santos, m. p *,1 ;herrera, m.v. s 1 ; oliveira-almeida, i. r 1 ; senhorini, j. a 2.;...

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Santos, M. P *,1 ;Herrera, M.V. S 1 ; Oliveira-Almeida, I. R 1 ; Senhorini, J. A 2 .; Veríssimo- Silveira, R 1 .; Ninhaus-Silveira, A 1 . ANÁLISE COMPARATIVA DA EMBRIOGÊNESE DO CACHARA (Pseudoplatystoma reticulatum) COM O HÍBRIDO PROVENIENTE DO CRUZAMENTO DO CACHARA COM O PINTADO (Pseudoplatystoma corruscans ). KUBITZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. Campo Grande: [s.n.], 1998. 60 p. Apostila. GOMES, Levy de Carvalho; GOLOMBIESKI, Jaqueline Ineu; GOMES, Adriana Regina Chippari and BALDISSEROTTO, Bernardo. Biology of Rhamdia quelen (Teleostei, Pemelodidae). Ciência Rural. 2000, vol.30, n.1, pp. 179-185 . FAUSTINO, F; NAKAGHI, L. S.; MARQUES, C; MAKINO, L. C.; SENHORINI, J. A. Fertilização e Desenvolvimento Embrionário: morfometria e análise estereomicroscópica dos ovos dos híbridos de Surubins (pintado, Pseudoplatystoma corruscans x cachara, Pseudoplatystoma reticulatum). Maringá, v.29, n.1, p.49-55, 2007. VAZZOLER, A.E.A.M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. NUPÉLIA. Maringá: EDUEM, 169 p. 1996. SATO, Y. Reprodução de peixes da bacia do rio São Francisco: Indução e caracterização de padrões. Tese (Doutorado). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP. 179 p.1999. A. B. C . D . E. D. A. Figura 4. Estágio do desenvolvimento Embrionário do híbrido. Clivagem: A – 4 blastômeros; B – 8 blastômeros; C – mórula; Segmentação: D – cauda solta, vesícula óptica; E – Larva em desenvolvimento. Legenda: b – blastômero; bl – blastoderme; * - vesícula óptica; s – somitos; br - barbilhão b bl b * s br INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO REFERÊNCIAS Híbrido Cachara x Pintado (T°C= 24°C) Cachara (T°C = 27°C) Tempo (Horas) Estágio Tempo (Horas) Estágio 0-0,40 Zigoto 0,2-0,5 Zigoto 0,60 Clivagem 0,15-0,25 Clivagem 0,70 Clivagem 0,30 Clivagem 0,80 Clivagem 0,50 Clivagem 0,90 Clivagem 0,60 Clivagem 1,10 Clivagem 1,10 Clivagem 1,70 Clivagem 1,20 Clivagem 1,90 Clivagem 1,30 Clivagem 2,90 Gástrula 1,40 Blástula 3,90 Gástrula 1,50 Gástrula 4,90 Gástrula 2,00 Gástrula 5,90 Gástrula 3,00 Gástrula 7,90 Segmentação 4,00 Gástrula 9,90 Segmentação 5,00 Gástrula 11,10 Larval 6,00 Segmentação 11,90 Larval 7,00 Segmentação 12,90 Larval 8,00 Segmentação 24,00 Eclosão 9,00 Segmentação - - 10,00 Larval - - 11,00 Larval - - 12,00 Larval - - 13,00 Eclosão E. Os estudos sobre híbridos nas pisciculturas estão em constante crescimento, devido, principalmente, à demanda por peixes com características zootécnicas mais atrativas. Com isso, sabe-se também que o escape destes animais para o meio ambiente torna-se inevitável. A espécie Pseudoplatystoma reticulatum, conhecida no Brasil como cachara ou surubim, pertence ao grupo dos Siluriformes, que, juntamente com o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), representa um grupo de grande importância no setor aquícola nacional (Kubitza, 1998). O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de identificar e descrever os diferentes estágios do desenvolvimento do híbrido de cachara (P reticulatum) e pintado (P. corruscans), promovendo a partir daí uma análise comparativa da embriogênese deste híbrido com a do seu parental cachara. Foram utilizados exemplares adultos e maduros de um plantel de reprodutores existente no CEPTA/ICMBIO, em Pirassununga / SP. Os exemplares coletados foram submetidos à fertilização induzida com solução de macerado de hipófise de carpa, Cyprinus carpio. Os ovos foram incubados em incubadoras verticais. A coleta das amostras foi iniciada a partir do momento em que os ovos foram incubados, de 10 em 10 minutos nas primeiras duas horas e, a seguir, em intervalos de uma hora até a eclosão das larvas. As amostras foram fixadas em Solução de Karnovsky e processadas, analisadas e fotografadas sob estereomicroscópio no Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO./UNESP. Foram definidos seis estágios para descrição da embriogênese; zigoto, clivagem (com dois, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois e sessenta e quatro blastômeros), blástrula, gástrula (com 25, 50, 75 e 90% do movimento de epibolia), segmentação e larval. A embriogênese do P. reticulatum transcorreu por um período de 13 horas, desde a fertilização até a eclosão das larvas, a uma temperatura média de 27°C. O período de incubação do híbrido foi de 24 horas, a uma temperatura de 24°C. Gomes et al. (2000) relatam que a temperatura da água influencia diretamente o tempo de desenvolvimento embrionário de peixes tropicais, o que pode justificar a diferença observada no tempo de incubação dos dois cruzamentos. Segundo Faustino et al. (2007), o período de incubação à temperatura de 27°C a 29C, de um híbrido de P. corruscans com P. reticulatum estendeu-se de 13 a 14 horas. A diferença de temperatura entre os dois cruzamentos exerceu mais influência sobre a organogênese durante a diferenciação dos primeiros órgãos, sendo que no híbrido (figura 1.G) este estágio estendeu-se por 16,1 horas e na cachara (figura 1.H), por 7 horas, não exercendo diferença significativa nos estágios de clivagem e de gastrulação. Os ovos dos surubins geralmente eclodem em aproximadamente 20 horas a uma temperatura de 24°C, sendo liberados livres na coluna d’água e apresentando coloração amarelada (VAZZOLER, 1996; SATO, 1999). A distribuição da pigmentação e dos barbilhões ocorreu de forma semelhante para os dois cruzamentos, sendo que, na cachara, a pigmentação se concentrou mais na região caudal com a evolução do seu desenvolvimento e os barbilhões se desenvolveram logo abaixo dos olhos, próximos à cavidade oral. Os ovos de surubins são classificados como telolécitos, apresentando-se esféricos e translúcidos. Os ovos do híbrido de P. reticulatum e P. corruscans apresentam as mesmas características quanto à forma, coloração e transparência dos ovos de P. corruscans (MARINHO, 2007), não podendo ser distinguidos no meio. APOIO Quadro 1. Desenvolvimento embrionário do híbrido de Cachara (P. reticulatum) com Pintado (P.corruscans) e do parental Cachara. Figura 1. Pseudoplatystoma reticulatum Figura 2. Pseudoplatystoma corruscans Figura 3. Híbrido de Cachara com Pintado B. C . 1 Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO., Dep. Biologia e Zootecnia, Unesp - Ilha Solteira. *[email protected] 2 CEPTA/ ICMBIO – Pirassununga-SP .Figura 5. Estágio do desenvolvimento Embrionário de Cachara. Clivagem: A – 4 blastômeros; B – 8 blastômeros; C – Mórula; Segmentação: D – cauda solta, vesícula óptica; E – Larva em desenvolvimento.

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Page 1: Santos, M. P *,1 ;Herrera, M.V. S 1 ; Oliveira-Almeida, I. R 1 ; Senhorini, J. A 2.; Veríssimo-Silveira, R 1.; Ninhaus-Silveira, A 1. ANÁLISE COMPARATIVA

Santos, M. P*,1 ;Herrera, M.V. S 1; Oliveira-Almeida, I. R 1; Senhorini, J. A2.; Veríssimo-Silveira, R1.; Ninhaus-Silveira, A1.

ANÁLISE COMPARATIVA DA EMBRIOGÊNESE DO CACHARA (Pseudoplatystoma reticulatum) COM O HÍBRIDO PROVENIENTE DO CRUZAMENTO DO CACHARA COM O PINTADO

(Pseudoplatystoma corruscans).

ANÁLISE COMPARATIVA DA EMBRIOGÊNESE DO CACHARA (Pseudoplatystoma reticulatum) COM O HÍBRIDO PROVENIENTE DO CRUZAMENTO DO CACHARA COM O PINTADO

(Pseudoplatystoma corruscans).

KUBITZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. Campo Grande: [s.n.], 1998. 60 p. Apostila.GOMES, Levy de Carvalho; GOLOMBIESKI, Jaqueline Ineu; GOMES, Adriana Regina Chippari and BALDISSEROTTO, Bernardo. Biology of Rhamdia quelen (Teleostei, Pemelodidae). Ciência Rural. 2000, vol.30, n.1, pp. 179-185 .FAUSTINO, F; NAKAGHI, L. S.; MARQUES, C; MAKINO, L. C.; SENHORINI, J. A. Fertilização e Desenvolvimento Embrionário: morfometria e análise estereomicroscópica dos ovos dos híbridos de Surubins (pintado, Pseudoplatystoma corruscans x cachara, Pseudoplatystoma reticulatum). Maringá, v.29, n.1, p.49-55, 2007.VAZZOLER, A.E.A.M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. NUPÉLIA. Maringá: EDUEM, 169 p. 1996.SATO, Y. Reprodução de peixes da bacia do rio São Francisco: Indução e caracterização de padrões. Tese (Doutorado). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP. 179 p.1999.MARINHO, S. A. M. Sobrevivência e Crescimento de Larvas de Surubim Pseudoplatystoma corruscans (SPIX & AGASSIZ, 1829) sob Diferentes Condições Alimentares. Dissertação – Pós Graduação.Universidade Federal Rural de Pernambuco.Recife. 2007.

A. B. C. D.

E.

D.A.

Figura 4. Estágio do desenvolvimento Embrionário do híbrido. Clivagem: A – 4 blastômeros; B – 8 blastômeros; C – mórula; Segmentação: D – cauda solta, vesícula óptica; E – Larva em desenvolvimento. Legenda: b – blastômero; bl – blastoderme; * - vesícula óptica; s – somitos; br -barbilhão

b bl

b

*

s

br

INTRODUÇÃO

MATERIAL E MÉTODOS

RESULTADOS E DISCUSSÃO

REFERÊNCIAS

Híbrido Cachara x Pintado (T°C= 24°C) Cachara (T°C = 27°C)

Tempo (Horas) Estágio Tempo (Horas) Estágio

0-0,40 Zigoto 0,2-0,5 Zigoto

0,60 Clivagem 0,15-0,25 Clivagem

0,70 Clivagem 0,30 Clivagem

0,80 Clivagem 0,50 Clivagem

0,90 Clivagem 0,60 Clivagem

1,10 Clivagem 1,10 Clivagem

1,70 Clivagem 1,20 Clivagem

1,90 Clivagem 1,30 Clivagem

2,90 Gástrula 1,40 Blástula

3,90 Gástrula 1,50 Gástrula

4,90 Gástrula 2,00 Gástrula

5,90 Gástrula 3,00 Gástrula

7,90 Segmentação 4,00 Gástrula

9,90 Segmentação 5,00 Gástrula

11,10 Larval 6,00 Segmentação

11,90 Larval 7,00 Segmentação

12,90 Larval 8,00 Segmentação

24,00 Eclosão 9,00 Segmentação

- - 10,00 Larval

- - 11,00 Larval

- - 12,00 Larval

- - 13,00 Eclosão

E.

Os estudos sobre híbridos nas pisciculturas estão em constante crescimento, devido, principalmente, à demanda por peixes com características zootécnicas mais atrativas. Com isso, sabe-se também que o escape destes animais para o meio ambiente torna-se inevitável.

A espécie Pseudoplatystoma reticulatum, conhecida no Brasil como cachara ou surubim, pertence ao grupo dos Siluriformes, que, juntamente com o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), representa um grupo de grande importância no setor aquícola nacional (Kubitza, 1998).

O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de identificar e descrever os diferentes estágios do desenvolvimento do híbrido de cachara (P reticulatum) e pintado (P. corruscans), promovendo a partir daí uma análise comparativa da embriogênese deste híbrido com a do seu parental cachara.

Foram utilizados exemplares adultos e maduros de um plantel de reprodutores existente no CEPTA/ICMBIO, em Pirassununga / SP. Os exemplares coletados foram submetidos à fertilização induzida com solução de macerado de hipófise de carpa, Cyprinus carpio. Os ovos foram incubados em incubadoras verticais.

A coleta das amostras foi iniciada a partir do momento em que os ovos foram incubados, de 10 em 10 minutos nas primeiras duas horas e, a seguir, em intervalos de uma hora até a eclosão das larvas.

As amostras foram fixadas em Solução de Karnovsky e processadas, analisadas e fotografadas sob estereomicroscópio no Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO./UNESP.

Foram definidos seis estágios para descrição da embriogênese; zigoto, clivagem (com dois, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois e sessenta e quatro blastômeros), blástrula, gástrula (com 25, 50, 75 e 90% do movimento de epibolia), segmentação e larval. A embriogênese do P. reticulatum transcorreu por um período de 13 horas, desde a fertilização até a eclosão das larvas, a uma temperatura média de 27°C. O período de incubação do híbrido foi de 24 horas, a uma temperatura de 24°C.

Gomes et al. (2000) relatam que a temperatura da água influencia diretamente o tempo de desenvolvimento embrionário de peixes tropicais, o que pode justificar a diferença observada no tempo de incubação dos dois cruzamentos. Segundo Faustino et al. (2007), o período de incubação à temperatura de 27°C a 29C, de um híbrido de P. corruscans com P. reticulatum estendeu-se de 13 a 14 horas.

A diferença de temperatura entre os dois cruzamentos exerceu mais influência sobre a organogênese durante a diferenciação dos primeiros órgãos, sendo que no híbrido (figura 1.G) este estágio estendeu-se por 16,1 horas e na cachara (figura 1.H), por 7 horas, não exercendo diferença significativa nos estágios de clivagem e de gastrulação. Os ovos dos surubins geralmente eclodem em aproximadamente 20 horas a uma temperatura de 24°C, sendo liberados livres na coluna d’água e apresentando coloração amarelada (VAZZOLER, 1996; SATO, 1999).

A distribuição da pigmentação e dos barbilhões ocorreu de forma semelhante para os dois cruzamentos, sendo que, na cachara, a pigmentação se concentrou mais na região caudal com a evolução do seu desenvolvimento e os barbilhões se desenvolveram logo abaixo dos olhos, próximos à cavidade oral.

Os ovos de surubins são classificados como telolécitos, apresentando-se esféricos e translúcidos. Os ovos do híbrido de P. reticulatum e P. corruscans apresentam as mesmas características quanto à forma, coloração e transparência dos ovos de P. corruscans (MARINHO, 2007), não podendo ser distinguidos no meio.

APOIO

Quadro 1. Desenvolvimento embrionário do híbrido de Cachara (P. reticulatum) com Pintado (P.corruscans) e do parental Cachara.

Figura 1. Pseudoplatystoma reticulatum

Figura 2. Pseudoplatystoma corruscans

Figura 3. Híbrido de Cachara com Pintado

B. C.

1Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO., Dep. Biologia e Zootecnia, Unesp - Ilha Solteira. *[email protected] 2CEPTA/ ICMBIO – Pirassununga-SP

.Figura 5. Estágio do desenvolvimento Embrionário de Cachara. Clivagem: A – 4 blastômeros; B – 8 blastômeros; C – Mórula; Segmentação: D – cauda solta, vesícula óptica; E – Larva em desenvolvimento.