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s j&l %£?\ M* * /Tm S, is IDA - CONThNUAíj.VO II Oh ! padre infclicc! ()' vcduto il mio figlio cader, L'ó vcdulo morir, coperto lutlo Di ferite c di sangue. a i * orria o anno de 1855, tào funesto á provincia do Parei; As bacchanalias de sangue estavão em seu apogêo, e os gritos das victimas do punhal do assassino conster- navão todo o império. as duas primeiras autoridades da provincia tinhào pago com a vida a imprudente ' confiança que mostravão no meio dos avisos c denun- cias que lhes viiihão de todas as partes. A semente tinha produzido seus venenosos fruetos! Os hypocritas da li- herdade ha muito espalhavão pelas tiirbas ignorantes idéas desorganisadoras, e procuravão agitar o bom povo, (jue vivia na paz e felicidade, sem almejar outra existência que não fosse aquella tào plácida ein suas humildes casas, e no meio dos seus. Corna palavra ypatriotísmo tào gasta, e quasi sempre tão mentirosa, esses ambiciosos tocavão as almas puras, e assim ião collo- cando pedra sobre pedra em sua obra infernal. Não querião outra cousa senão o roubo e o assassinato, e profanavão o nome santo da liberdade, c a cobriâo com as vestes vermelhas do sangue dc seus irmãos! Tomo lll Julho de 18tJ5 7

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sj&l %£?\ M** /TmS,

is

IDA

- CONThNUAíj.VO

II

Oh ! padre infclicc!()' vcduto il mio figlio cader,L'ó vcdulo morir, coperto lutloDi ferite c di sangue.

a i *

orria o anno de 1855, tào funesto á provincia do Parei;As bacchanalias de sangue estavão em seu apogêo, eos gritos das victimas do punhal do assassino conster-navão todo o império. Já as duas primeiras autoridadesda provincia tinhào pago com a vida a imprudente 'confiança que mostravão no meio dos avisos c denun-cias que lhes viiihão de todas as partes.

A semente tinha produzido seus venenosos fruetos! Os hypocritas da li-herdade ha muito espalhavão pelas tiirbas ignorantes idéas desorganisadoras,e procuravão agitar o bom povo, (jue vivia na paz e felicidade, sem almejaroutra existência que não fosse aquella tào plácida ein suas humildes casas,e no meio dos seus. Corna palavra ypatriotísmo já tào gasta, e quasi sempretão mentirosa, esses ambiciosos tocavão as almas puras, e assim ião collo-cando pedra sobre pedra em sua obra infernal. Não querião outra cousa senãoo roubo e o assassinato, e profanavão o nome santo da liberdade, c a cobriâocom as vestes vermelhas do sangue dc seus irmãos!

Tomo lll Julho de 18tJ5 7

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191 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Um dia os habitantes da capital do Para acordarão com o estampido docanhão, e com a grita de bárbaros pelas ruas, e com o estrondo das portasque cahião aos golpes de machado, e perguntavão temerosos o nue era ludoaquillo? Nào lhes responderão nada, porque aquellcs mesmos que niatavào,ese embriagavào com o sangue, não sabido o porque dJessa carnificina! Mos-travão em tudo, e para significar tudo, o punhal do assassino. Dias horríveisesses, nos quaes cada hora era marcada com a morte de um homem! Os paiserão arrancados dos braços das filhas, e horrivelmente trucidados; os maridosdos braços das mulheres em dolorosa supplica, e assassinados. E esses ca-nibaes obrigavão as filhas a insultarem as cinzas aiuda quentes de seus pais;e as mulheres erão levadas de rasto aos altares para se unirem com os assas-sinos de seus maridos.

Mais ferozes que o tigre, nào solíriào as lagrimas dos parentas sobre oscadáveres insepultos.

A revolução principiando tinha tomado logo grande vulto, e estendia-sépor toda a provincia. N'cssa época infeliz a lei esçripta havia dcsappareeido:e as pessoas mais baixas e ignorantes erão nas primeiras posições, visto quese procurava sempre para ellas os mais sanguinários. A audácia do crime,a triste celebridade do assassino era o melhor titulo para chegar a elevadolugar. A historia desses tempos, que felizmente passarão já, o conhecimentolos actos dos homens, que se dizião (e erão na verdade) os directores da re-/olta, enluta-nos o coração, e nos rebaixa entre as nações.

Quem lançasse os olhos eutào para esse paraíso d'outrVra tào nsonlio,sentiria amargo solírcr contemplando a miséria e a fome. Familias inteirasforão scmi-mias pedir asylo em outros lugares, abandonando ,, terra quelhes sorrio tanto no passado, c que ficava com o sangue e com as recorda-çues todas da felicidade que morria. A familia paraense, tào unida antes d'esscstristes acontecimentos, mandava seus membros dispersos para todas as partes,pobres de tudo, até dc esperanças, porque eutào ninguém acreditava que oimpério da ordem fosse jamais restabelecido. E na terra de seus maiores, e nosanctuario do lar doméstico íicavào os assassinos, os incendiarios cos reprobos!

Foi dilatada essa agonia atroz; e o calix de amargura transbordava, quandoDeos disse-basta! -Porque julgou que o solTrimento vencia a força humana.E verdade inabalável, de que a ordem publica é tào necessária a prosperi-dade das nações como o sangue á existência humana, mostrou-se contra aanarchia.

E todos esses sytemas falsos, que se propalavão, qne dominavào, fugirão'diante do poder da verdade. Ella foi embaraçada em seu eterno caminhar,mas superou tudo, o plantou o seu dominio no meio dos povos.

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JORNAL DAS FA.MIL1AS. j^Foi ;i revolução a tempestade que passou pelo horizonte da ordem de

durarão ephemera... Não .. não era possivel (pie princípios e idéas que tempor si o eunlio da existência de séculos, e por labaro as maravilhas dopreseule nas obras do gênio protegido pela paz, cedessem e cahissemesmagados por esses homens bárbaros, por essas excepções da espéciehumana.

Porém, antes que chegasse o dia da regeneração correu em ondas o sangue,c enchérão-se com rapidez as paginas dos crimes. Os agentes da revolta pa-recião espíritos infernaes enviados pela punição de Deos para a coroa de mar-lyno dos homens. E toda a provincia era um campo deserto por onde passarao fogo da destruição.

A Villa Viçosa de Camutá era entre todas a única que, tinha resistido á tor-reulc. Ella conservava-se em socego, c servia de asylo aos infelizes quepoderão salvar-se do naufrágio geral. A hospitalidade*e a beneficência deseus habitantes alliviava as dores de seus irmãos, que corrião de todos oslados paia essa terra dc paz c de hondade. Ilepartião com elles tudo o quepossuiào, e sublimes actos dc angélica virtude passavão a cada hora n'aquellavilla silenciosos e ignorados, porque elles laziào sacrifícios nos hens queespargião movidos pelo amor de irmãos, e abalava o sacrificio o prazer daaccaõ.

Sem recursos e abandonados, procurarão todos os meios dc defesa, eani-mados pelo sentimento da boa obra alcançarão o seu fim. Creárão assim rc-nome bem merecido, que marcará sempre essa (erra com a coroa de gloriade se haver segregado dos homens sanguinários, amaldiçoando a obra dedestruição, e mostrando ao Brasil que erào mais avançados nas vias da ci-vilisaeão.

o

Kcuníráo-se alli as primeiras autoridades, e escreverão o seu protesto como povo contra a revolução, e derào-lhc a publicidade possivel naquella*épocas1.

Cercarão a villa com fortes trincheiras de madeiros; e com serem ent

1 Foi um passo esse mui ousado! Era uma pequena fracçao da provincia, que se animava a provo^j»r

» maiora, convocando as villas Iodas para a alliança da ordem. Citaremos alguns tópicos da' ce-lebre aela de 20 de Marro de 1835: P« A villa de Camutá c seu termo protesta nao consentir que a constituição do Estado seja violada,« enao reconhece autoridade cm governo algum intruao Convido-o (o presidente interino) a tra-« balüar, e bem assim a todas as mais autoridades da capital, a favor do império da lei E no caso« «'«esperado dc subversão da ordem, Camutá tomará a altitude que lhe compele, adoptrmdo as me-«clicas que julgar convenientes para manter a tranquillidade E para esse effei to convidará as« villas circumv.zinhas afim de se oppôrem com esta ás tentativas da anarcliia, e ajudarem-se mu-« tuamente para a susteíilaçtlo do império da lei c da ordem publica. »Era enlào presidente da câmara Josc Raymundo Furtado.

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19G JORNAL DAS FAMÍLIAS.

segurança, não se esquecerão dos que soffrião fora de seus muros. Enviarão

expedições contra differentes pontos mais vizinhos, e até para defesa da

mesma capital1.Derão mais um exemplo do que pôde um povo defendendo e sustentando

uma causa justa. Entre elles appareceu um homem de alma dc forte tempera,

que não attentava para os perigos, caminhando sempre avante, tendo pornorte o dever sagrado da salvação da pátria. E elle, qne não havia sido edu-

cado para a vida dos campos, e que era novel íressa sciencia barbara da des,

truição dos homens, dominou c venceu com coragem os inimigos da prospe-ridade nacional. Era um sacerdote!...2

Por certo quando esse homem se votou ao altar de uma religião dc paz e

de perdão não consultou bem seu pendor natural. 0 coração devia saltar-lhe,

e mui difficilmente ser comprimido sob as vestes sacerdotacs, todas as vezes

que ouvisse o estampido do canhão ou o agudo som do clarim.

Era esse o lamentoso estado da provincia do Pará na época nomeada no

principio d'este capitulo, e a contra-gosto nos demoramos n'esla expe-

si cao.Tomamos o triste trabalho de tocar cm feridas que ainda sentem, porque a

^ida das pessoas dc nossa historia esteve ligada a esses acontecimentos. . .

Estes malvados mações serão mortos sem piedade, e nào descansaremosemquanto não fòr exterminada essa raça maldita. Não pensas como eu?

Sim... e já tenho mandado para o inferno bom numero d'cllcs. Masainda mesmo entre nós existem muitos suspeitos, que se enternecem com aslagrimas das mulheres cPesscs feiticeiros. Alli está um, tão fraco como uniacriança, que hoje mesmo deixou de matar esse prisioneiro, que abi temos,

porque ouvio o grito dc uma mulher.Para que todas essas mortes? Que mal nos fazem esses homens, que são

por nós sacrificados mesmo em suas casas, no meio de seus filhos? Ouve-me!...Ha momentos para mim dc arrependimento doloroso por ter trocado a vida

passada cm minha montaria na pesca, por esta tão má dc caçar homense de os matar, como fazíamos antes ás maracajás. Se não fosse o amor da

pátria!..., — E melhor que te retires dc nós, porque não prestas para nada. Então

. y , l .'- '<

i Uma expedição tomou o lugar de Breves depois dc trabalhado combate, c outras lizcrâo o mesmoem alguns lugares. O vice-presidente, o Dr. Ângelo Custodio Corrêa, foi com um reforço para acapital.

* O padre Prud.ncio José das Mercês Tavares.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 197

não sabes que todos esses malhados ou moções querião escravisar-nos, rene-

gavão os santos, c tomavào a figura de lobishomem para matar nossos filhos?Nào sabes que elles empregavão suas feitiçarias sempre contra nós?

Tinlia este dialogo um grupo de homens de hediondas figuras, em redor deuma fogueira, sobre a qual collocavão alguns espetos com peças de diversascaças. Mais adiante estava uma centena de outros oecupados em differentesmisteres. Era um acampamento dc rebeldes, formando no seu todo um qua-dro interessante. -

A margem do Tocantins, barrancosa iPesse lugar, era coberta de castanhei-ros e assacúeiros. Havia porém um abrigo por trás do arvoredo em uma cha-

pada extensa, escondido inteiramente aos (pie passavào pelo rio. Era precisoser conhecedor do segredo de uma estreita picada, que, partindo da riba, emui encoberta por arbusculos, ia ter á esplanada, para chegar a esse asylo.

Jaziào dispersas pelo chão muitas peças de chitas desdobradas, e fazendasde algodão de toda a qualidade. Aqui erão pilhas d'esses pequenos espelhosde tanto consumo no Brasil; alli erão chapeos de peilo de seda, avariados

pela chuva c maltratados; mais longe ricos lenços de seda, de mistura comenfeites e fitas de vestidos confundidos com ferrugentos terçados e velhaslazarinas. ,

Esta reunião era pouco distante do lugar já conhecido por nós, o Pacajá.Depois de completa refeição esses homens estcndèrào-sc sobre a relva, unsinteiramente embriagados, e outros conservando alguns restos de razão.

Dous homens únicos estavào acordados, e parecião velar, guardando essedesordenado aquartelamento. Um delles mostrava-se superior ao outro. Seusemblante carregado, seu olhar seguro revelava um pensamento único, domi-nando todos os movimentos da alma. Para o observador atlento era fácil des-cortinar sob as dobras do véo que lhe cobria o coração uma sombra de amargamelancolia, senão de remorso, trabalhando sempre aquelle ser forte, porémaccessivel aos golpes das paixões. Ambos pcrtenciào a essa classe ignorante,

que mais avultava nas fileiras da revolta. A ignorância porém nào excluecertos dotes que a natureza caprichosa espalha por todas as gradaçoes da je-rarchia social, e dentre a baixa esphera erguem-se caracteres notáveis porqualidades elevadas, que, favorecidos pelas oceasiões, tomào desenvolvimentoadmirável. Sào como o diamante sabido do alveo dos rios, que, sem o lapi-dar, brilha e tem valor.

Assim, esse homem superior aos outros lhes havia imposto seu dominio,e os arrastava comsigo. Para melhor conheccl-os ouçamos suas palavras...

— Jaituba! tudo cede ás nossas forças, e hoje cobrimos toda a provinciacom as nossas hostes. Possuímos os mais fortes e ricos pontos do Pará; e, se-

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i98 JORNAL DAS FAMÍLIAS,nhores d'essa vastidão de terras, que onlrora era oecupada por nossos ini-migos, faremos o nosso futuro de felicidade, som termos ninguém que nosgoverne e agrilhoc nossas vontades. Pensarás talvez que é vindo o térmnde meus desejos? Enganas-te... Ainda alli esta uma nuvem carregada quedespede ardentes raios sobre a minha cabeça. Camulá e seus arredores não serende, e continua a affrontar todo o nosso poder.Mas devemos esperar por feliz e completo triumpho. Sabes que fortesexpedições estão em caminho contra esse ponto unico que ousa resistir aospatriotas.

Elles serão esmagados, esses Brasileiros degenerados, que não quizerãoabraçar a causa santa que nos anima... Sim, eu não duvido do resultado; mascomo tarda-me esse dia de victoria!

Amigo! não são as nossas victorias ou os nossos revezes que te mo-vem o peito. Ha muito liei lido com os olhos da amizade ns paginas de tuaalma. Occultas a todos alguma «lôr que surdamente vai minando-te a exis-tencia. Ouyi dizer a alguém que a confiança do homem em coração aníSb senao destróe, mitiga muito os soffrimentos. Conta-me os teus males! " '

Sim... eu soffro, e vou depositar no seio da amizade o acerbo lormentoque me persegue. Amo mais que tudo neste mundo a uma mulher que ha-bita esses lugares, ainda agora em poder de nossos inimigos. Pôssuil-ae para m.m o supremo bem, e eu desespero longe delia, e as minhasforças quebrão-se todas diante d'essa muralha de demônios que defendemLamuta.

_ - Espera!... econta comoainigopara alcançaresa fehcidade de lua vida.U que e preciso que eu faça?

Por agora, amigo, vás servir para a vingança. Corre ate esse prisio-cas. Talvez algum d'elles tenha sonhado protegei-oT^nto sangue, meu amigo! Esse prisioneiro era teu ,nnni,0'>Sim!, e deves obedecer-me quando en mando, sem procurar as razoesde minhas ordens. Adeos!

0 leitor terá conhecido que um d'esses homens era Alev-Assú Desesncrado pelota™ h__ an,me8s0„,e 0„Jtó"e '

dando esse passo, que seria por ventura mais fácil alcançar com o poder dI a pareça de continuo a negra lembrança da imposs.biiidade de venceraauelle corata„ Ja ,l«d„ . „„lrcm. E e||e „âo x _We,aset amado B..*.ta,„ , ,m ,

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 199

conhecia que no amor não ha gozo perenne sem a mutua correspondência doaffecto.

Aquelle que se achava com Aley-Assú ao tempo em que houve o dialogo

que acabamos de narrar era o seu amigo fiel, e principal cabo do bando ássuas ordens. Dotado de uma alma fraca para a resistência, tinha sido arras-lado para esses homens sanguinários, e batia-se a favor de uma causa queelle mesmo não amava. Sentia as dores produzidas pelos seus companheirosem suas emprezas de sangue como próprias; mas não tinha a coragem defugir delles.

No mundo conhecemos muitos (Fesses caracteres, que serião os symbolosda bondade, se a sua própria razão e instincto os guiassem. Quando o destinoos colloca em uma senda lisa, plana e seguida para o bem, sem um só des-vio, elles formâo uma cadéa não interrompida de boas obras até o descansoda campa.

Esse homem, incapaz de guiar-se pela sua vontade própria, facilmente sedeixou prender logo pelas qualidades extraordinárias de Aley-Assú. Elle oseguia por todas as parles, e, como o cão fiel e obediente, curvava-se ao jugoestranho sem revoltar-se jamais. >

Os espiritos elevados, os homens celebres pela virtude ou pelo crime, pro-duzem sempre amizades devotadas n'essas pobres almas, victimas reaes doestado social. Parece que a vida n'ellas não é capaz de sustentar-se pelas pro-prias forças, e sem o apoio externo.

São corno essas producções do reino vegetal, queprocurâo as vizinhançasde altivos troncos para serem protegidas em sua breve e miserável existência.As vezes vencem os bons instinetos d'essas creatnras, quando são longe daimmediata inlluencia que as íyrannisa. Assim Jaituba, entregue a seus pro-prios pensamentos corn a retirada de Aley-Assú, hesitou no cumprimentod'essa missão de sangue, e á proporção que avançava para o sitio em que de-via estar o desgraçado votado á morte, mais se abria seu coração á indul-

gencia e á bondade.

Em uma das extremidades do acampamento dos rebeldes, onde o terrenoformava uma alcantilada descida, que ia perder-se em um profundo valle,

pelo qual corria por antepostas rochas, com medonha violência, um desviodas águas do rio, estava um homem ligado a um forte poste por cordas

que lhe passavão pelo meio do corpo, arrochadas com violência lal, queo faziáo dobrar para a terra, cedendo ás agudas dores que lhe torturavão asentranhas. As mãos, atadas para trás, abraçavão o posle, impossibilitando •

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qualquer tentativa de evasão. Esse desgraçado era Vimy, o prisioneiro deAley-Assú.

Waquellas lutas lamentosas todos os prisioneiros erão mortos; c os gênerosde supplicios variavão segundo a índole mais ou menos feroz dos vencedores.Horrorosas torturas precedião á morte, e as continuadas scenas de sangue ede crueldade havião desterrado a compaixão e os impulsos nobres d'áquellasalmas incultas. Erão engenhosos na escolha dos tormentos, e cada dia inven-tavão mais uma dôr, mais um martyrio para os seus condemnados.

Entre a gente de Aley-Assú era mais usado o supplicio que em sua barbaragiria cbamavão o derradeiro banho. Erão os prisioneiros maniatados de fôrmaque não tivessem a faculdade do movimento, e depois precipitados nos rios,ou despedidos dos elevados picos de fervidas cachoeiras. Esse gênero de morteestava ordenado para Vimy, e para isso o havião collocado nas vizinhançasda corrente.

Antes porém de proseguir, remontemos um pouco para relatar sua prisão.Na embriaguez do amor, na posse de plena ventura, Ida e Vimy não derão

um só instante para a lembrança de um caso qualquer que pudesse lhes virtoldar a taça do prazer. Não lhes chegava o gemido do infeliz, ou o ronco datormenta revolucionaria. O incêndio lavrava em redor d'elles, e elles nadasentião a não ser a felicidade própria. Como nào esquecer o inundo e oshomens n'essas magas horas de amor? Mas alguém havia infortunado em suapaixão, que não se deslembrava d'elles para a vingança.

Aley-Assú tinha ordenado tudo para acabar com o maior obstáculo de seusardentes desejos. 0 homem que Ida escolhera em seu coração devia desappa-recer do mundo. Um dia em que Ida e Vimy vagavào pelas vizinhanças da

.habitação do Pacajá, embebidos nos gozos da paixão feliz, admirando dacreação as mais pequenas producções, e achando tudo bello, porque tudo eravisto com os olhos da alma em plena satisfação, forão repentinamente cer-cados por um bando de rebeldes, com suas roupas vermelhas, tinta* com ourucú. E elles, que erão estranhos ás agitações do mundo, e que só pediãoa continuação do presente tão doce, forão fulminados pela infelicidade nocaminhar tão rápida como o raio! Vimy tentou resistir, mas cedeu ao numero,e cahio, gritando a Ida que fugisse. E ella, perturbada pelo inesperado acon-tecimento, seguio o primeiro impulso que lhe creou o medo, e pôde sal-var-se a tempo dos bárbaros, que na perseguição não podião avançar muito,receiosos das forças legaes que oecupavão aquelles sitios.

A morte é um descanso eterno das lidas do mundo, ou um bello somnosem fim, na phrase de Shakespeare. Talvez o habito de temer essa passagem

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.10 ILN AL DAS IAM 1 Ir IAS. 201rápida da vida para a eternidade, habito que nasce quasi com o homem, e oacompanha até a hora do desengano, seja a razão única dc chamar-se ummal ao que pode ser um bem. Quem sabe?

Ao primeiro grito da existência apparece o cortejo numeroso das dores,que nào desacompanha nunca o homem. Principia essa luta atroz da erearàocom as forças desorganisadoras, e (jue se prolonga. O corpo resiste e acabavencido; a alma luta e sahe vencedora, mas alquebrada, inanida, quasi sempoder subirá sua verdadeira morada. E quão mudada a deixãò os crepilantesrolos das vagas do existir!

Quem nao terá aspirado, ao entrar no mundo, as aromalicas flores de umaalma virgem? Corremos tào alegres n'essa época, vivendo vida de irmàosentre os nossos semelhantes, empreslando-lhes todos os sentimentos nobresque eutào possuimos, confiando nelles como em Deos. E depois? Ah!como é amargo o conhecimento da verdade, aquillo que o mundo mal cabi-damente chama sabedoria!

Uma por uma cabem as folhas murchas d'essas flores (jue nos enfeitaváoa vida. ü amor da mulher nào tem as cores, que a imaginação preparara,frescas, suaves e harmoniosas; é o baixo c infame calculo do interesse, ou aimagem do vicio. A amizade do homem, que a mocidade borda com poéticosenlaces, com sublimes abnegações, é a perfídia, o egoismo, e uma continuacadèa de refalsádo fingir. E quando nossa alma, novel e cândida, resiste aocontagio, c passa pura por entre a turba dos reprobos, o mundo nào a co-nhece, e procura esmagal-a pela calumnia. A virtude nào é coinprehendidapelos homens, e, planta exótica sobre a terra, desiallece, vegclando entremartyrios.

O inundo merece tanto amor, e a morte tanto horror? É um problema quesó resolve a lousa sepulcral

— Morrer tão moço, quando apenas tomava assento no banquete da vida!Deixar tão cedo o mundo coin suas galas, a mulher que tão ternamenteamava-me I Oh! é horrivel! Pela ultima vez contemplei o brilhante sol deminha terra, as llòres do campo, e ouvi o alegre canto das aves. E nem aomenos poder dizer-lhe o extremo adeos!...

Vimy soltava aos ventos estas magoadas palavras, abatido com a idéa damorte. Na hora extrema se recordava do passado com saudade, e contavacada uma das venturas perdidas. A memória para mais pena lhe representavaas delicias gozadas, servindo como sempre de verdugo na calamidade com arecordação do que já se nào logra.

T. III. 7.

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'202 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Por algum tempo conservou-se em profunda meditação com a fronte cabida

para a terra.N'essa hora tremenda, com a rapidez do pensamento percorreu as paginas

todas de sua breve .existência. Sentio como se deve sentir na hora do pas-samento o que deixava após si. Inspirado pela proximidade da morte des-

cobrio ua creação de Deos bellezas que nao havia nunca sonhado; e adrni-

rava-se de haver passado por cilas com o descuido do caminhante apressado

em fadigosa jornada. Elle queria viver para colher os fruetos, que então sedesenhavão rápidos diante de seus olhos! Parecia acordar de um bello sonho;mas acordava desesperado com os pés na sepultura. Soltou um agudo grito,ultimo esforço da vida, e ficou prostrado pelo soffrimento, abatido e quasimorto.

N'essa occasiào sentio que alguém se approximava, e disse :Bárbaros! venha já a morte, e nào se dilate esta agonia, mais dura (pie

a morte.Tapam scré-calú{! Peza-te tanto a vida, que tenhas pressa para morrer?

respondeu Jaituba, a pessoa que caminhava para junto do condcrnnado, e queroi por elle sentida.

1 Jura unha, .1 rnui.o Usada.

GvniijwarrSé-h. —-

YH.IAK) D. DUARTE

y#mf#y1 - íi -i rv. ->'OOhRtGU

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JOVENS INTERESSANTES

o primeiro do mez de Fevereiro de 1861 estreitavaD. Almerinda em seus braços a D. Antonina, queviera visital-a e cumprir a promessa que lhe fizera.

— Minha cara Almerinda, disse D. Antonina, de-pois de muito haver cantado e passeado com suaamiga, vou contar-te a historia de uma moça que

n unca se rio.Nào é possível! exclamou D. Almerinda.Escuta-me e verás.

Existia noutro tempo em Barcelona uma senhora, que trazia constante-mente uma mascara no rosto, para o que obtivera licença da policia, e tinhapor costume todos os annos, no dia Io de Dezembro, mandar todos os seuscriados e criadas passearem até á noite, dando-lhes, n'esse dia, dinheiro parajantarem fora; debalde lhes ponderavao que podia necessitar de alguma cousaem sua ausência, ella lhes respondia :

Deos velará sobre mim, nào vos inquieteis, necessito de ficar só.Logo que o ultimo criado havia sabido fechava-se por dentro e só reabria

a porta ao pòr do sol.A mascara que trazia, sua grande riqueza, e a sabida dos criados em um

dia marcado causavào a todas as pessoas uma grande curiosidade. Uns di-ziao : « E por ser muito feia que nào tira a mascara; » objeclava outro:« Nào, é para fazer feitiços que ella se encerra um dia em cada anno, » ele*

...?:

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204 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Como estas, liavião muitas opiniões, porém ninguém podia gabar-se de haver

acertado.Um fidalgo francez, que se achava em Barcelona de passeio, encontrando

a mysteriosa Josephina, pois assim se chamava a mulher que nunca se na,

pois as mascaras nao riem, admirado da particularidade que a distinguia e de

sua elegância, vendo que ao formar-se uma quadrilha nào dansava, loi sen-

tar-se a seu lado e perguntou-lhe :Vós não dansais, senhora?Nao posso, respondeu-lhe Josephina.Senti-vos indisposta?Nào, senhor. Se nào danso, é porque temo desprender a mascara nas

voltas que seria obrigada a dar.E que mal havia n'isso ?Que mal? perguntais vós; havião de ver-me o rosto.E porque o cscondeis com tanto cuidado?Sois estrangeiro, senhor, e por isso vos desculpo a pergunta. Saibais,

pois, que tenho justos motivos para nào me separar de minha mascara.Devem ser motivos de grande peso, para que na vossa idade vos furteis

assim aos encantos do amor.Nunca hei de conhecer esses encantos, cavalleiro.

E porque? tencionais viver sempre assim? nào vos casareis algum dia?Casar-me? c quem quereria para sua esposa uma mulher mascarada e

a quem nunca visse o rosto?Vós tendes as gradas da alma c do espirito, c é com esses dotes (jue

principalmente se captivao os corações. Como vedes, pois, nào é vosso casa-mento tào impossivèl como pensais.

E se eu fosse muito feia?Nào é possivel que o sejais! exclamou o íidalgo.A obstinação com que conservo a mascara é motivada pela hediondez

de meu semblante. Como nào teria a coragem de ver ninguém desviar osolhos de meu rosto logo que me visse, conservo sobre elle este muro de vel-ludo, para poder freqüentar a sociedade sem horrorisaba.

—- Será possivel? redarguio o fidalgo.D. Josephina levou a mão á mascara para assegurar-se se estava bem se-

gura.— Quer sejais feia, ou bella, deixai dizer-vos, senhora, que nenhuma nm-

her possue em maior gráo attractivos que conduzem ao amor.D. Josephina emquanto fallava o fidalgo sentia-se extremamente commov.da,

e para não trahir-se levantou-se, mal acabava de proferir a ultima palavra.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. 205

Ide-vos embora? perguntou-lhe.Sim, senhor.Quando vos tornarei a ver?

---- Ouando nos tornarmos a encontrar em algum saráo.v- «A

Nào poderia merecer a honra de apresentar-vos os meus respeitos emvossa casa?

Se tendes bastante coragem para supportar o aborrecimento do meusalão, terei muita satisfação em receber-vos.

No dia seguinte ao d'csse encontro contava o nosso fidalgo a um seuCJ

amigo a paixão que eslava em seu peito, desde que vira a mysteriosa José-

phina.Arranca de teu coração esse falai amor, lhe disse o amigo. Não sabes

que a mulher a quem amas é extremamente feia e faz feitiço todos os annosno dia 1° dc Dezembro? e que para não saber-se a que praticas reprovadasella se entrega í^esse dia manda sahir todos os criados? Foge d'ella se queresser feliz. Crê no que te diz o teu amigo

Nào se deixou porém convencer o fidalgo, e como no dia seguinte era odia Io de Dezembro decidio invidar todos os seus esforços para saber o quefazia D. Josephina em seu palácio ifcsse dia.

Alugou uma casa que havia na proximidade do diío palácio e pôde pelotelhado introduzir-se ífelle sem ser visto, pela janella de um salão que estetinha.

Emquanto D. Josephina fechava a porta da rua o fidalgo introduzio-se emseu quarto, onde d'alli a pouco ella appareceu e ajoelhou-se, depois de umacurta oração levantou-se, abrio um armário, d'ondc tirou um fato de homemtodo manchado de sangue, c beijando-o exclamou :

Oh! minha querida mãi! tenho cumprido a promessa que vos fiz.Ouvindo esta exclamação o fidalgo deixou cahir o chapéo no chão, e como

esse barulho assustasse a joven mascarada, sábio dc seu escondrijo e pedio-lhe perdão por se haver introduzido cm sua casa por um modo tão insólito.Explicou-lhe que o amor que lhe consagrava c o mysterio de que cercava odia 1° de Dezembro tinhão sido os motivos pelos quaes dera esse imprudente

passo, e que não sahiria cFalli contenle se ella lhe nào prometlesse aceitar asua mão.

Antes de pròmetter-vos minha adhesào ao vosso pedido, ouvi a minhahistoria.

Minha mãi era uma belleza, e por isso tinha innumeros admiradores. Emuma reunião em que um dos (pie admiravão a sua formosura contemplou-a

por um espaço de tempo demasiadamente longo, meu pai, dominado pelo

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206 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

ciúme, desafiou-o, e batendo-se no dia seguinte ambos morrerão. Desde odia em que minha mãi enviuvou por causa da sua belleza, disse-me :

Minha filha, ha duas cousas bem prejudiciaes á mulher: uma é a bel-leza, e outra a fealdade. Se eu nào houvesse sido tão bella, ainda hoje es-taria vivo teu querido pai, sobre as roupas do qual peço-te que me jurestrazeres d'ora avante uma mascara no rosto, para que nào desagrades pela luafealdade e possas achar um marido que só se agrade de luas virtudes.

Jurei pois á minha mãi o que ella queria, e como acabastes de ver, renovoannualmente o juramento no dia anniversario da morte de meu infeliz pai.Ainda quereis casar-vos comigo ? jurais respeitar a minha mascara e nuncaexigirdes demim que a tire?

Juro, respondeu o fidalgo.Ide então preparar o que é preciso para o nosso casamento.

O lidalgo sahio, e poucos dias depois d'este acontecimento se cITeitou asua união com D. Josephina.

Durante o baile, que por essa occasião derào os noivos, lamentavão em vozbaixa os convidados a sorte do fidalgo, e temião qne um «lia não viesse a sei-victima das bruxarias de sua mulher.

Quando o baile ia tocando ao seu termo, chegou-se Josephina aos convida-dos erogou-lhes que fossem todos para uma sala contígua, para ouvirem seumarido ratificar-lhe o juramento que lhe fizera de não lhe exigi.- que tirassea mascara. Accedèrão os convidados ao seu pedido, c quando já se achavãoreunidos, perguntou D. Josephina a seu marido :

^ - Sustentais diante de todos os senhores e senhoras o juramento que me

fizestes?Sim, respondeu elle.Pois bem, como me prometleis de não exigir «pie tire a mascara eu

juro-vos que nunca mais a porei; e dizendo isto tirou-a de sobre o rosto epatenteou a todos os olhos uma belleza sem igual.

Uma exclamação geral partio de todos os lados em signal dc admirarão ema.s de um convidado retirou-se pezaroso de não ter tido a coragem do felizíidalgo.

PÁ.ULINA riIILADELPtUA.

F&MUs^y%y/a

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O COLÍBRl

coiibri é a mais poética e melindrosa de todas as crea-

ções da natureza. E conhecido também pelo nome debeija-jlôr. e de todas as aves é a mais pequena de quese tem noíicia. Ha muitas castas d'este lindíssimo pas-sarinho. Todos elles sao furtacôres e tem as azas com-

pi idas para o corpo. Os mais pequenos são, segundodiz Ayres do Casal, escuros ou quasi negros, com a

cauda curtissinia e cor de fogo, bico preto e pouco comprido. Quando vira-dos para o observador, a garganta e o peito tonião n um instante varias cô-res, segundo os seus movimentos; umas vezes a da aurora, quando mais ru-tilante, ou de ouro derretido no cadinho, fugindo de repente umas vezes paraverde, outras para azul, outras para branco, sem nunca perder esse brilhantetào inimitável como inexprimivel. A cabeça, (pie é negra, e ornada com um

pennachinho da mesma còr, quando a ave está com as costas ou dc lado paraa gente, parece cravejada de seintillantes rubis, ou toda de um cscarlatebrilhante que insensivelmente passa a um amarello refulgente. Todos geral-mente têm a lingua compridissima, pennas curtas e olhos pretos. Certifieão

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208 JOHN AL DAS FAMÍLIAS.algumas pessoas que existem d'estas avesinhas todas negras com a caudabranca, e ainda côr de ouro, e pouco maiores que um grande besouro, doqual todos têm o vôo, ou movimento das azas, não deixando distinguir se sãomembranas descobertas de pe.nnas, que tào rápida é a sua vibração, aindaestando parados diante da flor. Seu alimento principal é o sueco ou mel dasflores, que tirão, não como as abelhas, mas como os besouros, Se nào sãotodos, ao menos alguns têm a lingua Pendida.

Eis as palavras, mais ou menos, com que o citado escriptor traça a pin-tura d'este admirável habitante das floridas regiões americanas, acerescen-tando ainda que primeiro se ouve o zunido que esta avesinha faz com as azas,do que ella seja vista. Investe com todos os ou tros pássaros, e nenhum a perse-gue. Nenhum pássaro no Brasil faz seu ninho com tanta arte e perfeição. Al-gumas nações indígenas chamou-lhe guaijnumbij.

O colibri, ou beija-flor, não entra na classe das chnjsaMdes. nem morremais de uma vez...

A natureza parece que teve em vista crear nestas assombrosas regiões osmais singulares e sorprendentes contrastes. Aqui, onde se eleva o gequi-tibá, a peroba, a figueira brava e a cobiuva, cujos troncos gigantescos e fron-dosa ramagem topetão com os morros mais elevados, e vão entestar com asnuvens, nasce também uma multidão de plantas delicadas, enlre as quaes setorna notável a meiga e terna sensitiva; aqui, onde as águias reaes e os con-dores se alteião em vôos rasgados até os dominios do sol, ha passarinhos queno tamanho e nas cores se confundem com as mais tênues e mimosas flori-nhas. Do meio d'estes contrastes admiráveis é que residia a mais admirávelharmonia que nos sorprende em toda a natureza! Sem o termo da compara-ção, como se havia apreciar a belleza? É, pois, da conlcmplaçio d'esle con-juneto de maravilhas que rebenta e se exalta a nossa admiração !

Muitas vezes, á sombra de uma mangueira ou porlo de uma monta de ma-grfblias, passei horas esquecidas em um formoso o deleitavel jardim, obscr-vando os beija-flores, que vinbào libar o nectar das rosas o o mel das'acácias,pairando em roda da flor n esse movimento voluptuoso que parece uma vi-bração electrica, c, pulando com incrível rapidez, passavào de um a outroarbusto, como estrellas errantes que se bouvessem desprendido do réo, ebuscassem na terra as creações mais puras para se encorporar em sua es-sencia.

Que bonitos colibris havia maquellejardim encantado! Era n'essa bora cmque o sol dardeja seus fogos mais ardentes, em que toda a natureza se sentereviver aos raios fecundos da luz, que os delicados passarinhos, filhos dnsmystenosas florestas equinoceiaes, vinbào afanosos alimentar a existência no

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JORNAL DAS FAMÍLIAS. <20fl

seio cândido de outras nào menos mimosas creações da terra. E a hora maiscalmosa do dia a de sua maior prcdilecção. Dir-se-hia que, filhos do sol, só

podem viver em sua atmosphera luminosa. A força de contemplar, admirare amar estas sublimes c.caluras de frágil e quasi impalpavel apparencia,lembrou-me quanta analogia existe entre estas avesinhas e certos caracteresfemininos, que passão no mundo, como os colibris, pousando de ramo emramo, o alimentando-se com os perfumes embriagadores das illusões do cora-

ção e da fantasia, (pie as affeições da alma e os sentimentos mais nobres lhesinspira c alenta. Vou contar a este propósito uma historia aos leitores.

ii

Entre as moças que frequentavão a casa onde se passa este episódio, haviauma, chamada Rosalinda, que, se nào tivesse nascido mulher, seria sem du-vida um beija-flor. A delicadeza de sua fôrma e a inconstância de seu gênioeompletavào toda a semelhança que havia entre ella e a melindrosa ave-sinha.

0 seu corpo, flexível, e por assim dizer frágil, prestava-se á quasi aérea

rapidez de seus movimentos, e quando dansava — oh! e ella era louca peladansa! — dir-se-hia que nào pisava o chão, que nào roçava a superfície dostapetes, que voava, adejava, envolvida nos turbilhões vertiginosos, aspirandoa luz e os perfumes das salas, como o colibri a essência das roseiras e osraios vividos do sol de verão !

Não gostava da calma do silencio nem das sombras da solidão; o que ella

procurava era o movimento, o ruído, os écl 1 os festivaes, as manifestações

esplendidas e ruidosas da sociedade, para se engolfar em seus delirios e

atordoar os seus sentidos no vórtice das sensações embriagadoras e passa-geiras.

Sc passava junto dc uma amiga, dava-lhe um beijo e fugia; se era um co-

nhecido que encontrava, apertando-lhe a mão com um sorriso, ia terminar

em outra saudação a phrase começada com o primeiro. Fallava-se-lhe, não

respondia; estava triste muitas vezes; outras ria com uma graça ineffavel do

mais insignificante incidente; e no emtanto esta natureza incomprehensivel

tinha o condào de se tornar adorada e querida!Ainda me parece que a estou vendo, vestida de branco, esvoaçar pelo meio

do salão, com os cafiellos dourados soltos em cachos pelos hombros de neve!

As roupas transparentes, leves e vaporosas, ainda concorrião mais para lhe

imprimir um aspecto indescriptivel, um conjuneto que se nào pôde exprimir,

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240 JORNAL DAS FAMÍLIAS.Não era bem uma mulher: tinha o exterior de unia sylpliide c a poética vo-lubilidade dos passarinhos. Nunca se deixou prender nos laços de unia affeiçãoúnica : as amigas disputavào zelosas os seus carinhos; amava Iodas, não pre-feria nenhuma. Os mancebos — e erão tantos a suspirar por ella! — viyiãoentre a e;sperança e a incerteza, até que emlim convencião-se com uni desen-

gano doloroso e inexplicável!Como classificar, pois, esta natureza excepcional, que escapava a todas as

leis phy.sicas o moraes, parecendo constituir um ente extraordinário e inde-oifravel? Não sei.

Entre os mocos que sc juntavão á noite nos brilhantes salões cm que ellapor machinal preferencia parecia ser mais assídua, havia um cuja imaginaçãoimpressionável, presença sympathica e dotes superiores chamavão a attençãode todos, e por uni momento attrahírão a sua curiosidade.

Alfredo adorou-a. A singularidade de seu gênio, a sua phvsionomia adora-vel, o seu espirito inquieto, tudo isto acluou por (ai modo no coração domancebo, que elle deixou-se vencer por unia dessas paixões irresistíveis quedecidem da vida ou da morte de um homem.

Ella, sem consciência talvez do mal quo originava, animava c ao mesmotempo desilludia os afetos de seu louco e cego amador. Anio e algoz d'a-qpelle coração trucidado pela duvida e devorado pela febre da paixão, ellarasgava-lhe com uma só palavra a fonte dc Iodas as dores, e sarava-lhe comum sorriso angélico as apprehensoes que a elle sc lhe afiguravão mortaes.

Havia malignidade no seu procedimento para com Alfredo, eu era ella im-pellida por uma força irresistível c fatal de sua natureza a tratar assim umavida que franca e heroicamente se lhe consagrara?

Se elle lhe dava uma flor, ella parecia acolhèl-a com interesse- mas p0u-cos momentos depois Alfredo encontrava-a esquecida --sobre os mármores doconsolo ou no velludo dos sofás; se elle lhe dirigia uma palavra affectuosacheia de perfume c de amor, ella ás vezes respondia-lhe com memuice e <v-duclores carinhos, e outras vezes com glacial frieza e uma indilW»a queo gelava. Tào depressa passeava por seu braço, dando mostras de correspon-der com amoroso abandono ao amplexo dc seu peito, como o largava sulula-mente para se enlaçar ao collo de uma sua amiga, ou dizer um segredo, comares de indiscreta, a oulra que lhe sorria.

Com a dòr na alma, o desejo nos sentidos, a febre no sangue, o impossi-vel na imaginação, Alfredo retirava-se para sua casa, e nas longas insomniasde seu leito invocava mil vozes a morle.

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ORN AL DAS FAMÍLIAS. 211

III

A luta nào podia prolongar-se. Alfredo cahio doente. As suas faces haviãoempallidccido; os sous olhos estavão encovatlos; o os médicos affirmárão quoo enfermo soffria os symptomas clc uma aneurisma.

Guando contarão isto a Rosalinda, cila fez uni gesto de indiffcrenoa, dos-folhou umn rosa que tinha na mao, olhou cm roda dc si, e ficou por muitotempo preoceupada.

Era a primeira vez quo a vião assim: Forão contar isto a Alfredo.Poucos dias dopois auuunciava-sc no salão quo o joven enfermo, por con-

selho dos mais acreditados facultativos, attendendo ao seu estado de saúde,ia rostabeiecer-sc na Allemanha c lixar ahi a sua residência.

Rosalinda:, ao ouvir eslas palavras, teve um ligeiro desmaio; o quando re-

cuperon os sentidos, duas lagrimas tremião em suas palpebras, e lentamenlese forão embeber em seu seio.

Coitado ! murmurou ella apertando a mão de uma de suas amigas.Tens pena d'elle? lhe perguntou esta com um sorriso de dissimulada

nialieia.Nào só tenho pena, acerescentou Rosalinda; confesso-o pela primeira

vez, ainoo!E porque o deixaste morrer?.Porquo nào acreditava no amor.

E a^ora?Já creio.Como se operou pois essa transformação?Eu te digo... não sei hem explicar... mas, um dia, estava eu nojar-

dim a olhar para um beija-flor, que, depois de haver lihado o mel de todas

as minhas rosas, demorou-se mais tempo em uma d'ellas, e d'alíi em diante— cousa singular! — todos os dias abandonava as outras flores, c não queriasaber senão da sua rosa predilecta! Fez-me isto impressão, c agora estou pen-saudo que a gente também é assim !

Pouco depois dYste dialogo, entrou Alfredo. Vinha um (auto desfigurado,

e avançou no salão eom passo lento, e o ar pezaroso de quem vem fazer uma

visita de despedida. Esta lembrança acudio rapidamente á idéa de todos quese achavão presentes, e o seu apparecimento causou geral emoeao.

Tào bom rapaz! dizião as mocas.

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212 'JORNAL DAS FAMÍLIAS.E com tanto talento! aeudiào os moços.Era um bom casamento! accroseentavào as velhas olhando para as

filhas.Alfredo demorou-se cresta vez muito tempo, conversando com Rosalinda.

Na despedida ha tanta cousa que dizer! Ninguém reparou nisto, e era natíi-ral. O que, porém, se nào deixou de notar, Foi (pie, no meio da conversa,Alfredo segurou a mào de Rosalinda, e assim se conservou nor alguns inslau-tes, com os olhos cravados nos d'ella, que parecia nào poder ou nào Querei-resistir á sua interrogação.

Ao terminar a reunião, soube-se que Alfredo nào partia para a Aílemanha,rnas resolvera ficar; e cu fui um dos convidados para assistir ao casamentoque o ia ligar a Rosalinda.

Ao apertar-lhe a mào, Alfredo disse-me sorrindo :Apanhei o colibri!

Termino significando aos leitores que lhes nào aconselho se arrisqueisem precauções neste gênero de caçadas!

u

S PALM A.

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W$J>^ri^yí!MÈy,^í ffigVgjg»

VIAGENS

IMPRESSÕES DE VIAGENS

A PEDRA BRANCA E ÁGUAS THERMAES

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o S. E. da cidade de Caldas em Minas se estende umacordilheira de serras pedregosas e pequenos outeiros

que serpenteando expira depois de percorrer uma dis-tancia de mais de oito léguas. Ao viajante descuidadosorprende o aspecto sublime e magestoso de um ro-chedo granitico, que situado na chapada destas serrascomo um monumento eterno, serve como uma senti-

nella muda que guarda e defende a cidade cias tempestades da natureza!...Este rochedo coberto de limo e parasitas còr de zinco tem por dentro repar-tiçõ.es como de uma casa em um subterrâneo profundo, e no limiar d'elle tem

um jardim natural de flores silvestres que pela variedade das cores, delica-deza das pétalas e suavidade Ao perfume encantão a imaginação do poeta, e

prendem a attençâo dos que se applicào ás sciencias naturaes. Parece habi-

taçâo de algum anacoreta dos tempos idos que ahi vivia entregue a medita-

ções profundas e religiosas, longe do rumor das cidades e da sociedade dos

homens! D'este rochedo se descortina em dia sereno e puro o horizonte ma-

gnitico de uma ciremnfereucia de perto de C2Ü léguas, e perdendo-se quasino espaço se desdobra o risonho panorama de morros azulados que sur-

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514 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

gem por encanto como batalhões em linha qne querem escalai' o céo!... Anatureza ostenta-se ahi com todas as suas galas, e como poesia eterna deDeos entoa a epopéa brilhante da creaçjão!... O silencio profundo d'esteslugares só é interrompido pelo ruido e crepitar de uma cascata que comouma |oalha de prata se desdobra por essas serras Fazendo brilhar aos raiosdo sol sua crystallina água como diamantes lapidados que offuscào as nossasvistas!... De vez em quando lá se ouve ao longe acordando os éclios acíorme-cidos os threnos e endechas do cantor melancólico do me/, da. primavera!...D'esses lugares a cidade de Caldas com suas casas caiadas de branco se nosrepresenta as garças banhaudo-se em um lago crystallino que travessas es-preitão ao gigante dc pedra que as observa... A esle rochedo de pedra brutaderão os habitantes o nome de — Pedra Branca— por causa de sua còr ein-zenta, e que ao longe representa ser branca.

Distante cinco léguas d'essa cidade se depara com os poros naturaes deáguas thermaes, queannuncião-se a um quarto de légua, mas ou menos, pelocheiro de enxofre. Creio que essas águas derão o nome de Caldas á cidade, áimitação de uma outra dc Portugal que lem esse nome pelo mesmo motivo.A apparição d'estas águas por esses lugares creio qne é devida a natureza dosolo igneo ou volcanico, e que se não fossem ellas teríamos um Vesuvio ouHecla com suas erupções. A quantidade de pedra, decai e chumbo, a fre-quente quedado raios, os freqüentes tremores de terra, ele, , confirma oque levamos dito. Saturadas dc salitre e enxofre, e sabonaceas, são as águas deuma còr transparente c de grande peso. As suas propriedades therapeuticassao promover fortemente a transpiração servindo dc sudorificoo mais efficaz(até asphyxia) contra todasas moléstias que produzem o entrevamento ou alei-jao, sardas, caspas, pannos no rosto, impigens, etc. A milagrosidade cPestaságuas e proverbial em toda parte do império, levando o vulgacho a exa-aponto de suppôr essas águas até efficazes para morphèa c para oulrosLmodos em que a medicina tem esgotado os seus recursos. É bem sensível a fait;de um exame medico, cuja publicação pela imprensa servisse como directoriopara seu uso, evitando-se assim os abusos que têm custado tantas victimas.1 rouvera a Deos que o nosso governo lançasse suas vistas para este nosso lhe-«ourotào raro no Brasil, e tào apreciado na Europa, promovendo ahi comum-didades ou hospitaes para os doentes que ahi vão buscar o balsamo de tantasdores de todas as partes do império. A configuração do solo montanhoso eporoso os contraste dos mattoa con, a belleaa dc, campos sempre eober-e gade, ente p„„e,pa d. commercio dac-ndla cidade, a ferUlidade deerre o, ea Hosp.lahdade dos.habitante tornão e:,a cidade cccommcnda.elao estrangeiro.

i exageracaoícoin

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JORNAL DAS FA Ml LI AS. 215

A bellcza c serenidade do clima, a côr anilacta e diaphana do céo marche-tado de brilhantes ostrellas em noites de luar extasião a alma do contem-

plador immovel, e inspirão a linguagem da poesia e da musica! E o solo daSuissa debaixo dc um eéo dc Itália!...

CAMPOS MÜLLER.

Caldas, "i-"» do Selembro dc 1863.

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ECONOMIA DOMESTICA

BISCOUTOS PARA CHA

Toma-se 1 onça pouco mais ou menos de farinha dc trigo e põe-se sobreuma mesa com 5 ovos, 1 quarta e meia de manteiga lavada, igual quantidadede assucar, e um bocado d'agua de flor dc làrangeira. Amassa-se tudo por umespaço de tempo regular para que a massa se torme macia, depois do que secorta em pequenos bocados do tamanho de um dedo pollcgar, e vão-se rolandosobre a mesa, onde, depois dc estarem bem roliços, se lhes dá a fôrma quese deseja, quer fazendo d'elles uma argola, quer um numero 8, ou figurandoum pequeno pão de provença, para o que se lhes dará então um pequenotalho ao comprido com a faca. Ponhão-se sobre un. tabuleiro de folha e n.et-tao-se em forno um tanto quente. Tres minutos depois retirão-se do ditolorno e dourào-se com uma gem.na de ovo para voltarem novamente a elle,atun de acabarem de cozinhar clicarem tostadinhos.

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*

••'«

POESIAS

A' INFÂNCIA

A sombra da paz serena,Perfumada em pura essência,Crescia, ensaiando as azas,A infantil iunocencia!

¦j.¦ - C'V"

As avesinhas implumcsForão do lar repellidas!Caridade, abri-lhe os braços!Compaixão, poupai-lhe as vidas!

Descuidosa, nâo temiaEsse ponto incerto, escuro,

Que já no céo do presenteTolda o manto do futuro!

i-Ai

As avesinhas implumesForão do lar repellidas!Caridade, abri-lhe os braços!Compaixão, poupai-lhe as vidas!

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218 JORNAL DAS FAMÍLIAS,

Mas um dia a nuvem rasgac*

Da procella o raio ardente,E o pobre ninho sem rumoVosa á mercê da corrente!

As avesinhas implumesForão do lar repellidas!Caridade, abri-lhe os braços!

>>

Compaixão, poupai4he As vidas'

Sem ter abrigo, coitadas!Onde as andorinhas vão?Vão para Deos; mas guiadasPela luz do coração;

As avesinhas implumesForão do lar repellidas!Caridade, abri-lhe os braços!Compaixão, poupai-lhe as vidas'

Sejamos pois o amparo,0 fundo bosque, a ramagemAonde as tímidas avesDeixem crescera plumagem!

As avesinhas implumesForào do lar repellidas!Caridade, abri-lhe os braços!Compaixão, poupai-lhe as vidas'

lUíASlUO

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JORNAL DAS LA Ml LI AS. '210

PEIU.OA E ESQUECE!

A M*** B*** u.**

Perdoa! pois que te amei deveras muito!No silencio de meu peito eu te adorei!E essas trancas tão lindas é tão louras...

Por ellas, oh ! meu Deos!... quanto chorei!

Muitas vezes, á noite, ás horas mortas,Horas inteiras solucei por li;E na immensa escuridão do espaçoMuitas vezes lambem sonhava ver-te!

Perdoa quem na vida soube amar-te,Mas dá-me esse perdão e a indifferença,Eu nào devo te amar, e cada diaSinto a vida fugir, que é dòr immensa!

Oh! donzella, te peço, foge sempre,Nào procures me ver, nào devo amar,Em não te vendo, morrerei tranquillo,Mas teu semblante far-nie-ha chorar!

Esquece, pois, os meus doudos ais,Por mim nào tenhas nem um sentimento;Esquece quem te amou e (jue nào tevePa esperança, sequer, um só alento!

_

M, T

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MODAS

DESCRIPÇÂO 130 FIGURINO DE MODAS.

Io vestuário. — Vestido de seda verde claro, guarnecido com guipure preta; aguarnição descreve no corpinho afogado um niantéo quadrado: Collarinho de juiz, de

panno de linho, guarnecido de rendas. Mangas análogas. Cinto de seda preta bordadode aco; fivella de aco.

2o vestuário. — Vestido àepoü de chèvre de quadrados roxos e brancos; quatrocarreiras de franzido de fitas roxas, postas acima da bainha. Paletó Fioretti de tafetápreto. Um enfeite de tafetá roxo descreve a casaquinha e linalisa atrás em quatro aliascompridas lluctuantes dc fitas sob um grosso laço. Chapéo de liló preto, bordado deestrellas de aco e tniarneeido de fitas roxas.

5o vestuário. — Vestido e sobretudo Fíeurette dc Unos cor dc linho cru. Linacharpa, que fmalisa adiante nos bolsos, está indicada com passamanes; as pontas atrásestão guarnecidas com um franjado thibet. Chapéo redondo de palha, ornado com umapluma preta e velludo preto.

4o vestuário. — Vestido de tafetá azul, guarnecido com um tolho encariudádoposto em ondulações. Paletó Condolier de tafetá preto ornado de guipure e de passa-manes misturados com aço. Chapéo de filo branco, com enfeites de palha e tloriiihasazues.

Ti.ABALUOS

FLORKS DE PAPEL. LÍRIO, A" 1.Os moldes das pétalas achão-se no verso nos 9 e 10.Esta flor é de facilima execução e sobresahe muilo em ramalheles de igreja

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'¦....av - -y y A A1?"'¦'¦> ;',0/?:/xr-r..-\ ¦•«• v-íAí..,

1 A. i|Íi⻫A.'

Paletó Gondolier

Talctó bioivlü

JORNAL DAS FAM lül ASulho dei865.3o Anno

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JORNAL DAS LAMILIAS. 221

São necessárias tres pétalas redondasé tres pontudas; atrás de cada uma colja-sc vm

floílio branco, depois atão-se estas seis pétalas, começando pelas re on as, todo

.ao,- de um ceitáe brio, devendo as duas carreiras serem de|^ :^a armação, toma-se um botão, tpie sc arma n um arame, passao-se, cm papel ><ado

m "

t a sparente, e atão-sc em distancia de 4 centímetros umas das outras Ires

I mcãs Atá-sè depois o brio, e continua-se a passar em papel, a ando ppre,

na

SnlSla dita, L grandes folhas. Faz-se também um ramo de 6 folbas que sc

prega no ramo de ilôr.Estas llores (azem-se de papel ou de panno.

CHINELA, N° 3.

F,7-seesta chinela eni panno preto com soutache de seda preta ou de côr, retroz

cncarnad0) vòxo ou azul carregado. Copía-sc o nosso desenho sobre papel fino, que

nois se alinhava sobre o panno; em segnida cose-se a soutache, com retroz fino

1, mesma còr sobre o papel, lendo cuidado de furar o panno ao mesmo tempo.

ÍZsl evácfamentc todos 'os

contornos. Rasga-se o papel depms do trabalho

acabado.

VENTAROLA, N° S

Eis uma pequena novidade que não deixará dc agradar ás nossas jovens &wg&

Iim nar Ve ta vcntarolas; ornadas eom um mimoso pássaro do ceo em realce, rum

I^I nmo n balho niuilo divertido de lazer. 0 fundo é de talagarsa brasileira

n .obre o qual destaca-se, com brilhantes matizes, o pequeno pássaro. 0

è o lãs azues, verdes e còr dc castanha dourada, em ponto de realce so-'unapeqnela

toa chata; o olho é uma contado a,o;o b,co e as pernas em

ont retroz preto; o pennacho de retroz verde e Ires pontos atados de bo de

uf '

ul é com, osta de duas penüas de pavão, coitadas com gomma e seguras

pon cfoz habilmente escondidos; lios dc ouro passados mostrão o cou orno

a az Os ornalos fazem-se com napolüaine encarnada que se cose como soutache

obre talagarsa brasileira; entre os dous contornos da napolütnne poem-se contas

í •« luas a duas. faz-se a canniçada com fio de ouro e os pontos do interne ao

Porrão-se as vcntarolas com tafetá encarnado ou verde, e cercao-se eom um torçal aclor

nado dc contas.

TOUCA DE LÀ, de crochel, PARA CRIANÇA DE TRES A SEIS MEZES.

Materiaes ' 30 grammas dc lã branca, cachemira; 1 crochet de marfim ou de buxo

b Jnt grL; 1 fôrma chata de madeira de 1 I /2 centímetro dc largo.

íK u-na louca faz-se de crochet tunisien ordinário, com a ddlerença quclevan-

t, d falhas faz-se uma malha simples que se conserva no crochet deixao-se

Wsempre duas a duas Esta inalha simples torna este trabalho mu.lo debeado c

"''pana pam da louca faz-se snnplesmente uma tira regular de 20 malhas de largo

e do 5|'8 citreiras nara o comprimento..lm, te a órma de semi-circulo : annáo-se 19 malhas, sobre as quaes iazem-

sc qvZdnèiras dc crochet; depois fazem-se lü, diminuindo de uma malba no

^otyi^yyyyy** * ^•*» ™* ««*»** • *feito c o faz parecer comum tncot.

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222 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

Às duas partes reunem-sé com uma malha de crochet ordinária feito por cima.

A guarniçaõ faz-se com a fôrma chata: faz-se uma malha de oróchet atirando de

cada vez a lã á roda da fôrma. Este trabalho produz uma espécie de franjado duplo

que se põe encaiiudaudo-o regularmeute lodo ao redor da louca.

BOLSA CIIAÍELÁIM-. DE CROCHET, N° 27.

Materiaes : 16 grammas de cordãozinho de Berlim de um azul brilhante, 2 carro-

leis de ouro lino; I crochet de aço inglez.Esta linda bolsa é de forma toda nova ; faz-se cm duas partes reunidas por uni folie

para dar-lhe mais largura. A guarniçaõ de lio de ouro que a cerca dá-lhe sobretudo,certo ar de distineçáo todo particular. Augmentando com algumas rodas cada uma das

partes, póde-se fazer um saquinho para fumo.Começa-se pelo alto da bolsa com o retroz azul, e armáo-se H malhas. Trabalha-se

de crochet cheio, e ata-se o retroz em cada roda.Fazem-se ll carreiras lisas, depois 9 carreiras de semé de um só ponto de ouro de

duas em duas carreiras, e desencontrado de 5 em 5 malhas, liste semé còiitiniia-seem todo o correr do trabalho e forma o fundo do desenho que se devera seguir sobreo nosso modelo. Toda a flor é de üo de ouro. Para dar boa fôrma á bolsa corlar-sediaum molde de papel do nosso modelo, e seguir-se-ba exactamente, A bolsa deve ter48 carreiras de altura. Concluídas as duas partes, que devem ser exactamente iguaes,faz-se, com retroz azul, uma pequena lira de 18 malhas de largo, dc crochet cheio, ecujo comprimento deverá rodear as duas partes já feitas. Esta lira forma folie á rodada bolsa; prende-se todo ao redor com um ponlo de crochet de lio de ouro; tem-secuidado de deixar para dentro as pontas de retroz deixadas em cada roda, e (jue seachão escondidas pelo forro. Põe-se a guarniçaõ sobreestas costuras; compôe-seblla deconchinhas denticuladas, de lio de ouro, compostas cada uma de 5 barreties simples,tomadas em uma primeira carreira de o malhas cluúnettes formando arcada na mesmamalha. Esta conchinha íinalisa com uma carreira de malhas chuínetles de retrozazul. Para passar a corrediea. fazem-se, no alio da bolsa, ò carreiras de bdvrettesabertas, desencontradas, e linalisa-se com a mesma oiiarnMo de conchas denticuladasde fio de ouro. 1'assa-se um duplo cordãozinho de seda azul nos mtervallos das te'-rettês] com uma bola dé passamanes de ouro em cada ponta, e põem-se borlas de sedade cada lado. Forra-se a bolsa com tafetá azul; fazendo-se um saquinho para fumoforra-se com pellica branca.

TAMBORETE REDONDO SOBRE TALAGARSA PANAMÁ, .V 54.

Para quese possa reproduzir facilmente o nosso modelo no seu todo, damos o desenhodo meio e um pouco mais da quarta parte paraoresto. A talagarsa pauamáe táo grossa,os signaes tao claros, c as cores tao pouco numerosas, que as senhoras de vista can-sada, oü as crianças que náo podem seguir um desenho mui complicado, serão ca-pazes de fazer este trabalho sem a menor diííicuhlade. A lista das cores que se achaperto do desenho indica os matizes do modelo; podem-se variar á vontade, comtaiitoque os contornos fiquem pretos e que as cores sejáo vivas c oppostas. As linhas brancasque atravessão os pontos pretos na nossa gravura, signiíicáo um ponto lance de retrozamarello atravessando o ponto encruzado de lã preta. A armação do nosso modelo 6de bambus, com uma franja dc bolas de lá encarnada cahindo lodo ao redor.

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JORNAL DAS FAMÍLIAS

EXPLICAÇÃO DA ESTAMPA DE BORDADOS.

yl J_ joiòi-cs de papel. Lirio. [Vide os trabalhos.)

jyju 2' — /,. C\ Iniciaes inglézas. Recorte ponto de rose.

jj, í; _ Marí/mr LéUras inglézas, ornadas. Ponto dc relevo e grosso cordaozuího

branco com pesponto de cor por cima.\o \ — fí T Iniciaes gothicas sobre quadradinhos.x/|;-Cadl;u'ud1npan»lmnl;u's,a,nM^s;uJ;u^lNMÜ(v,lcnJev(MqKmtcMla)rNC,v.N» ?'. - LttCtlia. Lettras inglézas, ornadas. Ponto de releve c ponto d armes.

VS —-Yentároia; [Vide os trabalhos.)y 9' _ Canto de guardanapo paru chá. Estando ns guarclanapos para cha guarne-

Jos cie franias não sr rccortão. A grinalda borda-se em ponto de relevo ap redor da

sc no angulo. '. ' • ,No K):-0/j/?nj)tó.betlras gothicas, Duplo cordãozinho.i\|o 11 _ l.A. Iniciaes ornadas. Ponto de relevo.

N"Rrieir>. -Entremeio;Ponto russo.

N„ ii,;_ Guarniçâo recortada. Bordado russo.I. loelG --fase redondo de touca de criança. Ponte dereevo.

V 17. I. D.toiacs entrelaçadas num escudo para canto dc lenço. PonUide

"v"ís'"""í£oI Mva, applicação dc «fc sobro grosso liló de malhas redbn-

«iriS°^s»^^.*^ l"",h""™ss"dc IA preta finíssima. . , ; nvrlht* dc ^i1) ceu-

No 90 - Rico desenho de imitação de ronda mmre de «Hpa.HU6<. de -> cen

timcli-08 de altura, c podendo fazer-se mais baixo á vontade.l%- -oiuivta-

parte de um lenço. ;I'onlo.deJrelcvo e ponto d^ww.

N- 22'. - - fttòia. Feltras inglézas. Cordãozinho c ponto de poste.

N° 2l — ii- 'í- Iniciaes ornadas. Ponto de relevo.

IS° H -• liutrenieio. Ponto de relevo c ilhós,

V '%

- Iniciaes ornadas. Ponto dc relevo e ponto d anncs.'$

20 -Touca de criança, {Yideosmbalhos^nó 27 _ p,„|sa c/ní/cl(( (»<'.(»'/¦/(' o.s' trabalhos.)

I ^S 29 e 50. - iV.C, lb «., M. D. Ime.aes para eanlo de lenço.

V(h -1' ">) r /; O (l Iniciaes ornadas.

Í «.'-fc7PLruiu,s rom G— «O. w. . W**eòr Dôr rima. ,..., , , ,1__ \

À M - Tapeçaria para tamborete. (1 ide os ímba/ftos.)

*. vv _ F £ Iniciaes inglézas, ornadas. Ponto de rek^o,

iSo|-^üWaIí'efí.com uma coroa por c*m. Ponto-de relevo.

y :n. — L. í»'. Iniciaes gothicas. Ponto dc relevo.

EXPLICAÇÃO DA ESTAMPA DE .MOLDES.

Molde da casacpihiha fímMte.As nossas assignantes acharão

desteme/..

o todo a'csta vestimenta no figurino de medas

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224 JORNAL DAS FAMÍLIAS.

N° 1. — Frente.K° 2. —Costas.fjo 5 — Pequeno lado.

TJ lembramíios que o modo de tomar os moldes é pôr, sobre uma mesa coberta

com um tapeie, uma folha dc papel do tamanho do molde que sequer; por sobre esse

1. nossa folhado moldes! fregundo-a com alfinetes; seguir a boba «Ia parte do

molde pontuada de certo modo, com um ponção, luar o molde, c seguir com lap.s o

r.«-co feito no papel com o ponção, no qual sc teve cuidado de acata um tanto, bo

rJsta ao depois recortar o papel sobre o risco do lápis. Torna-se a lazer o mesmo para

cada parte do molde. Havendo parto voltadas ter-se-ha cuidado dc dobiai lambem

por baixo o papel, a não se achar mais fácil riscar esta parle em separado c accrcsccn-

tal-a nos lugares correspondentes.Molde do vestido de boneca.N° 5. — Metade da frente.N° G. — Metade das costas.N° 7. — Collarinho.N° 8. — Punhos.Este vestidinho faz-se de acolchoado recortado todo em redor.

Nus 9 e 10. — Moldes das pétalas do lirio. (Vide os trabalhos.)

Nos i| c 12. — Collarinho e punhos para bordar sobre fazenda dupla e bainha pes-

pontada. de ponto russo; os ovaes com cordãozinlio branco.

gjo 15. __ Alphabeto maiúsculo para roupa de mesa. Cordãozinlio branco.

NÜS 14 c lõ. — Duas guarnições recortadas. Bordado russo.j}o \Ç>, — Dionysia. Lettras gothicas. Cordãozinlio.ISf? 17. — Dobrado C eH. Iniciaes entrelaçadas.¦pjo 18. — Dobrado Me G. Iniciaes entrelaçadas.N° 19. — Aglaé. Lettras gothicas. Cordãozinlio.N° 20. — Bordado para ponta de gravata. Ponto de relevo.N° 21. — M. P. Iniciaes entrelaçadas.j^to 22. — Magdalena. Lettras inglezas. Ponto de relevo.N° 2õ. — J. íí. Iniciaes gothicas.N° 24. — Julia. Iniciaes inglezas.N° 25. — 0. K. Iniciaes inglezas, ornadas. Ponto de relevo.N° 26. — H. C* Iniciaes gothicas, entrelaçadas. (Por erro da lithographia estào e>-

tas iniciaes viradas.)

RAMALHETE COLORIDO.

Offerecemos hoje ás nossas assignantes uni lindo ramalhete todo perfumado de es-

pinheiro alvar. As senhoras que gostao de pintar flores estimarão sem duvida possuireste modelo. Demos já em outro numero o modo de pintar sobre tafetá. Este rama-lhetc ficará lindíssimo sobre tafetá cinzento, verdegaio ou branco; poderá servir parapôr no meio de um anteparo, sobre unia pasta, etc. Tomando só as flores do primeiroplano poderá ainda servir para um hordado de matiz com retrozes chatos. Finalmente,tal qual está, o nosso ramalhete, posto cm uni quadro, poderá servir de orna to parao quarto de uma donzella.

I'AIU_. - TYP. "ÜlíTUC. DE S1MÀC i.ACO.N E COMI'., ItüA- D'l_I.Fll. III, 1.*J '