samba
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O samba era
Original dança dos pobres
E, no entanto, hoje
Vive nos salões mais nobres
Se o samba é moda
Vamos sambar
Entre na roda
E deixe o mundo se acabar
(Josué de Barros)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 01
2. A HISTÓRIA DO SAMBA .......................................................................................... 022.1. As raízes africanas do samba.................................................................................... 022.2. A origem do termo samba........................................................................................ 022.3. Fluxo migratório....................................................................................................... 022.4. Intervenção urbanística............................................................................................. 022.5. Pequena África......................................................................................................... 032.6. O Samba e o Morro.................................................................................................. 032.7. As Tias Baianas........................................................................................................ 032.8. Perseguição policial.................................................................................................. 042.9. O primeiro samba gravado....................................................................................... 042.10. História do Carnaval no Brasil............................................................................... 042.11. A primeira Escola de Samba.................................................................................. 052.12. Desfile das Escolas de Samba................................................................................ 062.13. Nacionalização do Samba...................................................................................... 062.14. O samba na década de 40....................................................................................... 062.15. O samba na década de 50....................................................................................... 072.16. O samba na década de 60....................................................................................... 072.17. O samba na década de 70....................................................................................... 072.18. O samba na década de 80....................................................................................... 082.19. O samba na década de 90....................................................................................... 082.20. O samba nos dias de hoje....................................................................................... 08
3. O TURISMO E O SAMBA .......................................................................................... 093.1. Pedra do Sal.............................................................................................................. 093.2. Escolas de Samba..................................................................................................... 093.3. Desfile de Carnaval.................................................................................................. 093.4. Cidade do Samba...................................................................................................... 103.5. Blocos de Rua........................................................................................................... 103.6. Sambódromo............................................................................................................. 103.7. Museu do Carnaval................................................................................................... 113.8. Museu do Cartola..................................................................................................... 113.9. Museu da Carmen Miranda...................................................................................... 113.10. Lapa........................................................................................................................ 123.11. Samba do Beco do Rato......................................................................................... 123.12. Roda de Samba do Barão....................................................................................... 123.13. Samba do Trabalhador............................................................................................ 133.14. Samba Luzia........................................................................................................... 133.15. Sambalangandã de Santa Tereza............................................................................ 133.16. Roda de Samba do Cacique de Ramos................................................................... 133.17. Samba da Ouvidor.................................................................................................. 143.18. Casa Rosa............................................................................................................... 143.19. Plataforma............................................................................................................... 14
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 16
1. INTRODUÇÃO
O samba é um dos gêneros musicais mais conhecidos e difundidos no Brasil, sendo um
fenômeno cultural que atravessou os séculos, passando de alvo de discriminação e
perseguição na sua fase inicial a símbolo de identidade nacional.
Este trabalho tem como objetivo pontuar alguns momentos históricos importantes para o
surgimento, transformação e difusão do samba na cidade do Rio de Janeiro, incluindo sua raiz
africana; sua formação nas reuniões musicais nas casas das Tias Baianas, no Estácio, nas
escolas de samba, nos blocos, nos morros, nas ruas; suas diferentes formas de expressão; seus
representantes mais importantes e sua evolução até chegar aos dias mais atuais.
Além disso, este trabalho busca apresentar também os principais atrativos, atividades e
eventos ligados ao samba na cidade no Rio de Janeiro, que podem ser explorados como
atraentes pontos turísticos, desde museus, casas de show, rodas de samba até uma das maiores
festas populares do mundo: o Carnaval.
Dessa forma, esta pesquisa busca elaborar um material de suporte sobre o samba e ao
mesmo tempo apresentar o seu papel fundamental na história, na tradição cultural e no
turismo do Rio de Janeiro e do Brasil.
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2. A HISTÓRIA DO SAMBA
2.1. As raízes africanas do samba
Os africanos que chegaram ao Brasil como escravos trouxeram consigo um conjunto de
saberes, valores, culturas, tradições, músicas e danças. No caso do samba sabe-se que sua
origem está ligada à religiosidade dos grupos bantu trazidos para o nosso país. O ritmo,
tocado, sobretudo em terreiros de candomblé de angola e, posteriormente, na umbanda,
constitui um dos principais elementos de identidade de ambas as religiões.
2.2. A origem do termo samba
Segundo a maioria dos pesquisadores, o nome samba é originário da palavra semba,
expressão ligada às tradições religiosas possivelmente da Angola, que significa umbigada,
devido à forma como era dançada.
Alguns pesquisadores questionam essa transformação linguística e elaboraram outra
hipótese: o samba, nas línguas bantas, significaria reza, invocação, lamento, queixa. Segundo
eles, os escravos negros inicialmente chamavam de samba a cerimônia religiosa caracterizada
pelo ritmo e pela coreografia do batuque, sendo que o significado da palavra ampliou-se no
decorrer do processo.
2.3. Fluxo migratório
A partir da segunda metade do século XIX, a população de negros e mestiços crescia
com o constante fluxo migratório com destino ao Rio de Janeiro de várias partes do Brasil,
principalmente da região nordeste e especificamente da Bahia, bem como de ex-soldados da
Guerra de Canudos do final daquele século. Estes trouxeram consigo práticas de músicas e
dança que se espalharam pelos bairros distantes, cortiços e favelas.
Esse processo migratório de negros para a cidade do Rio de Janeiro se intensificou com
a decadência da cultura do café no interior do Rio de Janeiro e na Zona da Mata mineira, o
que resultou em uma maior ocupação dos morros e do centro da cidade.
2.4. Intervenção urbanística
No início do século XX, o Rio de Janeiro passou por intensas modificações urbanísticas
realizadas pelo prefeito Pereira Passos, com o objetivo de modernizar e melhorar a
infraestrutura da cidade, a fim de transformar a antiga capital do império em uma capital da
república, sob o modelo europeu.
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Com as reformas da cidade, principalmente do Centro, têm início as demolições dos
cortiços. Deste processo inicia-se a favelização e a marginalização da população mais pobre
da cidade, que se dirige para as margens do centro em direção à Cidade Nova, aos morros e
aos subúrbios da Zona Norte.
2.5. Pequena África
O grande fluxo de afro-brasileiros, principalmente baianos, para a Cidade Nova e para
as imediações da Praça Onze, fez com que esta região passasse a ser conhecido como
“Pequena África”. Começava a se formar ali um núcleo comunitário no qual se agrupava uma
identidade e um laboratório de criação musical, reunindo o encontro de diversas influências.
A formação de redes e canais de socialização e de interatividade da comunidade negra
carioca foi fortalecida, construindo espaços de cultivo de tradições afro e meios através dos
quais o samba era concebido e divulgado.
2.6. O Samba e o Morro
O processo de constituição de um reduto negro ocorria de forma intensa no povoamento
dos morros. Em função da expulsão dos marginalizados das áreas centrais e da
impossibilidade econômica de instalação da população em outras regiões da cidade, as
futuramente chamadas favelas se consolidavam e ganhavam unidade devido às suas formas
peculiares de organização, suas festividades e suas atividades religiosas. Era um ambiente de
criação cultural específica, onde muitos sambas seriam compostos.
2.7. As Tias Baianas
As casas de culto das Tias Baianas, principalmente a de Tia Ciata, eram centros de
socialização, valorização e expressão da cultura negra. Muitas delas estavam situadas nas
imediações da “Pequena África”, e concentravam grande parte da população negra em
encontros religiosos, reuniões e festas com candomblé, batuques, dança, comida, bebida e
samba de partido-alto. Eram frequentadas por músicos da época, como Pixinguinha, Donga,
Sinhô e muitos outros.
Esse primeiro grupo de sambistas compunham suas canções nesses ambientes festivos e
ao mesmo tempo sagrados. As ocasiões de reuniões e as rodas de samba nessas casas eram
estrategicamente relevantes também para a difusão dos sambas que se compunha nos morros,
pois lá eram executados, divulgados e se popularizavam.
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2.8. Perseguição policial
Manifestações culturais e musicais de origem africanas eram constantemente
perseguidas pela policia, pois se associavam à miscigenação e ao atraso civilizacional,
características opostas aos ideais de modernização. Os sambistas eram frequentemente
surpreendidos por batidas policiais repentinas e eram levados para a cadeia, enquanto os seus
instrumentos eram apreendidos.
A legalização das casas de macumba, como se dizia na época, foi uma brecha para
escapar da opressão sofrida pela policia. O samba geralmente era executado no mesmo dia
dos cultos e rituais de candomblés, tendo lugar logo após a cerimônia.
Apesar do preconceito e da hostilidade das autoridades, formavam-se canais de
interação e organizações musicais que permitiam o convívio e a afirmação étnica desta
população.
2.9. O primeiro samba gravado
O primeiro samba carnavalesco foi gravado em 1917. O sucesso popular “Pelo
Telefone” foi registrado por Donga e Mauro de Almeida, sambistas frequentadores da casa da
Tia Ciata, fato que deu origem a uma grande briga pelos direitos autorais da canção, já que
outros sambistas da época reivindicaram sua autoria.
Até o registro de “Pelo telefone”, os sambas eram produções coletivas que se tornavam
conhecidas entre as festas realizadas nas casas das tias baianas. A partir de então, o novo
gênero de música urbana não nascia mais anonimamente. Com o sucesso de “Pelo Telefone”
o samba passa a ser o grande gênero carnavalesco, que até então não existia.
Em sua primeira fase, o samba possuía uma rítmica bastante próxima a do maxixe. O
samba-amaxixado perdurou até o surgimento das primeiras escolas de samba cariocas.
2.10. História do Carnaval no Brasil
O samba foi extremamente influenciado pelas diversas manifestações populares,
principalmente as realizadas durante o Carnaval.
O costume de se brincar no período do carnaval foi introduzido no Brasil colonial pelos
portugueses com o nome de Entrudo. No Rio de Janeiro, jovens de diversas famílias lançavam
entre si limões de cheiro (bolas de cera recheadas de águas perfumadas). Em contrapartida,
nas ruas das cidades, a população e os escravos lançavam uns nos outros todo tipo de líquidos
(inclusive sêmen ou urina), fato que levou a uma série de proibições se sucederam na tentativa
de acabar com a festa desordeira.
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Ao receberem informações sobre as festas carnavalescas da Europa, as elites cariocas
resolveram criar o seu próprio carnaval, organizando bailes onde se dançavam ritmos
importados como a valsa, a polca e schottisches. Também eram moda as máscaras ao estilo
dos carnavais de Veneza. O grande sucesso dos bailes incentivou outras formas de diversão,
como os passeios ou promenades, onde os bailes se deslocavam em carruagens abertas.
Em seguida surgiram as primeiras Grandes Sociedades Carnavalescas, formadas pela
elite social, que saíam pelas ruas em carros alegóricos.
Em contrapartida, as camadas humildes da sociedade também começavam a organizar
seu carnaval com um ritmo marchado e cuja marcação deveria facilitar o avanço da massa dos
foliões, na forma de Ranchos (mais focado no elemento teatral, com forte presença de
instrumentos de sopro e no canto), Cordões (que davam ênfase à percussão e em geral não
possuíam outros instrumentos musicais) e Blocos (que ficavam entre os ranchos e os cordões).
2.11. A primeira Escola de Samba
Um grupo de sambistas do bairro Estácio de Sá criou, em 1928, a primeira escola de
samba do Rio de Janeiro, a Deixa Falar, buscando um novo tipo de carnaval sem a violência
que ocorria nos blocos e cordões. Eles introduziram no carnaval um samba diferente, com
temática urbana, presença marcante de instrumentos de percussão e com uma batida que se
tornaria referência nacional nas décadas posteriores, rompendo com o samba-amaxixado e
nascendo o samba moderno.
Ismael Silva, um dos fundadores, certa vez explicou a origem do nome Deixa Falar:
“Naquela época, existia uma grande rivalidade entre os blocos e todos se achavam superiores.
O pessoal do Estácio dizia: Deixa falar”. Sobre a origem do termo Escola de Samba, ele disse:
“Perto da nossa sede ficava a Escola Normal para mulheres. Lá, as professoras ensinavam a
cozinhar e na Deixa Falar a gente ensinava o samba. Ficou então Escola de Samba”.
As inovações rítmicas dos sambistas da Estácio de Sá foram assimiladas por blocos
carnavalescos e alcançaram os morros. Diversas escolas se organizaram no momento dessa
forma de expressão, na modalidade samba-enredo.
2.12. Desfile das Escolas de Samba
A Deixa Falar lançou um formato de cortejo, inaugurando uma estética que predomina
até os dias atuais no carnaval brasileiro. As escolas de samba cariocas passaram a agregar
elementos visuais dos ranchos carnavalescos à musicalidade presente no samba, que ganhava
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uma feição marchada, para tornar mais fluente o desfile dos componentes do grupo
carnavalesco.
Em 1935, as escolas de samba foram incluídas no calendário do carnaval promovido
pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Oficializadas pelo governo, as agremiações
tiveram que atender as exigências formais que incluíam a obrigatoriedade de usar temas
nacionais nos enredos das escolas.
2.13. Nacionalização do Samba
Por uma série de questões políticas, o samba foi escolhido como um dos símbolos da
identidade nacional mestiça, sendo amplamente patrocinado e divulgado. Esse processo de
nacionalização do samba carioca ocorreu na década de 1930. Nesta época, o governo de
Getúlio Vargas implementou uma série de ações com o objetivo de concretizar seu projeto
nacionalista.
Promovido pelo governo federal, pelo carnaval das escolas de samba, pelo rádio e pelo
disco, o samba, que em um primeiro momento era visto com reservas e preconceito por
segmentos das elites, consolidou-se não apenas como um dos gêneros musicais mais
populares do país.
Artistas como Noel Rosa, Carmen Miranda, Dorival Caymmi, Ary Barroso, entre
outros, fizeram muito sucesso nos rádios e a absorção do ritmo aproximou sambistas, classe
média, intelectuais, mídia, poder público, políticos, indústria do entretenimento e do turismo.
2.14. O samba na década de 40
A partir dos anos quarenta, ritmos latinos e estadunidenses influenciaram o samba
tocado no rádio, de onde surgiram as variações dançantes e sincopadas samba-choro e samba-
de-gafieira. O samba-de-gafieira nasceu sob influência das grandes orquestras norte-
americanas, que tocavam música geralmente instrumental adequada para danças praticadas
em salões públicos, gafieiras e cabarés, que chegavam ao Brasil em meados da década de
1940 e se espalharam na década posterior. Dentro do samba-canção nasceu a sambalada, com
letras românticas e ritmo lento como as baladas lançadas no mercado brasileiro.
2.15. O samba na década de 50
No final da década de 1950, nasceria na zona sul do Rio de Janeiro a Bossa Nova,
fortemente influenciada pelo impressionismo e pelo jazz. A Bossa Nova marcaria a história
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do samba e da música popular brasileira com uma acentuação rítmica original e um estilo
diferente de cantar, intimista e suave. Tinha como representantes iniciais os músicos Johnny
Alf, João Donato, João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, entre outros.
Também no final da década de 1950 surgiria o sambalanço, uma ramificação popular
da bossa nova, que era mais apreciada pela classe média. Também misturava o samba com
ritmos norte-americanos como o jazz.
2.16. O samba na década de 60
Com a bossa nova, o samba tocado nas rádios estava ainda mais longe de suas raízes
populares. A partir da década de sessenta muitos artistas que surgiam defenderam o retorno do
samba a sua batida tradicional. Foi o tempo de artistas como Chico Buarque de
Holanda, Martinho da Vila e Paulinho da Viola, do aparecimento do bar Zicartola, dos espetáculos
de samba no Teatro de Arena e no Teatro Santa Rosa e de musicais como “Rosa de Ouro”,
revelando Araci Cortes, Clementina de Jesus, entre outros.
Ainda no final da década de sessenta, surgiu o chamado “samba-empolgação” com
blocos carnavalescos como o Cacique de Ramos e o Bafo de Onça. Surgiu também o samba-
funk, com o pianista Dom Salvador e o seu Grupo Abolição, que mesclavam o samba com
o funk norte-americano recém-chegado no Brasil.
2.17. O samba na década de 70
Nos anos 70 surgiram e ressurgiram vários intérpretes e compositores de samba, como
Martinho da Vila, Clara Nunes, João Nogueira, Beth Carvalho, Alcione, Bezerra da Silva,
entre outros. O samba passou a ser novamente muito executado nas emissoras de rádio, e
muitos destes artistas se tornaram muito populares, com grande destaque para sua
vertente partido-alto e ao chamado samba-jóia.
Sambistas antigos, como Candeia, Cartola e Nelson Cavaquinho, se consagraram com a
gravação de trabalhos individuais. O choro reapareceu também na década de setenta,
impulsionado pela volta do conjunto Época de Ouro e o aparecimento de conjuntos como:
Galo Preto, Os Carioquinhas, entre outros.
2.18. O samba na década de 80
Na década de 80, em meio ao Rock Brasil e à Disco Music, o Samba entrou em cena
cultural impulsionado especialmente por um novo estilo, que foi batizado de pagode, com
características do choro e um andamento de fácil execução para os dançarinos. Nesse primeiro
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momento, era mais ligado ao partido-alto, conservando a linhagem sonora e fortemente
influenciada por gerações passadas. Foram revelados intérpretes e compositores de grande
sucesso, como Zeca pagodinho, Grupo Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Jovelina Pérola
Negra, entre outros.
2.19. O samba na década de 90
O pagode “romântico”, mais comercial e popular, se tornou um fenômeno comercial,
com o lançamento de dezenas de artistas e grupos paulistas, mineiros e cariocas, como os
grupos Raça Negra, Só Pra Contrariar, Katinguelê, Exaltasamba, entre outros.
Ainda nos anos 90, apareceram mais duas fusões de samba com outros gêneros
musicais: o samba-rap, criado nas favelas e presídios paulistanos e cariocas, e o samba-
reggae, surgido a partir de manifestação de grupos baianos, cariocas e paulistas que
modificaram o pagode tradicional e o transformaram em um samba suingado.
Em meados dos anos noventa surgiu o “Samba da Bahia” caracterizado como uma
mistura de Pagode e ritmos regionais da Bahia. Este tipo de música ficou famoso pela intensa
vendagem de discos, e foi representado inicialmente por grupos como É o Tchan, Harmonia
do Samba, Tchakabun etc.
2.20. O samba nos dias de hoje
A partir do ano 2000, surgiram jovens talentos que buscavam se reaproximar do samba
consolidado inicialmente nos morros cariocas, como Tereza Cristina, Diogo Nogueira,
Wanderley Monteiro, Dobrando a Esquina e Sururu na Roda. Outros nomes surgiram como o
compositor Edu Krieger, que foi gravado por nomes como Roberta Sá e Maria Rita. O artista
Marcelo D2 é o pioneiro em juntar o samba com o hip hop.
Artistas já consagrados também continuaram representando o samba, como Jorge
Aragão, Nei Lopes, Wilson das Neves, Cristina Buarque, Zeca Pagodinho, entre outros.
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3. O TURISMO E O SAMBA
O samba representa um dos maiores potenciais turísticos a serem explorados no Rio de
Janeiro. A seguir é apresentada uma seleção de atrativos, eventos, museus, casas de show e
tradicionais rodas de samba da cidade.
3.1. Pedra do Sal
Patrimônio cultural do Rio de Janeiro, a Pedra do Sal é um dos locais mais importantes
para a história do samba na cidade. O local, que ficava próximo ao mar, servia como ponto de
embarque e desembarque de sal. Na região trabalhavam e moravam muitos estivadores e já foi
local também uma estrutura de preparação para a venda de escravos. Ali se desenvolveu uma
grande vizinhança de baianos e africanos que buscavam moradias mais baratas. Passou a ser
um ponto de encontro de vários sambistas, inclusive de grandes nomes do samba carioca.
Atualmente, a Pedra do Sal é um ponto turístico muito requisitado na cidade, pois reúne
toda semana rodas de samba marcadas por uma diversidade de público e um ambiente muito
agradável. Ao redor da mesa e ao longo da histórica ladeira de pedra reúnem-se ao ar livre
moradores da cidade e turistas de todo o mundo.
3.2. Escolas de Samba
As escolas de samba do Rio de Janeiro deixam suas quadras abertas para a participação
do público nos ensaios que ocorrem antes do Carnaval. Vários eventos marcam o calendário
dos ensaios, como escolha do samba-enredo, apresentação da Comissão de Frente,
apresentação das fantasias, entre outros. Muitas escolas oferecem dias de shows especiais e
dias de feijoada. As escolas são marcadas por muita história e personalidades importantes
para o samba.
3.3. Desfile de Carnaval
Considerada uma das maiores festas populares do mundo, o Carnaval do Rio de Janeiro
reúne milhões de pessoas para os desfiles na Marquês de Sapucaí, onde diversas escolas de
Samba disputam entre si o título de Campeã do Carnaval. Os desfiles combinam samba,
cores, fantasias, alegorias, coreografias e muita paixão. As pessoas que desfilam pelas Escolas
em sua maioria são moradores das comunidades onde elas estão localizadas. Porém, muitos
turistas também optam por comprar determinadas fantasias e desfilar junto com a Escola
escolhida.
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3.4. Cidade do Samba
Situada na Zona Portuária, na Gamboa, A Cidade do Samba Joãozinho Trinta foi criada
em 2006 e reúne os centros de produção de carros alegóricos e fantasias das Escolas de
Samba do grupo especial do Rio de Janeiro, além de possuir toda uma estrutura contendo
refeitório, vestiários, salas administrativas, salas de criação, de arte, sala de reunião, sala de
direção de carnaval, guarda de fantasias, e salas de direção e da presidência da escola, ares,
restaurantes, banheiros, palcos para shows, exposições de peças de carnaval e jardins.
Este complexo foi planejado para garantir qualidade, segurança e eficiência na
montagem do carnaval carioca e ao mesmo tempo criar uma atividade turística profissional e
permanente. Há uma programação de lazer, atividades artísticas e eventos onde o visitante
pode assistir a espetáculos com cantores da música brasileira.
3.5. Blocos de Rua
Todos os anos durante o Carnaval centenas de blocos que saem as ruas da Cidade
Maravilhosa em diversos horários e de diferentes localidades, proporcionando ao folião um
leque de opções bem amplo. A Riotur divulga a lista dos que estão autorizados a desfilar nas
ruas da cidade. Todos são gratuitos e muito requisitados. Muitas dos participantes usam
fantasias criativas, aumentando a diversão da festa.
Alguns dos blocos mais conhecidos são: Cordão do Bola Preta, Bloco do Sargento
Pimenta, Toca Rauuul, Orquestra Voadora, Kizomba, Cacique de Ramos, Simpatia é quase
amor, Exalta Rei, Banda de Ipanema, entre outros. Ao longo do tempo, diversos grupos
carnavalescos já foram genericamente chamados de blocos, havendo atualmente blocos que
são mais parecidos com escolas de samba, outros mais parecidos com os antigos cordões, e
outros de diversos tipos.
3.6. Sambódromo
O Sambódromo ou Passarela do Samba ou Passarela Professor Darcy Ribeiro é o local
onde ocorrem os desfiles das escolas de samba, inaugurado em 1984. Foi projetado pelo
arquiteto brasileiro mundialmente conhecido, o modernista Oscar Niemeyer e construído na
Marquês de Sapucaí. Consiste na avenida de desfiles e várias estruturas independentes de
concreto para os espectadores (os chamados setores) ao longo de ambos os lados da avenida.
O acesso ao Sambódromo durante os dias de desfiles só é possível com aquisição de
ingressos específicos para o dia desejado. Porém, nos dias de ensaios técnicos o Sambódromo
também abre seus portões, restringindo o acesso dos visitantes às arquibancadas.
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Na Praça da Apoteose podemos ver o grande arco parabólico de concreto, que se tornou
um símbolo do sambódromo do Rio. A primeira hipótese para entender o seu significado seria
uma forma meramente abstrata baseada no estilo pessoal de Niemeyer de criar ícones
arquitetônicos. A segunda hipótese seria associa-lo com à uma mulher de biquíni.
3.7. Museu do Carnaval
Museu do Carnaval ou Museu do Samba é um museu localizado no centro da cidade do
Rio de Janeiro. Fazendo parte do complexo da Passarela do Samba, na Praça da Apoteose, foi
projetado por Oscar Niemeyer e construído juntamente com a passarela. Possui exposições e
arquivos audiovisuais contando a história do carnaval e do samba, além de alegorias e
fantasias antigas em exposição.
3.8. Museu do Cartola
Localizado no bairro da Mangueira e fundado em janeiro de 2001, o Centro Cultural
Cartola é uma organização sem fins lucrativos voltada para a causa da cultura brasileira e do
desenvolvimento social. A base deste centro é a vasta obra de Angenor de Oliveira, conhecido
pelo seu apelido Cartola, figura de extrema importância para a música popular brasileira.
O Centro Cultural Cartola conta com o Museu do Samba Carioca, mergulhando na
história das escolas de samba do Rio de Janeiro. Apresenta, entre outras, fantasias que
remetem às alas mais tradicionais dentro das escolas; a variedade das matrizes do Samba
Carioca – Partido-Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo. Ainda, mostra os principais
instrumentos que compõem a bateria de uma Escola de Samba, além de uma sala de vídeo
onde é exibido o documentário das Matrizes do Samba Carioca.
3.9. Museu da Carmen Miranda
Um museu dedicado à Pequena Notável, uma das mais famosas cantoras brasileiras,
símbolo internacional do país e ícone importante na história do samba. O Museu Carmen
Miranda foi inaugurado em1976, e seu acervo é composto, sobretudo, por pertences da artista,
doados pela família após sua morte, em 1955. São 3.560 itens, sendo 461 peças de
indumentárias, entre elas 220 bijuterias, 11 trajes completos de shows e filmes, cintos, bolsas,
sapatos e turbantes.
O museu guarda, também, uma expressiva documentação bibliográfica e iconográfica:
caricaturas originais, roteiros de filmes com anotações feitas por Carmen, fotografias,
cartazes, troféus, partituras, programas e agradecimentos. Além de cinco mil recortes de
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jornais e revistas que relatam os acontecimentos históricos da Embaixatriz do Samba. O
Museu, que ficava localizado no Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Parque do Flamengo),
passarão a compor a coleção da sede do Museu da Imagem e do Som, em Copacabana.
3.10. Lapa
O berço da boemia carioca, marcado historicamente pelo samba e pela
malandragem, reúne uma grande variedade de bares e casas de show. Dentre os ambientes que
possuem o samba em sua programação musical podemos citar o Carioca da Gema, um casarão
onde antigamente havia um cortiço, atualmente um dos mais tradicionais redutos do samba; o
Rio Scenarium, um misto de pavilhão cultural, bar e restaurante, com programação musical
composta por shows ao vivo, inclusive de samba; o bar Mofo, que usa sua decoração,
ambientação e trilha sonora para prestar uma homenagem ao Rio da década de 50, com fotos
expostas em um painel e com sambas e choros de artistas como Noel Rosa e Cartola; o Mas
Será o Benedito, com rodas de samba, gafieira e espaço para atrações; a Choperia Brazooka,
considerada uma das maiores choperias da Lapa, com quatro andares e uma programação
musical composta por samba; a casa Lapa 40º, sempre com um lugar especial para o samba
com noites de gafieira ou com a presença de escolas do grupo especial.
3.11. Samba do Beco do Rato
O Beco do Rato foi crescendo aos poucos, e hoje promove rodas de samba em um
espaço cultural com detalhes charmosos e um cardápio variado. Pelo Beco já passaram vozes
como Luiz Melodia, Moacyr Luz, Tia Surica, Beth Carvalho, Ubirani do Fundo de Quintal,
entre muitos outros. Muito antes do Beco do Rato, naquele pedaço de rua entre a Joaquim
Silva e Moraes e Vale, moraram Chiquinha Gonzaga e Madame Satã. Também andavam por
ali frequentemente Manuel Bandeira, Noel Rosa, Sinhô e Portinari. A história do nome do
botequim surgiu por acaso. Quando alguém pedia informações sobre o samba de sexta-feira
na Lapa o povo dizia: 'desce lá, no beco do rato'.
3.12. Roda de Samba do Barão
Em Vila Isabel, na praça Barão de Drummond, podemos encontrar mais um opção entre
as rodas populares de samba no Rio de Janeiro. O bairro já foi reduto de Noel Rosa e hoje tem
em Martinho da Vila a sua principal referência musical. A proposta da roda de samba é
reverenciar músicos e compositores tradicionais do samba e do choro.
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3.13. Samba do Trabalhador
Na segunda-feira – tradicional dia de folga dos músicos - um grupo de sambistas
promove o Samba do Trabalhador, roda comandada por Moacyr Luz e que já se tornou
referência na cidade e que é frequentada por um grande número de pessoas. O Clube
Renascença, na Tijuca, é um dos locais mais tradicionais da cultura negra do Rio de Janeiro,
pois foi erguido por negros de classe média no início do século como um espaço próprio e
para propagar a diversidade da cultura afro.
3.14. Samba Luzia
O Samba realiza projetos de poesia, teatro, cinema, chorinho e samba em dias
alternados, em um terraço com vista privilegiada para a Baía de Guanabara, o Cristo
Redentor, o Pão-de-Açúcar, o Mosteiro da Glória, Santa Tereza e outros pontos turísticos. O
samba é frequentado por muitas pessoas e ganhou notoriedade, recebendo constantes visitas
de personalidades de todos os segmentos da sociedade. A roda é organizada por Moacyr Luz,
do Samba do Trabalhador, em conjunto com os organizadores do samba do Beco do Rato. A
roda sempre conta com convidados especiais, como os excelentes intérpretes Moyseis
Marques, Teresa Cristina, Monarco, Marcelinho Moreira, entre outros.
3.15. Sambalangandã de Santa Tereza
A roda de samba no Largo dos Guimarãesse em Santa Teresa é um bom ponto turístico
a ser explorado, pois faz parte da programação do Mercado das Pulgas, que conta com aulas
de capoeira, danças, feira de antiguidades e um sebo de livros. A antiguidade do cenário se
mistura ao jovem público e à originalidade do repertório do grupo condutor da roda, o
Sambalangandã.
3.16. Roda de Samba do Cacique de Ramos
Cacique de Ramos é o bloco carnavalesco originário do subúrbio carioca de Ramos,
zona da Leopoldina, fundado em 1961 por três famílias: família Félix do Nascimento, família
Oliveira e família Espírito Santo. Referência do samba de raiz e partido alto no Rio, o
Cacique de Ramos promove todos os domingos a tradicional roda de samba com feijoada.
Comandada pelo grupo da casa e por Renatinho Partideiro, a entrada é gratuita e o evento fica
sempre cheio. O Cacique de Ramos é berço de artistas como Zeca Pagodinho, Fundo de
Quintal, Jovelina Pérola Negra, Jorge Aragão, entre outros nomes.
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3.17. Samba da Ouvidor
Perto da Praça 15, na esquina da Rua do Ouvidor com a Rua do Mercado, podemos
encontrar essa tradicional roda de samba ao ar livre. O repertório do grupo passa por Walter
Rosa, Noel Rosa, Monarco, Candeia, Alberto Lonato e muito mais.
3.18. Casa Rosa
Várias casas de show inserem o samba em sua programação, e uma delas é a Casa Rosa,
que organiza tradicionalmente uma roda de samba com feijoada que se tornou muito popular.
O casarão da Rua Alice começou suas atividades como um cabaré de luxo no início do séc.
XX, com o objetivo de agradar aos prazeres da alta sociedade, como comerciantes, políticos e
coronéis. Agora, ele é o principal centro cultural de Laranjeiras, com shows, eventos e
oficinas.
3.19. Plataforma
No Plataforma Show, turistas de todas as partes do Brasil e do mundo podem assistir a
um grande e tradicional espetáculo da autêntica cultura brasileira, incluindo o samba. O show
conta em ritmos, melodias, cantos e danças típicas a história de nossas raízes raciais e
culturais. Um elenco de graciosos dançarinos e talentosos percussionistas representa, em
movimentos e sons, as origens culturais da música popular brasileira, resultado da mistura
entre portugueses, índios e africanos.
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3. CONCLUSÃO
O samba possui uma enorme importância não somente para a música, mas também para
a cultura do Brasil. A história do samba está intimamente ligada aos momentos históricos do
nosso país, como por exemplo, a reforma urbana do século XX e a politica de nacionalização
a partir da década de 30. O samba sempre se adaptou a novos cenários sociais e políticos,
incorporando novas linguagens.
Podemos perceber também a grande influência que o samba recebeu das Escolas de
Samba, do Carnaval e de diferentes segmentos da sociedade, tendo sido representado por
grandes personalidades que participaram ativamente da construção, transformação e
divulgação do samba.
Hoje, o samba está presente em todo o país, em uma diversidade de gêneros e
subgêneros, acontecimentos musicais e celebrações. O samba virou sinônimo de Brasil no
mundo todo. Torna-se evidente o grande potencial turístico do samba, já que dele surgiram
grandes manifestações populares e de lazer que são procuradas por pessoas do mundo todo.
Por trás de todas as festividades relacionadas ao samba existe uma rica história que deve
ser esclarecida aos turistas, a fim de que eles entendam melhor esse fenômeno musical e
cultural e sua importância para a história do Rio de Janeiro e do Brasil.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Guia do Rio Oficial. Último Acesso: Novembro de 2013. Disponível em: http://www.rioguiaoficial.com.br/
Guia UOL. De segunda a domingo, conheça as melhores rodas de samba do Rio. Último Acesso: Novembro de 2013. Disponível em: http://guia.uol.com.br/rio-de-janeiro/passeios/noticias/2013/09/06/de-segunda-a-domingo-conheca-as-melhores-rodas-de-samba-do-rio.htm
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