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SantoSa
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IMAGINÁRIA DOMÉSTICA EM MINAS GERAIS NOS SÉCULOS XVIII E XIX
Márcia de Moura Castro
Com a colaboração de Eliana de Moura Castro
IPHAN
de casa
Santo
de casaI m a g I n á r I a d o m é s t I c a e m m I n a s g e r a I s n o s s é c u l o s X V I I I e X I X
márcIa de moura castro
com a colaboração de elIana de moura castro
Iphan
Créditos
C355s Castro, MárCia de Moura. santos de Casa : iMaginária doMéstiCa eM Minas gerais nos séCulos XViii e XiX / MárCia de Moura Castro. – Brasília, dF : iphan, 2012. 176 p. : il. ; 26 CM. – (aCerVos ; 2)
isBn: 978-85-7334-231-4
1. esCultura saCra. 2. arte saCra - Brasil. i. título. ii. série.
Cdd 730
presIdenta da repúblIca do brasIl
dilMa rousseFF
mInIstra da cultura Marta supliCy
presIdenta do InstItuto do patrImônIo hIstórIco e artístIco nacIonal
JureMa MaChado
dIretorIa do Iphan
andrey rosenthal sChlee
Célia Maria Corsino
esteVan pardi Corrêa
Maria eMília nasCiMento santos
coordenador nacIonal adjunto do programa monumenta
roBson antônio de alMeida
coordenação edItorIal sylVia Maria Braga
edIção
Caroline soudant
organIzação
rosângela nuto
reVIsão letra guia/graCe elizaBeth e rosalina gouVeia gilka leMos
projeto gráfIco e dIagramação raruti CoMuniCação e design/Cristiane dias
fotos Miguel aun
nelson kon (p. 20)pedro daVid (guarda, p.6,8,10,12,13,14,16,18,19,24,32,48,49,172,173)
dados de IdentIfIcação das Imagens e preparação das legendas silVana Cançado trindade e Carla de Castro silVa
conserVação da coleção márcIa de moura castro
Carla de Castro silVa (restauradora)leonardo a. M. MaCiel (assistente)
este trabalho foI realIzado em cooperação com a representação da unesco no brasIl.
SumárioAPRESENTAÇÃO
JureMa MaChado
A COLEÇÃO DE EX-VOTOS E SANTOS DE CASA DE MÁRCIA DE MOURA CASTRO:
MODOS DE VER
silVana Cançado trindade
PREFÁCIO
Claudio de Moura Castro
A IGREJA E A ARTE
O BARROCO EM MINAS GERAIS
SANTO DE CASA
O CRISTO E A CRUZ
OS SANTOS E SUAS IMAGENS
CONCLUSÃO
referências BIBLIOGRáFIcAs
07
09
13
17
21
25
33
61
174
175
U U
proMessa e Milagre PO Ex-voto s mineiro s
A p r e s e n t A ç ã o
apresentação
Com este segundo volume da série Acervos, o Iphan apresenta a Coleção Márcia de Moura Castro, de santos
de casa, recentemente adquirida para integrar o acervo do Memorial Congonhas, cuja instalação em breve
estará concluída.
A criação do Memorial resulta da parceria criada entre o Instituto, a Prefeitura e a Unesco, que decidiram equipar a
cidade com um espaço para a melhor valorização de seu sítio, bem como para a divulgação de conhecimentos a respeito
da conservação dos monumentos em pedra, tema inerente ao acervo que caracteriza Congonhas. Nada mais oportuno
também do que dotar esse espaço com as coleções representativas de Minas Gerais, como esta composta, na maior parte,
de imagens produzidas nos séculos XVIII e XIX.
São ao todo 208 peças, entre oratórios, crucifixos e imagens de santos, que, estudadas em minúcia pelas especialistas
Silvana Cançado Trindade e Carla de Castro Silva, terão seus dados de identificação estabelecidos em definitivo. O leitor
poderá conhecer a coleção na íntegra por meio das fotos que compõem este livro.
Mas Márcia de Moura Castro, a colecionadora que agora nos permite apreciar um conjunto tão rico da imaginária domésti-
ca, não apenas selecionou ao longo de sua vida essas esculturas – de procedência, autoria, estilo e material diversos –, como
ainda nos deu o prazer de apresentá-lo com suas próprias palavras e reflexões e a colaboração da filha Eliana.
Assim, ela nos conduz à época da intensa atividade mineradora na capitania das Minas e ao costume das famílias de
dedicar um altar para os santos protetores de sua devoção no cômodo principal da casa, ou mesmo na cabeceira da cama.
É dessa intimidade com o sagrado, com a arte e com a vida dos santos mais populares no Brasil que Márcia de Moura
Castro e sua coleção nos oferecem seu testemunho.
Jurema Machado
Presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Dezembro 2012
Peças em prata da colecionadora
Márcia de Moura Castro.
Santo de casa
P a r e c e r t é c n i c o
A verve de colecionadora que distinguiu D.
Márcia de Moura Castro se expressa, de
forma exemplar, na sua coleção de ex-votos e
santos de casa. Os trezentos e quarenta e dois objetos,
classificados por tipologia em 72 tábuas votivas, 36
votos esculturais, 26 medalhas, 9 oratórios e 199 santos
de casa, foram adquiridos pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional em 2011, para serem
expostos no Memorial Congonhas. Tal inserção vai ao
encontro das origens históricas do Santuário do Bom
Jesus de Matosinhos, como ex-voto erigido por Feliciano
Mendes em meados do século XVIII em reconhecimento
por graça alcançada, além de revalorizar as práticas
devocionais locais inscritas no contexto espacial, social e
religioso do referido Santuário.
Do simples deleite estético à identificação da forma,
da época, do material, da técnica e do estilo, a Coleção
instiga diferentes olhares, que se verticalizam e que
podem derivar em análises referendadas nos conteúdos
intrínsecos das peças, conferindo à coleção inestimável
valor documental.
Do ponto de vista da época de confecção, os objetos
percorrem os séculos XVIII, XIX e XX, à exceção de
dois santos de casa datados do século XVII. As tábuas
dividem-se, equitativamente, entre os séculos XVIII
e XIX; os oratórios, em sua maioria, são do XVIII,
enquanto nas medalhas há o predomínio do século XIX.
Os votos esculturais, por sua vez, são todos do século XX,
e os santos de casa, mais da metade, são do século XVIII.
A diversidade observada nas datações dos objetos se repete
na identificação das origens, dos materiais e das técnicas.
São peças originárias de Minas Gerais, do Rio de Janeiro,
de São Paulo, da Bahia, do Rio Grande do Sul, da região
Nordeste do Brasil, do Peru, da Bolívia, de Portugal,
da Espanha, Alemanha, Itália e França. Interligam-se
também na profusão de materiais – madeira, marfim,
prata, pedra, metal – e das técnicas - pintura a têmpera, a
óleo, desenho, gravura, entalhe, recorte, moldagem etc.
Por outro lado, como expressão genuína de fé e devoção,
a Coleção materializa mais de sessenta invocações, seja na
forma das tábuas pintadas ou votivas, dos santos de casa,
dos oratórios e de algumas medalhas. Há as invocações
que representam os episódios do Nascimento, Paixão
e Morte de Jesus, a exemplo do Menino Jesus, Senhor
de Matosinhos, Cristo da Coluna, Cristo no Horto das
Oliveiras, Cristo Crucificado, Senhor do Bonfim, dentre
outros. Há as diferentes titulações da Virgem Maria,
como Nossa Senhora da Conceição, do Ó, das Dores,
Mercês, da Piedade, Misericórdia, Soledade, Saúde, do
Rosário, Amparo, da Luz, dos Milagres e Remédios. Já
os chamados santos da família de Cristo corporificam-se
nas imagens de Sant’Ana, São José e São João Batista.
Significativamente mais numerosos, aparecem, em
profusão, os santos e as santas mártires e/ou pertencentes
a ordens religiosas, em dimensões compatíveis com o
culto doméstico. São os santos bispos, cardeais, papas e os
que se notabilizaram por estudos de Teologia, como Santa
Gertrudes, São Gregório VII, São Carlos Borromeu;
a coleção de eX-Votos e santos de casa de márcIa de moura castro: modos de Ver
Imagens em miniatura da Coleção
Márcia de Moura Castro.
Santo de casa
P a r e c e r t é c n i c o
os penitentes eremitas, como Santa Maria Egipcíaca,
Santo Onofre, Santo Antão e Santa Maria Madalena; os
fundadores das ordens, a exemplo de São Domingos de
Gusmão, São Francisco de Assis, São Francisco de Paula
e Santo Inácio de Loyola; os santos arcanjos Miguel e
Rafael; e os santos e santas de notória predileção popular,
como Santo Antônio, Santa Rita, São Benedito, Santa
Efigênia, São Sebastião, Santa Luzia, São Jorge, São
Cosme e São Damião.
Tais invocações sugerem outro interessante arranjo,
balizado pelos diferentes patronatos identificados na
Coleção (santos protetores dos alfaiates, arquitetos,
pedreiros, cabeleireiros, jardineiros, tecelões, costureiros,
negociantes de ferragens, militares, mineradores,
marinheiros, livreiros, enfermeiros, médicos,
farmacêuticos, barbeiros). O arranjo reforça-se mais ao
se associar as invocações e os patronatos da Coleção a
episódios de perigo vivenciados no cotidiano, quando é
comum chamar pelo santo: para casos de pestes, feridas,
enfermidades incuráveis; mordidas de cães; questões de
amor; infertilidade; partos difíceis; epilepsia e doenças na
cabeça; tempestades com raios; dificuldades na colheita,
ou mesmo problemas que parecem sem solução –
vicissitudes múltiplas e atemporais do dia a dia tratadas na
Coleção por meio dos santos de casa.
Importante e expressivo conjunto de peças são os Votos
Esculturais que instigam a proposta de um último recorte,
conformando um grupo especial na Coleção, por não
apresentarem os signos que comumente particularizam
os objetos de culto religioso. São representações do corpo
humano fragmentado em uma série de cabeças, mãos,
pernas e pés, seios, ventres, olhos, toscamente esculpidos e
recortados em madeira ou moldadas em barro, de intensa
expressão, que correspondem à parte doente do corpo que
foi curada.
As possibilidades de olhar, admirar e estudar a Coleção
são, de fato, muitas. Mas, qualquer que seja o caminho
escolhido, ele deve ser antecedido pela percepção da
Coleção como um conjunto de objetos que expressam
um código de domínio coletivo, que tem sentido de rito
religioso e que exterioriza a relação milenar estabelecida
entre o homem e o plano divino. A sensibilidade e o
olhar arguto de D. Márcia de Moura Castro souberam
reconhecer o valor artístico, histórico e antropológico
na prática votiva e orientaram o colecionismo de seus
ex-votos e santos de casa, os quais estarão, no Memorial
Congonhas, oferecidos e postos, em definitivo, para a
exibição e fruição de todos.
Silvana Cançado Trindade*
Agosto de 2012
*Historiadora, integrante da equipe do projeto Memorial Congonhas.
Sala de visitas da residência de
Márcia de Moura Castro.
Santo de casa
Prefác io
Bernard Berenson, um dos maiores peritos em arte
europeia, começa o seu livro comentando que
muitas pessoas lhe diziam não saber nada de arte,
mas que sabiam perfeitamente do que gostavam e do que
não gostavam. Em contrapartida, ele retrucava que sabia
tudo sobre arte, mas tinha grande dificuldade de decidir
do que gostava.
Essa dificuldade de decidir do que gostar está muito
mais próxima da nossa realidade do que poderia parecer.
Somente depois da Semana de Arte Moderna de 1922,
quando Mário de Andrade lidera uma viagem exploratória
às Minas Gerais, descobrimos o nosso barroco e o nosso
mobiliário colonial. A escolha da palavra “descobrir” não
é casual. Antes disso, os olhos brasileiros iam à Europa e
se deleitavam com o que havia
sido decretado como arte séria.
Mas não viam o que tínhamos
por aqui.
Minas Gerais custou ainda mais a
redescobrir suas próprias riquezas.
Antes de ter críticos de arte e
profissionais preparados para
decifrar nossa tradição artística,
o Brasil tinha colecionadores.
Com eles começa o processo
de definir o que é arte, de
interpretar o que tinham diante
de si, de decidir para o que
valia a pena chamar a atenção
e de selecionar o que era para
ser considerado como valioso. Alguns valorizam,
colecionam e preservam. Outros foram mais longe e
tentaram escrever sobre suas coleções.
O que quer que seja considerado arte, são os
colecionadores particulares que, inicialmente, dão
substância e significado concreto à descoberta de uma
manifestação artística. Na prática, não adianta que
intelectuais decretem que isso ou aquilo é maravilhoso.
É preciso que alguém junte e mostre tal acervo. Em
São Paulo e no Rio, após a Semana de Arte Moderna,
começam a aparecer pessoas que entendem o significado
da nossa arte colonial e constroem coleções importantes.
Em muitos casos, são esses colecionadores que salvam
imagens e móveis destinados a
virar lenha para os fogões.
Só muito mais tarde objetos
e coleções começam a migrar
para os museus públicos e
semipúblicos. De resto, foi
assim também na Europa.
A palavra museu aparece no
Renascimento, para denominar
coleções privadas.
Durante as muitas décadas em
que o nosso barroco religioso
foi glorificado, nossos olhos não
viram arte fora dos adros e dos
altares. De fato, a percepção do
que é arte não é espontânea e
nem intuitiva.
prefácIo
Arranjos com imagens
da coleção.
Santo de casa
Relegados aos fundos das sacristias ou depósitos e depois
queimados, os ex-votos levaram tempo para serem
percebidos como uma manifestação reveladora da arte
popular brasileira. Márcia de Moura Castro, minha mãe,
foi uma das primeiras a ver o seu conteúdo artístico.
Depois de escrever um livro sobre ex-votos e de emprestar
peças de sua coleção para uma sequência enorme de
exposições no Brasil e fora, a autora passa a explorar
outras vertentes das artes brasileiras. Volta-se, então, para
os santos de casa.
Ao contrário do exuberante barroco das igrejas, os
santos de casa – pequenos, modestos – tendem a ser
mais ingênuos. Mas, nem por isso, menos interessantes e
expressivos. Os santos de casa falam mais da cultura e da
estética do nosso povo. Eles fazem parte da intimidade
da família.
A autora é o exemplo clássico do colecionador
cuja visão treinada percebe o valor do que não era
valorizado. Constrói ao longo dos anos uma bela
coleção com essas imagens.
Trata-se de uma colecionadora geneticamente
programada. O bisavô materno foi colecionador. A
mãe, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, além de
grande colecionadora, militou muito próximo do
grupo liderado por Rodrigo Melo Franco de Andrade,
responsável pela criação do Iphan. O pai, Marcos
Carneiro de Mendonça, além de historiador, formou
uma vasta biblioteca sobre o Brasil. O irmão tornou-se
também colecionador de arte brasileira.
É, portanto, com muito orgulho filial que prefacio este
ensaio. Talvez seu papel maior tenha sido descobrir a
arte que se esconde nas pequenas imagens que havia
em quase todas as casas mineiras. Mas, ao contrário
da maioria dos colecionadores, a autora foi além das
descobertas. Ela analisou, interpretou e deu coerência a
sua coleção, situando a arte sacra popular mineira numa
perspectiva histórica. Completam o texto fotografias
de todas as imagens da coleção de santos que estará
na íntegra em exposição permanente no Memorial
Congonhas.
Claudio de Moura Castro
Prefác io
Imagens da coleção em meio a
fotos de família.
Santo de casa
A I g r e j A e A A r t e
A Igreja sempre teve a arte a seu serviço. Ela logo
verificou que a imagem pintada ou esculpida
penetra mais fundo na sensibilidade do povo do
que as palavras do Evangelho e permanece indelével em
sua memória. Desde tempos imemoriais, o ídolo sempre
polarizou a fé como representante da força superior.
Quando da invasão dos países já cristianizados pelos
bárbaros, a religião teve que se refugiar nos conventos
quase inacessíveis, onde os monges, em seu isolamento,
enfeitavam com belas iluminuras os velhos textos
sagrados, tornando-os mais atraentes aos olhos de quem
a eles tinha acesso.
Depois desse prolongado hiato no qual a cultura greco-
romana foi esquecida, deixando a população ignorante,
os chefes bárbaros, aos poucos, foram se integrando
ao mundo cristão. Foi através das esculturas sacras das
paredes externas das igrejas românicas e das catedrais
góticas que o povo iletrado foi atraído e conquistado pela
religião cristã: era a chamada “Bíblia dos Pobres”.
Da mesma maneira, a escultura sacra teve um papel muito
importante na catequese dos índios nos primórdios da
colonização do Brasil. Constituía uma das armas usadas pelos
missionários, pois aos nativos era mais fácil acreditar nas
imagens visíveis e palpáveis do que em abstrações teológicas.
Por serem fáceis de transportar, elas prestavam-se
muito bem a esse papel evangelizador. Disse um
historiador português que os catequistas com seus altares
improvisados e santos rústicos conquistaram mais terras
para Portugal do que seus próprios exércitos.
ContrarreForMa e BarroCo
A situação de descalabro em que se encontrava a Igreja
Católica nos séculos XV e XVI provocou uma série de
movimentos de rebeldia que a modificaram radicalmente.
O humanismo da Renascença desestruturara a religião
monolítica da Idade Média, e cada um se julgava no
direito de pensar e agir como bem lhe aprouvesse. Até o
papado foi atingido pela desordem. As grandes famílias
manipulavam a alta hierarquia da Igreja. Papas como
Alexandre VI (1431-1503), com seus filhos Lucrécia
e César Bórgia, levavam uma vida de devassidão
despudorada. A comercialização da devoção, por meio da
venda de indulgências e relíquias, em sua maioria falsas,
minou a confiança dos devotos e a base da Igreja.
A Reforma proposta por Lutero, a princípio apenas uma
tentativa de moralização, não tendo sido aceita pela
cúpula católica, provocou um cisma irremediável e logo
obteve muitos adeptos como Calvino e Zwinglio, na
Suíça. João Huss, na Boêmia, os Huguenotes, na França, e
Wyclif, na Inglaterra, fizeram com que quase todo o norte
da Europa se afastasse de Roma. Itália, Espanha e Portugal
mantiveram-se fiéis ao papado.
A Igreja Católica saiu muito enfraquecida desse cisma.
Tornava-se necessária uma forte reação. O primeiro
esforço nesse sentido partiu de Santo Inácio de Loyola,
ao fundar a Companhia de Jesus, em 1540. Ele propunha
uma atitude de luta, apoiada por uma disciplina militar.
O Concílio de Trento (1545) foi convocado pelo papa
Paulo III para estudar outras maneiras de combater as
novas seitas e revitalizar o catolicismo. Esse movimento
a Igreja e a arte
Detalhe da Coleção
Márcia de Moura Castro.
Santo de casa
tomou o nome de Contrarreforma e visava uma volta ao
medievalismo, com combate ao paganismo e aos temas
carnais. Tudo ficou restrito às normas do Concílio e os
jesuítas foram os que mais se identificaram com elas.
Todas as armas foram empregadas nessa luta e a arte foi
uma delas. A Igreja de Gesù em Roma, primeira sede dos
jesuítas, serviu de modelo ou inspiração para todas as que
foram construídas na Contrarreforma. Sua fachada cheia
de curvas e contracurvas contrariava o estilo clássico e suas
linhas mestras a diferenciavam dos templos anteriores.
A Igreja tridentina deu grande importância à arquitetura
religiosa, no exterior bem como no interior dos templos,
que adquiriram um aspecto um tanto teatral, influenciado
pelo estilo italiano. Foi dada também grande importância
aos aspectos visíveis da fé: procissões, romarias; na
decoração das igrejas, a pintura e a escultura tornaram-se
imprescindíveis. Também a música desempenhou papel
importante nas normas determinadas pelo Concílio.
Esse apelo ao visual, ao belo, ao colorido, visava à
elevação do espírito, aproximando-o do ideal almejado – a
revitalização do catolicismo.
A esse estilo, que nasceu em Roma, foi mais tarde dado
o nome de “barroco”, palavra que a princípio tinha a
conotação depreciativa de defeituoso ou imperfeito,
como nas pérolas barrocas, menos valorizadas que as
perfeitas. Com o tempo, o termo foi aceito como o estilo
característico de uma época.
Para despertar os sentidos e atingir o aspecto afetivo da
fé, são empregados efeitos de luz, de movimento, linhas
curvas, drapeados e jogos de perspectiva.
Esse estilo espalhou-se rapidamente, não só nos países que
se mantiveram fiéis ao catolicismo, como em toda uma
faixa da Europa central, às vezes até com mais exagero
do que no Sul. Os palácios dos príncipes e nobres, que
proliferaram ao longo do século XVII, rivalizavam em
luxo e riqueza. Cada sala exibia uma decoração especial.
O rococó sucedeu ao barroco mais austero.
Arquitetos italianos foram chamados para fazer os projetos
e a França teve muita influência nos detalhes decorativos.
Artistas locais também fizeram belos trabalhos nos
palácios e nas igrejas.
Materiais exóticos, como conchas verdadeiras, foram
utilizados pelos europeus como elemento de decoração.
Conchas estilizadas também se tornaram um motivo muito
comum no mobiliário da época em Portugal e no Brasil.
Não tivemos aqui os exageros das colônias hispânicas.
Nossas virgens são menos lacrimosas, nossos santos são
menos torturados.
As imagens das padroeiras das primeiras capelas
construídas ao longo do litoral brasileiro vinham da
Metrópole; logo, porém, começaram a chegar os mestres
A I g r e j A e A A r t e
santeiros portugueses, que, seguindo a tradição da
sua terra, modelaram no barro belas virgens coloridas
para os altares. Surgiram depois os aprendizes, que,
ainda no século XVI, produziram bonitas imagens. Por
volta de 1560, a Bahia já tinha o seu santeiro famoso:
Mestre João Gonçalo Fernandes. Atendendo este a uma
encomenda, enviou duas belas imagens de barro cozido
para a capitania de São Vicente: uma Nossa Senhora da
Conceição, padroeira da vila de Itanhaém, e uma Nossa
Senhora do Rosário, para a vila de São Vicente, ambas no
litoral paulista. Por erro ou distração, as imagens foram
trocadas na sua destinação, indo a da Conceição para
São Vicente e a do Rosário para Itanhaém. Ambas ainda
existem em bom estado de conservação e continuam nas
sedes trocadas.
No século XVII, a atividade de santeiro adquiriu uma
enorme importância, com artistas do porte de Frei
Agostinho da Piedade, nascido em Portugal e atuante
na Bahia e em Pernambuco. Seu aluno, o brasileiro
Frei Agostinho de Jesus, brilhou com seus trabalhos em
Salvador e São Paulo.
Muitos outros artistas, na maioria anônimos, surgiram
na Capitania de São Vicente, contribuindo para que
o século XVII se tornasse a época áurea da imaginária
paulista. Lindas virgens de barro cozido enriqueceram
os altares, tanto das vilas do litoral como do planalto.
Outros santos eram mais representados em bustos-
relicários, com o característico nicho no peito, onde
se colocavam as relíquias. O barro ainda constituía a
matéria-prima predominante.
As imagens tinham postura ereta, com predominância da
verticalidade nos trajes. Ainda sofriam influência medieval
e renascentista. Os rostos, de traços belos e regulares,
eram pouco expressivos. Os cabelos tinham sulcos de
desenho convencional, terminando em forma de “V” ou
em linha horizontal. Mais tarde, foram adotadas pequenas
mechas onduladas, espalhadas de maneira regular sobre
as costas e os ombros. A cabeça nunca era coberta por um
véu ou manto. O vestuário, de colorido forte, apresentava
pequenos ornatos em relevo. Nas virgens adolescentes
nota-se às vezes um sorriso enigmático que faz lembrar as
Kórai da Grécia arcaica.
Ao aproximar-se o século XVIII, disseminou-se entre os
santeiros o uso da madeira, tão abundante no Brasil de
então, tornando assim a imagem mais leve, mais fácil de
transportar e, além disso, mais resistente. Por ser também
um material dócil, permitia dar maior movimentação às
roupagens e ao cabelo, que se apresentava mais revolto e
volumoso. Já eram prenúncios das mudanças que estavam
a caminho.
A Capitania de São Paulo, depois da fase épica e heroica
do bandeirantismo, entrou em um período de estagnação
do qual só bem mais tarde se libertou. Chegou, então, o
momento de Minas brilhar no cenário artístico brasileiro.Imagens de santos em
miniatura.
Santo de casa
O b a r r O c O e m m i n a s G e r a i s
O estilo mineiro, embora muito influenciado por
Portugal, adquiriu aqui novas características
que o diferenciam também das outras regiões
do país.
Na arquitetura sacra de Minas houve uma integração das
diversas manifestações artísticas dentro da mais perfeita
harmonia, evidenciando o trabalho de equipe e grande
consciência profissional.
Na alvenaria branca, com suas curvaturas e sinuosidades,
as belas portadas inseriam-se com a leveza e a suavidade
que só a pedra sabão permite. Ela se deixa talhar com
uma riqueza e harmonia de detalhes espantosa. Os
frontões e as torres sineiras, em abóbadas ou bulbos
orientais, passaram a arrematar com delicadeza as
ricas fachadas.
No interior das naves, a pintura ganha espaço, assim
como o relevo em madeira policromada. Os altares são
prodígios de composição, onde se entrelaçam colunas
torças, cachos de uvas, anjos, atlantes, pássaros, rocalhas e
reposteiros. As abóbadas dão imenso campo aos pintores,
que tentam atingir o infinito com o fundo em perspectiva.
A folha de ouro não foi poupada. Certas igrejas têm seus
altares totalmente cobertos por ela.
Nunca a arte esteve tão ligada à devoção como nas
Minas Gerais do século XVIII. Quase todas as atividades
artísticas eram dirigidas para a edificação dos templos, sua
decoração, imagens dos altares, prataria litúrgica e alfaias.
Mesmo nas obras de utilidade urbana, como pontes e
chafarizes, raramente faltava um símbolo religioso.
As igrejas mineiras são, por isso, prodigiosos repositórios
do que de mais belo se produziu no período barroco do
século XVIII. Elas constituem as obras-primas da época.
Os projetos arquitetônicos, as talhas de madeira ou
pedra sabão, os objetos de culto e até mesmo as joias que
adornavam as vestes litúrgicas e as imagens, tudo é da
mais alta qualidade artística. A escultura se destaca entre
as diversas atividades e produziu as mais significativas
obras de arte de Minas Gerais.
A obra pictórica, por sua própria natureza, sempre teve
de ficar bem protegida dentro das igrejas: tanto os painéis
sacros pintados sobre madeira ou tela, como os detalhes
decorativos incorporados à arquitetura interna das naves e
das sacristias.
A escultura sacra, porém, sempre saiu às ruas: as lindas
virgens e os santos padroeiros, apoiados nos ombros dos
devotos ou sobre belos andores, aproximavam-se das
multidões, nas procissões, para protegê-las e emocioná-las.
Na Semana Santa, o Senhor dos Passos, na sua imensa
tristeza, vinha lembrar aos fiéis o quanto sofrera. Em
Congonhas, as estátuas monumentais destacam-se na
paisagem e atraem os peregrinos de toda parte.
as Irmandades
Na colonização do litoral, as ordens religiosas já tinham
mostrado seu poder secular e sua capacidade de ingerência
nos interesses da coroa portuguesa. Nas Minas Gerais,
a Carta Régia de 1721 proibiu a instalação de ordens
religiosas e conventos em toda a região: “Para não se
o barroco em mInas geraIs
Portada e profetas do adro do
Santuário do Bom Jesus de
Matosinhos. Foto de Nelson Kon,
2010.
Santo de casa
consentirem nas Minas religiosos de qualquer religião
que seja por ter mostrado a experiência o grande
prejuízo e perturbação que nelas fazem”1. Por isso, em
Minas, no século XVIII, não há conventos, mas apenas
recolhimentos, como o de Nossa Senhora da Conceição
de Macaúbas2. Toda a atividade religiosa teve, então, que
partir dos leigos.
Aos poucos foram se formando as ordens terceiras, as
confrarias e as irmandades. Essas organizações, a princípio
de caráter apenas beneficente, adquiriram depois um
papel importantíssimo na vida das vilas e cidades.
Foram elas que promoveram a construção das igrejas e
capelas, livres das normas tradicionais que vinham das
matrizes europeias. Essas irmandades planejavam seus
templos de acordo com suas possibilidades, cabendo
a autoria dos projetos a mestres de obra locais ou de
origem portuguesa, que construíam baseando-se em sua
inspiração e em lembranças de além-mar. Resultava daí
um barroco mais solto e sensual, que foi se tornando
característico da região.
A seleção dos membros dessas organizações era feita
segundo a cor da pele e a posição social. Algumas só
aceitavam brancos em seus quadros, como, por exemplo,
as ordens terceiras de Nossa Senhora da Conceição, Pilar,
Santíssimo Sacramento, São Miguel e outras. Os pardos
formaram as irmandades de Nossa Senhora do Amparo,
São Francisco de Paula e São José dos Bem- Casados.
As confrarias dos negros eram as de Nossa Senhora do
Rosário, a mais importante, São Benedito e Mercês. A
de Santa Efigênia pertencia aos crioulos, isto é, negros já
nascidos no Brasil. As irmandades mais pobres tinham
apenas um altar lateral nas Matrizes. A eleição das
mesas de irmãos era realizada democraticamente, por
meio de votação. A rivalidade existente entre as diversas
irmandades contribuiu enormemente para a evolução e
embelezamento da arquitetura e da arte sacra em geral.
A escola mineira do século XVIII é uma das mais
importantes do barroco. Enquanto na Europa o estilo, já
na sua fase rococó, atingia paroxismos de movimentação
e sofisticação, o nosso barroco libertou-se dos exageros,
mantendo-se contido e harmonioso. Bernini tornou a
escultura sacra sensual e passional. As igrejas da Baviera,
muitas vezes comparadas às mineiras, pecam pelo exagero
na ânsia de desafiar a lei da gravidade, usando para isso
materiais leves e de fácil manejo, como o gesso. Em lugar
do ouro, tão usado aqui, as roupagens eram contornadas
com tinta amarela.
No Brasil, além da alta qualidade artística das esculturas,
somente materiais nobres eram usados: madeira de lei,
granito e pedra-sabão. Nas imagens mineiras, mesmo nas
mais simples, nota-se vigor e elegância de linhas. Nas mais
requintadas, há um despojamento que foge aos exageros
atingidos nessa época pelos artistas da América espanhola,
sempre em busca do teatral e do dramático.
Coincidindo com o ciclo do ouro e por ele motivado,
chegamos ao apogeu da nossa história artística. A riqueza
aurífera, atraindo gente de toda a espécie, fez brotar aqui
grande quantidade de artistas prontos para satisfazer a
necessidade da arte, que sempre cresce com a euforia da
riqueza. Por estranho que pareça, toda essa riqueza quase
não era usada para requintes pessoais e sim dirigida para
irmandades e confrarias leigas, que com ela construíram
e embelezaram suas igrejas e capelas. A vida dos cidadãos
continuava primitiva e rústica ao extremo.
Arquitetos, entalhadores, pintores e santeiros proliferaram
nas Minas pela qualidade do seu trabalho. Poder-se-ia
supor que fossem fruto de uma cultura sedimentada
e que tivessem estudado em velhas universidades com
professores ilustres. No entanto, na maioria dos casos, seu
aprendizado foi informal, nas oficinas em que, às vezes,
autodidatas transmitiam aos aprendizes, mais do que
O b a r r O c O e m m i n a s G e r a i s
teoria e técnica, seu amor pelo trabalho e pela beleza. Foi,
no entanto, revelada pelo pesquisador Geraldo Dutra de
Menezes a existência de um Liceu dos Ofícios Mecânicos,
incluindo matérias como carpintaria, pintura, escultura,
serralheria etc., onde teriam estudado alguns dos
principais artistas de Vila Rica, como Antônio Francisco
Lisboa, Valentim Fonseca e Silva, Manuel da Costa Ataíde
e outros. Não se sabe, no entanto, por quanto tempo teria
funcionado essa instituição.
As circunstâncias especiais da vida em torno da mineração
do ouro em Minas Gerais permitiam aos membros da
raça negra certas liberdades no convívio com os brancos,
que dificilmente podiam ser encontradas nas fazendas e
nas cidades. No dizer de Sylvio de Vasconcellos, “todos
comiam da mesma gamela”. Resultou daí uma intensa
miscigenação, produzindo uma geração de mestiços
que veio a brilhar no panorama artístico mundial.
No livro A Idade de Ouro do Brasil..., C. R. Boxer cita
uma frase de Antonil que reflete de certo modo a situação
naquela época: “inferno dos negros, purgatório dos
brancos e paraíso dos mulatos”.
As diferentes heranças culturais que se acoplaram naquele
período produziram grandes artistas na arquitetura, na
pintura e principalmente na escultura e na imaginária.
Para citar apenas os mais importantes, tivemos Mestre
Valentim, mineiro que mostrou seus dotes como escultor
e projetista no Rio de Janeiro; Mestre Ataíde, que se
revelou na pintura monumental das igrejas de Minas, na
de cavalete e também na encarnação das figuras da Via
Sacra de Congonhas, esculpidas pelo Mestre Antônio
Francisco Lisboa, conhecido como o “Aleijadinho”.
Este último já foi chamado de “Miguel Ângelo dos
Trópicos” e é considerado um dos maiores artistas das
Américas. Superando todas as dificuldades pessoais, abriu
lugar para a arte mineira do século XVIII na cultura
universal. Pioneiro na independência artística brasileira,
ao desrespeitar os cânones da Metrópole, foi precursor do
anseio de liberdade que marcou essa época privilegiada.
inFluênCias
Várias fontes alimentaram as diversas manifestações
culturais de Minas Gerais. A influência portuguesa
sempre foi a predominante. A espanhola, a italiana e
a francesa atuaram indiretamente, através de Portugal.
A africana pode ser muitas vezes notada nos traços
fisionômicos de alguns anjos e santos na pintura de
Ataíde. Na Nossa Senhora do Rosário, que domina
a sinfonia pictórica da abóbada da sua igreja, nota-se
nitidamente essa influência.
A inspiração da China se faz sentir não só nas chinesices
pintadas em dourado sobre fundo de laca vermelha,
bastante usada em móveis e objetos, mas também nos
traços fisionômicos de certas imagens. Onde ela mais se
manifestou foi na cidade de Sabará: lá estão as célebres
portas da sacristia da Matriz, das quais, segundo a
tradição, uma veio pronta da China e a outra foi copiada
no local por artesãos chineses.
A Igreja de Nossa Senhora do Ó, também em Sabará,
tem o telhado com o galbo do contrafeito que lembra
as construções chinesas. O autor do projeto foi um
arquiteto vindo do Oriente. A pintura interna da nave
tem painéis com chinesices. Também nas imagens feitas
pelo Aleijadinho nota-se às vezes que os olhos têm um
pouco do amendoado oriental. A Matriz de Mariana, por
sua vez, apresenta um cadeiral destinado ao alto clero com
a decoração achinesada.
Santo de casa
S a n t o d e c a S a
Com a grande quantidade de artistas que se
concentrou na nova capitania, teve início uma
nova modalidade de escultura: as pequenas
imagens. Elas entraram sem cerimônia em todos os lares,
podendo assim atender às necessidades devocionais das
famílias. O convívio era mais fácil, evitando grandes
caminhadas até as igrejas distantes.
No cômodo principal da casa havia, geralmente, um
lugar destinado aos oratórios, com os santos protetores
materializando a fé pessoal. Em torno desse altar
doméstico, mais ou menos luxuoso de acordo com
as posses do seu proprietário, a família se reunia para
rezar, fazer novenas e reverenciar as divindades. Cada
membro da família podia também possuir seu próprio
santo de devoção no quarto, junto à cabeceira da cama,
acessível a qualquer hora do dia ou da noite. As jovens
em suas alcovas faziam confidências amorosas a Santo
Antônio, que ouvia as preces mais íntimas e fervorosas.
Frequentemente havia ainda, ao lado das imagens, flores,
velas votivas, figas, amuletos ou simpatias. Os elementos
do culto pagão, associados à tradição cristã, testemunham
o sincretismo religioso no culto doméstico.
Cada um podia ter o santo predileto ao seu alcance. Mais
do que em qualquer outro país católico – como Portugal,
Espanha, Itália, ou mesmo nos países da América
espanhola –, esse hábito se disseminou por aqui. Em
Minas Gerais não havia casa, fazenda ou cafua onde não
se encontrasse pelo menos um santo de devoção.
Esses santos de casa raramente tinham os atavios e a
riqueza das santas de altar, que ostentavam ricas coroas
de ouro e pedrarias, brincos de crisólitas e vestes cuja
policromia procurava imitar os brocados de Veneza. Seu
tamanho reduzido exigia um poder de síntese que os
torna especialmente interessantes. Na sua simplicidade,
são às vezes de alta qualidade artística.
Essa religião familiar veio a desempenhar um papel
importante na vida das comunidades. Algumas residências
ostentavam grandes nichos em suas grossas paredes ou
mesmo capelas, onde dezenas de imagens policromadas se
abrigavam. As devoções foram se diversificando, atingindo
grande variedade. O tamanho dessas imagens raramente
ultrapassava trinta centímetros. No centro, ocupando
o lugar de honra, estava sempre o grande crucifixo de
madeira. O Cristo Crucificado também era encontrado
em várias peças da casa e, às vezes, do lado de fora, perto
da entrada.
O santo de casa faz parte da família; com ele, o fiel
desfruta de uma relação direta e pessoal, carregada de
emoção. Ao santo protetor o devoto pede favores e
dedica orações. Com ele, as demandas e dádivas são
objeto de negociação e fé. O santo é tratado segundo seu
desempenho, numa relação pontilhada de recompensas, se
a graça for alcançada, ou maus-tratos, no caso contrário.
Assim, há imagens adornadas com joias e resplendores,
em sinal de gratidão. Mas encontramos também imagens
parcialmente queimadas ou com as mãos cortadas;
a ausência do Menino Jesus nos braços do santo ou
de Nossa Senhora pode também ser resultado de um
castigo. Um exemplo contundente é uma imagem de
Nossa Senhora da Conceição cujas mãos e rosto foram
sistematicamente serrados, assim como os do Menino
santo de casa
Imagens de santos em
miniatura.
Santo de casa
Jesus, só escapando incólume a serpente enrolada entre as
nuvens do pedestal. Sendo a madeira um material muito
resistente e o corte dessas partes visivelmente resultado do
uso de um instrumento apropriado, não se pode duvidar
do caráter intencional da mutilação.
Ao longo do século XVIII, as imagens dos altares
assim como as domésticas aos poucos se adelgaçam,
as roupagens adquirem mais leveza, aparecem alguns
detalhes como fitas e flores no cabelo, além de brincos,
tornando-as afinal mais mundanas. O colorido é mais
alegre e delicado, pequenos buquês de inspiração rococó
são salpicados nos vestidos de Nossa Senhora.
Acentuam-se a movimentação e o relevo. Os braços se
desprendem do corpo em gestos suaves. Os cabelos,
que até o início do século ficavam soltos e caídos sobre
os ombros, passaram a ser mais curtos e cobertos por
pequenos véus triangulares de pontas esvoaçantes,
deixando uma ou duas mechas de cabelo aparecendo.
Nossa Senhora Menina tem sempre o cabelo à mostra, às
vezes preso em um pequeno coque.
Na segunda metade do século XVIII, novos ventos
sopravam na Europa ocidental: a influência de Voltaire,
Rousseau e de outros filósofos começou a abalar o
regime absolutista.
Como sempre acontece, o sistema político influi na arte.
O barroco era uma “arte abstrata”, em que raramente
apareciam elementos da natureza. Somente na sua última
fase, surgiram flores. O estilo tornou-se menos pomposo,
adquirindo certa leveza, com laçarotes e guirlandas. O
rococó de Maria Antonieta foi de certa forma uma volta
à natureza. A rainha vivia como pastora na pequena
fazenda chamada Hameau, que fez construir no parque
do Castelo de Versailles. Flores, folhagens, paisagens
surgiram na decoração.
A Igreja Matriz de Santo Antônio de Tiradentes foi um
pouco influenciada pela nova moda. Podem-se notar
certas mudanças nos detalhes decorativos: guirlandas de
flores e troncos de pirâmide invertidos.
Quanto à qualidade das esculturas, pode-se variar ao
infinito. Algumas imagens, como o Cristo na Cruz,
Nossa Senhora da Conceição, São Miguel, Santa Luzia e
Sant’Ana costumam ter um tratamento privilegiado por
parte dos artistas.
Também é incrível a diversidade de estilos que é
encontrada nas imagens mineiras. Desde as rústicas,
sem policromia, que lembram, às vezes, pequenos ídolos
africanos, até as eruditas, de alta qualidade, especialmente
belas e harmoniosas, onde a policromia ajuda a realçar
a perfeição dos traços e o movimento das roupagens.
Embora cada artista ou artesão tenha deixado nas obras
suas características, que muitas vezes permitem identificá-
los, todas têm uma “mineiridade” que as distingue
das procedentes de outras regiões do país. Mesmo as
“mundanas” mantêm uma dignidade intrínseca.
Há uma categoria ainda mais fascinante: as miniaturas.
Com poucos centímetros de altura conseguem às
vezes reunir todos os detalhes das imagens maiores.
Destinavam-se ao uso mais pessoal. Algumas tinham
um pequeno orifício ou alça, para serem costuradas
nas roupas íntimas, ou mesmo na própria pele, e
acompanhavam seus donos ou donas nas arriscadas
viagens pelas brenhas desconhecidas. Atuavam como uma
espécie de amuleto. O material usado na sua feitura podia
ser madeira, marfim, osso, ouro ou prata.
Em Minas Gerais, no século XVIII, o crucifixo tornou-se
peça obrigatória em todos os lares: eram, em sua maioria,
bem simples, tendo apenas a plaqueta com as iniciais
INRI. Com a disseminação do barroco, ele foi adquirindo
detalhes do estilo, como as ponteiras trabalhadas e o
S a n t o d e c a S a
pedestal cada vez mais elaborado. A imagem do Cristo
também foi se aperfeiçoando, atingindo alto nível estético
na mão de artistas como o Mestre Piranga, o Aleijadinho
e outros.
Também se tornou comum o uso, por moças e senhoras,
de cruzes e outros símbolos cristãos em ouro, alguns
ricamente trabalhados, presos com uma corrente ao
pescoço. Encontram-se, frequentemente, no interior
de Minas Gerais, crucifixos feitos à mão, em latão ou
cobre, todos diferentes entre si. Por seu tamanho, entre
12 cm e 15 cm, provavelmente, eram de uso masculino.
O trabalho, apesar de rústico, tem às vezes detalhes
harmoniosos e delicados. Talvez fossem obras de escravos,
para seu próprio uso.
O crucifixo nunca faltava no interior das casas; bem
simples, pendurado na parede ou arrematado com
detalhes barrocos cuja complexidade ia crescendo de
acordo com a riqueza do possuidor.
Materiais utilizados
Cada época e cada região dá preferência a um
determinado material que considera mais adequado à
execução de suas obras de arte. Nas antigas civilizações,
a pedra foi usada para esculpir ídolos e heróis. A Grécia
escolheu o mármore, e só mesmo o mármore poderia
permitir aquele culto pela beleza idealizada e perfeita
que nenhuma outra cultura pode igualar. Os incas
utilizavam o ouro, que abundava na região. O jade e o
marfim prestavam-se maravilhosamente para os trabalhos
minuciosos e requintados dos chineses. A arte plumária
permitiu a manifestação artística dos nossos índios.
Portugal, durante séculos, esculpiu seus santos em grandes
blocos de calcário ou pedra de ançã. Depois foi no barro
que modelou as imagens e foi nele que desenvolveu sua
arte mais característica: os painéis de azulejos. Eram
de barro as virgens que vieram abençoar as primeiras
capelas do Brasil recém-descoberto. Essa tradição foi aqui
conservada quase até o final do século XVII. Quando,
no limiar do século XVIII, Minas se tornou o centro
econômico e artístico do Brasil, os santeiros começaram
a trabalhar na madeira, realmente a matéria-prima ideal.
Havia abundância e variedade, sendo que, em geral,
a preferência ia para o cedro, que se presta para obras
delicadas, não só na parte escultórica como também ao
receber a policromia. A esteatita, vulgarmente chamada de
pedra-sabão, foi principalmente empregada na escultura
monumental e na decoração das fachadas das igrejas.
São raras as imagens de pequeno porte trabalhadas na
pedra sabão de tons cinza, azulado ou esverdeado. Já
com a variedade conhecida como talcita, branca ou
translúcida, eram feitas as miniaturas eruditas colocadas
dentro dos lindos oratórios comumente chamados Dom
João V, feitos de madeira sobre uma base em losango,
com três faces protegidas por vidro. Os menores têm
base retangular e apenas a face frontal é protegida
por um vidro. Uma família da cidade de Santa Luzia
manteve a tradição, continuando a fabricação dessas
belas peças até recentemente.
O marfim, apesar das dificuldades de transporte e do
alto preço, chegou a ser utilizado por santeiros do Brasil,
principalmente na Bahia. Os navios que retornavam da
Índia atingiam os portos brasileiros, para abastecerem-se
de água e víveres, e, apesar da proibição, sempre deixavam
aqui pequenas partes das mercadorias destinadas
a Portugal. A Bahia teve artistas que trabalharam
lindamente esse material, aplicando a policromia usada no
Oriente. São muito raras as peças ainda existentes.
Em São João del-Rei foram encontrados alguns
exemplares de pequenos Cristos bastante rústicos,
Santo de casa
esculpidos em marfim, evidenciando a falta de
familiaridade com esse material. As boas peças
encontradas no Brasil vieram de Goa, antiga
colônia portuguesa na Índia, onde, no século XVII,
estabeleceram-se grandes oficinas em que artífices
locais se especializaram em esculpir no marfim imagens
cristãs em quantidade inacreditável (só no Museu
Histórico Nacional do Rio de Janeiro existe um acervo
de quase 1.500 exemplares). A iconografia, embora
represente imagens ocidentais, sempre tem um leve
toque de Oriente. Repetiam os mesmos temas e os
mesmos motivos decorativos. Os pedestais de marfim ou
madeira reproduziam às vezes uma flor de lótus ou eram
ornamentados com anjos e flores. Alguns têm folhas de
acanto cercando uma pequena esfera.
poliCroMia
Ao observar a policromia das imagens mineiras,
principalmente as eruditas, podemos ver que a camada
pictórica era de alta qualidade, contribuindo grandemente
para sua beleza e durabilidade.
Segundo Carlos del Negro, grande conhecedor das
técnicas de pintura, o processo empregado é o conhecido
como “estofamento”. Nele, a tinta não era aplicada
diretamente sobre a madeira e, sim, sobre uma camada
fina de gesso que, por sua vez, era coberta pelo “Bolo
Armênio”, que vem a ser óxido de alumínio. Sobre essa
base era aplicada a pintura a têmpera, que consiste em
dissolver os pigmentos num adstringente como cola ou
clara de ovo, o que facilitava a adesão da matéria pictórica
ao suporte.
Quando se desejava dar acabamento com folha de ouro,
usava-se uma cola à base de pelica e, para que a tinta
aderisse ainda melhor, usava-se o fel de boi desidratado.
Os pigmentos mais usados no decorrer do século XVIII
tinham nomes bastante pitorescos: sangue de dragão, bolo
branco ou amarelado, verdoxo, vermelhão fino, carmim
fino, nácar de pingos superfinos, sinopla cor-de-rosa
(quartzo), rom de pedra, ialde amarelo, nanquim gris,
flor de anil, fezes de ouro e outros. O azul era obtido do
lázuli, mas, por ser muito caro, foi substituído pelo azul
cobalto. Muitas dessas substâncias estão hoje fora de uso
ou são designadas por outros nomes.
Nas imagens mais importantes, para que as roupagens
tivessem aparência de um brocado veneziano, cobria-se
toda a superfície com folha de ouro, aplicando-se sobre
ela a têmpera, que, ainda úmida, era riscada com um
estilete, deixando o ouro aparecer formando pequenos
arabescos ou flores exóticas e folhagens. É o chamado
sgraffito. A pintura simples era apenas arrematada com
frisos e pequenas flores douradas.
Para obter pintura em relevo, trabalhava-se antes o gesso
no sistema pastiglio, cobrindo-o com folhas de ouro.
Usava-se essa técnica em imagens ricas e de grande vulto,
geralmente nas de tamanho natural.
Para dar polimento à pintura, usava-se esfregá-la com
bexiga de carneiro ressecada. Quando se queria dar
ao rosto o aspecto de marfim, essa fricção era mais
prolongada. Às vezes, imagens de madeira tinham o rosto
de marfim.
Nas imagens populares aplicava-se, às vezes, uma
pátina escura, que pouco se diferenciava da madeira
empregada. Quando ficavam em dependências perto
da cozinha, uma camada de fuligem ia aos poucos se
incorporando à imagem.
Na verdade, a qualidade da escultura mineira é tão
alta que mesmo as imagens que, por qualquer motivo,
perderam sua policromia mantêm a beleza da forma e
S a n t o d e c a S a
a elegância das linhas: a proporção, o movimento, os
detalhes do rosto e do cabelo, formando um conjunto
sóbrio e harmonioso.
autoria
Um dos mais difíceis problemas no estudo das imagens
mineiras e brasileiras, em geral, é o da autoria. Quase
não há obras assinadas e são raríssimas as que podem ser
realmente autenticadas3.
Quando se encontram, em alguma igreja, recibos que
comprovadamente se referem a determinada peça, pode-
se, então, pelo método comparativo, tentar identificar
outras peças do mesmo autor. Um expert com grande
prática tem possibilidade de acertar.
Peças de Mestre Aleijadinho, Xavier de Brito, Vieira
Servas e mais alguns têm sido, assim, identificadas.
Porém, outros artistas de alto valor artístico permanecem
em total anonimato.
Alguns estudiosos têm conseguido identificar várias
obras de um mesmo autor, observando certos traços
característicos que aparecem nas diversas obras. Um
pequeno detalhe tem às vezes maior valor na identificação
do que a composição no seu conjunto. Por exemplo: a
maneira de representar as nuvens, a posição dos pés, a
movimentação do manto, a curvatura do joelho e outros
toques individuais.
Quando várias obras de um mesmo autor são encontradas
em torno de determinada vila ou região, esses atentos
observadores passam a usar o nome do antigo vilarejo
para identificar suas obras. É o caso de Mestre “Piranga”,
Mestre “Acaiaca”, Mestre do “Inficionado”, Mestre de
“Oliveira” e alguns outros. Não se tem nem ideia do
nome verdadeiro desses artistas. Muitas das igrejas que
poderiam ter alguma indicação foram criminosamente
demolidas, destruindo não só o patrimônio arquitetônico
e artístico como livros de registro de nascimentos,
arquivos, enfim, tudo que poderia lançar luz sobre esse
assunto ou mesmo sobre outros fatos históricos.
Outras vezes, uma característica que aparece em diversas
obras serve como alcunha para o autor, como acontece,
por exemplo, com o Mestre Borboleta, cujas imagens,
quando olhadas por trás, apresentam como que um par de
asas abertas, lembrando o inseto.
O Aleijadinho é um caso à parte: além de ter muitas
obras autenticadas, de maneira a não deixar nenhuma
dúvida, seu trabalho tem características tão marcantes que
permitem reconhecê-las desde que sejam cuidadosamente
estudadas. Doente e deformado durante grande parte da
sua vida, dedicou todo seu tempo ao trabalho artístico.
Felizmente, sua obra é extraordinariamente abundante,
não só na imaginária como na escultura de grande porte,
nos altares, nos relevos e nos monumentos decorativos
como fontes e chafarizes. Isso sem falar na arquitetura,
onde também brilhou.
Essa diversidade artística, a universalidade da sua arte,
a multiplicidade de materiais e de temas utilizados
confirmam sua primazia na arte das Américas. Já
no século XVIII era chamado “novo Praxíteles” por
Antônio José da Silva, vereador e crítico de arte, seu
contemporâneo. Com o esgotamento das minas de
ouro de Minas Gerais, ficou praticamente esquecido.
Somente alguns viajantes, como Burton e Saint-Hilaire,
mencionaram ligeiramente seu nome e seus trabalhos.
Somente no século XX sua obra e sua personalidade
receberam a devida atenção dos estudiosos, a partir do
interesse do grupo de escritores e artistas, paulistas na
sua maioria, que, na década de 1920, redescobriu a arte
mineira, incluindo-se Mario de Andrade, Pagu, Maurice
Santo de casa
Santos popularesSanta Rita de Cássia, Santa Luzia, Santo Antônio (3 unidades), São Sebastião (3 unidades), Santos Cosme e Damião, São Benedito e Santa Efigênia
S a n t o d e c a S a
Pianzola, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e
Blaise Cendrars.
O espírito libertário de Aleijadinho manifestou-se
não só na sua obra, independente dos cânones da
Metrópole, como na sua ligação, com o Movimento
dos Inconfidentes, que vem sendo recentemente
estudada. Seu desaparecimento de Ouro Preto, sede do
governo, durante cinco anos, desde 1789, parece ter
essa explicação. Por causa de seu envolvimento com a
conspiração, refugiou-se em Rio Espera, onde várias de
suas obras foram executadas.
Sintetizando o que foi Antônio Francisco Lisboa, cito
as palavras de Germain Bazin, no seu livro Baroque and
Rococo: “O grande escultor brasileiro, Aleijadinho, o
último gênio do Barroco em qualquer parte do mundo”.
atriButos
Desde o século V, os atributos foram usados para
identificar o santo. A partir do século XVIII, o mundo
ibérico adotou o hábito de enriquecer suas imagens
acrescentando atributos ou alguma característica especial
que realçava a importância do santo. No Brasil também se
adotou esse hábito, tendo o prateiro feito maravilhas nesse
setor, como coroas, resplendores etc.
Nossa Senhora e o Menino Jesus têm direito a ostentar
coroas de prata ou ouro encimadas por uma pequena
cruz ou pela pomba do Espírito Santo. Para isso, as
imagens têm um pequeno furo no alto da cabeça, onde se
coloca a coroa.
Os santos usam resplendores que acompanham a
curvatura da cabeça e terminam em raios pontiagudos,
como os que costumam representar o sol. São
ornamentados com flores ou outros detalhes barrocos.
O Cristo Crucificado costuma ter por trás de sua cabeça
um resplendor terminado em raios de sol, preso à cruz
por uma haste do mesmo metal. Por trás do seu corpo há,
às vezes, presa à cruz, uma grande placa ovalada também
cercada de raios. E, no topo do crucifixo, uma pequena
placa de madeira ou prata com a inscrição J.N.R.J., que
significa “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, título que lhe
deram, como escárnio, durante seu julgamento.
As santas mártires seguram na mão direita a palma do
martírio. O cajado é usado pelos santos idosos, como
São José e São Joaquim, e pelos santos peregrinos, como
Santiago. No caso destes últimos, acrescenta-se ao bastão
uma cabaça, para levar água ou vinho nas longas jornadas.
O atributo de São João Batista costuma ser um
estandarte terminado em duas pontas triangulares, onde
se lê Ecce Agnus Dei (Eis Cordeiro de Deus), frase com
que ele apresentou Jesus. Nas representações mais antigas,
ele segura na mão a concha com que batizou Cristo,
que está ao seu lado. Para dar maior realismo, às vezes
pendiam da concha alguns fiapos de algodão, sugerindo a
água que caía.
O arcanjo São Miguel, sempre pomposo e elegante,
segura na mão direita uma espada e, na outra, uma
pequena balança, geralmente feitas em prata. Com a
balança irá pesar os pecados e as boas ações de cada um,
por ocasião do Juízo Final.
Santo de casa
O C r i s t O e a C r u z
No início da luta pelo cristianismo,
quando as perseguições obrigavam os
fiéis a abrigarem-se nas catacumbas,
surgiu no seu interior uma arte simbólica em que
flores, animais e alguns objetos adquiriram um
significado religioso. Cristo era representado por
um peixe, pois peixe, em grego, se diz “IKHTHYS”,
representando uma abreviatura da designação “lesoûs
khristòs theoû Hyiòs sotér”, isto é, “Jesus Cristo filho de
Deus Salvador”.
Um pedaço de pão simbolizava a Eucaristia; o pavão
representava a Ressurreição; a paisagem campestre sugeria
o paraíso. O pelicano, que dá a vida aos filhos com o
próprio sangue, era a alegoria do Cristo.
Quando, no século IV, Santa Helena, mãe do imperador
Constantino, encontrou o Santo Lenho, a cruz tornou-
se o principal e mais difundido símbolo da cristandade.
A princípio, os convertidos que queriam usá-la eram
humilhados pelos pagãos e pelos judeus. Precisavam
dissimulá-la de alguma forma ou disfarçá-la em
monogramas enigmáticos, compreendidos apenas pelos
próprios cristãos.
O chamado Khrismon era composto pela cruz entrelaçada
com as iniciais de Cristo, formando desenhos variados,
sendo mais conhecido o que, em tempos recentes,
foi muito usado no traje das primeiras comungantes.
Segundo a tradição, esse foi o sinal que apareceu no céu
ao imperador Constantino, enquanto uma voz lhe dizia In
Hoc Signo Vincis (Com este sinal vencerás). Tendo obtido
a vitória sobre seu inimigo, atribuiu-a ao sinal da cruz e
decidiu reconhecer o cristianismo e dar-lhe liberdade de
culto (ano 313).
O sinal da cruz continua até hoje sendo o gesto que
afirma a convicção da fé. Ao longo dos séculos, inúmeras
variedades de cruz surgiram, podendo apresentar os mais
diversos formatos: a Cruz Latina, que procura reproduzir
o Santo Lenho em que Jesus foi morto, a Cruz de Malta,
a de Jerusalém, a Ortodoxa ou Russa, com braços curtos,
a de Santo André, em que o santo foi martirizado, a
Patriarcal e muitas outras.
Ao longo dos séculos, ela foi sofrendo modificações
e adquirindo novas características. Na Idade Média,
distinguia-se pela riqueza com a qual era ornamentada. A
cruz peitoral dos altos dignitários da Igreja transformou-
se em joia de grande valor, usada depois pelas rainhas
e senhoras da nobreza. Nos países católicos, a cruz
fazia parte das principais condecorações das Ordens
Honoríficas, como a Ordem de Cristo, a Ordem de Avis e
a de Santiago e Espada.
Nas cruzadas, era ostentada com orgulho. Também
as caravelas portuguesas, quando saíam pelos mares à
procura de novos mundos, tinham em suas velas grandes
cruzes que as protegiam.
No interior de Minas Gerais, eram comuns os cruzeiros
de beira de estrada, assinalando o local de mortes. No
alto dos morros colocavam-se grandes cruzes de madeira,
às quais se acrescentavam os símbolos da paixão de
Cristo: a cana verde, o galo, a coroa de espinhos, o
alicate, as lanças, os cravos, a escada, a esponja, os açoites
o crIsto e a cruz
Cristo Crucificado.
Peça em madeira.
Santo de casa
e os dados com que foi disputado o manto de Cristo
pelos centuriões.
Todas as etapas da vida de Cristo têm sido muito
representadas nos países católicos, tanto na pintura como
na escultura. É claro que não se trata de um santo, pois é
o próprio Deus encarnado, mas tem presença constante
ao lado das devoções variadas, nas igrejas, capelas e lares.
À época do nascimento de Jesus, vigorava um decreto do
imperador Augusto, pelo qual os súditos de Roma deviam
se alistar nas cidades de origem. José e Maria, sendo da
família de Davi, dirigiram-se a Belém, obedecendo assim
às profecias que diziam que ali havia de nascer o Messias.
Encontrando a cidade fechada, tiveram de se abrigar
em uma estrebaria fora da cidade. Foi ali que nasceu o
Menino Jesus. Em seguida ao grande acontecimento,
apareceram os anjos com seu canto celestial. Mais
tarde chegaram os Reis Magos e os pastores. Quarenta
dias depois, o menino foi levado a Jerusalém, para ser
apresentado no templo, conforme mandava a lei.
Segundo a tradição, foi São Francisco de Assis o primeiro
a representar o presépio, na noite de Natal, para uma
grande multidão, no bosque de Greccio, no ano de 1223.
O cenário é um estábulo, tendo ao centro a manjedoura
coberta de palha onde repousa o Menino Deus; ao seu
lado, Nossa Senhora e São José estão ajoelhados em
atitude de adoração; bem junto ao recém-nascido, o boi
e o burro ajudam a esquentá-lo com seu bafo; carneiros
e outros pequenos animais ficam espalhados ao redor. Os
três Reis Magos costumam ser acrescentados, entregando,
além de incenso e mirra, os ricos presentes que trouxeram.
Alguns pastores vieram também conhecer o Salvador,
orientados pela Estrela Guia. No alto paira um anjo
segurando uma faixa onde se lê: Gloria in Excelcis Deo.
Na pintura, houve época em que os artistas europeus
davam asas à sua imaginação e o estábulo era substituído
por ambientes muito elaborados, aos quais eram
acrescentadas centenas de figurantes. Quando eram
encomendados por príncipes ou reis, empregavam-se
matérias nobres, como esmaltes e pedras preciosas.
Os presépios domésticos, em Minas Gerais, são até hoje
muito cultuados. Enfeitados de maneira simples, com
o musgo das montanhas, flores de papel e pequenos
animais, estão mais de acordo com a modéstia do
nascimento de Cristo.
Jesus Menino aparece sempre no colo de Maria, em
várias das suas invocações. É sempre um lindo bebê louro
e rosado, às vezes com a cabeça encostada na da mãe ou
segurando sua mão. Em algumas representações, ajuda
São José nos trabalhos de carpinteiro.
Devido à perseguição de Herodes, São José recebeu de
Deus, por intermédio de um anjo, a ordem de fugir para
o Egito, onde ficou com a família até morrerem seus
perseguidores. Nessa representação, São José aparece
puxando o burrico que carrega a Virgem e o Menino.
No grupo da Sagrada Família os três estão em pé, de mãos
dadas, como se estivessem passeando no campo. Às vezes
Menino JesusMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 8,5 cm Larg. 4 cm Prof. 2,5 cm
O C r i s t O e a C r u z
uma árvore sugere o cenário. A chamada Santa Parentela
inclui também Sant´Ana e São Joaquim, avós de Jesus.
Todo ano, pela Páscoa, Jesus, Maria e José iam a
Jerusalém oferecer os sacrifícios da lei. Quando Jesus tinha
doze anos, no momento em que deveriam voltar a Nazaré,
ficou durante três dias desaparecido. Foi grande a aflição
dos pais, que o acharam no templo, conversando com os
sacerdotes e os doutores.
Cenas como a da apresentação no templo ou a de Jesus
entre os doutores só aparecem em pinturas. Imagens dessa
fase de menino crescido são raríssimas em Minas Gerais.
As Santas Mães formam um conjunto harmonioso do
qual participam Maria e Sant’Ana.
Na cena do Calvário, Maria torce as mãos em grande
sofrimento. Ali também estão os companheiros da Cruz,
São João Evangelista, o discípulo querido que consola
Maria enquanto olha para Jesus Crucificado, e Maria
Madalena jogada ao chão, abraçada ao pé da cruz. O
bom e o mau ladrão aparecem às vezes amarrados às suas
cruzes, um de cada lado do Cristo.
O Menino Jesus adolescente aparece na figura do Bom
Pastor, carregando um cordeirinho às costas, numa figura
simbólica do tempo das catacumbas romanas. Só tornou a
aparecer muito mais tarde, nos marfins indo-portugueses
de Goa, dos séculos XVII e XVIII. Nessa rara e elaborada
representação, ele está sentado, pensativo, com a ponta
Família de CristoSão João Batista, Sant’Ana, São José
Santo de casa
Menino Jesus Oriente, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 15,5 cm Larg. 5,5 cm
Prof. 4,5 cm
Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 8 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,3 cm
Menino Jesus Portugal, Séc. XVIII
Madeira esculpida,
policromada e dourada
Alt. 16 cm Larg. 7,5 cm
O C r i s t O e a C r u z
Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XIXChumbo policromado Alt. 5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2 cm
Menino JesusOrigem não identificada
Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada
Alt. 9 cm Larg. 3 cm Prof. 2,5 cm
Menino Jesus Minas Gerais
Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada
Alt. 32,7 cm Larg. 15 cm Prof. 7 cm
Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 4,7 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2 cm
Santo de casa
O C r i s t O e a C r u z
dos dedos tocando a testa e cercado de cordeiros, sendo
que um deles está no seu ombro esquerdo e outro no seu
colo. O mais importante, porém, é o trabalho do pedestal
que integra a obra. Costuma medir o dobro da imagem
e constitui, por si só, uma peça interessantíssima pela
quantidade de figuras e símbolos orientais e ocidentais
que apresenta. Tem a forma de uma “lapinha” vertical de
onde jorra uma “Fonte da Vida” e onde pássaros estão
pousados. Leões e outros animais, cercados de vegetação
exótica, compõem o cenário. Dentro de uma gruta está
a figura de Madalena arrependida, deitada com a cabeça
apoiada na mão direita, enquanto a outra segura um livro.
Outros cordeiros estão espalhados entre cabeças de anjos
e cisnes.
Há um longo período da vida de Cristo do qual
pouco se tem conhecimento e que não consta na sua
iconografia. Ele reaparece para ser batizado por São
João Batista quando já tinha 30 anos. É bastante rara
essa representação, em que São João, com uma concha,
derrama água do rio Jordão sobre a cabeça do primo e diz:
“eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.
Essa frase prenunciava que ele, Jesus, ia ser sacrificado
para salvar a humanidade.
Começa nessa época a fase de pregação, milagres
e sermões, período que ficou bem documentado e
conhecido através dos Evangelhos. Porém, é pouco
representado na imaginária mineira.
Paixão é o nome dado à fase final da vida de Cristo,
quando ele é preso, julgado, condenado e crucificado. Esse,
sim, tem sido tema inspirador para milhares de artistas,
cada um dando sua interpretação pessoal a cada cena.
A primeira delas é a vulgarmente chamada de “O Senhor
da Pedra Fria”, que apresenta Jesus sentado, de busto
nu, tristonho, aguardando o julgamento. A segunda é
a do “Senhor da Sentença”, em que ele já está de pé e
suas mãos se encontram atadas. Em seguida, ele aparece
coroado de espinhos, amarrado para ser vergastado; é o
chamado “Cristo da Coluna” ou “Cristo Doloroso”.
Na cena mais humilhante, depois de ser coroado de
espinhos e alcunhado de “Rei dos Judeus”, jogam sobre
suas costas um farrapo de púrpura à guisa de manto real
e põem-lhe nas mãos uma vara imitando um cetro, e
Pilatos o apresenta ao povo para ser escarnecido. Essa é
a cena conhecida como Ecce Homo (Eis o Homem) ou,
popularmente, como “Jesus da Cana Verde”, o momento
em que Pilatos, embora o julgasse inocente, permitiu que
fosse condenado pela fúria popular.
Segue-se a via-crúcis, quando Jesus inicia a subida ao
Calvário ou Gólgota, carregando a cruz em que ia ser
crucificado. Não aguentando o peso, devido ao seu estado
de fraqueza e cansaço, Jesus cai três vezes, sendo então
ajudado por um homem chamado Simão.
Conhecida como “Senhor dos Passos”, essa cena é
reproduzida, nas procissões, por uma imagem de Cristo
em tamanho natural, articulada, para poder ajoelhar,
vestido com um camisolão roxo amarrado na cintura
por um cordão branco. A cabeleira é feita com cabelos
naturais que chegam até o ombro. Sua fisionomia, em que
o sangue escorre das feridas feitas pelos espinhos, exprime
toda a sua dor e sofrimento. Essa representação existia
também em tamanho reduzido para se ter em casa, mas,
por ser tão triste, não era muito usual.
Verônica é a mulher que, ao ver o rosto de Jesus coberto
de suor e sangue, dele se apieda e o enxuga com um pano,
sobre o qual milagrosamente fica impressa a fisionomia do
Cristo (Santa Face). Segundo alguns estudiosos, o nome
da mulher é desconhecido e a palavra “Verônica” é uma
corruptela da expressão Vero Icone (Verdadeira Imagem),
que, com o correr dos séculos, transformou-se em
Verônica. Ela é pouco representada, mas a imagem sobre
Crucifixos e imagens do Cristo, da
esquerda para a direita, em sentido
horário:
Cristo do Horto das Oliveiras Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira
Alt. 13,5 cm Larg. 7,5 cm
Prof. 5,5 cm
Cristo da Coluna Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira Alt. 16,7 cm Larg. 5,8 cm
Prof. 5,2 cm
Ecce Homo Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 14,5 cm Larg. 5,5 cm Prof. 3 cm
Cristo Crucificado Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira
Alt. 13,5 cm Larg. 4,5 cm Prof. 5 cm
Santo de casa
Cristo Crucificado Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira Alt. 10,5 cm Larg. 4 cm Prof. 2,3 cm
Cristo RessuscitadoOrigem não identificadaSéc. XIXMadeira policromada
Alt. 19,3 cm Larg. 7,3 cm Prof. 2,8 cm
Jesus Ressuscitado Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 16 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5,6 cm
Cristo CrucificadoOrigem não identificada
Séc. XVIIIMadeira
Alt. 22 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4 cm
O C r i s t O e a C r u z
o pano tornou-se o ícone em que se baseavam os artistas
ao representarem Jesus.
De todos os episódios da via-crúcis, o mais frequente na
imaginária mineira é o do Cristo Crucificado. Cristo entre
os dois ladrões, tendo muitas vezes, junto à cruz, de um
lado, Maria inconsolável e, do outro, João, o discípulo
predileto, de olhos fixos no Cristo agonizante. Nessa hora
extrema, Jesus entrega sua mãe aos cuidados do jovem
apóstolo, dizendo: “Mulher, eis o teu filho.” E a ele diz:
“Eis a tua mãe”. Desde então João sempre a protegeu,
levando-a para Éfeso, onde morava e onde escreveu o
evangelho. O Apocalipse, também a ele atribuído, teria
sido escrito na Ilha de Patmos, onde esteve exilado depois
da morte de Maria. Uma águia que lhe segura o tinteiro,
tornou-se o símbolo de São João como evangelista. Nos
quadros da última ceia, João está sempre ao lado de Jesus,
com a cabeça inclinada sobre seu ombro.
O Cristo Crucificado, em Minas, é geralmente chamado
de Bom Jesus de Matosinhos. Isso se deve à influência da
famosa igreja de peregrinação, perto da cidade do Porto,
em Portugal.
A terceira personagem sempre presente no Calvário
é Maria Madalena, a mais célebre das pecadoras
arrependidas. Ali, ela aparece prostrada aos pés da cruz,
sua vasta cabeleira em desalinho. Depois da morte de
Cristo, ela é a primeira a vê-lo ressuscitado, quando ele
lhe diz: Noli me tangere (Não me toque). Depois, ela teria
partido com a Virgem e com São João Evangelista para
Éfeso. Em outra versão, teria embarcado com Marta,
sua irmã, e o bispo Maximino, chegando até Marselha.
De lá, retirou-se em penitência para uma gruta em
Sainte-Baume, onde teria vivido durante 30 anos. Essa
iconografia aparece sempre no pedestal do Bom Pastor de
Goa e raramente em imagem de madeira. Outra maneira
de representá-la é sentada em uma pedra, com a mão na
cabeça em atitude de arrependimento. Na Europa, ela
está quase sempre muito bem vestida, como nos seus
tempos de mundana, tendo nas mãos o vaso de preciosos
perfumes com que untou os pés de Jesus na casa de
Simão, enxugando-os depois com seus longos cabelos.
Cristo Batizado Minas Gerais Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada
Alt. 22 cm Larg. 8,5 cm
Prof. 5,5 cm
Santo de casa
Crucifixo, Minas Gerais, Séc. XVIIILatão batido
Alt. 12,5 cm Larg. 6 cm Prof. 0,6 cm
O C r i s t O e a C r u z
Crucifixo, Bolívia Séc. XVIII
Latão fundido e banhado em prata Alt. 12,7 cm Larg. 8 cm Prof. 1,3 cm
Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII
Latão fundido
Alt. 13 cm Larg. 6,3 cm Prof. 1,3 cm
Santo de casa
Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII
Bronze fundido
Alt. 12 cm Larg. 7,5 cm Prof. 1,2 cm
Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII
Bronze fundido
Alt. 14,5 cm Larg. 7,2 cm Prof. 1,5 cm
O C r i s t O e a C r u z
Crucifixo, Bolívia, Séc. XIX Madeira/ Latão fundido e batido
Alt. 30,5 cm Larg. 14 cm Prof. 3 cm
Santo de casa
Oratório, Minas Gerais, Séc. XIX Madeira esculpida e policromada
Alt. 17 cm Larg. 7 cm Prof. 4,8 cm
O C r i s t O e a C r u z
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira entalhada, policromada e dourada/Talcita esculpida e policromada
Alt. 52 cm Larg. 25 cm Prof. 10 cm
Santo de casa
Sant’Ana Guia, Itália, Séc. XVIIIAlabastro esculpido
Alt. 11,5 cm Larg. 7 cm Prof. 3,5 cm
O C r i s t O e a C r u z
Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIIIMadeira esculpida
Alt. 26,5 cm Larg. 17 cm Prof. 11,5 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida, policromada e dourada
Alt. 18 cm Larg. 12 cm Prof. 7,5 cm
Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 4,5 cm Larg. 3,8 cm Prof. 2 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 16 cm Larg. 7 cm Prof. 4,5 cm
Santo de casa
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 18 cm Larg. 8,5 cm Prof. 5,5 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 22 cm Larg. 11 cm Prof. 8 cm
O C r i s t O e a C r u z
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida, policromada e dourada
Alt. 20 cm Larg. 9,5 cm Prof. 6 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 10,5 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4 cm
Santo de casa
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 14,5 cm Larg. 8,8 cm Prof. 4,7 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 15,2 cm Larg. 7,9 cm Prof. 5 cm
O C r i s t O e a C r u z
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 12,5 cm Larg. 5,2 cm Prof. 3,3 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 10 cm Larg. 7,2 cm Prof. 6,4 cm
Santo de casa
Sant’Ana, São Paulo, Séc. XVIII Barro modelado e policromado
Alt. 8,2 cm Larg. 9,3 cm Prof. 8 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida
Alt. 12,3 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,7 cm
O C r i s t O e a C r u z
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 14,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 23,3 cm Larg. 9,7 cm Prof. 5,5 cm
Santo de casa
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 10,8 cm Larg. 7,4 cm Prof. 3,3 cm
O C r i s t O e a C r u z
Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIII
Pedra esculpida e encerada
Alt. 12,5 cm Larg. 7 cm Prof. 3,2 cm
Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 10,1 cm Larg. 6,7 cm Prof. 4,3 cm
Santo de casa
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
preFerênCias deVoCionais e iConográFiCas
A religiosidade presidia todos os aspectos da vida
e do dia a dia na região das Minas, no século
XVIII. Muitas eram as devoções. Quase todos os
santos tinham capelas a eles dedicadas. Cristo em todas
elas era venerado, assim como Nossa Senhora, sob suas
diversas representações. Algumas igrejas só a eles eram
consagradas: as do Bom Jesus do Matosinhos, Nossa
Senhora do Rosário, principal devoção dos negros, Nossa
Senhora do Pilar, devoção espanhola, Nossa Senhora do
Bonsucesso, além de outras devoções locais.
O elenco dos santos era bastante grande e estes
muitas vezes se repetiam em igrejas, capelas e altares,
predominando os de origem portuguesa, os da Europa
Meridional, os contemporâneos de Cristo e os primeiros
mártires. Na listagem das imagens, o número de santos se
reduz, mas a quantidade de reproduções se multiplica.
Jesus Crucificado é indiscutivelmente a imagem
mais frequente. Maria, em todas as suas devoções, o
acompanha de perto. Sant’Ana Mestra; Santo Antônio
e São João Batista são bastante frequentes. O Menino
Jesus aparece muito no presépio, como recém-nascido,
deitadinho na manjedoura ou no colo de Maria. Mas na
posição ereta é raro.
Gilberto Freyre, o grande sociólogo pernambucano, com seu
olhar de observador arguto, percebeu que é na escultura que
a alma nacional encontra sua maior via de comunicação. Em
Minas, durante o seu período do ouro, foi inegavelmente a
escultura que produziu as mais significativas obras de arte.
Aleijadinho, o artista maior, deixou para a posteridade,
além dos impressionantes monumentos de Congonhas,
boa quantidade de belas estátuas dos oragos nos altares.
Mas também deixou uma infinidade de pequenas imagens
veneradas nos lares mineiros.
Antes de relatar a vida de alguns dos santos de maior
devoção em Minas, vale lembrar que é impossível
separar a história da lenda. São os milagres e lendas que
os tornam queridos e respeitados e os diferenciam dos
simples mortais. É, na verdade, o que os torna santos.
Muitos detalhes de suas vidas, na célebre “La légende
dorée”, de Jacques de Voragine (1260), são falsos, mas a
inspiração e os ensinamentos transmitidos, corretos.
Até hoje, os milagres são exigidos para que haja uma
canonização. Não basta uma vida santa e cheia de
virtudes. É preciso algo de sobrenatural que os torne,
de certo modo, possuidores de uma centelha do poder
divino. No século XIII, no pontificado de Gregório IX, a
aprovação do papa se tornou regra para a canonização dos
santos. Para o reconhecimento e atribuição da santidade a
alguém, a pessoa em questão é submetida a um estudo e
uma investigação sobre sua vida e morte.
As lendas são às vezes construídas pela Igreja. Muitas
vezes elas resultaram da incorporação de fatos um tanto
fantásticos que, com o tempo, passavam a ser tidos
como verdadeiros.
Depois do Cristo, vem a Virgem Maria, não só na
hierarquia cristã como na devoção dos fiéis. É incontável
os santos e suas Imagens
Santos arcanjos:
São Miguel, São Miguel
e São Rafael.
Santo de casa
o número de suas invocações e de seus devotos, assim
como é incalculável a quantidade de suas representações.
Por ser mãe de Deus, ocupa posição de destaque nos
altares e sua imagem é a mais encontrada nos lares. Por
ser a mediadora, é sempre procurada pelos que precisam
de ajuda.
Quando menina, ela aparece sempre ao lado de sua
mãe Sant´Ana, que se encontra sentada e repousa a
mão esquerda no ombro ou nas costas da filha. Ambas
seguram o livro e Maria, de pé à esquerda da mãe, segue
a leitura com o dedo indicador. A cadeira, símbolo de
autoridade, é sempre caprichosamente entalhada,
por vezes em estilo D. João V, com volutas no
espaldar, nos braços e pernas. Às vezes há uma
pequena almofada onde Sant’Ana repousa os
pés. Formam um conjunto harmonioso,
frequentemente esculpido num só
bloco da madeira. Maria adolescente
inspirou imagens cheias de doçura e
pureza.
A figura da Nossa Senhora da
Conceição é a mais importante
das devoções à Virgem, por ser
a padroeira de Portugal e depois
também do Brasil. Pelo dogma
da Imaculada Conceição, a virgem
concebeu sem pecado. Esse dogma
foi confirmado no Concílio de
Trento, marco inicial da grande
batalha travada do Vaticano contra
o movimento protestante iniciado
por Lutero. “Tota pulchra es, Maria, et
macula originalis non est in te” (Tu és
toda bonita, Maria, e o pecado original
não está em ti) foram as palavras que
definiram o dogma.
Nessa imagem, a Virgem aparece, na iconografia
mineira, sem o menino ao colo, sobre o universo cheio
de estrelas, sempre pisando o crescente que representa
a derrota do Império Otomano, que constituía uma
ameaça ao mundo cristão. No pedestal, aparece também
uma serpente ou dragão, representando o demônio, por
ela subjugado.
Há inúmeras outras maneiras de glorificar Maria: Nossa
Senhora das Mercês, de braços abertos, espalhando seus
benefícios; Nossa Senhora da Glória, com o cetro do
poder na mão; Nossa Senhora dos Remédios, do Amparo
etc. Em quase todas, ela carrega o Menino Jesus no
braço esquerdo.
Domingos foi o grande propagador do
rosário e incorporou-o à imagem da Virgem
que carrega o menino Jesus no braço
esquerdo e segura o rosário com a direita.
É uma das devoções mais difundidas,
principalmente pelos negros, na época
da escravidão.
Há também as virgens tristes: a
Mater Dolorosa, aos pés da cruz,
torcendo as mãos na hora da agonia;
Nossa Senhora das Dores, com
as sete espadas cravadas no peito,
representando as dores que sofreu
Maria durante a paixão de Cristo;
Nossa Senhora da Soledade, a
virgem solitária e sofredora; e Nossa
Senhora da Piedade, com o Cristo
morto ao colo.
Muitas vezes, o povo acrescenta o nome
de sua cidade ao de Maria, tornando-a
padroeira do lugar, como Nossa
Senhora da Conceição de Sabará.
Nossa Senhora do Carmo
Minas GeraisSéc. XVIII
Talcita esculpida e
policromada
Alt. 16,3 cm Larg. 6 cm
Prof. 4,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Pode também acontecer o contrário, como na cidade de
Aparecida, em São Paulo, que tomou o nome da santa
que “apareceu” no rio que corta a cidade.
Uma iconografia muito rara é a de Nossa Senhora do Ó,
que representa a Nossa Senhora grávida. Foi proibida pelo
Concílio de Trento, por ser considerada muito carnal.
Raramente é vista nos altares brasileiros. Em Portugal
ainda há algumas que datam do século XIV ou XV.
Atualmente, nos altares a ela dedicados, aparece como
uma Virgem tradicional.
Em Minas Gerais, no entanto, aparecem
alguns pequenos exemplares na arte
popular. Não estão, porém, na mesma
posição das antigas, que apoiavam a mão
esquerda sobre o ventre desenvolvido
e abençoavam com a outra. Aqui,
elas vestem um traje monacal com
escapulário, como o das carmelitas,
e têm as duas mãos colocadas
de maneira a disfarçar o ventre
intumescido.
Esse nome de Nossa Senhora do Ó tem
origem nas antífonas que começavam
sempre por Ó, recitadas na semana
anterior ao Natal, em que a Igreja
demonstra o anseio com que aguarda
o Salvador.
As diversas invocações da Virgem
costumam corresponder a alguma
característica iconográfica, por
exemplo, Nossa Senhora da Penha
está sempre sobre um pedestal em
forma de penhasco; Nossa Senhora
da Apresentação tem o menino Deus
recém-nascido ao colo.
Outra grande devoção em Minas Gerais é a de São João
Batista, primo de Cristo que teve o privilégio de batizá-
lo. É bastante rara a iconografia em que São João aparece
de braço levantado, segurando a concha com a qual
derramou a água do rio Jordão sobre a cabeça de Cristo.
Em sua representação mais comum, ele é ainda menino,
envolto em uma pele de carneiro, tendo a seus pés um
cordeirinho. Segura um estandarte onde estão gravadas as
palavras Agnus Dei, as primeiras da expressão: “Cordeiro
de Deus que tirais os pecados do mundo”.
O discípulo predileto, o jovem São João, irmão
de Santiago Maior – além de aparecer na cena
do Calvário consolando a Virgem, a quem
Cristo o encarregara de proteger –, sempre é
representado pelos pintores na Ilha de Patmos,
tendo ao lado um corvo.
Uma característica peculiar encontrada
em algumas das imagens de madeira é
o fato de ter a parte de trás escavada e
coberta por uma tábua: é o chamado
“santo do pau oco”. Como esse oco
sempre vinha disfarçado por uma
peça cuidadosamente ajustada de
maneira a tornar ignorada a existência
desse vazio, supõe-se ser verdadeira a
tradição de que ali era contrabandeado
o ouro, escapando assim ao quinto
exigido pela Coroa. Em cada viagem
ele traria prata em moedas ou ouro
bruto, que seria trabalhado pelos
ourives locais. Daí a expressão “santo
do pau oco”, referindo-se à pessoa que
aparenta ser digna de confiança, mas, no
fundo, é falsa.
Nossa Senhora da ConceiçãoMinas GeraisSéc. XVIIIMadeira esculpida e
policromada
Alt. 28,5 cm Larg. 10 cm
Prof. 9 cm
Santo de casa
Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais/Caeté, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 34,5 cm Larg. 16 cm Prof. 12 cm
Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 23,4 cm Larg. 6,7 cm Prof. 5 cm
Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais/Ouro Preto
Séc. XVIIIMadeira
Alt. 13,8 cm Larg. 4,6 cm Prof. 2,8 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora do Carmo Portugal, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 9,7 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,5 cm
Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 9 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2 cm
Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 14,6 cm Larg. 6,3 cm Prof. 4 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da ConceiçãoOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 27 cm Larg. 8,2 cm Prof. 7,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 14,5 cm Larg. 6,7 cm Prof. 4,5 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 18,3 cm Larg. 6 cm Prof. 4,3 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 26 cm Larg. 12 cm Prof. 6 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 24,5 cm Larg. 8,3 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora da Conceição Rio de Janeiro, Séc. XIX
Barro policromado
Alt. 10 cm Larg. 2,5 cm Prof. 2,7 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 27,5 cm Larg. 12,5 cm Prof. 9,5 m
Nossa Senhora da Conceição/Medalhão Minas Gerais, Séc. XVIII
Talcita
Alt. 9,3 cm Larg. 4,3 cm Prof. 8 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 19,5 cm Larg. 6,2 cm Prof. 3,5 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 9,5 cm Larg. 3,5 cm Prof. 1,5 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 14,8 cm Larg. 7 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Pedra
Alt. 13,8 cm Larg. 6 cm Prof. 5 cm
Nossa Senhora da Conceição Portugal, Séc. XVII
Prata fundida
Alt. 8,2 cm Diâmetro 2,7 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Pedra sabão policromada
Alt. 16,2 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3,3 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Latão fundido
Alt. 4,5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 0,5 cm
Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 18,3 cm Larg. 5,8 cm Prof. 4,5 cm
Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 12,3 cm Larg. 4,5 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 20 cm Larg. 7,5 cm Prof. 7 cm
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Pedra policromada
Alt. 8,3 cm Larg. 4 cm Prof. 3,2 cm
Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 10 cm Larg. 3,8 cm Prof. 2,5 cm
Nossa Senhora da Conceição São Paulo, Séc. XIX
Barro policromado
Alt. 19 cm Larg. 8,5 cm Prof. 6,5 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 27 cm Larg. 11 cm Prof. 7 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora da Boa MorteMinas Gerais, Séc. XVIII
Talcita esculpida e policromada
Alt. 3,7 cm Larg. 11,4 cm Prof. 4,4 cm
Santo de casa
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 19,8 cm Larg. 8 cm Prof. 6 cm
Nossa Senhora das MercêsMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 20 cm Larg. 13,8 cm Prof. 6 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira pintada
Alt. 12,8 cm Larg. 4,8 cm Prof. 4,5 cm
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 17,3 cm Diâmetro 8,3 cm
Santo de casa
Nossa Senhora, Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada
Alt. 14,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 6,3 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 10,3 cm Larg. 4 cm Prof. 3 cm
Nossa Senhora Origem não identificada, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 4,3 cm Larg. 1,8 cm Prof. 0,8 cm
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 13,7 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,6 cm
Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira encerada
Alt. 11,5 cm Larg. 3,7 cm Prof. 3,4 cm
Santo de casa
Nossa Senhora do Ó, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira encerada
Alt. 11,6 cm Larg. 4 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora do Ó, Península Ibérica, Séc. XVIII Madeira esculpida e envernizada
Alt. 12,3 cm Larg. 5,8 cm Prof. 4,5 cm
Santo de casa
Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 13,3 cm Larg. 7,7 cm Prof. 5 cm
Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira encerada
Alt. 17 cm Larg. 7,8 cm Prof. 6,5 cm
Nossa Senhora da Piedade Itália, Séc. XIX Mármore esculpido
Alt. 6 cm Larg. 4,1 cm Prof. 2,3 cm
Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 27,5 cm Larg. 21 cm Prof. 9 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII
Pedra policromada
Alt. 15,6 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4 cm
Nossa Senhora com Menino Jesus Rio de Janeiro, Séc. XVIII
Prata fundida
Alt. 3,1 cm Larg. 1,5 cm Prof. 0,2 cm
Nossa Senhora com Menino JesusOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX
Barro policromado
Alt. 6,8 cm Larg. 2,5 cm Prof. 1,5 cm
Nossa Senhora do ÓOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 10,6 cm Larg. 5,5 cm Prof. 2,5 cm
Santo de casa
Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 26,2 cm Larg. 8,5 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora com Menino Jesus Origem não identificada, Séc. XIX
Gesso modelado e policromado
Alt. 18,5 cm Larg. 7,2 cm Prof. 5 cm
Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 10,3 cm Larg. 3,4 cm Prof. 3,3 cm
Santo de casa
Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 14,7 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 12,2 cm Larg. 6,3 cm Prof. 4,8 cm
Santo de casa
Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 21,2 cm Larg. 6,6 cm Prof. 5,3 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santa ágata
Nasceu no século III em Catânia, na Sicília. Negando-
se a satisfazer os desejos do prefeito da cidade e também
a cultuar seus deuses, foi por ele enviada a um lupanar,
onde seria violentada ritualmente.
Não achando suficiente esse castigo, ele a mandou para a
prisão. Lá, amarrada de cabeça para baixo a uma coluna,
teve seus seios arrancados por tenazes. Milagrosamente
curada por São Pedro, volta à prisão, onde é então jogada
sobre carvões em brasa e morre.
Seus devotos lhe atribuem o poder de fazer cessar as
erupções do vulcão Etna, perto do qual fica a cidade
onde nasceu. É também evocada pelas mulheres que
sofrem de doenças nos seios, além de ser a padroeira das
amas de leite.
Costuma ser representada sendo arrastada para a prisão
por dois soldados, tendo os seios expostos. Às vezes,
segura uma bandeja onde repousam seus seios. Seus trajes
são luxuosos, evidenciando sua alta classe social.
Santo de casa
Oratório/Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira entalhada e policromada
Alt. 9,5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santo antônIo
Pode-se medir a popularidade de um santo pelo número
de cidades a que dá nome ou pela quantidade de igrejas
de que é orago. Também, pela frequência com que
suas imagens são encontradas nos oratórios familiares.
Sob todos esses aspectos, Santo Antônio é um dos
privilegiados. Há 288 capelas a ele dedicadas em Minas
Gerais e setenta localidades têm seu nome. O número de
imagens é incalculável.
Conhecido como milagreiro e casamenteiro, é o
mais procurado para resolver problemas de namoros,
casamentos, objetos perdidos e outros. Goza da maior
intimidade nas famílias. Estava sempre nas alcovas das
moças casadoiras, que com ele se apegavam para resolver
os problemas de amor e, às vezes, o castigavam por não
ter atendido às súplicas, colocando-o de cabeça para baixo
dentro de algum vaso ou mesmo amarrado no fundo de
um poço. Em casos extremos, mutilavam o santo.
Muitos versinhos lhe foram dedicados para reforçar
os pedidos:
Meu Santo Antônio querido
Meu santo de carne e osso
Se tu não me dás marido
Não tiro você do poço.
Essas coisas aconteciam principalmente na roça e nas
fazendas, onde arranjar marido era um problema sério.
Quando o santo atendia ao pedido, penduravam-lhe ao
pescoço pequenos berloques ou medalhas de ouro.
Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195; foi um
grande pregador, tendo atuado em Paris e, depois, em
Pádua, onde se radicou até morrer, aos 36 anos de idade
(por isso é às vezes chamado de Santo Antônio de Pádua).
Vários milagres lhe são atribuídos.
As imagens de Santo Antônio têm sempre as mesmas
características: o burel negro com grande capuz caído
para as costas e o cordão da ordem franciscana. No
período barroco, para dar movimento à imagem, seu
hábito era repuxado em um dos lados formando um
panejamento irregular. Ele tem uma grande tonsura e,
sobre o braço esquerdo, o Menino Jesus sentado sobre
um livro, em referência a uma de suas visões. Às vezes,
tem na mão direita uma cruz, como no exemplar do
museu de Mariana.
Santo Antônio Rio de Janeiro Séc. XVIII Bronze fundido
Alt. 3,6 cm Larg. 1 cm
Prof. 0,7 cm
Santo de casa
Santo Antônio, Rio de Janeiro, Séc. XVIIIPrata fundida
Alt. 3,2 cm Larg. 1,8 cm Prof. 1 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Oratório/Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira entalhada e policromada
Alt. 12 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,8 cm
Santo de casa
Santo Antônio, Índia/Goa, Séc. XVIIIMarfim esculpido
Alt. 5 cm Larg. 1 cm Prof. 0,8 cm
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira entalhada e policromada
Alt. 14 cm Larg. 5 cm Prof. 4 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 10,2 cm Larg. 4,5 cm Prof. 4 cm
Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Santo: Alt. 6,2 cm Larg. 2 cm Prof. 1,8 cm
Oratório: Alt. 9,8 cm Larg. 4,5 cm Prof. 2,7 cm
Santo de casa
Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e envernizada
Alt. 12,8 cm Larg. 4,7 cm Prof. 3,5 cm
Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 8,3 cm Larg. 2,1 cm Prof. 2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 13,5 cm Larg. 4,8 cm Prof. 4,5 cm
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 12 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm
Santo de casa
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida
Alt. 11,8 cm Larg. 3,7 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 10,5 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XIXMadeira esculpida e policromada
Alt. 4,5 cm Larg. 2 cm Prof. 1,9 cm
Santo AntônioOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 17,3 cm Larg. 7,4 cm Prof. 6,5 cm
Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 7 cm Larg. 2,5 cm Prof. 2,2 cm
Santo de casa
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 30 cm Larg. 10,5 cm Prof. 8 cm
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 20 cm Larg. 7 cm Prof. 6 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 6,5 cm Larg. 3,1 cm Prof. 3,5 cm
Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e encerada
Alt. 10,5 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3 cm
Santo de casa
Santa Bárbara Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 29 cm Larg. 11 cm Prof. 5 cm
Santo Antão Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e encerada
Alt. 12 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3,4 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santa bárbara
Santa Bárbara é muito invocada nas tempestades. Ela dá
nome a uma importante cidade em Minas Gerais. Seu
martírio foi um dos mais cruéis, principalmente por partir
do próprio pai. Ela foi trancada numa torre na cidade de
Nicomédia, na Ásia Menor, onde ele era o sátrapa, para
escapar ao contato com a fé cristã. Mesmo assim, foi
convertida e batizada por um padre que se fez passar por
médico. Para demonstrar sua fé na Santíssima Trindade,
mandou abrir uma terceira janela na torre, representando
a Santíssima Trindade.
Ao saber de sua conversão, seu pai a ameaçou com
uma espada e a colocou na prisão, exigindo que ela se
casasse com um pagão. Tendo ela se negado a fazê-lo, foi
vergastada, rasgada por pontas de ferro, queimada por
lâminas em brasa e teve os seios arrancados por tenazes.
Por fim, foi decapitada pelo próprio pai, que por castigo
dos céus morreu fulminado por um raio. Talvez por isso
ela seja protetora contra raios e tempestades e contra a
morte súbita. No candomblé corresponde a Iansã.
Costuma ser representada com a palma do martírio e
coroa, tendo ao seu lado a torre com três janelas e, às
vezes, um cálice na mão. Seus trajes são belos e ricos.
Como é de costume, usa túnica talar, como as princesas
e as santas que pertenciam a famílias importantes.
santo antônIo abade
Também conhecido como Santo Antão, Santo Antônio
Abade era um anacoreta. Natural do Egito, aos vinte
anos começa a levar vida de asceta. Durante sua
permanência no deserto, foi muitas vezes tentado
pelo demônio, que lhe aparecia sob diversas formas.
O famoso pintor Hieronimus Bosch usou esse tema
em vários de seus quadros surrealistas. Por exemplo, a
tentação de Santo Antônio.
É invocado pelas vítimas da peste, da sífilis, do fogo
selvagem e de moléstias da pele em geral.
Sua representação é bastante pitoresca: ele se cobre com
uma pele de leão ou camelo e tem a seu lado o corvo
que levava diariamente o pão com que se alimentava.
Pendurado ao pescoço, tem uma espécie de rosário.
Santo Antão Origem não identificada Séc. XVIIIPedra Sabão
Alt. 19,5 cm Larg. 9,4 cm
Prof. 5 cm
Santo de casa
São Benedito, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 12 cm Larg. 3,5 cm Prof. 3 cm
São Benedito, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 15,5 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são bartolomeu apóstolo
Pouco mencionado nos Evangelhos, foi, no entanto,
grande evangelizador depois da morte de Cristo. Teria
atuado na Arábia, na Mesopotâmia e na Armênia. Lá,
sofreu o martírio, tendo a pele totalmente arrancada em
vida, por ordem do rei Astíages, como castigo por haver
convertido ao cristianismo muitos dos seus súditos. Sua
pele, como relíquia, é conservada em Pisa.
Em Minas Gerais, deu nome a uma pequena cidade cuja
matriz é a ele dedicada.
Sua imagem, entre nós, o apresenta como apóstolo,
enquanto na Europa sua representação sempre sugere o
seu martírio.
são benedIto
Nasceu perto de Messina, no século XVI, filho de um
escravo africano. É chamado de São Benedito, o mouro.
Porém, é sempre representado como um negro de cabelo
bem crespo. Serviu como cozinheiro em um convento
franciscano, tendo sido depois nomeado superior de
outro convento, perto de Palermo. Quando deixou esse
posto, voltou a ser cozinheiro. É venerado no Brasil pelos
descendentes de escravos e pelos negros da América em
geral. É cultuado também no candomblé.
Em suas representações, usa o hábito franciscano e leva,
às vezes, um ramo de flores nos braços ou carrega o
Menino Jesus recém-nascido.
Santo de casa
são bento
Santo famoso, nascido em Núrsia, na Itália. Começou
a vida de eremita em uma gruta perto do lago Subiaco.
Fundou a primeira ordem monástica do Ocidente, a dos
Beneditinos, baseada na oração e no trabalho manual,
cujo tema era ora et labora. As regras beneditinas foram
impostas no ocidente por um decreto imperial.
São Bento construiu o célebre convento de Monte
Cassino, onde morreu no ano de 547. Era irmão de Santa
Escolástica. Os colégios pertencentes à sua ordem são
muito conceituados.
É representado com o hábito branco da ordem e segura
um bastão.
santa catarIna de sIena
Nasceu em Siena em 1347 e, muito cedo, depois de uma
visão, decidiu permanecer virgem e entrou na ordem
dominicana. Catarina lutou para que o papa, que estava
em Avignon, voltasse para Roma e reformasse o clero. Aos
poucos, conseguiu o que queria. Mas os cardeais franceses
não apoiavam Urbano VI, por sua severidade, e elegeram
um antipapa, com o nome de Clemente VII, que foi
novamente para Avignon. Ela continuou lutando pelo
papa legítimo e morreu em 1380.
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santos cosme e damIão
Irmãos gêmeos nascidos na Síria, de família nobre.
Estudaram medicina. Tornaram-se cristãos e exerciam
a profissão sem visar lucro, procurando converter as
famílias pagãs que os procuravam.
Por ordem de Diocleciano, foram presos, acusados
de combater os deuses pagãos e de praticar feitiçaria.
Defenderam-se, dizendo que curavam em nome de Jesus
Cristo, mais do que pela ciência. Foram torturados e
finalmente decapitados, no ano de 303. São padroeiros
dos médicos e dos farmacêuticos e muito cultuados no
Brasil e na Europa Ocidental
Sempre são representados juntos e segurando frascos
com unguentos.
Santos Cosme e DamiãoOrigem não identificada, Séc. XVIIIMadeira esculpida, policromada e dourada
Alt. 14,7 cm Larg. 11,7 cm Prof. 3,6 cm
Santo de casa
São Domingos de Gusmão, Portugal, Séc. XVIII Cerâmica modelada e policromada
Alt. 18,8 cm Larg. 7,7 cm Prof. 5,5 cm
Santa Efigênia, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 14 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são domIngos de gusmão
Nasceu em Castela, em 1170, filho do governador
de Caleruega. Fundou a Ordem dos Dominicanos
Pregadores. Passou a maior parte de sua vida na França.
Combateu a heresia albigense4.
É por vezes representado, pelos pintores, recebendo um
rosário da mão da Virgem. No entanto, essa devoção não
foi por ele inventada. Ele apenas propagou-a. Muitos
milagres lhe são atribuídos.
São Domingos usa o traje da sua
Ordem: hábito branco e capa
preta, cores simbólicas da pureza
e da austeridade. Segura na mão
um livro e, às vezes, tem uma
estrela sobre a cabeça.
santa efIgênIa
A santa padroeira dos negros do Brasil nasceu na
Etiópia e foi convertida por São Mateus, quando este foi
evangelizar a África. Há uma bela igreja a ela dedicada em
Ouro Preto.
Sua imagem é bastante popular. Usa vestes monacais
e segura na mão esquerda uma igreja em chamas e na
direita traz a palma do martírio.
São Domingos de GusmãoMinas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 10,8 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,5 cm
Santa Efigênia Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 18 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4,3 cm
São Domingos de Gusmão Minas Gerais, Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 24,5 cm Larg. 9 cm Prof. 7 cm
Santo de casa
Santo Elói, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 25 cm Larg. 12 cm Prof. 9 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santo elóI
Nascido perto de Limoges, no século VI, Santo Elói
começou a vida como ferrador de cavalos. Aprendeu
depois o ofício de ourives, chegando a ser tesoureiro
do rei Clotário e, em seguida, de Dagoberto, dois dos
primeiros reis cristãos. Suas obras de ourivesaria ficaram
famosas, apesar de terem desaparecido no correr dos
séculos. Uma das últimas que restaram foi derretida na
Revolução Francesa.
Era padroeiro de inúmeras corporações que lidavam
com metais, como ourives, douradores, mestres de forja,
ferreiros e outros. É até hoje patrono dos metalúrgicos,
mecânicos e ourives.
Depois da morte de Dagoberto, Santo Elói ordenou-se
padre e fez carreira eclesiástica. Teve muitos devotos entre
os que vinham buscar ouro em Minas no século XVIII.
É bastante comum sua representação como bispo, com a
mitra e usando as luvas vermelhas, características do alto
posto clerical.
santo eXpedIto
Padroeiro das causas urgentes, dos estudantes, quando
querem passar nos exames, e dos réus que querem ganhar
seus processos. É um santo que foi “cassado” por Pio XI
por ser chefe da “Legião Fulminante”.
Deve a sua popularidade ao seu nome, que significa
rápido, apressado, que age depressa.
Dizem que seu culto começou quando umas freiras
francesas receberam, da Itália, uma caixa com relíquias,
onde estava escrito: spedito. Não conhecendo a língua,
pensavam tratar-se do nome do santo.
É representado com um legionário romano pisando
um corvo.
Santo de casa
São Francisco de AssisOrigem não identificada, Séc. XVIII
Marfim esculpido/Madeira esculpida
Alt. 12,3 cm Larg. 5,3 cm Prof. 3 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São Francisco desempenhou um papel importante na
Europa do século XIII, que se encontrava em grande
transformação, com os grupos que viviam no isolamento
dos conventos e castelos começando a se abrir. De família
rica, pregava o amor e a fraternidade em lugar das lutas
pela supremacia e poder. Sua pureza e despojamento e
seu diálogo constante com Cristo, a quem tentava imitar
em tudo, fizeram com que fosse considerado “o único
verdadeiro cristão da história”. Devotou-se a cuidar dos
pobres e doentes e fundou uma ordem religiosa que vivia
de acordo com as regras de pobreza. Morreu em 1226.
Sempre teve muito prestígio em Minas Gerais, o que
é demonstrado pelo grande número de igrejas a ele
dedicadas e pela frequência com que suas imagens são
encontradas nos lares. Além disso, dá nome ao grande rio
que une vários estados do Brasil.
Ele foi retratado por todos os grandes pintores, de Giotto
a Portinari. Vários episódios da sua vida de devoção
foram registrados por eles: a expulsão dos demônios de
Arezzo, seu casamento místico com a senhora pobreza, a
estigmatização em Monte Alverne, o Santo recebendo a
bula em que o papa Inocêncio III aprova a regra da ordem
por ele formada etc.
O prestígio de São Francisco vem
crescendo, por sua tão difundida oração
e pelo seu aspecto “ecológico” de seu
amor aos animais, às plantas e a toda a
natureza.
Na imaginária mineira, porém, foi muito
reproduzido com seu burel singelo,
tendo na cintura o famoso cordão
com os três nós que representam as virtudes da
Ordem: pobreza, castidade e obediência. A cabeça
tonsurada (assim o representou o Aleijadinho
por várias vezes), um crucifixo na mão direita e,
na outra, uma caveira simbolizando a Sorella
Morte.
Menos frequente é a figura do santo ajoelhado,
em êxtase, recebendo os estigmas do Cristo
Crucificado: às vezes, um fio branco liga as
chagas de Cristo aos estigmas de São Francisco.
Nos relevos dos frontões das igrejas de Ouro
Preto e de São João del-Rei que lhe são
dedicadas, foi reproduzida essa mesma cena
pelo genial Aleijadinho.
são francIsco de assIs
São Francisco São Paulo, Séc. XVIIIBarro policromado
Alt. 32 cm Larg. 16 cm Prof. 13,5 cm
São Francisco de Assis Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira
Alt. 9,5 cm Larg. 5,8 cm Prof. 6,2 cm
Santo de casa
São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 11,5 cm Larg. 4,5 cm Prof. 3 cm
Santa Gertrudes Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida, pintada e encerada
Alt. 9 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,1 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são francIsco de paula
Nascido na Calábria em 1416, foi o fundador da Ordem
dos Mínimos, cujos princípios são penitência, humildade
e caridade. Mesmo em vida, já era conhecido pelos
milagres e profecias que fazia. Foi chamado à França para
curar o rei Luís XI e lá ficou o resto da vida.
É representado vestindo burel com capuz, tendo um
bastão na mão. Pode ser reconhecido pela legenda
Charitas inscrita no seu peito.
santa gertrudes
Foi monja cisterciense. Nasceu em 1256 e entrou para o
convento, como oblata, aos cinco anos de idade. Somente
aos vinte e um anos, quando teve uma visão de Jesus,
manifestou-se o seu grande fervor místico. Nos seus
escritos, preconiza a devoção ao Sagrado Coração, a São
José, e a comunhão frequente.
Muito cultuada na Espanha e em Portugal, é famosa a sua
estátua no convento de Arouca.
É representada com seu traje de monja, com véu preto e
touca branca envolvendo o rosto e o pescoço. Segura na
mão esquerda um livro e, na direita, a pena de ave com
que escrevia. Na iconografia luso-brasileira, sua principal
característica é ter no peito, junto ao coração, um nicho,
onde se encontra o Menino Jesus de pé, abençoando com
a mão direita.
São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 14 cm Larg. 4,5 cm Prof. 2 cm
São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 22 cm Larg. 9 cm Prof. 6,8 cm
Santo de casa
são gonçalo
São Gonçalo, português como Santo Antônio, é também
muito querido em Minas Gerais, onde existem cinco
cidades com o seu nome. É chamado São Gonçalo
do Amarante, por ter nascido nessa vila de Portugal.
Havendo fome, ele orava à beira do rio e cardumes de
peixes apareciam.
Muitas lendas cercam sua vida: a da ponte que construiu
milagrosamente sobre o rio Tâmega e que é um dos seus
atributos iconográficos; faltando água e vinho, prostrou-se
por terra e pediu a Deus que o socorresse, o que obteve
após tocar um rochedo donde brotou água. Conta-se
ainda que passava as noites de sábado tocando violão para
que as prostitutas dançassem até cansar, evitando assim
que exercessem sua profissão.
Na arte popular das imagens de barro, em São Paulo, ele é
representado tocando violão.
É também considerado casamenteiro das velhas, havendo
uma trova popular em que as moças disso reclamavam:
São Gonçalo do Amarante
casamenteiro das velhas,
porque não casas as moças?
Que mal lhe fizeram elas?
Uma tábua votiva portuguesa confirma essa sua
especialidade: mostra uma senhora, já bem madura,
puxando para o altar o futuro marido. No texto ela
agradece a interferência do santo.
São Gonçalo é representado com o hábito preto dos
dominicanos, capa preta e um livro na mão.
são gonçalo garcIa
Foi um dos vinte e seis mártires do Japão, crucificado no
ano de 1597, em Nagasaki, por ordem do imperador.
Nasceu em Portugal, filho de pai português e mãe
indiana.
Não é santo muito popular no Brasil, mas há uma igreja
a ele dedicada em São João del-Rei.
No museu de Macau, um grande quadro a óleo mostra
o martírio dos padres: de um lado, os três jesuítas e, do
outro, os franciscanos. Existia uma grande rivalidade
entre as duas ordens.
Sua representação é bem original: tem o corpo
trespassado por duas grandes lanças que se cruzam.
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são jerônImo
Foi um dos quatro doutores da Igreja. Nascido na
Dalmácia, foi para Roma, onde se tornou grande retórico
e poliglota. Dedicou-se, a partir do no ano de 382, à
tradução da Bíblia, do hebraico e do grego para o latim, a
chamada Vulgata.
Sua iconografia tem duas versões: como Doutor da Igreja,
ele aparece em sua sala de estudos, escrevendo e tendo
a seus pés o leão do qual retirou um espinho que lhe
machucava a pata. Essa versão aparece nas pinturas. A
outra, mais simples, o apresenta como eremita, vestido
apenas com um manto enrolado que lhe deixa quase todo
o corpo exposto. Usa barba e o cabelo lhe cai até o meio
das costas.
são joão da cruz
Nascido em Castela, no século XVI, carmelita, Doutor da
Igreja, mortificava-se e cuidava dos doentes. Viveu puro e
sem pecado até a morte. Tinha êxtases frequentes. Em um
deles via a morte de Jesus na cruz. Escreveu vários livros
de teologia mística. Foi contemporâneo de Santa Teresa
de Jesus.
Sua imagem, esculpida por Aleijadinho, quase em
tamanho natural, encontra-se na Igreja do Carmo,
em Sabará.
são joão de deus
Fundador dos Irmãos da Caridade, nasceu no ano de
1495, em Montemor. Jovem, saiu de casa e foi ser pastor.
Tomou parte na campanha contra a França e guerreou
contra os turcos na Áustria. Depois, voltou a ser pastor
e trabalhou para um fidalgo, mas, ao ouvir um sermão
de São João D`Ávila, resolveu levar uma vida santa. Deu
tudo que possuía aos pobres e aos presos. Dedicou-se ao
cuidado dos doentes. Fundou um hospital em Granada,
onde, ao irromper um incêndio, salvou a vida dos
doentes, arriscando a sua própria e saindo milagrosamente
incólume. Construiu sobre as ruínas um novo hospital
ainda maior. Socorria também os enfermos em suas casas.
Todos o ajudavam e admiravam. Atendia a gente de todos
os tipos, mesmo os pecadores. Durante uma inundação,
enquanto ele tentava salvar vidas, apanhou uma grave
doença e morreu.
Sua iconografia foi consagrada na bela estátua que dele
fez o Aleijadinho, a qual se encontra na Igreja do Carmo
de Sabará. É representado com o hábito franciscano, às
vezes tem o crucifixo na mão e uma coroa de espinhos
na testa.
Santo de casa
São João Batista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 16,8 cm Larg. 8,5 cm Prof. 6 cm
São João Nepomuceno, Portugal, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 31 cm Larg. 12 cm Prof. 8,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são joão batIsta
Nascido tardiamente de Zacarias e Santa Isabel, prima de
Maria, sua vinda ao mundo foi considerada milagrosa.
Seu nascimento ocorreu alguns meses antes do de Jesus
Cristo, seu primo, de quem foi predecessor e arauto.
Levava vida de eremita próximo ao rio Jordão.
Tinha muitos seguidores e batizava todos que o
procuravam. Jesus o surpreendeu um dia, pedindo que o
batizasse. Enquanto o fazia, baixou dos céus o Espírito
Santo, sob a forma de uma pomba, confirmando assim
que Jesus era o Messias. Alguns dias mais tarde, João
apresentou-o à turba, dizendo: “Eis o cordeiro de Deus
que tira os pecados do mundo”. Dois de seus discípulos,
André e João, ao ouvirem essas palavras, resolveram
seguir Jesus.
Tempos depois, João Batista denunciou um escândalo: o
rei Herodes tinha seduzido a mulher de seu irmão. Assim,
provocou a ira do rei, que o mandou aprisionar. Mais
tarde, durante uma festa de grande esplendor, Salomé,
filha da adúltera, dançou tão bem que pôde pedir a
Herodes o que desejava, exigindo a cabeça de João Batista
numa bandeja de prata.
É representado como criança com o cordeiro ou como
adulto de barba, vestindo túnica de pele de carneiro e
tendo na mão um estandarte com a legenda Ecce Homo.
são joão nepomucemo
Nascido em Nepomuc, perto de Praga, foi sacerdote
de talento, admirado pelo rei Wenceslau. A rainha
escolheu-o como seu confessor. Contudo, o rei era um
depravado e tentou, de todas as maneiras, que ele revelasse
os segredos da confissão da rainha. O santo negou-se a
isso. Wenceslau não se conformou e, irado, ordenou que
o cozinheiro, por uma falta leve, fosse assado vivo sobre
a brasa. Só São João Nepomucemo teve coragem de
contradizer Wenceslau e tentar a revogação da sentença.
Foi então encarcerado e torturado com tochas ardentes.
Ameaçado, disse que preferia a morte a trair seus
princípios. Foi atirado ao rio Moldávia, da ponte central
da cidade. Uma luz fortíssima acompanhou o corpo rio
abaixo. Séculos depois de morto, seu túmulo foi aberto e
sua língua foi encontrada em bom estado de conservação.
Essa relíquia está na catedral de Praga. O santo é evocado
por quem vê em perigo sua boa reputação.
Muito popular, São João Nepomucemo deu nome a uma
cidade em Minas Gerais.
Sua imagem é das mais elaboradas na iconografia
mineira: seu traje é um hábito de monge e ele tem a
ponte a seu lado.
Santo de casa
São João Batista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 9,3 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São João Batista Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 26,6 cm Larg. 9 cm Prof. 7,2 cm
São João Batista Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 16,6 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,2 cm
Santo de casa
São José, Minas Gerais, Séc. XIX Madeira esculpida e policromada
Alt. 12,2 cm Larg. 6 cm Prof. 5,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são jorge
O personagem real, que viveu na Capadócia, durante o
reinado de Diocleciano, foi tão envolvido por lendas que
sua existência foi posta em dúvida, a ponto de o papa João
XXIII eliminá-lo do hagiológio católico.
Era soldado do exército imperial e, ao tornar-se cristão,
enfrentou o imperador, sendo afinal torturado e
decapitado no ano de 290.
Formou-se em torno dele a lenda de que teria chegado
a uma cidade na Líbia, onde um terrível dragão se
alimentava dos jovens que ali habitavam. A própria filha
do rei ia ser imolada, quando São Jorge comprometeu-se
a matá-lo, contanto que todos os habitantes recebessem o
batismo. Como recompensa, ele se casou com a princesa.
Sua fama foi tão grande que chegou à Inglaterra, onde se
tornou patrono do país. A capela do Castelo de Windsor
foi a ele dedicada. Eduardo III tomou São Jorge como
patrono da Ordem da Jarreteira em 1344.
Santo muito popular no Brasil, principalmente entre
descendentes de árabes. É tido, em certas camadas, em
grande consideração.
É representado montado a cavalo, atacando o dragão
com sua lança e vestido com uma armadura de
cavaleiro medieval.
são josé
Foi escolhido para ser esposo de Maria por ser
descendente de Davi. Vivia em Nazaré, onde era
carpinteiro. Homem justo, santo de grande virtude, foi
digno da missão que Deus lhe confiou: ser esposo de
Maria e “pai putativo e nutrício de Jesus”.
Os esponsórios obedeceram a um plano da Divina
Providência: garantir a defesa da virtude da Virgem e uma
satisfação perante a sociedade.
Quando o arcanjo Gabriel anunciou a Maria a missão
que lhe era reservada, ela concordou, consentindo com a
maternidade. Ela deixou José em completa ignorância e
foi para a casa de Santa Isabel, onde permaneceu durante
três meses.
Ao voltar para casa, São José teve as mais cruéis dúvidas.
Estava diante de uma realidade que o torturava. Pensou
em abandonar a esposa e partir. Apareceu-lhe então,
em sonho, o anjo do Senhor e disse-lhe: “José, filho de
Davi, não temas em admitir Maria como tua esposa,
porque o que nela se operou foi obra do Espírito Santo.”
Dissiparam-se as dúvidas de São José e grande alegria o
invadiu: ela era o “tabernáculo vivo do Messias”.
É representado com um bastão florido ou, numa alusão à
fuga para o Egito, usa botas e chapéu; carrega o Menino
Jesus no braço esquerdo.
Santo de casa
São José de Botas, Minas Gerais, Séc. XIXMadeira policromada
Alt. 37 cm Larg. 11,9 cm Prof. 8 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São José, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 12,6 cm Larg. 5,3cm Prof. 3,5 cm
São José, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 16,5 cm Larg. 5,1 cm Prof. 6,5 cm
Santo de casa
São José Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 9 cm Larg. 6,9 cm Prof. 4,3 cm
São José de Botas Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 6,2 cm Larg. 3,3 cm Prof. 2,1 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São José Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 31,2 cm Larg. 15 cm Prof. 7,5 cm
São José de Botas Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 13 cm Larg. 5,4 cm Prof. 3,5 cm
Santo de casa
são lourenço
Foi diácono do papa Sisto II e uma das primeiras
vítimas das perseguições do Imperador Valeriano, em
258. Recebeu instruções para distribuir entre os pobres
as riquezas da Igreja: objetos de ouro, prata e pedras
preciosas. Vendeu tudo e repartiu o dinheiro entre os
miseráveis.
Como castigo, o prefeito Cornélio mandou açoitá-lo e
colocá-lo em uma grelha, onde foi torturado e queimado.
Felipe II, quando construiu o Palácio do Escorial,
dedicou-o a São Lourenço, como agradecimento pela
vitória sobre os franceses na batalha de São Quentim em
1557, e deu-lhe a forma da grelha que lhe havia servido
de instrumento de tortura.
É sempre representado com o hábito de diácono, a palma
do martírio na mão e a grelha a seu lado.
são luís, reI de frança
Filho de Luís VIII e Branca de Castela, também
santificada, nasceu em 1214 e foi educado sempre no
maior rigor religioso, por professores escolhidos. Tornou-
se muito virtuoso e, mesmo depois de assumir o reinado,
levava vida pura e sem luxos. Recebeu de Balduíno,
imperador de Constantinopla, a coroa de espinhos de
Cristo, para a qual construiu uma igreja em Paris.
Participou de uma cruzada e chegou a tomar Damieta,
mas foi feito prisioneiro pelos sarracenos. Seis anos
depois, foi libertado e ainda participou de outra cruzada.
Atacou Túnis, mas a peste atingiu todo o seu exército e
ele próprio adoeceu e morreu. Seu corpo foi levado para
Paris e enterrado em Saint-Denis. Muitos milagres lhe
foram atribuídos e ele foi canonizado em 1305.
É representado carregando a coroa de espinhos.
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são marcos eVangelIsta
Embora não tenha sido um dos doze apóstolos de Cristo
e se tenha convertido depois da Ascensão, Marcos
tornou-se um dos discípulos prediletos de São Pedro e
o acompanhou a Roma. Seu evangelho é considerado
o mais fiel aos ensinamentos de seu mestre. É às vezes
chamado João Marcos.
São Pedro o mandou a Alexandria para difundir a nova
religião. Foi acusado de magia, quando celebrava uma
missa, e arrastado pelas ruas com uma corda ao pescoço.
Morreu em consequência da violência de que foi vítima.
Seu cadáver foi jogado sobre uma fogueira que uma chuva
torrencial apagou. Seu corpo foi, então, sepultado em um
nicho cavado na rocha.
Muitos séculos mais tarde, dois mercadores venezianos
roubaram seu cadáver dentro do sarcófago, que lhes foi
revelado por meio de um clarão maravilhoso. Levaram-
no para o barco, escondido em uma cesta, apregoando
que era carne de porco, para afastar os muçulmanos. As
relíquias foram recebidas com solenidade em Veneza. A
basílica que lhe foi erigida, uma das mais belas e ricas do
mundo, se tornou seu mais importante local de culto.
santa margarIda de cortona
Viveu na Itália, no século XIII. Levou uma vida de
pecadora até o dia em que viu um de seus amantes morto,
em estado de putrefação. Horrorizada, envergonhou-se
e, arrependida, entrou para o convento, onde passou a
viver em severa penitência e autoflagelação.
Patrona das pecadoras arrependidas, é representada com
um cilício em torno do busto nu.
Santo de casa
Santa LuziaMinas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 16 cm Larg. 8 cm Prof. 3,5 cm
São ManoelOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 14,4 cm Larg. 4,5 cm Prof. 4 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santa luzIa
Quem tem problemas de vista costuma recorrer a Santa
Luzia, nascida em Catânia, na Sicília, a virgem mártir
que em 304, no tempo de Diocleciano, teve seus olhos
arrancados por persistir na fé cristã. No dia da sua festa,
13 de dezembro, multidões acorrem às igrejas de que é
padroeira, principalmente na cidade mineira que leva
seu nome.
É representada sempre com belos trajes, pois era muito
rica, antes do martírio. Segura na mão uma pequena
bandeja onde repousam seus olhos.
são manoel
São Manoel foi um cristão persa, martirizado durante o
reinado do imperador Juliano. Considerado o advogado
da paciência.
Foi bastante popular em Minas Gerais no século
XVIII, sendo frequentemente encontrado nas imagens
dessa época. O Aleijadinho o interpretou em imagem
de madeira.
É representado descalço, de tanga, com um cravo
atravessado no ouvido e outros fincados no peito.
Santa Luzia Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada
Alt. 19 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,5 cm
São Manoel Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 13,7 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm
Santo de casa
Santa Maria Egipcíaca, Bahia, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 22,5 cm Larg. 11,5 cm Prof. 6,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santa marIa egIpcíaca
Aos doze anos foi para a Alexandria, onde levou uma
vida de devassidão durante dezessete anos. Sua beleza
incomum contribuiu para isso. Ao presenciar o embarque
de peregrinos que iam à Terra Santa, seguindo um
impulso, juntou-se a eles com a intenção de, na viagem,
despertar novas paixões.
No dia da festa em que ia visitar o santuário, uma força
inexplicável impediu-a de entrar. Veio-lhe então a ideia
de que seus pecados a tornavam indigna de participar da
cerimônia santa e de ver o Santo Lenho. Essa revelação
transformou-a imediatamente.
Escondeu-se chorando e, abalada ao avistar a imagem de
Nossa Senhora, lembrou-se que Maria é o “refúgio dos
pecadores”. Prometeu mudar de vida e fazer penitência.
Durante muitos anos sofreu as piores tentações.
Conseguiu, porém, resistir a elas. Só no fim da vida
conseguiu a paz. Morreu no deserto, no ano de 431.
É representada seminua, cabelos longos; às vezes tem um
cilício no busto.
são mateus
São Mateus, um dos evangelistas, assim como os outros
três, apresenta-se sentado, escrevendo.
Nascido na Galiléia, foi, no início de sua vida, cobrador
de impostos em Cafarnaum. Deixou essa tarefa para
seguir Jesus e propagar a fé. É protetor dos contadores,
bancários e banqueiros.
Veste-se como os apóstolos, na maior simplicidade. Seu
símbolo iconográfico é um anjo, sugerindo que tenha sido
uma pessoa suave e pacífica.
Santo de casa
Santo Onofre Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 11,5 cm Larg. 4,3 cm Prof. 4 cm
São Miguel Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 22,8 cm Larg. 9,5 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são mIguel arcanjo
É o anjo justiceiro e defensor do bem.
É representado alado, usando armadura romana, manto
vermelho e pisando no demônio. Seus atributos são a
balança e a espada.
santo onofre
Era um eremita que viveu setenta anos no deserto da
Tebaida até ser encontrado pelo abade Pafúncio. Um
demônio, disfarçado de peregrino, insinuou a seu pai,
rei da Pérsia, que o filho que lhe ia nascer da rainha seria
um bastardo e que, para tirar a prova, teria que expô-lo
ao fogo. O recém-nascido é jogado sobre um braseiro e
escapa ileso, provando ser filho legítimo do rei. O menino
foi estudar num convento no Egito, de onde saiu para ser
eremita. Foi viver na Tebaida, região deserta a oeste do
Nilo, lugar preferido dos primeiros cristãos anacoretas.
Alimentava-se de tâmaras e do pão que um corvo lhe
trazia diariamente.
Era muito cultuado no interior de Minas Gerais, por
garantir que na casa do devoto não havia de faltar
dinheiro. Para agradá-lo, costumavam pôr ao seu
lado um copinho de cachaça, da qual seria grande
apreciador. Como a cachaça evapora, acreditavam que
ele havia bebido.
Suas vestimentas eram apenas seus próprios cabelos e
barba, que o cobriam até os pés. Usava um cinto de folhas
de palmeira trançadas. Seu aspecto é o de um homem
selvagem, como era representado na Idade Média. O
corvo aparece às vezes ao seu lado.São Miguel, Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 28 cm Larg. 13 cm Prof. 9 cm
Santo de casa
Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 20,8 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3,7 cm
Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 11 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 5,9 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,2 cm
Santo Onofre, Origem não identificada Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 18 cm Larg. 5,3 cm Prof. 4,8 cm
Santo de casa
Santa Quitéria Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 14 cm Larg. 9 cm Prof. 4,2 cm
Santa Rita de CássiaOrigem e Data não identificadas
Madeira esculpida, policromada e dourada
Alt. 13 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
santa QuItérIa
Figura meio lendária que teria nascido no sul da França
ou na Galícia, num parto múltiplo, com mais oito irmãs.
Santa Liberata seria uma delas. Fez voto de dedicar sua
virgindade a Cristo. Seu pai quis obrigá-la a se casar e,
como ela se negasse, ele a decapitou.
É invocada contra a raiva e a loucura. Sua devoção se
espalhou pela Espanha e Portugal, chegando também
ao Brasil.
Nas suas raras representações, aparece cercada pelas oito
irmãs ou então carregando a própria cabeça. Havia uma
imagem na igreja de Cachoeira do Campo.
santa rIta
Natural de Spoleto, na Itália, casou-se aos doze anos.
Somente após a morte do marido, que a maltratava,
entrou para o convento.
Segundo a lenda, ela rezava muito e implorava a Cristo
que a fizesse sofrer como ele. Um dia, desprendeu-se da
coroa de Cristo um espinho, que penetrou na testa da
santa, provocando dor semelhante à que ele havia sentido.
Morreu de tuberculose em Cascia, em 1457.
É venerada como Santa Rita dos Impossíveis, a ela
recorrendo os devotos em grande dificuldade.
Santa Rita tem aparência modesta, com seu hábito
monacal preto e cabeça coberta com véu da mesma cor.
Tem um pequeno ferimento na testa de onde escorre
uma gota de sangue. Na mão direita ela segura a palma
do martírio.
Santa Rita de Cássia Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 7,8 cm Larg. 3,1 cm Prof. 2,5 cm
Santo de casa
São Roque, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida, policromada e dourada
Alt. 31,2 cm Larg. 11 cm Prof. 9 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são roQue
Originário de Montpellier, França, ao se converter à
fé cristã, deu toda a sua riqueza para ajudar os pobres.
Tornou-se eremita e depois cuidou das vítimas da peste.
Ele mesmo foi infectado e salvo por seu cachorro, que lhe
trazia comida diariamente.
É protetor contra cólera e peste.
É sempre representado com seu cão.
santIago maIor
Nenhum santo teve sua vida e sua história tão envoltas em
mistério e lendas.
Era irmão de São João Evangelista, que foi um dos
primeiros e mais importantes apóstolos. Assistiu, com São
Pedro e São João, à transfiguração e à agonia de Cristo no
Jardim das Oliveiras. Foi uma das primeiras vítimas da
perseguição ao cristianismo, sendo decapitado no ano de
44. Muitos milagres lhe são atribuídos.
Contrariando esses fatos de sua “história” verdadeira,
consta que ele foi propagar o evangelho na Espanha,
tendo desembarcado em Cartagena. Ao passar por
Saragoça, a Virgem lhe teria aparecido sobre uma coluna
de jade, dando origem ao culto de Nossa Senhora do
Pilar. Tendo uma espinha penetrado no seu pé, uma
revoada de anjos desceu do céu para arrancá-la.
Foi martirizado, tendo seus despojos sido levados para
a Galícia, em uma barca conduzida por um anjo. Essa
lenda nasceu na ocasião das Cruzadas contra os mouros, a
chamada Reconquista, no século XV.
Conta-se também que, na batalha de Clavijo, que
aconteceu em 834, Santiago apareceu montado num
cavalo branco e, brandindo seu estandarte, pôs em fuga os
infiéis. Por isso é chamado Santiago Matamouros.
A peregrinação a Compostela teve origem na tradição
de que o sarcófago de mármore, em que Santiago foi
transportado, teria sido encontrado por um pastor que,
guiado pelas estrelas, achou-o no “Campo das Estrelas”,
cuja corruptela, “Compostela”, permaneceu até hoje.
Várias outras lendas existem para satisfazer as diversas
categorias de devotos que, pelos séculos afora, tomaram o
Caminho de Santiago.
Santiago, o apóstolo, é representado descalço e com uma
simples túnica. Como peregrino, seu traje inclui botinas,
um chapéu, cuja aba é presa por uma concha de vieira
usada pelos peregrinos para beber água, além de um
bastão, onde se pendura uma cabaça para levar o vinho. A
tiracolo ele leva uma bolsa de viagem.
Santo de casa
São Sebastião, São Paulo, Séc. XIX Cerâmica modelada e policromada
Alt. 13,5 cm Larg. 5,8 cm Prof. 3,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
são sebastIão
Santo bastante popular no Brasil, padroeiro do Rio de
Janeiro, cuja fundação é comemorada no seu dia. É
bastante querido em Minas Gerais, onde dá nome a seis
cidades. Foi um dos prediletos dos santeiros de Minas no
século XVIII.
Nascido na Gália, foi centurião na corte de Diocleciano,
de quem era favorito. Denunciado como defensor da fé
cristã, o belo efebo foi condenado ao martírio em 288,
em Roma.
Era protetor contra as pestes, pois, segundo a crença antiga,
elas eram provocadas pelas flechas de um deus irado.
Era, a princípio, representado vestido, tendo as flechas
como atributo. A partir do século XV, prevaleceu a
figura de um jovem imberbe, coberto apenas por uma
curta tanga e amarrado a uma árvore, tendo o peito
crivado de setas. Essa iconografia era muito atraente do
ponto de vista plástico, pois proporcionava ao artista
a oportunidade de trabalhar detalhes anatômicos que
poucos santos permitiam.
santa teresa de áVIla
Nasceu na Espanha, no século XVI. Aos 18 anos entrou
para o convento. Foi uma grande mística e fundou a
Ordem das Carmelitas Descalças. Escreveu muitos livros
em que contava suas visões e seus êxtases. Foi transfixada
pelo dardo de um serafim. Reformou sua ordem e tomou
São José como patrono. Teve seu retrato pintado em vida
por frei Juan de la Miseria.
Inspirou a Bernini uma de suas mais primorosas
esculturas, “O êxtase de Santa Teresa”, que se encontra na
Igreja de Santa Maria da Vitória, em Roma. Nela, a santa,
em êxtase profundo e completo abandono, está à mercê
de um serafim que aponta o dardo na direção de seu
coração. É uma cena de grande espiritualidade, permeada
de grande sensualidade.
É sempre representada com o traje de carmelita.
Santo de casa
São Sebastião, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 27 cm Larg. 7,5 cm Prof. 6 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São SebastiãoOrigem não identificada
Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira encerada
Alt. 22,5 cm Larg. 7 cm Prof. 4,3 cm
São Sebastião São Paulo, Séc. XIX
Barro policromado
Alt. 12 cm Larg. 5,3 cm Prof. 3,5 cm
Santo de casa
São Carlos Borromeu, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 15 cm Larg. 4,7 cm Prof. 3,5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santa Catarina de Alexandria Origem não identificada, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 15,8 cm Larg. 7,5 cm Prof. 5,5 cm
Santo de casa
Santo não identificadoMinas Gerais, Séc XVIII
Madeira esculpida e envernizada
Alt. 8,3 cm Larg. 6,6 cm Prof. 3,9 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santa Isabel de PortugalPortugal, Séc. XVII
Pedra esculpida e barro modelado policromados
Alt. 47,5 cm Larg. 19,5 cm Prof. 17 cm
Santo de casa
São Gregório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 13,2 cm Larg. 6 cm Prof. 4,3 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santa Maria Madalena, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 10 cm Larg. 4,8 cm Prof. 3 cm
Santo de casa
São Tiago de Compostela, Espanha, Séc. XVIII Prata fundida
Alt. 6,5 cm Larg. 2,7 cm Prof. 2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santa Joana D’Arc, França, Séc. XVIIIPrata batida e burilada
Alt. 5,2 cm Larg. 2,7 cm Prof. 0,8 cm
Santo de casa
Santo Inácio de LoyolaRio Grande do Sul, Séc. XVIII
Madeira esculpida e envernizada
Alt. 36 cm Larg. 12,2 cm Prof. 9 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santa Verônica Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira esculpida e policromada
Alt. 7,7 cm Larg. 3,8 cm Prof. 1,2 cm
Santa Verônica Origem não identificada, Séc. XVIII
Barro policromado
Alt. 8,2 cm Larg. 4 cm Prof. 3 cm
Santo de casa
São João Evangelista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 7,5 cm Larg. 3,1 cm Prof. 2,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
São João Evangelista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 24,2 cm Larg. 12 cm Prof. 6 cm
Santo de casa
São Rafael, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada
Alt. 16,5 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,6 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Anjo da Guarda, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada
Alt. 15,2 cm Larg. 5 cm Prof. 5 cm
Santo de casa
Santo BispoOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 13,4 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,3 cm
Santo BispoMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 25,5 cm Larg. 9,5 cm Prof. 6,4 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo PadreSão Paulo, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 18,2 cm Larg. 6,3 cm Prof. 5 cm
Santo BispoOrigem não identificada, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 20,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm
Santo de casa
Santa MeninaMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 16 cm Larg. 8 cm Prof. 9 cm
Santo EvangelistaMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 26 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santo não identificado Minas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 23 cm Larg. 9,5 cm Prof. 5,2 cm
Santo não identificadoOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira policromada
Alt. 18,5 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4 cm
Santo de casa
Anjo PresépioMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 11,8 cm Larg. 6,8 cm Prof. 4,5 cm
Santo não identificadoOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX
Madeira encerada
Alt. 9,1 cm Larg. 5,7 cm Prof. 4,2 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
OranteMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira encerada
Alt. 13,3 cm Larg. 5 cm Prof. 3,8 cm
OranteMinas Gerais, Séc. XVIII
Madeira policromada
Alt. 8,2 cm Larg. 3,5 cm Prof. 5,7 cm
Santo de casa
Oratório Esmoler, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 35,5 cm Larg. 26,5 cm Prof. 15,5 cm
Oratório, São Paulo, Séc. XIXPapel/tecido
Diâmetro 10,3 cm Prof. 6,4 cm
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira/Barro
Alt. 12,4 cm Larg. 8,5 cm Prof. 4 cm
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 42,3 cm Larg. 24,2 cm Prof. 18 cm
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 46 cm Larg. 24 cm Prof. 9,5 cm
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 35 cm Larg. 16,5 cm Prof. 7 cm
Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada
Alt. 23,5 cm Larg. 11 cm Prof. 5 cm
Santo de casa
Nossa SenhoraNossa Senhora com Menino, Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora das
Mercês, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Ó, Nossa Senhora da Piedade,
Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santos eclesiásticosSanto Bispo, São Gregório VII, Santo Elói,
Santa Gertrudes, São Carlos Borromeu, Santo Bispo
Santo de casa
Santos penitentesSanto Onofre (5 unidades), Santo Antão (2 unidades), Santa Maria
Madalena, Santa Maria Egipcíaca
O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s
Santos fundadores de ordens religiosasSão Francisco de Paula (3 unidades), Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Assis
(2 unidades), São Domingos de Gusmão (3 unidades)
Santo de casa
conclusão
No Brasil, a imaginária doméstica se desenvolveu
extraordinariamente, sendo talvez o país do mundo em
que essa arte foi mais difundida. As pequenas imagens
caseiras eram encontradas tanto nas grandes residências
como nas casas modestas, e mesmo nos pequenos casebres
das classes menos favorecidas. Portugal e Alemanha
também tiveram grande produção de imagens sacras em
madeira, nenhuma, porém, se compara à brasileira.
Cada santo é caracterizado por elementos que permitem
reconhecê-lo: vestimentas, atributos, atitudes ou animais
não deixam dúvidas aos fiéis, que podem apelar para seu
santo protetor. O código de identificação iconográfico,
definido pela tradição, pela devoção e pela arte,
permaneceu constante desde a Idade Média, constituindo
uma linguagem comum ao catolicismo que, a partir da
Europa, se disseminou pelas colônias da América Latina.
Como vimos, com a multiplicação dos santeiros em
Minas Gerais, as imagens que, a princípio, destinavam-se
unicamente aos altares, começaram a fazer parte da vida
cotidiana das famílias. A graça do entalhe lhes dá um
toque todo especial, unindo a cultura popular e a arte
mais refinada. Os santos protetores das diversas atividades
humanas, os curadores de doenças, os defensores contra
acontecimentos nefastos se fazem presentes nas casas onde
seu apoio é necessário.
O santo é um mediador entre o fiel e Deus todo
poderoso. O devoto tem uma relação direta e pessoal com
o santo protetor. Por ser humano, ele talvez compreenda
melhor o sofrimento terrestre, as aflições, as angústias e
as necessidades de intervenção de uma força divina. Por
estar em casa, desfruta de um contato pessoal e íntimo
com o fiel.
O pequeno altar doméstico, o oratório, e o santo de casa
trazem o sagrado para o ambiente privado, tornando a
experiência religiosa um assunto doméstico. A força da fé
e a proximidade das imagens tornam efetiva a participação
do santo que, afinal, faz milagres.
r e F e r ê n C i a s B i B l i o g r á F i C a s
notas
1 - História antiga de Minas Gerais, Diogo de Vasconcelos.
2 - Barroco mineiro, Suzy de Mello, pág. 54.
3 - Como exceções, há em Pernambuco as imagens de frei
Agostino de Jesus e frei Vicente Salvador.
4 - Seita religiosa que se propagou na região de Albi (França) no
século XII e contra a qual foi feita uma guerra sangrenta.
referêncIas
bIblIográfIcas
BAZIN, Germain. Baroque and rococo art. The World Art Library,
Thames and Hudson, 1974.
BOXER, Charles Ralph. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento
de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.
GIORGI, Rosa. Les Saints. Paris, Ed Hazan, 2003.
JONES, Alison. Les Saints. Paris, Bordes SA, 1995.
LEHMANN, João Baptista. Na luz perpétua: leituras religiosas da vida
dos santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão.
Juiz de Fora, Editora Lar Católico, 1959.
MELLO, Suzy de. Barroco mineiro. São Paulo, Brasiliense, 1985.
RÉAU, Louis. Iconographie de l’art chrétien. Paris, Presses Universitaires
de France, 1958.
VASCONCELOS, Diogo de. História antiga das Minas Gerais. Belo
Horizonte, Editora Itatiaia, 1974.
VORAGINE, Jacques de. La légende dorée. Paris, Perrin et cie, 1925.