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Saberes: Escritos (nossos) do curso de Letras A estrada até aqui CELIO SARAIVA (org.) GISELE CRISTINE (org.)

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Page 1: Saberes: Escritos (nossos) do Curso de Letras: A estrada até aqui

Saberes: Escritos (nossos) do curso

de Letras

A estrada até aqui

CELIO SARAIVA (org.)

GISELE CRISTINE (org.)

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Saberes: Escritos (nossos) do curso de Letras

Saberes: Escritos (nossos) do curso de Letras : A estrada até aqui / Celio dos Santos Saraiva (organizador); Gisele Cristine Tavares Pereira. – South Carolina : CreateSpace Independent

Publishing Platform, 2014.

Organização: Celio dos Santos Saraiva e Gisele Cristine Tavares Pereira

Revisão: Fábio da Silva Custódio e Gisele Cristine Tavares Pereira

SABERES: ESCRITOS (NOSSOS) DO CURSO DE LETRAS

Copyright © 2014 Celio Saraiva

All rights reserved.

Todos os direitos reservados.

ISBN: 1494273950ISBN-13: 978-1494273958

Contato: [email protected]

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Aos docentes e aos familiares, responsáveis pelo nosso desempenho acadêmico.

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CONTEÚDO

Conhecimentos i

1 Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector

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2 Ensaio sobre o conto “Monandengues” 7

3 Literaturas africanas de língua portuguesa: uma análise do conto “O último carnaval da Vitória” e do romance “Os da minha rua”

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4 África e Brasil: Letras em traços, uma resenha

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5 Relações de sentido: pressuposições e tropos

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6 O Cortiço: uma estranha alegoria do Brasil/Apreciação crítica de “O homem que sabia Javanês”

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7 Um ensaio sobre Oliver Twist, de Dickens 19

8 O trabalho social em Durkheim e Marx 20

9 Literatura de Cordel: visando estereótipos 21

10 As gerações roânticas da literature brasileira

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11 A reificação de Paulo Honório em São Bernardo

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12 O auto de São Lourenço: um olhar sobre a colonização do Brasil

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13 Características da obra “A ilustre casa de Ramires”, de Eça de Queirós

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14 An allegorical novel: A Christmas Carol, by Dickens

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15 Moby Dick 1956 46

16 Submissão e sacrifício destinado: amor e heroísmo em Iracema, de José de Alencar

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CONHECIMENTOS

O material aqui prestado é de caráter puramente acadêmico e dispensa conteúdos teóricos pesados. Os

textos foram construídos por alunos no período de graduação, que despuseram-se a entrega-los e publicá-los

neste livro, com o intuito de guarda-los em memória ao findar do curso.

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1 PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM, DE CLARICE LISPECTOR

ELIONAI DE OLIVEIRA BASTOSLUCIANA FERNANDES CARDOZO

TALITA PINHO DE OLIVEIRATATIANA SOBRAL DA CRUZ

BIOGRAFIA

Clarice Lispector

A escritora Clarice Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia. Mudou-se para o Brasil, Alagoas, aos dois meses de idade. Pouco tempo depois, no ano de 1924, Clarice e sua família composta pelos pais Pedro Lispector, Marian e mais duas irmãs mais velhas: Elisa e Tânia mudaram-se para Recife, onde Clarice passou toda a sua infância e parte da adolescência. A escritora frequentou o Grupo Escolar João Barbalho, onde aprendeu a ler; cursou o terceiro ano primário no Colégio Hebreu – Índiche – Brasileiro; começou o ensino médio no Ginásio Pernambucano. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde a mãe faleceu. Matriculou-se no Colégio Silvio Leite e, posteriormente, cursou a Faculdade de Direito. No ano de 1939, Clarice começou a trabalhar como redatora na Agência Nacional e como tradutora e jornalista no jornal A Noite. No ano de 1943, já formada em Direito, “Me formei por pirraça, só para provar que era capaz de levar até o fim”, Clarice casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente.

Por causa da carreira do diplomata, Clarice morou em muitos países: Itália, Suíça e Inglaterra. Em 1952, foi para Washington (EUA), onde viveu com seus dois filhos, Pedro e Paulo Gurgel Valente, por oito anos. Em 1959, separou-se do marido e retornou definitivamente para o Brasil; um dos filhos ficou com ela no Rio de Janeiro, o outro ficou com o pai, que se casou novamente em 1967.

Clarice foi vítima de um incêndio em sua casa provocado por um cigarro

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aceso esquecido. Fez cirurgias plásticas e continuou a escrever deprimida, recusando convites e homenagens, preferindo ficar recolhida em sua residência. Morreu de câncer em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu aniversário de 57 anos.

Clarice continua sendo considerada hermética por alguns, magistral e luminosa por outros e misteriosa por todos. Quando ela morreu, Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Clarice veio de um mistério partiu para outro ficamos sem saber a essência do mistério ou o mistério não era essencial. Essencial era Clarice vagando nele”.

Estilo literário de Clarice

Clarice Lispector tem um estilo literário inconfundível, presente em todas as suas obras. A renovação da linguagem encontra-se constante num grau que aproxima a prosa da poesia. Seus textos não só narram histórias, como também apresentam a síntese e a força expressiva típicas da poesia.

Além da linguagem, outro aspecto inovador nas obras de Clarice é a visão de mundo que surge de suas histórias. Mesmo tendo se iniciado como escritura numa época em que os romancistas brasileiros estavam voltados para a literatura regionalista ou de denúncia social, Clarice enfoca em seus textos o ser humano em suas angústias e questionamentos existenciais.

Em suas narrativas, o enredo, bem como as personagens, as referências de tempo e de espaço ganham novos significados: o enredo é quase sempre psicológico; o tempo e o espaço, por sua vez, têm pouca influência sobre o comportamento das personagens, o tempo é psicológico e o espaço é quase acidental.

A indiscutível originalidade e a perturbadora percepção da validade presentes na obra de Lispector, a tornam única dentro da literatura brasileira. É impossível ficar indiferente diante dos textos de Clarice, pois a força da sua linguagem e a intensidade das emoções das suas personagens atingem o leitor, provocando, no mínimo, um incômodo estranhamento, é como se o texto convidasse o leitor a desvendá-lo e, desvendando-o, descobrisse um pouco mais do ser humano.

Clarice e suas obras

Desde os sete anos de idade, Clarice já escrevia. Na sua adolescência, antes de publicar o seu primeiro livro, já havia escrito contos e histórias cujas quais foram recusadas por várias editoras, jornais e revistas.

Em 1942, começou a escrever seu primeiro romance, que foi publicado um ano depois chamado Perto do Coração Selvagem. Posteriormente, começa a escrever outros romances, contos, crônicas, ficção, livros infantis, livros de literatura brasileira, lendas brasileiras e novelas, tais como: O Lustre, A Cidade Sitiada, Alguns Contos, Laços de Família, A maçã no escuro, A Legião

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estrangeira, A paixão segundo G. H., O Mistério do Coelho Pensante, A mulher que matou os peixes, Água Viva, A vida íntima da Laura, A viacrucis do corpo, Visão do Esplendor e o seu último livro publicado no ano de sua morte, uma novela, A hora da estrela.

Após sua morte, várias de suas obras foram postas em publicação, como por exemplo: Para não esquecer, Um homem discreto, Quase de Verdade e Um sopro de vida, A Bela e a Fera, A descoberta do mundo, Como nasceram as estrelas (doze lendas brasileiras).

Além disso, a escritora cria suas metáforas: "uma orelha grande, cor-de-rosa e morta". O que será isso? O que ela quer dizer? Não se sabe ao certo, mas a essas construções esquisitas, Antonio Candido deu o nome de "metáforas insólitas", ou seja, metáforas muito inesperadas e bastante originais.

Toda a obra posterior de Clarice (contos e romances) "persegue" esse modo de narrar. A partir de 1960, depois de escrever mais alguns romances, Clarice volta ao Rio de Janeiro e consolida sua grande carreira de contista.

CONTEXTO HISTÓRICO EM QUE A OBRA FOI PRODUZIDA

Na literatura brasileira, a chamada Geração 45 surgiu a partir de trabalhos de poetas que produziam uma literatura oposta às inovações modernistas de 1922. Era uma fase de literatura intimista, introspectiva e de traços psicológicos, mesmo tendo se iniciado como escritura numa época em que os romancistas brasileiros estavam voltados para a literatura regionalista ou de denúncia social.

O momento histórico era o fim da Era Vargas, altos e baixos do Populismo, Ditadura e a Guerra Fria no contexto internacional. O ano de 1945 é o marco do fim da Segunda Guerra Mundial e do fim da Ditadura de Getúlio Vargas no Brasil. A partir desse ano, o mundo inicia a Guerra Fria e o Brasil entra em um processo de democratização política.

A Geração 45 não determinou uma ruptura profunda com a estética do século XIX, mas determinou uma nova valorização da palavra. Em comparação com a geração de 22, a Geração 45 foi menos radical, mais racional, utilizou o lirismo com maior sobriedade inserido na preocupação com a linguagem em si, não foi muito exigida politicamente e visou reformar valores estéticos, possibilitando o surgimento de um grupo de poetas neoconservadores e pós-parnasianos.  Ela também é referida como a geração neomoderna por buscar uma universalidade temática aliando ritmo e sentido às palavras poéticas. Essa geração considerava a arte poética como uma forma de expressão política, de contradições internas do homem e dos problemas sociais.

Em suma, a Geração de 45 trouxe uma mudança na produção poética do modernismo, buscou uma pesquisa sobre a linguagem, desenvolveu um traço formalizante, a valorização da palavra escrita e releitura dos costumes regionalistas. Entre os autores dessa geração

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destacam-se: Rubem Braga, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Guimarães Rosa e Mário Palmério.

PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM

Em 1942, Clarice Lispector começou a escrever seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, e o publicou em 1943.  Em sua narrativa, o enredo, bem como as personagens, as referências de tempo e espaço ganham novos significados. O tempo e o espaço, por sua vez, têm pouca influência sobre o comportamento das personagens; o tempo é psicológico e o espaço é quase acidental. 

Clarice estava introduzindo na literatura brasileira um novo modo de narrar, semelhante ao das escritoras de língua inglesa Katherine Mansfield e Virginia Woolf: o romance introspectivo, cujo enredo (a história) importa bem menos que o "mergulho" do narrador no fluxo de pensamento do personagem. 

Esse mergulho é tão abrupto, que o leitor depara-se com ele sem aviso do narrador. Joana, sua primeira protagonista, aparece no romance já capturada em meio a seus pensamentos. Veja os dois parágrafos iniciais de Perto do coração selvagem: 

“A máquina do papai batia tac-tac... tac-tac-tac... O relógio acordou em tin-dlen sem poeira. O silêncio arrastou-se zzzzzz. O guarda-roupa dizia o quê? roupa-roupa-roupa. Não, não. Entre o relógio, a máquina e o silêncio havia uma orelha à escuta, grande, cor-de-rosa e morta. Os três sons estavam ligados pela luz do dia e pelo ranger das folhinhas da árvore que se esfregavam umas nas outras radiantes.

Encostando a testa na vidraça brilhante e fria olhava para o quintal do vizinho, para o grande mundo das galinhas-que-não-sabiam-que-iam-morrer. E podia sentir como se estivesse bem próxima de seu nariz a terra quente, socada, tão cheirosa e seca, onde bem sabia, bem sabia uma ou outra minhoca se espreguiçava antes de ser comida pela galinha que as pessoas iam comer.”

Percebe-se que o narrador captura o pensamento da personagem (que não sabe ainda que chama-se Joana) e mostra isso através do discurso indireto livre. Tal estratégia de criar não foi inventada por Clarice Lispector, mas ela a usou como aspecto central de seu estilo em todas as suas obras.Nota-se também que a máquina de escrever é "do papai", portanto, logo de início, é a filha que tem seus pensamentos revelados, em total intimidade, pois ela está pensando apenas. Essa menina vai olhar com piedade para as galinhas "que não sabiam que iam morrer" e pensa nas minhocas que essas galinhas iriam comer, ou seja, nada é dito por Joana, para ninguém. É o narrador que a captura, e por isso cria um monólogo interior. Um modo diferente de narrar. E, notam-se as onomatopéias usadas (“tac-tac... tac-tac-tac... O relógio acordou em tin-dlen sem poeira. O silêncio arrastou-se zzzzzz”), o uso destas não era habitual na literatura vigente.

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RELAÇÃO ENTRE A OBRA E O MODERNISMO/ VANGUARDISTAS

Mesmo tendo se iniciado como escritura numa época em que os romancistas brasileiros estavam voltados para a literatura regionalista ou de denúncia social, Clarice enfocou em seus textos o ser humano em momentos de angústias e questionamentos existenciais.

O primeiro romance da autora fez certo alarde entre os críticos brasileiros. Alguns acharam a obra intolerável e estranha, diziam que "essa escritora de nome esquisito" queria se exibir. Outros, como Antonio Cândido, apesar de não verem na obra a perfeição, reconheceram a coragem dessa escritora desconhecida em usar nossa língua para criar frases introspectivas originais, metáforas extravagantes e enredos muito diferentes dos que os romancistas regionalistas (Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Lins do Rego) criavam na época, cujas obras engajadas, politicamente, todos gostavam.

A indiscutível originalidade e a perturbadora percepção da validade presentes na obra de Lispector tornam-na única dentro da literatura brasileira. É impossível ficar indiferente diante do texto de Clarice, pois a força da sua linguagem e a intensidade das emoções das suas personagens atingem “em cheio” o leitor, provocando no mínimo um incômodo ou estranhamento. É como se o texto convidasse o leitor a desvendá-lo e, desvendando-o, descobrisse um pouco mais do ser humano.

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.

(Clarice Lispector)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- NUNES, Benedito (2004).2- ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Sed: SP, 2007.3- ALMEIDA, Rogério Miranda de. Nietzsche e Freud: Eterno retorno e

compulsão à repetição. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

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2 ENSAIO SOBRE O CONTO “ MONANDENGUES”LETÍCIA LINS DE SOUZA

O conto “Monandengues” retrata a infância nos musseques sob a perspectiva das crianças. O conto mostra as peripécias de dois meninos, Zeca Kamakóri e Novato. A partir da perspectiva de infância mostrada no conto podemos perceber traços da infância na África e o modo como se relacionam crianças e os mais velhos.

As aventuras dos dois meninos revelam traços da infância e da representação da criança na sociedade africana. A partir da narração podemos perceber que as crianças têm de ir à escola, mas uma parte das crianças “cabulam” aula, passam a maior parte do dia na rua “vadiando” sem ter muita assistência dos adultos, pois os mesmos estão trabalhando.

Os personagens Novato e Kamakóri são típicos monandengues do musseque, são meninos que não gostam de estudar e passam a maior parte do tempo nas ruas. Novato é retratado como um menino malandro, que sempre arrumava confusão onde fosse e sempre se punha a mangar das pessoas que passavam pela rua, não gostava de estudar e sempre que podia faltava as aulas. E junto com seu primo Zito Kamakóri acabavam com o sossego do bairro, permanecendo todos os dias só na brincadeira. Ao mesmo tempo em que há muitas crianças ociosas no cenário de Luanda, também há crianças que trabalham, como é o caso da personagem Teté, irmã mais velha de Novato, ela faz trabalho de costura e renda para vender na vizinhança, além de ajudar a mãe no trabalho de lavadeira.

O espaço físico do conto se dá nas ruas do bairro de um musseque, um bairro pobre.

O narrador, narra a história como se estivesse contando de forma oralizada. As narrativas de tradição oral são costumes na contação de estórias africanas. A oralidade é a raiz de sentido.

A linguagem usada no conto é muito aproximada ao da linguagem da língua portuguesa- Brasil, porém algumas palavras são peculiares, como o uso de gírias, e palavras que fazem parte da cultura africana, como por exemplo: kilumba, kissendes, muxixeiro. Isso se dá pela crioulização, fusão da língua portuguesa ali disseminada pelo colonizador, com as várias línguas tribais existentes.

Na sociedade africana, os “mais velhos” são muito importantes, tendo lugar de destaque. No conto, a figura dos mais velhos é retratada com respeito, como no trecho em que falam de Dona Ambrosina, mãe de Novato: “Dona Ambrosina, velha boa de muita idade já, era pessoa de respeito no bairro”.

Outra figura que tinha o respeito dos monandengues Novato e Kamakóri era Zito Karibomo, o servente de sô Evaristo, um bom velho. Quando os meninos se cansavam de suas vadiagens e brincadeiras iam escondidos até o

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quintal de sô Evaristo, sentavam em umas pedras e punham-se a ouvir as estórias de Karibomo.

Essa é outra marca da cultura africana, a contação de estórias pelos griot, que são os contadores de histórias. Esses contadores com suas idades mais avançadas transmitem suas estórias, experiências aos mais novos e são muito respeitados pelo que representam, por serem os guardadores de conhecimento e sabedoria.

A terra de Zito Karibomo era Calula, o velho dizia que a vida em Luanda não era boa, pois tudo que se precisava devia recorrer às lojas, ao comércio como diz na passagem: “Vida ali não presta mesmo. Pessoa quer fubá, quer peixe, vai na loja; até monandengue quer banana, só na loja. Vida ali não pode ser boa!”.

Podemos perceber o conflito entre Tradição e Modernidade a partir desse trecho, através do diálogo entre duas gerações, a mais antiga representada por Karibomo, e a nova geração representada por Novato e Kamakóri. A geração antiga rejeita o progresso e a modernidade da vida em Luanda preferindo a vida pacata em Calula.

O tratamento era diferente do recebido por João Pastorinho, um velho pequenino, de cara zangada, que trabalhava como guarda do sô Evaristo, os monandengues do bairro mangavam-no cantando:“João Pastorinho João Pastorinho cabeça grande corpo pequeno...”

Os monandengues do bairro mais uma vez se dirigiam a casa de sô Evaristo para mangar de João Pastorinho, sem resposta. O velho não apareceu, apenas no dia seguinte os monandengues ficaram sabendo pelos mais velhos da morte de João Pastorinho.

As crianças não tinham mais a quem mangar, poderiam optar por mangar de Karibomo, mas haviam sido expulsos por sô Evaristo que prometeu dar-lhes bala, pois não queria os monandengues em seu quintal, correndo o risco de roubar suas couves, goiabas, tomates e mamões. Karibomo tinha testa grande e poderia virar piada entre os pequenos.

Porém, é perceptível na última estrofe do conto que os meninos ficaram com certo “medo” de retroceder ao quintal de sô Evaristo devido a morte de João Pastorinho.

A relação dos africanos com a morte é que a mesma é sempre um recomeço, um eterno ciclo. No conto também percebemos a presença da separação de negros e brancos do Apartheid, no trecho em que Novato e Kamakóri vão ao cinema e nos bilhetes estão escritos só para pretos: “É por isso que Kamakóri andava dizer pra comprarem bilhetes da superior, mas Novato gostava mesmo de ir na geral, mesmo que no bilhete escreviam lá com aquelas letras grandes encarnadas: SÓ PARA PRETOS”.

O conto Monandengues possui traços da literatura pós-independência, uma literatura que busca a valorização das tradições. Esse conto realça as características da infância, vida nos musseques, a representação dos mais velhos, as relações tradição e modernidade; e, morte e vida.

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3 LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE DO CONTO “O ÚLTIMO

CARNAVAL DA VITÓRIA” E DO ROMANCE “OS DA MINHA RUA”

TALITA PINHO DE OLIVEIRA

O último carnaval da vitória é um dos vinte e dois contos que compõem o livro Os da minha rua, escrito pelo angolano Ndalu de Almeida, o qual utiliza o pseudônimo Ondjaki.

O conto é narrado em 1ª pessoa por uma criança, que relata, por meio de lembranças, a sua infância, apresentando ao leitor suas experiências, vivências e práticas sociais. O narrador/autor conta como ocorriam as relações sociais e a comunicação entre as pessoas de sua família, entre a vizinhança, colegas, fatos corriqueiros, relações do cotidiano, e principalmente, como era a festa do Carnaval da Vitória, um ritual bastante esperado pelos africanos daquela região.

Ondjaki utiliza uma linguagem marcada pela oralidade, com diversas

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palavras do vocabulário regional africano, como: gasosa baptizada, paracuca, ngonguenh, bué, mota; e neologismo, como: polvilhar.

O cenário é retratado em Praia do Bispo, bairro da avó Nhé, África. O narrador apresenta alguns lugares onde são feitos os percursos por eles no dia da Festa do Carnaval que fazem parte das lembranças de sua infância.

Em relação ao tempo, pode-se inferir que o conto retrata o período da pré-independência, é identificável no momento em que a narrativa fala do primo que corrigiu a informação dada pelo locutor na televisão:

“O locutor deu alguma informação errada sobre o carnaval, e um dos primos disse que não era assim, que aquele era o Carnaval da Vitória porque a 27 de março se comemorava o dia em que as forças armadas tinham expulsado o último sul-africano de solo angolano (...)”.

A passagem do tempo pode ser marcada também pela comemoração da saída dos sul-africanos de Angola. A narrativa resgata o tempo da infância. A representação desta, no conto, é leve e se mantém afastada dos conflitos e dos problemas sociais, é apresentada como uma época feliz, mesmo que vivida durante períodos difíceis.

Outro fator observado no conto são algumas características da cultura africana, apresentadas através de origens simbólicas como a preparação da véspera, e o próprio dia da festa do Carnaval da Vitória:

“O ‘dia da véspera do carnaval’, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração. Na televisão passava o grande desfile do Carnaval da Vitória e, na Praia do Bispo – o bairro poeirento da avó Nhé –, formávamos um grupo pequenininho que, com um apito gigante, fazia uma passeata de quase 45 minutos.”

Outra característica presente que faz parte da cultura dos africanos é a relação com os membros da família (avós, primos, tios).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ONDJAKI. Os da minha rua. (Coleção ponta-de-lança). O último carnaval da vitória. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

Os da rua dele: vestígios da comunicação cotidiana na literatura de ondjaki, por Patrícia da Glória Ferreira Gomes.

Disponível em: <http://www.ec.ubi.pt/ec/13/pdf/EC13-2013Junho-05.pdf>

ILEEL – Instituto de Letras e Linguística.

<http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/pt/arquivos/silel2011/2190.pdf>

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4 ÁFRICA E BRASIL: LETRAS EM TRAÇOS, UMA RESENHA

TALITA PINHO DE OLIVEIRA

Capítulo introdutório

África & Brasil: letras em laços é o resultado da paixão de duas

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professoras cariocas pelas literaturas africanas de Língua Portuguesa: Maria do Carmo Sepúlveda e Maria Teresa Salgado. Tal publicação aumentou o número de escritores de suas obras discutidas e analisadas.

Com a iniciativa das professoras organizadoras e apoio do professor Russel Hamilton, catedrático de Literaturas Africana Lusófona, Brasileira e Portuguesa da Universidade de Vanderbilt, Estados Unidos, fora feita uma coleção de trechos dos estudos realizados por especialistas sobre as obras de 19 autores, sendo eles: Agostinho Neto, António Jacinto, Arnaldo Santos, Boaventura Cardoso, Costa Andrade, João Maimona, João Melo, José Eduardo Agualusa, Luandino Vieira, Manuel Rui, Paula Tavares, Pepetela e Ruy Duarte de Carvalho, de Angola; Dina Salústio e Vera Duarte, de Cabo Verde; Eduardo White, José Craveirinha, Mia Couto e Luís Bernardo Honwana, de Moçambique.

Podemos ver que os escritores angolanos ganharam um grande espaço em relação aos de Moçambique e Cabo Verde, sem contar os autores dos outros países africanos de expressão portuguesa que foram esquecidos. Mas, em controvérsia, as autoras reconhecem que o volume não pretendia comportar todos os importantes escritores africanos, o que vale é a produção de textos de alto nível pelos estudiosos escolhidos.

Importante ressaltar também, que todos são professores universitários brasileiros, o que prova que o Brasil, pelo menos nas universidades, não está assim tão de “costas viradas” para a África como se imagina. Esses ensaios reunidos são um caminho importante para quem se interessa em conhecer uma literatura que, apesar das singularidades históricas e culturais de cada país, nasceu da Língua Portuguesa.

Numa extensa introdução, Russel Hamilton cita uma relação de autores que participaram da história das literaturas de Língua Portuguesa na África nos períodos colonial e pós-colonial.

Após a conquista de Ceuta, no norte do Marrocos, portugueses estabeleceram-se no continente africano e um número significativo de africanos sabiam comunicar-se numa língua de base portuguesa chamada pidjin, um sistema verbal com objetivo comercial para facilitar a comunicação. De acordo com a linguística, quando um pidjin alcança a condição de língua-mãe de determinados indivíduos, ele se torna um crioulo, cujo maior desenvolvimento gramatical é mais utilizado nas situações sociais. Nos crioulos de base portuguesa também se verifica a influência de uma ou mais línguas indígenas. Na ex-colônia Cabo Verde é falado e escrito o português crioulizado.

Gerald Moser, professor universitário norte-americano descobriu um exemplar de Espontaneidades da minha alma, poemas dedicados às senhoras africanas, que provocou debates e resultou em vários ensaios e alguns livros sobre as possíveis origens da literatura africana de língua portuguesa no século XIX.

Referente à questão de etnia e nacionalidade, desde o século XVI, nos territórios dominados por Portugal, com o objetivo de civilizar os “selvagens”,

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oficializou-se a assimilação nas colônias, em que, para ser oficialmente reconhecido como civilizado, o indígena era obrigado a adotar os costumes dos colonizadores, como: exercer a religião cristã, falar e escrever em português, portar-se sob as normas do sistema econômico português, etc. Devido a essa assimilação, muitos africanos e indígenas ganharam uma visão de mundo cada vez mais reflexiva a respeito dessa posição entre colonizador e colonizado.

Houve vários fatores de âmbitos social, ideológico e cultural que contribuíram para a formação da expressão literária em língua portuguesa na África. Uma das muitas expressões literárias de resistência ao colonialismo é a de Agostinho Neto, poeta de etnia quimbundo, formado em Medicina em Portugal. Seu poema “Havemos de voltar”, de determinação nacionalista, além de ter sido traduzido em vários idiomas e publicado no exílio, tornou-se uma espécie de hino revolucionário da Angola.

Com a independência, muitas obras proibidas durante o período colonial foram publicadas nos novos países africanos e em Portugal. Nos primeiros anos após a independência, alguns escritores ainda criavam obras que mostravam euforia e sentimento revolucionário. O pós-colonialismo cria uma abertura na forma e no conteúdo da literatura dos PALOP, o que permite a muitos escritores audácia, experimentalismo e imaginação em suas obras.

Mia Couto, escritor africano de língua portuguesa, ficcionista pós- colonial, compõe obras que captam na escrita a oralidade dos povos indígenas, tornando-as um discurso literário crioulizado. A pós-independência levou muitos escritores a utilizarem o crioulo em histórias, lendas, prosas e poesias. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) foi uma entidade que muito incentivou a poesia e a prosa no crioulo, e que ajudou em várias outras iniciativas culturais e intelectuais.

Após a independência, houve muitas práticas de atividades literárias em São Tomé e Príncipe, ao contrário do período colonial. Há nessas ilhas um grande número de escritores, suficiente para sustentar um movimento literário.

Por mais que muitos países da África tenham semelhanças, os PALOP apresentam diferentes características na história, na linguística, no campo social e na cultura, mostrando um caráter singular em sua literatura.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SEPÚLVEDA, Maria do Carmo; e SALGADO, Maria Teresa. África &Brasil: Letras em Laços. Rio de Janeiro: Ed. Atlântica, 2000.

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Saberes: Escritos (nossos) do curso de Letras

5 RELAÇÕES DE SENTIDO: PRESSUPOSIÇÃO E TROPOS

CARLA LEITEGISELE CRISTINE TAVARES PEREIRA

LILIANE PINTO DE SOUZALUCIANA FERNANDES CARDOZO

MABELI DRUMOND VIANAPRISCILA CRISTINA DOS SANTOS LIMA

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivos, em sua primeira questão, explicar através dos conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre Semântica o trecho do texto A bota Amarela, de Martha Medeiros, bem como identificar e explicar uma figura de palavra ou tropo explorada pela autora na crônica apresentada; na segunda questão, os objetivos são identificar a expressão introdutora de pressuposição, reconhecer e escrever as informações distintas pressupostas no período do primeiro quadrinho da tira da Mafalda, de Quino.

Teremos como bases argumentativas as palavras de Rodolfo Ilari, João Wanderley Geraldi e Rocha Lima.

DESENVOLVIMENTO

Questão 1

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Partindo dos conhecimentos explorados por Rocha Lima acerca da figura de palavra ou tropo “metáfora”, primeiramente explicaremos o trecho da crônica A bota amarela, de Martha Medeiros:

“[...] e comprei a metáfora da vida que eu pretendia levar dali por diante.”

Para facilitar nossa explicação, destacaremos a expressão metáfora da vida. É possível perceber que a autora fez uso dessa expressão a fim de enriquecer o objeto (bota amarela) com novos valores expressivos, ou seja, não é uma bota comum, pois ela não costuma usar botas desse tipo e cor, esse novo sentido está de alguma forma, relacionado com o sentido primitivo da palavra.

Assim como a metáfora “consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é a sua, em virtude de uma comparação implícita” (LIMA, Rocha. p.501), a bota amarela representa para a personagem o desapego das crenças, ou seja, deixar de fazer o que era habitual, mecânico, automático perante as diversas situações impostas dia a dia.

No parágrafo seguinte ao do trecho retirado, é possível comprovar o pensamento da personagem no trecho “Se não usá-la, poderei colocá-la numa prateleira da parede para que ela me lembre de que não precisamos ter uma cor preferida, que nossas convicções podem ser reavaliadas sem prejuízo à nossa imagem”.

Portanto, “a metáfora é assentada numa relação de similaridade, encontrando o seu fundamento na mais natural das leis psicológicas: a associação de ideias” (LIMA, Rocha. p.502).

A partir de então, chegamos à segunda parte da questão, na qual teremos que identificar e explicar uma figura de palavra ou tropo explorada pela autora na crônica.

Identificamos a figura de palavra personificação, também chamada de prosopopeia ou animismo, que nada mais é do que “a atribuição a seres inanimados de ações, qualidades, ou sentimentos próprios do homem” (LIMA, Rocha. p.503). A figura está presente no trecho já citado por nós na primeira parte da questão:

“[...] poderei colocá-la numa prateleira da parede para que ela me lembre de que não precisamos ter uma cor preferida”

A bota amarela, nesse caso, identificada através dos pronomes sublinhados, assume características próprias de seres humanos, evidenciadas através do verbo lembrar, que traz o sentido de que a bota irá lembrar a personagem de que não precisamos ter uma cor preferida,

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ou seja, dá a entender que a personagem não lembra por si própria, mas sim a bota a “avisa”.

Questão 2

A segunda questão propõe que observemos o primeiro quadrinho da tira da Mafalda, de Quino, a fim de que, no item a, identifiquemos a expressão introdutora de pressuposição e explicitemos, no item b, as informações distintas presentes no mesmo período.

A fim de facilitar esse processo, transcreveremos o primeiro quadrinho abaixo:

“Bem, queridos amiguinhos, hoje continuaremos falando sobre o homem primitivo. O homem primitivo rendia culto ao fogo, à

chuva, ao trovão.”

Primeiramente, para respondermos o item a, destacaremos apenas o primeiro período do quadrinho. A expressão é “continuaremos falando”, pois “nos levam a reconhecer duas informações distintas numa mesma oração relativamente comum” (ILARI, Rodolfo, GERALDI, João Wanderley. p. 59). A expressão pressupõe conteúdos veiculados e encadeados a partir da oração exposta no período em destaque.

A locução verbal sugere duas possibilidades de pressuposições, identificadas nos tempos futuro do presente e passado. Vale ressaltar também a presença do marcador linguístico hoje, que é um adjunto adverbial de tempo que dá ênfase ao presente. Portanto, a transição temporal está delimitada em três momentos: futuro do presente, passado e presente.

A partir do que foi dito no item a, observaremos e analisaremos, no item b, as informações pressupostas encontradas no período, subdivididas da seguinte forma:

(1) O sujeito falava sobre o homem primitivo (num tempo que antecede ao da enunciação).

(2) O sujeito vai continuar falando sobre o homem primitivo (ou seja, um tempo seguinte ao da enunciação).

Em (1) admitimos que o sujeito já falava anteriormente sobre o homem primitivo, destacamos o verbo falava para evidenciar o tempo pretérito imperfeito, que representa um fato que era contínuo no passado. Em (2) percebemos que o sujeito, tendo como base a pressuposição (1), continuará uma ação na qual ele já havia começado anteriormente, ou seja, a ação de continuar falando sobre o homem primitivo, por este motivo destacamos a locução característica ao tempo futuro do presente.

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Para concluir nossa linha de raciocínio, encerramos nosso trabalho com as afirmações de Ilari e Geraldi, quando dizem que “uma oração pressupõe outra quando a verdade e a falsidade da primeira tornam inescapável a verdade da segunda” (p.61), portanto, “a pressuposição é então utilizada para configurar, por trás das informações passadas, uma ‘verdade’ que não pode ser contestada sob pena de bloquear o diálogo” (ILARI, Rodolfo, GERALDI, João Wanderley. p.63).

CONCLUSÃO

Acreditamos que, de maneira simples e objetiva, conseguimos alcançar os objetivos propostos inicialmente. Admitimos ter dificuldade em transformar em palavras nossos pensamentos acerca da questão que fala sobre a figura de palavra ou tropo, porém, por meio de debates, conseguimos chegar a uma conclusão.

Entendemos a importância da Semântica em nosso dia a dia e o sentido que nos permite compreender os significados pressupostos e implícitos de forma que consigamos lançar mão da comunicação entre nós através da linguagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

ILARI, Rodolfo, GERALDI, João Wanderley. Semântica. 6. ed. São Paulo: Ática, 1994.

6 O CORTIÇO: UMA ESTRANHA ALEGORIA DO BRASIL / APRECIAÇÃO CRÍTICA DE “O HOMEM QUE

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SABIA JAVANÊS”ANDREA DA SILVA NEIVA

CARLA PENA RIBEIROCLEA LUCILA

LETICIA DE ARAUJO EULALIO

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo escrever um texto dissertativo sobre o livro O Cortiço de Aluísio de Azevedo, ressaltando o seguinte tema: “O cortiço, uma estranha alegoria do Brasil”. Sendo utilizado como parâmetro para a análise o texto de Antonio Cândido “De cortiço a cortiço”.

Este texto dissertativo deve apresentar uma apreciação crítica sobre o conto de Lima Barreto “O homem que sabia javanês”.

DESENVOLVIMENTO

Aluísio de Azevedo quando escreveu a obra inspirou-se em Émile Zola que é autor de L’ASSOMMOR. O Cortiço narra a história da população que morava no Rio de Janeiro no século XIX. Essa narrativa ocorre em Botafogo num cortiço, ou seja, uma habitação coletiva.

Esse romance descreve as diferenças raciais e sociais entre os brancos, negros e mulatos, relatando os conflitos que ocorrem entre si. O romance retrata a mistura do plano real com o ficcional para a construção dos personagens, tornando-se uma alegoria do Brasil devido às várias misturas.

O Cortiço mostra a relação entre explorador e explorado, pois essa ocorre pelo estado de dominação, ou seja, gera um sistema de servidão entre os desfavorecidos e aborda também a vida dos portugueses no Brasil.

Os moradores do cortiço são pessoas normais que trabalham, têm família e amigos, porém, são envolvidas num contexto de luxúria, dinheiro, brigas, adultérios, amor, ambição, entre outros. Observamos que esse contexto não envolve somente as classes menos favorecidas, mas também as pessoas que compõem a classe dominante.

Aluísio de Azevedo procurou mostrar a luxúria, a sensualidade, a pobreza, o crime e a falta de caráter como se fosse uma característica do brasileiro, do negro, do pobre e do mulato. Sendo assim, os personagens adquirem essas características negativas que denigrem a imagem e que são independentes da sua raça.

A questão da animalização está presente em todo o enredo, pois tanto os trabalhadores braçais como os indivíduos com uma classe social elevada são comparados a animais. Como se esse instinto fosse um condição que pertence ao ser humano, só que nos menos favorecidos essa animalização é produzida

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em grau mais elevado. No texto “De cortiço a cortiço” Antonio Cândido afirma:

“Daí uma espécie de animalidade geral que tem sido apontada por mais de um crítico em todos os planos do livro, a começar pelo conjunto da habitação coletiva, vista como “aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas”, que manifestam o “prazer animal de existir”, mais acentuado noutro trecho, onde se fala d’”aquela massa informe de machos e fêmeas a comichar, a fremir concupiscente, sufocando-se uns aos outros”.” (CÂNDIDO, 2010, p.123)

Para Antônio Cândido, todos os fatos ocorrem em torno de João Romão que explora seus inquilinos e Bertoleza como se fossem escravos (burros de carga), servindo apenas para seus propósitos de criar fortuna. Ao longo da narrativa, para conseguir essa condição, utiliza todos os métodos possíveis para conseguir seu objetivo, seja mentindo ou roubando as pessoas que residiam em sua estalagem, sem mostrar nenhum arrependimento pelos seus atos vergonhosos. Antônio Cândido define seus atos como um capitalismo primitivo.

Em comparação aos personagens escravos, os moradores do cortiço eram escravizados e explorados pelo senhorio João Romão, porém os trabalhadores apresentam uma situação de vida um pouco melhor do que a dos escravos. Cada vez mais era explorada a força física na pedreira e aumentava-se o preço da estalagem. Os moradores continuavam mais miseráveis e o patrimônio de João Romão crescia devido à decadência dos outros.

Alguns personagens sofrem influências do meio que vivem, como por exemplo, Jerônimo, português recentemente chegado ao Rio de Janeiro, com desejo de fazer fortuna, porém quando encontra Rita baiana, encanta-se pela sua dança sensual, seu corpo banhado e perfumado três vezes ao dia e o café servido com parati, logo, o português é abrasileirado e assim, esquece da sua família e abre mão do seu sonho de enriquecer.

No cortiço, encontramos a criação de estereótipos: o brasileiro, o mestiço e o negro não possuem valor perante a sociedade, causando assim, uma super valorização da raça branca e do estrangeirismo (os portugueses). Era como se a nossa cultura não tivesse valor, pois o naturalismo possuía uma visão de cultura que era oriunda da Europa, por isso as mulheres negras ou mulatas procuravam sempre um homem de raça superior, ou seja, homens brancos.

Quase todos os personagens apresentam a mesma postura e o mesmo papel psicológico do início ao fim, como se estivessem destinados e fados àquela situação sem o direito de escolher seu próprio caminho. João Romão muda a sua natureza obtendo uma classe social elevada e alcançando status na sociedade. Em contraposição temos o Jerônimo, que se deixa ser abrasileirado pelo meio.

No romance O Cortiço, de Aluísio de Azevedo e o conto O homem que

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sabia falar javanês, de Lima Barreto, observamos que ambos apresentam uma ideologia em sua narrativa e defendem uma idéia, usando argumentos para validá-la. Por exemplo: O Cortiço relata a superioridade da raça branca como se fosse uma verdade correta e absoluta, e que todos devem adotar e aceitar como um ideal de vida. Encontramos também a condição de servidão entre explorador e explorado, e a ideia de que o indivíduo que nasce pobre deve morrer pobre, sem nunca poder almejar uma condição social melhor.

A animalidade para o naturalismo é uma condição que generaliza o ser humano, trazendo uma postura totalmente preconceituosa contra os menos favorecidos e até mesmo os brasileiros, pois somente a cultura europeia é valorizada e tida como padrão.

Em O homem que sabia falar javanês também encontramos tal semelhança, pois existe a criação de uma história de que a personagem principal sabia falar uma língua diferente e pouco conhecida, enganando, assim, a todos. A personagem aproveita a ignorância e ingenuidade dos outros para poder exercer seu poder, tornando-se um dominador.

O ser humano tem medo daquilo que não conhece e limita-se a saber apenas aquilo que lhes é transmitido por outrem, pois a capacidade de raciocinar, a vontade e o desejo não pertencem mais ao indivíduo, mas sim à sociedade, pois o indivíduo acaba sendo fruto do meio em que está inserido.

Outro aspecto que pode servir de comparação entre os dois textos (O Cortiço e O homem que sabia javanês) é o caráter enganador dos personagens principais, sendo estes João Romão e Castelo, respectivamente, e a maneira como conseguiram alcançar uma ascensão social.

João Romão tirava vantagem de sua posição de proprietário do cortiço para lucrar através da população menos favorecida. Vendia seus produtos com preços exorbitantes, roubava na pesagem dos alimentos, explorava Bertoleza usando-a como amante e “burro de carga”, oferecia um salário baixíssimo para os trabalhadores da pedreira, além disso, para construir o cortiço roubou materiais de construção de outras pessoas.

Em O homem que sabia javanês, Castelo engana um pobre velho, dizendo ser professor de javanês, começando, assim, sua trajetória de mentiras e ascensão social. Como ninguém conhecia a língua em questão, não podiam questionar a veracidade das informações por ele concedidas, então, foi galgando vários degraus em sua vida profissional, enriquecendo até atingir o status de cônsul em Havana.

CONCLUSÃO

Após a análise dos textos, podemos concluir que o livro O cortiço apresenta diferentes estereótipos para os brasileiros, caracterizando como costume da população menos favorecida o ato de se embebedar com cachaça,

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passar noites em rodas de pagode e samba com mulheres sensuais, envolver-se em brigas e confusões com frequência, entre outros aspectos, o que na verdade é uma forma preconceituosa de caracterizar o brasileiro.

Observamos a relação existente entre exploradores e explorados, que é frequente na obra O Cortiço. Em O homem que sabia javanês esta exploração também está presente, porém de uma forma implícita. Nos dias atuais, percebemos que este fato continua ocorrendo nas relações de trabalho assalariado e na política.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- CÂNDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul,2010.

2- CÂNDIDO, Antonio. Vários autores. 2 ed. São Paulo: Duas Cidades, 1977.

3- BARRETO, Lima. Texto: O homem que sabia javanês. Disponível em: <www.revistaescolaabril.com.br>

7 UM ENSAIO SOBRE OLIVER TWIST, DE DICKENSROBERTA TAVARES DE OLIVEIRA

Nesse momento quero escrever sobre a minha experiência de ter lido um livro que me chamou a atenção. Pude perceber que, alguma coisa me tocou ao ler uma obra tão intensa e bem elaborada como a história de Oliver Twist, de Charles Dickens. Por isso o motivo de estar aqui escrevendo e debatendo sobre o caso.

A história de Dickens nos proporciona entrar em um mundo que, consequentemente, já vivenciamos ou ouvimos falar. Oliver era um menino órfão, que perdeu sua mãe ao nascer, porém o fato de viver em uma casa onde passava fome e era maltratado, não se bandeou para o lado da marginalidade. Ao fugir, encontrou pessoas que tentaram lhe ensinar como é viver no mundo do crime, mas como era uma criança inocente, achava que tudo não passava de uma mera brincadeira. O que podemos dizer sobre os dias de hoje? Será que muitos casos de crianças que vivem na marginalidade também têm um final feliz? Na maioria das vezes ou quase sempre o final é trágico.

Mas a criminalidade não é uma obrigação, é opção de cada um. Vive a

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vida que é mais fácil. E o que seria fácil? Roubar, matar, fumar, pois o dinheiro chega mais rápido, e quem não se importa com o estudo, não quer ser alguém honesto na vida, não se importa com a educação. Pois a palavra dinheiro pode lhe trazer o que desejar. Oliver não tinha ambição em relação a isso, o que mais queria na vida era ter uma família de verdade, onde pudesse estudar e ser criança. Dickens foi muito sábio ao construir uma história que nos faz refletir como cidadãos, que nos faz pensar que enquanto temos o que queremos, outros nada tem. Temos família, quantos outros ainda estão em busca da sua e reclamam o tempo todo como nós reclamamos?

Ensina também a nos redimir, a querer voltar atrás, repensar nossos erros, e pelo menos uma vez poder acertar, no caso, falo de Nancy, uma garçonete que namorava o maior vilão da história, e que por ver as maldades e a tristeza no rosto de um menino, resolve ajudá-lo, mas infelizmente não tem um final feliz, e é assassinada. Isso acontece todos os dias e em diversos momentos, milhares de pessoas inocentes morrem, sem saber o porquê. Por isso devemos sempre pedir desculpas, sempre dizer uma palavra bonita para as pessoas que amamos e que convivem conosco diariamente, pois pode ser que seja o último dia que a veremos. Não é vergonha se redimir, pedir perdão, vale mais a pena estar bem consigo mesmo e com os outros. A felicidade está sempre batendo na nossa porta, só falta deixá-la entrar.

Todo vilão tem o seu destino, e no mundo em que vivemos é cobrado aqui mesmo. Não revide, nem queira se vingar de algo que aconteceu com você, pois tudo acabará bem. Na história eles morrem, mas aqui podemos traçar o nosso destino, deixar nas mãos de Deus.

Muitos conceitos me fizeram refletir sobre a história, tentei entender cada detalhe, cada palavra, para que não perdesse o foco. Uma história de superação e que nos dá forças para nunca desistir, o caminho é sempre aberto. Nunca perca a esperança, pois os seus sonhos, se você batalhar com dignidade, com toda certeza, se tornarão realidade.

Aqui, mais uma vez, deixo um espaço em aberto para suas próprias reflexões sobre a vida, sobre a história. Pois a cada leitura temos uma interpretação diferente das coisas, o que é bom, pois nos acrescenta como pessoas e como seres humanos.

8 O TRABALHO SOCIAL EM DURKHEIM E MARXSOLANGE BARBALHO

Diferenciação entre Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica

De acordo com Durkheim, a solidariedade mecânica se manifesta em sociedades em que a divisão do trabalho é mínima, ou seja, as pessoas fazem praticamente as mesmas tarefas. Como por exemplo, uma tribo indígena em

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que as tarefas são praticamente as mesmas, diferenciando-se apenas nas atividades dos membros destacados, ou diferenças entre homens e mulheres. As pessoas estão juntas porque fazem as mesmas coisas, esta solidariedade caracteriza-se pela semelhança. Em decorrência disto, a consciência coletiva é maior. Por outro lado, a solidariedade orgânica se manifesta em sociedades em que há muita diferenciação das tarefas, como nas sociedades industriais, pois as pessoas precisam umas das outras para comer, beber e vestir, por exemplo. Neste caso, as pessoas estão juntas pelas diferenças, sendo assim, as pessoas têm uma liberdade maior, a consciência coletiva é enfraquecida.

Divisão do Trabalho Social na visão de Durkheim

De acordo com Durkheim, na divisão do trabalho é social, o indivíduo já nasce destinado a desempenhar um lugar na sociedade. A diferenciação do trabalho é algo natural, o valor do trabalho está na natureza do que será desempenhado. Cada indivíduo deve desempenhar sua quota parte na sociedade.

Divisão Social do Trabalho na visão de Marx

Para Marx, a divisão do trabalho está centrada na divisão de classes: burguesia, detentora do poder ou capital e proletário, a executora, a que se submete ao poder. Nesta análise, Marx identifica a luta de classes, cuja dominante, quer cada vez mais lucro e a classe operária que se sente esmagada pelo poder da primeira. De acordo com suas ideias, o triunfo do socialismo seria a chave para o fim do conflito entre as classes.

9 LITERATURA DE CORDEL: VISANDO ESTERIÓTIPOS

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ADRIANA SOUSA DE OLIVEIRA ANDRADEAFRÂNIO DOS SANTOS SEBASTIAO JUNIOR

LEANDRO SILVIO DE OLIVEIRA SILVAMAIURE CARDOSO GONCALVES

INTRODUÇÃOEste trabalho visa ensinar toda a metodologia da literatura de cordel.

Nele abordaremos toda a etimologia da mesma e suas implicações, estigmas, questões valorativas ou depreciativas e seus estereótipos.

DESENVOLVIMENTO

No Brasil, a literatura de cordel também é conhecida como folheto. Podemos afirmar que é um “gênero literário popular” sempre escrito de forma rimada, pode-se dizer ainda, que a literatura de cordel possui este nome, pois retoma o século XVI durante o renascimento, quando este popularizou relatos orais, tornando-os expostos para venda em cordas ou barbantes em Portugal. No Brasil, o nome (literatura de cordel) foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou, pois o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em cordas. Os cordelistas brasileiros costumam ilustrar seus poemas com xilogravuras, ou seja, através de matrizes de madeira talhada onde é passada uma tinta especial e é impressa no papel, grotescamente comparado, seria como um carimbo, também usado nas capas de seus folhetos. Os poemas são feitos em versos cujas estrofes mais comuns são de dez, de oito ou de seis versos. Os cordelistas costumam recitar os versos de forma cadenciada, acompanhados pelo som de uma viola. A literatura de cordel, em sua brasilidade, difundiu-se no nordeste, basicamente no sertão, depois espalhando pelo restante do país. Abramos um comentário importante sobre esse tipo de literatura. Muito se deve ao escritor Ariano Suassuna, membro da academia brasileira de letras, que em suas obras para o teatro baseou-se na divulgação de tipos oriundos da literatura de cordel, pois seu objetivo era divulgar esta forma de expressão artística, as histórias, os casos narrados e cantando em prosa os versos. Essas são as principais inspirações para suas peças, visto que, nascido na cidade João Pessoa (Paraíba), viveu no sertão, onde familiarizou-se com os temas e as formas de expressão artística que encantaram e mais tarde fizeram parte do seu universo ficcional. Dentro de suas peças teatrais, a mais conhecida, cuja qual podem ser claramente visualizados personagens populares cordelistas é a conhecidíssima “O auto da Compadecida”.

A respeito dos episódios de “O auto da Compadecida”, Ariano questiona: “ Como foi que o senhor teve aquela ideia do gato que defeca dinheiro?” O mesmo responde: “Eu achei num folheto de cordel”. O crítico de teatro continua perguntando: “E a história da bexiga de sangue e da musiquinha que ressuscita a pessoa?”. “Tirei de outro folheto”. O crítico dá continuidade: “E o cachorro que morre e deixa dinheiro para fazer o enterro?” Ariano: “Aquilo é de um folheto também”. “Então, o que o senhor escreveu?”. Por fim Ariano declara: “Escrevi a peça”.

O fato é que Ariano Suassuna em suas obras retira episódios de textos

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anônimos da tradição do Nordeste ou do que o povo-poeta inventou.Uma das características da produção de literatura de cordel é a opinião

do autor a respeito de algo dentro da sociedade, os cordéis não são impessoais ou imparciais, pelo contrário, a maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia proposta.

Dentre os cordelistas brasileiros de maior importância podemos citar os clássicos Manuel de Almeida Filho e Leandro Gomes de Barros e entre os contemporâneos Clebson Viana e Manuel Monteiro.

Vista inicialmente como uma literatura menor por alguns puristas, hoje se trata de uma literatura altamente respeitada, sendo inclusive fundada em 1988 a Academia Brasileira da Literatura de Cordel com sede no Rio de Janeiro. Os temas são os mais variados, desde narrativo-tradicionais, transmitida pelo povo oralmente, até aventura, histórias de amor, humor, ficção e folhetos de caráter jornalístico, que pode contar um fato isolado (muitas vezes boatos), porém sempre modificando-os para torná-los divertidos. Outra característica é o uso de recursos textuais como exagero, ironia ou sarcasmo para fazer críticas sociais ou políticas. Não nos esqueçamos ainda da crítica ferrenha à exclusão social e ao preconceito, porém sempre fazendo uso do humor sarcástico.

No entanto, como podemos ressaltar, a literatura de cordel vem fazer uma dinâmica com toda a amplitude para o povo nordestino menos letrado. Era muito comum na região os nativos sentarem, pararem para escutar quem soubesse interpretar, ler, contar histórias populares. A literatura de cordel vai navegar por um universo de lendas como: a caipora, a mula sem cabeça e saci pererê.

É inegável que, naquela época, não era muito diferente dos dias de hoje no que diz respeito à educação, ou seja, as informações eram restritas, pois só quem tinha o direito de ler, escrever e calcular eram os fidalgos, burgueses ou quem tivesse condições financeiras. Entretanto, vamos contemplar a literatura de cordel com toda sua beleza, sabedoria e generosidade. A literatura de cordel nada mais é que o respeito ao ser humano, ou seja, levantar a bandeira de um povo com toda hombridade.

É indubitável que a literatura de cordel fará um jogo de sedução para as crianças e adultos a fim de que estes leiam, brincando com rimas ricas, rimas pobres, versos dos quais, como exemplo, são apresentados abaixo:

Se um dia nós se gostasse;Se um dia nós se queresse;Se um nós dois se impariásse;Se juntinho nós dois vivesse;Se juntinho nós dois morrasse;Se juntinho nós dois drumisse;Se juntinho nós dois morresse !Se pro céu nós assubisse?Mas porém, se acontecessequi São Pêdo não abrisseas portas do céu e fosse,te dizê quarqué toulice ?E se eu me arriminassee tu cum insistisse,

prá qui eu me arrezorvessee a minha faca puxasse,e o buxo do céu furasse ?...Tarvez qui nós dois ficasseTarvez qui nós dois caíssee o céu furado arriassee as virge todas fugisse !!!

Ai Se Sessê (Cordel do Fogo Encantado)

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É perceptível o uso de recursos estilísticos na literatura de cordel.

CONCLUSÃOConcluímos que, a literatura de cordel, apesar de

todo preconceito e todo estereótipo, é uma literatura rica em grandes valores que perpetuam até os dias de hoje.

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10 AS GERAÇÕES ROMANTICAS DA LITERATURA BRASILEIRA

CELIO DOS SANTOS SARAIVACHRISTILAINE PIRES

CRISTIANA DE MOURA PINTOROBERTA DE OLIVEIRA TAVARES

Introdução

O trabalho realizado em grupo tenta apresentar o desenvolvimento de uma proposta apresentada pelo professor-orientador do trabalho. O trabalho será desenvolvido com base nas aulas que já tivemos, através do livro orientado pelo professor e por outros livros de suporte referentes às pesquisas. Cada texto aqui exposto será desenvolvido de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.

A proposta apresentada pelo professor-orientador foi a de que nós pesquisássemos e desenvolvêssemos de forma dissertativa as três fases do romantismo brasileiro e depois disso relatar a vida e obra de autores característicos da época, seguido do uso de um de seus poemas com uma breve interpretação. Este trabalho deseja testar nossa capacidade de formular respostas dissertativas e de desenvolver pesquisas a partir do enunciado explicitado. Foi proposto também que o trabalho fosse impresso de acordo com as regras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que no trabalho deveria conter uma introdução e uma conclusão de grupo. Dentro da proposta, também nos foi dada uma data prazo que deverá ser cumprida.

Este trabalho é importante, porque além de testar nossos conhecimentos gerais sobre estéticas literárias e nosso aprendizado

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sobre literatura brasileira, também será um instrumento que será avaliado e custará pontos para completar as avaliações bimestrais da disciplina Literatura Brasileira I. O teste de conhecimentos é importante, já que serão formados professores de literatura.

O ROMANTISMO BRASILEIRO

A primeira estética literária estabelecida no Brasil é o Romantismo. Este movimento foi dividido em três gerações e abrangeu as áreas da arte, filosofia, literatura e música.

Dentre as fases do romantismo destacam-se três. Acerca das fases, têm-se como palavras-chaves:

• 1ª geração: Indianismo, patriotismo, natureza, sentimentalismo e religiosidade;

• 2ª geração: Egocentrismo, subjetivismo, mal do século e byronismo;

• 3ª geração: Social, político e condorismo.

O Romantismo brasileiro teve em posse um grande número de autores, incluindo romancistas, poetas e teatrólogos.

PRIMEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO

Esta geração romântica caracteriza-se como nacionalista ou indianista. Designou-se pela “exaltação à natureza”, retorno ao passado histórico, formação de um herói nacional (o índio). Acerca da obra, a lírica era sentimental e tinha inspirações nacionalistas.

Essa geração valorizava a figura do índio, representada como marca de nacionalidade brasileira. Destacava-se também o sentimentalismo que é “a reação à razão instrumentalizadora” e a religiosidade que “reduz os objetos e os seres a ações e consequências naturais”.

O sentimentalismo como descrição do amor, da saudade, religiosidade e do natural; religiosidade por mais que fosse

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dividida, não era restrita, mas era voltada a um sentimento único religioso (religiosidade cristã).

Vida e obra de Gonçalves dias

Gonçalves Dias foi quem estabeleceu a primeira fase do Romantismo no Brasil. Suas produções literárias líricas eram embasadas na figura do amor “do homem romântico” e tinham influência em suas vivências amorosas.

O autor apresenta uma poesia nacionalista, marcando a exaltação à “natureza pátria”, com idealização da imagem do índio. Retratava em seus versos uma índia com sentimentos e atitudes artificiais, “europeizado”.

Seu nome completo era Antônio Gonçalves Dias, nasceu no ano de 1823, no dia 10 de agosto, em Caxias no Maranhão. Atuou nos grupos medievais da “Gazeta Literária” e de “O Trovador”. Inspirou-se nas ideias românticas de “Almeida Garret, Alexandre Herculano e Antônio Felicitano de Castilho”. Após passar muito tempo longe de seu país, buscou inspiração para escrever a “Canção do Exílio” e parte de outros poemas. No ano seguinte de sua chegada ao Brasil, conheceu Ana Amélia Ferreira Vale, seu grande amor e “musa inspiradora”.

A seguir, há um trecho de um poema de Gonçalves Dias, chamado Juca Pirama.

IV

Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:

Sou filho das selvas, Nas selvas cresci;

Guerreiros, descendo Da tribo tupi.

Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante,

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Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte;

Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.

Como foi exposto na explicação, há fortes traços de nacionalismo no ponto de vista indígena. Percebe-se que Gonçalves Dias idealizou a imagem do índio, fazendo-os mostrarem-se como seres fortes, bravos, como ele, Gonçalves Dias mostra com a palavra guerreiro. Este era o movimento indianista contido nas obras da primeira geração romântica. Esse índio era interpretado como herói em seu ambiente: a natureza era outro traço característico dos poemas e romances deste movimento estético.

SEGUNDA GERAÇÃO DO ROMANTISMO

A segunda geração teve sua grande característica e reconhecimento como a “geração do mal do século”. Foi instaurada pelo subjetivismo, egocentrismo, pela obscuridade, dúvida, era o mal do século. O tema principal dessa fase é o ultrarromantismo caracterizado pela “fuga da realidade” que foi manifestada na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na exaltação da morte.

A poesia foi determinada pelo subjetivismo intenso marcado pela não aceitação da realidade acreditava que a realidade ia além do pensamento: “A verdade era individual”.

A morte era vista como um desejo de fuga do real. Esse declínio resultou no culto ao demônio, manifestado pelo hábito de se entregar à bebida, ao tédio, às drogas e às doenças, assim como foi sugerido pelo Lorde Byron, que deu início ao byronismo.

Nesta geração romântica, era de práxis os autores morrerem cedo. O que aconteceu com Álvares de Azevedo, morreu aos 20

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anos de idade.

A segunda geração romântica se diverge da primeira em relação ao indianismo e ao nacionalismo, mas mantém as expressões egocêntricas, subjetivistas e sentimentais.

A VIDA E OBRA DE ÁLVARES DE AZEVEDO

O autor foi o grande responsável pelos declínios do mal do século em suas obras literárias. Suas poesias foram marcadas pelo amor e pela morte. Amor idealizado fora do real, dotado de “donzelas ingênuas virgens sonhadoras filhas do céu mulheres misteriosas que viviam em seus sonhos na adolescência, mas não eram reais.” Então surgia o sofrimento pela frustração e só se tranquilizava com as recordações de sua mãe e sua irmã.

A morte estava constantemente presente: “a morte prematura de seu irmão e a de seus amigos de faculdade”.

Manoel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo no dia 12 de setembro de 1831. Morreu no Rio de Janeiro em 25 de Abril de 1852, quando ainda cursava o 5º ano de Direito aos 21 anos incompletos.

Álvares de Azevedo pertenceu a uma geração que sofria influência viva do satanismo de Byron.

Há em seguida um soneto de Álvares de Azevedo e um breve comentário relacionando-o à estética da segunda fase.

Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada,Como a lua por noite embalsamada,Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! Na escuma friaPela maré das águas embalada...- Era um anjo entre nuvens d'alvorada,

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Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...Negros olhos, as pálpebras abrindo...Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!Por ti - as noites eu velei chorando,Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Notam-se os traços da obscuridade no decorrer do soneto, através das palavras pálida, sombria, lua e noite. Há também no soneto, um trecho que reflete a busca do eu lírico para com a virgem, quando o autor diz: Era a virgem do mar! Outro exemplo é a demonstração do amor não correspondido, como pode ser visto no último terceto em que o eu-lírico pede à sua amada para que não zombe dele, pois ele passou noites chorando por ela. Por último, como característico da fase, a presença da morte surge no último verso do segundo terceto.

TERCEIRA GERAÇÃO DO ROMANTISMO

Foi marcada pela poesia social e libertária, primordialmente havia o exercício social dos poetas. Essa fase traduz as lutas internas da segunda metade do reinado de D Pedro II. Foi uma geração influenciada por Victor Hugo, através de sua poesia político-social, por esse motivo é reconhecida também como geração “hugoana”.

Outra característica importante da fase era o “condoreirismo”, efeito do conceito de liberdade enlaçado pelos jovens românticos, “o condor, águia que habita o alto da cordilheira dos Andes”, esta é a ave que tinha uma ampla visão, já que faz seus ninhos nos mais altos lugares por poder voar muito alto.

Em resumo, a terceira geração participou das questões da realidade social e a contestação ao governo central. Diferente das outras gerações românticas que procuravam “fugir” da realidade,

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esta geração romântica tinha como foco: enfrentá-la e tentar transformá-la, modificando-a. Esta geração marcou o princípio da passagem para o realismo.

A VIDA E OBRA DE CASTRO ALVES

O autor foi o grande responsável pela confecção de obras abolicionistas. O abolicionismo, no sentido de liberdade faz conexão com o condor – ave liberta. Sua obra poética lutava a favor dos escravos e da liberdade, daí surgiu a expressão: Castro Alves, o poeta dos escravos.

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em Salvador no dia 14 de março de 1847. Morreu em Salvador no dia 06 de junho de 1871 aos 25 anos incompletos. Assim como outros autores, Castro Alves também fez prova de admissão para o curso de direito. Ele começou a escrever aos 17 anos, após viagem para o Recife. Esta viagem foi impulsionada por seu pai, por medo de que seu filho fosse infectado com o Mal do Século.

A seguir, há um trecho de um poema de Castro Alves chamado A canção do africano.

Lá na úmida senzala,Sentado na estreita sala,

Junto ao braseiro, no chão,Entoa o escravo o seu canto,

E ao cantar correm-lhe em prantoSaudades do seu torrão ...

De um lado, uma negra escravaOs olhos no filho crava,

Que tem no colo a embalar...E à meia voz lá responde

Ao canto, e o filhinho esconde,Talvez pra não o escutar!

[...]

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E a cativa desgraçadaDeita seu filho, calada,

E põe-se triste a beijá-lo,Talvez temendo que o dono

Não viesse, em meio do sono,De seus braços arrancá-lo!

Há no texto fragmentos do escravismo na poesia de Castro Alves. Os temas de liberdade são tratados, como se pode ver nas palavras torrão, cativa, senzala e chão. Há também traços de sofrimento e lamento dos escravos no texto. Como se pode ver nos últimos versos da última estrofe: A mãe estava triste beijando seu filho, com medo de o seu dono tirar o seu bebê de seus braços para que ele se torne um escravo. Há a presença da coisificação, ou seja, os escravos são tratados como coisas, mercadorias.

ConclusãoNós concluímos que o trabalho foi de simples confecção, mas

de suma importância, já que praticamos o que temos aprendido em sala. Alcançamos o objetivo proposto pelo professor-orientador, já que nós fizemos com êxito o que por ele foi pedido. Também respeitamos as regras de formatação e dos parâmetros estabelecidos pela ABNT.

Anteriormente, foi apresentado o desenvolvimento de pesquisas que tinham como objetivo testar nossos conhecimentos sobre literatura brasileira.

Referências bibliográficas

AMORA, Antônio Soares. O romantismo. 5. ed. São Paulo:

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Cultrix, 1976.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética. São Paulo: UNESP/ Hucitec, 1998.

BERTOLIN, Rafael; SILVA, Antônio de Siqueira. Curso Completo de Português: Coleção Horizontes. IBEP.

CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia Ed., 2000.

CARVALHO, João de. O Cantor dos escravos: Castro Alves, Instituto Nacional do Livro, T. A. Queiroz, Brasília, 1989.

ENCICLOPÉDIA novo século. São Paulo: Visor ed., 2002. 10 v.

GONZAGA, Sergius. Manual de Literatura Brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.

NOVA gramática, redação e literatura. São Paulo: DCL, 2011.

TERRA, Ernani; NICOLA, José. Português – De olho no mundo do trabalho. Rio de Janeiro: Scipione, 2004.

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11 A REIFICAÇÃO DE PAULO HONÓRIO EM SÃO BERNARDO

SOLANGE BARBALHO

São Bernardo, de Graciliano Ramos, conta a estória de Paulo Honório, um personagem considerado redondo, pois vai se modificando ao longo da narrativa. O ato de contar a sua estória leva-o ao autoconhecimento.

Neste romance, temos um narrador homodiegético, pois é o próprio Paulo Honório quem decide contar sua estória. “Possuo a certidão, que menciona padrinhos, mas não menciona pai nem mãe”. Ele é um homem rude e com pouca instrução. E, por ter tido uma vida desprovida de conforto, não se importa em trabalhar exaustivamente para conseguir ganhar a vida: “A princípio o capital se desviava de mim, e persegui-o sem descanso, (...)”.

Após conseguir a fazenda São Bernardo, à custa de uma negociação duvidosa com o filho do antigo proprietário da fazenda, dedica-se em torná-la uma propriedade altamente rentável. “Arengamos ainda meia hora e findamos o ajuste. Para evitar arrependimentos, levei Padilha para a cidade, vigiei-o durante a noite. No outro dia, cedo, ele meteu o rabo na ratoeira e assinou a escritura.(...) Não tive remorsos.”

Torna-se um fazendeiro respeitado e envolvido na política. Após a visita do governador, resolve construir

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uma escola, não para beneficiar seus empregados, apenas com intuito de garantir prestígio político.

Para Paulo Honório, tudo é visto como mercadoria, até mesmo quando pensa em casar, não o faz pensando em sentimentos: “Amanheci um dia pensando em casar”. Interessou-se por Madalena ao ouvir seus amigos falarem de sua beleza física. Após seu casamento, ainda conhecendo Madalena, ele deixa transparecer em sua narrativa como trata seus empregados: “Enjoou o Padilha, que achou “uma alma baixa”. Aí eu expliquei que a alma dele não tinha importância. Exigia dos meus homens serviços: o resto não me interessava”.

O casamento com Madalena desordena a vida do fazendeiro, acostumado a ter o controle sobre tudo e todos, acaba não tendo controle sobre a esposa. Madalena não aceita a reificação e o choque com Paulo Honório começa por questões financeiras e por sua brutalidade ao tratar as pessoas. O casamento é um fracasso, “isso vai de mal a pior”, diz o protagonista, e a sua inquietação em dominar Madalena transforma-se em um ciúme exacerbado.

Madalena, cansada de lutar, põe fim a sua vida e de Paulo Honório, que não vê mais sentido em continuar lutando para manter São Bernardo.

O sentido de sua vida passa a ser contar a sua história, tentando buscar respostas para a perda de Madalena. “Creio que nem sempre fui egoísta e brutal”, “a profissão é que me deu qualidades tão ruins".

Com a revolução, Paulo não consegue escoar a produção e começa a afundar-se em dívidas. “O mundo que me cercava ia-se tornando um horrível estrupício”. Os amigos se afastam e aos poucos, a vida dele se resume a vagar pela casa e a escrever suas memórias. Enquanto isso, o foco narrativo passa a ser interno e psicológico, onde o relógio que conta as horas e a coruja que pia, lembra o triste fim de Madalena.

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12 O AUTO DE SÃO LORENÇO: UM OLHAR SOBRE A COLONIZAÇÃO DO

BRASILLETICIA LINS DE SOUZA

VANICE DA SILVA

Este trabalho tem como propósito analisar o texto “O auto de São Lourenço” tendo como base as ideias explanadas nas aulas de Literatura brasileira I, considerando o texto “Anchieta ou as flechas opostas do sagrado”.

A partir da leitura deste trabalho, iremos ver como a igreja se manifestava em relação ao povo indígena e qual o real interesse em conquistar o índio para o catolicismo.

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Dissertaremos sobre o processo de catequização dos índios que aconteceu juntamente com a colonização. Nesse período, José de Anchieta, que havia chegado à colônia em 1553 na companhia de Jesus, o chamado Apóstolo do Brasil foi o primeiro intelectual a atuar no país. Ele escreveu poemas líricos, dramas, cartas sobre filologia, além de ter sido o primeiro e maior educador religioso europeu a catequizar os índios, o que também lhe deu o título de Patrono dos professores.

As atividades de José de Anchieta resultaram numa aculturação linguística e espiritual que determinou a formação e o futuro de um povo mestiço nacional. Se, por um lado, a força do poder colonizador impôs uma representação dualista do sagrado, por outro, o cristianismo também teve que receber as influências da crença tupi.

José de Anchieta alcançou seus objetivos educacionais através de um teatro (em língua tupi) que conseguiu se adaptar ao novo ambiente. É com esse pensamento colonizador e as divergências entre essas duas linguagens que nasce a literatura nacional, de um Barroco moldado às exigências do país.

O religioso além de educar e catequizar os indígenas, também defendia- os dos abusos dos colonizadores portugueses que queriam escravizá-los e por vezes tomar-lhes as mulheres e os filhos. Através de suas obras e seu papel ativo na colonização de um país, suas contribuições culturais como as poesias em verso medieval que misturavam características religiosas e indígenas, a primeira gramática do tupi- guarani (a cartilha dos nativos) e também a fundação de um colégio, José de Anchieta, já nos anos que se seguiram à sua morte, construíram uma imagem heróica. 

Análise de Auto de São Lourenço

A partir do texto “Auto de São Lourenço” é possível perceber como o ato de aculturação, ou seja, conquistar o índio para o catolicismo, através da dominação, era predominante nesse período Jesuíta. Os portugueses consideravam a cultura do índio inferior e aculturar seria a maneira de dominar, a igreja tentava

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convencer mais pelo medo do que pela fé.O que era sagrado para os índios no estado tribal

perde sua forma articulada e passa a ter características de cunho católico sob a ação da catequese.No segundo ato do texto “Auto de São Lourenço” a revolta dos demônios Guaixará, Aimbirê e Saravaia queriam destruir a aldeia com pecados, defendendo a aldeia resistem São Lourenço, São Sebastião e o Anjo da Guarda. Esse ato configura a revolta dos maus espíritos que resistem ao que estabelecia a igreja, tornando costumes normais para os índios como pecados extremos criados por ela própria, como podemos observar em alguns trechos da fala de Guaixará (Rei dos maus espíritos):

“Esta virtude estrangeira Me irrita sobre maneira Quem a teria trazido, Com seus hábitos polidos? Estragando a terra inteira? (...) Boa medida é beber cauim até vomitar. Isto é jeito de gozar a vida, e se recomenda a quem queria aproveita.

(...) Para isso com índios convivi. Vêm os tais padres agora com regras fora de hora prá que duvidem de mim. Lei de Deus que não vigora.”

A fala de Guaixará representa grande parte do sistema ritual dos Tupis que era marcado por “maus hábitos” considerados pela igreja, como a embriaguez pelo cauim, a antropofagia, a poligamia, entre outros.

Esses hábitos eram vistos pela igreja como obra de satanás. Diabolizar toda cerimônia que abrisse caminho para “a volta dos mortos” era função da igreja. O alvo da igreja era o de provocar medo e horror usando a figura dos espíritos malignos e entidades que se manifestassem

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nos transes. Ainda no segundo ato pode-se perceber a menção de um ritual tupi, que se caracterizava pela embriaguez do cauim, na fala de Saravaia:

“Forte estava. E os rapazes beberrões que pervertem esta aldeia, caiam de cara cheia. Velhos, velhas, mocetões que o cauim desnorteia.”

Houve uma adaptação do cristianismo, a linguagem do índio através de artifícios simbólicos. O temor aos maus espíritos era comum entre índios e os católicos portugueses que também tinham seus mortos, valendo-se das figuras entre o fiel e a divindade como anjos bons e os santos, no qual são as almas de mortos que intercedem pelos vivos.

Tudo que pertencia ao reino animal causava medo, nojo aos europeus, representando signo dúbio de entidades funestas em ambos os planos, o natural e o sobrenatural. Achava-se que o mal se escondia nas furnas e nos pântanos, que se propagava nos matos. O demônio violento representava a face animal que o homem não queria perceber. Daí a animalização do demônio. No seguinte trecho do segundo ato, Guaixará e Aimbirê, esses demônios fazem menção a animais e se configuram como mesmo:

“GUAIXARÁSou Guaixará embriagado, sou boicininga, jaguar, antropófago, agressor, bandirá- guaçu alado, sou demônio matador

(...)

AIMBIRÊ

Sou jibóia, sou socó, o grande Aimbirê tamoio.

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Sucuri, gavião malhado, sou tamanduá desgrenhado, sou demônio matador.”

Culturas completamente divergentes cruzavam-se, a religião dos portugueses chegou à terra dos nativos acompanhada de armas, munida de cavalos e soldados, arcabuzes e canhões. Duas realidades desiguais, em que o confronto teve como resultado, o massacre do mais frágil e a conquista do mais forte. No terceiro ato podemos perceber na fala de Aimbirê durante a conversa com Dércio, como é percebido a chegada dos imponentes portugueses:

“São armas dos audazes cavaleiros que usam palavrório humano. E por isso, tão ufano, hoje vindes acolhê- los no romance castelhano.”

Sob o olhar do colonizador, os ritmos, os gestos dos tupis eram vistos como resultado de poderes violentos dos maus espíritos que se mostravam através dos ritos de dança. Para eles, o mal vem de fora da criatura e pode possuí-la, fazendo-a praticar atos perversos.

No “Auto de São Lourenço”, José de Anchieta descreve parte do processo de catequização dos índios que discorreu juntamente com o processo de colonização. Mostra a grande influência do colonizador sobre o caráter religioso dos índios que praticavam rituais, pela aceitação do catolicismo. Que contemplava a unidade do “eu”, apenas um Deus, ao invés da idolatria polimórfica dos índios,

Os processos de sublimação cristã mantêm nítidas as diferenças que a separam dos rituais Tupis. A dominação portuguesa começou com a catequização em que os missionários pregavam em tupi para passar a mensagem aos nativos.

Por fim, o didatismo autoritário, a moral do terror

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das missões e o universalismo cristão marcaram o período jesuíta no Brasil, apresentadas na poesia de José de Anchieta.

CONCLUSÃO

Após a leitura dos textos “O Auto de São Lourenço” e “As flechas opostas do sagrado”, concluímos que o período Jesuíta foi marcado pelo didatismo autoritário e pelo propósito de submissão de um povo através da religião.

Nesse período, os índios nômades eram transformados em sedentários, o que contribuía decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguiam, às vezes, capturar tribos inteiras durante as missões. 

Com o processo de missões, o confronto entre as culturas era inevitável, no qual houve a dominação do mais fraco  e a conquista de interesses do mais forte. A cultura indígena, seus gestos, suas danças, eram vistas como algo do demônio.

O processo de catequização, o qual os missionários pregavam em tupi aos índios, foi o começo da dominação portuguesa. O período Jesuíta imperou por anos e mesmo após a expulsão dos jesuítas, a educação brasileira continuou, por muito tempo, com um modelo educacional implantado e consolidado por eles.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1- ANCHIETA, José de. Auto representado na Festa de São Lourenço. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro – Ministério da Educação e Cultura, 1973.

2- BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia da Letras, 1992. 

3- Padre José Anchieta.Disponível em: <http://www.sampa.art.br/biografias/padreanchieta/>

13 CARACTERÍSTICAS DA OBRA “A ILUSTRE CASA DE RAMIRES”, DE EÇA

DE QUEIRÓSADRIANA DE SOUSA DE OLIVEIRA ANDRADE

AFRÂNIO DOS SANTOS SEBASTIAO JUNIOR

Esta análise tem como objetivo destacar as principais características da obra " A ilustre casa de Ramires", e também as características do autor Eça de Queirós com uma apreciação crítica desses dois pontos.

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Eça de Queirós, escritor português, nasceu em 25 de novembro de 1845, ingressou na Universidade de Coimbra em 1861, onde se formou em 1866 em Direito. Em 1875, como marco inicial do Realismo em Portugal, publicou o romance "O crime do padre Amaro", obra na qual faz uma descrição crítica à sociedade portuguesa do século XIX, denunciando a corrupção do clero e a hipocrisia dos valores burgueses. Este romance rendeu a Eça fama internacional na sua época. Este tipo de crítica também aparece em outras obras do autor. Já no fim de sua vida, Eça surge com uma nova fase literária onde deixa transparecer uma descrença no progresso e manifesta a valorização das virtudes nacionais e a saudade da vida bucólica. E é nesta fase que surge o romance no qual resumiremos e destacaremos as principais características da obra "A ilustre casa de Ramires". Nesta fase também se destacam outras obras como: "A cidade e as serras", e o conto "Suave milagre" e as biografias religiosas. José Maria Eça de Queirós morreu em Paris, no dia 16 de agosto de 1900. Suas principais obras foram: O crime do padre Amaro (1870), O Mandarim (1880), Os Maias (1888), Suave Milagre (1898) e A ilustre casa de Ramires.

Eça de Queirós, quando escreve "A ilustre casa de Ramires", nos apresenta sua terceira fase, ou seja, a chamada fase madura do autor. Nesta fase sua abordagem é a de uma literatura saudosista à sua terra, visando a denúncia social, a política, a moral e a literatura.

É importante lembrar que Eça utilizava da prosa realista-naturalista, e nesta obra ele procura utilizar diálogos do cotidiano e expressões verbais coloquiais. Seu objetivo era, entre outros, transformar a sociedade do século XIX e não gerar apenas um entretenimento ao público romântico como era costume na época.

Neste romance, Eça conta a história de uma família que teve grande prestígio em Portugal e participou de grandes feitos como, a batalha de Ourique, o naufrágio da Santa Bárbara e até a batalha de Alcácer Quibir, mas já no século XIX havia perdido tudo isso. O protagonista Gonçalo Mendes Ramires é um fidalgo falido que entra para política para tentar resgatar o

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prestígio perdido. Mas para isso, o mesmo deve passar por cima do próprio orgulho e resgatar a velha amizade com o atual governador civil, que no passado foi noivo de sua irmã Gracinha. Depois, sem dar nenhuma satisfação, largou Gracinha. A mesma, após algum tempo, casou-se com Barrolo, que por não saber do passado da atual esposa, acaba por não entender o tal desentendimento que seu cunhado Gonçalo tem com o governador civil André.

Para ascender na sociedade, Gonçalo começa a escrever uma novela que conta a história de sua família e os grandes feitos que eles participaram. Porém para escrever esta novela Gonçalo se baseia em um poemeto escrito por seu tio Duarte.

Gonçalo além der ser um fidalgo falido, não passa de um covarde que quer ganhar dinheiro à custa da fama e do prestígio que um dia seus antepassados tiveram. Para conseguir a proeza, ele começa a escrita de sua novela histórica. Com o passar do tempo, ele se cansa um pouco e deixa a novela de lado. E após alguns acontecimentos, como a morte do deputado Sanches Lucena, Gonçalo vai com força total para política, mas para isso terá que fazer as pazes com o cavaleiro André, que tanto falava mal.

Passando por cima do próprio orgulho, Gonçalo renova a amizade com o governador civil que lhe indica como deputado, e eles voltam à velha amizade da juventude, com isso Gracinha volta a ver André, sua antiga paixão, e volta também a se encontrar com ele, mesmo sendo casada. Com isso, Gonçalo fica muito triste e chateado com todos e fica sem visitar sua irmã, seu cunhado e seu agora amigo André. E também teme por sua reputação.

Com tudo isso acontecendo, sua cabeça está a mil e isso lhe dá forças e empenho para voltar a escrever sua novela histórica que está quase pronta. Gonçalo, após isso, se confronta e vence uma briga com valentões e acaba ficando famoso pela bravura na cidade. E, mesmo com todos esses acontecimentos, Gonçalo não se esquece do possível casamento com a viúva do deputado Sanches Lucena, que é uma mulher jovem e muito bonita. No começo a ideia não lhe era favorita, mas pensando em

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como poderia ascender na sociedade e quanto dinheiro teria ao casar-se, Gonçalo fica muito animado com a ideia. Porém, ao conversar com seu amigo Titó, o mesmo afirma que a viúva não é mulher confiável e que já teve dois amantes.

Então, após saber por André que o rei de Portugal lhe concedeu o cargo de barão, Gonçalo acaba de escrever sua novela histórica. Depois anunciam sua vitória como deputado e diante desta vitória, Gonçalo percebe que nunca precisou da amizade com o Cavaleiro André para isso, e pensa como foi tolo ao renovar seus laços com aquele que um dia se aproveitou da amizade dele, para se chegar a sua irmã e magoá-la. Após isso, Gonçalo vai para África com Bento e fica por lá cerca de quatro anos. Com isso, consegue fazer fortuna outra vez e depois volta para Portugal.

Este romance de Eça de Queirós destaca com bastante ironia o declínio de Portugal. O país é o personagem central da narrativa, já que ao protagonista são atribuídas as mesmas ambições e pensamentos desta nação que vive com as glórias do passado. Portugal sempre foi uma nação ambiciosa, saudosista e que se vangloria sempre por ter sido grande e muito importante no passado. Tanto é que Fernando Pessoa, no livro “Mensagens” destaca que os lusitanos têm descendência de Ulysses, o grande e astuto guerreiro da batalha de Tróia, que vagou anos e anos pelos mares e, como conta a lenda, em cada local que passava, deixava um herdeiro, não foi diferente em Portugal. Por esse e outros motivos, a nação portuguesa se considera o povo assinalado.

Contudo, o que não pode deixar de ser dito é que Portugal, assim como os Ramires da história de Eça, foram majestosos e importantes no passado, porém agora só restaram a eles a boa lembrança dos fatos vividos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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1- QUEIRÓS, Eça de. A ilustre casa de Ramires. Editora: Martin Claret (texto integral).

2- Resumo da professora Esther Rosado, sobre: A ilustre casa de Ramires.

14 AN ALLEGORICAL NOVEL: A CHRISTMAS CAROL, BY DICKENS

LUIZ CARLOS MACHADO

 INTRODUCTION

 This work has the goal of explain the symbolism and the allegorical meaning found in A Christmas Carol written

by Charles Dickens. To fulfill this purpose, before starting the analysis of the novel will be important to look at the description of what is allegorical. We realize that the story along at all times the author uses symbolism in

the work from the title up to the characters.

          ANALYSIS OF THE NOVEL A CHRISTMAS CAROL

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 A Christmas Carol was interpreted as an allegory. But before start the analyses, is important to notice the meaning of allegory.

 ”The term allegory comes from the Latin allegorĭa that is derived from a Greek word. The concept allows referring to the type of figure of speech in which something is or means something else. Likewise, give up the name of allegory to literary or artistic allegorical sense. An allegory is in this sense a theme artistic or literary figure that allows representing an abstract idea through other ways, they may be human, animals or objects. For example, the image of a skull and crossbones is an allegory piracy. On the other hand, a blind woman with a scale representing the law. The allegory is not confined to a solitary literary figure. Often, composes a rhetorical procedure of greater magnitude, with a system of metaphorical images that may give rise to whole works. That said, the allegory allows transmitting knowledge through reasoning by analogy.”

 

             One of the important things to see in the work of Dickens is the title. A Christmas Carol is a kind of Christmas song and this symbolism is reinforced by the name given by the author to share the tale, which he called staves, an archaic form of verse or a verse of a song. Scrooge is a business man, he represents the people who have economic power. The most important thing to be noted in the work of Dickens is the symbolic meaning of the three ghosts who visit Scrooge come after the visit of the ghost of Marley - Scrooge partner who has died - . They come to give Scrooge visions of his life in the past, present and future. The approach of the three ghosts works like puzzles, with the goal of providing Scrooge a chance to change his critical stance concrete, which is totally against the spirit of Christmas and its meaning . He is a greedy man, selfish, smug, arrogant and greedy.

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The first one, the ghost of Christmas past represents the memory, he has the power to go back and show what happened in the past wealth in of detail the main points that occurred in the life of Scrooge, but is important to emphasize that this ghost is only the ghost of Scrooge’s past. These visions are to remember Scrooge’s past and lead to reflection on love and kindness he had found during his life and now are forgotten. Scrooge lived intense moments in his youth, he loved very much a young woman in the past, but he preferred money to marry, hem made bad choices. The Ghost of Christmas Present is the second, it is empathy, charity and spirit of Christmas. This ghost is a giant who wears a green tunic, and he shows Scrooge scenes of true happiness, charity and empathy on Christmas Day. During his time with Scrooge, he shares with people a kind of magic dust that brings the Christmas spirit and prosperity from poor to rich they were very happy.

At the end of the encounter he shows to the old man the Want and the Ignorance, personified in two kids, and gives to him a warning. While the population had no education misery always will exist. The girl is the lack of working class, social injustice.  He needs to take care with these two, especially with the boy, if he wants to have a chance of saving his own future. The last ghost that appears to Scrooge is the ghost of Christmas Yet to come, it seems like a shadow, a reaper, and does not speak to Scrooge at some point in the tale, just pointing his hand in the direction he needs to follow. The fear of death is what he is. Scrooge is balanced with the first two ghosts, but he only gets hit hard when the latter because of the fear of death. Going with it, to see what happened after the death of a man who was despised by others in life and then the completely different situation after the death of Tiny Tim, Scrooge realizes the importance that a person can have in life others and how one can be honored after death by the love of family.

 

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CONCLUSION

The novel is filled of symbolism and has the goal of acting as a riddle, teaching important things to the people about behavior and perception of the life.

The three ghosts offered to Scrooge the possibilities of changing his life in the present and save his future, but before, is necessary to him change his way of viewing the world and the people around him. This is the way of Dickens to produce his work; he does not use the poetic justice. In Dickens novels, the bad characters have the chance of changing his life and become good ones. This is what happens with Scrooge, and after his experience, is said that no one knew how to celebrate Christmas like him.

Dickens believed in the good of people and in the power of redemption. With this work, he hoped to show that is possible to change people like Scrooge, selfish, greedy, insensitive, etc, into good ones, that cares about others.

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15 MOBY DICK 1956CELIO DOS SANTOS SARAIVA

“Moby Dick” is a film based on Herman Melville’s work. The story talks about a Captain called Ahab, who fells a superhuman hate of a white whale who hurt him and took off one of his legs.

The story is narrated by a young man called Ishmael, an adventurer who saw sea as a possibility of thinking about life, to know new things and new people. One day, Ishmael left looking for an adventure and stopped in a whalers bar, with typical music, rum and he introduced himself saying that he wanted to hunt whales, he asked permission for doing this and he got it.

Due to the heavy rain, Ishmael had to stay hosted in a bar and he would be roommate of a foreign called Queequeg. They become friends and decide to go together looking for a vessel which would accept them in the team of whalers.

There is strong presence of Christianity, every time they talk about God. There is, still, one chapel frequented by whalers and there, the own religious leader establishes his preaching inside of a small boat.

When they were boarding, Ishmael e Queequeg were approached by a man called Elijah, who advertised them about Captain Ahab and told them that sometime, in the middle of the ocean, they would smell land, but the land did not exist and everybody would follow the Captain except for one.

When all the men were working in the vessel, the

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Captain Ahab appeared and told them about the whale called Moby Dick and he would gift with a gold coin the sailor who sighted the white whale first. The work of the whaling ships is to kill whales and extract them oil, however killing Moby Dick was nothing but a vengeance matter of Captain Ahab.

One day, Ishmael saw hundred whales, it would be very lucrative, but the Capitan Ahab did not like that. He wanted to see and kill Moby Dick, so he ordered to all his sailor to let those whales and the gone after the white whale.

Starbuck, Second Official in that vessel, tried to convince the other sailor to give up of the hunt of Moby Dick and advertised them about de dangerous of the whale which had the size of an island. Starbuck told, too, that they haunted whales to help people and not to satisfy the Captain and his own luxury.

The voyage was not going well, the mood was nasty, until that Queequeg, after felling that he would die, he asked to the carpenter to build him a coffin. He handed Ishmael his belongings and said goodbye. He sat down and expected his death.

At one night, the while whale was sighted, nevertheless the attempts of capture were frustrated. And it worried the Captain and aroused in him the wish of killing Moby Dick. They were looking for Moby Dick for several weeks. In this research, one day, one Captain of a vessel called Rachel asked Captain Ahab some help, but he refused the request, because his time was used to find the whale and kill it.

A heavy storm appeared, but the Captain Ahab ignored it completely and ordered his sailors to keep moving toward the place where they could find Moby Dick. Starbuck kept trying to convince the crew that it was wrong, but they kept devoted to Captain Ahab.

The white whale appeared and they made everything to kill it, mainly the Captain Ahab, but he got killed by

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Moby Dick. Starbuck always said that his job was killing whales, so he ordered the crew to kill the white whale, not for vengeance, but for necessity of killing it. However the attempts of killing the whale were, again, frustrated. The whale destroyed the vessel and killed everybody except for Ishmael, who could float on Queequeg’s coffin and was rescued miraculously by the Captain of the Rachel vessel. Ishmael could live to tell this story.

16 SUBMISSÃO E SACRIFÍCIO DESTINADO: AMOR E HEROÍSMO EM

IRACEMA, DE JOSÉ DE ALENCARAMANDA BARBOSA DOS SANTOS JACINTO

FABIO DA SILVA CUSTÓDIOLUIZ CARLOS MACHADO

Resumo: Este artigo visa à análise do livro Iracema de José de Alencar, a fim de compreender como são retratados pelo autor, o Amor Romântico e a Colonização Portuguesa na fase inicial do romantismo nacional.

Palavras-chave: Submissão, Sacrifício, Idealização.

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Introdução

A escolha da obra de José de Alencar para esta análise se justifica pela importância e projeção que alcançou no século XIX, e por sua influência direta no movimento romântico nacional e indianismo.

José de Alencar, autor brasileiro, nascido no Ceará, começou a ganhar notoriedade a partir de 1856, quando sob o pseudônimo de Ig, publicou as Cartas sobre a Confederação dos Tamoios. Nesse mesmo ano publicou seu primeiro romance, Cinco minutos. No ano seguinte, a publicação de O Guarani, em folhetins, lhe rendeu grande popularidade. A partir deste ponto diversificou e aumentou sua produção, trabalhando entre outros temas com ficção histórica. Neste campo, os romances com temas de lendas indígenas o levam a incorporar-se no movimento do indianismo no século XIX. A produção de Alencar alcançou tanto destaque no meio literário que chegou a ser elogiado por Machado de Assis em um artigo no Diário do Rio de Janeiro, no ano de 1866, pelo romance Iracema, e posteriormente, quando da fundação da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis o escolheu como patrono de sua cadeira.

“Sua obra é da mais alta significação nas letras brasileiras, não só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal com que a escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu, facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. Sendo a primeira figura das nossas letras, foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”. Sua imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pelo volume, se considerarmos o pouco tempo que José de Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta.

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Faleceu no Rio de Janeiro, de tuberculose, aos 48 anos de idade.” (Site Academia Brasileira de Letras).

O amor romântico em Iracema e a quebra da tradição

A personagem Iracema é uma índia intocável, como descreve muito bem Alencar:

“... a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira... o favo da jabuti não era tão doce como seu sorriso nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado.” (Iracema, cap. l, pag. 22)

“Iracema pertence a essa literatura primitiva, cheia de santidade e elevo, para aqueles que venceram na terra da pátria a mãe fecunda – alma mater, e não enxergam nela apenas o chão onde pisam”. (BOSI, 1997, P.150)

Guerreira valente Iracema defende o seu povo como uma leoa parida furiosa defende seus filhotes e, além disso, ela é responsável por guardar a tradição de toda sua tribo chamada “o segredo da Jurema” – O segredo da Jurema era como se fabricava a bebida que produzia efeitos alucinógenos, só Iracema sabia como se fazia – até chegar Martim.

Martim Soares Moreno, o colonizador do Ceará é o autor da desconstrução de toda a tradição da tribo, uma vez que a índia se rende totalmente ao seu amor – quebrando assim a crença da virgem consagrada a Tupã - mesmo ele sendo neutro, pois no início ele tivera medo de se envolver tendo em vista a preservação de seu povo.

Observamos nesta literatura que toda força poética vêm da relação amorosa da jovem guerreira Iracema com colonizador, e de tudo mais que está a sua volta, como a

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natureza, a coragem da mulher, a bravura selvagem e principalmente a lealdade dedicada ao branco.

Personagens inverossímeis

A forma como Martim reage à flechada de Iracema, mostra o quão “surreal” e inverossímil é sua postura frente aos nativos, como é mostrado em um trecho a seguir:

“De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada, mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d`alma que da ferida.” (Iracema. p 23).

Até mesmo a reação de Iracema é contrária ao dar a flechada, que ao invés de fugir para não ser alvo dele, ela o socorre sem nenhum medo ou desconfiança por se tratar de um branco. O tratamento dos índios para com Martim também é de se estranhar, uma vez que não condiz com a realidade da época. Tratam- no como uma pessoa muito importante, quase como um índio também. Em seu texto Um mito sacrificial: o indianismo de Alencar, Alfredo Bosi deixa claro que isso está bem explicito no seguinte trecho: “[...] O índio de Alencar entra em íntima comunhão com o colonizador.” (p.177). Podemos pressupor que está ligado a uma “relação voluntária de amizade” já que ambos não mostram nenhum sentimento de desconfiança, medo ou austeridade.

Outra passagem do texto que explicita esta estranha relação de convivência, amistosa demais e que é quase impossível de se acreditar, é a seguinte:

“[...] O que importa é ver como figura do índio belo, forte e livre se modelou em um regime de combinação com a franca apologia do colonizador. Essa conciliação, dada como espontânea por Alencar, viola abertamente a história da ocupação

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portuguesa no primeiro século.” (p.179)

Descrição idealizada de Iracema

A descrição que é dada a Iracema, a descreve como uma deusa, quase que uma mulher perfeita, o que é impossível de se acreditar. Isso pode ser notado no seguinte trecho:

“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa de graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.O favo de jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.” (Iracema.cap. II.p. 22)

Vemos a idealização presente na descrição de Iracema, através da linguagem poética e subjetiva que é utilizada.

Heroísmo de IracemaPode- se dizer que a morte de Iracema

metaforicamente a conduz a ser encarada como a heroína do romance, uma vez que a morte dela representa a extinção da raça indígena e também por estar ligada ao amor que ela sente pelo Martim. Embasado no texto teórico, o trecho que explica o que está sendo dito anteriormente é o seguinte:

“O risco de sofrimento e morte é aceito pelo selvagem sem qualquer hesitação, como se a sua atitude devota para com o branco representasse o cumprimento de um destino, que Alencar apresenta em termos heroicos ou idílicos.” (Bosi, Alfredo. p.179)

Submissão e sacrifício

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É notável a postura de submissão do índio frente ao colonizador. Uma cena que retrata de forma bem clara essa postura, em Iracema, é o momento do encontro de Iracema com Martim. Já de início ocorre uma relação amistosa entre ambos, ainda que o esperado fosse uma reação contrária, se considerarmos o período e o contexto onde ocorre o encontro.

“Segundo esse desenho de contrastes, o esperável seria que o índio ocupasse, no imaginário pós-colonizado, o lugar que lhe competia, o papel de rebelde. Era, afinal, o nativo por excelência em face do invasor; o americano, como se chamava, metonimicamente, versus o europeu.” (p. 177)

O que vemos a partir daí, é a contradição estabelecida, tendo em vista que o índio de Alencar entra em íntima comunhão com o colonizador.

“[...] o esperável seria que o índio ocupasse, no imaginário pós-colonial, o lugar que lhe competia, o papel de rebelde. Era, afinal, o nativo por excelência em face do invasor: o americano, como se chamava metonimicamente, versus o europeu.” (Bosi, p. 177)

A representação do sacrifício destinado se dá pelo fato de Alencar externar a entrega incondicional do índio ao branco e a fácil aceitação da morte por Iracema, sem qualquer hesitação. O que é justificado, pois: “A nobreza dos fracos só se conquista pelo sacrifício de suas vidas.” (Bosi, p.179)

“A concepção que Alencar tem do processo colonizador impede que os valores atribuídos romanticamente ao nosso índio – o heroísmo, a beleza, a naturalidade – brilhem em si e para si; eles se constelam em torno de uma ímã, o

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conquistador, o dotado de um poder infuso de atraí-los e incorporá-los.” (pag.181)

ConclusãoNo início do romance de Alencar não fica claro se o

que conduz as atitudes de Iracema é o amor por Martim ou o destino a que parecem estar atrelados os nativos brasileiros, que é de se submeter ao colonizador europeu e por vezes se entregar em sacrifício pelo bem os desejos do mesmo. Essa dúvida, que serviu de ponto de partida para esta análise, não encontrou resposta que a direcionasse completamente para uma das opções anteriores.

Durante o processo de análise o que ficou claro para nós, foi que aquilo que guiou as decisões de Iracema durante o decorrer da trama, hora foi o amor por Martim, hora foi o seu destino de submeter-se e no fim sacrificar-se pelo marido, que representava a figura do colonizador branco europeu, e que pode ser encarado, pela forma como é retratado na obra, como um ser superior aos índios, quase divino. Assim, podemos dizer que todos os personagens indígenas que são retratados no romance parecem “orbitar” em volta de Martim, como se ele fosse o centro do universo em que existem.

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Referências bibliográficas

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=889&sid=239

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização- São Paulo: Companhia das Letras, 1992

http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/Josedealencar/iracema.htm

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AUTORES

Cada nome presente aqui neste trabalho pertence aos alunos de Letras da UNIABEU.

ADRIANA DE SOUSA DE OLIVEIRA ANDRADEAFRÂNIO DOS SANTOS SEBASTIAO JUNIORAMANDA BARBOSA DOS SANTOS JACINTO

ANDREA DA SILVA NEIVACARLA LEITE

CARLA PENA RIBEIROCELIO DOS SANTOS SARAIVA

CLEA LUCILACHRISTILAINE PIRES

CRISTIANA DE MOURA PINTOELIONAI DE OLIVEIRA BASTOS

FABIO DA SILVA CUSTÓDIOGISELE CRISTINE TAVARES PERAIRALEANDRO SILVIO DE OLIVEIRA SILVA

LETICIA DE ARAUJO EULALIOLETICIA LINS DE SOUZA

LILIANE PINTO DE SOUZALUCIANA FERNANDES CARDOZO

LUIZ CARLOS MACHADOMABELI DRUMOND VIANA

MAIURE CARDOSO GONCALVESPRISCILA CRISTINA DOS SANTOS LIMA

ROBERTA DE OLIVEIRA TAVARESSOLANGE BARBALHO

TALITA PINHO DE OLIVEIRATATIANA SOBRAL DA CRUZ

VANICE DA SILVA

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