sala verde inhotim informativo 19
TRANSCRIPT
I N FO R M AT I VO PU B L I C A D O P E L A SA L A V E R D E I N H OT I M N º 19 M A R / A B R – 20 0 9
INS
TITU
TO natureza e arte
A água é um recurso natural renovável, uma mistura de hidrogênio, oxigênio, sais minerais e nutrientes. A super fície do
planeta Terra é composta de aproximadamente dois terços de água (salgada e doce). Temos água na super fície terres-
tre – mares, oceanos, r ios, cachoeiras, lagos, represas - e também no subsolo, em camadas profundas (como o Aquífero
Guarani, por exemplo). Utilizamos água diariamente na alimentação, na higiene, na agricultura, na limpeza, na indústria e
para recreação. Em maior ou menor quantidade, a água está presente em todos os organismos vivos. Aproximadamente
70% do peso corporal do ser humano é composto de água. Por tanto, a disponibilidade de água pura é uma condição
imprescindível para nossa existência. No dia 22 de março, celebramos o Dia Mundial da Água. Sabemos que o respeito
à água não deve se resumir a um dia somente por ano, e sim a todos os dias. Temos de considerar o ambiente como
algo completo, em que tudo é associado e interdependente – ar, água, solo, clima, animais, plantas, minerais, governos,
pessoas, empresas – e temos que agir de modo a tornar mais pacíf ica e saudável nossa convivência. Se cada um fizer sua
par te, as contribuições, somadas, fazem grande diferença!
Como pensar nossa vida sem água limpa?
Foto: José André
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente,
cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é
plenamente responsável aos olhos de todos.
Art. 2º - A água é a seiva do nosso
planeta. Ela é a condição essencial de
vida de todo ser vegetal, animal ou hu-
mano. Sem ela não poderíamos con-
ceber como são a atmosfera, o clima,
a vegetação, a cultura ou a agricultura.
O direito à água é um dos direitos fun-
damentais do ser humano: o direito à
vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da
Declaração dos Direitos do Homem.
Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água po-
tável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve
ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da pre-
servação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos
e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida so-
bre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos
mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
Art. 5º - A água não é somente uma
herança dos nossos predecessores;
ela é, sobretudo, um empréstimo
aos nossos sucessores. Sua prote-
ção constitui uma necessidade vital,
assim como uma obrigação moral
do homem para com as gerações
presentes e futuras.
Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um
valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e
dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região
do mundo.
Art. 7º - A água não deve ser
desperdiçada, nem poluída, nem
envenenada. De maneira geral,
sua utilização deve ser feita com
consciência e discernimento
para que não se chegue a uma
situação de esgotamento ou de
deterioração da qualidade das
reservas atualmente disponíveis.
Art. 8º - A utilização da água implica o respeito à lei. Sua proteção constitui
uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza.
Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de
sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta
a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual
sobre a Terra.
Dia Mundial da Água
Ilustrações: Gênero e água. Ziraldo / Gender and Water Alliance - GWA
Em 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial da Água. Na ocasião, foi publicada a
Declaração Universal dos Direitos da Água, com o objetivo de sensibilizar - pessoas, governos, empresas - para a necessidade de
mudança de atitude e mais respeito ao elemento que nos permite viver. Vamos então refletir sobre o significado de cada um dos
artigos abaixo:
Inhotim participa do fórumDiálogos da Terra no Planeta Água
O Instituto Inhotim participou das discussões ambientais do evento Diálogos da
Terra no Planeta Água, realizado em Belo Horizonte, nos dias 26, 27 e 28 de no-
vembro do ano passasdo. Inhotim foi representado pelos biólogos Eduardo Franco,
Marcus Friche e Rubens Custódio e pela geógrafa Regina Benedetto. O Diálogos
da Terra no Planeta Água é um evento internacional, idealizado pela Green Cross
Internacional, da qual o fundador é o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev. A
agenda do evento em 2008 foi orientada pela discussão de quatro grandes te-
mas, dentro dos princípios da “Carta da Terra”, e do conceito de desenvolvimento
sustentável. Ao final do encontro, foi produzida a Carta de Minas Gerais, que,
além de definir agendas que permitam o monitoramento das propostas apre-
sentadas, foi a grande contribuição dos Diálogos da Terra para o Fórum Mundial
das Águas, realizado em Istambul, no último mês. No dia 29 de novembro, pa-
lestrantes e congressistas do Diálogos da Terra realizaram uma visita ao Inhotim.
O ecoturismo é uma categoria de turismo que
valoriza os recursos naturais, colabora para sua
melhor utilização e é considerado uma moda-
lidade de educação ambiental não formal. Na
prática, desde que devidamente orientados,
os ecoturistas têm a oportunidade de inter-
pretar com segurança a paisagem, perceber o
ambiente em sua plenitude e ainda valorizar a
cultura do local visitado. Brumadinho é um ro-
teiro do Circuito Turístico Veredas do Paraope-
ba. Além do Instituto Inhotim, o ecoturista pode
conhecer comunidades tradicionais, banhar-se
em cachoeiras, percorrer trilhas interpretativas,
fazer cavalgadas e passeios ciclísticos, praticar
canoagem, visitar Unidades de Conservação,
formações geológicas e remanescentes flores-
tais com características que variam de Mata de
Galeria, Cerradão, Campo Sujo, Campo Limpo
e mata estacional semidecídua. Ambientes
onde podemos contemplar as serras e observar
plantas como aroeira, canela-de-ema, jequitibá,
bromélias, braúna, pau-d’óleo, peroba-rosa, ja-
carandá, araticum, cedro orquídeas, canafístula,
entre tantas outras, e também diversos animais.
ParaopebaO rio Paraopeba tem suas nascentes em Minas Gerais, ao sul do mu-
nicípio de Cristiano Otoni. Percorre aproximadamente 510 quilômetros
até chegar à represa de Três Marias, em Felixlândia, região central do
Estado. Ao longo desse percurso, suas águas estão distribuídas por 48
municípios e, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, passa por
Brumadinho, Ibirité, Igarapé, Betim, Mateus Leme e Ribeirão das Ne-
ves. O Paraopeba é um dos principais tributários do rio São Francisco
e tem como principais afluentes os rios Macaúbas, Betim, Camapuã
e Manso. Apesar de ser um manancial importante para o abasteci-
mento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Paraopeba tem
sido exposto a diversos impactos, derivados da densa e desordenada
ocupação ao longo de seu percurso. Em alguns trechos, nota-se o
desflorestamento da mata ciliar, assoreamento do rio, lançamento di-
reto de dejetos, o que contribui para o acontecimento de enchentes
que ocasionam diversos prejuízos socioambientais.
Segundo estudos recentes do Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(Igam), a média anual da qualidade das águas superficiais do mé-
dio Paraopeba está na faixa MÉDIA, devido à poluição das águas por
lançamento de esgotos,
metais e químicos, o que
pode colaborar para a pro-
liferação de doenças entre
as pessoas e ainda alterar
a biodiversidade.
O rio Paraopeba necessita
de ações planejadas como
o manejo integrado das sub-bacias, ampliação de rede de monito-
ramento de suas águas, revegetação das áreas de nascente, reflo-
restamento da margem do rio, ampliação da rede de coleta de es-
goto, controle de erosão e do assoreamento, cidadãos conscientes
e atuantes para conservação desse recurso hídrico, de sua beleza
cênica e o lazer que esse pode proporcionar a toda a população.
Evitar desperdício e poluição das águas é dever de todos.
O rio Paraopeba agradece!!!
Foto: Eduardo Franco
Ecoturismo
Foto: José André
Lixo nas ruas entopem bueiros, favorecendo as enchentes
No dia 7 de fevereiro, foi realizada a forma-
tura da 1ª turma do Programa Jovens Agen-
tes Ambientais, integrada por 40 estudantes
da rede pública de ensino de Brumadinho.
Agradecemos e parabenizamos os forman-
dos. Desejamos que propaguem em seus
lares, na escola e na região o conhecimento
construído durante o curso.
Programa Jovens Agentes Ambientaisretoma atividades com foco no tema água As atividades do Programa Jovens Agentes Ambientais foram retomadas em
março com 40 estudantes da rede pública de Brumadinho.
Desenvolvido pela Diretoria de Meio Ambiente do Instituto Inhotim, com o apoio
do Banco BMG, via Lei Rouanet, o programa tem como objetivo sensibilizar o
grupo sobre questões ambientais e qualificá-lo para atuar nessa área.
O tema da água será central no programa este ano, pela importância que esse
elemento natural tem para a vida, além de remeter à agenda atual de debates
e também às inundações ocorridas em Brumadinho, no final de 2008. “En-
tendemos que não haveria tema melhor para trabalharmos com os alunos”,
declara o coordenador de Educação Ambiental do Inhotim, Wallace Carvalho.
Formatura da 1ª Turma
Não há um único conceito e tampouco uma
única forma de se fazer educação ambiental. Tal
afirmação reside na ideia de que meio ambiente
é uma realidade tão complexa que escapa
a qualquer definição precisa, assim como a
prática da educação ambiental é interdisciplinar
e trabalhada nos diversos níveis que vão do local
ao global.
Constata-se que a maioria dos projetos e ações
de educação ambiental realizadas hoje no
mundo se funda na concepção que indivíduos
e coletividades têm do meio ambiente. E aí
reside a importância da percepção ambiental para a
educação ambiental, pois os estudos de percepção
fornecem um significativo entendimento das
interações, sentidos, sentimentos, hábitos e valores
que as pessoas estabelecem com o meio ambiente.
Esses estudos subsidiam projetos e atividades de
educação ambiental formal ou não formal, ajudam
na formulação de políticas públicas e concedem
suporte para as estratégias de mobilização
ambiental.
A educação ambiental é um processo de formação
que deve sempre prezar a percepção intuitiva de
integração do Homem com o ambiente que o cerca
e o respeito entre os Homens, visando à construção
de um mundo mais ético e sustentável.
Reflexões sobre educação ambiental
Wallace Carvalho RibeiroCoordenador da Educação Ambiental do Instituto Inhotim
Foto: Eduardo Franco
Dinâmica realizada na Aula Inaugural doPrograma Jovens Agentes Ambientais /2009
Imagem: José André
Entre as palmeiras encontradas nos jardins do Inhotim, o Licuri (Syagrus coronata) foi esco-
lhido para iniciar os estudos de anatomia foliar, no projeto “No Jardim do Inhotim”, parceria
fi rmada entre o Inhotim e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Licuri é uma
palmeira típica da caatinga brasileira e transformou-se na principal fonte de renda de muitas
famílias que vivem nesse bioma. Seus frutos são utilizados na alimentação in natura ou na
forma de doces e do seu interior é extraída uma amêndoa com alto valor nutricional. Das
folhas, são produzidos artesanato e artigos domésticos, como chapéus, sapatos, bolsas e
vassouras. De sua superfície, também pode ser extraída uma cera, semelhante à da carnaú-
ba. Além da grande importância socioeconômica, o Licuri apresenta um importante papel
ecológico, fornecendo abrigo e alimento para muitos animais, como a ararinha-azul, espécie
ameaçada de extinção, e pequenos mamíferos.
Para conhecer mais sobre essa palmeira, o estudante de Ciências Biológicas e estagiário do
projeto “No Jardim do Inhotim”, Marcos Hanashiro e Silva, estudou a anatomia de suas folhas,
sob orientação da Profª. Rosy Mary dos Santos Isaias, no Laboratório de Anatomia Vegetal da
UFMG. Os estudos nos mostram como é a lâmina foliar do Licuri e de que tecidos e células
é composta. Para observar uma amostra dos resultados desse estudo, veja a foto ao lado.
Epiderme: sua função é revestir os órgãos vegetais, protegendo-os contra qualquer tipo de injúria mecânica.
Fibras: são células de paredes espessadas. Conferem dureza ao local e ao tecido onde ocorrem.
Xilema: tecido condutor de água e sais minerais. Suas células são alongadas e resistentes, algumas de paredes espessadas.
Floema: tecido condutor de substâncias nutritivas. Suas células possuem perfurações e comunicam-se entre si.
Parênquima clorofi liano: é o tecido fotossintetizante da folha”; suas células possuem cloroplastos.
Estômatos: conjunto de células através do qual acontecem as trocas gasosas das plantas e as transpirações do vegetal.
Cêra epicuticular: ocorre sobre a epiderme e pode conferir-lhe maior impermeabilidade e ainda atuar na refl exão da luminosidade.
FASE
S D
A L
UA Abril
Dia 2 crescente
Dia 9 cheia
Dia 17 minguante
Dia 25 nova
Março
Dia 4 crescente
Dia 11 cheia
Dia 18 minguante
Dia 26 nova
Março
Dia1º – Dia do Ecoturismo8 – Dia Internacional da Mulher12 – Dia do Bibliotecário20 – Equinócio Outono22 – Dia Internacional da Água
Abril
Dia 1º – Dia da Mentira15 – Dia da Conservação do Solo19 – Dia do Índio21 – Dia do Policial23 – Dia Mundial do LivroC
ELE
BR
AR
E
Ana Lúcia de Almeida GazzolaDiretora-Executiva
Hugo Vocurca Teixeira Diretor-Executivo Adjunto e Diretor de Meio Ambiente (interino)
Sueli PiresDiretora de Gestão do Conhecimento
Roseni SenaDiretora de Inclusão e Cidadania
Jochen VolzDiretor de Arte
Eduardo G. GonçalvesPesquisador e Curador da Coleção Botânica
Neila Farias Lopes Gestão de Projetos Ambientais
Wallace Carvalho RibeiroCoordenador de Educação Ambiental
José André Verneck MonteiroCoordenador
Sirlene M. CassianoBibliotecária responsável pelo acervo
Lucinéia Cristina Pinto MaiaAuxiliar de biblioteca
Cristiane CäsarBióloga
Marcus Friche BatistaBiólogo
Laura Carolina de A. NeresGeógrafa
Rubens Custódio da MotaBotânico
Gabriela de CastroBióloga
Gustavo Junqueira FerrazTurismólogo
Eduardo Silva Franco Biólogo
Frederico Pereira SucupiraAstrônomo, biólogo
Adriel Nogueira DiasEng. agrônomo
Karla Giovanna Silva XavierBióloga
Lorraine Pinto da Silva Monitora ambiental
Ualisson Alessandro da SilvaMonitor ambiental
Equipe Sala Verde Inhotim Instituto Inhotim
Por dentro do Licuri
Sala Verde Inhotim é uma parceria do Instituto Inhotim com o Ministério do Meio Ambiente, celebrada em 2006.É um espaço interat ivo de valorização da biodiversidade e da plural idade cultural e um centro de referência em
informações socioambientais .
Natureza e arte está disponível em www.inhotim.org.br
Informações: meioambienteinhotim.org.br
Projeto Sala Verde www.salaverde.cjb.net
IMP
RE
SS
O E
M P
AP
EL
REC
ICLA
DO
APOIO:
RUA B, 20 – INHOTIM – BRUMADINHO – MGCAIXA POSTAL 50 – CEP 35460-000
WWW.INHOTIM.ORG.BR
Palmeira é um nome popular para a maioria dos representantes da família Arecaceae ou Palmae. Essa família é amplamente
distribuída, porém grande parte das espécies está restrita às regiões tropicais, principalmente Sudeste Asiático, Pacífico e América
tropical. Atualmente, são conhecidas aproximadamente 2.600 espécies no mundo. No Brasil, são aproximadamente 210, e, no
município de Brumadinho, apenas cinco. Todavia, como há regiões de Cerrado pouco conhecidas na cidade, há possibilidade de
encontrar outros tipos. As espécies conhecidas para o município são:
Palmeiras nativas de Brumadinho
Acrocomia aculeata (macaúba)é uma espécie que ocorre nos pastos e bordas de matas semidecíduas, possui grande porte com caule simples e espinhento.
Euterpe edulis(palmito-doce) é uma espécie ameaçada de extinção, ocorre nas matas de galeria pouco perturbadas, possui grande porte com caule simples e liso.
Geonoma schottiana (aricanga-do-brejo)ocorre nas matas de galeria, espécie de médio a pequeno porte com caule simples e liso
Syagrus fl exuosa(coco-do-campo) ocorre no campo rupestre e na transição deste com o Cerrado, espécie geralmente de pequeno porte com caule entouceirante e coberto por restos secos de folhas.
Syagrus romanzoffi ana (jerivá)ocorre em alguns pastos e interior e bordas de matas semidecíduas, possui grande porte com caule simples e liso.
No Inhotim, são cultivadas mais de
400 espécies de palmeiras nativas
do Brasil e de outros países, entre
elas as cinco espécies nativas de
Brumadinho, que são fundamentais
para a fauna local, já que fornecem
alimento e abrigo, principalmente
para caxinguelês, cutias e aves.
INSTITUTO