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ANDRIELI DAMBRÓS JOINVILLE, SC 2019 PRODUTO EDUCACIONAL SALA DE AULA INVERTIDA: um Guia Pedagógico para Professores da EJA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS, MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS

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ANDRIELI DAMBRÓS

JOINVILLE, SC 2019

PRODUTO EDUCACIONAL

SALA DE AULA INVERTIDA: um Guia Pedagógico para Professores da EJA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS, MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS

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Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Programa: ENSINO DE CIÊNCIAS, MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS

Nível: MESTRADO PROFISSIONAL

Área de Concentração: Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias.

Linha de Pesquisa: Ensino Aprendizagem e Formação de Professores

Título: Sala de Aula Invertida: um Guia Pedagógico para Professores da EJA

Autor: Andrieli Dambrós

Orientador: Maria da Graça Moraes Braga Martin

Data: 10/12/2019

Produto Educacional: Guia Pedagógico

Nível de ensino: Ensino Médio.

Área de Conhecimento: Química

Tema: ácidos e bases, equilíbrio químico e termoquímica

Descrição do Produto Educacional:

Este produto educacional é resultado de uma pesquisa realizada em turmas com a modalidade

de ensino para jovens e adultos e, tem por objetivo auxiliar os professores que atuam nessas

turmas, no desenvolvimento de atividades diversificadas, utilizando como metodologia a Sala

de Aula Invertida. As atividades apresentadas nesse guia foram desenvolvidas para abranger

os conteúdos de ácidos e bases, equilíbrio químico e termoquímica, todas contextualizadas

levando em consideração os aspectos do cotidiano desses alunos. A Sala de Aula Invertida

possui seu foco na construção do conhecimento pelo estudante, sendo o professor o mediador

de todo o processo de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia

intelectual do estudante, além da formação do cidadão crítico e ativo na sociedade em que

vive.

Biblioteca Universitária UDESC: http://www.udesc.br/bibliotecauniversitaria

Publicação Associada: A Sala de Aula Invertida Aplicada na Educação de Jovens e Adultos:

Estratégias para o Ensino de Química.

URL: http://www.udesc.br/cct/ppgecmt

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Sumário

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 2

1. O QUE É A SALA DE AULA INVERTIDA ........................................................................ 4

1.1 A Ação Didática na SAI ....................................................................................................... 4

1.2 Por que o uso da SAI na EJA ............................................................................................... 6

2 ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA SAI ........................................................ 8

2.1 Apresentação da sai para a turma ......................................................................................... 9

2.2 Estratégias didáticas que podem ser utilizadas na sai ........................................................... 9

2.2.1 Utilização de Vídeos ........................................................................................................ 10

2.2.2 Slides ................................................................................................................................ 12

2.2.3 Texto15

2.3 Uso do celular: grupo de conversa ...................................................................................... 17

3. TEMÁTICA PARA CONTEXTUALIZAÇÃO: a participação dos alunos na escolha do

tema .......................................................................................................................................... 19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 20

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 23

Anexo 1 – Texto contendo o conteúdo de Termoquímica........................................................ 25

Apêndice A – Slides abordando o conteúdo de Equilíbrio Químico. ....................................... 26

Apêndice B - Livreto (cartilha) sobre o conteúdo de Funções Orgânicas ................................ 30

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APRESENTAÇÃO

Caro(a) colega professor (a),

A Educação de Jovens e Adultos aparece na minha vida durante um projeto na

graduação. Até então, nunca havia trabalhado com essa modalidade, nem mesmo entrado em

uma sala de EJA. Esse guia foi desenvolvido pensando principalmente, nas limitações que as

pessoas que procuram a EJA apresentam, como a dificuldade com a leitura e escrita e, o

tempo longo afastados da escola. Durante a realização do projeto, percebi que muitos alunos

possuíam potencial de ir além, e sentia que se houvesse direcionamento poderiam expandir

seus conhecimentos além daquilo que era trabalhado em sala de aula, o que comparado com o

ensino regular, era extremamente reduzido.

Então, ingressei no mestrado procurando adquirir subsídios e conhecimentos que

pudessem me auxiliar, como professora, na sala de aula da EJA e, por que não, que pudesse

auxiliar demais professores que também trabalham com essa modalidade e passam por

situações semelhantes. A ideia de elaborar um guia para os professores foi justamente para

mostrar uma maneira de como o conhecimento pode ser construído juntamente com os alunos.

A maneira escolhida foi a Sala de Aula Invertida (SAI) dando oportunidade para aquele aluno

que tiver interesse, possa ir além, possibilitar que o aluno se sinta capaz de expandir as

fronteiras do conteúdo, que é programado para ser passado em sala, sendo o protagonista no

processo de ensino-aprendizagem. A SAI, é uma maneira de abrir possibilidades ainda não

alcançadas por eles, para incentiva-los ao estudo.

Assim, este guia pedagógico orienta a utilização da Sala de Aula Invertida (SAI) como

modelo de ensino juntamente com metodologia problematizadora e contextualizada em

situações reais e vivenciadas/conhecidas dos alunos com o intuito de fomentar discussões. As

estratégias propostas neste guia foram testadas no desenvolvimento de aulas para uma turma

da EJA com os conteúdos de química previstos no cronograma: reações ácidos-bases como

introdução ao equilíbrio químico, equilíbrio químico, termoquímica e funções orgânicas.

Portanto, serão apresentados os embasamentos teóricos das estratégias didáticas utilizadas e

os resultados das experiências e vivências na utilização da SAI para a EJA. Na primeira seção

do guia está uma introdução sobre este modelo de ensino, o que se entende por Sala de Aula

Invertida e por que usá-la na EJA. Nas seções que seguem, são apresentadas as orientações

para implementação da SAI: apresentação da proposta de trabalho para a turma, a utilização

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de vídeos, slides e texto, o uso de aplicativo de conversa em grupo como apoio e participação

dos alunos na escolha da temática de contextualização de conceitos a serem estudados.

Professora: Andrieli Dambrós

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1. O QUE É A SALA DE AULA INVERTIDA

A metodologia Sala de Aula Invertida (SAI) caracteriza-se pela inversão das

atividades tradicionalmente destinadas a serem feitas em casa - “tarefas de casa” - com o

conteúdo apresentado em sala. Ou seja, a apresentação do conteúdo e a sua explicação,

realizados normalmente de forma presencial, passam a serem feitos pelos alunos em ambiente

externo à escola com o auxílio do material de apoio disponibilizado pelo professor. Para isso,

o professor elabora o material instrucional ou organiza materiais já disponíveis como vídeos,

textos e/ou outros tipos de mídias, enquanto o tempo em sala é destinado à resolução de

exercícios, execução de experimentos e discussões em torno do tema. (MARTÍN, 2015;

ANDRADE e COUTINHO, 2018).

Essa metodologia foi proposta inicialmente na disciplina de Microeconomia da Miami

University em 1996, denominada de “inverted classroom” por Lage, Platt e Treglia.

(VALENTE, 2014). Porém, os estudos relacionados a essa metodologia, principalmente para

o ensino de química, ainda são escassos. Outro ponto relevante é com relação à preparação

dos professores para a utilização desse tipo de metodologia, a maioria já ouviu falar, se

interessa pela modificação da sua metodologia atual, porém, não sabe por onde começar e

nem como aplica-la em sala. (MARTÍN, 2017).

1.1 A Ação Didática na SAI

A Sala de Aula Invertida permite que se utilize várias estratégias didáticas e

fornecimento do material de apoio diversificado para os alunos. É interessante que haja

variedade dessas estratégias para se alcançar o maior número de alunos na sala, considerando

que são indivíduos com qualidades e vivências próprias. Outro ponto importante é que os

alunos precisam ter conhecimento da maneira como essa metodologia se realiza, para que não

se sintam perdidos ou confusos durante o processo de ensino e aprendizagem. O

desconhecimento poderá ocasionar dificuldades de compreensão de algum tema, ou, até

mesmo, desinteresse por parte dos estudantes. Assim, tanto as estratégias de ensino como os

materiais instrucionais utilizados devem ser pensados e escolhidos para atingir os objetivos de

aprendizagem com relação ao conteúdo, ao envolvimento e à participação dos alunos.

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A utilização da problematização como metodologia de ensino/aprendizagem é uma

das maneiras para alcançar e motivar os estudantes na SAI. Diante do problema o aluno se

detém, examina e reflete, além de relacionar com a sua história para assim, criar um

significado para ele. A problematização pode levar o aluno ao contato com as informações e à

produção do conhecimento, principalmente, com a finalidade de solucionar os impasses e

promover o seu próprio desenvolvimento.

Forgiarini et al., (2006) propõe tornar o currículo mais sensível diante de temas e

problemas contemporâneos marcados pela Ciência-Tecnologia (CT). De acordo com Freire

(1983) esse aluno é um sujeito

imerso no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem ter dele consciência.

Sua imersão na realidade, da qual não pode sair, nem “distanciar-se" para

admirá-la e, assim, transformá-la, faz dele um ser fora do tempo ou sob o

tempo ou, ainda, num tempo que não é seu. O tempo para tal ser “seria” um

perpétuo presente, um eterno hoje. (FREIRE, 1983, p.7).

Com isso, defende-se a inserção do “mundo da vida” para dentro do “mundo da

escola”, onde é preciso que o aluno seja capaz de estar no mundo e saber-se nele (FREIRE,

1983). Baseada nas temáticas que estão vinculadas à comunidade escolar e, também, à

comunidade onde os alunos vivem, que as componentes curriculares tendem a contribuir para

a compreensão e problematização de questões sociais/locais, visando o enfrentamento das

dificuldades e, se possível, sua superação, contribuindo para o enaltecimento da cultura desse

indivíduo.

Com relação aos materiais instrucionais, eles devem produzir motivação para o estudo

do conteúdo, para sua compreensão e para despertar interesse na ampliação dos

conhecimentos sobre o assunto tratado. Importante lembrar que estes são considerados

mediadores no processo de aprendizagem. Embora a SAI não é caracterizada como ensino a

distância (EAD), pode-se considerar as indicações de MOULIN e PEREIRA (2003) referentes

aos materiais instrucionais a serem disponibilizados para a etapa anterior e durante à sala de

aula, como mostrados no Quadro 1. Nas etapas em sala é que se configura a diferença da SAI

para o EAD, porque acontece de forma presencial.

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Quadro 1: Indicações sobre o material instrucional de acordo com MOULIN e

PEREIRA (2003)

Etapa anterior à sala de aula Etapa em sala de aula

- Operações de pensamento que propiciem o

desenvolvimento de habilidades e

capacidades necessárias ao cidadão

profissional que está sendo formado;

- Apresentar conteúdos, proporcionando a

informação para que o aprendiz se aproxime,

progressivamente, de um conhecimento

verdadeiro e não, de fragmentos;

- Propor e estimular exercícios e atividades

de investigação;

- Oferecer espaço para a redescoberta;

- Propiciar momentos de reflexão

encaminhados para o desenvolvimento do

pensamento autônomo e de outras operações

de pensamento; Fonte: A autora, 2019

1.2 Por que o uso da SAI na EJA

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma opção de conclusão do ensino básico

para aqueles alunos que por algum motivo ou razão não puderam terminar seus estudos no

tempo correto. Os alunos que compõem as turmas da EJA possuem um perfil bem

característico, eles trabalham em ramos que não exigem de seus funcionários,

obrigatoriamente, uma comprovação de conclusão de ensino, como, por exemplo, na

construção civil e na área doméstica. São os jovens com este perfil que optam pelo ensino

noturno e pela Educação de Jovens e Adultos para permanecerem estudando (DAYRELL,

NOGUEIRA, MIRANDA, 2011). Além disso, o professor trabalha com indivíduos de todas

as faixas etárias, afastados, muitas vezes, por anos da escola e também, com aqueles que têm

o primeiro contato com a escola no Ensino Supletivo.

Para superar as dificuldades que o professor poderá encontrar devido às características

e perfil mencionados, é necessária uma metodologia com abordagens e estratégias

diversificadas, inserindo o ambiente desses alunos para dentro da sala de aula e,

consequentemente, enxergando o ensino em seu cotidiano.

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Muitas metodologias enquadram-se nos perfis das metodologias ativas, e a sua

utilização aponta resultados satisfatórios na construção do conhecimento pelo aluno

(MARTÍN, 2015). A Sala de Aula Invertida (SAI) é uma opção, pois posiciona o estudante no

centro do processo de ensino/aprendizagem, e com o auxílio do professor, consegue construir

o conhecimento desejado de maneira que possua um significado. A Sala de Aula Invertida é

uma maneira distinta de ensinar e aprender, para desenrolar competências em nossos alunos,

mudar seus hábitos de estudo e melhorar a aprendizagem. Para Martín (2015) a sala de aula

invertida

Engloba toda uma série de metodologias baseada na transmissão das

informações e aprender por meios eletrônicos ou não fora do tempo de aula.

A informação que os alunos devem aprender, se transmite em hipertextos e

hipermídias, com links e documentos, apresentações, vídeos e podcasts.

(MARTÍN, 2015, p.23).

Ou seja, inverte-se o tempo de estudo em sala com o tempo de estudo em casa. Dessa

maneira o professor consegue auxiliar os estudantes na utilização daquele conceito que se

esteja trabalhando, através de exercícios, experimentos e discussões. A responsabilidade do

“estudo” teórico desse conceito passa a ser do aluno e, ainda mais importante, o fará no seu

tempo fora da sala de aula. Aqui o termo “no seu tempo” poderá se referir tanto ao seu estágio

de conhecimento/familiaridade com o conteúdo trabalhado, como ao tempo que ele tem para

se dedicar aos estudos. O papel do professor que utiliza a SAI, é o de fornecer material de

As metodologias ativas surgem como proposta para o processo de

aprender, onde utiliza-se de experiências reais, visando as condições de

solucionar, com sucesso, problemas advindos de situações cotidianas desse

aluno. Ou seja, nas metodologias ativas o aluno é o protagonista da

construção do seu conhecimento, enquanto o professor ocupa o papel de

fornecer subsídios para que esse conhecimento aconteça, e para que o

objetivo, pré-estabelecido, seja alcançado por esse estudante. (BERBEL,

2011). Nos estudos de Freire (1996) pode-se perceber semelhanças com

esse tipo de metodologia, principalmente com relação ao posicionamento

dos estudantes da educação de jovens e adultos. De acordo com Freire

(1996) o que impulsiona a aprendizagem é a superação de desafios, a

resolução de problemas e a construção de conhecimentos novos, a partir de

experiências prévias dos indivíduos

Outros

exemplos de

metodologias

ativas:

- Estudo de

casos

- Aprendizagem

baseada em

projetos

- Ensino por

investigação

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apoio para que o aluno tenha informação dos conceitos que serão trabalhados e de mediar as

discussões e estudo em sala de aula. O aluno também terá liberdade de buscar outras fontes de

pesquisa e consulta sobre os conceitos, o que poderá enriquecer as discussões na sala de aula,

momento em que professor e alunos irão desenvolver atividades didáticas como resolução de

exercícios, de problemas, produção de texto, debates, entre outros, envolvendo os conceitos

estudados previamente.

O que muitas pessoas se perguntam é que se for levado em consideração que alunos

que procuram pela modalidade EJA buscam pelo ensino noturno justamente porque na sua

maioria são trabalhadores durante o dia, um ensino que proponha a eles estudar em casa

atrapalharia a vida desses estudantes, não é mesmo? A resposta para esse questionamento é

muito simples. Um fator que é importante para responder a esse questionamento é que esses

alunos procuram a escola com um objetivo bem definido. Eles reconhecem que possuem

dificuldades, mas estão dispostos a superá-las, o que os torna muito mais participativos em

sala. Ou seja, os alunos da EJA conseguem, na sua maioria, organizar seu tempo fora da

escola para “dar conta” de todas as atividades que o professor propõe, além de expressarem

maior interesse nas discussões sobre os conceitos em sala de aula, quando já têm uma noção

do conteúdo que será trabalhado.

2 ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA SAI

Neste momento serão apresentadas sugestões de como utilizar a SAI em turmas da EJA,

desde a apresentação da mesma para a turma, até sugestões de atividades que podem ser

utilizadas. Alguns exemplos de materiais de apoio/instrucionais serão mostrados juntamente

com uma breve discussão de como a utilização desses ocorreu na turma em que essas

atividades foram aplicadas. A aplicação e análise dos resultados obtidos com essa aplicação

vão de encontro com os objetivos de pesquisa da dissertação que deu origem a esse guia.

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2.1 Apresentação da sai para a turma

Inicialmente se deve debater com a turma como acontece a sala de aula invertida,

explicando o conceito desta metodologia e mostrando exemplos de atividades que podem ser

realizadas. Importante salientar que, em todo o processo os alunos devem estar cientes de seu

papel/dever durante a implementação da SAI. Outro ponto importante é a criação de grupo

através de um meio de comunicação, que pode ser um aplicativo de conversa,

compartilhamento de arquivos em “nuvem” ou e-mail. Para ter certeza de que haverá um

contato frequente entre professor-aluno e aluno-aluno através da mídia escolhida. Os alunos

devem ser consultados se possuem smatphones e se conseguirão acessar com certa frequência

esse meio de comunicação. É importante também saber se os alunos possuem acesso à

internet fora da escola, para verificar a possibilidade de utilizá-la para a disponibilização dos

materiais instrucionais. Os alunos precisam compreender que, a interação por meio dessas

mídias é exclusivamente para tratar de questões em torno das atividades propostas e como

canal para sanar dúvidas sobre as mesmas e não para relatar e tratar questões pessoais entre

eles.

2.2 Estratégias didáticas que podem ser utilizadas na sai

Nesta seção mostraremos estratégias didáticas e materiais instrucionais que podem ser

utilizadas na SAI para disponibilizar o conteúdo a ser estudado antes da aula presencial.

Também serão apresentados e discutidos exemplos de atividades implementadas no estudo

realizado para a pesquisa da dissertação. Os materiais utilizados e disponibilizados aos alunos

foram produzidos para atividades com turmas do Ensino Regular, portanto, foram adaptados

para as turmas da EJA. Essa adaptação consistiu na valorização do uso de imagens e na forma

de trabalhar os conteúdos, aproximando estes a sua realidade, uma vez que são adultos.

Materiais

instrucionais

- Vídeos - charges

- Slides - gifs

- hiperlinks - manuais

- textos - revistas

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2.2.1 Utilização de Vídeos

Os vídeos auxiliam no processo de ensino-aprendizagem pois permitem respeitar o

ritmo de estudo dos estudantes, onde podem visualizá-los quantas vezes acharem necessário

antes da aula, como também pausar e retomar em outro momento (BERGMANN e SAMS,

2016). Além disso, os vídeos podem ser utilizados para “fomentar discussões em sala de aula

e auxiliar os estudantes a entender as atividades propostas pelo professor” (MARTINS, p. 31,

2018).

De acordo com Martins (2018)

Os professores que aplicam a SAI em suas aulas recomendam discutir com os

estudantes como visualizar os vídeos, para orientá-los a desenvolver habilidades de

visualização e foco. Geralmente, ao assistir vídeos, eles estão realizando outras

atividades, como escutar música, assistir à televisão, jogando e etc. Logo, quando

confrontados com os conteúdos de Química nos vídeos, eles podem sentir

dificuldade em se apropriar das informações ali presentes (MARTINS, p.49, 2018).

Dessa maneira, reconhecendo o seu papel como agente principal na construção do

conhecimento, o aluno consegue a autonomia cognitiva através dos vídeos, sendo esse, um

dos principais objetivos da SAI.

A utilização de vídeos como material instrucional na SAI é uma alternativa eficaz

quando alguns aspectos são levados em consideração. É importante verificar como o vídeo

será repassado aos alunos: na forma de link, na forma de download, via rede social etc.

Assim, o professor poderá fazer um tutorial de acesso ao vídeo ou listar o que os alunos vão

precisar ter, tanto de ferramentas, como conhecimento, para ter acesso ao vídeo. Caso seja de

extrema importância a utilização da internet, uma alternativa é, antes de disponibilizar o vídeo

aos alunos, verificar com a escola a possibilidade de utilização da rede de internet, apenas

para que o vídeo possa ser baixado.

Manual sobre tipos de vídeos e

como utilizá-los em sala:

http://www.eca.usp.br/prof/mora

n/site/textos/desafios_pessoais/

vidsal.pdf

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Exemplo de Atividade Implementada na EJA

A primeira atividade foi aplicada como introdução ao conteúdo de Equilíbrio

Químico, utilizando como material instrucional um vídeo1. O vídeo aborda o conteúdo de

reações ácido-base, e seu link foi disponibilizado via aplicativo de conversa juntamente com

um questionário norteador. Os alunos deveriam assistir ao vídeo e responder ao questionário

sobre os conceitos abordados no material para entregá-lo na aula posterior.

Apesar de todos os alunos possuírem celular, o acesso à internet foi relatado como a

principal barreira encontrada por eles para obter o material. A maioria não possuía rede de

internet em casa e nem no trabalho, e não tinham condições financeiras de arcar com o custo

de pacotes oferecidos pelas operadoras, além disso, o sistema de internet da escola não

suportava a utilização da mesma por todos os alunos. Com isso, a entrega das respostas do

questionário, na aula posterior, foi extremamente reduzida. Para Batista (2013), uma das

principais dificuldades da utilização de aparelhos eletrônicos nas escolas, é a falta de conexão

à internet, isso porque, além de um custo elevado, principalmente para uma escola pública,

seria necessária uma rede que suportasse o acesso de vários aparelhos ao mesmo tempo.

Dessa maneira o acesso dos alunos aos materiais que necessitam desse tipo de suporte é

dificultado, consequentemente o andamento das atividades e do planejamento da aula

também.

Além da dificuldade com a conexão à internet, outro ponto que dificultou o acesso dos

alunos ao material foi não saber manusear os aparelhos eletrônicos. Todos os alunos

acessavam sites, aplicativos, mensagens e vídeos o tempo todo e com muita facilidade, porém,

alguns aparelhos necessitavam de programas e/ou aplicativos específicos para a execução do

vídeo, o que gerou mais um transtorno entre os alunos. É necessário que o professor consiga

auxiliar os alunos na utilização desses aparelhos, para que dessa maneira todos consigam ter

acesso ao material. Uma sugestão é, em sala, reservar uns minutinhos para explicar que talvez

alguns aparelhos necessitem de determinados programas e que eles podem ser facilmente

adquiridos, de “tal maneira”, ou que podem ser visualizados utilizando “tal aplicativo”. Caso

o professor não tenha conhecimento nessa área, vale a busca por ajuda de algum conhecido,

ou até mesmo de algum aluno que tenha maior facilidade com essa tecnologia.

Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=utFPiQOniuE&feature=youtu.be

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Como o conteúdo que o vídeo abordava fazia parte do cronograma da disciplina de

química, o mesmo teve que ser trabalhado em sala para que nenhum aluno fosse prejudicado.

A participação daqueles alunos que conseguiram assistir ao vídeo foi muito mais efetiva em

sala de aula, ou seja, se todos os alunos conseguissem assistir ao vídeo com antecedência a

aula poderia ter sido mais produtiva aprofundando ainda mais os questionamentos dos alunos.

Martins (p. 31, 2018) ressalta que além de uma maneira diferente de apresentar o conteúdo, os

vídeos são utilizados para “fomentar discussões em sala de aula e auxiliar os estudantes a

entender as atividades propostas pelo professor” na metodologia SAI. Essa prática foi

observada em sala de aula, nas falas dos alunos que conseguiram estudar o material, quando o

conteúdo foi retomado pela professora.

Figura 1- Imagem inicial do vídeo sobre Equilíbrio Químico

2.2.2 Slides

O uso de slides como meio de disponibilizar o material a ser estudado está relacionado

ao uso de imagens e esquemas nos estudos. Carlos e Alcântara (2017) mostram uma discussão

do uso da imagem nos trabalhos de Paulo Freire:

Com o olhar fixo no horizonte do discurso, vimos que o filósofo e educador

pernambucano não deixou de tratar o assunto, seja no que tange à discussão que

empreendeu sobre a prática educativa, seja no que tange à prática efetiva e específica

de operar com a imagem visual no terreno peculiar de suas experiências voltadas para

a alfabetização de jovens e adultos. (CARLOS, 2017, p.12)

Os autores identificaram como usos da imagem a “associação mnemônica, ilustrativa e

de mediação do conhecimento”. O estudo também mostrou que para a imagem ter um sentido

de representação, ela deve estar associada a uma situação concreta, ter uma referência

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concreta. De acordo com Freire (1982, p.52, apud CARLOS, 2017, p.14) “na […]

problematização da situação codificada, […] pode-se alcançar a compreensão da ‘estrutura

profunda’ da codificação, que abre possibilidades para análises críticas em torno da realidade

codificada [...]”.

Os slides podem ser utilizados de várias maneiras diferentes, além de serem, uma

ferramenta de fácil manuseio, ou seja, o professor consegue utilizá-lo para o conteúdo que

preferir, na ordem que preferir, além de conseguir agrupar de maneira dinâmica, textos,

desenhos, esquemas e tabelas que podem facilitar na hora da compreensão do conteúdo pelos

alunos. Outro aspecto positivo na utilização de slides é que, os alunos conseguem fazer

anotações, grifar partes ou acrescentar dúvidas no próprio arquivo, para posteriormente

compartilhar com o professor. É importante que o professor conheça os equipamentos

utilizados pelos alunos, para verificar se todos conseguiram utilizar os slides num mesmo

formato, ou se haverá necessidade de disponibilizá-los em formatos diferentes. Uma sugestão

é pedir para os alunos levarem seus equipamentos à escola e, fazer o download do arquivo em

sala, caso se perceba alguma dificuldade nos alunos.

Diferente dos vídeos, que necessitam conexão à internet o tempo todo do vídeo, os

slides podem ser baixados e acessados a qualquer momento, sem precisar de uma rede de

internet para isso. Porém, o obstáculo que poderá ser encontrado é com relação ao manuseio

dos aparelhos.

Exemplo de Atividade Implementada na EJA

A segunda atividade foi aplicada para dar continuidade ao conteúdo de Equilíbrio

Químico, porém agora, utilizando como ferramenta um conjunto de slides. Os slides abordam

os conceitos sobre equilíbrio químico, utilizando como contextualização a acidificação dos

oceanos por CO2 (APÊNDICE A) O material para estudo foi disponibilizado aos alunos via

aplicativo de conversa, juntamente com o questionário para ser respondido durante o estudo e

ser entregue na aula posterior.

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Figura 2 – Slide sobre Equilíbrio Químico e a acidificação dos oceanos. Adaptado de Martins (2018)

Durante as aulas foi notória a facilidade dos alunos em manusear seus celulares e

smartphones para troca de mensagens, envio de fotos e vídeos e para pesquisas rápidas em

sites de busca. Batista et al., (2013) afirma que os games, músicas, vídeos, fotos ou acesso à

Internet podem comprometer o desempenho dos alunos em sala de aula, porém, a escola

precisa adaptar a maneira de ensinar, colaborando em ações pedagógicas, como ferramenta de

pesquisa e produção. Apesar de todo domínio que os alunos apresentavam no manuseio dos

seus aparelhos, quando houve a necessidade de baixar novos aplicativos para conseguir

utilizar o material de estudos, algumas dificuldades foram relatadas por eles via aplicativo de

conversa.

Na tentativa de minimizar esse obstáculo e, utilizando o aplicativo de conversa como

canal de contato, algumas sugestões foram dadas pela professora, com o intuito de auxiliar os

alunos no acesso ao material, porém, alguns alunos se distraíram nas lojas de aplicativo,

perdendo o foco que a atividade exigia. Para Batista et al., (2013) “O uso de smartphones

pode ser responsável por distrações e pode possibilitar, com toda a sua tecnologia, práticas de

repasse de respostas de provas e testes” (BATISTA et al., p. 2, 2013). Martins (2018)

complementa que os professores que aplicam a SAI em suas aulas recomendam discutir com

os estudantes como visualizar os materiais, para orientá-los a desenvolver habilidades de

visualização e foco.

Assim como na utilização de vídeos, a maioria dos alunos não conseguiu acessar o

material e o conteúdo foi novamente trabalhado em sala. Pode-se perceber que, aqueles alunos

que fizeram o estudo prévio com o material de apoio e tentaram responder o questionário,

participaram ativamente das discussões em sala, isso porque já tinham uma noção do que

estavam vendo, podendo assim aproveitar mais do conteúdo. Martín (2015) confirma que os

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alunos que fazem um estudo prévio regularmente, comparados àqueles que não o fazem,

participam mais e de maneira mais efetiva das discussões em sala.

Figura 3 - Slide sobre Equilíbrio Químico e a acidificação dos oceanos. Adaptado de Martins (2018)

2.2.3 Texto

A inserção de textos dentro do ensino de ciências vem sendo uma prática muito

comum para complementar a utilização de materiais didáticos tradicionais em sala de aula,

como o livro didático. A utilização de textos, além de facilitar a incorporação do saber

científico, pode contribuir para a formação de hábitos e atitudes que permaneçam nos

estudantes após a saída da escola (QUEIROZ et al., 2012). A autora comenta ainda que,

Estratégias didáticas que valorizam o contato dos alunos com diferentes tipos de

textos científicos e expressam uma variedade de formas de argumentação e pontos

de vista podem trazer certos benefícios, dentre os quais estão: acesso a uma maior

diversidade de informações; desenvolvimento de habilidades de leitura e domínio de

conceitos, formas de argumentação e elementos de terminologia científica. Assim,

passar a conhecer uma variedade de tipos de textos científicos, desde reportagens de

mídia até originais de cientistas, é condição para tornar-se um participante da cultura

científica. (QUEIROZ et al., p.4, 2012).

Trabalhar com textos dentro da metodologia da sala de aula invertida pode ser

uma estratégia muito válida. Neste caso, não haverá a necessidade de possuir um acesso à

internet ou algum aparelho tecnológico específico, uma vez que os textos poderão ser

impressos e entregues aos alunos. Dessa maneira há a garantia de que todos receberam o

material necessário, além de criar e estimular nos alunos o hábito e o gosto pela leitura.

(QUEIROZ et al., 2012).

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Os textos como material instrucional aos alunos são uma excelente alternativa para

turmas em que os alunos não possuam muito acesso a tecnologias, isso porque, é possível

trabalhá-los de maneira física, imprimindo-os ou até mesmo, utilizando livros. Além de

garantir que todos os alunos vão ter acesso ao material, o professor estimula nos alunos o

hábito da leitura e da pesquisa, além de auxilia-los na parte escrita também. Como cada aluno

terá seu próprio texto, ele conseguirá grifar aspectos importantes do conteúdo que se está

trabalhando, fazer anotações e questionamentos, que poderão ser levados à sala e discutidos

de maneira individual, ou até mesmo, com toda a turma.

Exemplo de Atividade Implementada na EJA

A terceira atividade consistiu em um texto abordando os conceitos da Termoquímica,

contextualizado com o tema Combustíveis Fósseis (ANEXO 1). Esse material foi impresso e

entregue aos alunos contendo um questionário para ser respondido e entregue na próxima

aula.

A principal dificuldade relatada pelos alunos, com relação à atividade 3, foi o extravio

do material. Como o texto foi impresso e entregue aos alunos, os mesmos relataram, por

mensagem, no aplicativo de conversa, que haviam perdido a folha com o material de estudo.

Pode-se perceber que os próprios colegas da turma ajudaram esses alunos mandando foto do

texto no aplicativo.

O curioso dessa estratégia é que, mesmo disponibilizando o material de estudo de uma

maneira que não necessitasse de algum meio tecnológico para os alunos terem acesso, os

mesmos acabaram utilizando da tecnologia para interagirem e se ajudarem de alguma

maneira. De acordo com Nichele (2016), a utilização da mobile learning permite que os

alunos interajam uns com os outros, e até mesmo com o professor, estando fora da escola.

Com isso percebemos que a interação entre os alunos aumentou durante a realização da

atividade.

A atividade 3 foi a que teve uma maior devolutiva pelos alunos, uma vez que todos

tiveram acesso ao material sem nenhum empecilho agravante. Queiroz et al (2012) aponta que

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os alunos possuem mais acesso a textos impressos nas escolas, exemplo os livros didáticos,

mas que na maioria das vezes compreender apenas parte do que leem, fazendo com que

percam o interesse pela leitura. De acordo com a autora, é importante que os professores

percebam o potencial didático dos textos, e que estejam mais próximos da leitura espontânea

de seus alunos do que os textos dos livros didáticos, ou seja, que contextualizem os conceitos

e conteúdos estudados com o cotidiano desses alunos (QUEIROZ et al., 2012),

principalmente quando trabalhado com as turmas da EJA.

2.3 Uso do celular: grupo de conversa

A educação tradicional enfrenta uma árdua disputa com o mundo tecnológico no qual os

alunos estão inseridos atualmente. O professor, por sua vez, acaba tendo que buscar por

estratégias que aproximem esse aluno da sala de aula, ou que aproxime a sala de aula do

mundo tecnológico que esse aluno está inserido. Com o uso frequente de smartphones e

tablets pelos alunos, acaba encorajando a educação a potencializar o desenvolvimento do

mobile learning, ou seja, aprendizagem por mobilidade. NICHELE, 2016).

O mobile learning referem-se aos processos de aprendizagem apoiados pelo uso de

tecnologias da informação ou comunicação móveis e sem fio, cuja característica

fundamental é a mobilidade dos aprendizes, que podem estar distantes uns dos

outros e também em espaços informais. (SACCOL et al., p.25, 2010).

Essa modalidade permite que alunos interajam uns com os outros e até mesmo com o

professor, estando fora da escola ou até mesmo fora da cidade.

Outro fator a ser considerado é a inclusão digital. Para Marcon e Carvalho (p. 3, 2016)

a inclusão digital é um “processo que fomenta apropriações tecnológicas nas quais os sujeitos

http://www.scielo.br/scielo.php?

pid=S1516-

73132007000300002&script=sci_

arttext&tlng=pt

Saiba mais sobre a

utilização de textos em

sala de aula e conheça

mais alguns exemplos

de textos e narrativas

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são compreendidos como produtores ativos de conhecimento e de cultura.” A autora comenta,

também, que a utilização da inclusão digital gera o empoderamento das pessoas e garante a

equidade social, valorizando a diversidade e as necessidades de cada indivíduo, visando a

transformação das suas próprias condições de existência, como no coletivo em que vive, além

do exercício da cidadania na rede. (MARCON e CARVALHO, 2016). Dessa maneira, a

inclusão digital aumenta o entrosamento entre os alunos, bem como o convívio uns com os

outros, estreitando laços e aumentando a comunicação social e estudantil.

A utilização do smartphone foi essencial durante toda a aplicação das atividades, uma

vez que era o meio de comunicação principal entre os alunos e a professora e, também, entre

os próprios alunos. Como os encontros com a professora em sala aconteciam apenas uma vez

na semana, a comunicação pelo grupo de conversa facilitava o tirar dúvidas do conteúdo ou

até mesmo para relatar eventuais problemas com o material. Dessa maneira, além de a

professora acompanhar o processo de aprendizagem e estar à disposição para ajudar, os

demais colegas poderiam entrar e participar das discussões que ali aconteciam. Todos esses

eventos de interação aluno-professor e aluno-aluno se enquadram dentro dos requisitos da

metodologia SAI.

Assim o uso do aplicativo de conversa em grupo também permite ao professor

verificar as dúvidas e o desenvolvimento do aluno com relação à apropriação do

conhecimento que está sendo trabalhado e acompanhar a interação entre os alunos. Estas

informações poderão auxiliar o professor na escolha das atividades, dos materiais

complementares e na condução da aula presencial, quando serão realizadas atividades para

aprofundamento e debate sobre os conceitos trabalhados.

Dica de leitura:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/cadernoscap/article/view

File/229430/28802

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3. TEMÁTICA PARA CONTEXTUALIZAÇÃO: a participação dos alunos na

escolha do tema

Após a aplicação dessas atividades decidiu-se produzir um material instrucional utilizando

a SAI, para trabalhar um tema sugerido pelos alunos através de uma roda de conversa. Como

todas as dificuldades encontradas e observadas nas atividades anteriores foram levadas em

consideração, essa foi a atividade que obtive o resultado mais positivo com essa turma da

EJA, com isso, compartilho com você professor(a) esse exemplo.

3.1 Proposta da SAI para o estudo de Funções Orgânicas

De acordo com o observado durante as aplicações anteriores, a forma com que foi

obtida maior participação dos alunos foi utilizando o material de forma impressa, então um

livreto na forma de cartilha foi desenvolvido, contendo uma sequência didática abordando o

conteúdo de funções orgânicas contextualizado com o uso de fármacos (Apêndice B). Essa

cartilha foi entregue aos alunos para que o conteúdo fosse estudado em casa. Na aula

posterior, os conceitos foram utilizados na execução de uma atividade experimental em sala

de aula.

Como a cartilha foi impressa e entregue a cada aluno, houve a certificação de que

todos receberam o material instrucional, não havendo assim, complicação no acesso desse

material. O grupo de conversa foi o principal canal de comunicação entre o professor e os

alunos e, muitas dúvidas puderam ser sanadas por ele, principalmente referente aos nomes das

funções orgânicas presentes nos medicamentos. Todos os alunos devolveram a cartilha

devidamente preenchida.

Durante todo o desenvolvimento dessa atividade foi possível perceber o engajamento

dos alunos na busca de novas informações, além daquelas, na solução de alguns problemas e

até mesmo no entendimento de alguns termos científicos presentes no material. A interação

entre os alunos aconteceu principalmente, por meio do aplicativo de conversa. A todo o

momento questionamentos e dúvidas eram lançadas e respondidas pelos próprios colegas, à

intervenção do professor, muitas vezes, não era necessária. Além do aplicativo de conversa,

na sala de aula no encontro posterior, a participação dos alunos durante as discussões sobre o

tema foi mais efetiva do que nos encontros anteriores, acredita-se que pelo fato de todos terem

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tido acesso ao material foi possível que todos participassem ativamente das discussões e

“falassem a mesma língua”.

Além de utilizar de um tema sugerido pelos alunos e, levando em consideração o

potencial dessa atividade, tendo em vista os resultados obtidos nas atividades anteriores,

propiciou que o desenvolvimento dessa cartilha fosse embasado na proposta de ensino de

Freire, onde o autor propõe trabalhar os conteúdos curriculares a partir de temas geradores e

que sejam do interesse dos alunos. Freire (1987). De acordo com Solino e Gehlen (2015), o

problematizar um tema na perspectiva freireana, leva os estudantes “a sentirem necessidade

de buscar e aprender novos conhecimentos que podem ajuda-los no enfrentamento de

problemas significativos e reais”. Assim, o tema gerador será o meio para o desenvolvimento

do conhecimento científico, ou ainda, irá “mediar às relações entre os sujeitos e o objeto do

conhecimento” (SOLINO, 2015).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada atividade foi preparada separadamente, justamente para verificar a aceitação dos

alunos para com essa metodologia, o uso das diferentes estratégias, bem como, a sua

viabilidade nas turmas da EJA. Por isso houve a diversidade e a necessidade da variação da

maneira como os materiais foram disponibilizados aos alunos. Essas variações surgiram em

decorrência das dificuldades apresentadas pela turma para conseguir ter acesso ao material

disponibilizado.

Mediante cada atividade, a participação dos alunos aumentava, porém, a frustração de

alguns por não conseguirem acessar o material também. Embora, quando solicitados sobre a

utilização da metodologia sala de aula invertida, todos concordaram e gostaram da ideia,

alegando que “seria bom ir para a escola tendo noção do que se iria estudar”. A utilização do

Proposta didática de ensino de Freire - Processo de

Ensino Aprendizagem da Física com o Uso da

Experimentação Problematizadora em uma

turma de EJA do Ensino Médio. (VIDAL, 2017) SAIBA MAIS

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aplicativo de conversa foi fundamental para o andamento das atividades, sendo muito

utilizado pelos alunos para sanar dúvidas.

Ressalto a importância da implementação de mídias digitais durantes aulas, quando

utilizadas de maneira adequada. Durante a aplicação da metodologia pode-se perceber um

envolvimento maior dos alunos, principalmente uns com os outros, envolvimento esse, que só

foi possível devido ao grupo de conversa via celular. Apesar das dificuldades encontradas

pelos alunos para ter acesso aos materiais de apoio, como o vídeo e o slide, em todo o

momento, no grupo de conversa, os alunos tentavam se ajudar. O fato da dificuldade de

acessibilidade dos alunos a esses materiais não diminui a eficiência dos mesmos, isso porque,

quando foram retomados em sala, a apropriação dos conceitos pelos alunos, bem como a

participação e envolvimento durante as discussões foram muito efetivas. Quando utilizado,

conscientemente, diferentes tipos de mídias em sala, essas atuam como facilitadoras na

transversalidade entre o conteúdo acadêmico e o mundo externo à escola, contribuindo para

uma aprendizagem com significado para esse aluno.

A elaboração de materiais didáticos que se encaixem nas especificidades de cada

turma é fundamental para um bom funcionamento da SAI. Modificar as estratégias pode ser

uma maneira de conseguir alcançar a maioria dos alunos com diferentes percepções e ideias.

É importante também, que após os alunos fazerem o “trabalho” em casa, o professor consiga

retomar pontos importantes em sala, em atividades diversificadas, onde o aluno consiga

perceber a importância do estudo posterior e também, da busca por novas informações sobre o

tema sugerido.

A mudança da metodologia pode ser uma maneira de fazer com que haja a

recuperação do ânimo da turma, bem como, aumentar o entrosamento e envolvimento dos

alunos com a disciplina. A escolha adequada da metodologia é fundamental para se obter

sucesso no andamento das atividades, porém, o professor tem a oportunidade de escolher

atividades que possuíram resultados positivos, como as que compõem esse guia e, adaptá-las

à sua realidade. Poder utilizar a SAI em sala de aula é uma maneira de fazer com que os

alunos sintam-se parte fundamental no processo de construção do conhecimento, pois eles

mesmos percebem, durante o andamento das atividades, que quando não fazem a parte que

cabe a eles, elas não funcionam direito, mostrando a importância da cooperação entre todos os

envolvidos no processo, aumento o senso de responsabilidade e o entrosamento da turma.

Possibilitar que os alunos escolham temáticas e assuntos a serem trabalhados faz com que eles

se sintam parte no processo tanto de aprendizagem como de ensino, mostrando a capacidade

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de autonomia que os alunos possuem e que deve ser enaltecida em sala. Propiciar esse tipo de

vivência ao aluno não só o aproxima da escola, como permite que o estudante queira “levar a

escola” à sua vivência, atingindo o objetivo principal da docência, o prazer em ensinar e

aprender.

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REFERÊNCIAS

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psicanálise do conhecimento. Tradução: Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro.

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In: Seminário de Ciências Sociais e Humanas. Londrina – PR, 2011.

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<file:///C:/Users/Gabriel/Downloads/67380-278252-1-PB.pdf> . Acesso em: 15 de Outb.

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SOLINO, A. P., GEHLEN, S. T. O Papel da Problematização Freireana em Aulas de Ciências

/ Física: Articulação entre Abordagem Temática Freireana e o Ensino de Ciências por

Investigação. Revista Ciência Educ, Bauru, v. 21, n. 4. 2015.

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Anexo 1 – Texto contendo o conteúdo de Termoquímica.

Combustíveis Fósseis e a Poluição

Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis como o carvão, petróleo e o gás natural. O

nome fóssil surge pelo tempo que demora à sua formação, vários milhões de anos. Estes recursos que

agora se utilizam foram formados à 65 milhões de anos.

A regeneração destes fósseis é mesmo o cerne do problema, pois uma vez esgotados só

existirão novamente passado bastante tempo. A economia global está dependente destes recursos

naturais, daí as variâncias do preço do petróleo, pois prevê-se que acabe em poucas décadas, o que

influência em grande parte a crise financeira que agora se vive.

O uso destes recursos, teve naturalmente grandes impactos na evolução do Homem, tanto para

o melhor, a nível social, tecnológico, económico e uma grave consequência para o meio ambiente. As

grandes consequências surgem com o uso deste tipo de combustíveis, como a contaminação do ar pela

sua combustão, sendo mesmo um problema para a saúde pública.

Os combustíveis fósseis têm valor muito alto em termos de eficiência energética. Assim, a

queima de um grama de combustível fóssil libera uma quantidade enorme de energia. Os combustíveis

fósseis são mais fáceis de extrair e processar, por isso são mais baratos do que as formas não

convencionais de energia.

Gases como o dióxido de carbono são considerados poluentes por agirem diretamente com o

efeito de estufa, aumentando assim o aquecimento global, não deixando dissipar o calor gerado pelos

raios solares. Este aumento de temperatura é sentido nos dias que correm, e provavelmente trará

consequências de dimensões catastróficas se nada for feito em contrário.

Algumas das energias renováveis onde atualmente existe um maior desenvolvimento:

Biomassa: utiliza matéria de origem vegetal para produzir energia (bagaço da cana de açúcar, álcool,

madeira, palha de arroz, óleos vegetais, etc).

Energia Solar: utiliza os raios solares para gerar energia. Oferece vantagens como: não polui, é

renovável e existe em abundância. A desvantagem é que ainda não é viável economicamente, custos

muito elevados.

Energia Eólica: é a energia gerada através da força do vento captado por aerogeradores. Suas

vantagens são: é abundante na natureza, intenso e regular e produz energia a preços relativamente

acessíveis.

Etanol: é produzido principalmente a partir da cana-de-açúcar, do eucalipto e da beterraba. Como

energia pode ser utilizado para fazer funcionar motores de veículos ou para produzir energia elétrica.

Suas vantagens são: é uma fonte renovável e menos poluente que a gasolina.

Biodiesel: o biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel.

Vantagens: é renovável, não é poluente. Desvantagem: existe esgotamento do solo.

Exemplos de Fontes de Energias Renováveis: Hídrica, Eólica, Solar, Geotérmica, Ondas e Marés e

Biomassa.

Fonte: ambiente.kazulo/combustiveis-fosseis-e-poluicao.

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Apêndice A – Slides abordando o conteúdo de Equilíbrio Químico.

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29

Apêndice B - Cartilha sobre o conteúdo de Funções Orgânicas

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1

Seque ncia dida tica A Sala de Aula Invertida Aplicada no Ensino de Funções Orgânicas para a Educação de

Jovens e Adultos

ELABORAÇÃO:

Prof. Andrieli Dambrós

ORIENTAÇÃO:

Prof. Dra. Maria da Graça

Moraes Braga Martin

2018

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2

Fonte: HTTPS://WWW.IMAGINIE.COM.BR/TEMAS/PROPOSTA-DE-REDACAO-AUTOMEDICACAO-EM-DEBATE-NO-SECULO-XXI/

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3

POR QUE OS REMÉDIOS ALIVIAM DORES E SINTOMAS DE DOENÇAS?

Isso acontece porque nos remédios e medicamentos em geral, existem substâncias

chamadas de princípios ativos, mas o que são esses princípios ativos?

Princípio Ativo é a substância existente no medicamento, responsável pelo seu efeito

terapêutico. Essa substância também pode ser chamada de molécula ativa.

Os princípios ativos ficaram muito conhecidos com a chegada dos genéricos, porque

eles levam o próprio nome da molécula, como: Omeprazol (pratiprazol) e Nistatina + Óxido

de Zinco (pratidern).

MAS, QUANDO LEMOS UMA BULA, VEMOS QUE OS MEDICAMENTOS TÊM

VÁRIOS COMPONENTES NA FÓRMULA. SE O PRINCÍPIO ATIVO É O

RESPONSÁVEL PELO EFEITO, POR QUE A GENTE NÃO TOMA SOMENTE ELE?

Já reparou que alguns medicamentos vêm com uma indicação de peso na caixa,

geralmente em mg (miligrama)? Aquilo é quanto de princípio ativo existe no medicamento. O

Ibuprofeno 600mg, por exemplo, leva esse nome porque tem 600mg de princípio ativo.

Imagina o transtorno que seria se você tivesse que pesar 600mg de um pozinho para se

medicar!

Os outros componentes dos medicamentos — que às vezes têm aquele nome

impronunciável — exercem várias outras funções, como aumentar a durabilidade do

medicamento e torná-lo ainda mais eficaz.

O GRUPO FUNCIONAL, QUANDO LIGADO NA POSIÇÃO CORRETA DA MOLÉCULA,

PODE FAZER COM QUE ESSA SUBSTÂNCIA POSSUA ALGUMAS PROPRIEDADES, PODENDO

TORNÁ-LA UM PRINCÍPIO ATIVO. NA QUÍMICA ORGÂNICA, ESSES GRUPOS SÃO

CHAMADOS DE FUNÇÕES ORGÂNICAS E SEPARADOS EM FUNÇÕES OXIGENADAS E

FUNÇÕES NITROGENADAS.

FUNÇÕES OXIGENADAS

POSSUEM PELO MENOS UM ÁTOMO DE OXIGÊNIO

NA MOLÉCULA, SENDO ESSA PORÇÃO O GRUPO

FUNCIONAL. EX:

FUNÇÕES NITROGENADAS POSSUEM ÁTOMOS DE CARBONO, HIDROGÊNIO E

NITROGÊNIO, NESSAS MOLÉCULAS PODE HAVER

TAMBÉM, UM ÁTOMO DE

OXIGÊNIO.

EX :

Grupo Funcional Grupo Funcional

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4

COMO IDENTIFICAR OS GRUPOS FUNCIONAIS NAS MOLÉCULAS

ORGÂNICAS?

EXISTEM VÁRIOS TIPOS DE GRUPOS FUNCIONAIS;

CADA GRUPO É DIFERENTE DO OUTRO;

A PRESENÇA DE GRUPO FUNCIONAL NO LUGAR ADEQUADO DA

MOLÉCULA, FAZ COM QUE ELA POSSUA PROPRIEDADES FARMACÊUTICAS;

SE O GRUPO FUNCIONAL ESTIVER UMA PARTE DIFERENTE DA

MOLÉCULA, ELA NÃO POSSUIRÁ PROPRIEDADES FARMACÊUTICAS;

EXEMPLO: O PROPANOLOL (UTILIZADO COMO CLORIDRATO PARA O TRATAMENTO DE

PRESSÃO ALTA), É UMA SUBSTÂNCIA QUE POSSUI TRÊS GRUPOS FUNCIONAIS (OH-, NH, C-

O-C), PORÉM, ESSA SUBSTÂNCIA SÓ POSSUI PROPRIEDADES FARMACÊUTICAS QUANDO OS

GRUPOS FUNCIONAIS ESTÃO EM UMA POSIÇÃO ESPECÍFICA.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A MOLÉCULA DE PROPANOLOL E AS

MOLÉCULAS ABAIXO?

VAMOS PENSAR???

01) O QUE SÃO PRINCÍPIOS ATIVOS?

02) ONDE PODEMOS ENCONTRA-LOS?

03) O QUE ACONTECE NO NOSSO ORGANISMO QUANDO INGERIMOS UM MEDICAMENTO

QUE NÃO POSSUI O PRINCÍPIO ATIVO CORRETO?

04) COMO PODEM SER CLASSIFICADOS OS GRUPOS FUNCIONAIS NA QUÍMICA

ORGÂNICA?

Propanol Etil – isopropil éter Etil - metilamina

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5

VAMOS CONHECER OS GRUPOS FUNCIONAIS ?

FUNÇÕES OXIGENADAS

ÁLCOOIS

É CONSIDERADO UM ÁLCOOL, TODO COMPOSTO ORGÂNICO QUE APRESENTA UM

GRUPO OH- LIGADO A UM CARBONO.

FENÓIS

FENOL É TODO COMPOSTO ORGÂNICO QUE POSSUI UM GRUPO OH- LIGADO A UM

CARBONO QUE PERTENCE A UM ANEL AROMÁTICO.

ÉTERES

ÉTER É TODO COMPOSTO QUE POSSUI O OXIGÊNIO ENTRE DOIS CARBONOS, COMO

HETEROÁTOMO.

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ALDEÍDOS

ALDEÍDO É TODO COMPOSTO ORGÂNICO QUE POSSUI UM GRUPO C = O LIGADO A UM H.

CETONAS

CETONA É TODO COMPOSTO ORGÂNICO QUE POSSUI O GRUPO C = O ENTRE DOIS

CARBONOS.

ÁCIDOS CARBOXÍLICOS

ÁCIDO CARBOXÍLICO É TODO COMPOSTO ORGÂNICO QUE POSSUI O GRUPO C = O

LIGADO A UM GRUPO OH- .

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ÉSTERES

ÉSTER É TODO COMPOSTO FORMADO PELA TROCA DO GRUPO OH- , DO GRUPO C = O

DE UM ÁCIDO, POR UM GRUPO FORMANDO O GRUPO FUNCIONAL

FUNÇÕES NITROGENADAS

AMINAS

AMINA É TODO COMPOSTO ORGÂNICO DERIVADO DA AMÔNIA (NH3), PELA TROCA DE

UM, DOIS OU TRÊS HIDROGÊNIOS POR UMA CADEIA CARBÔNICA.

AMIDAS

AMIDA É TODO COMPOSTO QUE POSSUI O NITROGÊNIO (N) LIGADO DIRETAMENTE A UM

GRUPO C = O.

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EXERCÍCIOS

01) Complete as frases abaixo utilizando as palavras Oxigênio ou Nitrogênio.

a) As Funções oxigenadas possuem esse nome porque contém em sua estrutura, pelo

menos, um átomo de ______________, já as funções nitrogenadas, possuem esse

nome, pois em sua estrutura contém um átomo de ___________.

b) Nos éteres o __________ está presente entre dois átomos de carbono, como um

heteroátomo.

c) Os ácidos carboxílicos são moléculas que possuem dois átomos de ____________,

sendo que um deles faz dupla ligação com um carbono.

d) As amidas são compostos orgânicos que possuem um átomo de ___________

ligado diretamente com uma C = O.

02) Identifique o grupo funcional nas moléculas de medicamentos abaixo, e em seguida, de

o nome de cada grupo funcional. OBS: Pode haver mais de um grupo funcional por

molécula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FONSECA, MARTHA REIS MARQUES DA. QUÍMICA: ENSINO MÉDIO / MARTHA REIS . 2 ED. SÃO PAULO: ÁTICA, 2016.

PAZZINATO, MAURÍCIUS. ET ALL. UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA PARA O ENSINO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS ATRAVÉS

DA TEMÁTICA MEDICAMENTOS. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, V. 34, 2012.

metanfetamina Tilenol

Ibuprofeno Aspirina