santos, kauan - ação e militância anarquista nas manifestações operárias de 1917

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    AO E MILITNCIA ANARQUISTA NASMANIFESTAES OPERRIAS DE 1917

    Kauan Dos Santos*

    Resumo:

    Este artigo tem como objetivo mostrar a importncia que os anarquistas

    exerceram por meio de estratgias polticas e de propaganda no movimento operrio em

    So Paulo no ano de 1917. Muitas vezes esquecidos ou nomeados de pr-polticos e

    utpicos, ressaltado a ao destes que construram e fizeram parte de uma cultura

    poltica complexa e ideologicamente justificada. Analisando suas propostas de

    organizao,contesto todo o tipo de afirmao que pressupem um modo como a classe

    deveria ser, distorcendo a conscincia real que os trabalhadores pudessem possuir1. Em

    outras palavras, influenciado principalmente por Thompson2, atento para a importncia

    do ''auto fazer-se'' da classe operria. Nessa viso evidenciada a histria do movimento

    operrio como resultado de lutas concretas e adaptado condies materiais precisas.

    Nesse vis, o anarquismo e outras ideologias ou teorias polticas dentro do movimento

    operrio passam a ter destaque como possveis formas de resistncia para o momento

    estudado. Estudar suas razes, formas de manifestaes, adaptaes e complexidade se

    tornam o novo alvo para a construo de uma Histria do Movimento Operrio no

    Brasil e no mundo.

    Palavras-chaves: Anarquismo. Sindicalismo. Imprensa e Movimentooperrio. Militncia.

    *Graduando em Histria pela Universidade Federal de So Paulo. Integra o grupo de pesquisa Histria,Memria e Patrimnio do Trabalho na mesma instituio.1De acordo com a linha de raciocnio de HALL, Michael; PINHEIRO, Paulo. Alargando a Histria da

    Classe Operria: Organizao, Lutas e Controle. Coleo Remate de Males .n 5, 1985. pp. 96-1202THOMPSON, Edward Palmer.A Formao da Classe Operria Inglesa: A rvore da Liberdade. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987. vol. 1.

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    A partir do inicio do sculo XX, a circulao de peridicos operrios no estado

    de So Paulo comeava a se intensificar consideravelmente.3 Igualmente como na

    Europa, o proletariado nascente foi alvo da explorao fsica e mental, que se

    encontravam tanto nas cidades quanto no campo. Os baixos salrios e as condies de

    vida precrias reforavam tal realidade.4

    Militantes, muitos de origem estrangeira, mas outros nascidos no pas, movidos

    por ideologias ou correntes polticas, se organizavam para lutar contra o sistema

    capitalista ou para o melhoramento deste. Entre eles estavam socialistas, anarquistas,

    sindicalistas ou pessoas que apenas simpatizavam com teorias libertrias. fato que

    muitos trabalhadores nem sequer tinham uma ideologia definida, tambm ilusrio

    pensar que todos tinham uma conscincia de classe almejando o fim do sistema burgus.

    No entanto, no possvel ignorar a organizao e ao de muitos trabalhadores e

    militantes em torno de vises de mundo, que eram de fato expressivas.5

    Embora, diversas vezes, esquecidos ou considerados como pr-polticos ou

    sem propostas eficazes por historiadores6e outros polticos7, a presena de uma ao

    militante dentro do movimento operrio em So Paulo e em outras cidades no Brasil foi

    bastante complexa e detinha uma fora de contestao muito forte.

    Como um exemplo notvel, na segunda dcada do sculo XX em So Paulo,

    houve a greve geral de 1917. Acontecimentos marcantes como passeatas, prises e a

    3Ver TOLEDO, Edilene. Amigo do Povo: grupos de afinidade e a propaganda anarquista em So Paulonos primeiros anos deste sculo. Tese de Mestrado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1994.pp 25-27.4 necessrio deixar clara a diferena entre a formao da classe operria na Europa e no Brasil. NildoViana salienta que, na Europa, houve a transio do feudalismo para o capitalismo, fator decisivo para otrabalho servil se transformar paulatinamente em outras formas de trabalho, como o fabril. No Brasil, atransio se deu do escravismo colonial para o trabalho semilivre e livre: []Logo, o proletariadobrasileiro formado no por uma populao camponesa e artes, tal como ocorrera na Europa, masprincipalmente pela vinda de estrangeiros ao pas. Ver VIANA, Nildo. A aurora do Anarquismo. IN:DEMINICIS, Rafael; FILHO, Daniel Aaro Reis (org.).Histria do Anarquismo no Brasil (volume um).Rio de Janeiro: MAUAD, 2006. p. 25.5 Ver LOPREATO, Christina Roquette. O Esprito da Revolta: a greve geral anarquista de 1917. SoPaulo: Annablume, 2000.6 Boris Fausto aponta a debilidade do movimento operrio e seu fracasso poltico em seu primeiromomento. Para o autor, tal fato provinha da posio secundria da indstria, da excluso dostrabalhadores da poltica e do movimento anarquista que se baseava em crticas morais e no propunhatticas avanadas de alianas, contribuindo para o isolamento do proletariado estrangeiro e aumentando opoder das classes dominantes no perodo. FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e Conflito social: 1890-1920. So Paulo: Difel, 1977.7 Astrojildo Pereira, outro militante do perodo, que posteriormente trocaria o anarquismo pelo

    comunismo, tratou de dividir o movimento operrio em uma fase inconsciente e prematura, marcada pela

    predominncia dos libertrios, e outra fase, para este madura e politicamente engajada, trazida com onascimento do Partido Comunista.PEREIRA, Astrojildo. Construindo o PCB (1922-1924). So Paulo:ed. Cincias Humanas, 1980.

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    morte de trabalhadores como o do anarquista espanhol Jos Martinez fizeram com que

    muitas vezes as ruas da cidade fossem tomadas com muitos adeptos nas reivindicaes.8

    Tais eventos mostram a fora da organizao poltica e sindical nos centros industriais

    do Brasil nesse perodo.

    H quem afirme que tal greve no passou de um acontecimento espontneo

    devido s pssimas condies de trabalho e moradia entre os trabalhadores nesse

    perodo, somado incerteza que a Primeira Guerra trazia s pessoas.9

    O argumento e a anlise das condies materiais existentes no podem ser

    refutadas para entender o movimento operrio e a referida greve. Os prprios militantes

    do perodo usavam tal argumento.10 Porm, somado a isso, a anlise de peridicos,

    comcios e discursos dos militantes e trabalhadores revela claramente uma articulao

    iniciada no comeo do sculo para a realizao de tal acontecimento. Christina Lopreato

    parece assertiva em sua obra O esprito da revolta: a greve geral anarquista de 1917

    onde afirma categoricamente que a referida greve construda em seus detalhes revela a

    presena de uma estratgia poltica em ao desde o incio do sculo e fortemente

    enraizada no interior do nascente movimento operrio.11

    Um aspecto em destaque o fato que muitos peridicos operrios de circulao

    na cidade mostravam apoio e tticas para a greve. Nesse evento, muitos militantes de

    orientao anarquista mostravam uma participao decisiva, escrevendo e organizando

    peridicos, participando de comcios e piquetes, tentando atrair os trabalhadores para a

    ao direta.12

    Embora muito criticada por alguns militantes e peridicos anarquistas,

    especialmente o peridicoLa Battaglia, a participao sindical e a ao direta estiveram

    entre os principais meios de manifestao anarquista. Alguns anarquistas criticavam a

    ao sindical por reivindicar apenas melhorias de vida dentro do sistema capitalista

    (reformismo) e ofuscar a revoluo almejada. Outros anarquistas, no entanto,enxergavam o sindicalismo como arma eficiente para a formao poltica libertria dos

    trabalhadores, e adentravam nestes como uma ttica para disseminar tal ideologia.13

    8 LOPREATO. Op. Cit. pp. 12-19.9Ver FAUSTO, Boris. Op. Cit.10 Mais detalhes desse debate esto em BIONDI, Luigi. A greve geral de 1917 em So Paulo e aimigrao italiana: novas perspectivas. Cadernos AEL. Imigrao. Campinas-SP: Unicamp, 2000. pp.259-310.11LOPREATO, Cristina. Op cit.. p. 13.12

    Ver LOPREATO. Op. cit.13SAMIS, Alexandre. Minha Ptria o Mundo Inteiro. Neno Vasco, o Anarquismo e o SindicalismoRevolucionrio em Dois Mundos. Lisboa: Letra Livre, 2009. p. 161.

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    Peridicos anarquistas apoiavam e articulavam greves e piquetes dentro do

    operariado de So Paulo. Dessa maneira, apesar das diferenas estratgicas, os

    militantes se uniam tendo como fio condutor a propaganda poltica para as massas e o

    incentivo ao direta. A educao se torna um dos elementos principais entre estes. O

    objetivo comum era uma sociedade livre da Igreja, do capitalismo e do Estado (em

    todos os nveis). Estava em pauta, em nvel transnacional, uma ideologia que

    representava um tipo de socialismo revolucionrio almejando a autogesto e a

    conciliao entre liberdade coletiva e individual.14

    Desde o final do sculo XIX, o Brasil comeava a receber os primeiros

    imigrantes anarquistas que deixariam traos profundos no movimento operrio. Entre

    eles estavam o portugus Neno Vasco, os italianos Oresti Ristori, Giulio Soreli, Gigi

    Damiani, Luigi Magrassi, Angelo Bandoni15 e tambm outros nascidos no pas como

    Benjamin Mota. Tais militantes participaram ativamente, denunciando a explorao da

    mo-de-obra imigrante nas fbricas e fazendas e incentivando a organizao e a ao

    direta. A partir de 1900, a organizao operria comea a se solidificar, apresentando as

    primeiras ligas operrias, greves e manifestaes. Nesse perodo em So Paulo, uma

    srie de novos peridicos libertrios comeam a circular pela cidade como O Grito do

    Povo, Palestra Social, A Lanterna, Germinal, La Nuova Gente, O Amigo do Povo, O

    Livre Pensador, LAsino, La Battaglia, Azione Anarchica, e outros ttulos que

    adentravam no movimento operrio a fim de estabelecer uma propaganda de libertao

    tanto econmica quanto moral ou mesmo para a melhoria das condies existentes.16

    As perseguies policiais so um fator importante para entender a grande

    influncia de tais peridicos. Os constantes empastelamentos e perseguies a militantes

    desde o final do sculo XIX e reforados no perodo das greves, revelam o medo das

    classes altas do perodo do efeito da propaganda libertria no movimento operrio.17

    Outra importante evidncia da grande circulao que estes peridicos tinhamentre o operariado, podemos destacar a prpria quantidade de impresses. O Palestra

    14Para adentrar na discusso ver CORRA, Felipe.Rediscutindo o anarquismo: uma abordagem terica.Dissertao de Mestrado. So Paulo: EACH USP, 2012.15 necessrio lembrar que a presena de imigrantes, principalmente italianos, foi de essencialimportncia para o potencial desenvolvimento do anarquismo na capital paulista. Obviamente, este nofoi o nico fator para o florescimento e penetrao do movimento libertrio na cidade, mas no pode serrefutado para um entendimento completo. BIONDI, Luigi. La stampa anarchica in Brasile: 1904-1915.Tese de Lurea defendida junto ao Departamento de Histria Contempornea da Universit di Studi diRoma La Sapienza, 1993-1994.16

    TOLEDO, Edilene.Op. cit. pp. 23-36.17 Ver SILVA, Rodrigo. As ideias como Delito: A imprensa anarquista nos registros do DEOPS-SP(1930-1945). IN: DEMINICIS, Rafael; REIS FILHO, Daniel (orgs.). Op.cit. pp. 113-131.

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    Social, por exemplo, publicado entre 1900 e 1901, ofereceu uma tiragem de 1.200

    nestes anos, e tambm o peridico La Battaglia, fundado em 1904, que ofereceu uma

    tiragem de 5.000 exemplares.18

    Importante fora de ao no perodo foi criao das primeiras ligas operrias

    de bairro, na Moca, no Belenzinho, no Cambuci e na Lapa.19 Estas tinham como

    objetivo unir trabalhadores em movimentos de combate e de protesto contra a pssima

    qualidade de vida e em favor do melhoramento das condies de trabalho bem como a

    reduo para uma jornada de 8 horas, pagamento semanal, a abolio do trabalhado

    infantil e igualdade dos salrios de homens e mulheres. Porm, a longo prazo, muitas

    dessas associaes almejavam derrubar o sistema poltico, moral e econmico do

    perodo.20

    Vrias greves importantes foram marcantes, como a de 1906 em Jundia sob a

    orientao da Federao Operria de So Paulo, ainda em fase de consolidao, que foi

    duramente reprimida e derrotada. Novamente em 1913 os trabalhadores contestaram a

    carestia de vida e em 1914 manifestaram-se contra o desemprego. Aps isso, no perodo

    posterior, a Primeira Guerra Mundial que estimulava a procura de matrias-primas

    faziam os preos destes e dos gneros alimentcios subirem novamente provocando

    mais reivindicaes.21

    A imprensa anarquista e o sindicalismo revolucionrio em 1917

    Levando em considerao tais afirmaes, era clara, mesmo dentro do prprio

    perodo e entre muitos militantes, a necessidade da criao de um peridico que suprisse

    as necessidades reais desse momento decisivo e preciso na histria do operariado.

    Sabendo disso, em junho de 1917, o militante anarquista Edgard Leuenroth, aps um

    longo trabalho em inmeros peridicos, publica estrategicamente o primeiro nmero deA Plebe em substituio de A Lanterna.22Neste nmero, fica claro o intuito do

    18LEAL, Claudia Feierabend Baeta.Anarquismo em verso e prosa: literatura e propaganda na imprensalibertria em So Paulo (1900-1916). Tese de Mestrado. So Paulo- Campinas: Unicamp 1999. p. 20.19Ver FAUSTO, Boris. Op. cit. p. 203.20Para adentrar sobre o estudo da criao das ligas de bairro ver LOPREATO. Op.cit. pp. 95-99.21Ver DULLES, John.Anarquistas e Comunistas no Brasil (1900-1935).Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1977.22 Peridico fundado em 1901 por Benjamim Mota, advogado e militante anarquista. Por meio deste

    atacava a Igreja e seus associados, um dos pilares da desigualdade na viso dos anarquistas. Em 1909,Leuenroth passa a dirigir tal jornal. OLIVEIRA, Walter da Silva. Narrativas luz de A Lanterna:anticlericalismo, anarquismo e representaes. Dissertao de Mestrado. So Paulo: PUC, 2008. pp. 32-

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    peridico, enxergando as greves do perodo como resultado de anos de propaganda, e

    um ponto claro de organizao entre os trabalhadores:

    Vai dando os seus resultados benficos o trabalho de metodizao do

    movimento libertrio que h algum tempo se vem executando em So Paulo,no interior e em outros pontos do Brasil. Com grande satisfao constatamosisso, pois uma obra cuja necessidade h muitos anos se fazia sentir.A nossa propaganda vai, talvez, para mais de duas dcadas que aqui se faz,com alguma intermitncia, seguida, de quando em quando, de agitaespopulares ou de movimentos obreiros; at agora, porm, no se havia tentadodar corpo a esse movimento, coordenando os esforos, organizando oselementos dispersos aqui e ali, privados dos bons resultados consequentes daao conjunta.Esse o trabalho que agora se esta tratando de levar a cabo, j se tendo aprova de que, com esforo e perseverana, bastante se poder conseguir nessesentido [...] E o que mais constitui motivo de animao o apoio que vairecebendo, embora lentamente, como natural, devido s causas acima

    expostas, a Alliana Anarchista, constituda, no h muito tempo, em SoPaulo, com o fim de servir de trao de unio entre as nossas diversasagrupaes e os camaradas dispersos por ali alm. So bons sintomas de umnecessrio e urgente despertar. Entretanto, muito mais se poder conseguir, setodos os libertrios que so bastante numerosos, se dispuserem a fazer algo, edesenvolver um pouco mais de atividade.23

    Da em diante,A Plebeassumiu, muitas vezes, o debate e a articulao central

    de tais greves e acontecimentos. O peridico foi fruto da prpria agitao de 1917, que

    necessitava de um ponto claro de articulao e definio da situao.

    A Plebe,que teve sua primeira edio em 09 de janeiro de 1917 e foi encerrado

    oficialmente apenas em 1949, viveu uma histria atribulada, apresentava dificuldades

    financeiras por ser produto da ao de voluntrios e alm disso era alvo constante de

    perseguies policiais. Tais fatores fizeram com que o jornal muitas vezes cessasse sua

    circulao por determinados perodos de tempo, retornando algum tempo depois.24No

    incio, seu principal editor era Edgard Leuenroth que contava com colaboradores

    bastante frequentes que j eram conhecidos em outros peridicos e eram militantes

    importantes. Podemos citar como exemplos principais Benjamin Motta, Isa Rutti,

    Astrogildo Pereira, Florentino de Carvalho, Joo Penteado, Andrade Cadete25, Valeska-

    Mari, Gigi Daminani e Neno Vasco.

    38.23Leuenroth. Vida libertria. A Plebe. N.1. P.2. 9 de junho de 1917.24 Ainda sobre a perseguio de anarquistas e outros militantes da causa operria e do peridico APlebe ver Ody F.GONALVES. Trajetria e ao educativa do jornal A Plebe(1917- 1927) In: Revistade estudos da Educao, Quaestio, v.6, h. 2, UNISO, 2004 e CARNEIRO, Maria Luiza Tucci ; KOSSOY,

    Boris (org.). A Imprensa confiscada pelo Deops: 1924-1954. So Paulo: Ateli Editorial: ImprensaOficial do Estado de So Paulo: Arquivo do Estado, 2003.25GONALVES. Op.cit. p. 5.

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    A Plebecontava inicialmente com recursos dos prprios redatores, mas, mais

    tarde, adotou a coleta de donativos voluntrios como estratgia alternativa. Em outro

    momento, o peridico precisava se manter com recursos prprios, para isso dependia

    diretamente dos grupos de bairro, dos sindicatos e de garantir o nmero de assinaturas

    suficientes para se editar o jornal. Como resultado de seu esforo e articulaes em

    1919,A Plebej contava com a tiragem de 10.000 exemplares.26

    O peridico A Plebe saa possivelmente aos sbados e apresentava quatro

    pginas que perpassavam por diferentes tipos de crticas em diversos setores da

    sociedade. Eram normais e frequentes o anticlericalismo, o antimilitarismo, a crtica

    politicagem eleitoral e burguesa, a crtica Primeira Guerra Mundial, crtica a

    peridicos burgueses, apoio educao libertria, sistemtico apoio a leituras e ao

    autodidatismo e tambm a citao da mulher como elemento importante na revoluo.

    Como exemplo desse ltimo tema, observe o artigo escrito pelo chamado Centro

    Feminino Jovens Idealistas, onde as prprias mulheres mostravam sua fora e faziam

    seu apelo para o operariado:

    O Centro Feminino Jovens Idealistas do qual fazem parte algumas parentasdos operrios presos e escolhidos pela polcia, para servirem de vitimas nosquais possa saciar o dio que contra o povo nutre, s pede aos trabalhadores

    de So Paulo, por enquanto, uma coisa: que permaneam unidos e firmes noseu proposito de fazer imperar a Liberdade e a Justia. E de estarem atentos aprimeira voz de alarme.27

    No entanto, como visto, o principal tema fundamentador e que dava a

    consistncia ao jornal era o incentivo e a cobertura a greves e comcios. O apelo s

    greves era o tema central e comum a todos os nmeros de A Plebedurante o ano de

    1917 e at mesmo depois. Um dos seus redatores Raymundo Primitivo Soares, sob o

    conhecido pseudnimo de Florentino de Carvalho, um dos maiores expositores do

    anarquismo no perodo, explica a situao do momento no artigo O porqu das

    greves:

    O operariado realiza, portanto, uma obra justiceira conquistando pela greveou outros meios de ao direta tudo quanto lhe extorquido, roubado legal ouilegalmente. E no devem perder esta ocasio favorvel em que os colocou oincremento do trabalho, que evita em parte a concorrencial de braos. Omovimento deve generalizar-se a todas as classes, alastrar-se por todo o pas,

    26Idem. pp. 119-121.27Manifesto do Centro Feminino. A Plebe. N. 14. P, 2. 22 de Setembro de 1917.

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    afim de que as conquistas sejam mais rpidas e radicais.28

    Os redatores do peridico enxergavam as prprias reivindicaes como justas e

    encararam essa situao como nica e importante do movimento operrio e apelavam

    para que todos os trabalhadores participassem desta. Isso evidente no primeiro nmero

    do peridico, no artigo intitulado Ao obreira: o operariado de So Paulo parece

    despertar para a luta:

    A propaganda feita em numerosos comcios e em boletins no deixou deproduzir o seu efeito, fazendo com que entre os trabalhadores, sujeitos agora,como nunca, a uma situao verdadeiramente intolervel, devido aoaladroada dos patres, insaciveis sangue sugas sociais, se comece a sentir anecessidade de agir contra os bandidos que, ao abrigo da lei, vivem a roubar

    o produto do seu trabalho insano. Alguns movimentos grevistas j semanifestaram ao mesmo tempo que se vai tratando de constituir associaesde resistncia e de acentuada luta social.

    29

    interessante notar que embora o peridico tenha uma clara consistncia

    anarquista de revoluo, almejava a reunio e ao dos trabalhadores

    independentemente de ideologia definida. Por isso, o peridico destinava, em quase

    todos os nmeros, uma pgina intitulada Mundo Operrioonde eram reunidas notcias,

    denncias e conselhos dentro de aes envolvendo trabalhadores em So Paulo e em

    outros estados. Observe nesse convite a um comcio no terceiro nmero do peridico:

    Convidamos, portanto a todos os operrios e operrias adultos e menores e aopovo em geral a comparecer ao grande comcio a realizar-se domingo, 24 docorrente, s 6 horas da tarde no largo So Jos (Belenzinho) para demonstrarque os operrios grevistas no esto ss, que podem contar com o concursode todas as classes trabalhadoras, de todas a populao proletria.Companheiros: Este comcio, com a presena de todos, deve ser umverdadeiro expoente da solidariedade operaria, de todos os que temsentimentos de justia e aspiraes de liberdade. Viva a solidariedadeoperaria! Vivam as reivindicaes populares! A Comisso Organizadora.30

    claramente perceptvel que o peridico no almejava alcanar apenas

    anarquistas, seu discurso abrangia toda a classe trabalhadora e at mesmo todo o povo

    em geral em prol de um sentimento que reivindicavam, que na interpretao destes seria

    de justia e liberdade.

    Do mesmo modo fica evidente, ao analisar o peridico, que no se pode negar

    28Carvalho. O porqu das greves. A Plebe. N. 5. P, 1. 9 de Julho de 1917.29

    Leuenroth. Ao obreira: o operariado de So Paulo parece despertar para a luta''. A Plebe. N.1. P.3. 9de junho de 1917.30Leuenroth. Mundo operrio. A Plebe. N.2. P.3. 23 de junho de 1917.

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    a consistncia anarquista contida neste. Observe neste excerto, a preocupao do

    peridico em justificar os significados e a importncia da ideologia anarquista:

    Nascidos aqui ou alm, estrangeiros em todas as ptrias, somos inimigos de

    todos os governos, de todas as classes privilegiadas e amigos de todos ospovos, defensores de todas as vitimas.Devido, portanto, a essa mentalidade nova, inteiramente liberta depreconceitos, graas ao carter essencialmente universal da doutrinaprofessada, os anarquistas, submetendo os prprios sentimentos ao imprio darazo, refletida e serena, falam da guerra e das causas que a provocaram comodas responsabilidades diretas que na mesma tem os governos, sem se deixararrastar por simpatias ou antipatias, que, dados os preconceitos ambientes e umexame superficial dos acontecimentos, podem parecer legitimas e de cujasinceridade nem sempre licito duvidar.[...] Acontea o que acontecer, no devemos esmorecer, nem deixar-nos arrastarno vendaval que parece ameaar a integridade e solidez da nossa construodoutrinria Se h quem proclame a falncia de nosso ideal e de todas as

    aspiraes que o personifiquem, a verdade que esta guerra traduz a derrocadade todas as doutrinas burguesas, morais, religiosas, sociais.31

    Ao ler o peridico perceptvel, em vrios momentos, explicaes sobre o

    alcance e importncia do anarquismo como teoria, movimento e ideologia em tpicos

    como A Aliana Anarquista ao Povo ou Anarquismo. O peridico, como visto, foi

    alm e se ocupava em explicitar a ao e postura que os anarquistas deviam ter diante

    dos acontecimentos. Alm disso, citaes de tericos e poemas anarquistas foram

    expostos frequentemente.

    O peridico contava com essa estratgia fundamental, os redatores usavam

    como ttica de propaganda, colunas com notcias do movimento operrio de forma

    neutra, mas sem deixar de apresentar no mesmo nmero, muitas vezes, a teoria

    anarquista para organizar tais eventos e guiar a revoluo almejada. Tal estratgia era

    resultado da prpria teoria anarquista que no almejava alcanar apenas libertrios,

    antes o projeto internacional destes era unir todo o povo incluindo a massa de

    trabalhadores, contra o sistema capitalista, considerado exploratrio.32

    Alm disso, operidico era fruto de uma realidade concreta e de uma articulao entre os redatores

    experientes e assduos no movimento operrio de So Paulo. No trecho extrado a

    seguir, o peridico no artigo O proletariado evidencia novamente a fora e a

    importncia da organizao entre os trabalhadores em todo o Brasil:

    O clarim da liberdade ressoa por toda a parte chamando a postos os

    31Leuenroth. A aliana anarquista ao povo''. A Plebe. N.3 P.4. 23 de junho de 1917.32Ver SAMIS. Op. cit.

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    defensores da causa libertaria, da causa do povo. Do norte ao sul do Brasil, omovimento operrio esta em plena atividade, cresce o nmero de sindicatos eassociaes de classe, bem como o nmero de aderentes. So frutos dasultimas agitaes.[...] Proletrios! Uni-vos, agrupai-vos todos sob a mesma bandeira, certos deque a unio vos dar a fora e a vitria com a qual podereis quebrar para

    sempre a grilheta da misria que nos escraviza.33

    Se tal trecho fosse isolado, sem o conhecimento prvio de que se trata de um

    jornal anarquista, muitos concluiriam que as palavras expostas a seguir fariam parte de

    qualquer peridico operrio ou at mesmo de qualquer livro de doutrinao socialista.

    Na verdade tal interpretao um erro crnico que insiste em separar o movimento

    anarquista da histria do Socialismo34, ignorando que estes tambm, muitas vezes,

    inclusive no perodo, se consideravam parte das lutas concretas do movimento

    operrio35como a prpria fonte deixa evidente. Ou seja, no se trata de um erro dentro

    do jornal, desvio ideolgico dos redatores ou da falta de um projeto poltico, antes faz

    parte de uma propaganda e estratgia entre os redatores a fim de despertar o anseio de

    liberdade entre os trabalhadores em geral.

    Podemos concluir que o tipo de associao sindical A Plebepropunha, no era

    o anarcossindicalismo ou uma associao s de libertrios, mas era um sindicalismo de

    orientao revolucionria.36 Ou seja, que priorizava e julgava mais eficaz a unio de

    diferentes orientaes ideolgicas e polticas para a construo de uma fora operria.Alm disso, seria mais benfico do ponto de vista estratgico para esses redatores e

    militantes uma propaganda maior e mais consistente de sua concepo e ideologia

    revolucionria entre os trabalhadores, almejando traz-los para ao direta. 37Com

    outras palavras, seria um modo da no excluso dos ideais libertrios no movimento

    operrio e a tentativa de uma politizao entre estes.

    No esta sendo afirmado que houve uma recusa ideolgica38 por parte dos

    33Vieira de Souza. O proletariado. A Plebe. N.9 P.2. 11 de agosto de 1917.34 O historiador Hobsbawn deixou clara sua posio afirmando que o movimento anarquista nadaacrescentou nas lutas socialistas. Ver HOBSBAWN, Eric. Revolucionrios: ensaios contemporneos. SoPaulo: Paz e Terra, 2003. pp. 67-90.35 Estudos recentes em nvel internacional e nacional vem mostrado a importncia do movimentoanarquista nos movimentos sociais e dos trabalhadores. Ver SCHMIDT , Michael ; WALT, Lucien vander. Black Flame: the revolutionary class politics of anarchism and syndicalism. Oakland: Ak Press,2009. P. 46.36Ver SAMIS, Alexandre. Minha Ptria o Mundo Inteiro. Neno Vasco, o Anarquismo e o SindicalismoRevolucionrio em Dois Mundos. Lisboa: Letra Livre, 2009. p. 16137 VENZA, Claudio. O Anarco-Sindicalismo Italiano Durante o Biennio Rosso (1919-1920). IN:

    Histria do Movimento Operrio Revolucionrio.So Paulo: Imaginrio, 2004. p. 222.38Aqui no utilizamos o termo ideologia no sentido marxista de mascarar a realidade, mas como umconjunto de ideias e valores que visam orientar comportamentos polticos coletivos associado tanto

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    redatores, o fato que quero colocar aqui, que os anarquistas em A Plebeno estavam

    isolados da luta do perodo e nem faziam por onde, ao contrrio, sua escolha pelo

    sindicalismo revolucionrio estava sendo usada como estratgia entre os libertrios em

    nvel internacional, como impulsionada por Bakunin desde a Primeira Internacional e

    proposta por Malatesta 39, um anarquismo de massas40. O tom das colunas, s vezes

    imparcial, revela uma ttica de militncia que tinha como objetivo uma maneira

    assertiva para adentrar no movimento operrio.

    Um dos principais peridicos que tiveram tambm destaque nesse perodo,

    era o Guerra Sociale, peridico anarquista e publicado em lngua italiana desde 1915.

    Tal peridico tomou a iniciativa de juntar as tendncias anarquistas em So Paulo e

    propuseram tal aliana a fim de:

    reunir numerosos camaradas que se encontravam dispersos por todo o pas,vivendo na mais completa apatia por falta de coeso, de relaes desolidariedade que deveriam existir perenemente, de maneira ativa e eficazentre homens que sentem as mesmas aspiraes, professam os mesmosprincpios e lutam pelo mesmo ideal.

    41

    O Guerra Sociale acreditava predominantemente no levante espontneo das

    massas, um anarquismo insurrecionalista e sempre criticou a associao entre

    anarquistas e os sindicatos. Mas nesse momento preciso apostava na unio das

    tendncias anarquistas, a fim de adentrarem no meio operrio, vislumbrando uma

    levante contra o sistema de dominao.42 Tal peridico teve bastante influncia entre os

    trabalhadores italianos ou filhos destes, uma vez que era escrito em sua lngua de

    ideia quanto prtica. Para adentrar sobre a discusso dos termos ideologia, teoria e estratgias que serousados ver CORRA, Felipe. Rediscutindo o anarquismo: uma abordagem terica. Dissertao de

    Mestrado. So Paulo: EACH USP, 2012. pp. 81-14739Os autores Michael Schmidt e Lucien Walt atentam para o fato que o verdadeiro embate estratgicodos anarquistas no era entre anarcossindicalismo e anarcocomunismo. Mas anarquismo de massas, queproporia tticas para a aproximao do anarquismo entre a classe trabalhadora vislumbrando umainsurreio efetiva tendo o sindicalismo revolucionrio como principal instrumento. E de outro lado, oanarquismo insurrecionalista que desconfiaria da aproximao exacerbada com os sindicatos eacreditaria na propaganda pelo fato como mtodo revolucionrio. Ver SCHMIDT , Michael ; WALT,Lucien van der. Op. cit.40Ver SCHMIDT , Michael ; WALT, Lucien van der. Op. cit. p. 123.41Aliana Anarquista. Guerra Sociale. P1. 30 de setembro de 1916. Citado em LOPREATO, ChristinaRoquette. Op.cit. p. 61.42 necessrio deixar claro que a unio de todos os setores esquerdistas e anarquistas tambm estava emuma pauta anarquista internacional tentada por Malatesta. Mas nesse momento, parecia tomar fora e ser

    acreditada pelos anarquistas como Edgard Leuenroth. Ver Biondi, Luigi. BIONDI, Luigi. Na construode uma biografia anarquista: os ltimos anos de Gigi Damiami no Brasil. In: DEMINICIS, Rafael;FILHO, Daniel Aaro Reis (org.). Op.cit.p. 169.

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    origem.43

    Militncia e ao

    Certamente Leuenroth foi um dos militantes mais importantes do perodo.

    Constantemente quando mencionado sobre o peridico em questo ou mesmo sobre a

    greve geral de 1917 muitos tm a primeira imagem deste importante ativista que atravs

    de seu trabalho de propaganda atravs de peridicos juntamente com sua militncia em

    passeatas e comcios deixou um rastro marcante no movimento operrio e na imprensa

    de So Paulo no perodo em que viveu.44

    Leuenroth sempre teve sua vida vinculada ao jornalismo e ao movimento

    operrio. Nasceu em 1881 na cidade de Mojimirim, interior de So Paulo, filho de um

    farmacutico. O pai era um imigrante austraco. Aos cinco anos de idade, aps o

    falecimento de seu pai, mudou-se com sua me e irmos para a capital. Passando por

    dificuldades financeiras, abandonou os estudos para trabalhar. Com 15 anos comeou a

    trabalhar como tipgrafo para o peridico O Comrcio de So Pauloonde teve contato

    tanto com o jornalismo como com os problemas sociais da capital. Um ano depois,

    funda seu primeiro jornal chamado O Boi, anticlerical e que apoiava o livre pensamento.

    Mais tarde, em substituio deste fundou A Folha do Brs, ampliando suas crticas aos

    problemas envolvendo os trabalhadores no bairro onde residia. Foi tambm fundador de

    diversas entidades vinculadas imprensa como o Centro Typographico de So Paulo, a

    Unio dos Trabalhadores Grficos, a Associao Paulista de Imprensae a Federao

    Nacional da Imprensa.

    Da em diante passou sua contribuio a toda a cidade e teve seu contato com

    militantes anarquistas com quem publicava diversos peridicos como O Alfa, Folha do

    Braz, A Terra Livre, A Lucta Proletria, A Guerra Social, O Povo, A Capital, ALanterna e outros.

    Com isso e aproveitando as reivindicaes dos trabalhadores no perodo bem

    como a situao crtica da poltica do perodo, Leuenroth lanou, em substituio do

    peridico anterior, A Plebe. Como analisado anteriormente, o peridico era a prpria

    43Uma anlise sobre a Alliana anarquistacontida no peridico Guerra Socialeesta na obra de ChristinaLopreato. Ver LOPREATO, Christina. Op.cit. pp. 60-73.44

    Para mais informaes da biografia de Leuenroth ver KHOURY, Yara Aun. Edgard Leuenroth: Umavoz libertria imprensa, memria e militncia anarcossindicalista. So Paulo: USP, 1988. Tese (Mestradoem Cincias Sociais). Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo.

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    expresso dos problemas naquele momento, sendo principal noticiador dos mesmos.

    Alm disso era um resultado da chamada Alliana Anarquistavisando tanto uma unio

    dos anarquistas em geral para um bem comum quanto para convencer o povo, entre eles

    os trabalhadores, para a destruio do sistema de dominao capitalista.

    Acompanhando a trajetria de Leuenroth notrio que o militante sempre esteve

    em meio s pautas dos trabalhadores e ao mesmo tempo havia trabalhado com

    importantes militantes anarquistas como Benjamin Mota, Neno Vasco, Gigi Damiani.

    Assim obteve um bom contato com essa ideologia perceptvel desde os primeiros

    peridicos com que estava envolvido. Com efeito, tinha conscincia emprica tanto dos

    problemas dos trabalhadores e suas pautas de reivindicaes quanto das propostas dos

    anarquistas naquele momento.

    Em A Plebe, Leuenroth fez isso muito bem, de um lado podia noticiar os

    acontecimentos envolvendo trabalhadores em So Paulo e outros Estados, e de outro

    ampliava sua crtica ao capitalismo, Igreja e Estado visto por ele e pelos redatores do

    peridico como nocivos e causadores das injustias sociais. Tambm poderia reunir

    diversos anarquistas militantes como redatores possibilitando criar um peridico

    exemplar de educao libertria e ao mesmo tempo porta-voz dos prprios

    acontecimentos do perodo.

    Alm de ser o criador e principal redator do peridico, a principal contribuio

    de Leuenroth foi nunca deixar de se preocupar com as pautas de reivindicaes dos

    trabalhadores escrevendo sempre a coluna Mundo operrio e assim incitando-os a se

    mobilizarem para melhorarem as suas condies. Mais do que isso, almejava que os

    trabalhadores se rebelassem contra a tirania do Estado e de seus chefes participando de

    greves e a partir disso fossem adeptos de uma insurreio:

    Vem este jornal ser um eco permanente das lamentaes, dos protestos e doconclamar ameaador dessa Plebe imensa que desde os seringais daAmaznia aos pampas sulinos, em terra, no mar, nas escuras galerias dosubsolo, nos ergstulos industriais ou nos nvios sertes vivesempiternamente a mourejar em condies de escravos modernos, paramanter na opulncia os ladres legais que aqui, em m hora, viram a luz dodia, ou, como aves de rapina, aportaram de outras paragens.[] Urge, portanto, prosseguir na obra dos abnegados de outrora para que,quando alm das fronteiras convencionais ruir fragorosamente o arcabouoapodrecido do regime social dominante, tambm o povo desta terra, noarrebol de um novo e sublime 13 de Maio, conquiste a sua alforria derradeira,fazendo com que o Brasil, passando a pertencer a todos os seus habitantes, atodos proporcione a vida folgada e feliz que a exuberncia trabalhada de suas

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    riquezas naturais permitem. E com esse objetivo que vem lutarA Plebe.45

    Leuenroth no s teve papel na propaganda como jornalista, mas participou das

    reivindicaes, engrossando fileiras nas passeatas de ruas.46Assim, representava uma

    ameaa para autoridades e empregadores do perodo e por isso que no mesmo ano foipreso passando a ser tema de muitas colunas que incitavam o trabalhador a lutarem em

    defesa de militantes presos. Nesse perodo, Florentino de Carvalho procurou manter a

    publicao deA Plebe.

    Na estreia deA Plebe, Leuenroth por meio de correspondncias, tentava manter

    contato e unir importantes anarquistas que no estavam no Brasil. Um deles foi Neno

    Vasco47que j tinha papel importante na histria do anarquismo dentro da imprensa e

    do movimento operrio do pas.Gregrio Nazianzeno de Vasconcelos(nome verdadeirodeNeno Vasco) nasceu

    em Portugal em 1878 e com oito anos de idade vem para So Paulo com sua famlia.

    Volta para seu pas de origem para concluir seus estudos em bacharel em direito. Aps

    isso, em 1900, comea a se envolver com atividades militantes denunciando as

    arbitrariedades da polcia e a escrever em peridicos republicanos. Mas com sua volta

    a So Paulo em 1901 que tem contato com militantes anarquistas e com a obra de Errico

    Malatesta.

    48

    Da em diante, Vasco passa a apoiar o sindicalismo como ttica importanteentre os anarquistas para a construo de uma nova ordem. Para ele, era um erro separar

    o anarquismo do movimento operrio bem como tentar dissociar a unio dos dois

    movimentos. Vasco escreve em sua obra:

    Se procurarmos, no as origens filosficas do ideal anarquista, nem a filiaodo sentimento libertrio nas revoltas e aspiraes populares do passado porque isso perde-se vagamente na noite dos tempos mas sim noaparecimento dum movimento anarquista definido, do anarquismo operriocom todas as caractersticas essenciais que tem hoje, vamos encontr-losindicalista antes do termo, no seio da Internacional e das associaesinternacionais que Bakunin foi o principal inspirador, fundindo e vivificandoas ideias marxistas com o pensamento de Proudhon e dos socialistasfranceses. 49

    45Leuenroth. A Plebe. Rumo Revoluo Social. N.1 Ano I. P.1. 9 de Junho de 1917.46 assertiva a anlise da autora Yara Khoury quando diz: Leuenroth, como integrante do movimentoanarquista, fez de seus jornais veculos de militncia; investindo na construo da revoluo anrquica,lutou contra o poder institudo e contra todas as formas de dominao e explorao que identificava nasociedade, propondo a ao livre e direta de todas as pessoas. KHOURY, Yara Aun. Op.cit. p. 118.47Biografia feita a partir de SAMIS, Alexandre. Op.cit. Lisboa: Letra Livre, 2009.48Ver SAMIS, Alexandre.Idem.49VASCO, Neno. Concepo anarquista do sindicalismo. Edies afrontamento, 1984. p. 75

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    Como ttica indispensvel e historicamente situada, o anarquismo deveria se

    associar com os trabalhadores a fim de conscientiz-los para a libertao deles prprios

    e de toda massa contra o sistema opressor. Vasco continua:

    Para alcanar essa organizao social, (como qualquer outro fim j realizadoou a realizar), indispensvel uma ativa e grande obra de propaganda eorganizao. Nela estamos empenhados. Como para todos os partidos quetm um ideal a realizar, os nossos inimigos so a ignorncia das massas, a suadestruio a fora material da burguesia constituda em Estado (com ou semaparncia popular).50

    Visando a propaganda libertria, Vasco participou da edio do peridico O

    Amigo do Povo em 1902 onde teve importante destaque. Tal peridico foi um dos mais

    importantes jornais anarquistas at ento que abria uma discusso com o movimento

    operrio influenciando e participando de muitas reivindicaes do perodo.51

    Realmente, a ttica de Neno Vasco e Leuenroth de inculcar o anarquismo entre

    os trabalhadores, o anarquismo de massas foi a principal corrente entre os militantes

    anarquistas do perodo.52

    Mas podemos destacar tambm que era comum entre os anarquistas em geral

    acreditarem que uma educao em bases racionalistas para toda a populao traria uma

    atitude revolucionria a estes. Por isso, a propaganda para a reflexo racionalista deveria

    inculcar em todos uma nova moral, com a qual o clericalismo e a religio fossem

    extirpados, bem como inculcar a cincia e o progresso em detrimento da ignorncia das

    massas existente devido, na interpretao dos anarquistas, ao prprio sistema

    exploratrio e alienador do capitalismo.53

    As escolas racionalistas, criadas nessa forma, estavam sendo pauta da discusso

    de anarquistas no Brasil desde o comeo do sculo XX e j tinham sido apoiadas por

    importantes peridicos comoA Lanterna.

    Um principal representante dessas questes era Joo Penteado. Tal militante foi

    um dos principais pedagogos libertrios em So Paulo. Nasceu em 1876 em Ja, interior

    do estado. De uma famlia humilde, teve seus conhecimentos obtidos atravs do

    autodidatismo. Mais tarde foi selecionado via concurso a lecionar em sua cidade e em

    outras o ensino de primeira letras. Teve seu contato com as ideias anarquistas quando

    50Idem. p. 6651Ver TOLEDO, Edilene. Amigo do Povo: grupos de afinidade e a propaganda anarquista em So Paulo

    nos primeiros anos deste sculo. Tese de Mestrado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1994.52Ver SAMIS, Alexandre. op.cit. p. 161.53Idem p. 14.

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    participou da organizao dos protestos contra o fuzilamento na Espanha do pedagogo

    anarquista Francisco Ferrer, o elaborador da Escola Moderna, tendo sido indicado como

    orador do Centro Operrio daquela cidade.54

    Mudou-se para a capital em 1912 onde se aproximou dos crculos anarquistas,

    tendo contato com importantes militantes como Leuenroth e Florentino de Carvalho.

    Com estes, fundou a primeira Escola Moderna em solo brasileiro no bairro paulistano

    do Belenzinho. Desde sua fundao, a Escola Moderna n 1 teria Penteado como seu

    diretor e professor, escolhido em Maio de 1912. A partir da foi modelo e inspirao

    para outras escolas racionalistas em So Paulo.55

    Importante participao tiveram as mulheres na militncia do perodo. Uma

    delas, Isabel Cerruti participou intensamente nas publicaes deste bem como nas

    greves do perodo. Imigrante, provavelmente italiana, veio ao Brasil nos seus primeiros

    anos de vida e desde a adolescncia j se aproximava dos temas libertrios. Proferiu

    conferncias, falava em comcios pblicos e fez parte daLiga Feminina Internacionale

    no Centro Educativo Feminino. Embora sempre defendendo a posio da mulher,

    acreditava que a libertao deveria ser total e humana e portanto via os homens

    libertrios como aliados em sua luta.56

    Sendo visivelmente uma militante anarquista em todos os nveis, Isabel no

    defendia governos polticos, liberais ou mesmo socialistas. Mostrava o anseio de

    libertao em todos os nveis. Criticar polticos e incentivar os trabalhadores a

    desacreditarem nas eleies foi uma das principais contribuies de Isa Rutti:

    Alerta, proletrios! No vos deixeis iludir pelos longos, interminveis esaporficos discursos do candidato crnico presidncia da Repblica.Ruy no , nunca foi amigo dos humildes, dos trabalhadores que lutam esofrem em troca de um miservel pedao de po.[...] Para ele, a questosocial se resume em meia dzia de leis, que no seriam compridas e no

    direito que continuariam a ter os governantes de esmagar com o chanfalhopolicial ou sob as patas dos cavalos, as reivindicaes dos explorados, detodos que s vivem do trabalhado dos seus braos.

    57

    Podemos observar intensa e complexa militncia que muitos personagens,

    muitas vezes esquecidos, exerceram durante o perodo, criticando s foras dominadoras

    e construindo uma cultura e identidade poltica.

    54Idem .p. 138-149.55Idem .p. 138-149.56

    Biografia realizada a partir de DIAS, Mabel. Mulheres anarquistas: o resgate de uma historia poucocontada. Joo Pessoa: Imprensa Marginal, 2002. p. 27.57Isa Rutti. O Sr. Ruy e a Questo social. A Plebe. N.6 Ano II. P.1. 29 de maro de 1919.

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    Como mostrado, suas pautas estavam embutidas dentro de uma ideologia

    internacional que apresentava diversas estratgias polticas e propagandsticas. Alm

    disso, contestavam contra condies sociais concretas. No est sendo afirmado que o

    movimento operrio deve ser resumido ao anarquismo e nem se pretende maximizar

    seus efeitos no perodo, uma vez que estudos mostram a liderana expressiva de

    socialistas e sindicalistas na construo de uma identidade operria e na participao

    destes em greves, manifestaes e comcios.58Mas, coloco em evidncia aqui o fato de

    o anarquismo apresentar um projeto poltico importante, e longe de excluir os

    trabalhadores das lutas concretas do perodo, almejava traz-los.

    Nesse sentido, perceptvel que em 1919, em um contexto de intensa represso

    sobre o movimento operrio59, o peridico em questo reforou no apenas o desejo da

    unio de todos os anarquistas, mas de todas as tendncias ideolgicas e polticas entre

    os trabalhadores. Tal ttica de propaganda, surgida desde a fundao do jornal, tomava

    forma e contornos mais precisos quando Gigi Damiani60escreveu:

    Ser possvel a concentrao de todas as foras proletrias para um fim nicode imediato alcance? Anarquistas, socialistas, sindicalistas podero constituirum nico organismo revolucionrio sem que haja na luta disperso deenergias ou esforo contraditrio? [].Sim, possvel, desde que no haja equvocos. Ontem era lcito discutir sobre

    parlamentarismo, salrios mnimos, propaganda pelo fato, ao direta einsurrecionalismo. E era licito, tambm traar contornos indefinidos de umasociedade longnqua. Hoje o problema bem diverso. Passou-se a poca dosdiscursos e chegou a hora dos fatos. Quem possu raciocnio e no vive nalua, deve confessar a si mesmo que os fatos, na sua maturao, exigem umaconcepo positiva do que se deve fazer[...].Anarquistas, socialistas, sindicalistas somos todos pela socializao imediatada propriedade. E se o somos todos hoje, no vamos agora discutir porqueontem no o ramos todos. Seria ocioso. Hoje a um ponto, e essencial, noqual anarquistas e socialistas (refiro-me aos socialistas que creem nosocialismo e no nos cataplasmas em pernas de pau) encontramo-nos sob omesmo ponto de vista.

    61

    58Ver BIONDI, Luigi. Op. Cit. e BATALHA, Claudio Henrique de Moraes. O Movimento operrio naPrimeira Repblica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.59 CAMPOS, Cristina Hebring. O Sonhar Libertrio: movimento operrio nos anos de 1917 a 1921.Campinas-SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1988. p. 26-56.60Gigi Damiani teve uma forte militncia em So Paulo antes de ser expulso em 1919, voltando para aItlia. Ver BIONDI, Luigi. Na construo de uma biografia anarquista: os ltimos anos de Gigi Damiami

    no Brasil. In: DEMINICIS, Rafael; FILHO, Daniel Aaro Reis (org.). Op. Cit.p. 159-179.61Damiani. Pela concentrao dos partidos proletrios. A Plebe. N. 6. Ano II. P.4. 29 de maro de1919.

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