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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara Ambiental da comarca de Catalão/GO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, com
fundamento nos autos de Inquérito Civil Público n. 015/2011, vem perante este juízo propor
AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face de:
• SUPERINTENDÊNCIA MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO DE CATALÃO
(SAE), pessoa jurídica de direito público interno (autarquia municipal), com sede na
rua Kafves Abrão, n. 660, bairro São Francisco, Catalão/GO, CNPJ
04.750.108/0001-52, representada pelo Superintendente Fernando Vaz de Ulhoa;
• MUNICÍPIO DE CATALÃO , pessoa jurídica de direito público interno, com sede
na rua Nassim Agel, n. 505, centro, Catalão/GO, representado pelo Prefeito
Municipal Velomar Gonçalves Rios ou pelo Procurador-Geral do Município de
Catalão, Celso Luís Dias Calixto; e
• JOSÉ CARLOS RAMPELOTTI , brasileiro, casado, agricultor;
• JOÃO CLÁUDIO RAMPELOTTI , brasileiro, casado, agricultor;
• JAIRO CELSON RAMPELOTTI, brasileiro, casado, agricultor;
• JAIME CÉZAR RAMPELOTTI , brasileiro, casado, agricultor.
Pelos seguintes motivos:
No dia 31 de outubro de 2011 foi instaurado o inquérito civil público
n. 015/2011, com o objetivo de apurar degradação ambiental em área definida como de
“preservação permanente”, situada em zona de relevante interesse ambiental, conforme Leis
Municipais n. 2210/04 e 2211/04, denominada Pasto do Pedrinho, com área de 53.58.50 ha.,
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e matrícula 13.323 do CRI de Catalão.
Em expediente da Câmara de Vereadores do Município de Catalão,
datado de 22 de novembro de 2011, o Ministério Público foi informado que iniciativa de lei
visando modificar a destinação da área denominada Pasto do Pedrinho foi remetida pelo
Poder Executivo à Câmara de Vereadores, porém, o mencionado projeto de lei está com a
tramitação suspensa. Logo, a área denominada Pasto do Pedrinho continua com o status
de área de preservação permanente incrustada em zona de relevante interesse
ambiental.
Está encartado nos autos, também, documento denominado
Declaração de Viabilidade Ambiental (DVA – fls. 65/100), confeccionado pelo engenheiro
ambiental André dos Santos Oliveira (CREA 16709/D-GO), a pedido de José Carlos
Rampelotti, cuja a intenção é provocar a mudança da classificação da área em que está o
Pasto do Pedrinho, de zona de relevante interesse ambiental (ZUPA), para zona de expansão
urbana (ZEU), com o claro objetivo de se implantar no local um empreendimento imobiliário
do tipo condomínio fechado – fl. 08 do DVA. Depreende-se do DVA que a área tem sido alvo
de permanente degradação, provocada, por exemplo, com o descarte de resíduos sólidos no
local, utilização do local para a execução de “trilhas” por motociclistas, queimadas,
lançamento de resíduos oriundos da lavagem de filtros pela SAE, e etc. Ainda de acordo com
o engenheiro, a implantação de um empreendimento imobiliário no local traria significativos
ganhos ambientais, pois além da vigilância sobre a área, seria implantado sistema de
captação de esgoto e água pluvial que contemplaria outros bairros lindeiros, dentre outras
vantagens ambientais.
Se vê, desde logo, que a área denominada Pasto do Pedrinho,
doravante chamada simplesmente de Pasto do Pedrinho, é alvo de intensa disputa: de um
lado, a necessidade de preservá-lo, dados seus atributos jurídicos, ambientais e culturais; e de
outro, a intenção manifesta de fracioná-lo em lotes para a ocupação urbana, tendo em vista o
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alto valor imobiliário do local.
Perfilhando a primeira alternativa, por ser mais consentânea com o
disposto no art. 225 da Constituição Federal, e por estar em sintonia com as legislações
municipal e federal que se aplicam à espécie, o Ministério Público propõe esta ação civil
pública, tanto para obrigar a realização de obras de recuperação ambiental, como também
para impor obrigações de não fazer, consistentes na proibição de diversas atividades nocivas
que recaem sobre o Pasto do Pedrinho.
Relativamente aos fatos e fundamentos jurídicos, tendo em vista a
complexidade e variedade das situações abordadas, a petição desta ação civil pública está
organizada em três tópicos fundamentais: o primeiro, refere-se à caracterização jurídica do
Pasto do Pedrinho; o segundo, refere-se à relevância ambiental do Pasto do Pedrinho; e o
terceiro diz respeito às diversas formas de degradação que estão sendo impostas ao Pasto do
Pedrinho, com a indicação do respectivos responsáveis.
1 - Dos fatos e fundamentos jurídicos:
1.1 Caracterização jurídica do Pasto do Pedrinho
Sobre o Pasto do Pedrinho a legislação municipal estabelece o
seguinte:
LEI Nº 2.210, DE 05 DE AGOSTO DE 2.004 - PLANO DIRETOR
(...)
Art. 12. O macro-zoneamento regional e territorial de Catalão é definido pelas seguintes
Zonas e Áreas de Uso:
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IV - Área de preservação permanente – A.P.P., áreas destinadas à preservação permanente
dos córregos e nascentes, matas e áreas impróprias para urbanização;
(...)
Art. 14. Não serão permitidos parcelamentos do solo em terrenos impróprios.
(...)
VII - Áreas de preservação permanente, ou àquelas onde a poluição impeça condições
sanitárias suportáveis.
(…)
Art. 15 - A Zona Urbana subdivide-se:
I - Zona Urbana de Usos Diversificados (ZUD), que compreende áreas parceladas ou
ocupadas, destinadas a usos urbanos múltiplos - residenciais, comerciais, de serviço e
industriais - variáveis em porte, tipo e densidade com as características físicas, sócio-
econômicas e de patrimônio urbano (praças, logradouros parques lineares etc)
II - Zona de relevante interesse ambiental (ZUPA), como as ocupadas por matas nativas,
as de proteção de mananciais, as de declividade superior a 47% (quarenta e sete por cento),
as de reflorestamento com declividade superior a 30% (trinta por cento) e as de restauração
da mata ciliar dos cursos d´água, especialmente do rio Pirapitinga;
III - Zona Urbana de Preservação Relativa (ZUPR), que compreende áreas não
parceladas e não ocupadas, com declividade entre 30% (trinta por cento) e 47% (quarenta e
sete por cento), consideradas como inadequadas ao uso urbano pelas condições físicas
adversas do entorno, dificultando ou impossibilitando a articulação adequada com a malha
urbana;
IV - Zona de Expansão Urbana (ZEU), que compreende áreas não parceladas e não
ocupadas, com declividade inferior a 30% (trinta por cento), consideradas como apropriadas
ao parcelamento para fins urbanos.
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Parágrafo Terceiro - Nas áreas compreendidas na ZUPA somente serão permitidas
atividades relacionadas, direta ou indiretamente, com as funções específicas de preservação
do patrimônio natural.
(...)
Art. 43 - Loteamentos, só serão admitidos nos terrenos definidos como Zona de
Expansão Urbana nesta Lei, obedecidas as disposições da legislação complementar relativa
ao parcelamento do solo para fins urbanos.
Parágrafo Único - Os loteamentos deverão ser submetidos a processos de licenciamento
junto ao órgão de controle ambiental competente, considerando os impactos sobre o meio
físico natural.
LEI Nº 2.211, DE 05 DE AGOSTO DE 2.004 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
URBANO
Art. 1º - Esta Lei estabelece normas de uso e ocupação do solo no município, observadas as
disposições da Lei que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável Urbano e
Ambiental de Catalão (PDUA).
(…)
Art. 3º - Constitui-se em ANEXO desta Lei o mapa representativo das Zonas de Uso e
Ocupação do Solo e Áreas Especiais, na escala de 1:10.000 (um por dez mil) 1 .
(...)
Art. 5º - O território municipal de Catalão, conforme as disposições do PDUA, compõe-se
das seguintes zonas
I - Zona Urbana;
II - Zona de Expansão Urbana;
1 Mapa de fl. 48, anexo ao Plano Diretor, define o Pasto do Pedrinho como APP;
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III - Zona de Uso Alternativo do Solo.
Parágrafo Primeiro - Considera-se como Zona Urbana a área parcelada dentro do território
urbano.
Parágrafo Segundo - Considera-se como Zona de Expansão Urbana a área sujeita a
parcelamento dentro do território Urbano.
Parágrafo Terceiro - Considera-se como Zona de Uso Alternativo do Solo a área não
parcelada do território municipal.
(...)
Art. 6º - A Zona Urbana, de que trata o Parágrafo Primeiro do Art. 5 desta Lei, subdivide-se
em:
I - Zona Urbana de Usos Diversificados (ZUD);
II - Zona Urbana de Usos Especiais (ZUE);
III- Zona Urbana de Preservação Absoluta (ZUPA);
IV - Zona Urbana de Preservação Relativa (ZUPR).
Parágrafo Primeiro - A Zona Urbana de Usos Diversificados (ZUD), atendendo o que
dispõe o PDUA quanto à correspondência do uso e ocupação do solo com as características
físicas, ambientais, sócio-econômicas e infra-estruturais de cada segmento urbano,
subdivide-se em:
I - Zona Urbana de Usos Diversificados - 1 (ZUD-1), que compreende áreas com
predominância residencial e com menores índices de ocupação do solo;
II - Zona Urbana de Usos Diversificados - 2 (ZUD-2), que compreende áreas com
predominância residencial e com maiores índices de ocupação do solo;
III - Zona Urbana de Usos Diversificados - 3 (ZUD-3), que compreende áreas com
predominância comercial e com menores índices de ocupação do solo;
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IV - Zona Urbana de Usos Diversificados - 4 (ZUD-4), que compreende áreas com
predominância comercial e com maiores índices de ocupação do solo.
Parágrafo Segundo - A Zona Urbana de Usos Especiais (ZUE), conforme dispõe o PDUA,
compreende áreas destinadas exclusivamente a usos comerciais, de serviços e industriais
sujeitos a licenciamento especial para concepção, instalação e operação, subdividindo-se em:
I - Zona Urbana de Usos Especiais - 1 (ZUE-1), que admite atividades industriais de médio
potencial poluente e atividades especiais de comércio e serviços, com licenciamento prévio
para instalação e operação subordinado, nos termos da Lei que instituiu o PDUA, a estudos
de impacto de vizinhança, de impacto cultural (quando for o caso) e de impacto ambiental;
II - Zona Urbana de Usos Especiais - 2 (ZUE-2), que admite atividades industriais de grande
potencial poluente e atividades especiais de comércio e serviços, com licenciamento prévio
para instalação e operação subordinado, nos termos da Lei que instituiu o PDUA, a estudos
de impacto de vizinhança, cultural (quando for o caso), estudos de impacto ambiental e
estudos de controle urbano e ambiental, bem como a planos de encerramento quando for o
caso.
Parágrafo Terceiro - A Zona Urbana de Preservação Absoluta, conforme dispõe o
PDUA, compreende áreas consideradas de conservação permanente pelas legislações
ambientais da União e do Estado, como as ocupadas por matas nativas, as de proteção
de nascentes e margens de águas correntes e dormentes, as de declividade superior a
47% (quarenta e sete por cento) e as de revegetação em terrenos com declividade
superior a 30% (trinta por cento) com vegetação de valor ecológico, nas quais, só serão
permitidas atividades relacionadas com as respectivas funções de sustentabilidade
destas.
Parágrafo Quarto - A Zona Urbana de Preservação Relativa, conforme dispõe o PDUA,
compreende áreas não parceladas e não ocupadas, com declividade entre 30% (trinta por
cento) e 47% (quarenta e sete por cento), consideradas como inadequadas ao uso urbano,
onde serão admitidos chacreamentos, centros de lazer, clubes recreativos, hotéis fazenda,
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acampamentos e afins, bem como atividades de reflorestamento com fins comerciais, desde
que obedecidas as normas municipais pertinentes e observada a obrigatoriedade de
licenciamento pelo órgão municipal de controle ambiental (órgão seccional municipal de
meio ambiente).
Parágrafo Quinto - As zonas de uso e ocupação do solo de que trata este artigo
encontram-se representadas no ANEXO mencionado no Art. 3 desta Lei.
(...)
Art. 7º - A Zona de Expansão Urbana (ZEU), de que trata o Parágrafo Segundo do Art. 5º
desta Lei, compreende áreas não parceladas e não ocupadas, com declividade inferior a 30%
(trinta por cento), para as quais a Prefeitura poderá examinar pedidos de aprovação de
parcelamentos do solo para fins urbanos, observadas as disposições da Lei Federal 6.766/79
e suas alterações e da Lei Municipal de Parcelamento do Solo Para Fins Urbanos, bem
como, conforme dispõe o PDUA, as conclusões de estudos de impacto ambiental e de
vizinhança.
Parágrafo Primeiro - A ZEU, em função da variação dos parâmetros de ocupação do solo e
das dimensões mínimas de lote, subdivide-se em:
I - Zona de Expansão Urbana - 1 (ZEU-1), que compreende áreas onde serão admitidos
parcelamentos residenciais unifamiliares, em lotes com área mínima de 1.000 m2 (mil metros
quadrados), observados os seguintes parâmetros de ocupação:
a) Coeficiente de Aproveitamento máximo: 0,8 (oito décimos);
b) Taxa de Ocupação máxima: 0,4 (quatro décimos);
c) Taxa de Permeabilidade mínima: 0,4 (quatro décimos);
II - Zona de Expansão Urbana - 2 (ZEU-2), que compreende áreas onde serão admitidos
parcelamentos residenciais unifamiliares, em lotes com área mínima de 360 m2 (trezentos e
sessenta metros quadrados), observados os seguintes parâmetros de ocupação:
a) Coeficiente de Aproveitamento máximo: 1,0 (um inteiro);
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b) Taxa de Ocupação máxima: 0,5 (cinco décimos);
c) Taxa de Permeabilidade mínima: 0,2 (dois décimos);
III - Zona de Expansão Urbana - 3 (ZEU-3), que compreende áreas onde serão admitidos
parcelamentos predominantemente residenciais, em lotes com área mínima de 450 m2
(quatrocentos e cinqüenta metros quadrados), observados os seguintes parâmetros de
ocupação:
a) Coeficiente de Aproveitamento máximo: 1,5 (um e meio);
b) Taxa de Ocupação máxima: 0,4 (quatro décimos);
c) Taxa de Permeabilidade mínima: 0,2 (vinte décimos).
Parágrafo Segundo - As zonas de expansão urbana de que trata este artigo estão
indicadas no ANEXO mencionado no Art. 3º desta Lei 2 .
Parágrafo Terceiro - As partes das áreas pertencentes à Zona de Expansão Urbana, que nos
processos de parcelamento forem consideradas de aproveitamento urbano inviável, face às
suas condições físicas ou ambientais, deverão ser convertidas em ZUPA ou ZUPR, conforme
couber, quando das respectivas aprovações pela Prefeitura.
Parágrafo Quarto - Nos estudos de impacto ambiental e de vizinhança mencionados no
caput deste artigo, deverão ser obrigatoriamente levadas em consideração, sem prejuízo de
outras exigências específicas determinadas pela Prefeitura, as relações entre as condições de
solo e as declividades do terreno, bem como as possibilidades de inundações.
Art. 8 - A Zona de Uso Alternativo do Solo, considerando o que dispõe o PDUA, subdivide-
se em:
I - Zona de Uso Alternativo do Solo de Preservação Absoluta (ZRPA), compreendendo áreas
consideradas de conservação permanente pelas legislações ambientais da União e do Estado,
a ser regulamentada por legislação própria, observado o que dispõem estas legislações;
2 Mapa de fl. 48;
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II - Zona de Uso Alternativo do Solo de Preservação Relativa (ZRPR), compreendendo áreas
de usos rurais compatibilizados com o meio ambiente, a ser regulamentada por legislação
específica complementar.
(...)
Art.13º - Nas zonas ZUPA, ZUPR, ZRPA e ZRPR, os usos deverão considerar o que
dispõem os artigos 6 e 8 desta Lei.
As retrotranscritas normas municipais encontram plena guarida no
texto constitucional, pois cabe ao Município legislar sobre assuntos de interesse local (art.
30, inciso I, da CF); promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (art. 30, inc.
VIII, da CF); e proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas
(art. 23, inciso VI, da CF).
Além da sintonia constitucional, as normas municipais de proteção ao
Pasto do Pedrinho, sejam aquelas relativas à limitação de uso e ocupação do solo, sejam
aquelas voltadas especificamente para a proteção ambiental, vão ao encontro daquilo que
está disposto no Código Florestal – Lei 12.651/2012, que estabelece como princípio da
proteção e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa, dentre outros, a
responsabilidade comum de União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em
colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e
restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas
e rurais (art. 1º, inciso VI).
A mesma lei, no que se refere à definição de área de preservação
permanente (APP), estatui, no art. 3º, inciso II, que é a área protegida, coberta ou não por
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vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Logo adiante, ao
tratar de APP em áreas urbanas, o Código Florestal estabelece: no caso de áreas urbanas,
assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos
Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuízo do disposto nos incisos
do caput (§10 do art. 4º).
Possibilitando o alargamento do conceito de área de preservação,
previu o Código Florestal a possibilidade de instituição de outras áreas de preservação
permanente, por ato do Chefe do Poder Executivo, para atender às seguintes finalidades,
dentre outras: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de
terra e de rocha; (…) IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de
extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou
histórico; (…) VII - assegurar condições de bem-estar público (incisos do art. 6 do
Código Florestal).
Assim, o que se observa é a possibilidade do Município, tanto por
autorização constitucional, como também por expressas disposições do Código Florestal,
respeitados os limites mínimos previstos no art. 4º do mencionado Código, dispor a respeito
das áreas de preservação permanente, mormente aquelas situadas em zona urbana,
estabelecendo outras restrições. Especificamente no que se refere à proteção ambiental,
entende a melhor doutrina que “não há dúvidas que a competência dos Municípios, em
matéria ambiental, faz-se necessária, especialmente por se tratar de seu peculiar interesse,
não podendo ficar à mercê das normas estaduais e federais. Registre-se ainda que os
Municípios poderá até restringir as normas estaduais e federais, tornando-as mais
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protetivas” (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental, 8ª edição. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 187/188).
Dessa forma, sobre a região denominada “Pasto do Pedrinho” pelo
menos três situações impedem o parcelamento e a ocupação do solo, e exigem a completa
proteção e restauração da área. São elas:
A primeira: a região do “Pasto do Pedrinho” não está incluída em
Zona de Expansão Urbana. Pelos artigos 43 da Lei 2210/04 (loteamentos só serão
admitidos nos terrenos definidos como Zona de Expansão Urbana nesta Lei); e 7º, caput, e
parágrafos 1º, 2º e 3º, da Lei 2211/04, somente em áreas definidas como sendo de
Expansão Urbana serão admitidos parcelamento e ocupação do solo.
A segunda: a região do “Pasto do Pedrinho” foi definida como zona
de relevante interesse ambiental (ZUPA). Pelos artigos 15, inciso II, da Lei 2210/04; e 5º,
inciso I e 6º, inciso III e parágrafo único, da Lei 2211/04, em tais áreas somente são
admitidas atividades relacionadas com as respectivas funções de sustentabilidade destas.
A terceira: é fato notório que na região do “Pasto do Pedrinho” há
diversos locais definidos pelo Código Florestal como área de preservação permanente,
de sorte que as restrições para a proteção ambiental tornam o empreendimento
desaconselhável (art. 147, inc. VII, da Lei 2210/04).
1.2 Relevância ambiental do Pasto do Pedrinho
No curso do inquérito civil público foram coletados diversos estudos
realizados sobre o Pasto do Pedrinho. Esses estudos, provenientes das mais variadas fontes
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(pesquisadores, alunos e professores de universidades, técnicos do Ministério Público, etc.) e
realizados em espaços de tempo diversos (entre 2000 e 2012) refletem a importância
ambiental do Pasto do Pedrinho, tanto intrinsecamente, com extrinsecamente, como fator de
promoção da sadia qualidade de vida da população catalana.
Conquanto outros estudos, mormente sobre a importância
sociocultural do Pasto do Pedrinho, devam ser feitos, as informações já coligidas bastam à
demonstração de premente preservação e recuperação da área. Vejamos:
• É uma área de reserva ambiental única e com extraordinária beleza cênica, composta por
vários ambientes naturais e com formações fitofisionômica de espécies vegetais do bioma do Cerrado, com
extratos e substratos herbáceo, arbustos e arbóreo, impar dentro do mosaico paisagístico da área urbana de
Catalão (fl.03);
• O Pasto do Pedrinho, sempre foi considerado uma área pública, fazendo parte da história, da
cultura e memória dos Catalanos, quer pelas relações objetivas, quer pelas relações subjetivas e imateriais,
computando o alto valor histórico e valoração econômico da biodiversidade, segundo a Convenção sobre
Diversidade Biológica - CDB – tais como: valor de uso direto (VUD); valor de uso indireto (VUI); valor de
opção (VO); valores de não uso (VNO); valor de herança – natural e genética (VH); e valor econômico total
(VET) (fl.03);
• Estudos apontados pela Agência Nacional das Águas – ANA – indica que a Bacia
Hidrográfica do Rio Paranaíba, unidade territorial de gestão e planejamento, a qual está inserida a cidade de
Catalão, terá um crescimento vertiginoso, saindo de 8 milhões e 500 mil habitantes, em 2005, para 24 milhões
de habitantes em 2025, devendo concentrar, esse enorme contingente no entorno de Brasília-DF, no entorno de
Goiânia-GO e nas dez maiores e mais dinâmicas cidades de Minas Gerais e de Goiás, observando que a cidade
de Catalão é uma destas indicações (fl. 04);
• Considerando que as autoridades e instituições nacionais e internacionais vinculadas ao
planejamento urbano e políticas de saúde pública, física e mental, tem chamado a atenção para a gestão urbana,
no que diz respeito a qualidade e bem estar de vida da população, como exemplo os programas das Nações
Unidas, denominada de “Cidades Saudáveis”, e ainda para a manutenção de saudibilidade ambiental, a
recomendação de no mínimo de 12,00 metros quadrados de área verde por habitante, observando que a cidade
de Catalão está muito distante deste acatamento (fl. 04);
• Considerando que a cidade de Catalão se situa geograficamente dentro do Bioma de Cerrado,
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com a potencialização negativa dos efeitos climáticos sazonais pelas atividades urbanas e antrópicas, sendo que
a umidade relativa do ar tem descido aos extremos de tolerâncias biológicas do ser humano, e ainda insere-se,
que a área urbana está exprimida entre dois distritos e setores industriais metalmecânico e minero-químicos,
com comprovada incidência de poluição e contaminação atmosférica de agentes orgânicos (ETE da SAE),
químicos, fisico-químicos, gases, matéria particulada e indícios de agentes radioativos (rádionuclídeos de
urânio, tório, rádio, radônio e outros) (fl.05);
• A vegetação no local encontra-se parcialmente preservada com o domínio da vegetação de
cerrado strictu sensu, esta vegetação é característica do Cerrado, e é composta por exemplares arbustivo-
arboréos, de caules e galhos grossos e retorcidos, distribuídos de forma ligeiramente esparsa, intercalados por
uma cobertura de ervas, gramíneas e espécies semi-arbustivas (fl. 72);
• Nas áreas próximas aos cursos d'água (nascentes e córregos) predomina a vegetação típica de
mata ciliar que é caracterizada como uma vegetação associada à proximidade do lençol freático, situadas sob
solos mais férteis e com maior disponibilidade hídrica, o que lhes atribui uma característica mais densa (fl. 72);
• O Pasto do Pedrinho foi classificado no microzoneamento como Zona de Relevante Interesse
Ambiental (ZUPA), estas áreas são caracterizadas como áreas “ocupadas por matas nativas, as de proteção de
mananciais, as de declividade superior a 47%, as de reflorestamento com declividade superior a 30% e as de
restauração da mata ciliar dos cursos d´água, especialmente o rio Pirapitinga” (fl.73);
• Documento oriundo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMAC) de Catalão/GO,
diz que "a área denominada como "Pasto do Pedrínho", por apresentar relevância sócio-ambiental foi
caracterizada pela PDDUA, Lei 2.210/04, no art 15°, inciso II como ZUPA - Zona Urbana de Preservação
Absoluta e Lei de Uso e Ocupação do Solo 2.211/2004 no art. 5° inciso I e art. 6°, inciso III, estabelece que na
área em questão somente serão permitidas atividades com as funções específicas de preservação do patrimônio
natural” (fl.120);
• É fato notório que na região do "Pasto do Pedrinho" há diversos locais definidos pelo Código
Florestal como área de preservação permanente (art. 2º da Lei 4.771/65 – curso d´água, nascentes, declividade
acentuada do terreno), de sorte que as restrições para a proteção ambiental tornam o empreendimento
desaconselhável (art. 147, inc. VII. da Lei 2.210/04) (fl. 120);
• Laudo Técnico para constatação de degradação ambiental em Área de Preservação
Permanente - APP - Pasto do Pedrinho, realizado pelos Professores do Departamento de Geografia da
Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão, a saber: Laurindo Elias Pedrosa, Odelfa Rosa e Valdivino
Borges de Lima que, em 11 de novembro de 2001, mediante solicitação do Ministério Público do Estado de
Goiás - 3ª Promotoria de Justiça de Catalão - Curadoria do Meio Ambiente, conforme Ofício n° 234/01,
apresentaram o Laudo Técnico (fl. 128):
◦ Na ocasião foi apresentada uma caracterização da área (Anexo IV) que permite dizer da
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sua relevância para a população catalana, pois são poucos os sítios urbanos em Goiás que possuem tão
importante área verde "incrustada" no seio da cidade e que possibilita aos catalanos, um sentido público que
deve ser preservado e disponibilizado para todos (fl.128);
◦ Evidencia-se a riqueza florística e faunística da área, bem como a relevância por conta
das nascentes e cursos d'água e sua importância histórica, social e ambiental para a população catalana;
◦ A importância da área enquanto Biota do "Pasto do Pedrinho". A área conhecida
localmente como "Pasto do Pedrinho" possui cobertura Vegetal predominantemente nativa com variações
estruturais diversas e características de Cerrado. As fisionomias vegetais ocorrentes na área variam de Cerrado
Rupestre, Campo Rupestre, Cerrado Denso, Cerradão e Mata de Galeria, sendo as duas primeiras do tipo
Campestre, as duas últimas Florestais e as demais das Formações Típicas do Cerrado, assim representante dos
três tipos existentes na classificação usual, conforme EMBRAPA (1998) e Ferreira (2003) (fl. 129);
◦ Muitas espécies vegetais ocorrentes nas fisionomias da cobertura vegetal nativa são
conhecidamente, adaptadas aos seus tipos fisionômicos, devido a condições ambientais características de cada
um destes ambientes. Várias das espécies são frutíferas e muitas outras são de uso na medicina popular,
inclusive utilizadas pela população local e de uso por raizeiros e populares do município. Duas espécies
vegetais arbóreas ocorrentes na área estão presentes na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do
IBAMA, sendo a Aroeira-verdadeira (Myracrodruon urundeuva) e o Mogno (Swietenia macrophylla); sendo a
primeira nativa do Bioma Cerrado e ocorrente na região; e a segunda originada da Floresta Amazônica, portanto
inserida por pretéritos freqüentadores ou moradores da propriedade (fl.129);
◦ Em termos de composição vegetal, na área podem ser encontradas pelo menos 110
espécies botânicas lenhosas, as quais pertencem a 40 famílias. As famílias representadas com maior número de
espécies são: Fabaceae, com 23 espécies (várias indicadoras de solo deficiente em nitrogênio),
Melastomataceae, com nove espécies, Vochysiaceae, Rubiaceae (indicadoras de solo rico em alumínio) e
Malpighiaceae, com seis espécies cada. As famílias Araliaceae, Combretaceae, Connaraceae, Ebenaceae,
Erythroxylaceae, Lythraceae, Moraceae, Nyctaginaceae, Ochnaceae, Piperaceae, Proteaceae, Rutaceae,
Salicaceae, Sapotaceae, Siparunaceae, Solanaceae, Styracaceae, Urticaceae, Velloziaceae e Verbenaceae foram
amostradas com apenas uma espécie. As espécies de porte herbáceo e arbustivo não estão incluídas nesta
listagem, mas sabe-se que podem apresentar riqueza de biodiversidade bem maior (fl. 129);
◦ Os ambientes naturais abrigam fauna composta basicamente por pequenos mamíferos
terrestres e voadores, aves, anfíbios, répteis, insetos diversos, dentre vários outros grupos animais, porém este
tipo de levantamento ainda não foi realizado na área (fl. 129);
◦ A área como um todo apresenta elevado potencial à pesquisa, prática esportiva (ciclismo,
motociclismo, caminhadas, arborismo, entre outras formas de lazer), educação ambiental, ecoturismo e recreio
da população;
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
◦ É área de beleza cênica singular, principalmente devido ao fato de estar próxima à
população e por complementar a paisagem pretérita original da região, encontrada nos tempos de colonização
da região, observada pelos visitantes que freqüentam um dos mais visitados cartões postais da cidade: o mirante
do topo do Morro de São João ou Morro da Saudade (fl. 129);
◦ Ao longo das Matas de Galeria do interior da propriedade podem ser encontradas pelo
menos três cachoeiras (Anexo VI) de porte considerável (pelo menos três metros de desnível) e que ainda são
pouco conhecidas pela população local, bem como a vegetação nativa exuberante e ambiente com microclírna
agradável próximo aos seus poços de águas límpidas que se formaram na base de tais quedas d'água (fl. 130);
◦ Verifica-se que o "Pasto do Pedrinho" apresenta riqueza de espécies comparável a outras
áreas de Cerrado, sendo fundamental a sua conservação como área representativa de parte da fitofisionomia
regional, conforme orientação da Lei N° 9.985. Ocorrendo a preservação da área, esta continuará sendo campo
de pesquisas sobre a flora e fauna do Cerrado na região, conforme algumas que apresentamos em anexo,
inclusive, já publicadas. (Anexo VII) (fl. 130);
◦ A pesquisadora professora Ione Soares da Silva Rocha, aponta os problemas decorrentes
da pouca arborização da área urbana de Catalão e destaca a necessidade de preservação das áreas verdes: Diz
que as árvores desempenham papel fundamental na melhoria das cores e formas vivas e alegres no acinzentado
da massa urbana e a melhoria da saúde física e mental da população, propiciando sensações de tranqüilidade,
bem como, a melhoria do ar que se respira (fl. 133);
◦ Afirma ainda que as plantas desempenham benefícios à saúde física e mental humana e
ao ecossistema, sendo necessárias à qualidade de vida, e pode-se considerar que estão diretamente
proporcionais à melhoria da qualidade ambiental. A expressão qualidade ambiental está ligada à conservação de
ecossistemas e à qualidade de vida. Podendo-se concluir que a vegetação ligada a outros indicadores de
qualidade ambiental, como do ar, da água, do solo e da fauna, é indispensável na diminuição dos muitos e
complexos problemas ambientais urbanos já acumulados nas cidades, como os das ilhas de calor, poluição das
águas e outros (ROCHA 2011, p. 25-6) (fl. 133);
◦ Há que se considerar que Catalão não promoveu a realização do planejamento do
ambiente com ênfase na arborização, por meio da obrigatoriedade de um Plano Diretor de Arborização Urbana e
a destinação obrigatória de parte de multa ambiental arrecadada para plantar árvores, buscando melhorar a
ecodinâmica desses espaços antropizados e degradados. Ao contrário, o que se vê é a mais completa
despreocupação com a arborização e as poucas áreas verdes existentes no sítio urbano, a mencionar a área em
destaque, denominada Pasto do Pedrinho, que há décadas é reclamada pela sociedade catalana, como área a ser
desapropriada e transformada no Parque Público Municipal. É preciso urgentemente repensar as políticas de
Arborização Urbana para a cidade de Catalão, levando-se em consideração o preconizado nas legislações
pertinentes, os anseios da coletividade, a necessidade de mitigar os efeitos da expansão urbana e a ausência de
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
áreas verdes. Assim, a criação do Parque Municipal na referida Área auxilia na elaboração/execução de uma
política socioambiental para a municipalidade, especificamente, o sítio urbano (fl. 133);
◦ A área do Pasto do Pedrinho, encontra-se inserida sobre a litologia do Grupo Araxá,
composta por micaxisto com intercalações de quartzitos micáceos. Localmente as rochas do micaxisto que
compõe as sindinais (fundos de vales), por onde as águas fazem seus caminhos estão intemperizados
apresentando alto grau de inabilidade e de porosidade, favorecendo com a alteração química, pela a ação das
águas formações argilosas. Nos interflúvios, topos das colinas, afloram os campos lateríticos, os quartzitos mais
resistentes a ação intempérica e os mantos de regolito, compostos de cascalhamento de granulação variada e
outros fragmentos das rochas, se estendendo pelas encostas das colinas evertentes até aos fundos dos vales por
serem de fácil remobilização pela gravidade e ação das enxurradas (fl. 145);
◦ O clima da área se insere no contexto regional, com destaque para sazonalidade,
revelando um período seco e com menores temperaturas, de maio a setembro e outro período úmido e maiores
temperaturas, de outubro a março, com uma média anual da pluviosidade em torno de 1500 milímetros (fl. 147);
◦ A pedogênese reflete a interação climática e de outros elementos com as características
litoestruturais, com manchas de solos tipos plintossolos (cangas lateriticas), litossolos, cambissolos e rochas
aflorantes (expostas), ás vezes recobertas por camadas do rigolito. Com efeito, a cobertura vegetacional revela a
interface solo, relevo-clima, e a do típico Bioma do Cerrado Brasileiro, salvo para o ambiente em análise, que
apresenta alto grau de descaracterização pela ação antrópica, tem-se nos topos das colinas e nas encostas as
coberturas herbáceas e arbustivas, enquanto que nos vales com solos úmidos e ricos em nutrientes, vegetação
arbórea densa, típica de mata ciliar (fl. 147);
◦ O Pasto do Pedrinho encontra-se na porção noroeste do sítio urbano de Catalão,
limitando-se ao norte com o Jardim Primavera, a nordeste/leste com o bairro São João, ao sul com Bairro Mãe
de Deus, ao sudoeste com o Bairro São José e a norte/noroeste com o Loteamento Elias, loteamento esse recém
implantado, inclusive sob severas críticas de ambientalistas, em função do local apresentar elevada declividade
e outros agravantes de natureza geoambientais. (fl. 163);
◦ A vegetação visualizada na maior parte do terreno é de espécies graminosas artificiais
(brachiána e outras) e outras que avançam sobre a vegetação rasteira nativa. Existem ainda várias manchas
vegetais diferenciadas, dependendo das características do ambiente. Se há mais umidade, mais material
pedogenizado, ou seja, solo mais profundo com a remobilização de material, assenta-se uma vegetação mais
densa e de maior porte arbóreo. Essas manchas vegetais, na maioria das vezes, acompanham os vales, dentro da
área (fl. 163);
◦ Em pesquisas realizadas, foram amostrados 3818 indivíduos pertencentes 131 espécies,
93 gêneros e 42 famílias (Tabela 1), nos três hectares amostrados. Em média foram encontradas 80 espécies por
ha. O Número de espécies e famílias encontradas em cada área e no levantamento total pode ser verificado
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
também na Tabela 1. Este número de espécies amostradas está de acordo com levantamentos realizados em
áreas de cerrado (Andrade et ai 2002; Felfili et ai 2002; Júnior et ai 2003; Moura et ai 2007);
◦ As famílias com maior número de espécies foram: Fabaceae (21), Myrtaceae (14) e
Vochysiaceae (8). As famílias Fabaceae, Myrtaceae e Vochysiaceae estão entre as famílias com maior número
de espécies amostrados em áreas de cerrado (Araújo et ai. 1997), sendo as espécies da família Vochysiaceae
acumuladoras de alumínio (Haridasan e Araújo 1988) altamente adaptadas aos solos do cerrado. As dez espécies
de maior IVI foram Pterodon pubescens (Benth.) Benth, Sclerolobium paniculatum Vog., Qualea grandiflora
Mart, Morta, Eugenia efysenterica DC, Plaíhymenia- reticulata Benth, Xylopia aromatica (Lam.) Mart,
Byrsonima coccolobifolia H. B.( Neea íhei/era Oesrt, Myrcia variabilis Mart ex DC. as quais representaram
47,35% do IVI total e 44,76% do número de indivíduos amostrados (Tabela 1) (fl. 176).
Indisputável, pois, que o Pasto Pedrinho, além de gozar do status de
área de preservação permanente, ostenta características ambientais que o tornam digno de
proteção total.
1.3 Diversas formas de degradação que estão sendo impostas ao Pasto do Pedrinho
Não obstante essas relevantes características ambientais e jurídicas, o
Pasto do Pedrinho vem sendo paulatinamente degradado e as mais diversas formas de
degradação também foram alvo de pesquisa e investigação:
• O Pasto do Pedrinho carece de cuidados e planejamento ambiental. Atualmente uma grande
extensão da área é utilizada como área de depósito de entulhos e lixos, é entrecortada em diversos pontos por
estradas que servem como passarela para pedestres e também como meio de diversão para motociclistas.
A área também recebe com frequência as águas de lavagem dos filtros, da Estação de Tratamento de Água
– SAE, localizada às margens do GO-330. Todos esses fatores contribuem para a degradação do solo,
surgimento de pequenas ravinas e consequentemente os processos erosivos (fl.74);
• Laudo Técnico para constatação de degradação ambiental em Área de Preservação
Permanente - APP - Pasto do Pedrinho, realizado pelos Professores do Departamento de Geografia da
Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão, a saber: Laurindo Elias Pedrosa, Odelfa Rosa e Valdivino
Borges de Lima que, em 11 de novembro de 2001, mediante solicitação do Ministério Público do Estado de
Goiás - 3ª Promotoria de Justiça de Catalão - Curadoria do Meio Ambiente, conforme Ofício n° 234/01,
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apresentaram o Laudo Técnico (fl. 128):
◦ Na ocasião identificou-se nascentes degradadas, com destaque para aquela situada
na parte norte (divisa com a GO-330), agredida pelos lançamentos de resíduos (descargas da lavagem dos
filtros) da Estação de Tratamento de Águas, à época pertencente à SANEAGO S.A, atualmente sob
responsabilidade da Superintendência de Água e Esgoto (SAE) - Município de Catalão/GO (fl.128)
◦ “o lançamento dos resíduos anteriormente descritos, saem da ETA, por tubulação
subterrânea e transpõe a rodovia GO-330, onde na porção a jusante tem-se um bueiro,
que incide com cabeceira de uma das nascentes do Pasto do Pedrinho, já
caracterizada, em que os impactos são visíveis, podendo ser comprovados por registros
fotográficos em anexo, dando provas de evidências geradas por esta ação de
degradação. As incursões para fins de investigação a área em epígrafe, referendadas
por minuciosa consulta bibliográfica, técnica e científica, possibilitou o seguinte:
◦ A água residual que é lançada na área da nascente é proveniente de lavagem (limpeza)
dos filtros da ETA – SANEAGO (hoje, SAE), (informação extraoficial dos funcionários
da empresa);
◦ O volume é variável indo de 100 mil a 150 mil litros d'água a cada lançamento com uma
frequência de 2 ou 3 vezes por dia, com duração de 6 a 7 minutos, (informação
extraoficial dos funcionários da empresa);
◦ Observou-se no local, na parte a jusante do bueiro de transposição da rodovia, um
ressalto com mais ou menos 50 centímetros, escavado em rocha em sulco como o
registrado na foto 1;
◦ A constatação de resíduos domésticos inorgânicos caminho de escoamento dos efluentes
da ETA (resíduos de lavagem dos filtros);
◦ A constatação de carga de sedimentos estranhos a natureza do ambiente, compostas de
areias e sílicas, comumente chamados de areia lavada, com evidências de material
utilizado nos filtros da ETA;
◦ A construção de escadarias na parte a jusante de bueiro de transposição de excedente
pluvial (enxurradas), construídos em decorrência da abertura das vias de circulação,
comprovando a friabilidade do terreno, sendo estas as formas de quebra de energia da
água, para diminuição da ação de degradação;
◦ Constatação do lançamento dos efluentes sobre as nascentes, por indicar a natureza do
terreno composto de solos hidromórficos, muito susceptível a erosão laminar e por
sulcos, conforme foto 7;
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
◦ A constatação de abertura de profundos sulcos no canal de escoamento por onde
progride os efluentes da ETA, sobre rochas do micaxisto altamente intemperizadas com
profundidade variando de 1,20m a 2,00m e largura quase sempre inferior a 0,30m e que
não é verificado tal forma de erosão em outros ambientes de escoamento do excesso
pluvial dentro do Pasto do Pedrinho;
◦ Constatação da degradação da vegetação herbácea e arbustiva na cabeceira da
nascente por fogo, indicando ser queimada intencional (por moradores da localidade ou
por transeuntes) favorecendo a ação erosiva tanto laminar quanto concentrada, das
encostas quanto ao fundo do vale; e
◦ A constatação no médio curso do canal de escoamento um ressalto de aproximadamente
10 metros de altura elaborado pela ação do escoamento dos efluentes da ETA, uma vez
que trabalhos realizados pelos alunos de graduação do curso de Geografia do
CAC/UFG, em 1998, em relatório técnico contatou e registrou por fotografias que a
queda d'água tinha em torno de 5 metros de altura, uma vez que a erosão é em um
contato litológico do quartzito, resistente ao intemperismo de água, com micaxisto
altamente intemperizado e facilmente erodido, como o verificado nos últimos anos.
• A área se caracteriza por um conjunto de nascentes que formam o Córrego, homônimo da
área, sendo tributário da margem esquerda do Ribeirão Pirapitinga. Apesar da maioria das nascentes e dos vales
estarem cobertos pela vegetação natural, ambos vêm sofrendo a ação do crescimento desordenado do espaço
urbano, em função da área ser centralizada e situar-se nas proximidades de vias de circulação de grande
interesse comercial. No local existem diversas erosões que crescem constantemente. E ainda, ocorre a
expansão urbana, que pressiona para a construção e abertura de ruas, que, aos poucos, vão asfixiando a área.
Exemplos são os aterramentos impulsionados pelas construções na porção norte, conforme a Foto 66, (saída
para Goiânia). (fl. 164).
• Também na porção leste, proximidades do Loteamento Elias Safatle, inadequado para o local,
o processo de entulhamento e o escoamento superficial concentrado tem acarretado erosões, perda de solo e
desequilíbrio ambiental. (fl. 164).
• A Prefeitura Municipal de Catalão, para conter as erosões, equivocadamente, e de forma
criminosa, permite o lançamento, não só na área do Pasto do Pedrinho, mas também em outros locais, de
entulhos, piorando a situação de degradação ambiental. Não se contem escavação de erosões depositando
nelas entulhos. É necessário fazer obstáculos, com a própria madeira que está caída no local e/ou outros
materiais do meio. O escoamento superficial, proveniente de parte do Jardim Primavera e das áreas
superiores, direcionado para os vales onde se localizam as nascentes, somado à forte declividade, faz com
que a erosão aumente sistematicamente, já que a quantidade de água escoada é grande, aumentando
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
também a quantidade de resíduos de varias naturezas, como lixo doméstico, para dentro da área (fl. 165);
• A área em seu conjunto apresenta ações de degradação, generalizada. Com isso as
nascentes estão mudando da condição de perenes para intermitentes. Assoreamentos e/ou erosões.
Invasão de resíduos líquidos e sólidos de várias naturezas. Corte de vegetação nativa. Fluxos de
escoamento superficial concentrado. Lançamento de efluentes líquidos da ETA/SAE. Pressão urbana.
Outras ações antrópicas (fl. 168);
• Aconselha-se o desvio do escoamento concentrado por tubulação de drenos. Desvio dos
efluentes da ETA/SAE. Plantio de espécies vegetais naturais. Ações educativas com projetos ambientais. Ações
punitivas aos transgressores. Tombamento imediato da área por ser de relevância ambiental e paisagística.
Criação de um Parque Municipal com várias finalidades e usos. E monitoramento periódico (fl. 168).
1.3.1 - Das responsabilidades pela adoção de medidas de recuperação,
mitigação e compensação ambiental
1.3.1.1 - SAE
Sem prejuízo das responsabilidades dos demais requeridos, forçoso
reconhecer que a SAE é responsável por uma importante forma de degradação do Pasto do
Pedrinho. Está demonstrado nos autos que de longa data a SAE promove o lançamento de
resíduos decorrentes da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água em uma
nascente situada ao norte do Pasto do Pedrinho, divisa com a GO-330. Como já transcrito,
“o lançamento dos resíduos anteriormente descritos, saem da ETA, por tubulação
subterrânea e transpõe a rodovia GO-330, onde na porção a jusante tem-se um bueiro,
que incide com cabeceira de uma das nascentes do Pasto do Pedrinho, já caracterizada,
em que os impactos são visíveis, podendo ser comprovados por registros fotográficos em
anexo, dando provas de evidências geradas por esta ação de degradação” - fl. 128.
1.3.1.2 - MUNICÍPIO DE CATALÃO
Por omissão no exercício do poder de polícia administrativa, o
requerido Município de Catalão, sistematicamente, permite a deposição de lixo e entulho
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
nas imediações do Pasto do Pedrinho . Acresça-se à omissão no exercício do poder de polícia
administrativa, o fato do Município de Catalão não adotar medidas positivas do tipo
educação ambiental, colocação de placas, caçambas e etc., para evitar a deposição
inadequada de lixo e entulhos nos arredores e no interior do Pasto do Pedrinho.
Além disso, o Município de Catalão, visando mitigar ou evitar
erosões, indevidamente, dispõe entulho em áreas erodidas situadas no Pasto do Pedrinho, o
que contribui, significativamente, para a piora do habitat, além de não impedir o avanço das
erosões. Esse processo erosivo, ainda, é agravado pelas águas pluviais oriundas do Jardim
Primavera, que são carreadas para o Pasto do Pedrinho, sem nenhuma preocupação com a
preservação desse importante espaço.
1.3.1.3 - JOSÉ CARLOS RAMPELOTTI; JOÃO CLÁUDIO
RAMPELOTTI; JAIRO CELSON RAMPELOTTI; e JAIME CÉZAR
RAMPELOTTI,
Conquanto não tenham estes requeridos contribuído para o processo de
degradação do Pasto do Pedrinho, depreende-se dos documentos de fls. 378/381 que essa
área foi por eles recentemente adquirida (escritura pública e compra e venda,
devidamente averbada no CRI), em condomínio. Logo, por expressa disposição legal3 e
segundo posicionamento pacífico da jurisprudência4, respondem os requeridos pela
degradação e recuperação da área e pela prevenção de novas formas de degradação.
3 Art. 2º, §2º, do Código Florestal; Art. 7º, §1º, do Código Florestal;4 ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
DANO AMBIENTAL EM RESERVA LEGAL. DEVER DE RECUPERAÇÃO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. ABRANGÊNCIA DO PROPRIETÁRIO ATUAL, INDEPENDENTEMENTE DE QUEM CAUSOU O DANO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça é de que a obrigação de recuperar a degradação ambiental ocorrida na faixa da reserva legal abrange aquele que é titular da propriedade do imóvel, mesmo que não seja de sua autoria a deflagração do dano, tendo em conta sua natureza propter rem. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1137478/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 21/10/2011);
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
Dos autos do inquérito civil público extrai-se que a área do Pasto do
Pedrinho é local de depósito de entulhos e lixos; é entrecortada em diversos pontos por
estradas que servem como passarela para pedestres e também como meio de diversão para
motociclistas; é dotada de nascentes degradadas; apresenta erosões que crescem
constantemente; sofre com incêndios criminosos, em especial, no período de seca. Enfim, a
área, em seu conjunto, apresenta ações de degradação generalizada. De rigor, pois, para
evitar que o Pasto do Pedrinho continue sofrendo com incêndios criminosos, com a
disposição indevida de entulho e lixo, com a invasão por vândalos, desocupados,
motocicletas e etc., que os atuais proprietários da área sejam instados a promover o
cercamento da área. Além disso, como área está sofrendo degradação generalizada, com
processos erosivos e extinção de nascentes, por exemplo, mister que haja a elaboração de um
Plano de Recuperação de Área Degradada e de um Plano de Prevenção a Incêndios 5 .
2 - Dos pedidos:
Diante do exposto, requer o Ministério Público:
2.1 - o recebimento e processamento desta ação civil pública sob procedimento
ordinário6;
2.2 - a citação dos réus para apresentarem resposta à demanda, nos termos do art.
319 do Código de Processo Civil, com a advertência do art. 285, “in fine”, do
Código de Processo Civil;
5 Ambos eram objeto de Termo de Ajustamento de Conduta proposto ao requerido José Carlos Rampelotti – em anexo, às fls. 392/394 –, que não aceitou os termos da proposta, e nem formulou contraproposta.
6 Tendo em vista o número de requeridos, particulares e Poder Público, e a complexidade da causa (diversas fontes de degradação ambiental impostas ao Pasto do Pedrinho, que vão da deposição irregular de entulho e lixo nas imediações e interior deste, ao escoamento indevido de água pluvial do Jardim Primavera, que certamento exigirão outras perícias), desaconselhável seguir o procedimento sumário, conforme §§ 4º e 5º do art. 277 do Código de Processo Civil, apesar da expressa determinação do art. 2º, §1º, do Código Florestal – Lei 12.651/2012.
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
2.3 - a condenação dos requeridos nos seguintes termos:
2.3.1 - SAE:
A) condenação à OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, consiste na proibição de
lançar no Pasto do Pedrinho descarga de água decorrente da limpeza dos
filtros da estação de tratamento de água, sob pena de embargo da
atividade/impedimento de atividade nociva, conforme art. 461, §5º, do
Código de Processo Civil;
B) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER: considerando a degradação já
produzida, condenação à obrigação de fazer consistente na elaboração, no
prazo de 45 dias, e execução de um plano de recuperação da área degradada
(PRAD) - nascente situada na parte norte do Pasto do Pedrinho (divisa com
a GO-330) -, a ser elaborado por profissional devidamente habilitado, sob
pena de multa diária, nos termos do art. 287 do Código de Processo Civil;
2.3.2 - MUNICÍPIO DE CATALÃO/GO:
A) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER: consistente em exercitar o poder
de polícia administrativa a fim de impedir a deposição de lixo e entulho nos
arredores e dentro do Pasto do Pedrinho, sob pena de multa diária, nos
termos do art. 287 do Código de Processo Civil;
B) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER: consistente na remoção do lixo e
entulho indevidamente dispostos nos arredores e no interior do Pasto do
Pedrinho, sob pena de multa diária, nos termos do art. 287 do Código de
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
Processo Civil;
C) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente na implantação de
caçambas para coleta de lixo nos arredores do Pasto do Pedrinho, com
recolhimento periódico, e colocação de placas educativas a respeito da
correta disposição de lixo e entulho, sob pena de multa diária, nos termos do
art. 287 do Código de Processo Civil;
D) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente na realização de
obras de captação de água pluvial no Jardim Primavera, de sorte que as
águas pluviais não descabem para o Pasto do Pedrinho, sob pena de multa
diária, nos termos do art. 287 do Código de Processo Civil;
E) condenação à OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, consistente na proibição de
lançar resíduos de construção ou outro tipo de entulho para sanar processos
erosivos no Pasto do Pedrinho, sob pena de multa diária, nos termos do art.
287 do Código de Processo Civil.
2.3.3 - JOSÉ CARLOS RAMPELOTTI; JOÃO CLÁUDIO RAMPELOTTI;
JAIRO CELSON RAMPELOTTI; e JAIME CÉZAR RAMPELOTTI
A) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente na obrigação de
elaborar, no prazo de 90 dias, Plano de Recuperação de Área Degradada
(PRAD), no qual devem conter, pelo menos, a identificação e dimensionamento
dos danos ambientais existentes na área, quantitativa e qualitativamente, com
indicação dos respectivos motivos determinantes; a indicação de medidas de
reparação/recuperação; a indicação de medidas mitigadoras; e o prazo para a
realização dessas medidas; e Plano de Prevenção a Incêndios;
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
A.1 - No prazo supracitado, o compromissário se compromete a protocolizar
em juízo e perante a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, cópia do
respectivo PRAD; também no prazo supracitado, o compromissário se
compromete a protocolizar em juízo e no Corpo de Bombeiros Militar em
Catalão, cópia do respectivo Plano de Prevenção a Incêndios;
A.2 - À 4ª Promotoria de Justiça da comarca de Catalão competirá, no prazo
de 30 dias, avaliar o PRAD e o Plano de Prevenção a Incêndios apresentados,
acatando-os integralmente ou propondo modificações ou refutando-os,
sempre fundamentadamente;
A.3 - Se no prazo de 30 dias a 4ª Promotoria de Justiça não se manifestar,
presumem-se aceitos o PRAD e o Plano de Prevenção a Incêndios;
A.4 - As cláusulas e condições previstas no PRAD e no Plano de Prevenção a
Incêndios, quanto à forma e ao prazo aprovados, passam a fazer parte desta
obrigação e o descumprimento destas ensejarão multa diária, na forma do
art. 287 do Código de Processo Civil.
B) condenação à OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente no cercamento de
toda a área, e posterior manutenção da cerca construída, para impedir o
acesso de vândalos, motociclistas e demais pessoas que praticam degradação
ambiental no local, sob pena de multa diária, na forma do art. 287 do Código
de Processo Civil.
Dá-se à causa o valor de R$ 6.000.000,00, valor de negócio do Pasto
do Pedrinho, conforme doc. De fls. 378/381.
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4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃO/GO - RUA CRISTIANO AIRES, 125, CENTRO, CATALÃO/GO -
Conforme art. 18 da Lei 7.347/85, ação isenta de adiantamento de
custas, emolumentos, honorários e quaisquer outras despesas.
Catalão, 22 de outubro de 2012.
Mário Henrique Cardoso Caixeta
Promotor de Justiça
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