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SÃO PAULO, 24 DE FEVEREIRO DE 2016.

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SÃO PAULO, 24 DE FEVEREIRO DE 2016.

A urgência de recobrir o Brasil

Oportunidades na economia florestal mobilizam investidores, ONGs e academia no

rastro dos compromissos climáticos.

Reza o dito popular, atribuído originalmente ao poeta cubano José Martí, que o ser humano somente se realiza por completo após ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Das três partes dessa missiva, a última, à primeira vista, parece a mais simples. Mas não no caso do cultivo de mudas para recompor ambientes de floresta natural e recuperar áreas degradadas, atividade que se tem mostrado bem mais complexa e cara do que normalmente se imagina.

E agora mobiliza grande esforço por parte de cientistas, ambientalistas e economistas – no País e em várias partes do mundo – para o desenvolvimento de um modelo apto a torná-la viável na escala compatível com a urgência do combate à mudança climática e da conservação de recursos vitais, como a água.

O caminho exige fazer contas e gerar receita mediante o uso sustentável, conforme mostra esta primeira reportagem da série sobre restauração florestal.

No Brasil, os primeiros números da difícil matemática, divulgados em janeiro como resultado de um estudo inédito conduzido pelo Instituto Escolhas, retratam o volumoso custo da empreitada: até 2030 será necessário um investimento total de aproximadamente R$ 52 bilhões (R$ 3,7 bilhões ao ano) para tornar factível o plano de restaurar 12 milhões de hectares, conforme o compromisso brasileiro de mitigar a emissão de gases de efeito estufa, anunciado em dezembro na conferência da ONU sobre clima, em Paris.

O cálculo considera o plantio de 50% da área durante 21 anos com espécies exóticas, como o eucalipto, que deverão ser substituídas por árvores nativas após 25 a 30 anos. Nessas condições, o modelo prevê taxa de retorno financeiro de 4%, mediante exploração de madeira, e disso resultaria a criação de 215 mil empregos. Além da arrecadação de R$ 6,5 bilhões em impostos, o empreendimento permitiria a construção de toda uma cadeia produtiva (coleta de sementes, viveiros de mudas, laboratórios, maquinário, serviços de manutenção) capaz de paralelamente resolver o passivo ambiental do agronegócio.

“Estamos na largada da corrida e precisamos de atletas para isso”, adverte Roberto Kishinami, um dos coordenadores do estudo, ao reforçar a importância do investimento em qualificação técnico-profissional neste momento preparatório. De acordo com o pesquisador, o Brasil cultiva atualmente 350 mil hectares de floresta por ano, o que corresponde a pouco mais de um terço do necessário para o País cumprir a atual meta, e, dessa área, menos de 1% com árvores nativas.

O quadro requer rapidez para romper a defasagem: “O próximo passo, em 2016, será refinar os dados e mapear os métodos de plantio de floresta ambiental, social e economicamente mais vantajosos, em regiões prioritárias na Amazônia e Mata Atlântica, biomas abrangidos pelo estudo”. A modelagem incluirá outras fontes de receita, como o aproveitamento de produtos não madeireiros e a remuneração por serviços ecossistêmicos dentro do conceito deecologia da paisagem [1].

O fator mudança no uso da terra [2] tem sido apontado como a bola da vez no debate climático global, o que poderá significar aumento do fluxo de recursos para soluções, entre as quais está a restauração florestal. “O engajamento do setor financeiro na reunião de Paris foi notório e o Brasil tem tudo para se destacar com investimentos em estoques de árvores que fixam carbono”, ressalta Roberto S. Waack, membro da Coalizão Clima, Florestas e Agricultura, iniciativa que encomendou a modelagem econômica da restauração ao Instituto Escolhas e pretende acessar recursos de fundos internacionais para o tema.

O capital privado, segundo Waack, tem sido ator relevante no jogo, o que reforça a importância de tornar o plantio de florestas economicamente mais atrativo. Com a redução das incertezas científicas e o aumento das regulações globais e nacionais, a lógica inverteu-se: “Hoje, não investir em tecnologias de baixo carbono é que representa risco ao patrimônio”, diz. Criar sistemas de gestão em land use (uso da terra), incorporando novos modelos de silvicultura, é estratégico para a competitividade das empresas.

Uma das iniciativas brasileiras mais recentes é o projeto MapBiomas, que em 2016 começará a divulgar mapas anuais de cobertura do solo em todo o Brasil de forma barata, rápida e atualizada, com possibilidade de comparar dados históricos desde 1985. A principal inovação é o processamento de imagens de satélite tendo como base a plataforma Google Earth Engine. A tecnologia disponibiliza dados em nuvem para fácil acesso a pesquisadores nas diferentes regiões, eliminando barreiras que antes tornavam o trabalho inviável.

“A ideia foi preencher a lacuna de informação sobre a dinâmica do uso da terra no Brasil para melhorar as estimativas de emissões de gases de efeito estufa”, explica Carlos Silva, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e um dos coordenadores do projeto, promovido pelo Seeg/Observatório do Clima em cooperação com ONGs, universidades e empresas. O mapeamento facilitará a aplicação do Novo Código Florestal [3], além de monitorar áreas protegidas e apontar oportunidades para restauração.

“O País precisa achar os meios para aumentar a cobertura florestal, porque não poderá voltar atrás no compromisso registrado na ONU”, afirma Maurício Voivodic, diretor-executivo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), organização que auxilia pequenos produtores de cacau e eucalipto a recuperar a mata nativa.

Em sua análise, “faltam condições políticas e econômicas ao País para desatar esse nó”. O Plano ABC — Agricultura de Baixo Carbono previu em 2010 a recuperação de 15

milhões de hectares de pastagens degradadas até 2020, parte mediante plantios florestais, mas até agora atingiu-se apenas um quinto da meta, segundo Voivodic.

Avanços mais expressivos são esperados após a aprovação do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) – marco legal que definirá como as reservas legais poderão ser exploradas economicamente, hoje no Ministério do Meio Ambiente para ajustes após consulta pública entre janeiro e agosto do ano passado. No horizonte de 20 anos, o plano prevê a recuperação de 390 mil hectares nos primeiros cinco anos e estabelece medidas para sensibilização da sociedade, aumento da quantidade e qualidade de sementes e mudas, fomento ao mercado de produtos e serviços de restauração florestal, desenvolvimento de mecanismos de incentivo e expansão de assistência técnica.

“O desafio está em mudar a visão dos tomadores de decisão, mostrando que plantar árvores pode gerar mais renda do que as atividades que as destroem”, destaca Rubens Benini, coordenador da agenda de restauração da TNC Brasil. A ONG iniciará estudos econômicos da restauração em 2016, tendo até hoje contribuído para repor 11 mil hectares de vegetação nativa em dez Estados, com um total de 29 milhões de árvores.

Para Benini, uma importante questão a ser resolvida é a estruturação de uma base genética para espécies nativas, repetindo o esforço empreendido para o eucalipto. “Não estamos falando apenas de clima, mas de segurança alimentar, garantia de água e redução da pobreza.” Em razão desses fatores, e também dos benefícios de outros insumos básicos que podem ser obtidos de árvores, como a geração de energia, o tema da restauração florestal compõe a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecida pelas Nações Unidas no ano passado com metas para 2030.

A questão, antes restrita ao círculo ambientalista e às universidades, chegou aos bancos e tende a ser considerada, por exemplo, na liberação de crédito rural. Márcio Macedo, gerente da área de meio ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tem a expectativa de significativo aumento da demanda por financiamento [4] de plantios de floresta: “Após o acordo climático de Paris, o tema ganhou importância global e o fluxo de recursos para a atividade deverá crescer”. O banco está estruturando um fundo ambiental de R$ 1 bilhão a partir de recursos captados lá fora – “um plano ambicioso, que dependerá de qualificação técnica e bons projetos”.

Em plantios florestais de menor escala com espécies nativas, o custo chega a R$ 14 mil por hectare, mas no caso de áreas regeneradas naturalmente, sem cultivo de mudas, o valor cai para R$ 3 mil a R$ 5 mil por hectare. Experimentos de campo têm chegado a modelos mais baratos. “Na Mata Atlântica e na Amazônia, a redução de custo atingiu 50%, em média, com uma combinação de espécies nativas e adubação verde”, revela Ricardo Rodrigues, pesquisador da Universidade de São Paulo/Esalq, em Piracicaba (SP). E o retorno financeiro com a exploração de madeira superou as expectativas. “Queremos agora medir o valor dos ganhos com os serviços ecossistêmicos da restauração.”

Os negócios podem ser favorecidos pelo surgimento de mecanismos de mercado, como a compra e venda de Cotas de Reserva Ambiental (CRA) [5], em desenvolvimento no Instituto BVRio. O presidente executivo, Pedro Moura Costa, é otimista: “A ficha está caindo; é maior o engajamento de produtores rurais e tudo indica que o setor deslanchará quando a situação econômica melhorar”.

Outro mecanismo, recém-lançado pela instituição, é a bolsa de comércio de madeira, com plano de movimentar US$ 200 milhões até dezembro. Como suporte às transações foi criado um aplicativo para que compradores (construtoras, serrarias, fabricantes de móveis, atacadistas e exportadores) possam rastrear a origem do produto ao passar o telefone sobre o código de barras da guia que o acompanha.

O Serviço Florestal Brasileiro estima que menos da metade das toras extraídas na Amazônia tem origem legal e sustentável. Mudar o cenário de competição desleal do produto predatório, que não paga impostos, é uma condição para a chegada de investimentos. Para o suprimento da demanda brasileira, estima-se a necessidade de multiplicar por dez a atual área de produção de madeira rastreada, até 2030. Plantar árvores é uma das soluções.

[1] Método que considera não apenas as reservas legais das propriedades rurais isoladamente, mas os benefícios ambientais, econômicos e sociais obtidos pela conexão delas com outras áreas de mata, em uma perspectiva mais ampla.

[2] É a principal fonte de emissões da economia brasileira, no total de 486 milhões de toneladas de carbono, segundo dados do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg) – 2015.

[3] O passivo ambiental a ser restaurado nas propriedades, após a implementação do Cadastro Ambiental Rural, é estimado em 20 milhões de hectares.

[4] Lançado em 2015, o BNDES Restauração Ecológica já recebeu 78 projetos para restauração de 20 mil hectares na Mata Atlântica, totalizando R$ 281 milhões.

[5] Mecanismo previsto no Código Florestal, no qual um proprietário sem Reserva Legal pode compensar o passivo comprando “cota” de floresta em outra área.

Aplicativo auxilia manejo da fauna silvestre e controle de doenças

– Visitantes de unidades de conservação e entorno podem contribuir com

monitoramento de zoonoses

As mudanças ambientais têm gerado grandes impactos sobre a biodiversidade, com

repercussão importante para a saúde humana e animal. Aids, ebola, zika vírus, febre

amarela silvestre… Esses são apenas alguns casos que podem ser citados de zoonoses,

doenças que circulam entre animais e pessoas. Com o objetivo de monitora-las antes

que cheguem às pessoas e assim proteger tanto os animais silvestres, quanto os

domésticos e os humanos, a Fiocruz e o Laboratório Nacional de Computação

Científica – LNCC do MCTI lançaram o Sistema de Informação em Saúde Silvestre –

SISS-Geo. Trata-se de um aplicativo com uma plataforma para recebimento de

informação dados e fotografias e, apesar de ser voltado principalmente para

especialistas e pesquisadores, pode receber a contribuição de qualquer interessado.

Ele disponibiliza aos usuários a visualização, em tempo real, de todos os registros e

uma ferramenta que permite cruzar informações com 39 mapas temáticos da base de

dados do governo federal. Os objetivos do SISS-Geo são integrar os registros de

animais realizados pelos cidadãos, especialistas e pesquisadores, a modelos

matemáticos e espaciais para detecção precoce de possíveis doenças na fauna

silvestre, gerar alertas verificáveis pelos órgãos competentes e pesquisadores, modelar

matematicamente os parâmetros que oportunizam a ocorrência de zoonoses e

divulgar e difundir boas práticas para saúde e a conservação da biodiversidade

brasileira. “Além dos objetivos específicos do projeto inicial, o SISS-Geo, é uma

ferramenta cuja organização e acessibilidade dos dados pode ser utilizada e

disponibilizada para os gestores de Parques, pois a partir das informações em sua área,

é possível identificar as áreas de ocorrência de espécies e manejar trilhas, programas

de visita guiada, áreas de reprodução, possíveis problemas com animais, utilização dos

UCs por animais domésticos e utilizar toda a plataforma de informações disponível.

Para gestores da saúde, pode auxiliar no monitoramento de surtos como os de febre

amarela e raiva em animais silvestres e com isso, a aplicação precoce de medidas de

prevenção, como a intensificação de vacinação humana. Pode ainda, ser ferramenta de

monitoramento de áreas de desastres ambientais, compensação ambiental por

empresas, criação de UCs e circulação de patógenos nas áreas de fronteira entre

ambientes naturais e de produção animal”, explica Marcia Chame, Coordenadora do

Programa Institucional Biodiversidade & Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, integrante

do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos uma das

coordenadoras da Câmara Técnica de Turismo e Montanhismo do Parnaso. O registro

de animais no campo ou na cidade, com a foto, e as descrições solicitadas pelo sistema

funciona mesmo em área remotas, pois localiza automaticamente por GPS o registro,

mesmo sem internet e telefonia celular, guardando todos os dados que serão enviados

quando o colaborador estiver em local com acesso a rede de dados. Dois conjuntos de

informações são necessárias: As das observações dos animais, como nome do animal

observado, o número de animais, se vivo ou morto, se apresenta ferimentos ou

alguma condição que pareça estranha e informações sobre o local onde a observação

do animal foi feita, se em área natural, rural ou urbana, se na presença ou próxima a

plantações, rios, pecuária, queimadas, desastres naturais, estradas, áreas de expansão

imobiliária, dentre outros. O SISS-Geo foi lançado em março de 2014 para

smartphones e tablets e hoje possui 750 participantes e 440 registros de animais

válidos, em 19 dos 26 estados brasileiros. O aplicativo pode ser baixado pela Google

Play para celulares Android (em breve também para IOS) ou acessando

www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br, para acesso web. Todos têm a ganhar com as

pesquisas Jorge Nascimento “Julião”, responsável pelo setor de uso público do Parque

Nacional da Serra dos Órgãos, lembra que a participação popular pode ampliar

consideravelmente o trabalho na área de pesquisa, cujos resultados,

consequentemente são benéficos não só à fauna, mas para toda a população. “Somos

a unidade com mais pesquisas no Brasil, dentre todas, mas as pesquisas em geral

acontecem em alguns poucos lugares. Então, a quantidade de informação científica é

muito grande, mas acontece em áreas limitadas do parque. Já a visitação compreende

mais áreas, então se o visitante fizer esses registros e enviar para o banco de dados, a

gente vai ter a oportunidade também de ter um banco maior que a gente tem hoje

feito através das pesquisas e servidores do parque”, lembra. Julião lembra ainda que o

Parnaso tem realizado diversas ações para que a comunidade o conheça e, dessa

forma, ajude a conservá-lo. O aplicativo SISS-Geo é mais uma maneira que cada um de

nós pode contribuir para a continuidade da fauna e flora, mas da nossa própria

espécie. “Temos aqui um histórico longo, mesmo antes de ser parque, do início do

século 19, de se fazer pesquisa nessa região, mas sempre por pesquisadores. Agora

estamos começando uma nova fase, a ciência cidadã, onde a sociedade participa dos

projetos de pesquisa da forma que já faz: visitando e tirando foto dos animais, que

agora vão para um banco de dados e nos permitirão fazer uma análise melhor,

permitindo melhorar o manejo da fauna de maneira geral”, enfatiza. “No Parnaso,

estamos desenvolvendo ferramentas específicas para os gestores e, em breve,

iniciaremos o treinamento com diversos usuários do Parque. Entre eles cabe ressaltar

a importância dos condutores de trilhas, os brigadistas de incêndios, os escaladores e

montanhistas, todo o pessoal da fiscalização e servidores do parque e da empresa

prestadora de serviço e comunitários interessados. Quanto maior o número de

pessoas envolvidas no monitoramento participativo maior será a informação e

capacidade de gestão das trilhas do Parque, especialmente as de alta montanha, das

áreas mais remotas e também daquelas próximas às comunidades”, completa Marcia

Chame.

Mudanças climáticas e desenvolvimento rural sustentável

Se vamos discutir um novo modelo de desenvolvimento, o primeiro ponto é quanto

custa o modelo do agronegócio se contabilizarmos os prejuízos ambientais.

O debate sobre o tema ocorreu na Fundação Perseu Abramo, dentro do Ciclo de

Debates – Uma agenda democrática para o Brasil Rural-, realizado em parceria com a

Fundação Friedrich Ebert Stitfung (FES), no dia 22 de fevereiro em São Paulo. A

questão ambiental, a posição do Brasil diante do mundo, os reflexos na política interna

e no desenvolvimento das populações do campo, tanto indígenas, como quilombolas,

ribeirinhos, extrativistas, ou que fazem parte dos 16,2 milhões de brasileiros que ainda

continuam na extrema pobreza – 47% na zona rural.

“- A persistência das crises econômica e ambiental coloca na ordem do dia o repensar

dos padrões de produção e consumo e estimula uma retomada em novas bases do

debate sobre o desenvolvimento das nações. Questões como o desmatamento,

contaminação dos solos, água e alimentos pelo uso de agrotóxicos geram conflitos

ambientais e afetam a saúde dos trabalhadores e da população, além dos conflitos

abertos com territórios indígenas e quilombolas pela incorporação de novas terras. Os

efeitos já visíveis das mudanças climáticas pressionam os países a assumirem novos

compromissos internacionais e a criarem as condições para o desenvolvimento

sustentável, abarcando suas dimensões econômica, social e ambiental”.

Desafio de estabelecer um novo desenvolvimento rural

O trecho faz parte do conceito do ciclo de debates, que pretende discutir as novas

funções da agricultura, o uso e gestão de recursos naturais e sobre as formas de viver e

produzir no meio rural. O Brasil enfrenta o desafio de estabelecer novas bases para o

desenvolvimento rural. Justamente a definição maior é essa: desafio. Participaram da

mesa Carlos Guedes, secretário do Ministério do Meio Ambiente para o extrativismo e

desenvolvimento rural, Luiz Antonio Carvalho, assessor especial do MMA, Nilto Tatto,

deputado federal do PT, Carmem Priscila Boschi, do MDS e Juliana Speranza, do MDS.

Entre os participantes representantes da Federação dos Trabalhadores da Agricultura

Familiar, do Movimento dos Sem Terra, da Central Única dos Trabalhadores entre

outros.

O ponto de partida é o documento Plano Nacional de Adaptação ao Clima, que envolve

os setores importantes da economia, reuniu representantes da sociedade civil, de

vários ministérios, e o volume atualizado tem 329 páginas. É a posição do Brasil diante

do mundo, onde 36% das emissões de carbono serão reduzidas até 2025 e 43% até

2030. São metas, como ressaltou Luiz Carvalho. No caso da agricultura o problema

brasileiro maior são as estratégias do agronegócio e das corporações para implantar

suas políticas independentes das ações governamentais, muitas delas dependentes das

ações dos governos estaduais e dos municípios. O Plano ABC lançado pelo Ministério

da Agricultura há dois anos prevê uma série de alterações estratégicas, como retomar

terras degradadas, incentivar o plantio direto, e recuperar áreas permanentes de

preservação ambiental – inclui fontes de água, solo e vegetação.

Propostas não saem do papel

O problema é a distância entre as estratégias governamentais e a realidade no campo.

Isso foi tema constante no debate. Como disse o deputado Nilto Tatto “precisamos

trazer para a política interna o que defendemos na proposta internacional”. O uso da

terra está no bojo da proposta brasileira, acentuou Luiz Carvalho. Os representantes

da Fetraf e do MST rebatem: se não há reforma agrária, se as políticas públicas em

benefício dos assentados não saem do papel, como falar em novo desenvolvimento

rural? O próprio Tatto acabara de voltar de uma viagem no eixo Bauru-Araçatuba onde

encontrou seis mil acampados na beira de estradas, em São Paulo. São 130 mil no

Brasil.

Claro, insistiram os representantes governamentais, o Brasil não pode abrir mão do

agronegócio, das suas divisas, dos dólares da balança comercial. A questão é: se vamos

discutir um novo modelo de desenvolvimento rural o primeiro ponto é quanto custa o

modelo do agronegócio, se contabilizarmos os prejuízos ambientais- água, solo,

biodiversidade, envenenamento por agrotóxico. A oportunidade de discutir a questão

frente às mudanças climáticas, como ressaltou Juliana Speranza, é traçar caminhos

novos, que questionem a fórmula atual: soja, algodão, milho, eucalipto, cana e boi,

expansão das fronteiras agrícolas no cerrado – a caixa d’água do Brasil- e da pecuária

na Amazônia.

Perda de terras com as mudanças climáticas

O Plano Nacional de Adaptação ao Clima, na parte da agricultura, enfatiza a

necessidade de inovação tecnológica, de desenvolver alternativas que permitam aos

agrossistemas se adaptar aos novos cenários climáticos. Além de elevar a

produtividade por área dos sistemas de cultivo de produtos alimentícios e de

pastagens. Esse é o discurso do agronegócio. Significa mais transgênico, mais

fertilizante nitrogenado, mais agrotóxicos. A fórmula das corporações é uma só: lucro

para os acionistas. Um trecho do Plano de Adaptação ao Clima:

“- Poderá ocorrer no Brasil, em função das mudanças climáticas uma redução de até

10,6 milhões de hectares de terras destinadas à agricultura em 2030. Com reduções

das áreas de florestas e matas nos estabelecimentos agrícolas, com aumento de áreas

de pastagem. A diminuição das áreas de baixo risco climático para o plantio de

produtos alimentares, como arroz, feijão e mandioca”.

Sem risco de retrocesso

Também haverá aumento da temperatura. Isso já é uma realidade regional no Brasil

em 2016. O novo paradigma que os movimentos sociais querem discutir e implantar

está ligada a defesa dos territórios da reforma agrária, dos indígenas e dos quilombolas

– situação congelada no momento – o lançamento do II Plano Nacional de

Agroecologia e Produção Orgânica, para se constituir uma linha alternativa de

desenvolvimento rural.

“- Para a criação de sistemas agrários resilientes é importante a promoção de

estratégias de adaptação baseados no fortalecimento tanto das comunidades como

dos ecossistemas”, como registra outro trecho do documento oficial na parte da

soberania alimentar e nutricional.

Com uma ressalva: “não pode existir risco de retrocesso nas conquistas recentes da

promoção da política de soberania alimentar e nutricional do país, por conta dos

efeitos negativos das mudanças do clima”.

O resto, como disse Luiz Antônio Carvalho vai ser embate entre conservadores e as

forças do campo democrático, tanto no Brasil, como no restante do mundo, para

assegurar uma transição, se é que teremos tempo para isso, de um sistema capitalista

carbonizado e outro tipo de desenvolvimento para as nações. No caso, o carbonizado,

sintetiza a essência do atual modelo econômico: concentrador de renda, poluidor,

contra a inclusão social, sendo que os maiores atingidos estão nas regiões rurais. O

debate continua dia 21 de março no auditório da Fundação Perseu Abramo com o

tema “Direito a terra e ao território”.

42% da energia produzida na Dinamarca vem dos ventos do país

Em 2015, a Dinamarca bateu o recorde de geração de energia eólica.

Sempre falamos sobre as diferentes formas de geração de energia. Um dia desses

compartilhamos um post lindo do site Pensador Anônimo sobre como construir o seu

próprio painel solar – nada mais que energia limpa de forma acessível.

Refletir essas formas já tem sido hábito no mundo todo! Desde o bairro alemão que

lucra com a venda de energia solar ao primeiro parque híbrido de energia renovável

aqui do Brasil, que fica logo ali, em São Francisco de Pernambuco. Tudo isso também

foi assunto na EXPO 2015, que rolou em Milão, e teve cobertura especial da Fe Cortez,

lembram?

Agora que você já sabe a importância de tratarmos isso, vale relembrar que: energia

limpa, não libera durante seu processo de produção ou consumo, resíduos ou gases

poluentes geradores do efeito estufa e do aquecimento global – como é o caso da

eólica e da solar. As fontes de energia que liberam quantidades muito baixas destes

gases ou resíduos também são consideradas fontes de energia limpa. É bom saber

também que, energia renovável é oriunda dos recursos naturais – vento, sol, chuva,

rios, etc. Já a não renovável, tem origem de petróleo, carvão mineral, gás natural e por

aí vai. Hora da boa notícia (amamos <3): em 2015, a Dinamarca bateu o recorde de

geração de energia eólica! \o/ 42% da eletricidade produzida veio dos ventos do país.

Segundo o site Planeta Sustentável, durante 60 dias do ano, algumas regiões do oeste

do país foram capazes de produzir mais energia eólica do que conseguiam consumir.

Em um dia de julho, com rajadas particularmente fortes, a Dinamarca produziu 140%

da sua demanda elétrica só com as turbinas eólicas. O excesso de energia foi vendido

para a Alemanha, Noruega e Suécia. No dia 2 de setembro, o país operou com todas as

centrais de energia desligadas, usando energia eólica, de painéis solares e de outras

fontes renováveis, importadas dos vizinhos. Tudo isso foi realizado enquanto duas de

suas principais fazendas eólicas estavam desligadas, devido a problemas técnicos. Se

elas estivessem funcionando, o número total poderia pular de 42% para 43,5%.

Ainda serão necessários alguns ajustes para que todo o processo dinamarquês ocorra

perfeitamente. Mas de qualquer forma, que sirvam de exemplo para outros países,

governos, projetos, e que consigam atingir a meta de 50% de energia eólica até 2020.

O planeta e o Menos 1 lixo agradecem e mandam “energias positivas”!

'Bola de fogo' explode sobre Atlântico a mil quilômetros da costa do Brasil

Bola de fogo é a maior desde queda de rocha espacial na Rússia em 2013.

O maior meteoro já visto desde o que atingiu a cidade russa de Chelyabinsk há 3 anos

entrou na atmosfera da Terra sobre o oceano Atlântico – perto do Brasil.

O evento, que só foi divulgado agora, ocorreu às 11h55 do dia 6 de fevereiro.

Ao queimar-se na atmosfera, a rocha espacial liberou o equivalente a 13 mil toneladas de

TNT.

Esse é o evento mais grandioso do gênero desde o ocorrido em Chelyabinsk, em 15 de

fevereiro de 2013. O meteoro que atingiu a região liberou 500 mil toneladas de TNT.

Mais de mil pessoas foram feridas na ocasião – a maioria atingidas por estilhaços de vidro

de janelas.

Costa brasileira

Já a bola de fogo sobre o Atlântico provavelmente passou despercebida. Ela se desintegrou

a cerca de 30 quilômetros sobre a superfície do mar, a 1000 quilômetros da costa brasileira.

A Nasa listou o acontecimento em uma página de internet que relata a ocorrência de

meteoros e bolas de fogo.

Cerca de 30 pequenos asteroides (que medem entre 1 e 20 metros) entram na atmosfera

da Terra anualmente, segundo pesquisas científicas.

Como a maior parte da superfície terrestre é coberta por água, maioria deles cai nos

oceanos e não afeta áreas habitadas.

Cantareira registra nova alta nesta quarta-feira

Choveu mais de 90% do esperado para o mês na região.

Dois outros sistemas registraram alta e outros dois, queda.

O nível de água do Sistema Cantareira, que abastece a capital e outras cidades da Grande

São Paulo, subiu novamente nesta quarta-feira (24), após chover 0,8 mm no reservatório.

De acordo com o site da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp), o índice registrado foi

de 51,1% do total da capacidade. O sistema operava com 50,7% na terça-feira (23). O

acumulado de chuva em fevereiro é de 184,3 mm, mais de 90% do esperado para o mês..

Segundo a Sabesp, o sistema Cantareira atende agora 5,7 milhões de pessoas na região

metropolitana. Já o Sistema Guarapiranga, que foi o maior produtor de março a dezembro

de 2015, atende 5,2 milhões, ou 500 mil a menos.

O Guarapiranga se tornou o maior fornecedor de água em março do ano passado para

"socorrer" o Sistema Cantareira, que na ocasião estava com 12,9% da capacidade. Antes da

crise hídrica em São Paulo, o sistema abastecia 8,8 milhões de pessoas.

Dos outros cinco sistemas que abastecem São Paulo, dois subiram, Alto Tietê e

Guarapiranga, dois caíram Alto Cotia e Rio Grande, e Rio Claro se manteve estável..

Índices

Após uma ação do Ministério Público (MP), aceita pela Justiça, a Sabesp passou a divulgar

outros dois índices do Cantareira. O segundo está em 39,5% e considera o volume

armazenado na capacidade total, incluída a área do volume morto. O terceiro índice leva

em consideração o volume armazenado menos o volume morto na área total dos

reservatórios e também se manteve em 21,8% nesta manhã.

No mês passado, as represas receberam 248,4 mm, o equivalente a 94,4% do esperado

para todo o mês. Em 30 de dezembro de 2015, o Sistema Cantareira deixou a dependência

do volume morto após 19 meses.

O Cantareira chegou a atender 9 milhões de pessoas só na Região Metropolitana de São

Paulo, mas atualmente abastece 5,4 milhões por causa da crise hídrica que atingiu o estado

em 2014. Os sistemas Guarapiranga e o Alto Tietê absorveram parte dos clientes, para

aliviar a sobrecarga do Cantareira durante o período de estiagem.