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Aula 28 – 23.05.2019 Prof. Sérgio Geromes Monitora: Priscila Machado - E-mail: [email protected] Salário Maternidade → Fundamentação Legal: Artigos 7º e 201, inciso III da CF; Artigos 71 a 73 da Lei 8.213/91; Artigos 93 a 103, do Decreto 3048/99; Artigos 340 a 358 da IN/INSS 77/2015 Devido no nascimento, guarda e adoção. Antes de 2013 o Salário maternidade era concedido em períodos diferenciados de acordo com a idade do menor adotado. Após 2013 o período ficou o mesmo independente da idade do menor adotado. → Salário Maternidade é computado para fins de carência. → Beneficiários do Salário Maternidade: Empregada, Trabalhadora avulsa, Empregada doméstica, Contribuinte Individual, Contribuinte facultativo e Segurada Especial → A segurada aposentada tem direito ao salário Maternidade? Sim!!! O salário maternidade não está destinado exclusivamente para a mulher. O pai também pode receber esse benefício em algumas circunstâncias, uma delas é no caso de adoção. → Duração: O salário maternidade, em regra, tem duração de 120 dias. Se houver risco de vida do feto ou da mãe, os períodos de repouso anteriores e posteriores ao parto poderão ser prorrogados, por duas semanas, mediante atestado médico específico. Em caso de aborto não criminoso, o prazo de duração do benefício será de 2 semanas. → Início: em regra, a partir de 28 dias antes do parto. Se a segurada está em período de graça a data de início será a data do parto. → Fato Gerador: o parto (inclusive do natimorto), o aborto não criminoso, a adoção ou a guarda judicial para fins de adoção. O salário é concedido para mãe ou para o pai, nunca para os dois. Exceção: Art. 71-B. da Lei 8.213/91. Se a mãe faleceu antes do recebimento, o pai irá receber o salário-maternidade em sua integralidade. Caso a mãe já tenha recebido uma parte, o pai receberá pelo período que faltar. Art. 71-B da Lei 8.213/91. No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro

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Aula 28 – 23.05.2019 Prof. Sérgio Geromes

Monitora: Priscila Machado - E-mail: [email protected]

Salário Maternidade

→ Fundamentação Legal: Artigos 7º e 201, inciso III da CF; Artigos 71 a 73 da Lei 8.213/91;

Artigos 93 a 103, do Decreto 3048/99; Artigos 340 a 358 da IN/INSS 77/2015

→ Devido no nascimento, guarda e adoção.

→ Antes de 2013 o Salário maternidade era concedido em períodos diferenciados de

acordo com a idade do menor adotado. Após 2013 o período ficou o mesmo

independente da idade do menor adotado.

→ Salário Maternidade é computado para fins de carência.

→ Beneficiários do Salário Maternidade: Empregada, Trabalhadora avulsa, Empregada

doméstica, Contribuinte Individual, Contribuinte facultativo e Segurada Especial

→ A segurada aposentada tem direito ao salário Maternidade? Sim!!!

→ O salário maternidade não está destinado exclusivamente para a mulher. O pai

também pode receber esse benefício em algumas circunstâncias, uma delas é no caso

de adoção.

→ Duração: O salário maternidade, em regra, tem duração de 120 dias. Se houver risco

de vida do feto ou da mãe, os períodos de repouso anteriores e posteriores ao parto

poderão ser prorrogados, por duas semanas, mediante atestado médico específico. Em

caso de aborto não criminoso, o prazo de duração do benefício será de 2 semanas.

→ Início: em regra, a partir de 28 dias antes do parto. Se a segurada está em período de

graça a data de início será a data do parto.

→ Fato Gerador: o parto (inclusive do natimorto), o aborto não criminoso, a adoção ou

a guarda judicial para fins de adoção.

→ O salário é concedido para mãe ou para o pai, nunca para os dois. Exceção: Art. 71-B.

da Lei 8.213/91.

Se a mãe faleceu antes do recebimento, o pai irá receber o salário-maternidade em sua

integralidade.

Caso a mãe já tenha recebido uma parte, o pai receberá pelo período que faltar.

Art. 71-B da Lei 8.213/91. No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro

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sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade. § 1o O pagamento do benefício de que trata o caput deverá ser requerido até o último dia do prazo previsto para o término do salário-maternidade originário. § 2o O benefício de que trata o caput será pago diretamente pela Previdência Social durante o período entre a data do óbito e o último dia do término do salário-maternidade originário e será calculado sobre: I - a remuneração integral, para o empregado e trabalhador avulso; II - o último salário-de-contribuição, para o empregado doméstico; III - 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 (doze) últimos salários de contribuição, apurados em um período não superior a 15 (quinze) meses, para o contribuinte individual, facultativo e desempregado; e IV - o valor do salário mínimo, para o segurado especial. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao segurado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção.

→ Ex1.: Segurada teve o parto em 28.11.2014 e faleceu em 29.11.2014. Nessa data ela

não tinha qualidade de segurado, logo ela não teria direito ao recebimento de salário

maternidade. O art. 71-B fala em caso de falecimento do segurado ou da segurada que

fizer jus ao recebimento do benefício (o quê não é o caso de nosso exemplo).

O pai (que tinha qualidade de segurado) requereu o salário maternidade e o INSS

indeferiu, visto que a mãe não tinha qualidade de segurado.

Pelo art. 71-B o pai não teria direito ao benefício, visto que ambos precisariam possuir

qualidade de segurado.

Esse foi um processo real, apesar do disposto no art. 71-B a ação foi julgada procedente.

Nesse processo o juiz entendeu que apesar do benefício ser pago para a mãe, o

destinatário do benefício seria a criança.

→ Ex2.: A mãe faleceu recebendo o benefício, mas nesse caso o pai não tinha qualidade

de segurado.

A priori, pela letra do art. 71-B a concessão seria não seria devida. Mas se entendermos

que o destinatário final da prestação é o menor, poderíamos brigar pela concessão nos

mesmos moldes da decisão acima.

→ A priori, o segurado da previdência social precisa ter mais do que 16 anos, com

exceção do menor aprendiz. Mas e se for uma segurada especial menor de 16 anos?

Ela terá direito ao salário maternidade?

Sim! Houve decisão favorável no RE 1086351.

ACP 5017267-34.2013.4.04.7100 - TRF4 Ofício-Circular Conjunto nº 25/2019 (INSS)

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→ CARÊNCIA

CARÊNCIA SEGURADA CARÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO Empregada Isenta de carência Art. 26, VI Lei 8.213/91

Empregada Doméstica Isenta de carência Art. 26, VI Lei 8.213/91

Trabalhadora Avulsa Isenta de carência Art. 26, VI Lei 8.213/91

Contribuinte Individual 10 Contribuições Mensais Art. 25, III Lei 8.213/91

Segurada Especial Precisa comprovar o exercício de atividade rural nos últimos doze meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício

Art. 39, § único, da Lei 8.213/91

Segurada Facultativa 10 Contribuições Mensais Art. 25, III Lei 8.213/91

→ Parto Antecipado:

Art. 25, Parágrafo único da Lei 8.213/91. Em caso de parto antecipado, o

período de carência a que se refere o inciso III será reduzido em número

de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi

antecipado.

→ Antes da MP 871/19, a segurada tinha até 5 aos após o parto para requerer o

pagamento do salário maternidade. A MP 871/19 traz para essa prestação um prazo

decadencial de 180 dias.

O prazo é para dar entrada no requerimento. Se deu entrada no prazo, abrimos o prazo

prescricional de 5 anos para requerer as parcelas em atraso.

→ Em geral, para o direito previdenciário falamos que a lei aplicável ao fato é aquela lei

da data do fato gerador. Assim, se o fato gerador é anterior a reforma, não seria esse

que aplicamos. Porém o STF já analisou isso em outras situações, até 1997 nós não

falávamos de decadência no direito previdenciário. Só falávamos em prazo prescricional

para cobrar parcelas devidas e não pagas em época oportuna. Em 1997 a MP 1.523

(convertida na lei 9528/97) institui o prazo decadencial, a partir de então os benefícios

previdenciários passaram a estar sujeitos a prazo decadencial no que tange a revisão de

benefícios.

Discutiu-se a partir dali se os benefícios concedidos antes da MP estariam sujeitos a

prazo decadencial. A jurisprudência do STJ até 2011 tinha posicionamento consolidado

no sentido de que a lei aplicável ao caso seria aquela vigente na data da reunião dos

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requisitos, logo os benefícios concedidos antes da MP 1.523 não estariam sujeitos a

prazo decadencial.

O STF foi instado a responder essa pergunta e ele decidiu que incide! Mas fixou a data

de início para contagem da decadência como sendo a data da MP 1523.

Depois dessa resposta do STF, não podemos mais dizer nessa situação que a alteração

do prazo previsto para requerimento do salário maternidade só seria válida para os

benefícios concedidos após a MP 871/19.

→ Segurada gestante, que deveria estar na estabilidade, mas foi demitida sem justa

causa terá direito ao recebimento do benefício? Até pouco tempo o INSS não concedia,

porque entendia que a responsabilidade era da empresa que demitiu indevidamente. A

questão foi pacificada pela Ação Civil Pública nº 5041315-27.2017.4.04.7000/PR.

→ Se a segurada trabalha em 3 empresas ao mesmo tempo, receberá o salário

maternidade por cada um dos vínculos.

→ Artigo 93-A, § 1º do RPS: O salário-maternidade é devido à segurada

independentemente de a mãe biológica ter recebido o mesmo benefício quando do

nascimento da criança.

Se a mãe biológica recebeu o salário maternidade, a mãe adotiva vai receber também

→ A gestante demitida por justa causa terá direito ao salário maternidade.

→ Valor do Salário Maternidade: O salário maternidade, em regra, não está sujeito ao

teto da Previdência Social, está sujeita apenas ao limite referente à remuneração de

Ministro do STF (art. 248 da CF/88).

A Doméstica terá a limitação pelo teto.

O segurado especial em regra não recolhe contribuição, mas terá direito ao recebimento

do benefício se comprovar a atividade, o seu benefício nesse caso será de 1 salário

mínimo.

Para o contribuinte individual e o facultativo o salário maternidade corresponderá a

1/12 da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apuradas em período não

superior a quinze meses.

→ Pagamento: Feito em regra pelo INSS, com exceção da segurada empregada. O

pagamento do salário maternidade da segurada empregada será feito pela empresa

(que por sua vez compensará os valores pagos com os valores devidos para a

previdência)

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→ O salário-maternidade não pode ser concedido junto com o benefício por

incapacidade.

→ Incide contribuição previdenciária sobre o salário maternidade? O STJ entende que

sim, mas o STF vai julgar a questão.

→ No período de salário maternidade, a empresa continua depositando o FGTS.

→ o Salário Maternidade pode ser prorrogado por mais 60 dias se a empresa fizer

parte do convênio de empresa cidadã.

Salário-Família

→ Só é devido para os segurados de baixa renda.

→ Será devido para o segurado empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso

→ É na proporção do número de filhos. Ex.: se tiver 10 filhos, receberá 10 cotas.

→ O aposentado em gozo de qualquer aposentadoria também fará jus ao salário família

que será pago junto com a aposentadoria.

→ Não exige carência.

→ Será pago diretamente pela empresa que irá compensar esse valor ou pelo INSS no

caso do aposentado.

→ O segurado em gozo de auxílio-doença também recebe salário família.

→ O segurado para ter direito a esse benefício precisa ser de baixa renda (todo ano sai

uma portaria indicando o valor considerado como baixa renda naquele ano):

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→ Além da baixa renda, é preciso cumprir outros requisitos: apresentação da certidão

de nascimento, atestado de vacinação e comprovação de frequência escolar anual.

→ É possível que pai e mãe recebam o benefício de maneira acumulada (mesmo que

trabalhem na mesma empresa). Se o casal for divorciado, apenas recebe salário família

aquele que estiver responsável pelo sustento da criança.

→ Perda do direito ao recebimento do benefício: quando o filho completar 14 anos,

quando cessar a incapacidade do filho inválido ou no falecimento do filho.

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Cálculos Previdenciários – RGPS

Revisões

→ Sempre fazer o cálculo antes de pedir a revisão!!! Pode haver casos em que a revisão

vai diminuir o valor do benefício.

→ Sempre colocar na inicial a delimitação da questão, da controvérsia (para evitar,

por exemplo, que o INSS reanalise um determinado tempo especial)

→ Na ação revisional sempre traçar um pedido específico: que a revisão não pode

gerar valor menor que o benefício que o segurado recebe pelo princípio da

irredutibilidade do benefício (art. 194, p. único inciso IV)

→ A revisão do benefício previdenciário pode ser feita no administrativo ou no judicial

(mas não são todos os casos em que precisamos passar pelo administrativo)

→ Segundo o Prof Savaris, são 5 as principais espécies de ações previdenciárias:

1. Ação de concessão de benefício previdenciário;

2. Ação de restabelecimento de benefício previdenciário;

3. Ação de manutenção de benefício previdenciário;

Estamos na eminência de suspensão ou cessação de um benefício, podemos

buscar o judicial para a manutenção do benefício.

4. Ação de anulação de benefício previdenciário; e

Ex.: anulação da pensão de um suposto dependente de pensão por morte

que está dividindo o valor com você

5. Ação de revisão de benefício previdenciário.

→ A revisão pode ser administrativa ou judicial

→ Revisão da pensão por Morte com base em revisão do benefício originário.

Artigo 560 da IN 77/2015. § 1º Os beneficiários da pensão por morte tem

legitimidade para dar início ao processo de revisão do benefício originário de

titularidade do instituidor, respeitado o prazo decadencial do benefício originário.

(AC 5100039-41.2018.4.03.9999).

Perceba que o INSS entende que o prazo decadencial seria contado da concessão da

aposentadoria que deu origem a pensão por morte.

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Mas esse entendimento vai de encontro aos conceitos de prescrição e decadência.

Recentemente tivemos um julgado da 3° Região entendendo que o direito começa a

contar novamente da concessão da pensão.

Mas essa questão está sendo muito discutida agora. Tem decisão para todos os lados.

Obs.: Após a aula do Professsor Geromes, tivemos atualizações na questão. Destaco para

vocês:

Em sessão ordinária do dia 23/05/19 a TNU ao apreciar Pedido de Uniformização de

Interpretação da Lei movido pelo INSS contra decisão proferida pela 3ª Turma Recursal

do Paraná, cancelou o tema 125 para se alinhar ao entendimento do STJ.

A TNU passou então a se alinhar ao entendimento do STJ de que a concessão de pensão

por morte não reabre o prazo decadencial para discussões sobre a revisão da

aposentadoria do falecido. Assim, a decadência será aferida pelo ato de concessão do

benefício originário.

→ Não há incidência de prazo decadencial para todos os casos. Ela é especifica quando

se pretende a revisão de benefícios.

→ O prazo decadencial não afetava a concessão do benefício. O benefício poderia ser

requerido a qualquer tempo.

Vamos começar a estudar o art. 103 pela redação anterior a MP 871. Ao final nós

incluímos a nova redação dada pela MP 871/19

REDAÇÃO ORIGINAL do Artigo 103 LB: É de dez anos o prazo de decadência

de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a

revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês

seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso,

do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no

âmbito administrativo.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 626.489 – o STF decidiu sobre a incidência de prazo

decadencial para os benefícios concedidos antes da alteração legislativa. O STJ tinha

jurisprudência pacífica na terceira sessão de que o benefício concedido antes da MP

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1.523 não estava sujeita a prazo decadencial (logo o benefício poderia ser revisto a

qualquer tempo).

Essa questão foi parar no STF e o STF decidiu que sim, que incide prazo decadencial e

respondeu algumas perguntas como destacado abaixo (slide)

1. O decurso do tempo não afeta a concessão inicial do benefício (direito

adquirido).

2. É legítima a instituição de prazo decadencial de dez anos para a revisão de

benefício já concedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no

interesse em evitar a eternização dos litígios e na busca de equilíbrio financeiro

e atuarial para o sistema previdenciário.

3. O marco inicial do prazo decadencial é a MP 1.523, de 28.06.1997. Tal regra

incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso

importe em retroatividade vedada pela Constituição. 4. Inexiste direito adquirido

a regime jurídico não sujeito a decadência.

(slide)

O que o STF disse nesse julgado é que o tempo não rege o ato.

HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DE DECADÊNCIA

→ Nem todas as teses revisionais estão sujeitas a decadência.

→ Art. 103 da LB – Apenas para revisão de ato de concessão. Diante disso conseguimos

separar algumas teses que não estão sujeitas a decadência

→ Dentro do ato de concessão temos: tempo de contribuição, tempo especial,

conversão de tempo de contribuição, salário de contribuição, alíquota, salário de

benefício e RMI. Logo, para esses pontos, temos a decadência.

Então, por exemplo, quando falamos de reajuste de benefício, ele não estaria sujeito a

prazo decadencial, isso por que o primeiro reajuste ocorre após a concessão! Se o

primeiro reajuste foi em 2005, hoje poderia revisar. Isso porque isso não é parte de ato

de concessão, logo não está sujeita a prazo decadencial.

→ Quando começa a contar o prazo decadencial Antes da MP 871/19?

Se o benefício foi concedido (ato administrativo positivo): do dia primeiro do

mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

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Se o benefício não foi concedido (ato administrativo negativo): do dia em que

tomar conhecimento da decisão de indeferimento definitiva – Art. 568, p.único

da IN 77/2015 / Art. 571 da IN 77/2015.

Ex.: DER de jan/2000. Em nov/2009 o segurado pediu a revisão, logo dentro do

prazo decadencial. Ele tomou ciência da decisão de indeferimento em mar/2010.

Ele teria a partir de março de 2010 o prazo de 10 anos para discutir esse

indeferimento da revisão, logo hoje, em maio de 2019 ele poderia revisar esse

benefício.

Isso seria uma hipótese de interrupção do prazo decadencial.

Obs.: Tela CONBAS – Traz os dados básicos da concessão.

DAT: Data de afastamento do Trabalho

DIB: Data de Início do Benefício

DER: Data de Entrada no Requerimento

DDB: Data de Despacho do Benefício (nessa data o INSS despachou para conceder o

benefício) – Logo, até essa data certamente o segurado ainda não recebeu nenhuma

parcela do benefício.

A data do primeiro pagamento está no Histórico de Créditos.

Abaixo Tela CONBAS

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Abaixo tela do histórico de créditos:

Perceba que pelo histórico de crédito é possível ver que o benefício de março de 2005

(o primeiro) foi pago apenas em 19/04/2005. Logo, o prazo decadencial só começa a

contar em 01 de maio de 2005 (primeiro dia do mês seguinte ao recebimento do

primeiro benefício).

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Ex.: Vamos imaginar que um aposentado vai ao seu escritório e informa que recebe o

benefício a 15 anos. Ele estava discutindo com uma empresa em que trabalhou por 10

anos a configuração daquele tempo como especial. A empresa após esses 15 anos

entregou essa prova nova. Então ele busca revisar o ato de concessão para incluir esse

PPP. Isso é possível?

O prazo decadencial só contempla o que foi discutido no processo administrativo, o que

não foi inserido no processo administrativo pode ser discutido a qualquer tempo sem a

incidência de prazo decadencial. Isso não serve apenas para tempo especial, serviria

também, por exemplo, para um reconhecimento de vínculo.

O STJ tem várias jurisprudências nesse sentido. Tem inclusive uma súmula na TNU,

Súmula 81.

Súmula 81 da TNU: Não incide o prazo decadencial previsto no

art. 103, caput, da Lei n. 8.213/91, nos casos de indeferimento e

cessação de benefícios, bem como em relação às questões não

apreciadas pela Administração no ato da concessão.

O STJ afetou a questão no TEMA 975. O STJ vai decidir a questão com efeito repetitivo.

Obs.: Artigo 347, § 4 º do Decreto 3.048/99: No caso de revisão de benefício em

manutenção com apresentação de novos elementos extemporaneamente ao ato

concessório, os efeitos financeiros devem ser fixados na data do pedido de revisão.