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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ NÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZÔNICOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLIMENTO SUSTENTÁVEL DO TRÓPICO ÚMIDO RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ Belém 2006

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Page 1: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

NUacuteCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZOcircNICOS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLIMENTO SUSTENTAacuteVEL DO

TROacutePICO UacuteMIDO

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Beleacutem

2006

2

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de

Mestre em Planejamento do Desenvolvimento

Orientador Prof Dr Marcos Ximenes Ponte

Beleacutem

2006

3

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do

grau de Mestre em Planejamento do

Desenvolvimento

Aprovada em ___________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma

EMBRAPA - Amazocircnia Oriental

Examinador Externo

4

Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de

pequenas empresas concentradas em um territoacuterio

especializadas em todas as fases de produccedilatildeo

recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou

internacional

A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de

pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e

princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo

promove uma vida de melhor qualidade para todos

malusebraecombr

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha

caminhada com sucesso

Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo

Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K

Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do

projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho

Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos

Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna

Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional

Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade

Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho

dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso

Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante

os periacuteodos de convivecircncia

Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz

Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande

utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa

Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET

UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e

em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes

Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela

concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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praacuteticos no Brasil Rio de Janeiro Campus 2002

KOCKA J Objeto Conceito e Interesse In GERTZRE (org) Max Weber amp Karl Marx

Satildeo Paulo HUCITEC 1994

KUHN TS A estrutura das revoluccedilotildees cientiacuteficas Satildeo Paulo Perspectiva 1975

LIBORGNE Danielle LIPIETZ Alain Reestruturaccedilatildeo Urbana tendecircncias e desafios

Satildeo Paulo Nobel 1990

MARCONI M de A LAKATOS Teacutecnicas de Pesquisa 2 ed rev E aum Satildeo Paulo

Atlas 1990

MARQUES Heitor Romero Desenvolvimento Local em Mato Grosso do Sul Reflexotildees e

Perspectivas In RICCA Domingos FIGUEIREDO Gilberto Porto de MARTIN Joseacute

Carpio (Org) UCB Campo Grande 2001

MARX K O Caraacuteter Fetichista da Mercadoria e seu Segredo In A Capital - criacutetica da

economia poliacutetica V I Satildeo Paulo Abril cultural 1983 p 70 -78

PAULA J O desenvolvimento local amp gestatildeo compartilhada Artigo originalmente

elaborado em novembro de 2000 para a inclusatildeo no livro ldquo Brasil Compartilhadordquo 2000 p 5

PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees traduccedilatildeo de Bazan Tecnologia e

Linguumliacutestica Rio de Janeiro Campus 1998

117

SALMON DV Como Fazer uma Monografia 10 ed Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

SANCHES E Desenvolvimento de Imperatriz um convite agrave reflexatildeo e agrave accedilatildeo O Progresso

Imperatriz 220204 Caderno Extra Seacuterie ldquoLeituras e releituras para pensar e fazer

Imperatriz 08rdquo

SICSUacuteL Abraham B LIMA Joatildeo Policarpo Teoria econocircmica e economia brasileira

desenvolvimento regional e poacutelos de base local reflexotildees e estudo de caso Revista

Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 n especial p 160-183 jul 1997

SILVA Joseacute de Castro OLIVEIRA Joseacute Tarcisio Silva Diagnoacutestico do setor moveleiro no

Brasil Viccedilosa UFV 2001

SEVE L Meacutetodo estrutural e Meacutetodo Dialeacutetico In BALLET R et al Estruturalismo e

marxismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1968 p 103-146

SHOLZ I Comeacutercio meio Ambiente e Competitividade o caso da induacutestria madereira do

Paraacute Beleacutem SECTAM 2002

SOUZA Andreacute Luiz Lopes de Desenvolvimento Sustentaacutevel Manejo Florestal e o Uso

dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA

2002

VELASQUEZ F PLAZA J GUTIERREZ B et Al Meacutetodo de planificacioacuten del

desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad

y competitividad Hay ISNAR 1998

VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro

Joseacute Olympio 1994

WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005

118

Apecircndice

Page 2: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

2

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de

Mestre em Planejamento do Desenvolvimento

Orientador Prof Dr Marcos Ximenes Ponte

Beleacutem

2006

3

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do

grau de Mestre em Planejamento do

Desenvolvimento

Aprovada em ___________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma

EMBRAPA - Amazocircnia Oriental

Examinador Externo

4

Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de

pequenas empresas concentradas em um territoacuterio

especializadas em todas as fases de produccedilatildeo

recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou

internacional

A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de

pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e

princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo

promove uma vida de melhor qualidade para todos

malusebraecombr

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha

caminhada com sucesso

Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo

Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K

Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do

projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho

Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos

Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna

Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional

Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade

Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho

dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso

Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante

os periacuteodos de convivecircncia

Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz

Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande

utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa

Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET

UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e

em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes

Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela

concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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115

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FRANCO Augusto de Porque Precisamos de Desenvolvimento Local Integrado e

Sustentaacutevel Brasiacutelia Instituto de Poliacutetica Millennium 2000

FRANCO Augusto Capital Social e Desenvolvimento o desenvolvimento local e o mito

do papel dominante da economia Brasiacutelia Agencia de educaccedilatildeo para o desenvolvimento

2001

FIEMASESISENAIIEL Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do

Maranhatildeo Satildeo Luis FIEMASESISENAIIEL 2003

__________ Maranhatildeo industrial Agro Industria Maranhatildeo ano 2 n7 julago 2005

FILHO Nelson Casarotto PIRES Luis Henrique Redes e Medias e Medias Empresas e

Desenvolvimento Local Satildeo Paulo Atlas 2001

GIL Antonio Carlos Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social Satildeo Paulo Atlas 1999

GORINI APF A Induacutestria de Moacuteveis no Brasil Curitiba Alternativa 2000

GRANZ Luis PAPL Madeira e Moacuteveis Diagnostico e Projeto de Revitalizaccedilatildeo

(Minuta) Diles Consultoria

HADDAD PR Os novos Poacutelos Regionais de Desenvolvimento no Brasil In JP dos Reis

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Investimento no Nordeste Fortaleza Banco do Nordeste 2000

116

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Hurtienne L Maacutermora D Messner U Muller-Plantenberg B Topper (orgs) Cambio de

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IPEA Poacutelos Moveleiros II ndash Linhares (ES) III ndash Ubaacute (MG) IV Bento Gonccedilalves (RS)

Curitiba Alternativa 2002

KUPFER David HASENCLEVER Lia Economia Industrial fundamentos teoacutericos e

praacuteticos no Brasil Rio de Janeiro Campus 2002

KOCKA J Objeto Conceito e Interesse In GERTZRE (org) Max Weber amp Karl Marx

Satildeo Paulo HUCITEC 1994

KUHN TS A estrutura das revoluccedilotildees cientiacuteficas Satildeo Paulo Perspectiva 1975

LIBORGNE Danielle LIPIETZ Alain Reestruturaccedilatildeo Urbana tendecircncias e desafios

Satildeo Paulo Nobel 1990

MARCONI M de A LAKATOS Teacutecnicas de Pesquisa 2 ed rev E aum Satildeo Paulo

Atlas 1990

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Carpio (Org) UCB Campo Grande 2001

MARX K O Caraacuteter Fetichista da Mercadoria e seu Segredo In A Capital - criacutetica da

economia poliacutetica V I Satildeo Paulo Abril cultural 1983 p 70 -78

PAULA J O desenvolvimento local amp gestatildeo compartilhada Artigo originalmente

elaborado em novembro de 2000 para a inclusatildeo no livro ldquo Brasil Compartilhadordquo 2000 p 5

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Linguumliacutestica Rio de Janeiro Campus 1998

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SANCHES E Desenvolvimento de Imperatriz um convite agrave reflexatildeo e agrave accedilatildeo O Progresso

Imperatriz 220204 Caderno Extra Seacuterie ldquoLeituras e releituras para pensar e fazer

Imperatriz 08rdquo

SICSUacuteL Abraham B LIMA Joatildeo Policarpo Teoria econocircmica e economia brasileira

desenvolvimento regional e poacutelos de base local reflexotildees e estudo de caso Revista

Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 n especial p 160-183 jul 1997

SILVA Joseacute de Castro OLIVEIRA Joseacute Tarcisio Silva Diagnoacutestico do setor moveleiro no

Brasil Viccedilosa UFV 2001

SEVE L Meacutetodo estrutural e Meacutetodo Dialeacutetico In BALLET R et al Estruturalismo e

marxismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1968 p 103-146

SHOLZ I Comeacutercio meio Ambiente e Competitividade o caso da induacutestria madereira do

Paraacute Beleacutem SECTAM 2002

SOUZA Andreacute Luiz Lopes de Desenvolvimento Sustentaacutevel Manejo Florestal e o Uso

dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA

2002

VELASQUEZ F PLAZA J GUTIERREZ B et Al Meacutetodo de planificacioacuten del

desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad

y competitividad Hay ISNAR 1998

VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro

Joseacute Olympio 1994

WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005

118

Apecircndice

Page 3: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

3

RUI ALVES DE ANDRADE

ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO

DE IMPERATRIZ

Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do

grau de Mestre em Planejamento do

Desenvolvimento

Aprovada em ___________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva

NAEAUFPA

______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma

EMBRAPA - Amazocircnia Oriental

Examinador Externo

4

Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de

pequenas empresas concentradas em um territoacuterio

especializadas em todas as fases de produccedilatildeo

recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou

internacional

A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de

pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e

princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo

promove uma vida de melhor qualidade para todos

malusebraecombr

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha

caminhada com sucesso

Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo

Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K

Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do

projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho

Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos

Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna

Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional

Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade

Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho

dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso

Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante

os periacuteodos de convivecircncia

Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz

Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande

utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa

Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET

UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e

em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes

Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela

concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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116

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Paraacute Beleacutem SECTAM 2002

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dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA

2002

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desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad

y competitividad Hay ISNAR 1998

VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro

Joseacute Olympio 1994

WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005

118

Apecircndice

Page 4: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

4

Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de

pequenas empresas concentradas em um territoacuterio

especializadas em todas as fases de produccedilatildeo

recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou

internacional

A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de

pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e

princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo

promove uma vida de melhor qualidade para todos

malusebraecombr

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha

caminhada com sucesso

Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo

Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K

Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do

projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho

Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos

Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna

Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional

Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade

Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho

dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso

Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante

os periacuteodos de convivecircncia

Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz

Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande

utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa

Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET

UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e

em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes

Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela

concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

REFEREcircNCIAS

A INDUacuteSTRIA exportadora e o desenvolvimento local Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano

2 n 7 p 22 julago 2005

ANDRE A L et al Como Elaborar Trabalhos Monograacuteficos em Contabilidade teoria

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Brasil Satildeo Paulo 2004 Disponiacutevel ltwwwabimovelcombr gt

BANDEIRA Pedro Participaccedilatildeo Articulaccedilatildeo de Atores Sociais e Desenvolvimento

regional Brasiacutelia IPEA 1999

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118

Apecircndice

Page 5: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

5

AGRADECIMENTOS

A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha

caminhada com sucesso

Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo

Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K

Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do

projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho

Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos

Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna

Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional

Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade

Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho

dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso

Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante

os periacuteodos de convivecircncia

Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz

Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande

utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa

Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET

UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e

em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes

Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela

concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

REFEREcircNCIAS

A INDUacuteSTRIA exportadora e o desenvolvimento local Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano

2 n 7 p 22 julago 2005

ANDRE A L et al Como Elaborar Trabalhos Monograacuteficos em Contabilidade teoria

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118

Apecircndice

Page 6: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

6

Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor

Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um

incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado

Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute

ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias

Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho

Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao

Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa

Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a

Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica

Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de

Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6

Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e

as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz

Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco

Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria

moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia

Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do

Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de

experiecircncias compartilhadas em sala de aula

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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118

Apecircndice

Page 7: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

7

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97

Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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118

Apecircndice

Page 8: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado

25

Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29

Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30

Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60

Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61

Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67

Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78

Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101

Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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Paraacute Beleacutem SECTAM 2002

SOUZA Andreacute Luiz Lopes de Desenvolvimento Sustentaacutevel Manejo Florestal e o Uso

dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA

2002

VELASQUEZ F PLAZA J GUTIERREZ B et Al Meacutetodo de planificacioacuten del

desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad

y competitividad Hay ISNAR 1998

VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro

Joseacute Olympio 1994

WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005

118

Apecircndice

Page 9: RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA … · 2016. 12. 22. · 2 RUI ALVES DE ANDRADE ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NA REGIÃO DE IMPERATRIZ

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77

Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62

Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63

Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75

Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89

Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90

Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92

Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94

Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas

ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz

ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute

APL Arranjo Produtivo Local

ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

BASA Banco da Amazocircnia SA

BB Banco do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CEF Caixa Econocircmica Federal

CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica

CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste

COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz

CVRD Companhia Vale do Rio Doce

DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel

ECIB Estudo da Competitividade Brasileira

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

FACIMP Faculdade de Imperatriz

FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo

FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas

FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo

12

GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior

MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente

NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos

OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

PampD Pesquisa e Desenvolvimento

PBD Programa Brasileiro de Design

PIB Produto Interno Bruto

PMES Pequenas e Meacutedias Empresas

PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel

PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar

RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa

SECEX Secretaria de Comercio Exterior

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz

SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia

SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste

UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo

13

UFPA Universidade Federal do Paraacute

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de Satildeo Paulo

14

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra

a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de

Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por

considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo

produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de

empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo

produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na

literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau

de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo

do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de

aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores

progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente

vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os

agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas

positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo

Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo

de madeira e moacuteveis

PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento

Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas

15

ABSTRACT

This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is

in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo

Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the

environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of

productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises

and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to

the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as

theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among

the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and

furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration

considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated

regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening

in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in

the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes

Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed

focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture

industrialization

KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local

Development Competitiveness Technological Innovation Productive

Network

16

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 18

1 PROBLEMATIZACAtildeO 20

11 Identificaccedilatildeo 20

12 Objetivo geral 26

13 Estrutura do Estudo 27

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29

22 Antecedentes histoacutericos 30

23 Potencialidades 31

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

35

311Metodologias e proposiccedilotildees 44

312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45

313 Diagnoacutestico preliminar 46

314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48

32 O desenvolvimento regional no Brasil 50

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51

322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53

33Competitividade 54

331 Dimensotildees da competitividade 55

34 Inovaccedilatildeo 56

17

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60

41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60

42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74

52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79

6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81

62 Histoacuterica 82

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103

64 Joatildeo Lisboa 104

641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106

642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109

REFEREcircNCIAS 113

APEcircNDICE 118

18

INTRODUCcedilAtildeO

A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias

produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto

os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os

elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela

quantidade de empreendimentos informais ainda existentes

O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os

niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de

Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que

naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo

Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de

130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade

O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade

maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na

promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo

local do Sebrae

O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte

importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e

1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas

satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente

situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso

destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma

determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o

centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de

serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins

19

proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da

especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se

explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam

Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute

ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra

dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre

governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o

processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados

Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de

caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre

os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente

institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da

cadeia produtiva em estudo

O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na

seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo

entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na

regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de

Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e

regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no

Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis

no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das

consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de

Imperatriz

4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar

o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia

Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados

20

1 PROBLEMATIZACAtildeO

11 Identificaccedilatildeo

O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo

destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a

partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma

forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a

enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma

tecnoloacutegico

A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente

sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da

emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da

proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia

competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado

sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais

propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo

compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de

conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o

papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas

A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica

produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens

algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas

compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-

5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e

coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes

21

obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica

acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da

competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas

agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos

Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito

de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente

Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade

produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia

coletiva) para obter maiores vantagens competitivas

A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo

ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos

fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas

La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la

creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten

(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la

elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad

empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)

Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de

desenvolvimento do cluster

A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras

satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a

cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na

padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios

6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade

chega a 72 dos estabelecimentos

22

A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras

reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo

das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves

florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado

assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas

etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos

no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos

materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final

prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p

34)

O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor

estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas

perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na

regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na

produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da

economia da regiatildeo

Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas

apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute

frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por

exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada

Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam

impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui

uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos

A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo

homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de

minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)

O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de

empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica

que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil

7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de

maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees

nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul

23

consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e

matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo

Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de

Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito

Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo

nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande

do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior

poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE

2000 p 44)

De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria

brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que

geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas

familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos

a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital

majoritariamente nacional

b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra

Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria

desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos

seus produtos

O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima

quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um

mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os

maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)

8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para

exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um

programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o

programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr

24

Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma

distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que

o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres

Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)

ESTADO

ESPECIFICACOtildeES

TOTAL

NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404

ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES

01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45

02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29

03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97

04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72

05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48

06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08

07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06

08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04

09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04

10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03

12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03

11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02

13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003

15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007

14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002

16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01

17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00

TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000

185 81 05

Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada

9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking

das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

25

Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que

fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham

historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres

natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por

conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros

Estados e Paiacuteses

No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo

Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as

evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria

moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao

mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul

mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo

Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)

Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt

A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde

prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto

26

de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal

atividade econocircmica na regiatildeo10

12 Objetivo geral

Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo

de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes

a) Objetivos especiacuteficos

Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de

Imperatriz

Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos

relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo

Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de

financiamentos e apoios institucionais

Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos

Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica

Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos

Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas

Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas

Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados

consumidores

10

Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em

Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a

atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do

Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio

aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de

acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR

27

13 Estrutura do Estudo

Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras

igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e

programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves

Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas

inicialmente envolveu cinco blocos

O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as

vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz

contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade

de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de

equipamentos etc

No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas

da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e

criatividade

O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de

aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo

divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras

O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com

questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio

e bancos oficiais

Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou

impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as

dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito

28

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07

empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na

fabricaccedilatildeo de moacuteveis

Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados

especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de

questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo

Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um

total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e

Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de

3678 do total de unidades existentes no arranjo

Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos

graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia

obtida com a atividade

29

2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ

21 Localizaccedilatildeo geograacutefica

A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a

denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem

direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da

Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de

Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de

Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins

Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de

552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita

Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo

Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt

30

22 Antecedentes histoacutericos

Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias

do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do

Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho

Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a

um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o

vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense

Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila

Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana

atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo

menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os

municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo

Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison

Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3

Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt

31

Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada

entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e

de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute

e todo o Estado do Maranhatildeo11

23 Potencialidades

No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em

capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da

economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais

No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-

se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se

considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em

1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos

populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os

periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra

Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca

em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras

regiotildees

Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante

expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo

independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12

11

Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz

oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12

Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma

populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do

PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada

32

O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores

de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo

substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos

bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a

de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior

complexidade

Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia

em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e

outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais

Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute

naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor

promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo

profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e

a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com

impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da

formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a

permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute

existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas

induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em

Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo

natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo

norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da

imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas

Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-

hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino

formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico

empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a

micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no

interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e

internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de

instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas

comunidades (SANCHES 2004 p8)

Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor

compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de

polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento

675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15

anos eacute 1601 Fonte City Brasil

33

24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo

Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente

nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais

cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor

ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira

eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo

assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios

moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e

processos mais atualizados

De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio

Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413

o

total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro

gusa e laminados de madeira

O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em

Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne

e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do

comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em

praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista

No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue

vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda

por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas

pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute

estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821

empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)

13

Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por

Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005

34

No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a

seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13

grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8

dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar

Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no

mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram

desemprego no niacutevel formal da economia

Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de

muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser

implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a

capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens

comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos

mercados por todos os meios de transportes

35

3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local

Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no

Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o

processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14

Entretanto

quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na

maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e

Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido

suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente

Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante

do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees

econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e

cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de

autonomia (FRANCO 2000 p 30)

Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade

satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da

comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para

obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de

planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias

14

Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas

posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde

o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente

assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de

transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo

progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado

estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor

puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado

aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade

poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]

36

permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para

que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e

competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais

poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e

avaliar resultados de forma compartilhada

A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de

competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece

que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes

nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas

principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um

processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em

um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado

No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e

essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos

pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p

32)

Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas

contribuem para o crescimento do capital humano e social15

ampliando as possibilidades de

apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das

estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais

atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a

promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)

Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens

comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o

crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a

15

Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais

que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital

social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como

fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social

propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo

do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse

termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam

wwwiebrredesist

37

melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta

sua estrateacutegia em aspectos como

a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local

b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do

desenvolvimento

c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores

atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular

Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes

desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees

particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito

importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens

comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local

As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas

abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como

novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou

para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode

ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo

uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento

(PORTER 1998 p146)

Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias

jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de

produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o

Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos

coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e

garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e

postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as

atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo

38

O exemplo dos distritos industriais16

italianos mostra que o foco que tem sido

dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo

de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de

desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de

grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos

Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente

como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas

sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local

As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de

desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras

podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos

segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999

p27)

No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho

reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura

poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na

hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum

direito formal garantido pelo Estado

A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo

socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja

nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o

contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos

16

O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um

padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na

manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos

modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do

trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios

sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a

organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala

reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist

39

eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das

condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais

A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de

poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos

municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as

agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo

Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores

locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de

envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)

O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se

em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou

municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas

de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja

A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do

mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista

prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na

perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em

promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp

HASENCLEVER 2002 p 545)

Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades

proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de

potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a

intervenccedilatildeo puacuteblica

As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as

mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder

40

o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da

populaccedilatildeo em geral)17

A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas

locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram

ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos

gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das

caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais

ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos

(BARBANTI JR 2004 p 18)

Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais

constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais

O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a

proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia

Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo

dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo

o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade

ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as

demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do

desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua

individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo

(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como

a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma

complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo

localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual

17

Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade

Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF

destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo

fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o

desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)

41

da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os

lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da

conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das

virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital

sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de

interaccedilatildeo

b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da

modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de

solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O

espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes

fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O

espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a

se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada

c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um

tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite

fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves

comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade

com seus valores

d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e

uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo

poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos

depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o

global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-

dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees

para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e

42

protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo

do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno

O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo

endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima

Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e

condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no

desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem

diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais

eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada

momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e

desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um

clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento

fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros

paiacuteses (FRANCO 2001p6)

A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda

modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho

de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de

desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques

comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo

levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da

capacidade coletiva para a mudanccedila

O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as

caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES

2002)

43

Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais

CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

Localizaccedilatildeo

Proximidade geograacutefica18

Atores Grupos de pequenas empresas

Pequenas empresas nucleadas por grande empresa

Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa

fomento financeiras etc

Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas

Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo

Matildeo-de-obra qualificada

Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo

Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes

Fluxo intenso de informaccedilotildees

Identidade cultural entre agentes

Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes

Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada

A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os

agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda

a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores

locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento

local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir

a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das

decisotildees19

Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo

essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma

satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro

18

As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que

satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19

A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se

fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico

regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143

jul 1997)

44

311 Metodologias e Proposiccedilotildees

Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se

querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar

com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de

facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento

Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque

atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo

preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros

mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado

Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a

sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos

recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)

Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute

debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em

funccedilatildeo de cada peculiaridade

Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global

de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso

que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um

desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de

desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa

qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo

Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas

(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se

subdividir em vaacuterias accedilotildees

45

Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil

procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento

local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)

312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo

A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade

da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da

participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de

fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas

A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de

conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou

fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores

de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a

comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo

de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos

no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo

indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das

pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias

participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a

importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos

problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de

instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de

desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o

46

processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento

local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de

realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade

313 Diagnoacutestico preliminar

Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um

projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de

desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico

da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o

processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio

onde este se insere

A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos

agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e

potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir

a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da

comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute

informaccedilotildees sobre

caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local

localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos

vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros

caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade

demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros

caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede

motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros

47

caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da

comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos

culturais produccedilatildeo artesanal e outros

caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo

da capacidade produtiva instalada setores de atividade

caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios

informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de

dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros

caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa

estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das

atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes

existentes associaccedilotildees e outros

b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a

realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves

entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de

sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo

c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua

viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem

ser envolvidos ativamente

A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas

tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas

de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa

48

314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo

Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem

implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel

de prioridade e viabilidade

a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo

de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais

disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e

financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida

quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees

b) Fontes de financiamento20

ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se

garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de

desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos

seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de

atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O

financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante

para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local

315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente

Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as

iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados

20

O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre

bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o

volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se

defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm

a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa

49

a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de

planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais

simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido

b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do

processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes

que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade

Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um

espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo

deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental

O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social

poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das

vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro

poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade

do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a

internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios

de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social

(CASAROTO FILHO 2001 p113)

As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais

que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu

ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como

dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos

organizados instituiccedilotildees etc

50

32 Desenvolvimento regional no Brasil

Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma

bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade

urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se

posicionar na era da industrializaccedilatildeo

A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma

bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais

de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a

produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve

movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional

Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a

resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las

originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da

ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No

Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus

variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral

essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em

geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila

externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e

emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)

Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da

fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste

Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em

que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-

se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas

21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua

21

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos

processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das

51

importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na

produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990

Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos

espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus

mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e

outros

321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto

A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a

partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se

destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da

competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo

Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos

efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais

natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam

especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento

(HADAD 1994 p 338)rdquo

Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores

produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a

permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a

reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de

ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes

a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os

atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-

econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo

52

incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo

tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e

consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo

Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles

empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o

caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste

especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes

externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos

do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo

Paulo e Rio Grande do Sul

Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma

infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores

condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo

de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de

noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados

Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes

empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela

maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em

relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)

Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e

fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo

flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que

desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos

(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais

(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades

no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo

de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de

racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica

53

322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional

O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste

momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de

competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades

produtivas

Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais

de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade

passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais

recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a

proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial

passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a

montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de

competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)

As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas

ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do

Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da

implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de

cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes

ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre

estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo

(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)

No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes

econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia

para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das

formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a

regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas

54

33 Competitividade

Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de

processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo

isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os

produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na

necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos

mercados provenientes da abertura comercial

Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais

importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e

assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute

criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de

valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees

contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de

competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos

ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em

certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe

desafiador (PORTER 1998 p 145)

A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da

articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem

determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de

regionalizaccedilatildeo social

O processo de flexibilizaccedilatildeo22

por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23

das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o

que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do

22

Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada

por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23

No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica

entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de

maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que

podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma

divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)

55

desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees

comuns

A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de

origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de

qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de

produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se

inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao

desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva

das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares

diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente

por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas

territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)

Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem

potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua

basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos

comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado

parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a

manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em

velocidade inserindo-se em redes relacionais

331 Dimensotildees da competitividade

O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos

Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise

competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees

a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das

empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade

produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos

recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das

empresas entre outros

56

b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao

mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica

especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de

interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica

principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia

produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio

grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias

produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as

instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros

c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos

internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-

estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente

influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo

34 Inovaccedilatildeo

A princiacutepio a inovaccedilatildeo24

pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma

nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um

incremento no desenvolvimento das forcas produtivas

De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental

Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas

24

Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre

tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica

A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do

crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo

a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa

incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego

57

setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos

existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o

desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950

Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um

produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem

alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento

da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de

um produto ou processo

Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas

de produzir e comercializar bens e serviccedilos

Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a

produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos

A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a

ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e

irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e

as mudanccedilas tecnoloacutegicas

A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta

visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo

inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando

com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes

tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens

sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela

corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard

Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal

corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais

a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo

alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de

competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de

acumulaccedilatildeo do conhecimento e

b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo

de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da

diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)

As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado

desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da

deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do

conhecimento

341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo

A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do

mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute

58

sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos

tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como

de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)

As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que

as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem

empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto

de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias

registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo

fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do

governo

Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004

denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa

cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo

No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte

Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica

e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da

autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos

arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo

Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se

I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que

tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e

promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo

II ()

III ()

IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou

social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos

V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo

puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de

pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel

httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)

Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e

Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para

a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o

59

seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de

accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo

industrial e capacidade e escala produtiva

Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador

Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

60

4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO

41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado

Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o

Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e

europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos

naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura

oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a

condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a

lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas

internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica

Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo

Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr

61

A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do

Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro

Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN

Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um

promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir

num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande

produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio

Estado

Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um

dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita

das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB

estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da

62

economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da

media nacional

A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno

bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001

Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]

Ano PIB (R$)

Em bilhotildees

PIB per capita

(R$ 100)

1995 5063 979

1996 6873 1313

1997 7410 1359

1998 7224 1308

1999 7918 1418

2000 9207 1627

2001 10293 1796

2002 11420 1949

2003 13983 2354

Fonte IBGE [2005]

Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3

apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da

Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003

63

Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo

Nordeste

Estados

Produto Interno Bruto a

preccedilos correntes (1000 R$)

2000 2001 2002 2003

Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488

Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926

Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175

Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517

Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913

Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802

Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908

Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013

Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106

Fonte IBGE [2005]

De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido

como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos

embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica

A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de

vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores

sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral

inferiores agrave meacutedia do Nordeste

Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que

corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza

do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de

mortalidade infantil do Brasil

64

Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a

outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH

Municipal no periacuteodo 1991 a 2000

Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]

Especificaccedilatildeo

Iacutendice meacutedio de

classificaccedilatildeo25

1991 2000

Brasil 0696 0766

Nordeste

Maranhatildeo 0543 0636

Piauiacute 0566 0656

Cearaacute 0593 0700

Rio Grande do Norte 0604 0705

Paraiacuteba 0561 0661

Pernambuco 0620 0705

Alagoas 0548 0649

Sergipe 0597 0682

Bahia 0590 0688

Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt

A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do

Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria

especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e

investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos

funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do

Estado em niacuteveis mais elevados

25

Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)

65

A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e

modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-

maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico

concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O

primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do

solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na

vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica

Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico

implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas

fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais

Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o

seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala

voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA

2005 p 22)

Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades

elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem

equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no

Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema

de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo

42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual

A persistecircncia de alguns estrangulamentos26

econocircmicos tende evidentemente a

inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de

26

Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-

obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da

incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe

poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora

66

recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo

capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado

tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta

concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no

mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e

os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil

A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense

reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar

contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas

dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base

econocircmica estadual

A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano

Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela

expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um

conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns

dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o

desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro

O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003

considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina

com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo

adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em

segmentos centrais da economia do Estado

A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e

moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia

produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem

67

como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro

tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc

Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no

cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas

Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis

Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt

O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais ndash PAPL27

tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade

promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto

transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a

concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores

As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes

a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

27

O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel

do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social

Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006

68

b) Banco do Brasil SA ndash BB

c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF

d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB

e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA

f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA

g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA

h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET

i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA

j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA

k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO

l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT

m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash

MIDC

n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA

Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos

Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional

Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa

Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo

Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo

Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa

Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo

SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras

69

Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua

responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os

produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral

Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo

dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de

Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28

Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL

Arranjo Produtivo

Local

SEDE

Gerecircncia

Regional

G D R

Casa da

Agricultura

Familiar - CAF

SEBRAE

Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias

Codoacute

Bacabal

Caxias Codoacute

Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos

Patos

_

Caju

Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda

Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio

Rosaacuterio

Itapecuruacute-Mirim

Satildeo Luis

_

Leite Bacabal Bacabal e Santa

Inecircs

Bacabal e Santa

Inecircs

Madeira e Moacuteveis

Imperatriz Imperatriz Imperatriz

Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e

Viana

Ovino caprinocultura

Chapadinha Chapadinha Chapadinha

Pecuaacuteria de Corte

Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia

Pesca Artesanal

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Turismo Artesanato

Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis

Fonte SEBRAE MA 2005

28

O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a

possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados

em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo

2003-2006

70

Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado

e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo

para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar

atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade

43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento

A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo

de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da

situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento

econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e

aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional

Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos

para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o

Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003

p109) conforme se descreve

Objetivo

Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a

agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de

qualidade no Estado do Maranhatildeo

a) Projetos estrateacutegicos

Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais

Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis

com design moderno e com a marca Maranhatildeo

71

Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da

induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de

manutenccedilatildeo

b) Instrumentos

Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo

sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste

articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da

Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo

do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a

gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e

sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento

de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)

O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da

proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar

as accedilotildees definidas nos projetos

O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas

Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de

decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de

coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua

supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo

monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de

coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de

cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de

municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)

Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na

direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis

de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos

sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as

categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo

72

Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos

GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS

Promoccedilatildeo de Marketing

SEBRAE

FIEMA

UFMA

UEMA

MDIC

Participaccedilatildeo em feiras internacionais

Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior

Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior

Pesquisa e acompanhamento dos mercados

Confecccedilatildeo de material promocional

Exposiccedilotildees permanentes de venda

Vendas em conjunto

Promoccedilatildeo de marcas de produtos

Promoccedilatildeo de marcas territoriais

Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet

Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing

Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos

FINEP

FIEMA

MCT

SEBRAE

UFMA

UEMA

IMETRO

Teste de qualidade dos produtos

Certificaccedilatildeo de qualidade de produto

Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de

processos

Desenvolvimento de novos produtos

Modelagem em CAD

Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia

Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas

Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais

Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos

Capacitacatildeo

SEBRAE

FIEMA

SENAI

UFMA

Capacitaccedilatildeo gerencial

Especializaccedilatildeo profissional

Formaccedilatildeo profissional direcionada

Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo

Financeiros

CEF

BASA

BNB

BNDES

BB

Garantia de credito (fundo de aval)

Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento

Outros serviccedilos financeiros

Infra-Estrutura

MMA

UFMA

UEMA

MDIC

Reaproveitamento de resiacuteduos industriais

Tratamento de afluentes

Outros serviccedilos de infra-estrutura

Administrativos

SEBRAE

UFMA

UEMA

MDIC

Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista

Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais

Assistecircncia no registro de patentes

Arbitragem e controveacutersias

Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees

Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais

Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN

Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos

comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas

instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado

73

Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se

estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente

de competiccedilatildeo cooperativa

A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu

estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de

cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute

garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de

consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um

conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua

implementaccedilatildeo

Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria

publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429

ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da

Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das

accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios

individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo

Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do

Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios

estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de

empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os

empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de

competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade

nas transaccedilotildees

29

O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito

pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos

produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004

74

5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL

51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional

Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo

muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais

caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado

ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal

componente

De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de

moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas

transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados

notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo

ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e

globalizaccedilatildeo

O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo

impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a

modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo

isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da

competitividade30

Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da

induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria

30

ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante

difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este

fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas

no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma

brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB

1993

75

segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de

madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos

seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida

A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo

07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se

sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o

elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado

com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios

de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra

apenas 81 demonstrado na tabela 5

Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado

Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de

estabelecimentos

Nuacutemero de

empregados

Satildeo Paulo 3754 48462

Rio Grande do Sul 2443 33479

Santa Catarina 2020 32273

Paranaacute 2133 29079

Minas Gerais 2126 24717

Espiacuterito Santo 313 5402

Rio de Janeiro 583 5367

Bahia 355 4816

Cearaacute 328 4126

Goiaacutes 398 3334

Pernambuco 298 3287

Paraacute 109 1699

Mato Grosso 235 1648

Maranhatildeo 81 1481

Outros Estados 928 7182

Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt

O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco

valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas

ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados

33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de

76

meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do

emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas

3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas

Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil

com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos

Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil

Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis

Residenciais

Moacuteveis de

Escritoacuterio

Moacuteveis

Puacuteblicos

Mirassol

SP 80 3150 88 6 6

Votuporanga

SP 350 7000 94 3 3

Grande Satildeo

Paulo

SP Sd Sd 61 31 8

Ubaacute MG

153 3150 100 _ _

Arapongas PR

145 5500 86 9 5

Satildeo Bento do

Sul

SC 210 8500 96 4 _

Bento

Gonccedilalves

RS 130 7500 94 5 1

Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)

Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo

em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves

em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do

Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)

explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos

uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela

especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990

Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de

Chapecoacute Santa Catarina

77

Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de

madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo

ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas

impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim

surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o

eucalipto (IPEA 2002 p 103)

No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos

regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de

atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31

Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades

Poacutelos

Tecnologia

Atualizacatildeo

Grande Satildeo Paulo

(SP)

Heterogecircnea

Seriados alta tecnologia

Sob encomenda artesanal

Escritoacuterio elevada complexidade

Diferenciada

Raacutepida (incremental)

Lenta (coacutepias)

2 anos (full line)

Noroeste Paulista

Votuporanga e

Mirassol (SP)

Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta

tecnologia

PMEs Intensivas de matildeo de obra

Raacutepida

Em andamento

Ubaacute (MG)

Itatiaia alta tecnologia

PMEs niacuteveis inferiores

Raacutepida

Ritmo lento

Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo

PMEs niacuteveis inferiores

Em andamento

Em andamento

Satildeo Bento do Sul

(SC)

Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da

meacutedia nacional

Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo

Ritmo acelerado

Raacutepida

Bento Gonccedilalves

(RS)

Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas

estrangeiras

Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)

De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs

principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute

Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e

Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da

31

A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores

histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva

78

regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a

geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior

concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo

Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis

Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt

O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$

10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa

instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo

a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do

Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo

52 Estimativas de crescimento

No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas

pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e

79

Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com

a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32

No entanto houve um

crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o

Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a

desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva

aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as

importaccedilotildees em 24 em termos nominais

Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis

A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior

demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro

estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com

moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as

exigecircncias

Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target

Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867

bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o

faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees

A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o

estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria

necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute

difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade

do setor (DENK 2000 p 84)

Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais

estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os

estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute

superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as

32

A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento

Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute

uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro

atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999

80

consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando

processos e aumentando a produtividade

Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de

desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a

produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as

etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a

fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias

ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)

Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo

moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um

lento processo

Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas

sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em

muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de

forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer

evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos

produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33

pode tambeacutem produzir ganhos de escala

proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade

Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde

ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma

de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos

33

Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau

de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma

empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos

produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala

com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

81

6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ

61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica

A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de

convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente

para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu

Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de

mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do

Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas

consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde

no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas

Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos

de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees

circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e

foram se transformando em pequenas movelarias

Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora

sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais

como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios

institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se

materializaram

Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos

empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do

setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute

muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento

82

As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios

citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora

possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento

esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de

desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos

muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo

mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de

iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos

produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo

62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura

Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos

espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes

instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -

ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no

sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua

mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma

receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia

agraves propostas ainda eacute muito baixo

Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais

de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e

moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o

83

caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34

desativado no ano de 2002 cujos objetivos

natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em

uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva

tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute

consolidados no Brasil

Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda

iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na

Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35

o referido

processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda

essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias

de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em

agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas

entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo

as seguintes

34

O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo

seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como

no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35

Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de

Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003

84

Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR

Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo

JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo

Novo Imperatriz Ma

Mademoacuteveis ndash Serraria e

Movelaria Monte Sinai

Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa

Rita Imperatriz Ma

Perfil Moacuteveis Ltda

Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483

Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma

Sarmento Induacutestria de

Moacuteveis Ltda

Simol Rodovia BR 010 Km 1352

Distrito Industrial Imperatriz

Ma

Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN

Imperatriz Ma

Topaacutezio Industria e

Comercio Ltda

Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova

Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]

Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria

moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o

tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais

relevante para o desenvolvimento do capital social

O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo

ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital

socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de

interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social

melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)

Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os

produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida

Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde

coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos

no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel

energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de

85

agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36

titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas

a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo

tem mais seus produtos expostos no show room

Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia

18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII

Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina

entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons

individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz

vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em

evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo

fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre

firmasrdquo

Bandeira (1999 p 61) explica que

Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha

mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma

sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam

culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em

contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo

para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades

que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a

cooperaccedilatildeo

Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa

representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa

encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94

desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo

conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto

grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda

36

Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz

moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos

adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local

86

acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e

grandes

Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais

nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003

desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia

e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do

associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor

De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de

setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo

108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs

municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do

alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados

Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente

Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se

inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais

em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais

representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma

amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR

de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do

SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003

conforme citado anteriormente

Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de

questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como

a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz

87

b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra

local

c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e

aprendizado

d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees

governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e

Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor

e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o

acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos

Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma

dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que

ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave

regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa

unanimidade como um fator de mediano

A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem

constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo

enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo

por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de

apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados

88

Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0

Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0

Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1

Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2

Fonte Pesquisa de campo

31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas

71

29

29

43

43

100

43

29

86

29

29

29

43

14

29

14

14

57

57

57

57

0 20 40 60 80 100

Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros

materiais

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos populares

Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para

produtos de exportaccedilatildeo

Baixo custo de matildeo de obra

Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte

comunicaccedilotildees)

Proximidade com fornecedores de equipamentos

Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos

especializados

Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo

Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e

universidades

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo

Fonte Pesquisa de campo

Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores

mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na

Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este

89

quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de

acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local

os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados

Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2

Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0

Disciplina 0 4 3 0

Flexibilidade 0 2 5 0

Criatividade 0 4 3 0

Fonte Pesquisa de campo 43

43

57

29

57

29

57

43

71

43

29

0 20 40 60 80 100

Escolaridade em niacutevel

teacutecnico

Conhecimento praacutetico e

ou teacutecnico de

produccedilatildeo

Disciplina

Flexibilidade

Criatividade

Nula Baixa Meacutedia Alta

32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local

Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local

Fonte Pesquisa de campo

Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios

ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou

tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas

Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria

dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste

90

espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos

tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no

sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na

tabela 9 e quadro 4 respectivamente

No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de

mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos

Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e

seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas

despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes

Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Compra de equipamentos 5 0 0 2

Venda conjunta 4 1 2 0

Desenvolvimento de processos 2 4 1 0

Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0

Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0

Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1

Fonte Pesquisa de campo

91

71

57

29

57

29

43

14

57

29

29

29

14

14

43

43

29

14

Compra de

equipamentos

Venda conjunta

Desenvolvimento de

processos

Divulgaccedilatildeo

Capacitaccedilatildeo de

recursos humanos

Participaccedilatildeo conjunta

em feiras

Alta

Meacutedia

Baixa

Nula

41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas

do setor moveleiro

Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo

Fonte Pesquisa de Campo

A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e

pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda

uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o

empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica

empreendedora

As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees

oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37

Caixa Econocircmica e Banco da

Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as

linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades

miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender

37

Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se

encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o

Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e

financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago

2005]

92

Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros

natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees

positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia

Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI

como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira

local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de

forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia

A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as

informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa

Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Governo Federal 6 1 0 0

Governo Estadual 6 1 0 0

Governo Municipal 5 0 2 0

Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2

SEBRAE 2 0 5 0

SENAI 1 5 1 0

Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0

Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0

Fonte Pesquisa de campo

93

86

86

71

43

29

14

86

43

14

14

29

71

43

29

71

14

14

14

29

0 20 40 60 80 100

Governo Federal

Governo Estadual

Governo Municipal

Federaccedilotildees

Sindicatos

Associaccedilotildees

SEBRAE

SENAI

Banco do Brasil e Caixa

Econocircmica Federal

Banco do Nordeste e

Banco da Amazocircnia

Nula Baixa Meacutedia Alta

51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento

da induacutestria local

Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local

Fonte Pesquisa de campo

Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de

moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute

impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da

regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente

O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de

crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar

a resultados esperados

94

Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos

empreendimentos locais

Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta

Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves

necessidades 3 2 0 2

Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso

a financiamentos 0 0 2 5

Exigecircncia de aval garantias por parte das

instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6

Fonte Pesquisa de campo

61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores

que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais

43

29

29

14

29

71

86

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Inexistecircncia de linhas

de creacutedito adequadas

agraves necessidades

Dif iculdades ou

entraves bancaacuterios

para ter acesso a

financiamentos

Exigecircncia de aval

garantias por parte das

instituiccedilotildees de

financiamento

Nula Baixa Meacutedia Alta

Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local

Fonte Pesquisa de campo

A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com

o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2

a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do

desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se

mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo

95

Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a

elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da

competitividade

Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da

regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71

estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes

no arranjo

Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de

caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a

2003 quanto aos seguintes aspetos

a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio

b) informaccedilotildees da empresa

c) produccedilatildeo

d) administraccedilatildeo e vendas

e) anaacutelise do setor moveleiro

f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e

g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo

Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de

22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo

portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no

futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de

empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados

96

Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias

20

32

23

15

7

3

0 5 10 15 20 25 30 35

De 22 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 a 50 anos

De 51 a 60 anos

De 61 a 70 anos

Natildeo respondeu

Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores

Fonte SEBRAE [2003]

Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do

padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo

e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio

37

20

11

6

4

1

18

3

0 10 20 30 40

1ordm Grau Completo

1ordm Grau Incompleto

2ordm Grau Completo

2ordm Grau Incompleto

Superior Completo

Superior Incompleto

Analfabeto

Natildeo respondeu

Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo

Fonte SEBRAE [2003]

A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos

pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade

proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma

97

relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma

possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho

Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo

Patrimocircnio do Proprietaacuterio

3

14

1

4

1

30

1

15

1

6

8

6

8

0 5 10 15 20 25 30 35

Casa

Casa e Empresa

Casa e Loja

Casa e Veiacuteculo

Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa e Veiacuteculo

Casa Empresa Veiacuteculo e Loja

Casa-Empresa

Casa-Empresa e Veiacuteculo

Empresa

Empresa e Veiacuteculo

Veiacuteculo

Sem Patrimocircnio

Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio

Fonte SEBRAE [2003]

Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se

quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8

comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$

625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que

vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9

na sequumlecircncia

98

Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal

Fonte SEBRAE [2003]

A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo

Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de

produtores de moacuteveis na regiatildeo

63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia

No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38

tem a segunda

maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de

corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis

mais bem articulado da regiatildeo

Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros

municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando

abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do

mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores

38

Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005

madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro

serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]

Meacutedia de Vendas Mensal ()

7

24

35

21

13Natildeo Informou

De R$25000 a

R$125000

Acima de R$ 125000

ateacute 625000

Acima de R$ 625000

ateacute 1250000

Acima de R$

1250000()corrigido pelo iacutendice de

correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de

99

exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela

produccedilatildeo de ferro gusa

Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio

Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo

20042003

01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556

02Acailandia 117463745 266810098 12714

03Balsas39

74015298 144535454 9528

04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841

05Bacabeira 232200 13153855 556488

06Itinga do Maranhatildeo40

12230124 12414455 151

07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078

08Porto Franco 000 4077551 9841

09Coelho Neto 1094011 3440669 21450

10Joatildeo Lisboa41

3173948 2493194 -2145

Fonte SECEXMDIC [2005]

Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram

que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris

instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas

tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que

vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em

39

Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40

O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de

ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo

95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes

para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC

[2005]

100

espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e

equipamentos artesanais

Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo

chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia

O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto

por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar

o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para

serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa

passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas

caracteriacutesticas

101

Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num

cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela

gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado

Figura 8- Distritos Industriais projetados

Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt

Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela

localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o

desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade

No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato

decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42

A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo

de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro

dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para

42

A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma

102

outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta

situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela

inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos

Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994

quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde

as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto

inicialmente

Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido

da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo

municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo

Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais

visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e

ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor

Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes

regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria

do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de

instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI

O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na

oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico

como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais

ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo

103

Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o

Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de

Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43

631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas

A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo

deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais

decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam

tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de

regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e

mais profissionalizada

Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave

informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos

empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo

impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais

organizadas e governos

De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em

arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com

baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade

para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem

registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando

assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do

43

A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos

produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o

equiliacutebrio da prosperidade

104

arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele

inseridos

64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia

regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz

e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das

induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa

Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000

De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e

Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44

intitulado Alternativas de Gestatildeo para

a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva

histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo

Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua

representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo

No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos

arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se

esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos

fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de

pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima

Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa

tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da

44

O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade

de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos

Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel

Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda

105

madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no

setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada

que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste

Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5

pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute

aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas

tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes

Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou

por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970

Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo

de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como

a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de

Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees

contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e

consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de

mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras

para outros espaccedilos menos explorados

No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45

funda a Lisboa Moacuteveis Ltda

com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou

como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas

pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo

eram ainda bem definidas

45

Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o

pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida

colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os

esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]

106

641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso

O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter

identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial

segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-

primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves

fontes de mateacuterias-primas46

onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de

florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis

As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo

foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o

moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos

fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as

cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica

642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local

O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente

eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees

de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o

empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que

ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo

empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na

fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a

agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua

46

O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo

como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]

107

predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se

pratica na regiatildeo de Imperatriz

Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio

dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando

experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente

melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada

A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de

moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento

efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de

treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de

suprir as expectativas futuras

A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas

linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo

Fresadora Lixamento

Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis

Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt

108

Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em

maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando

nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da

empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar

desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir

procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva

Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com

uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11

milhotildees de doacutelares anuais47

47

A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial

ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do

Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos

produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre

outros [Pesquisa de Campo 2005]

109

CONSIDERACOES FINAIS

O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e

meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos

estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos

respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem

negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os

espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste

A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no

Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo

as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento

Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo

em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute

reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido

de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo

Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado

do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz

pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados

entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva

No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com

destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou

o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora

relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens

comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte

110

e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com

U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo

Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a

contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como

a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas

teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico

da uacuteltima geraccedilatildeo

Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos

foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na

parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se

buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar

diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda

presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder

puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com

a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva

informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas

Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como

prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos

objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva

O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como

A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de

moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os

congrega como categoria organizada

111

Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal

entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a

continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria

A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os

maiores atratores

O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos

produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura

na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura

especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior

destaque no quesito apoio institucional

De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para

empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas

Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se

com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito

por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o

problema

Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de

instruccedilatildeo

Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias

conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em

primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados

com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas

especialmente as menores

112

Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-

culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e

uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado

113

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Apecircndice

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