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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PERÍCIA AMBIENTAL ELIANI SILVEIRA VIANA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANITÁRIA NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA CUIABÁ - MATO GROSSO 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E PERÍCIA AMBIENTAL

ELIANI SILVEIRA VIANA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANITÁRIA NA MELHORIA DA QUALIDADE

DE VIDA

CUIABÁ - MATO GROSSO

2016

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ELIANI SILVEIRA VIANA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANITÁRIA NA MELHORIA DA QUALIDADE

DE VIDA – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Coordenação do Curso

de Gestão e Perícia Ambiental da

Universidade Federal de Mato Grosso,

Instituto de Biociências, sob a orientação

da Prof.ª MSc. Solange Fátima de

Oliveira Cruz.

CUIABÁ-MATO GROSSO

2016

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ELIANI SILVEIRA VIANA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANITÁRIA NA MELHORIA DA QUALIDADE

DE VIDA – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Coordenação do Curso

de Gestão e Perícia Ambiental da

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Biociências sob a orientação

da ProfªMSc. Solange Fátima de Oliveira

Cruz.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ ProfªMSc. Solange Fátima de Oliveira Cruz (SEMA – MT)

(Orientadora)

________________________________________

Prof.........................................

(Examinador/a)

________________________________________

Prof..............................................

(Examinador/a)

Cuiabá – Mato Grosso

2016

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos

Antônio Henrique e Alexandre, razões de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por me dar saúde e força de vontade para ir até o término do

curso e por me permitir realizar mais um, entre muitos outros sonhos.

À Prof.ª. MSc. Solange Fátima de Oliveira Cruz, minha orientadora que de forma

prestativa não mediu esforços para o auxílio e orientação, para que esse trabalho viesse

a ser realizado. Sem a sua ajuda não teria sido possível, porque ela aceitou dividir

comigo o desafio deste trabalho.

Ao professor Germano Guarim Neto que se dedicou à execução e realização do curso.

Aos colegas de turma da Especialização em Gestão e Perícia Ambiental que juntamente

comigo estiveram durante todo esse período nas horas difíceis, de descontração e

conhecimentos compartilhados.

A todos os professores do curso por todo o conhecimento transmitido.

E especialmente a minha família pelo apoio e por toda a colaboração.

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RESUMO

O meio ambiente já está degradado ou dá seus últimos suspiros no Brasil e no mundo. A

preocupação com a preservação ou reconstituição é grande, porque não é uma ação de

curto prazo.

Esta consciência foi-nos esclarecida a partir do convívio com os vários autores que são

estudiosos do tema Educação e Gestão do meio ambiente. Fizeram com que

percebêssemos a importância da postura cidadã, trabalho coletivo, Educação para o

meio ambiente nas instituições educacionais em metodologia interdisciplinar.

A pesquisa bibliográfica e qualitativa teve como objetivo registrar as concepções dos

grandes autores do tema e de que forma eles propõem alternativas de solução. Para isso,

este TCC está dividido em subtítulos, todos eles discutindo causas e consequências,

refletindo que, mais que homem e natureza, há uma grande dificuldade nas relações que

extrapolam o e/ou. Manter o ambiente e a ideia de sustentabilidade é de natureza

plurimotivacional, principalmente de vontade política, além de questão inter e

transdisciplinar.

Palavras-chave: Educação ambiental, Gestão ambiental, interdisciplinaridade, cidadania.

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ABSTRACT

The environment is already degraded or gives their last breath in Brazil and in the

world. The concern with the preservation or reconstitution is great, because it isn’t a

short-term action.

This awareness was explained to us from the conviviality with the several authors who

are scholars Education and Environmental management. They made us realize the

importance of citizen posture, collective work, and education for the environment in

educational institutions in interdisciplinary approach.

The literature and qualitative research aimed to register the conceptions of the great

authors of the theme and how they propose alternative solutions. For this reason, the

TCC is divided into subheadings, all of them discussing causes and consequences,

reflecting that more than man and nature, there is a great difficulty in relationships

which extrapolate and / or. Keep the environment and the idea of sustainability is of

nature plurimotivacional, mainly of political will, in addition to issue inter- and

transdisciplinary.

Keywords: Environmental education, environmental management, interdisciplinarity,

citizenship.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................9

2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, LEGAIS

E METODOLÓGICOS...........................................................................................13

2.1 Aspectos Legais da Educação Ambiental.........................................................13

2.2 Objetivos e função da Educação ambiental......................................................15

2.3 Aspectos metodológicos da educação ambiental...............................................18

3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO

INSTRUMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL ........................................................20

4 O SANEAMENTO BÁSICO E A SAÚDE AMBIENTAL.......................................23

5 DOENÇAS RELACIONADAS À FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO.............28

6 A PERCEPÇÃO AMBIENTAL E A GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS.....29

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................32

8 REFERÊNCIAS.....................................................................................................33

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1. INTRODUÇÃO

Comunidades biológicas que levaram milhões de anos para se desenvolver vêm

sendo devastadas pelo homem em toda a Terra. A lista de transformações de sistemas naturais

que estão diretamente relacionadas à atividade humana é longa. Inúmeras espécies

diminuíram rapidamente, algumas até o ponto de extinção, em consequência da caça

predatória, destruição do habitat e a ação de novos predadores e competidores. Ciclos naturais

hidrológicos e químicos vêm sendo perturbados pela devastação de terras. Bilhões de

toneladas de solo então vão parar em rios, lagos e oceanos a cada ano. A diversidade genética

diminui, inclusive entre espécies com grandes populações. Essas ameaças à diversidade

biológica estão aumentando devido às demandas de uma população humana que cresce

rapidamente e aos contínuos avanços tecnológicos, segundo PRIMACK E RODRIGUES

(2001).

De acordo com Pinho (2001) et al. Viana (2006), a crise ambiental que vivemos na

atualidade se estende em dimensões mundiais devido aos problemas enfrentados quanto à

exploração dos recursos e dos espaços naturais. O homem se vê em meio a uma crise de

subsistência e esgotamento das fontes de extração desses recursos. E, em meio ao caos

instaurado, procura-se uma solução. Nos espaços urbanos, notadamente encontramos grandes

problemas ambientais devido à falta de aplicação correta das políticas públicas, problemas

esses que se tornam sociais e econômicos, já que afetam diretamente a população como

moradias adequadas, segurança pública, contaminação do solo, da água e do ar devido às

consequências de ausência de saneamento básico e a extinção de espaços verdes primordiais à

qualidade ambiental que pouco a pouco vão sendo devastados nas áreas urbanas.

De acordo com Lima (1999), o planejamento ambiental constitui um requisito

essencial para o desenvolvimento sustentado em ecossistemas urbanos. Este instrumento deve

ser apoiado por uma orientação técnica e política de gestão municipal voltada à valorização de

atributos de paisagem, a manutenção de processos ecológicos essenciais.

De acordo com Vieira (1992), todas essas ações têm se intensificado a ponto de haver

o temor de as condições de sobrevivência de todas as espécies e da vida, incluindo-se humana,

estarem comprometidas, considerando que, ultrapassado o limite de exploração, não haveria

condições de retorno no nível de degradação viável para a vida na Terra se recompor.

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De acordo com Romeiro (1999), a utilização sustentada de recursos naturais e a outros

princípios fundamentais relacionados são fundamentais para qualidade de vida das pessoas e

da vida silvestre, bem como à conservação de recursos hídricos, solos e atmosfera.

De acordo com os autores FORMAGGIO et al. (1992), HOUGH (1983), LIMA

(1994), a aplicação do conceito de sustentabilidade ao urbano tem sido destacada por vários,

como um processo muito lento. A conservação de paisagens e áreas verdes naturais como

componentes do sistema urbano é pouco explorada por parte do poder público municipal,

decorrendo muitas vezes da imposição da legislação para preservá-las ou de movimentos

preservacionistas.

Buzatto et al.(CRUZ, 2000), relatam que, atividades econômicas exploratórias dos

recursos naturais ligadas à ocupação irregular do território são os maiores responsáveis pela

situação crítica que vivemos na atualidade em relação ao meio ambiente. São fatores

preocupantes pelo fato de ameaçarem a vida do homem e do planeta.

Já Shultz et al., (CRUZ, 2002), os problemas causados pela degradação ambiental

avançam em velocidade maior nos países em desenvolvimento como o Brasil que é o maior

culpado pela degradação ambiental. Os fenômenos sociais como a desigualdade social e a

concentração da riqueza e consequente exploração da população carente e suprimida são

propulsores da lastimável situação.

De acordo com Penteado et al. (CRUZ, 2000), para que se possa preservar a vida na

Terra com produtividade e saúde, há necessidade de que se encontrem soluções imediatas

para os dados ligados ao meio ambiente. Também conforme Azevedo et al., (CRUZ, 2000), a

crise ambiental é também considerada uma crise de valores humanos e éticos. Conforme os

mesmos autores, os problemas atuais são também socioambientais e históricos do ser humano

e de como este se relaciona com a natureza.

De acordo com Cruz e Daldegan (1999), um dos problemas mais graves da atualidade,

no que diz respeito ao meio ambiente, é a poluição das águas. De acordo com os autores,

fontes poluidoras como esgotos domésticos, graças ao crescimento acelerado e desordenado

da população em níveis mundiais, produção industrial e o uso de fertilizantes sintéticos para o

aumento da produção agrícola causam danos graves aos rios e consequentes prejuízos sociais

e econômicos.

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Para Brasil (1997), a crise ambiental aponta para a necessidade de buscar novas

formas de valores, de pensar coletiva e individualmente na sociedade. É a transformação das

culturas. Necessidade de por fim à exclusão social, à exploração nas relações sociais e por um

fim nas desigualdades.

De acordo com Pinho (2001), as áreas de preservação permanente vêm sofrendo ação

antrópica em quase todo o território nacional. Sua redução provoca o chamado assoreamento

que aumenta o processo erosivo do solo, reduz a biodiversidade e degrada a área de entorno

com o chamado efeito de borda. O crescimento desordenado da população e a exploração

irracional dos recursos ambientais diminuem o volume de água nos rios e provoca a extinção

de nascentes, córregos. Tudo somado, ocasiona mudanças climáticas, degradação do solo e o

aparecimento de pragas e doenças. Por isso, nas últimas décadas, este assunto tem sido tema

de discussão em nível mundial, pois aumentam as preocupações com o lugar onde vivemos e

o que deixaremos para as próximas gerações. O desenvolvimento econômico é o maior

responsável por essas alterações, diminuem-se os recursos naturais e as áreas verdes estão

cada dia menores.

Para Brasil (1997), a demanda por produtos e recursos da natureza é derivada de uma

formação econômica que o homem adotou, tendo necessidade de produzir em larga escala.

Trata-se de um modelo de desenvolvimento injusto. A demanda emana de uma força

gananciosa e não exatamente da necessidade humana por alimentos, o que acarreta em

exploração dos recursos naturais e humanos com a inserção de escalas globais em

desigualdades sociais, pois os mais explorados encontram-se justamente nos países em

desenvolvimento.

O principal objetivo deste trabalho monográfico é contribuir para uma reflexão sobre a

importância da educação ambiental na minimização da pressão antrópica sobre os recursos

naturais e, consequentemente, sobre a biodiversidade; levantar informações sobre a percepção

ambiental dos indivíduos no meio onde vivem; avaliar s as alterações que se relacionam com

o saneamento e sobretudo avaliar a importância da educação ambiental como ferramenta da

gestão ambiental.

Com a finalidade de dissertar sobre o tema, realizaram-se levantamentos bibliográficos

e entrevistas semi-estruturadas com duas Secretárias Municipais de Meio Ambiente do Estado

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de Mato Grosso. Uma do município de Várzea Grande e outra de município de Lucas do Rio

Verde. As questões abordadas estão listadas a seguir:

1. O que significa o ordenamento ambiental para a conservação dos recursos naturais?

2. A Educação Ambiental pode ajudar no trabalho de um gestor público para a conservação

dos recursos naturais e, consequentemente, na biodiversidade?

3. Na sua opinião, qual o maior desafio de um secretário de Meio Ambiente?

4. Qual a importância da gestão ambiental para o saneamento ambiental?

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2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, LEGAIS E

METODOLÓGICOS

A educação ambiental teve seu desabrochar no início da década de 1970 com a

conferência de Estocolmo em 1972, com a proposta de que o ensino fosse multidisciplinar em

todos os níveis de ensino. Em 1975, ocorre o Seminário Internacional sobre Educação

Ambiental em Belgrado, onde se determinavam os princípios básicos da educação ambiental.

Em 1987, ocorre a II Conferência de Moscou, organizada pela UNESCO, onde se traçavam

planos para a década de 90. Em 1992, ocorre a Rio 92 no Rio de Janeiro, quando foi elaborada

a Agenda 21, proposta que traçava o plano sobre o desenvolvimento sustentável e que

também se propagava a educação ambiental como proposta dentro do documento e a Carta da

Terra, JACOBI, (1999).

2.1 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCACAO AMBIENTAL

De acordo com o art. 225 da Constituição Federal, “todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A Lei 6.938 de 1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiental e enfatiza a

educação ambiental em todos os níveis de ensino, no artigo 10, inciso X e a Constituição de

1988, em seu artigo. 225, § 1o, inciso IV, atribui ao Poder Público a competência de

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para

a preservação do meio ambiente. E, ainda, que todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação

Ambiental BRASIL (2012), conforme os artigos 9º e 13º dessa Lei,

“Art. 9º. Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no

âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I -

educação básica; a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II -

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educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação

de jovens e adultos."

e:

Art. 13º. Entende-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas

educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à

sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. (BRASIL,

2012).

Também a Lei Diretrizes e Bases da educação (LDB) não trata especificamente da

educação ambiental, mas de maneira implícita traz referência aos seus objetivos e

características. No artigo 26, § 1º, informa que os currículos de Ensino Médio e Fundamental

devem abranger, obrigatoriamente, “(...), o conhecimento do mundo físico e natural e da

realidade social e política, especialmente do Brasil.” O artigo 32 diz que o Ensino

Fundamental terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante a compreensão do

ambiente natural e social do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamentam a sociedade.

Segundo Marodin, Barba e Morais (2004), a Educação Ambiental visa o

desenvolvimento sustentável e tem como objetivo a mudança de hábitos engessados na

sociedade, possibilitando assim que as gerações futuras possam fazer uso dos recursos

naturais disponíveis atualmente.

Jacobi (2003) entende que a Educação Ambiental é condição necessária para modificar

um quadro de crescente degradação socioambiental, sendo considerada uma ferramenta de

mediação utilizada entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos

sociais para a construção das transformações desejadas.

Frade, Pozza e Borém (2010) afirmam ainda que a Educação Ambiental empregada

nas escolas, por exemplo, deve possuir uma visão crítica e, para tanto, é necessário que sejam

discutidas as degradações ambientais de maneira integrada em todos os campos do saber.

Dias et al. (CRUZ, 1999) afirmam que a educação ambiental é caracterizada por

inserir nos indivíduos novas formas de valores, diferenciar a cultura nas dimensões sociais,

políticas e econômicas, a fim de compreender a complexidade da natureza, para que os

sujeitos possam utilizar a natureza de forma racional. Segundo esse mesmo autor, é através da

educação ambiental que podemos perceber outras formas de lidar com o ambiente e

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aprendermos a utilizá-lo de forma sustentável. Podemos, então, com a educação ambiental,

fazer com que os sujeitos possam desenvolver sensibilidade, relacionando fatores ambientais

aos sociais e políticos.

Em Silva (2012), temos que a Educação Ambiental pode ser abordada como um

instrumento de Gestão Ambiental, pois essa nova área de conhecimento e ocupação

profissional prioriza a mudança de valores e de comportamento da sociedade, além de buscar

o desenvolvimento de atitudes que valorizem a postura ética e cidadã quanto às questões

ambientais de uma maneira contínua e permanente.

2.2. OBJETIVOS E FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

De acordo com Maturana (1999) et al. e Chaddad (2012), os princípios metodológicos

norteadores das práticas de educação ambiental são o diálogo; a interdisciplinaridade;

interação e cooperação; transversalidade; a formalidade e a informalidade; a conservação

natural; a preservação natural; a ludicidade. Esse autor defende que a construção democrática

do conhecimento, a cidadania como uma das principais maneiras de atingir o seu objetivo, a

transformação social.

Ainda segundo Stamato (2002) et al. e Chaddad (2012), a participação do cidadão na

elaboração de alternativas ambientais tanto na política quanto nas ações cotidianas, exigem o

diálogo entre as gerações, culturas e hábitos diferentes. A pedagogia dialógica também

considera fundamental a comunicação, ou seja, as pessoas são ouvidas em busca de

estabelecer um objetivo comum. É aí que a educação ambiental deve assumir a

responsabilidade de interagir com duas questões complementares: a sensibilização e a

capacitação dos alunos para uma tomada de consciência e ações concretas, aquisição de

conhecimentos que permitam sua integração com a comunidade e a compreensão crítica da

complexidade do mundo contemporâneo. Portanto, a educação ambiental é uma ação

considerada futurista.

De acordo com Reigota (2002) et al. e Chaddad (2012), a educação ambiental

questiona as tendências da educação contemporânea, baseando-se na transmissão de

conteúdos, sem reflexão crítica e meios tecnológicos. O autor propõe uma discussão conjunta

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entre todas as áreas do saber e da sociedade, a fim de encontrar uma solução para os

problemas da atualidade, a dita transversalidade e a interdisciplinaridade.

Na mesma linha de pensamento de Reigota (2002) et al. e Chaddad (2012), a

interdisciplinaridade irá se constituir na metodologia da interdisciplinaridade. Será a

articulação curricular entre as diversas áreas do conhecimento, privilegiando a organização

curricular, na tentativa de buscar alternativas com base na articulação entre as diferentes

áreas do saber. É o processo que privilegia a organização curricular na totalidade dos

conteúdos escolares, nas alternativas criativas, fundamentadas nessas articulações entre

diferentes conteúdos.

De acordo com Fazenda (1996) et al. e Chaddad (2012),

“O que se pretende ao propor a interdisciplinaridade como atitude capaz de

revolucionar os hábitos já estabelecidos, como forma de passar de um saber

setorizado a um conhecimento integrado, a uma intersubjetividade, é sobretudo

frisar que a partir desse novo enfoque pedagógico, já não é mais possível admitir-se

a dicotomia ensino-pesquisa, visto que nela, a pesquisa constitui a única forma

possível de aprendizagem. Entretanto, a superação desta dicotomia se admitirá na

medida em que houver condições do ensino preparar suficientemente para uma

pesquisa interdisciplinar, através de metodologia adequada, e na medida em que a

pesquisa fornecer ao ensino os instrumentos e conceitos de uma metodologia

interdisciplinar.”

Conforme o artigo 10º da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política

Nacional de Educação Ambiental, no Art.10.: ”... A educação ambiental será desenvolvida

como uma prática educativa integrada, continua e permanente em todos os níveis e

modalidades do ensino formal.”

Também de acordo com BRASIL, 2012 et al. e Chaddad (2012), a transversalidade é

outra característica da educação ambiental aqui proposta. Sua complexidade faz com que

nenhuma das áreas do conhecimento, isoladamente, sejam suficiente para abordá-la,

percebendo que nesse aspecto atravessa estas diferentes áreas do conhecimento. Desse modo,

a educação ambiental necessita de variados conhecimentos que abordem todas as disciplinas,

como a Geografia, História, Química, Biologia, Matemática e a Física, devendo ser

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integralizada no currículo escolar por meio da transversalidade, integrando as diversas áreas

do conhecimento e presente em todas elas de modo a relacioná-las com as questões atuais.

De acordo com Cruz (1999), a educação ambiental necessita desempenhar função em

relações globais e, para ser desenvolvida de fato, necessita contribuir com os diversos grupos

sociais de modo a inserir um pensamento consciente de forma coletiva sobre os problemas

ambientais. É necessário que os indivíduos percebam que a escassez dos recursos naturais

pode afetar a todos de maneira global, mudar seus hábitos de consumo e o modo como se

vêem a natureza.

Para Brasil (1997), a questão ambiental é também uma questão de valores éticos que

exigem grandes mudanças na forma como o ser humano se vê dentro da natureza, quando se

coloca como proprietário de uma parcela dos recursos naturais. Há uma necessidade de

mudança de pensamento, de padrões de vida, no pensar e no agir coletivo, para que o homem

tenha a visão de que não é necessário explorar o outro, tornando-o desigual ou excluído.

Em Dias (1994) et al. e Cruz (1999),

“a Educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-

econômica, política, cultural e histórica, não podendo basear-se em pautas

rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio

de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim

sendo, a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza

complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os

diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar

racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual da

sociedade no presente e no futuro”.

De acordo com Dias (1994) et al. e Cruz (1999), através da educação ambiental,

percebemos que existem outras formas de lidar com o ambiente e são consideradas mais

inteligentes.

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Conforme Azevedo (1999) et al. e Cruz (2000), a realidade ambiental em que vivemos

possui relação direta com os aspectos sociais e culturais que se perpetuam no ser humano

desde tempos históricos e estas relações são geralmente conflituosas.

Para Azevedo (1999) et al. e Cruz (2000), a temática ambiental impõe à sociedade

uma busca por um novo pensamento, exige do homem a busca por uma vida mais ética em

que as relações sociais sejam menos desiguais e menos conflituosas.

Segundo CIT (1977) et al. e Duarte (2005), a educação ambiental é um processo de

reconhecimento de valores que têm por objetivo modificar as atitudes do ser humano com a

natureza e, ainda, trata-se da adoção de práticas de decisões na condução da melhoria da

qualidade de vida.

2.3 ASPECTOS METODOLOGICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Conforme afirmam Freire (2002) et al. e Chaddad (2012), o norteador para construção

de uma educação ambiental crítica e transformadora tem como foco a indissocialização entre

o ensino e pesquisa. Devemos instigar a formação continuada dos educadores através da

prática docente, objetivando transformar os educadores, de meros consumidores de tecnologia

a verdadeiros pesquisadores e produtores de conhecimentos da realidade em que vivem.

Freire (2002) afirma que pesquisa e ensino devem estar unidos na busca do

conhecimento e prática docente. Educação Ambiental é a decorrência de um processo em que

a participação, a conscientização e a solidariedade vão sendo conquistadas por uma

importante metodologia problematizadora.

Dando continuidade, Shultz e Baldaia (2000) et al. e Cruz (2000) afirmam que uma

experiência coletiva com alunos do ensino fundamental, levados a adotar um projeto de

educação ambiental, iniciando com palestras sobre a importância da reciclagem e da presença

do lixo nas cidades como foco de disseminação de doenças, tem toda a perspectiva de

sucesso.

Também segundo Alves e De-Lamônica-Freire (2002) et al. e Cruz (2002), a

interdisciplinaridade é fundamental na realização de práticas de educação ambiental escolar.

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É a unificação dos conhecimentos e a participação coletiva sobre os temas sociais e

ambientais, a fim de formar um cidadão crítico com capacidade de análise da sua realidade,

com o intuito de transformá-lo em um agente consciente e multiplicador das práticas

ambientais. As autoras sugerem como prática a realização de reuniões, visitas nas

comunidades e discussão dos dados obtidos nas visitas.

Para Capra (1982), é impossível pensar educação ambiental separadamente de valores

como solidariedade, cooperação, respeito mútuo, responsabilidade, participação,

comprometimento, coletividade. Ao estimular estes valores, a escola tem o dever de

possibilitar condições para que se produza no aluno o espírito crítico para que ele possa obter

a capacidade de escolher e entender, superando assim suas limitações.

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3. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE

GESTÃO AMBIENTAL

De acordo com Alcântara, Toshio e Nishijima (2012), a Educação Ambiental pode ser

abordada como um instrumento de Gestão Ambiental, pois essa nova área de conhecimento e

ocupação profissional prioriza a mudança de valores e de comportamento da sociedade,

buscando o desenvolvimento de atitudes que valorizem a postura ética e cidadã quanto às

questões ambientais, de uma maneira contínua e permanente, (SILVA, 2012).

Complementando com Machado (2002) et al. e Rodrigues (2016), a administração

pública deve implementar ações que permitam a internacionalização de critérios e a adoção de

boas práticas ambientais para a melhoria na qualidade de vida também no ambiente de

trabalho.

Segundo Oliveira et al. (2008) e Rodrigues (2016), gestão ambiental é o conjunto de

ações que permitem a identificação dos problemas ambientais gerados por uma

instituição/empresa, como a poluição e o desperdício, visando a adoção de novas diretrizes

para reduzir ou eliminar os impactos que causam ao meio ambiente. A implantação da Gestão

ambiental em uma instituição é capaz de reduzir gastos desnecessários e minimizar o meio

ambiente com a melhora da imagem da instituição junto à sociedade e, ainda, aumentar seus

lucros.

Educação Ambiental é, acima de tudo, um ato político voltado para a transformação

social, considerando a necessidade da sustentabilidade ecológica, social e econômica, buscada

através de intervenções integradoras e coordenada.

Sobre os sistemas de gestão ambiental, Corazza (2003) apud Nilsson (1998), os

Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) são definidos segundo a NBR ISO 14001, como parte

do sistema de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades,

práticas e procedimentos, processos e recursos para aplicar, elaborar, revisar e manter a

política ambiental da empresa. Os autores enfatizam ainda que a Gestão ambiental envolve

planejamento, organização e orienta a empresa a alcançar metas específicas, introduzindo a

gestão ambiental. A gestão ambiental na empresa tem como objetivo criar técnicas, planejar,

organizar e administrar atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira

racional os recursos naturais, com a intenção de garantir a conservação e preservação da

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biodiversidade e, consequentemente, minimizar os impactos ambientais provocados pelas

ações humanas, o que requer decisões de níveis mais elevados na administração. Tem, assim,

um compromisso de administração e metas a cumprir.

Ribeiro (2007) diz que “a educação ambiental não só precede, mas permeia os outros

instrumentos de gestão ambiental”. Não basta apenas contarmos com sistemas de gestão

eficientes e, sim, colocarmos a Educação Ambiental como ponto de partida, ferramenta de

conhecimento dos problemas ambientais, para posteriormente buscarmos técnicas e soluções

em benefício do meio natural. Educação Ambiental, instrumento de Gestão Ambiental,

caracterizado como de persuasão, tem a possibilidade de ampliar os horizontes da atuação,

replicando os conceitos aprendidos para diferentes situações de proteção ao meio ambiente.

Melazo (2005) diz que a educação voltada à gestão ambiental, desenvolve conceitos

que podem ajudar na construção de uma sólida cidadania, baseada em uma visão crítica e

transformadora, no sentido do desenvolvimento da ação coletiva necessária para a resolução

dos conflitos socioambientais.

Segundo Alcântara (2012), a Educação Ambiental aliada à Gestão Ambiental são dois

aspectos fundamentais para a sustentabilidade e, consequentemente, equilíbrio dos

ecossistemas terrestres.

Para Silva, apud Alcântara (2012), a Educação Ambiental pode ser abordada como um

instrumento de Gestão Ambiental, pois essa nova área de conhecimento e ocupação

profissional prioriza a mudança de valores e de comportamento da sociedade, buscando o

desenvolvimento de atitudes que valorizem a postura ética e cidadã quanto às questões

ambientais de uma maneira contínua e permanente.

Alcântara (2012) define que os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) são definidos

segundo a NBR ISO 14001, como a parte do sistema de gestão que compreende a estrutura

organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recursos

para aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental da empresa.

Ainda segundo o mesmo autor, a aplicação da Gestão Ambiental tem como objetivo

criar técnicas, planejar, organizar e administrar atividades econômicas e sociais de forma a

utilizar de maneira racional os recursos naturais, bem como realizar o cumprimento da

legislação ambiental. Possui caráter multidisciplinar, considerando que profissionais de

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diversos campos podem atuar na área, desde que devidamente habilitados. Necessita, ainda,

de uma tomada de decisões em curto prazo para garantir a conservação e preservação da

biodiversidade e, consequentemente, minimizar os impactos ambientais provocados pelas

ações humanas.

Ribeiro (2007), ainda, afirma que Educação Ambiental é um instrumento de Gestão

Ambiental, sendo caracterizado como instrumento de persuasão já que possui a capacidade de

aumentar os valores aprendidos na intenção de proteger o meio ambiente. A educação

ambiental não só precede, mas permeia os outros instrumentos de gestão ambiental. Não basta

apenas contarmos com sistemas de gestão eficientes e, sim, colocarmos a Educação

Ambiental como ponto de partida, ferramenta de conhecimento dos problemas ambientais,

para posteriormente buscarmos técnicas e soluções em benefício do meio natural. É, portanto,

um instrumento de Gestão Ambiental, caracterizado como de persuasão. Tem a possibilidade

de ampliar os horizontes da atuação, replicando os conceitos aprendidos para diferentes

situações de proteção ao meio ambiente.

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4. O SANEAMENTO BÁSICO E A SAÚDE AMBIENTAL

Segundo Teixeira, (2012), a Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 trata da Política

Nacional de Saneamento Básico no Brasil e fixa diretrizes para o saneamento básico e

fundamental, alicerçado nos direitos humanos, a fim de que sejam assegurados o direito à

dignidade ao ser humano e o direito aos serviços de saneamento básico, a fim de assegurar o

acesso à água e esgoto para que se possa erradicar as doenças e assegurar o desenvolvimento

sustentável.

Teixeira (2012) declara que o saneamento básico é uma categoria do saneamento

ambiental e suas ações são consideradas prioritárias no ambiente. Em saneamento ambiental,

tratam-se os problemas da saúde humana e os problemas ambientais. Como direção correta, a

Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 prevê planejamento, regulação, prestação e fiscalização

dos serviços de saneamento básico e dispõe também sobre a gestão dos recursos hídricos

(LIMA, 2012). Complementa também que deve ser assegurada a universalização do acesso

aos serviços de saneamento a toda a população. Continua a afirmar, na Lei nº 11.445 de 5 de

janeiro de 2007, que a integração dos serviços de saneamento básico com outras políticas

públicas como saúde pública, recursos hídricos e a educação ambiental, entre outras

disposições, são ações integradoras como as consultas e as audiências públicas, atos que

possibilitam debates das questões ambientais.

Saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou

podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. De outra forma,

podemos dizer que saneamento se caracteriza como um conjunto de ações socioeconômicas

que têm por objetivo alcançar salubridade ambiental.

Lima (2012) destaca que o saneamento ambiental é um dos piores cenários do Brasil,

cujas questões urgentes são a destinação do lixo, distribuição de água tratada para a população

e tratamento do esgoto.

Chiletto (2012) exalta que a Constituição Federal instituiu o Plano Diretor como o

responsável pela reforma urbana e objetiva minimizar as diferenças entre centro e periferia,

bem como a inclusão social e a redução das desigualdades e segregação sócio- espacial.

Também normatiza para reduzir a degradação ambiental na prestação de serviços urbanos

corretivos dessas dimensões sociais e ambientais.

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Chiletto (2012) define Plano Diretor como um instrumento do governo que define o

padrão de desenvolvimento da ocupação urbana do território, devendo englobar as áreas

urbanas e rurais, com base na interação com a sociedade, na construção de um consenso entre

os segmentos, na tomada de decisões. São discutidas nessas instâncias questões como a

política de saneamento ambiental e o controle social que estão intimamente ligados às

questões ambientais.

Segundo Pedrassi (2012) só é possível haver cidades sustentáveis e democráticas coma

existência de politicas públicas que visem a promoção do planejamento urbano adequado

juntamente com a participação popular excluindo também as desigualdades sociais criando

ambientes com oportunidades do desenvolvimento igualitário para que todos possam viver

dignamente.

Panizi (2007) enfatiza que, conforme a Constituição Federal, no art. 225, todos têm

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao poder público e da

coletividade o dever de defender e preservar para as presentes e futuras gerações.

Guimarães, Carvalho e Silva (2007) entendem como salubridade ambiental o estado de

higidez, estado de saúde normalmente que vive a população urbana e rural, tanto no que se

refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias

veiculadas pelo meio ambiente, como favoráveis à saúde e bem - estar. Ainda segundo os

mesmos autores, a oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infra -

estrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrangem os seguintes

serviços:

1. Abastecimento de água potável à população com qualidade de proteção à saúde e

quantidade necessária;

2. Coleta, tratamento e disposição adequada e segura das águas residuárias;

3. Acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos;

4. Coleta de águas pluviais e controle de inundações;

5. Controle de vetores de doenças;

6. Saneamento dos alimentos;

7. Saneamento dos meios de transportes;

8. Saneamento e planejamento territorial;

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9. Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação, de recreação e dos

hospitais.

10. Controle da poluição ambiental da água, ar, solo, ambiente sonoro e visual.

Conforme BRASIL (2006), o conceito de Promoção de Saúde proposto pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) desde a Conferência de Ottawaa, em 1986, é visto

como o princípio orientador das ações de saúde em todo o mundo. Assim sendo, partimos do

pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da saúde são as condições

ambientais. No Brasil, o conceito de saúde, entendido como um estado de completo bem-estar

físico, mental e social, não se restringe ao problema sanitário ou a prevalência de doenças.

Hoje, além das ações de prevenção e assistência, consideramos cada vez mais importante

atuar sobre os fatores determinantes da saúde. É este o propósito da promoção da saúde, que

constitui o elemento principal das propostas da OMS e da Organização Pan-Americana de

Saúde (OPAS).

BRASIL (2006) afirma que a utilização do saneamento como instrumento de

promoção da saúde pressupõe a superação dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais

que têm dificultado a extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e

localidades de pequeno porte.

Guimarães, Carvalho e Silva (2007) afirmam que a maioria dos problemas sanitários

que afetam a população mundial está diretamente relacionados com os fatores ambientais

como a diarreia que, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que

mais aflige a humanidade, já que causa 30% das mortes de crianças com menos de um ano de

idade. Entre as causas desta doença, destacam-se as condições inadequadas de saneamento.

Conforme BRASIL (2006), mais de um bilhão de habitantes na Terra não têm acesso à

habitação segura e a serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida

saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. No Brasil, as doenças resultantes da falta

ou de um inadequado sistema de saneamento, especialmente em áreas pobres, tem agravado o

quadro epidemiológico.

Ainda sobre isso, Guimarães, Carvalho e Silva (2007) explicam que investir em

saneamento é uma das formas de revertermos o quadro existente. Dados divulgados pelo

Ministério da Saúde afirmam que, para cada R$1,00 investido no setor de saneamento,

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economizamos R$4,00 na área de medicina curativa. É preciso lembrar que o homem não

pode ver a natureza como uma fonte inesgotável de recursos, que pode ser depredada em

ritmo crescente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de maneira

racional, evitando a devastação da fauna, da flora, da água e de fontes preciosas de matérias-

primas. É possível construir um mundo onde o homem possa aprender a conviver em seu

habitat numa relação equilibrada, permitindo a garantia de alimentos para todos sem

transformar as áreas agricultáveis em futuros desertos. É necessário construir um novo

modelo de desenvolvimento onde se harmonizem qualidade de vida das populações, a

preservação do meio ambiente e a busca de soluções criativas para atender aos anseios de

cidadãos de ter acesso a certos confortos da sociedade moderna.

Dentre estes direitos, de acordo com Barros et al. (1995), a água constitui elemento

essencial à vida. O homem necessita de água de qualidade adequada e em quantidade

suficiente para atender a suas necessidades, para proteção de sua saúde e para propiciar o

desenvolvimento econômico e o sistema de abastecimento de água representa o conjunto de

obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água potável de uma

comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros

usos.

A importância da implantação do sistema de abastecimento de água, dentro do

contexto do saneamento básico, deve ser considerada nos aspectos sanitário e social bem

como nos aspectos econômicos, intencionando atingir metas nos aspectos sanitário e social,

melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade; diminuição da mortalidade

em geral, diminuição da mortalidade infantil; aumento da expectativa de vida da população;

diminuição da incidência de doenças relacionadas à água; implantação de hábitos de higiene

na população; melhoria da limpeza pública; facilidade na implantação e melhoria dos sistemas

de esgotos sanitários; possibilidade de proporcionar conforto e bem-estar; incentivo ao

desenvolvimento econômico.

Documenta Cavinatto (1992):

“Evitar a disseminação de doenças veiculadas por detritos na forma de esgotos e lixo

é uma das principais funções do saneamento básico. Os profissionais que atuam

nesta área são também responsáveis pelo fornecimento e qualidade das águas que

abastecem as populações.“

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O autor continua relatando que, entre as principais atividades de saneamento, estão a

coleta e o tratamento de resíduos das atividades, como lixo sólido e esgoto, prevenir a

poluição das águas de rios, mares e outros mananciais, Garantir a qualidade da água utilizada

pelas populações para consumo, bem como seu fornecimento de qualidade, controle de

vetores. Incluímos, ainda, no campo de atuação do saneamento, a drenagem das águas das

chuvas, prevenção de enchentes e águas subterrâneas. Para ele, o saneamento básico é

fundamental na prevenção de doenças e estabelece condições mínima de saúde à população.

Além disso, a conservação da limpeza dos ambientes, evita a presença de resíduos sólidos em

locais inadequados, evita a proliferação de vetores de doenças como ratos e insetos que são

responsáveis pela disseminação de algumas moléstias. Saneamento significa higiene e

limpeza.

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5. DOENÇAS RELACIONADAS COM A FALTA DE SANEAMENTO

BÁSICO E A ÁGUA

Os principais grupos de microrganismos que podem provocar doenças no homem são:

os vírus; as bactérias; os protozoários; os helmintos, que provocam as verminoses, podem ser

microscópicos, ou apresentarem maiores dimensões. Parasitas são disseminadas por insetos

como moscas, mosquitos, pulgas e baratas e ainda os roedores e outros animais que, por essa

razão, são chamados de vetores. Muitas vezes, a transmissão de doenças ocorre quando estes

animais picam uma pessoa enferma e em seguida uma pessoa sadia. Normalmente, os

parasitas são eliminados pelo portador junto com suas excretas, isto é, fezes, urina e catarros,

e então se misturam com os microrganismos que vivem livremente no solo, na água e no ar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulga que grande parte de todas as

doenças que se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má

qualidade. A água contaminada pode prejudicar a saúde das pessoas, nas seguintes situações:

através da ingestão direta; na ingestão de alimentos; pelo seu uso na higiene pessoal e no

lazer; na agricultura; na indústria. Diarreias e disenterias; cólera; giardíase;

amebíase; ascaridíase lombriga, esquistossomose malária; febre

amarela; dengue; filariose (elefantíase). A presença de coliformes fecais é indicação de

contaminação fecal. Quando observamos a presença de bactérias do grupo coliforme,

consideramos a água como contaminada por fezes. Estes coliformes também podem ser

encontrados no solo e nos alimentos. Essas bactérias são oriundas da presença de animais que

utilizam o rio para dessedentação ou de esgotos sanitários que são lançados diretamente no

rio, tornando a água imprópria para o consumo.

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6. A PERCEPÇÃO AMBIENTAL E A GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS

De acordo com Okamoto (1996), a percepção ambiental vem se mostrando importante,

já que abrange a compreensão das interrelações entre o meio ambiente e a sociedade,

percebendo o meio, expressando opiniões, expectativas e propondo novas formas de agir e

pensar. Desse modo, as pesquisas que se caracterizam sobre percepção ambiental têm como

objetivo investigar a maneira como o homem enxerga, interpreta, convive e se adapta à

realidade do meio em que vive, sobretudo nos ambientes vulneráveis tanto social quanto

natural. Estuda a relação que o homem tem com a natureza e de que forma ela se relaciona

com o meio natural.

Duarte (2005) deixa claro que a educação ambiental é um processo de reconhecimento

de valores e conceitos e possui como objetivo desenvolver habilidades de modificá-las em

relação ao meio em que estamos inseridos para entendê-lo e apreciá-lo nas inter-relações entre

a natureza e o meio ambiente, bem como os aspectos culturais e relaciona-se intimamente

com a tomada de decisões éticas na condução da melhoria da qualidade de vida. Neste

aspecto, torna-se importante o ser humano ter uma percepção conceitual a respeito do local

que está inserido para relacionar-se de maneira harmoniosa com o ambiente.

De acordo com os autores Formaggio et al.(1992), Hough (1983), Lima (1994) a

aplicação do conceito de sustentabilidade ao urbano tem sido destacada por vários outros

estudiosos, como um processo muito lento. A conservação de paisagens e áreas verdes

naturais como componentes do sistema urbano é pouco explorada por parte do poder público

municipal, decorrendo muitas vezes da imposição da legislação para preservá-las ou de

movimentos preservacionistas.

Formaggio et al.(1992), Hough (1983), Lima (1994) consideram ainda que os

problemas em ambientes naturais ou urbanizados estão intimamente vinculados à necessidade

de um ordenamento ambiental do processo de ocupação das suas paisagens naturais, baseado

na organização espacial de todas as atividades humanas, a partir de estudos que podem ser

realizados ao nível de zoneamentos ambientais. Os detentores do poder e tomadores de

decisão e os órgãos públicos desconhecem o valor econômico destas áreas como ambientes

cênicos, bem como dos benefícios de sua conservação em longo prazo para a comunidade.

Devemos ressaltar, ainda, que a importância do planejamento ambiental, como medida

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preventiva da degradação ambiental e de consequentes prejuízos econômicos para sua

reparação, é um processo altamente oneroso do ponto de vista ecológico e socioambiental

para os municípios.

A realização de pesquisas sobre percepção ambiental ocorre por ser uma investigação

sobre valores e necessidades que os sujeitos têm em relação ao meio em que vivem. A

diferença na experiência de cada indivíduo sobre as percepções e valores e da importância que

cada uma tem para ele torna-se uma das maiores dificuldades para a proteção dos ambientes

naturais, uma vez que cada indivíduo traz consigo os valores culturais que adquiriram ao

longo da vida, carregados dos valores econômicos, sociais e culturais do grupo social a que

pertencem.

De acordo com Faggionato (2007), o estudo da percepção ambiental é importante pois,

por seu intermédio, é possível conhecer os grupos e atores envolvidos, facilitando assim a

realização de um trabalho com informações locais, partindo da realidade daquele público,

para conhecer como os indivíduos percebem o ambiente em que convivem, suas fontes de

satisfação e insatisfação.

Desse modo, o indivíduo ou grupo enxerga, interpreta e age em relação ao meio

ambiente de acordo com interesses, necessidades e desejos, recebendo influências, sobretudo

dos conhecimentos anteriormente adquiridos, dos valores, das normas grupais, enfim, de um

conjunto de elementos que compõe sua herança cultural. Nos processos de planejamento e

educação ambiental, os estudos de percepção ambiental são fundamentais porque nos

permitem conhecer as particularidades de cada relação sociedade/indivíduo - meio ambiente,

propiciando, assim, o desenvolvimento de programas que realmente promovam a

participação.

Para Mellazo (2005), o estudo da percepção ambiental em uma comunidade torna-se

uma ferramenta importante para compreender os comportamentos vigentes e para o

planejamento de ações que promovam a sensibilização e estabelecer postura ética e

responsável diante do ambiente.

De acordo com Fernandes (2004), a percepção ambiental pode ser definida, ainda,

como o produto da reação dos sentidos diante do meio que cerca o indivíduo, possibilitando o

seu raciocínio sobre a definição de valores, sentimentos, reações e interações positivas ou

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negativas sobre o ambiente. A partir desta percepção, a reação do indivíduo é uma troca de

experiências. Ele interage com o mundo, influenciando seus pares, intervindo no ambiente,

caminhando na direção do processo de e na produção de conhecimento e do exercício da

cidadania ambiental.

Estudos de Bergmam (2007) informam que a percepção ambiental vem sendo

estudada em diversas áreas do conhecimento, como na Psicologia, Geografia, Biologia,

Antropologia e Meio Ambiente e busca entender os fatores, mecanismos e processos que

levam as pessoas a terem opiniões e atitudes em relação ao meio em que vivem. O significado

originário do termo percepção expressa a apreensão de um determinado objeto real.

De acordo com Fernandes et al. apud Bracht et al. (2007), a percepção ambiental pode

ainda ser definida como uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, ou seja, o ato

de perceber o espaço em que se está inserido, aprendendo a protegê-lo e a dele cuidar.

Para Faggionato (2009), a percepção ambiental pode ser vista como uma tomada de

consciência do homem pelo ambiente, ou seja, o ato de perceber o ambiente em que se está

inserido, protegendo e cuidando o lugar em que vive. Cada indivíduo percebe, reage e

responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou

manifestações decorrentes disso são resultado das percepções individuais ou coletivas dos

sujeitos e entre os sujeitos e que são resultado de processos cognitivos, e da expectativa de

cada indivíduo. Sendo assim, o estudo da percepção ambiental é fundamental para que

possamos compreender melhor as interrelações entre o homem e o ambiente, expectativas e

condutas.

Para Fernandes et al., (2005), embora a sociedade perceba os problemas ambientais, a

maioria das pessoas não conhece as origens, consequências e formas de enfrentamento dos

problemas. E, não possuindo opinião crítica a respeito do assunto, a sociedade não consegue

perceber os impactos ambientais e sociais a que está submetida e reproduz ideias distorcidas

dos mesmos.

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7. CONSIRAÇÕES FINAIS

A Educação Ambiental possui o caráter de rever conceitos e ações das pessoas.

Através de processos educativos, tem o caráter de desenvolver a sustentabilidade social e

ambiental para que as gerações futuras possam ter a oportunidade de usufruir com dignidade

os benefícios do patrimônio ambiental.

O desafio da humanidade no momento é a mudança de hábitos e valores arraigados

que só podem ser efetivados através da contribuição insistente da gestão ambiental, paralela à

educação ambiental.

A Educação Ambiental é uma ação voltada para a compreensão sobre a relação entre o

ser humano e a natureza, ensinando aos cidadãos uma postura ambiental ética para o

equilíbrio ambiental.

Por meio das políticas públicas eficientes é possível construir o conceito de cidadania

em busca da sustentabilidade e respeito mútuo. Quando o indivíduo conhece as necessidades

dele e do meio onde está situado, inicia um processo de contribuição para que o meio possa

ser conservado.

Sugere-se que as políticas públicas sejam reforçadas e que a participação coletiva seja

cada vez mais solicitada na busca de uma vida mais sustentável. No tocante à participação

coletiva para projetos sociais voltados à educação ambiental, é notável a importância de

conhecer os sujeitos já que os mesmos possuem formas diferencias de ver o meio no qual

estão inseridos.

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