salvador março de 2010 -...
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Salvador
Maro de 2010
Jos Marmo da Silva Rede Nacional de Religies Afro-Brasileiras e Sade Comisso Intersetorial de Sade da Populao Negra do Conselho Nacional de Sade CRIOLA
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RELIGIES NA REA DA SADE
Hospitais Evanglicos e as Santa Casa da Misericrdia
Capelas e espaos inter-religiosos em hospitais(ex: Grupo Hospitalar Conceio em POA)
Os termos orientao religiosa nos relatrios das Conferencias Nacionais de Sade
Os gestores e profissionais de sade podem ter(ou no) uma religio ou uma postura frente as religies e aos adeptos das tradies religiosas. Lideranas religiosas so formadores de opinio
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Temas que atualmente vem gerando uma srie de discusses com os setores da sade e religiosos:
AIDS
PESQUISA COM CLULAS TRONCO
ABORTO
ANENCEFALIA
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As religies de matrizes africanas, conforme sua origem na frica, localizao geogrfica no Brasil e interao com outros grupos no- negros(ndios e brancos) tomam diversas denominaes:
Umbanda
Candombl(naes)
Tambor de mina, Tambor de caboclo, Terec e Encantaria
Xang, Xamb , Batuque, Jurema
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Atualmente estima-se mais de 90.000 terreiros espalhados pelo pas, formando uma estrutura que marca de forma significativa a cultura brasileira.
Perfil dos adeptos:
populao negra
baixa renda
pouca escolaridade
subrbios e periferia
mulheres
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IMAGINRIO SOCIAL E REPRESENTAES DO NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA Bagunceiro Macumbeiro Malandro Marginal Servil Inferior intelectualmente Sujo Violento Feio Incompetente Burro Grosseiro Preguioso Desonesto Bom de samba Bom de cama Bom de bola (Fonte: Identificao e Abordagem do Racismo Institucional Articulao para o Combate ao Racismo Institucional)
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Cabe aqui perguntar como esse imaginrio construdo historicamente sobre a populao de terreiros interfere na garantia do direito humano sade?
http://bp0.blogger.com/_fEweXsZZ5Qg/R67HVUm_tcI/AAAAAAAAASY/CT3nWRZn8s4/s1600-h/Meninas.JPG
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Motivos pelos quais as pessoas se integram aos terreiros:
- busca espiritual; - tradio familiar; - dificuldade financeira; - problemas amorosos. No entanto, vale ressaltar
que ao serem indagados se estes motivos tinham alguma relao, influncia ou repercusso no seu estado de sade, 80% das pessoas responderam que sim.
Fonte: Projeto At-Ire/2003
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Sade e doena nos terreiros
Para as religies afro-brasileiras o corpo a morada dos deuses/deusas e por esse motivo deve estar sempre bem cuidado. A noo de sade e doena nos terreiros est associada ao conceito de ax energia vital. A doena considerada um desequilbrio ou uma ruptura entre os mundos dos humanos e o mundo sobrenatural.
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Problemas de sade:
-dor de cabea, - desmaio - depresso, - problemas de viso, - taquicardia, - doena desconhecida pelos mdicos, - amnsia, - doenas de pele, - febre reumtica, - convulses, - alcoolismo, - insnia, - doena dos nervos - doenas da barriga
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Sintomas, agravos e doenas Deuses/as
Doenas epidmicas (varola, AIDS) e doenas de pele
Obaluai
Aborto, infertilidade feminina, problemas menstruais, etc
Iemanj e Oxum
Impotncia e infertilidade masculina
Xang e Exu
Problemas de viso Oxum
Asma, falta de ar e problemas respiratrios
Ians
Distrbios emocionais Oxossi e Ossain
Males do fgado, vescula e ulceras estomacais
Oxossi e Logun-Ed
Obesidade Iemanj, Oxum e Xang
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Na perspectiva dos terreiros as prticas de sade no so consideradas tratamentos mas cuidado e zelo. Prticas de cuidado nos terreiros - o jogo de bzios, os ebs - o bori, as iniciaes, o uso das ervas, das folhas, os banhos as benzeduras as beberagens, - o aconselhamento e orientao para os servios de sade
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O modelo de ateno e cuidados nos terreiros podem influenciar polticas pblicas de sade
- o acolhimento e o toque no corpo (Poltica Nacional de Humanizao) - o respeito aos idosos e ao saber dos mais velhos (Poltica Nac. Sade do Idoso) - a celebrao da vida e do nascimento (Poltica Nacional de Humanizao do Parto e do Nascimento)
- o respeito as orientaes sexuais (Programa Brasil sem Homofobia)
- o equilbrio psicossocial (Poltica Nacional de Sade Mental)
- o uso de folhas e ervas Poltica Nac. de Prticas Integrativas e Complementares
- o cuidado com a alimentao Politica Nacional de Segurana Alimentar
- a vivncia comunitria, a dana, os cnticos Poltica Nacional de Promoo da Sade
- a incluso de todas e todos (SUS)
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lutar pelo direito humano a sade; valorizar e potencializar o saber dos terreiros; exercer o controle social das polticas pblicas de sade promover trocas de saberes e experincias entre os terreiros e o Sistema nico de Sade promover aes de sade para os adeptos e simpatizantes dos terreiros em parceria com o SUS, respeitando a cultura dos terreiros
OBJETIVOS DA REDE NACIONAL DE RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E SADE
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Aes do trabalho em Rede elaborao de materiais
educativos utilizando a linguagem e os cdigos dos terreiros formao de agentes de informaes em sade realizao de srie de encontros e seminrios nacionais publicao de livro, vdeo oficinas sobre o funcionamento do SUS e a importncia do controle social de polticas pblicas encontros entre gestores, lideranas de terreiro e movimentos sociais
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Insero da Rede nos Espaos de Controle Social de Polticas Pblicas
Conselho Nacional de Segurana Alimentar
Comisso Intersetorial de Sade da Populao Negra do Conselho Nacional de Sade
Comit Tcnico de Sade da Populao Negra do MS
Comit Tcnico de Sade da Populao Negra da SMS/RJ
Conselhos Municipais de Sade
Conselhos das Cidades
Fruns Ongs Aids
Rede Interreligiosa Latino americana e Caribenha de Luta Contra o HIV/Aids
Comite Nacional de Educacao Popular em Saude
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Politica Nacional de Sade Integral da Populao Negra
Marca: Reconhecimento do racismo, das desigualdades tnico-raciais e do racismo institucional como determinantes sociais das condies de sade, com vistas promoo da equidade em sade Diretrizes Gerais IV promoo do reconhecimento dos saberes e prticas populares , incluindo aqueles preservados pelas religies de matrizes africanas
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A Poltica Nacional de Humanizao do SUS no combina com racismo, sexismo e as diversas formas de intolerncias
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Conta a lenda que Oxum era uma jovem trabalhadora na cidade em que vivia e nunca conseguia melhorar de vida. Um dia resolve consultar o adivinho que aconselha Oxum para preparar uma oferenda e entregar no palcio do rei. O adivinho mandou colocar as coisas num balaio, fazer todos os seus pedidos e ofertar ao rei. Chegando ao palcio, Oxum comea a dizer: "Mas que rei maldito. Que rei terrvel. Sou uma mulher que trabalha muito, me esforo e no consigo melhorar de vida. Esse rei injusto porque tem tudo s pra ele. Olha o palcio dele". Oxum continua xingando e rogando pragas para o rei enquanto entrega a oferenda. O povo comea a se juntar em volta dela. O rei pergunta o que estava acontecendo e o que poderia fazer para que Oxum ficasse quieta. Um conselheiro diz para o rei presentear Oxum para que se calasse. Ento o rei lhe d um agrado. Oxum agradece e diz merecer o presente porque trabalha bastante. Mesmo assim no pra de falar e praguejar. E o rei d mais um presente. E ela continua recebendo e xingando. O final da histria que Oxum dona de todo ouro e de toda a riqueza. Por que conto essa histria? Porque disseram para Oxum pedir e ela fez o contrrio. Ela exigiu o que lhe era de direito e ganhou tudo que merecia. Essa uma histria que vem de tradio e mostra a responsabilidade de cada um de ns em relao aos nossos direitos.
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Obrigado
Jos Marmo da Silva
E-mail: [email protected]
Fone: (21) 2518-6194
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