito de barco

ansado de fazer sempre o mesmo pas-

seio com o seu barco? En-tão, que tal mudar de destino

e fazer logo uma viagem? Es-te roteiro é curto o suficiente para

poder ser feito com qualquer lancha

ou veleiro acima de 30 pés de com-primento (ou mesmo abaixo dis-

so, desde que com atenção redobrada nas condições climáticas), mas variado

o bastante para durar vários dias (ou simples horas, no caso de os planos

mudarem e você resolver voltar para casa mais cedo). Vai de Ubatuba a Paraty, ou vice-versa, já que

o roteiro é o mesmo e na água não há mão de direção, e tem cerca de 60 milhas (ou pouco mais de 100 quilômetros)

de extensão. Dito assim, mais parece outro pequeno passeio. Mas espere só para ver o que a natureza reservou de belezas

para quem sair de uma dessas cidades e chegar a outra, pelo ca-minho mais bonito que há: pelo mar. Que tal, então, sair da ro-

tina neste verão e fazer esta travessia? Nós damos todas as dicas.

C São apenas 60 milhas

de percurso. Mas o ideal

é fazê-lo em quatro ou cinco dias de roteiro

jor

ge

de

sou

za

--Paraty Mirim

enseada do Pouso

Praia de jurumirim

Ilha da Cotia

Trindade

saco do Mamanguá

Praia grande da Cajaíba

Ilha das Couves

Praia de Picinguaba

Ilha do Prumirim

Praia do Cedro

Praia grande Ilha anchieta

ParaTY

uBaTuBa

saco da Velha

Ilha de Ubatumirim - Ubatuba

Page 12: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

22 Náutica SudeSte22 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 23

ubatuba a paraty

Entre uma cidade e outra,

algumas vilas caiçaras. Como

Picinguaba e Trindade

CHEGAR E DESEMBARCARPicinguaba é uma típica vila caiçara e uma alternativa de ancoragem. Mas na deliciosa piscina natural do Cachadaço, em Trindade (foto menor à direita), só se chega de bote e se o mar nem sempre tranquilo da região deixar

foto

s jo

rg

e d

e so

uza

fer

na

nd

o m

on

te

iro

Picinguaba - Ubatuba

Costa do Sono - Trindade, Paraty

Cachadaço - Trindade, Paraty

Page 13: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

24 Náutica SudeSte24 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 25

ubatuba a paraty

Ubatuba, no extremo nor-te do litoral paulista, tem mais de 80 praias e algu-mas lindas ilhas. Parati, na ponta sul do litoral carioca,

tem, também, estas duas coisas que os brasilei-ros tanto apreciam: praias e ilhas — além dc sa-cos e enseadas bem preservadas. Mas o melhor é que uma cidade fica ao lado da outra. Então, por que não juntá-las num só roteiro e fazer um grande pas-seio de barco que tem a cara do verão? Esta é a nos-sa proposta: ir de Ubatuba a Paraty, ou vice-versa, de barco, curtindo sem pressa cada cantinho deste litoral. Não mais de 80 quilômetros pelo asfalto da Rio-San-tos separam Ubatuba de Paraty. É um trecho tão curto que pode ser feito em pouco mais de uma hora de carro. Mas, apesar do lindo visual que se tem em alguns trechos desta estrada, nada se compara às praias, ilhas e paisagens que você encontrará fazendo esta mesma viagem pela água. E por um simples motivo: esta parte do litoral entre São Paulo e Rio de Janeiro está entre as mais inacessíveis (e por isso mesmo preser-vadas) da costa destes dois estados.

Entre Ubatuba e Paraty, a estrada passa bem longe do que a natureza reservou para esta região de mui-tas reentrâncias e topografia acentuada (daí a difi-culdade de acesso por terra), além de lindas praias, muitas ilhas e diversas cachoeiras. Só mesmo com

um barco é possível conhecer o que se esconde entre Ubatu-ba e Paraty. A começar pelo formidável Saco do Mamanguá, considerado o único “fiorde” do Brasil (ou quase isso), que também fica entre estas duas cidades, mas só pode ser aces-sado pela água. Só o Mamanguá já vale a viagem.

Mas tem mais. Muito mais. Praias, por exemplo, são de perder a conta. Algumas têm areias bem amareladas, contrastando fortemente com o verde da água. Outras, grandes pedras fincadas na areia e, muitas vezes, racha-das pela natureza com tamanha precisão que mais pa-rece terem sido cortadas à faca. Tem, também, aque-las praias de comercial de bronzeador: um praião deserto, sem viva alma por perto. Este roteiro é para quem gosta de variar de praia todos os dias.

Mas isso exige um bom planejamento do ro-teiro, a fim de aproveitar os melhores lugares sem comprometer o avanço da viagem. Exi-

Em Paraty, a navegação é em águas abrigadas. Em Ubatuba, no mar aberto. Até nisso este roteiro é bem variado

fer

na

nd

o m

on

te

iro

MAR ABERTO OU ABRIGADO?O litoral norte de Ubatuba (ao lado) tem algumas ilhas e mar aberto. Já na parte sul de Paraty, predominam as tranquilas enseadas (abaixo)

hÉl

io m

ag

alh

ães

Praia Vermelha - Paraty

Costa de Ubatuba

Page 14: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

26 Náutica SudeSte26 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 27

de ubatuba a paraty

ge, também, um comandante que saiba deter-minar a hora de parar e, principalmente, de par-

tir, para chegar a tempo (e ainda sob a luz do dia, porque navegar à noite pode ser arriscado e você

ainda perde a paisagem) nos locais escolhidos para os pernoites. Como não existem marinas nem postos

de abastecimento entre Ubatuba e Paraty, o planeja-mento precisa ser ainda mais preciso. A rigor, o único

ponto de apoio náutico deste trecho fica dentro do con-domínio Laranjeiras, entre Trindade e a Ponta da Juatin-

ga, mais ou menos na metade do caminho, mas só pode ser usado em situações de extrema emergência. Portanto,

precavenha-se e planeje tudo muito bem.

Nosso roteiro parte do principal polo náutico de Ubatuba, o Saco da Ribeira, e avança até o cen-tro histórico de Paraty — ou vice-versa, bastando inverter a sequência dos lugares. Mas o objetivo não é apenas chegar (o que poderia ser feito em

cerca de três horas de navegação com qualquer lancha de médio porte ou pouco mais de 12 horas com um veleiro) e sim aproveitar o

que há de melhor entre um e outro lugar. Por isso, o ideal é que esta viagem seja feita em quatro ou cinco dias, com três ou quatro pernoi-

tes, que, no entanto, terão de ser feitos no próprio barco, porque tam-pouco existem pontos de hospedagem ao longo do roteiro – mas dormir

a bordo pode ser outro diferencial em relação aos passeios convencionais. Por ser um trecho que combina as pacatas enseadas de Paraty com

o mar aberto nas águas de Ubatuba, a navegação nem sempre é tão tran-quila do começo ao fim, especialmente na travessia da Ponta da Juatinga,

onde sempre balança um pouco. Mas fica bem mais suave no verão, quan-do os ventos diminuem drasticamente na região. Mesmo assim, em nome do

bem-estar a bordo, convém evitar os ventos de leste, se estiver indo de Ubatu-ba para Paraty, e os de sudoeste, se vier na direção contrária. Também é bom

ficar atento à direção dos ventos quando for ancorar em alguma praia, porque nem todas são tão abrigadas quanto parecem, especialmente no trecho entre Pi-

cinguaba (ainda em Ubatuba) e a Enseada do Pouso (já em Paraty). O bom sen-so recomenda fazer este trecho numa esticada só, ignorando as praias da região

de Trindade, que podem se tornar arriscadas para os barcos sob ventos mais fortes. Mas, se o mar estiver calmo, dá para ir costeando sem maiores problemas e até visi-

tar uma ou outra dessas praias (todas lindas e praticamente desertas, do tipo que todo mundo sonha encontrar), mantendo, no entanto, uma providencial distância da areia

— como regra básica, só ancore onde houver mais de cinco metros de profundidade, porque a partir disso a possibilidade de ondas é menor.

Planejar muito bem a rota é requisito básico para esta viagem deixar (boas) lembranças para sempre. Ou apenas vire a página e siga o nosso roteiro. Depois é só embarcar e aproveitar.

AzUL E vERDEA Praia Grande da Cajaíba, nas águas de Paraty, está entre as principais atrações deste roteiro. Mas há muitas outras, como a cor do mar na Ilha do Algodão (ao lado)

O trecho entre Ubatuba e Paraty é o mais preservado do litoral entre São Paulo e Rio

ubatuba a paraty

foto

s fe

rn

an

do

mo

nt

eir

o

Praia Grande da Cajaíba - Enseada do Pouso, Paraty

Ilha do Algodão - Paraty

Page 15: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

28 Náutica SudeSte28 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 29

Quem já conhece, adora. Imagine, então, quem só a descobre agora!

Primeira parada: Ilha Anchieta

P ara quem tem barco em Ubatuba, a Ilha Anchieta, a míseros 500 metros do continente e bem diante do principal polo náutico da região, o Saco da Ribeira, não é nenhuma novidade. É um passeio quase obri-gatório de fim de semana. Mesmo assim, com lin-

das praias, a ilha sempre agrada. Imagine, então, para quem não tem muita intimidade com o litoral norte paulista, nem conhece em de-

talhes a história do famigerado presídio que existiu na ilha? Por isso, a Ilha Anchieta é a primeira (ou última, dependendo da direção do rotei-

ro) parada desta viagem. Com a desativação do presídio (do qual ainda restam ótimas ruínas, que podem ser visitadas), a ilha tornou-se um parque

estadual e virou uma espécie de playground da natureza. Sua principal praia, bem diante do presídio, é encantadora, mas a mais

abrigada para ancoragens é a praia Grande, que fica ao lado. Já o verdadei-ro paraíso da Ilha Anchieta chama-se Praia do Sul e fica escondida numa en-

seada bem fechada na face sul — claro! — da ilha, onde o mar penetra, entre encostas forradas de vegetação e grandes pedras. Do outro lado da ilha, há ou-

tra praia do mesmo gênero, a praia do Leste, ainda mais virgem. É difícil acre-ditar que lugares assim tão intactos fiquem a menos de dez minutos de barco do

centro da cidade. Ancore, desembarque e fique lá, pelo menos, um par de horas. Será, sem dúvida, um ótimo início (ou final) de viagem.

A Ilha Anchieta é bem conhecida pelos donos de barcos. Mas sempre agrada, com suas praias, natureza e história

jor

ge

de

sou

za

fáCIL, fáCILA Ilha Anchieta tem meia dúzia de praias e praticamente todas são acessíveis aos barcos

ubatuba a paraty

hÉl

io m

ag

alh

ães

Praia do Leste - Ilha Anchieta, Ubatuba

Praia Grande - Ilha Anchieta, Ubatuba

Page 16: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

30 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 31

Só dependerá de onde você preferir ancorar para dormir no mar

A segunda parada podem ser duas. Ou três

Dependendo do lugar escolhido para o primeiro (ou último, para quem vem de Paraty) pernoite deste roteiro, a idílica Praia do Cedro, praticamente dentro de

Ubatuba, mas providencialmente isolada da cida-de pela sua localização na ponta de uma penín-

sula, aonde só se chega a pé ou de barco, pode, ou não, ser incluída nesta viagem. Quer um conselho?

Inclua. Nem que seja para um simples mergulho nes-ta prainha, que é considerada a mais tranquila de Uba-

tuba. E com ancoragem idem. Só desista se a opção for pernoitar na igualmente lin-

da (mas um pouco distante) Ilha das Couves, a fim de che-gar lá com tempo de aproveitar o resto do dia na ilha, que

tem duas prainhas (com mar verdinho, verdinho), ligadas por uma pequena trilha. A ancoragem é razoavelmente tran-

quila na Ilha das Couves (veja o melhor ponto na tabela no fi-nal desta matéria), mas, como alternativa, há a quase vizinha

vila de Picinguaba, ainda hoje um típico povoado caiçara, onde praticamente todos são pescadores ou caseiros de gente famosa

— que, a despeito da total insignificância turística daquela vila, ali tem casa e não quer nem saber de outro lugar. Em Picinguaba, o

maior atrativo é o Picimbar, um bar deliciosamente fincado no can-tinho da praia e que oferece até poitas para os barcos visitantes.

Mas se a opção for pernoitar em outra praia, a melhor escolha é a estupenda Ilha do Prumirim, bem antes da Ilha das Couves, que tem

uma praia cinematográfica em forma de língua de areia e que permi-te ancoragem segura dos dois lados. Se o vento virar, é só mudar o barco

para o outro lado da praia e continuar curtindo a paz de uma prainha que faz qualquer um se sentir um náufrago privilegiado. Se for pernoitar em

Prumirim, a parada na praia do Cedro é ainda mais indicada. E, neste caso, a visita à Ilha das Couves ficará para o dia seguinte, quando estiver indo para

a próxima parada: a Enseada do Pouso, já nas águas de Paraty.

lio

ma

ga

lhã

es

ILHA RACHADANo caminho entre a praia do Cedro e a Ilha das Couves fica esta curiosa ilha, que a natureza partiu ao meio. Mas, de barco, nem sempre dá para ver isso claramente

TRêS PARAÍSOSA praia do Cedro (no alto, à esquerda) é considerada a mais tranquila de Ubatuba e merece uma parada. Já a Ilha das Couves (ao lado) tem duas prainhas e é ótima opção para um pernoite, bem como a Ilha do Prumirim (acima)

jor

ge

de

sou

zajo

rg

e d

e so

uza

jor

ge

de

sou

za

Praia do Cedro - Ubatuba

Ilha Rachada - Ubatuba

Ilha das Couves - Ubatuba

A ilha do Prumirim tem uma praia com dois lados. Se o vento virar,

é só mudar o barco para o outro lado

ubatuba a paratyIlha do Prumirim - Ubatuba

Page 17: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

32 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 33

jor

ge

de

sou

za

PRAIAS E MAIS PRAIASA prainha da Ilha das Couves (ao lado) é coisa de cinema. Mas, nas águas de Ubatuba, há outras do mesmo gênero. Como a deliciosa praia com dois lados da ilha do Prumiriam (abaixo, à esquerda), a da vila caiçara da Ponta Negra (ao centro) e a encantadora Praia do Sul, na Ilha Anchieta (abaixo)

No trecho de Ubatuba,

há uma praia depois

da outra. Mas cada uma

de um jeito diferente

ubatuba a paraty

hÉl

io m

ag

alh

ães

Ilha das Couves - Ubatuba

Ilha do Prumirim - Ubatuba Praia da Ponta Negra - Trindade, Paraty

Praia do Sul - Ilha Anchieta, Ubatuba

foto

s jo

rg

e d

e so

uza

Page 18: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

34 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 35

ubatuba a paraty

O trecho entre a Ilha das Cou-ves, ainda nos limites de Uba-tuba, e a Enseada do Pouso, já nas águas de Paraty, é lindo. Mas nem sempre pode ser visi-

tado pelos barcos, porque este trecho do lito-ral, bem na divisa entre São Paulo e Rio de Janei-ro, não é nada abrigado. Por isso, quem escolher o dia de vento errado não poderá visitar as maravilho-sas praias (algumas totalmente desertas) da região de Trindade, o que, sem dúvida, será uma pena.

Mas, quem der sorte de pegar um dia de mar bem tranquilo e sem vento, poderá até arriscar um desembar-que nas imediações da vila de Trindade e, desde que tenha um pequeno bote para isso (algo, por sinal, essencial nesta via-gem), visitar a maior atração da região, a piscina natural da praia do Cachadaço, onde enormes pedras represam o mar e criam uma piscina de fato. Nas mesmas condições, também dá para ten-tar desembarcar nas praias do Sono e Ponta Negra, onde há peque-nas comunidades caiçaras, ou nas formidáveis areias desertas da praia dos Antigos e Martim de Sá. Mas, de novo, só se o mar deixar.

Um dos problemas é que não existe nenhum ponto de ancora-gem razoavelmente abrigado nesta região, exceto o elegante condomí-nio Laranjeiras, onde, porém, barcos de não moradores só podem parar em situações de emergência — e olhe lá! Outro problema deste trecho é a proximidade com a temida Ponta da Juatinga, uma estreita faixa de terra que avança mar adentro, onde a navegação quase sempre não é nada tran-quila, ao contrário do restante deste roteiro. A melhor maneira de vencer a Juatinga, jocosamente apelidada de “Enjoatinga”, porque costuma fazer os barcos sacudirem adoidado, é passando bem longe dela, cerca de duas ou três milhas mar afora — ou nem tentar, se o mar estiver realmente ruim, coisa que, felizmente, é bem mais rara nos meses de verão. Por isso, muitos donos de barcos optam por simplesmente pular esta parte do litoral, seguindo direto, em linha reta, da Ilha das Couves até a Enseada do Pouso, em vez de ir costeando as praias de Trin-dade. Mas vale mais escolher bem a data da viagem, em função das condições climá-ticas, do que desperdiçar esta linda parte do roteiro.

o trecho de Trindade tem praias magníficas, mas só dá para visitá-las se o mar estiver bem calmo

Aqui, só se o mar deixar

ro

be

rto

to

rr

ub

iar

ob

er

to t

or

ru

bia

Entre Picinguaba e a Enseada do Pouso há uma sucessão de praias maravilhosas.

Mas nem sempre dá para chegar de barco

DEPENDE DO TEMPONem sempre o mar está tranquilo na Ponta da Juatinga (no alto), que separa as enseadas de Paraty do mar aberto de Ubatuba. Mas, se estiver, dá até para chegar de barco às lindas praias da região de Trindade, como a dos Antigos (acima) e do Sono (ao lado), sem falar na piscina natural do Cachadaço (ao centro)

mo

zar

t l

ato

rr

ejo

rg

e d

e so

uza

Piscina do Cachadaço - Trindade, Paraty

Praia do Sono - Trindade, Paraty

Ponta da Juatinga - Trindade, Paraty

Praia dos Antigos - Trindade

Page 19: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

36 Náutica SudeSte36 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 37

de ubatuba a paraty

O nome Enseada do Pouso já dá uma boa ideia da tranqui-lidade das praias que você irá encontrar nesta quase baía, de águas bem abrigadas, logo

após o costumeiro mau humor do mar na Pon-ta da Juatinga. Só o que ele não diz é que elas

também são lindas. A principal é a praia Grande da Cajaíba, que é grande não só no tamanho, mas

também na beleza: uma generosa faixa de areia le-vemente amarelada, com um rio rasinho desaguan-

do no meio dela. Num dos cantos, ficam alguns bo-tecos bem rústicos e, atrás deles, uma trilha conduz a

uma cachoeira próxima, a não mais que 15 minutos de caminhada. Depois, subindo o tal riozinho pelas pedras,

surgirão outras cachoeiras, morro acima, mas só a primei-ra, bem pertinho da praia, já vale a parada.

Na praia Grande da Cajaíba, você escolhe se quer to-mar banho de água doce ou salgada. Ou os dois, quase ao

mesmo tempo, na foz do tal riozinho, na beira da praia. Uma delícia. E um ótimo lugar para passar a noite com seu barco,

na segurança que o próprio nome da Enseada do Pouso sugere.

Na praia Grande da Cajaíba, você escolhe entre banho de água salgada ou doce

Em seguida, uma praia deliciosa

óTIMA PARA TODOSQuem ancorar e desembarcar na tranquila praia Grande da Cajaíba e subir o riacho que desagua na areia encontrará poços e cachoeiras assim. E ainda poderá dormir tranquilo, numa enseada bastante abrigada para os barcos

A praia Grande da Cajaíba tem um riozinho que conduz a uma série de cachoeiras. Como esta aqui

ubatuba a paraty

fer

na

nd

o m

on

te

iro

jor

ge

de

sou

za

lio

ma

ga

lhã

es

Praia Grande da Cajaíba - Enseada do Pouso, Paraty

Praia Grande da Cajaíba - Enseada do PousoRio Itaóca - Enseada do Pouso, Paraty

Page 20: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

38 Náutica SudeSte38 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 39

ubatuba a paraty

NO DIACERTOA Praia Vermelha, bem perto de Paraty, atrai muitas escunas de passeio nos finais de semana, mas, fora disso, está sempre assim: vazia e linda

As tranquilas águas de Paraty escondem praias assim. E os barcos podem chegar bem pertinho da areia

hÉl

io m

ag

alh

ães

Praia Vermelha - Paraty

Page 21: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

40 Náutica SudeSte40 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 41

O Saco do Mamanguá é um bra-ço longilíneo de mar que pene-tra oito quilômetros terra adentro e dá a sensação de ser um canal. Mas não é, porque não leva a lu-

gar algum. Também é considerado o único fiorde do Brasil, já que é margeado, dos dois lados, por al-

tas montanhas, como nas típicas paisagens da No-ruega. Mas tampouco é isso também. Tecnicamente,

trata-se de uma ria, ou leito de rio que, um dia, o mar tomou para si, o que, no entanto, o torna ainda mais

curioso e especial. Suas águas são muito abrigadas e óti-mas para velejar, porque o vão formado pelas montanhas

canaliza o vento e potencializa o seu efeito. Dentro do Saco, a paisagem vai se repetindo ao longo

das margens (uma casinha caiçara ali, uma prainha deser-ta acolá...), mas, de tão relaxante, não cansa. No meio do ca-

minho, fica a Praia do Cruzeiro, a única vila do Mamanguá (e onde só agora chegou a energia elétrica), que tem meia dú-

zia de casas e uma igrejinha. De lá, parte uma trilha que leva ao topo do Pão de Açúcar, que é como os locais chamam a bonita

pedra saliente no alto do morro, que domina a paisagem, a 575 me-tros de altura, da qual se tem uma vista completa de toda a região.

Mas o ideal mesmo é navegar o Mamanguá até o fim, toman-do apenas cuidado com o baixo calado depois da Ponta do Bananal,

bem no fundo do Saco, um ótimo local para pernoitar, por sinal. De lá em diante só é possível avançar com um bote, pelos riozinhos que

desaguam no Mamanguá e que levam a tesouros como as cachoeiras do Cairuçu, aonde bem poucos vão (leia mais sobre elas no final desta

matéria). Aliás, o próprio Mamanguá não é tão visitado quanto merece. A grande maioria dos desavisados donos de barcos costumam passar reto

pela entrada do Saco, quando estão a caminho de Ubatuba ou Paraty. Coi-tados... Não sabem que estão perdendo o melhor da viagem.

O fIORDE BRASILEIRONo Saco do Mamanguá, o mar penetra terra adentro, entre altas montanhas, dando a impressão de um fiorde. Do pico do Pão de Açúcar (ao lado e abaixo), dá para ver todo o Saco. Mas bem melhor do que isso é navegá-lo

o Saco do Mamanguá é atração de primeira grandeza deste roteiro. Mas é preciso navegá-lo até o fim para descobrir as belezas que ele esconde

Próxima parada: o melhor da viagem

No Saco do Mamanguá, o mar avança entre montanhas e forma uma espécie de fiorde. Não existe nada igual no país

foto

s fe

rn

an

do

mo

nt

eir

oubatuba a paraty

Saco do Mamanguá - Paraty

Praia do Cruzeiro - Saco do Mamanguá, Paraty Saco do Mamanguá - Paraty

Page 22: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

42 Náutica SudeSte42 Náutica SudeSte

Nesta parte da travessia, o roteiro combina a histórica paraty-Mirim com as deliciosas águas da Ilha da Cotia

Aqui, história e natureza se completam

O caminho de volta no Saco do Ma-manguá é tão bonito quanto o de ida, pela óbvia razão de que se tra-ta da mesma paisagem. Mas o ide-al é fazê-lo pela outra margem,

aproveitando assim os dois lados. Para quem estiver indo na direção de Paraty, a próxima parada inevita-

velmente será na imperdível Ilha da Cotia, depois de uma escala na histórica vila de Paraty-Mirim.

A Ilha da Cotia é altamente recomendada para pernoi-tes, porque, além de graciosa, com duas prainhas, uma de

cada lado da ilha, mas interligadas pela mesma faixa de areia e banhadas por uma água quase transparente, é totalmente abri-

gada na parte de dentro. Já Paraty-Mirim, que batiza a própria enseada onde fica, é uma vila mais histórica até do que a pró-

pria Paraty, com uma antiga igrejinha de frente para uma praia tão tranquila que, no passado, serviu de porto para os navios portugue-

ses, que traziam escravos e levavam ouro. As crianças vão adorar a prainha de Paraty-Mirim, e os adultos, a rica história desta vila.

Um pouco adiante ficam outros dois sacos, que merecem uma visita – ou bem mais do que isso. Um deles é o Saco do Fundão,

com água tão tranquila que reflete o verde da mata ao redor. O ou-tro, é o Saco Grande — anote esse nome —, uma plácida lagoa es-

condida após uma sucessão de reentrâncias, que só mesmo a curiosida-de faz seguir em frente. Você vai entrando com o barco e se escondendo

cada vez mais na paisagem. No final, após a última curva, surge uma pequena baía, que, ao ser penetrada, encobre a estrada. A ilusão de es-

tar dentro de um círculo verde é quase perfeita. Dormir ali é sensacional.Mas, bem antes disso, vale a pena parar e comer (muito bem) na casa

do Seu Zizinho, um velho pescador do Mamanguá, na margem esquerda de quem está saindo do Saco, cuja mulher prepara, possivelmente, o me-

lhor peixe frito com farinha do Hemisfério Sul. O “restaurante” é improvi-sado na varanda da casa e os peixes vêm direto da água para a panela, mui-

tas vezes pescados no próprio trapiche do Seu Zizinho. O almoço ali promete deixar tantas lembranças quanto a beleza do Mamanguá.

Só PARA OS BARCOSA centenária igrejinha de Paraty-Mirim fica bem diante da praia, que, no passado, foi um porto histórico. Mais adiante, fica o ainda mais bucólico Saco do Fundo (abaixo)

jor

ge

de

sou

za

hel

io m

ag

alh

ães

jor

ge

de

sou

za

lio

ma

ga

lhã

es

IMAGINE vOCê AqUIA prainha de fora da Ilha da Cotia mais parece uma piscina. Até na cor da água

A ilha da Cotia tem duas prainhas, com águas tranquilas e clarinhas. É o melhor lugar para dormir no barco, no litoral de Paraty

ubatuba a paraty

Paraty-Mirim - Paraty

Ilha da Cotia - Paraty

Paraty-Mirim - Paraty

Saco do Fundo - Paraty

Page 23: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

44 Náutica SudeSte44 Náutica SudeSte

ubatuba a paraty

o trecho final até paraty é curto, mas merece paradas de praia em praia. ou, ao menos, nestas aqui

Para começar ou terminar bem

Entre Paraty e a quase vi-zinha Paraty-Mirim (não confundir, porque são lu-gares diferentes, apesar do nome em comum), há uma

sucessão de praias ao longo da península que divide estas duas enseadas. E todas tão bonitas que é impossível resistir à tentação de fazer uma — ou várias — paradas ao longo deste pequeno, mas delicioso trecho.

Se o tempo for curto, opte por parar apenas no Saco da Velha, uma praia de cartão-postal e repleta de lindas pedras, que simplesmente não pode ser igno-rada neste roteiro. Muitos barcos optam por pernoitar lá mesmo, atraídos pela ancoragem segura e pela paisagem de calendário de parede. Mas, se tiver tempo, faça tam-bém outras escalas nas praias Vermelha (meio muvucada nos fins de semana, por causa dos passeios de escunas, mas ainda assim belíssima), Jurumirim (a “Praia do Amyr”, já que sua única casa pertence a Amyr Klink e onde sempre há tarta-rugas na água) e na prainha da ponta do Cantagalo, esta tam-bém conhecida como a “Praia dos Vagabundos”, porque é ali que o pessoal que mora nos barcos de Paraty se encontra para ani-mados churrascos na praia. E na hora em que você a vir, entende-rá por que mesmo quem vive no mar adora aquela prainha.

Paraty estará logo adiante e, para quem vem de Ubatuba, ali terminará este roteiro. Mas não fique triste, porque na vol-ta (oba!) começa tudo de novo. fo

tos

jor

ge

de

sou

za

TODAS SãO LINDASA praia Vermelha (acima) tem sempre um ou outro barco e Jurumirim, a “praia do Amyr”, normalmente tartarugas na água (no detalhe). Já a prainha (ao lado) é a favorita de quem mora nos barcos de Paraty

Praia Vermelha - Paraty

Praia de Jurumirim - Paraty

Prainha - Paraty

Paraty fica logo adiante e ali termina o roteiro. Na volta, começa tudo de novo

Page 24: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

46 Náutica SudeSte46 Náutica SudeSte

ubatuba a paraty

Cachoeiras do CairuçuNão são muito fáceis de achar nem de chegar. Mas

é garantido que ninguém se arrependerá. O Cairuçu

é um riachinho no meio da mata, bem no fundo do

fundo do Saco do Mamanguá, com uma sequência

de poços e cachoeiras assim. Para chegar até lá,

troque o barco por um bote a remo (o rio é raso e

motores são proibidos porque fica dentro de uma

reserva ambiental) e penetre no manguezal, até

ele virar floresta e encontrar um pequeno porto

de canoas. De lá, são 15 minutos de caminhada

até a primeira queda d’água. Depois, há várias

outras. Um verdadeiro tesouro.

3 tEsOurOs dO rOtEIrO

1

2

3

Além de tudo o que você já viu, o que você

também não pode perder entre Ubatuba e Paraty

Não esqueça de levar

Combustível de sobra Não existe nenhum posto de abastecimento em todo o rotei-ro. Para as lanchas, o ideal é ter autonomia para o dobro do per-curso, ou seja 120 milhas.

Água e galão Também não existe nenhum ponto formal de reabastecimen-to de água doce no caminho. Portanto, encha bem os tanques e leve um galão, para, se precisar, coletar água em casas, riachos e cachoeiras.

Bote de apoio Como tampouco há marinas ao longo deste roteiro, ter um bote é fundamental para desembar-car nas praias sem se molhar — pelo menos demais (e não es-queça o remo!). Uma prancha de sup também cai bem nos pas-seios das paradas.

Duas âncoras Como todas as paradas vão exi-gir ancoragens e certamente per-noites (porque não existem piers entre uma cidade e outra), con-vém exagerar na segurança e le-var duas âncoras — para usá-las ao mesmo tempo ou como equi-pamento reserva.

Roupa de frio Mesmo sendo verão, o vento da navegação resfria o corpo e, à noite, sempre fica bem mais gelado. Casacos impermeáveis (para o caso de chuvas, bem fre-quentes nesta época do ano, por sinal) também são altamente re-comendados.

Protetor solar e repelente A região entre Ubatuba e Paraty ainda é bem virgem, portanto, su-jeita a ataques de bichinhos nem sempre desejáveis. Leve repelen-te e também bastante protetor solar, porque este verão — e este passeio! — prometem.

restaurante da Ilha do algodão

A verde Ilha do Algodão fica bem diante

da Enseada de Paraty-Mirim e só tem

uma casa: a do viciante restaurante do

Hiltinho (viciante porque todo mundo vai e,

depois, quer voltar), no alto do morro, com

uma vista estupenda. Mas os frutos do mar

são tão bons que competem com a própria

paisagem. Você não sabe se olha ou come

primeiro. A saída? Sentar-se numa das mesas

externas, onde é possível fazer as duas coisas, ao

mesmo tempo. Para não perder a viagem, ligue

antes (tel. 24/3371-2155) e reserve.

saco da VelhaUma praia de filme de

aventura, com grandes pedras

na areia e água bem tranquila,

semiescondida na entrada da

Enseada de Paraty-Mirim. Muitos

barcos pernoitam aqui, atraídos pela

beleza da praia, pela segurança da

ancoragem e por um rústico bar que

há no canto, quase escondido atrás

daqueles fabulosos pedregulhos gigantes.hel

io m

ag

alh

ães

jor

ge

de

sou

za

hel

io m

ag

alh

ães

Page 25: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

48 Náutica SudeSte48 Náutica SudeSte

ubatuba a paraty

um profundo conhecedor da região indica os locais mais seguros para ancorar ao longo desta viagem, dependendo do vento predominante

Onde ancorar quando o vento deixar

Boa parte do trecho entre Ubatuba e Paraty acontece em águas não

tão abrigadas, onde a ação dos ventos pode influenciar bastante a

navegação, principalmente a segurança nas ancoragens. Por isso, o navegador

Hélio Magalhães, autor de um novo guia de navegação entre Santos e o Rio

de Janeiro, a ser lançado nas próximas semanas, e também dono de uma

empresa de aluguel de barco, a Latitude, que opera charters nesta região, fez um

levantamento completo dos principais pontos de ancoragem nas ilhas, praias e

sacos do litoral entre estas duas cidades — e que reproduzimos abaixo.

A tabela mostra sob quais ventos as ancoragens são tranquilas e seguras (quadrados

verdes), proibitivas ou perigosas (vermelhos) ou apenas exigem atenção, se a intensidade

dos ventos for pequena (amarelos). Também indica as coordenadas do fundeio mais seguro

em vários pontos de paradas e pernoites desta viagem, desde que o vento predominante (e,

especialmente, o previsto para aquela noite) tenha a cor verde na tabela.

É, sem dúvida, uma valiosa ajuda na hora de planejar esta viagem. Mas, bem melhor

do que apenas saber quais são os piores ventos em cada ponto é ter a sabedoria de evitá-

los, além de consultar, seguidamente, a previsão do tempo, durante o próprio passeio. “Em

alguns pontos deste roteiro é perfeitamente possível acessar a internet pelo celular e checar

a meteorologia”, diz o especialista Hélio Magalhães, autor da tabela abaixo.

gu

ia d

e n

av

ega

çã

o s

an

tos

- rio

Ancoragem imprópria ou perigosa Exige atenção se o vento aumentar Segura e tranquila com este vento

Saco do Mamanguá - Paraty

anCoragem

Paraty

Praia do Cantagalo

Praia de Jurumirim

Praia do Engenho

Praia Vermelha

Saco da Velha

Ilha da Cotia

Praia de Paraty-Mirim

Mamanguá - Bananal

Mamanguá - Pta. do Buraco

Praia Grande da Cajaíba

Ilha das Couves

Praia de Picinguaba

Ilha do Prumirim

Praia do Cedro

Praia Grande Ilha Anchieta

n ne e se s sw w nw latitude longitude

S 23º 13,359´

S 23º 13,354´

S 23º 12,445´

S 23º 12,306´

S 23º 11,648´

S 23º 12,844´

S 23º 13,563´

S 23º 14,279´

S 23º 16,920´

S 23º 14,407´

S 23º 16,036´

S 23º 25,292´

S 23º 22,685´

S 23º 22,971´

S 23º 27,493´

S 23º 32,174´

W 44º 42,323´

W 44º 41,483´

W 44º 39,922´

W 44º 39,485´

W 44º 38,483´

W 44º 37,560´

W 44º 38,424´

W 44º 37,896´

W 44º 38,000´

W 44º 35,914´

W 44º 34,804´

W 44º 51,453´

W 44º 50,409´

W 44º 56,900´

W 45º 01,981´

W 45º 04,454´

11

1

2

3

4

5

16

15

14

13

12

6

7

8

9

10

9

12

13

15

16

14

8

7

6

5

3

1

2

4

10

11

Sem título-2 1 25/11/2014 16:22:27

Page 26: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Só quem já mergulhou nas águas limpíssimas e cheias de vida da L A J E D E SA N T O S sabe quão bonita uma s i m p l e s p e d r a n o meio do mar pode ser

A pedrAdA vidA

Náutica SudeSte 5150 Náutica SudeSte50 Náutica SudeSte

bem mais que uma pedraA Laje de Santos, a cerca de 21 milhas náuticas da baía da cidade: quem a vê assim, não imagina o que ela esconde debaixo d´água

Q uem sair da baía de Santos e navegar umas 20 milhas adiante encontrará esta grande pedra em forma de baleia, no meio do oceano. Ela não tem vegetação, nenhum ponto

de desembarque, muito menos praia. Ou seja, nenhum atrativo visível que justifique o passeio até lá. Mesmo assim, ao chegar, é bem provável que se encontre outros barcos ancorados ao redor deste bloco de granito, que se ergue solitário no meio do mar. E a razão disso está dentro dele. Basta enfiar a cara na água para entender o porquê de tamanha fama e popularidade da Laje de Santos, nome deste quase obstáculo natural no caminho de entrada do mais movimentado porto do país. Primeiro, verá uma água com transparência difícil de acreditar, até por conta do lugar onde está, bem na rota dos navios que entram e saem do porto de Santos. E, em seguida, se impressionará ainda mais com a quantidade e variedade de espécies marinhas que ela abriga. A Laje de Santos é uma pedra cheia de vida.

foto

s d

ivu

lga

çã

o l

aje

viv

a/f

au

sto

ca

mp

os

e k

ad

u p

inh

eir

o

Page 27: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

laje de santos

limpa e permitidaA visibilidade submarina ao redor da Laje de Santos costuma passar dos 15 metros de profundidade. E os barcos de visitantes são sempre bem-vindos

52 Náutica SudeSte

Dentro d’água, a visibilidade é surpreendente para um lugar tão perto da poluída baía de Santos

Náutica SudeSte 53

div

ulg

ão

la

je v

iva

/ma

ur

icio

an

dr

ad

e

S e fora d’água a Laje de San-tos pouco impressiona, a não ser pelo seu formato curioso e dimensões generosas (tem mais de 500 metros de comprimento

por uns 200 metros de largura, com um solitá-rio farol no cocuruto), basta colocar a máscara e mergulhar para mudar radicalmente de opinião – e adorar ter ido até lá. Em dias normais, quando o mar não está batido demais, a visibilidade dentro d’água costuma passar dos 15 metros de profundidade, e, nos melhores, chega ao dobro disso. Nada a ver com a habitual coloração do mar da região, que costuma es-tar mais para o cinza do que para o azul do oceano.

Por isso mesmo, para os mergulhadores, que não por acaso são os maiores frequentadores desta insólita rocha dentro d’água, a Laje de Santos é uma espécie de playground da natureza. E, ain-da por cima, relativamente próxima, tanto de São Paulo quanto do trecho mais frequentado do litoral do estado. No mínimo, fica muito mais perto do que Abrolhos e Fernando de Noronha, dois dos melhores pontos de mergulho da costa brasileira, aos quais a visibilidade submarina da Laje de Santos é comparável, apesar de o rochedo santista ter bem mais vida marinha. A temperatura da água é outra maravilha: na média, deliciosos 23 graus. Impossível não gostar. Essas formidáveis condições para o mergulho contemplativo (e só isso, porque, como fica dentro do único parque marinho do litoral de São Paulo, é proibido desembarcar e pescar na Laje de Santos) são

Page 28: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

54 Náutica SudeSte

div

ulg

ão

la

je v

iva

/ma

ur

icio

an

dr

ad

e

Náutica SudeSte 55

A pesar das dimensões gigantescas (podem

chegar a oito metros da ponta de uma

nadadeira a outra e passar das duas toneladas

de peso), as mantas são arraias absolutamente

inofensivas. Não têm sequer ferrão. Alimentam-

se apenas de plânctons, que retiram do mar

filtrando a água na boca. Também são os peixes

migratórios com o maior cérebro entre todos

do gênero e estão sempre em movimento.

Alguns lugares, contudo, são tradicionais

pontos de parada da espécie. A Laje de Santos é

um deles. O único no Brasil, por sinal

Adoráveis gigantes

laje de santos

Há mais de 20 anos, uma ONG monitora as arraias mantas da Laje. Recentemente, até ajudou a proibir a captura da espécie em todo o mundo

fruto das fortes correntes marinhas que por ali passam, limpando constantemente a água. Basta bater as nadadeiras rumo ao fundo para encontrar garoupas, olhos-de-boi, budiões coloridos e (muitas, muitas…) tartarugas, que estão sempre por ali, já que não existem outras formações rochosas ou ilhas que sirvam como concen-tração de alimentos nas proximidades. Golfinhos também são frequentes e nu-merosos. E as correntes marinhas também são responsáveis por levar para os arredores da Laje visitantes, literalmente, de peso. Como as baleias, que, nos meses de inverno, vira e mexe, aparecem por lá.

Mas nenhum outro frequentador da Laje de San-tos é tão famoso, raro e imponente quanto as gi-gantescas arraias mantas (também apelidadas de “jamantas”, pelo seu tamanho de caminhão), que surgem entre maio e setembro, com especial pre-

dileção pelo mês de julho. Não existe outro ponto do litoral brasi-leiro onde estes dóceis mas enormes seres, com entre três a cinco metros da ponta de uma nadadeira a outra e peso de até duas toneladas, aparecem com tamanha frequência e quantidade.

Na Laje de Santos, as maiores arraias do mundo não só podem ser vistas de perto pelos mergulhadores como são estudadas por um instituto especializado, o Laje Viva, responsável pelo Projeto Mantas do Brasil, que, des-de 1993, registra e cataloga as mantas que surgem nas imediações. Mesmo assim, até hoje, ou seja, mais de 20 anos depois de ter sido criado (e justamente para monitorar esta espécie), o Laje Viva só contabiliza 107 mantas avistadas nas águas da Laje, o que ilus-tra bem o grau de raridade deste peixe no Brasil.

Page 29: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Náutica SudeSte 57

laje de santos

sempre temAs tartarugas são presença constante nas água da Laje, em qualquer época do ano.Já as baleias e as arraias gigantes só chegam no inverno

56 Náutica SudeSte

As águas da Laje também são frequentadas por baleias e muitas, muitas tartarugas

div

ulg

ão

la

je v

iva

/ka

du

pin

he

iro

Por essas e outras é que a decisão bra-sileira de proibir a captura e o comér-cio das mantas no país, tomada no ano passado, por meio de uma ação conjun-ta dos ministérios da Pesca e do Meio Am-

biente, foi tão comemorada pela ONG que cuida destes animais, na Laje de Santos. Não que ali ela fosse ostensi-vamente pescada no passado, o que jamais aconteceu, até porque sua carne não é das mais saborosas. Mas sim porque, ao proibir a pesca das mantas, o Brasil pôde se unir ao Equa-dor, país que tem uma das maiores populações deste tipo de ar-raia no mundo, no esforço para incluir a espécie na lista interna-cional dos animais mais ameaçados pelo comércio, o que foi feito com sucesso. É que, em vários países asiáticos, a capacidade das mantas de filtrar a água em busca de alimento levou à crendice de que algumas partes do seu corpo são capazes de fazer o mesmo com o sangue humano, gerando assim “remédios” de efeito tão inócuo quan-to devastador para a espécie, que passou a ser capturada cada vez mais.

Mas esta mobilização internacional só aconteceu graças a um lance fortuito. Dois anos atrás, durante um mergulho recreativo jun-to com alguns especialistas em arraias, inclusive do Brasil, o então to-do-poderoso secretário de governo do Equador testemunhou uma gran-de manta tentando se desvencilhar de uma rede de pesca deixada no mar e aquilo mexeu tanto com o político, que, ao sair da água, ele decretou que, pelo menos no Equador, aquele animal passaria a ser protegido pela lei.

Page 30: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

laje de santos

onde parar? É permitido ancorar na face que fica voltada para o continente, mas só a partir dos 30 metros de profundidade, para proteger a fauna da Laje

58 Náutica SudeSte

A Laje de Santos fica a 21 milhas da costa,

na altura do litoral de Santos. Lanchas de

médio porte fazem a travessia de Santos até

lá em cerca de uma hora, dependendo das

condições do mar. embora pertença a um

parque marinho, é permitido mergulhar (mas

não desembarcar!) e há até poitas para os barcos

visitantes, que também podem jogar âncora na

face norte, a que fica voltada para o continente,

a partir da profundidade de 30 metros. O único

inconveniente é que, por ficar em mar aberto e

não oferecer enseadas ou pontos abrigados, a

Laje é sujeita a fortes correntezas, que podem

chegar aos

6 nós de

velocidade,

o que exige

ter sempre

alguém a bordo,

para qualquer

eventualidade,

enquanto

os demais

aproveitam os

mergulhos na

sua água limpa e

cheia de vida.

Onde ficA ?

div

ulg

ão

la

je v

iva

/gu

ilh

er

me

ko

dja

Lanchas de médio porte vão de Santos até a Laje em cerca de uma hora de viagem

Em seguida , através da Laje Viva, o governo do Equador pe-diu o apoio tam-

bém do Brasil, já que são neces-sários pedidos de dois países para a abertura de um processo mun-dial. O resultado foi a expansão da proibição de qualquer tipo de comér-cio envolvendo as arraias mantas para todos os países, o que já está em vigor. Em parte, graças ao que também aconte-ce ao redor desta simples pedra no meio do mar, não muito distante da mais movimen-tada baía do litoral de São Paulo. Nas águas da Laje de Santos, as mantas passaram a ser conhecidas, admiradas e protegidas pelos bra-sileiros e, agora, também, pelo resto do mundo.

Page 31: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Sem título-1 1 03/11/2014 12:39:33

Page 32: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

62 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 63

div

ulg

ão

Foi um feito, no mínimo, ousado — para não dizer inusitado. Três me-ses atrás, o piloto e aventureiro pro-fissional Lu Marini decolou com o seu paramotor (um parapente mo-

torizado), de Salesópolis, nas imediações de São Paulo, onde nasce o Tietê, e com ele per-correu toda a extensão do mais longo e polê-mico rio do estado. Levou 18 dias na empreita-da, voando cerca de duas horas por dia a baixa altitude e a relaxantes 50 km/h — o suficiente para ir admirando a paisagem e registrando to-dos os problemas do rio mais poluído e triste-mente famoso do país.

Além desses dois objetivos, a curiosa ex-pedição (que inaugurou a navegação do Tietê também pelo ar...), serviu para colher material para um livro, um documentário e uma carti-lha infantil sobre as questões ambientais do rio e como enfrentá-las. Como, por exemplo, faz Dona Maria, uma humilde moradora da beira do rio entrevistada por Marini, que, na falta de peixes para pescar e sustentar sua família, tro-cou de atividade e hoje vive de vender as porca-rias que recolhe do rio, feito uma espécie de fer-ro-velho fluvial. “Assim, também ajudo a limpá o rio”, disse Dona Maria àquele inesperado na-vegador, que, ao contrário de todos os que ela já viu passar pelo Tietê, chegou pelo ar e não pela água — mas munido da mesma curiosida-de sobre a outra face do rio que virou sinônimo de poluição e descaso com a natureza e o meio ambiente. “Foi uma expedição reveladora, tan-to da natureza do rio quanto dos sérios proble-mas ambientais que o assolam”, preferiu definir Marini, que já viajou com sua vela motorizada por diversos lugares do Brasil e do mundo. Mas jamais sobre um rio inteiro.

ar

do começo ao fimLu Marini em ação, voando sobre o ponto onde o Tietê desagua no Paraná e termina sua trajetória. Infelizmente, nem tudo que ele viu no rio foi tão bonito assim

A bordo de um parapente motorizado, o aventureiro profissional Lu Marini fez a mais inusitada travessia do Tietê que se tem notícia: voou, do começo ao fim, sobre o rio mais famoso e polêmico de São Paulo

A bordo de um parapente motorizado, o aventureiro profissional Lu Marini fez a mais inusitada travessia do Tietê que se tem notícia: voou, do começo ao fim, sobre o rio mais famoso e polêmico de São Paulo

O navegadOr dO

Page 33: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Náutica SudeSte 6564 Náutica SudeSte

o tietê é assimO Tietê nasce em Salesópolis, bem pertinho de São Paulo, e avança até o rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul. No total, tem cerca de 1 100 quilômetros de extensão e atravessa o estado praticamente inteiro. Lu Marini registrou todas as paisagens (acima) e barragens (ao lado) do rio

São Paulo

Lu Marini vive de suas expedições no ar. Aos 45 anos, casado e pai de dois filhos, mora em Santos, tem patroci-nadores de peso, como a Amanco e a

Chevrolet, e, pelo menos uma vez por ano, em-barca numa aventura minuciosamente plane-jada, a bordo de um paramotor. Com sua vela motorizada, já voou todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, boa parte do Pantanal e atravessou a cordilheira de vulcões (um deles, ainda ativo) do México, quando, inclusive, bateu o recorde continental de altitude com um veículo desse tipo. No ano passado, sobrevoou a malfadada rodovia Tran-samazônica inteira. Agora, fez o mesmo no não menos polêmico rio Tietê.

“Eu queria ver o nível de poluição e degra-dação do rio inteiro, e não apenas de um peda-ço dele, bem como se era verdade que o Tietê volta a ser limpo da metade para a frente”, con-

tou Marini, ao fazer o 40o e derradeiro pouso da travessia, na pequena cidade de Itapura, onde o Tietê desagua no rio Paraná e finaliza o seu percurso, de impressionantes 1 100 quilômetros. “No primeiro caso, os problemas são realmen-te grandes, ainda mais com a estiagem que di-minuiu o nível do rio e expôs ainda mais o seu lado imundo. Mas, felizmente, o segundo tam-bém é verdadeiro: o Tietê ainda é puro e lim-po mais ou menos de Barra Bonita em diante, apesar do atual baixo nível das águas”, resumiu o piloto aventureiro que ama a natureza e, por isso mesmo, escolheu o Tietê como tema da sua mais recente expedição. A próxima também já está definida e será em outro rio: o São Francis-co, que ele pretende “navegar” a sua maneira, ou seja, voando rente à água, no ano que vem. Como se vê, a expedição aerofluvial de Marini no Tietê rendeu outros frutos, além de lindas fo-tos, como as que ilustram estas páginas.

O trecho mais tenso foi a travessia de São Paulo. Se fosse preciso, não haveria onde pousar

lu marini

fot

os

div

ulg

ão

Page 34: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

66 Náutica SudeSte

lu marini

A travessia aconteceu da maneira que você previu?

Tecnicamente, sim. Levou apenas dois dias a mais do que eu imaginava, porque tive que esperar os ventos amai-narem, na região de Araçatuba. Mas, do ponto de vista da natureza, eu esperava encontrar um pouco mais de verde junto ao rio, de São Paulo em diante. O Tietê é um rio fa-dado a se tornar “urbano”, ou quase isso, em toda a sua extensão, porque, além de atravessar muitas cidades, suas margens estão dominadas pela agricultura. E as plantações se estendem até a beira d’água, sem nenhum respeito às fai-xas de mata ciliar. Praticamente todo o “verde” que há nas margens do rio vem da agricultura, não da natureza, o que é uma pena. Daria perfeitamente para ter as duas coisas.

A ausência da natureza lhe trouxe algum

tipo de problema durante a expedição?

Não chegou a ser um problema, mas me obrigou a ficar ainda mais atento durante os voos, do que normal-mente eu já fico. Eu voava procurando a todo instante al-ternativas para eventuais pousos de emergências, o que nem sempre é fácil quando se está cercado de plantações ou construções, sem falar nas muitas torres de alta tensão que cruzam o rio. Na cidade de Sabino, acabei pousando no meio da rua. Mas nada foi mais tenso do que a traves-sia da cidade de São Paulo, que consegue ser estressante até para quem está voando.

Por quê?

Porque, além da absoluta falta de pontos alternati-vos de pouso — já pensou ter que pousar nos canteiros da Avenida Marginal? —, o tráfego aéreo sobre a cidade é quase tão intenso quanto o terrestre. Tive que voar bem abaixo dos helicópteros, quase rente ao rio, tão baixo que

sentia o cheiro do esgoto. E ainda havia o risco de, na fal-ta de alternativas, ter que pousar na água, o que, conve-nhamos, não seria algo nada agradável.

E o que viu de mais bonito no rio?

Vi fantásticos entardeceres, com o sol tingindo de la-ranja o rio inteiro, trechos tão largos que mais parecem re-presas, e uma parte lindamente sinuosa e com mata ainda preservada nas margens, entre Salesópolis e Mogi das Cru-zes. Mas, acima de tudo, vi o Tietê de uma forma que, tal-vez, até hoje ninguém tenha visto, inteirinho e de cima.

Você já conhecia o Tietê?

Não, embora tenha nascido em São Paulo e seja neto de um dos fundadores do Clube Espéria, que organiza-va competições de natação e remo no Tietê, no passado, quando ele era cristalino. Cresci ouvindo isso e, de cer-ta forma, essas lembranças me influenciaram na criação do projeto de sobrevoar o rio inteiro. Também ouvia dizer que, mesmo hoje, o Tietê era puro e limpo de Barra Boni-ta em diante e resolvi ter certeza disso, indo até lá para ver. Perto de Araçatuba fiz até questão de pescar, para ver se ti-nha mesmo peixe na água, como o pessoal dizia. E, feliz-mente, havia. Na parte final, a água do Tietê ainda é como sempre foi: limpa e com vida. Pena que, com a estiagem violenta que assolou São Paulo, ele estivesse com tão pou-ca água. Nem as barcaças de carga conseguiam navegar.

O principal objetivo da travessia era

conhecer o rio ou avaliar os seus problemas?

As duas coisas juntas, mas com ênfase especial na questão do meio ambiente, que sempre me interessou bas-tante, até porque o que eu faço está intimamente ligado à natureza. Eu queria, de alguma forma, contribuir para conscientizar as pessoas sobre os problemas que o Tietê enfrenta e a maneira que encontrei para isso foi percorrê-lo inteiro, para ver lá de cima a realidade do rio, e transfor-mar essa experiência em livro, documentário e uma car-tilha para crianças, que sairão no início do ano que vem. Estou particularmente entusiasmado com a cartilha, por-que os problemas do rio são tão sérios que duvido que a nossa geração os resolva. A esperança está nas crianças, por meio da educação ambiental desde pequenas. Na minha opinião, o futuro do Tietê depende disso.

lu marini

“Vi a realidade do rio”

Depois de sobrevoar o Tietê, Lu Marini

tem certeza de que muito ainda precisa ser feito.

E a única esperança está nas crianças

div

ulg

ão

• Costado interno alto proporcionando maior segurança aos passageiros;

• Maior espaço interno da categoria;

• Maior homologação de passageiros da categoria;

• Passagem lateral de embarque;

• Única embarcação na categoria com escada de popa e proa.

• Motor Mercruiser 5.7 300 HP Rabeta Bravo III.• Pronta para navegar.• Frete e opcionais não inclusos. * Consulte condições de fi nanciamento. Crédito sujeito à aprovação.

50% à vista e saldo em 10 x sem juros.

A partir deR$159.900,00*

Venda e Assistência Técnica:

betô

nico

Av. Bady Bassitt, 4319 | Vila Bancários | São José do Rio Preto – SP(17) 3234-3266 | www.castrosport.com.br

MAIS SEGURANÇAE CONFORTO.

O SEU LAZER COM

Page 35: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

68 Náutica SudeSte

descontrole verde No represamento da barragem de Bariri, a cerca de 400 quilômetros da capital, Marini encontrou um rio surpreendentemente verde. Mas, em vez de alegria, a imagem trouxe preocupação, porque o bonito tom é consequência da proliferação descontrolada de algas e vegetações aquáticas, que roubam oxigênio da água e já chegam a impedir a navegação em certos trechos do rio.

neve? não. sujeiraParece neve mas é espuma gerada pelo excesso de sabão, detergentes e outros resíduos lançados no rio, no seu trecho mais poluído, na Grande São Paulo. Esta foto foi feita na região de Salto, cidade que tem este nome justamente porque ali o Tietê ganha pequenas corredeiras, que, com a poluição, aceleram a formação das espumas. Feito uma gigantesca máquina de lavar roupas. Sujas.

seca violentaMarini sobrevoou o Tietê no auge da seca que atingiu o estado de São Paulo e isso se refletiu, também, no (outrora) caudaloso rio. Logo após sua nascente, ainda em Salesópolis, ele viu esta triste imagem: o rio tão abaixo do seu leito original que até a carcaça de um velho carro atirado na água ressurgiu na superfície.

O q u e m a i s e l eAlém da poluição, outros problemas que estão afetando o Tietê viuviuviulu mariniini

fot

os

div

ulg

ão

Page 36: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Você e seu barcoO bÊ-Á-bÁ da bOa ancOragem

Como barcos não têm

freio de mão, o jeito é ter

uma boa âncora e saber

direitinho o que fazer com

ela, em qualquer situação

Já passou pela sua cabeça que, para permanecerem parados na água, mesmo

os barcos mais modernos dependem de um primitivo peso preso a eles? É que ninguém jamais conseguiu desenvolver algo mais eficiente para impedir que um barco se mova ao sabor dos ventos e das correntezas do que as âncoras, equipamentos tão antigos quanto a própria história da navegação. A única diferença é que, ao longo dos tempos, elas sofreram mudanças na forma e na concepção, tornando-se bem mais eficientes e confiáveis.

Primeiro, as pedras usadas nas embarcações do passado,

Ilu

str

ão

PIe

rr

e r

ou

sse

let

Raio-X do feRRo

anete É a manilha ou o anel

que é ligado ao furo da haste, no qual se

prende a amarra. No caso de corrente,

é aconselhável usar também um

destorcedor, para evitar nós na amarra.

Haste além de unir a amarra

às patas, que é a parte que prende a

âncora ao fundo, é uma das peças mais

pesadas do ferro e ajuda na sua fixação.

Quanto mais próxima do solo ela ficar,

melhor a eficiência do fundeio.

Unhas São as pontas das

patas e as partes que de fato “espetam”

o solo. Numa boa ancoragem, elas

desaparecem no fundo e não ficam

visíveis.

Patas São as partes que

enterram e fixam a âncora no solo.

Cepo Parte perpendicular

à haste, que serve para derrubar e

posicionar a âncora, de forma que as

patas penetrem bem no fundo.

Cruz Junção entre a haste e

o cepo. Pode ser usada para soltar a

âncora, quando não se consegue

içá-la pela haste.

O q u e é o q u ê n u m a b o a â n c o r a

deram lugar ao ferro — daí um dos nomes pelos quais as âncoras são conhecidas. Depois, elas passaram a ser feitas de aço e, mais recentemente, de alumínio, este um material bem mais leve e apropriado para se transportar a bordo, já que a função do peso numa âncora é apenas levá-la até o fundo — o que segura uma embarcação de fato são as “patas”, ou garras da âncora, como se verá nas páginas a seguir.

70 nÁutica SudeSte nÁutica SudeSte 71

Page 37: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Você e seu barco

nãO baSta apenaS a âncOra Ser bOa

Para ser eficiente e segura, qualquer âncora

depende muito do tipo de cabo preso a ela: a

“amarra”. Uma boa amarra precisa ser resistente,

mas também ter certa elasticidade, a fim de

absorver o movimento da água na superfície.

Precisa, ainda, ter algum peso, para não flutuar e

acabar “puxando” a âncora para cima. as amarras

de cabo de náilon de três cordões são as mais

usadas, mas as melhores são as de corrente de aço,

porque resistem ao atrito com eventuais pedras no fundo.

Também por serem mais pesadas, elas formam uma curvatura

dentro d’água que suaviza os trancos e forçam a haste da âncora a

ficar na posição horizontal, unhando melhor o fundo. No entanto, além de

difíceis de manusear (cada metro de corrente de oito milímetros pesa cerca

de um quilo e meio!), as amarras de metal só podem ser empregadas em barcos que

tenham guincho e lançador de âncora para guiá-las, porque, do contrário, serão muito

pesadas para puxar na mão e o ferro, ao subir, ainda baterá no casco.

Por isso, são inviáveis na maioria dos pequenos barcos.

Há, no entanto, uma solução intermediária, que consiste

em ter apenas um pedaço de corrente na parte que une a

âncora à amarra de náilon. É a melhor solução para barcos de até

médio porte. além disso, há também a manilha, uma espécie

de anel de metal que fixa a ponta da amarra à âncora

e que deve sempre ser a maior possível.

Quanto ao diâmetro da amarra, depende

do tamanho do barco e do material do

qual ela é feita. Se for um cabo de náilon de

três fios, ele deve ter, no mínimo, 12 mm de

espessura, para barquinhos de 20 pés de

comprimento, ou 16 mm, para embarcações de

30 a 40 pés. Lembre-se: pouco adianta ter uma

boa âncora se a amarra e a manilha não tiverem

a mesma qualidade e resistência.

a regra básica da ancoragem segura

é soltar na água entre cinco e dez vezes

a distância até o fundo; quanto maior for

a amarra, mais eficiente será o fundeio.

Já barcos que usam um pedaço de

corrente junto ao ferro, devem usar, pelo

menos, dois metros e meio de amarra

de aço na ponta do náilon.

O cabo (ou “amarra”) também tem que ser de qualidade

Quantos metros de amarra precisa?

5 paSSOS da bOa

ancOragem

1 escolha um local bem

abrigado e com espaço livre

o bastante para o seu barco

girar totalmente sem tocar em

nada — especialmente em outros

barcos. e prefira

os fundos de

areia, cascalho

ou lama, nesta

ordem.

2 ancore sempre contra o

vento e a correnteza, para

o barco não ser empurrado

sobre a amarra — que assim pode

se enroscar no leme, no hélice, ou,

se for um veleiro, na quilha.

3 depois de jogar a âncora,

dê ré, em baixíssima

velocidade, para a âncora

unhar bem o fundo. Quando não

conseguir mais segurar a amarra

com as mãos, é porque o ferro

unhou bem.

4Solte uma quantidade

de amarra na água

equivalente à profundidade

do local, na proporção de,

no mínimo,

cinco vezes mais

cabo do que a

distância até

o fundo.

5 ao içar a âncora, posicione

o barco exatamente sobre

ela, para facilitar a operação,

mas nunca passe

com o barco

sobre a âncora,

para não forçar

sua haste.

Revenda exclusiva em São Paulo capital.

www.aventuranautica.com.br / [email protected]

Av. Washington Luis , 4521 | Vila Santa Catarina | CEP 04627-001 | São Paulo – SP

Fone: (11) 5096 1581 | 3232 1735 | 3232 1728

Não compre sua lancha sem nos consultar!Temos as melhores condições do mercado

e toda linha à pronta entrega.

72 nÁutica SudeSte

Page 38: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

SerÁ que unhOu?

A maioria dos problemas no fundeio acontece não

pelo rompimento da âncora ou da amarra, mas sim

porque o ferro “garra” no fundo — o que, no entanto, no

jargão náutico, significa exatamente o contrário do que

parece, ou seja, que a âncora está sendo “arrastada” e não

“agarrou” o fundo coisa alguma. Por isso, além de não

confundir os termos, é preciso, depois de jogar a âncora,

verificar se ela unhou o fundo — este sim o termo correto.

Para tanto, enquanto o barco estiver dando ré, segure bem

a amarra. Quando não mais aguentar segurá-la, é porque

o ferro “unhou”. Mas, se ainda conseguir segurá-la, é sinal

de que a âncora está “garrando” — ou seja, sendo arrastada

no fundo. Nesse caso, solte mais cabo. Mas, se mesmo

assim o ferro continuar sendo puxado pelo barco, recolha

e recomece a manobra inteira. Não adianta ter pressa. Na

hora de ancorar, é sempre bom duvidar.

o jeito certo Para saber se a âncora está bem presa ao fundo, dê ré no barco e segure o cabo com as mãos. Quando não conseguir mais segurá-lo, é porque o ferro unhou

Como saber se o barco está bem preso ao fundo

danfOrth Ou bruce?

As âncoras do tipo danforth e, principalmente, bruce, são

as mais usadas pelos donos de barcos no Brasil. Mas

elas são bem diferentes entre si, tanto no formato quanto no

desempenho. as danforth se caracterizam por terem duas

patas paralelas e pontiagudas, que, não importa o lado que

caiam na água, conseguem unhar o fundo, porque a haste

se move e sempre permite o contato com o solo. Mas, por

possuírem haste e cepo longos, ocupam mais espaço no

paiol e exigem cuidado no manuseio, já que a haste se

move e pode machucar as mãos.

Já as âncoras bruce têm três patas e

haste fixa e curta, o que as tornam mais

compactas e seguras. Também em fundo

de pedras são mais resistentes e unham

rapidamente na lama, o que nem sempre

acontece com as danforth, que, no entanto,

são imbatíveis em fundos de areia. Também na relação peso

X eficiência, as danforth, especialmente as de alumínio, dão

um banho nas bruce. Mas sua desvantagem é o preço, bem

mais alto, especialmente as importadas, como a da marca

americana fortress, considerada uma das melhores do mundo e

razoavelmente vendida no Brasil. o índice de resistência de uma

danforth da marca fortress (ou seja, a força que ela aguenta

para cada quilo que pesa), chega a ser sete vezes superior ao

das melhores bruces nacionais — que, no entanto, costumam ser

as mais vendidas por aqui, justamente porque custam menos

do que as danforth.

Qual é a melhor? Bem, como se vê, depende do

tamanho do compartimento da âncora no barco e do tipo

de fundo que há no local onde ela for ser usada com mais

frequência. Mas, uma coisa é certa: economizar na âncora é

colocar em risco a sua própria segurança.

As âncoras do tipo danforth e, principalmente, bruce, são

as mais usadas pelos donos de barcos no Brasil. Mas

elas são bem diferentes entre si, tanto no formato quanto no

Qual, afinal, é a melhor âncora? A resposta é: depende...

se move e sempre permite o contato com o solo. Mas, por

possuírem haste e cepo longos, ocupam mais espaço no

paiol e exigem cuidado no manuseio, já que a haste se

move e pode machucar as mãos.

rapidamente na lama, o que nem sempre

acontece com as danforth, que, no entanto,

Você e seu barco

Page 39: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

76 Náutica SudeSte

Antes de mais nada, é bom saber que a pesca de corrico — ou seja, aquela feita com uma linha a reboque no barco em movimento, que os cariocas

também chamam de “pesca de arrasto” — difere em tudo das pescarias tradicionais. Não tem, por exemplo, nada a ver com a paz contemplativa das pescarias de beira de rio ou costeiras. Ao contrário, o que não falta

na pesca de corrico é muita ação — a começar pelo próprio barco, que precisa estar em movimento. Mas não basta amarrar uma linha com anzol na popa do barco e sair rebocando a isca. Para experimentar a deliciosa sensação de ser brindado com uma fisgada enquanto passeia com sua lancha ou veleiro é preciso outros cuidados. Como estes aqui.

Que tal, durante o passeio pelo mar, tentar pegar um peixe para o almoço?

A maneira mais fácil é corricando. Veja aqui como

Foto

s G

uil

he

rm

e K

od

ja

OS maceteS dO cOrricO

Carretilha é

melhor do que molinete

As carretilhas são mais eficazes na pesca

de corrico. E devem estar carregadas

com bastante linha. O ideal é, pelo

menos, 400 metros. As carretilhas de

perfil redondo e numerações medianas

(para linhas de 20, 30 ou 50 libras) são

ainda mais indicadas. Mas a fricção deve

permitir ao peixe descarregar linha sem

grande dificuldade, para evitar pancadas

que rompam sua mandíbula. Peixes como

sororocas, cavalas e

bicudas possuem

mandíbula frágil,

que se rompe

com facilidade

quando

submetida a uma

súbita pressão.

Prenda a vara

em vez de segurá-la

Durante o corrico, deixe a vara firme

no porta-varas do barco ou presa

firmemente a algo a bordo. Manter a vara

nas mãos gera movimentos involuntários

que podem afugentar os peixes. E se,

depois de sentir a fisgada, a linha afrouxar,

recolha um pouco, para ver se ela volta

a ficar tensionada. É que, muitas vezes,

os peixes fisgados nadam em direção ao

barco, para tentar se livrar do anzol.

Perto de barCos

anCorados é melhor ainda

Corricar perto de navios e barcos ancorados

pode trazer bons resultados, porque as

cracas dos cascos acabam atraindo peixes.

Correntes de âncoras são melhores ainda,

porque descem até o fundo, atraindo ainda

mais espécies. Mas tome cuidado

redobrado com a navegação.

não se deixe levar

Pelos Cardumes

Os corricos são a maneira mais eficiente de

cobrir grandes áreas numa pescaria. Mas

não se deixe levar pela eventual visualização

de cardumes na superfície, porque eles

são muito dinâmicos e desaparecem tão

rapidamente quanto surgem. Se vir algum

cardume, circule ao redor dele e não

apenas passe sobre os peixes, para que o

motor não os afugente.

nem fundo, nem raso demais

A profundidade ideal da isca deve ser a meia

água, mas a mesma isca pode atingir diferentes

profundidades, dependendo da velocidade

do barco. Quanto mais rápido ele navegar,

maior será a pressão da água na barbela,

fazendo com que ela desça mais. Portanto,

fique atento à velocidade de navegação.

muito Cuidado

na hora de embarCar

Muito cuidado na hora de embarcar o

peixe, para não perdê-lo na hora agá.

O ideal é cansá-lo um pouco e ir

bicudas possuem

mandíbula frágil,

que se rompe

com facilidade

Você e seu barco

puxando gradativamente para a borda

do barco. Depois, sem dar trancos,

segure firme e traga para bordo, com

um movimento contínuo.

isCa artifiCial é a mais indiCada

Iscas vivas ou naturais dão muito

trabalho e não combinam com um simples

passeio de barco. Para corricar, as melhores

iscas são as artificiais de barbela, de tamanho

pequeno (entre 6 e 10 cm) e bem coloridas,

em forma de manjubas. Se, no entanto,

preferir usar isca natural, use anzóis do

tipo garateia, com várias pontas, que dão

melhores resultados do que os convencionais.

navegue a baixa veloCidade

A velocidade do barco no corrico

costeiro deve variar entre 3 e 6 nós,

dependendo do peixe que se queira

pegar e do tipo de isca usada. Mas

a mesma espécie pode atacar em

diferentes velocidades, de acordo com

o dia, pressão atmosférica, temperatura

da água, transparência, etc. Por isso,

variar a velocidade periodicamente é

recomendável. Mas, em dias nublados

ou com água turva, a velocidade do

barco deve ser menor, para facilitar a

visualização da isca pelos peixes.

use linha resistente e líder

A resistência da linha de náilon deve

variar entre 20 e 50 libras. Já o “líder” (ou

seja, a parte reforçada da linha, que fica

próxima à isca) deve ser mais grosso, com

quatro a seis metros de comprimento.

alguns Peixes são mais fáCeis

Dependendo da época do ano,

os peixes mais frequentes no litoral

entre São Paulo e Rio de Janeiro são as

sororocas, as enchovas, as cavalas

e as bicudas. Mas não se espante se

for surpreendido no corrico por um

belo badejo ou vermelho, que, apesar

de serem peixes de fundo, podem

desferir ataques-relâmpago

surpreendentes na meia água.

vara é mais efiCiente

do que linhada

Varas rígidas e curtas

(entre seis e sete pés de

comprimento), que têm

fácil manejo dentro do

barco e não incomodam

as outras pessoas, são bem mais

indicadas do que as linhadas. Um

conjunto de varas com ação de

resistência entre 20 e 25 libras

dá conta do recado. Mas, se for

corricar com plugs de barbela

comprida, que atingem

profundidades maiores, use

varas entre 30 e 40 libras.

radicalize seu verão

Marina // Venda // LocaçãoCursos para arrias // motonauta // flyboard // hoverboard // wakeboard // S.U.P.

Av. das rendeiras, 200 - lagoa - florianópolis sc(48) 3235 . 2222 / (48) 7811 . 4988 ID 84*5017

[email protected] - www.pronautica.com.br

Jet Ski//WaveBoat Mormaii//Lanchas//Peças//Acessórios

Nova linha Yamaha 2015 ®

Nova Linha Kawasaki 2015 ®

Nova Linha Kawasaki 2015

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Anúncio meia página.pdf 1 25/11/2014 09:56:32

Page 40: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

Você e seu barco

O fundo do casco mais

ou menos acentuado tem

diretamente a ver com a

navegação. Veja por quê

do casco

é o

da questão

“V”

“X”

O ângulo do “V” tem tudo a ver

Na lanchas, o ângulo do “V” do fundo do casco costuma variar entre 10 e 30

graus, dependendo do local e condições prioritárias de navegação. Como regra

geral, quanto maior a velocidade e mais severas as condições de navegação,

maior deverá ser o ângulo do “V”. Embarcações projetadas para navegar apenas

em baías, lagos e represas, costumam ter ângulos de apenas 10 ou 15 graus. Já

as de navegação costeira, entre 18 e 20 graus. E a oceânica, de 20 e 30.

O que mais conta é o “V” da popa

A função do ângulo da proa é melhorar a penetração do casco nas ondulações,

evitando que a frente do barco “suba” demais. Já o ângulo do casco a partir da

meia-nau até a popa tem a ver com o planeio e com as eventuais pancadas na

superfície da água — daí a sua maior importância. Se a superfície da água fosse

totalmente plana, cascos chatos ou com ângulos mínimos de popa seriam os

mais indicados. No entanto, a navegação sobre ondulações exige aumentar o

poder de penetração do casco na água — ou seja, com ângulos maiores tanto

de proa quanto, principalmente, de popa.

Quanto maior o “V”, mais motor

Ângulos de popa maiores exigem mais velocidade para atingir o planeio, daí a

necessidade de motores mais potentes. No entanto, maior potência e velocidade

para o planeio podem tornar a navegação mais “molhada” e aumentar o balanço

do casco. Para atenuar esses pontos negativos é comum os projetistas incluírem

“nervuras”, ressaltos ou multiangulações no fundo do casco, a fim de buscar

soluções que mantenham as vantagens do V acentuado.

Quanto mais antigo o projeto, menos “V”

Como regra geral, projetos mais antigos de cascos costumam ter ângulos de V

de popa menores que os atuais. Isso acontece porque, para planar, um casco

precisa de velocidade, que, por sua vez, é consequência direta da potência

do motor. E antigamente os motores não eram tão potentes, o que levava os

projetistas da época a diminuir o “V” do casco, para não aumentar ainda mais o

tempo do planeio.

Além do “V”, tem, também, os “degraus”

Os desníveis (ou “degraus”) no fundo dos cascos de certos barcos servem

basicamente para diminuir a resistência da água, aumentando assim a

velocidade. Em altas velocidades, geralmente acima dos 40 nós, esses “degraus”

sugam ar para baixo do casco, diminuindo o atrito e aumentando a performance.

Além disso, fazem o casco sofrer menos com o caturro. No entanto, são mais

indicados para barcos com “V” bem acentuado, acima dos 20 graus.

mo

zar

t l

ato

rr

e

78 Náutica sudeste

Restaurante, Pousada, Pier, Poitas, Abastecimento de água e gelo

Contatos Telefone: (24) 3361.4394 / (21) 2685.0346 - Rádio VHF Canal 16

[email protected] www.coqueiroverdepousada.com.br

Foto

s: M

arci

o Du

franc

Um pedaço do paraíso para saborear a melhor moqueca de Angra dos Reis

Mais que um restaurante, o Coqueiro Verde localizado no Saco do Céu é um ponto de apoio aos navegantes de Angra dos Reis.

Um lugar para ancorar, relaxar e se deliciar com as saborosas moquecas e risotos, a especialidade da casa. E quem quiser, ainda pode se hospedar

na pousada integrada ao restaurante.

Coqueiro Verde.indd 1 30/01/2014 14:53:26

Page 41: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

1 Formação localizada no rio Araguaia, a maior do mundo no seu gênero • 2 Circulação de ar • 3 Armazém junto a litoral marítimo, lacustre ou

fluvial para depósito de mercadorias em trânsito • 4 Aluno de Academia Militar • 5 Sair com o destino a • 8 Uma das capitais sul-americanas

banhadas pelo rio da Prata • 11 O segundo maior curso d’água da América do Sul • 12 Raia encontrada em águas tropicais, com até 6,5 m de

comprimento, também conhecida como morcego-do-mar ou peixe-diabo • 13 Relativo ao sul • 14 Patrulha de acompanhamento para proteção • 15

A capacidade de carga de um navio • 16 Pequeno barco de formato variado usado em águas calmas, próprio para o lazer • 17 Mestre de qualquer

tipo de embarcação • 18 Revezamento alternativo em certas atividades • 19 Região costeira a prumo que facilita a aproximação de navio • 21

Um dispositivo de segurança para residências, carros, lojas etc. • 24 Barco movido pela energia gerada pelas partículas gasosas emanadas da água.

4 O nome do famoso navio do explorador francês Jacques-Yves Cousteau • 6 Barco típico dos povos primitivos • 7 Fricção entre dois corpos que

tocam um no outro • 8 Banco de areia oculto sob a água e perigoso à navegação • 9 Um dos mais difíceis estilos de natação • 10 O estado com as nascentes do rio

Xingu • 13 Peixe semelhante à garoupa, vive geralmente sobre fundos rochosos ou arenosos • 18 Formação rochosa, à flor da água ou submersa, em áreas de pouca

profundidade, geralmente próxima à costa • 20 Lançar borrifos de água • 22 A época dos peixes porem ovos • 23 Iguaria feita com ovas salgadas de alguns peixes

• 25 A capital do menor estado brasileiro • 26 Que dura pouco, mas vai e volta • 27 Termo que significa reduzir a área vélica • 28 Medida correspondente a 0,22 m.

Você entende de mar?

Elab

orad

as p

or A

Rec

reat

iva

— p

alav

ras

cruz

adas

e p

assa

tem

pos

— w

ww

.recr

eativ

a.co

m.b

r

HORIZONTAIS

VERTICAIS

dA

NIE

l b

OT

ElH

O

cruzadas náuticas

Nome popular desta arraia

COMUNICADO AOS LEITORES

Informamos que o anúncio publicitário publicado nas páginas 10 e 11 da edição nº 312 de Agosto de 2014 da Revista Náutica intitulado com o nome fantasia BRASCREDITO BRASILE, que foi às bancas no período de 15/08/2014 a 10/09/2014 e também nas páginas 3 e 4 da edição nº 06 de Agosto e Setembro de 2014 da Revista Náutica Sudeste que foi às bancas no período de 14/08/2014 à 16/10/2014, não se trata de anúncio real da empresa que suposta-mente teria contratado o anúncio, cuja razão social é BRASILIA PRESTIMOS DE CAPTAÇÃO E ANALISE LTDA, mas sim de estelionatários que utilizaram indevidamente o nome, CNPJ e dados desta empresa para divulgar serviços fraudulentos.

Em respeito aos seus leitores e assinantes, a revista NÁUTICA faz este comunicado, pois tomou ciência de que o referido anúncio era na realidade um golpe, situação que a revista não teria como verificar antecipadamente à sua publicação já que foi utilizado o CNPJ de empresa existente e idônea no mercado conforme consulta de dados cadastrais e comerciais que normalmente são efetuados para a aprovação de crédito a clientes novos de acordo como norma interna da empresa G. R. Um Editora Ltda. que edita as Revistas Náutica e Náutica Sul.

Informamos também que a revista NÁUTICA já tomou as devidas providências (B.O.) buscan-do assegurar que os órgãos responsáveis tomem as providências para que os estelionatários não voltem a cometer o referido crime.

Atenciosamente, G. R. Um Editora Ltda

Revista Náutica e Náutica Sudeste

Diretoria

Comunicado aos leitores.indd 2 18/11/2014 16:07:22

80 náutica SudeSte

Page 42: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

“PESCAR tAmbém é CoiSA dE mulhER”

Em 1997, a então repórter de TV Maraisa Ribeiro foi escalada para fazer uma reportagem sobre um pes-cador esportivo. Gostou tanto do assunto que virou

uma especialista, tanto no âmbito profissional quanto pes-soal. Hoje, aos 52 anos, casada e com um marido que gosta de pescarias bem menos do que ela, é, seguramente, uma

das mulheres que mais pescam no Brasil — tanto que virou colunista da revista Pesca Esportiva, além de ter um marlin tatuado nas costas, lembrança do maior peixe que pescou até hoje. “Como sempre, eu era a única mulher no meio de um monte de homens, e fui a única que pegou um da-queles peixões”, brinca, como conta nesta rápida entrevista.

Uma das pioneiras da pesca esportiva do gênero feminino, a campineira Maraisa Ribeiro garante que as mulheres que não pescam é porque ainda não experimentaram isso direito

1 2 3“Quando eu comecei a pescar,

quase 20 anos atrás, sim. E muito. Ainda

mais porque eu fazia reportagens sobre

pescarias para a televisão e choviam

cartas dos telespectadores, todos homens,

naturalmente, com piadas e comentários

nada elogiosos a respeito. O mínimo que

eles diziam é que o lugar de mulher na

pescaria era no fogão, preparando os peixes

pro almoço — sem falar nos comentários de

duplo sentido, envolvendo varas e coisas do

tipo. Mas, naquela época, mulher pescadora,

ainda mais na pesca esportiva, que tem por

objetivo apenas a diversão, já que os peixes

são devolvidos à água, era quase um ET. Não

havia pousadas de pesca preparadas para

receber mulheres, nem roupas femininas

específicas. Eu era obrigada a me vestir

como um homem e, por isso, várias vezes fui

confundida com um sapatão. Mas hoje não.

Canso de ver casais pescando e acho que,

de certa forma, contribuí para isso.”

“Sim (rindo): os homens não deixam

que eu carregue peso nem arraste o barco.

Sempre tem um cavalheiro que se oferece

para fazer o serviço mais pesado e eu, por

educação (rindo ainda mais), aceito. Ou seja,

fico só com o melhor da pescaria, que é o

prazer de sentir as fisgadas e trazer o peixe.

Mas é claro que nem todo grupo gosta

de ter uma mulher por perto, porque isso

tira um pouco da liberdade deles de falar

bobagens e fazer besteiras. Eu tento deixar o

pessoal à vontade e aviso logo que, quando

eles quiserem fazer xixi, por exemplo, é só

me avisar que fico olhando a paisagem.

Mas, no fundo, sempre fui bem tratada,

justamente porque era a única mulher no

grupo. Mas acho que as mulheres têm mais

sensibilidade e paciência, o que combina

com pescarias. Sem contar que mulher não

tem vergonha de perguntar e mostrar que

não sabe, aprendendo assim mais rápido,

coisa que os homens não fazem.”

“Tenho certeza de que é apenas

porque ainda não experimentaram. Veja

as orientais, por exemplo. Pescar sempre

fez parte da cultura delas, porque, no

passado, era uma forma de buscar alimento

e cabia à mulher cuidar da alimentação

da família. Hoje elas continuam pescando,

apenas porque gostam de fazer isso. Mas

é certo que as mulheres em geral prezam

o conforto mais do que os homens e isso

nem sempre combina com certos locais

de pescarias. Além disso, muitos maridos

desencorajam propositalmente suas

mulheres, dizendo que tem cobra, mosquito

e outros bichos, porque querem ficar

sozinhos e se divertirem também depois

das pescarias. Para estes, pescar virou

desculpa. Isso já foi bem mais comum do

que é hoje, mas deixou a tradição de que

pescaria é coisa de homem. Mas eu posso

garantir — e da maneira mais inequívoca

possível — que também é coisa de mulher.”

Os homens não estranham ter uma mulher na pescaria?

As mulheres levam alguma vantagem nas pescarias?

Por que as mulheres em geral não gostam de pescar?

ar

qu

ivo

pe

sso

al

3 perguntas

Sem título-1 1 24/11/2014 09:10:49

82 NáutiCA SudEStE

Page 43: são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo · Um roteiro completo, ... Um aventureiro voa sobre o rio mais poluído do país do começo ao fim bê-Á-bÁ dA boA ANCorAgem

férias de verão

PACOTEs de

CARNAVAL!