#réquiem para kolônia£o elas: era do barro, do fogo, da Água e do ar. vejam que isso não deixa...
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#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Apresentação
Aviso: este enredo é uma ‘alegoria’, baseada em acontecimentos reais. Divirta-se!
***
Todo começo é um recomeço... Não vê os fios, cara marionete?
É uma história sobre um mundo – Nova Terra –, e sobre seu vilarejo mais conhecido, de nome
Kôlonia. É uma história sobre as assimetrias deste mundo, regido por uma sequência de Eras,
devidamente ‘programadas’. Dizia-se que se tais Eras fossem experimentadas em sua plenitude,
espécie de Profecia; os habitantes desta localidade entenderiam, finalmente, a Verdade de todas
as Coisas. São elas: Era do Barro, do Fogo, da Água e do Ar.
Vejam que isso não deixa de ser uma proposta de Nirvana. É mesmo possível atingir este estado?
Saber absoluto? Perfeição? Bem, sem delongas, os fatos se sucederam mais ou menos assim:
Do Barro, a peregrinação em busca da Cura. A ‘chave’, para isso, encontrava-se em Kolônia.
Em seguida, iniciou-se a Era do Fogo e, com ela, vieram o controle, a disparidade e a
intolerância. Rebelião?
Mas, a Profecia precisava ser cumprida. Os sinos tocaram e o Fogo desvanecia. As Cinzas
cobriram todo território da Nova Terra. Um novo Sistema Operacional se anunciava…
Eis a Era da Água e, com ela, emergiram a instabilidade, incerteza, ‘falta de chão’ e… Traição!
Sim, caro variante, encontrará incompreensão em sua jornada. Porém, aquele que conseguir
manter a ‘navegação’ até o fim descobrirá o Carnaval dentro de si! Mas, nunca se esqueça que
“nada é orgânico, é tudo programado!”.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Ficha Técnica:
Escola: G.R.E.S.E Império do Espírito
Cores: Azul e verde
Presidente: Akagi Azzuma
Enredo: #Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
Autor: Akagi Azzuma
Contatos: [email protected]/ Face: Akagi Azzuma
Número de Setores e Alegorias: 8
Tripés: 3
Número de Alas: 30
Comissão de Frente: “Segura a marimba, porque o ‘circo’ vai recomeçar”
Baianas: “A divisão da Nova Terra entre Três Reinos”
Bateria: “Pinhead”
Passistas: “Cenobitas”
1º Casal de MS e PB: “Minha ‘dama’, por que não o Nirvana?”
2º Casal de MS e PB: “A dança entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação”
Ala das Crianças: “Todo dia é dia de índio”.
Velha-Guarda: “Porque o importante é estar bem vestido, com classe”
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Argumento
Recarregando… Versão do novo Sistema Operacional: 6.0
Percentual de bugs da versão anterior: 3,99%
I
Introitus
Não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário
Desse mundo tá na cara
Um viajante na boleia do destino
Sou mais um fio da tesoura e da navalha
(Filho do Dono, Flávio José)
Ah, sim...
Chama-se Kolônia, o vilarejo, de arquitetura gótica, localizado quase no topo da montanha
Kuarup, lugar de interseção (convergência) entre os Três Reinos da Nova Terra: Ashaninka,
Britannia e Baraka. De acordo com a Profecia (que ninguém sabia, ao certo, de onde isso se
originou), para que a Nova Terra chegasse A Verdade das Coisas precisaria passar pelas
Quatro Eras do Conhecimento: Barro, Fogo, Água e, finalmente, Ar.
https://www.youtube.com/watch?v=vyeUhun_WkQ
Os mais antigos habitantes dos Três Reinos conheciam, na medida do possível, a controversa
história de Kolônia. Dizia-se que, ainda, nos tempos primordiais da Era do Barro, quando a Nova
Terra não era dividida entre Três Reinos, peregrinos de toda parte se dirigiam ao citado vilarejo, pois, lá, havia uma espécie de medicamento capaz de curar qualquer enfermidade, seja ela física ou mental. Evidente, que havia riscos na peregrinação. Rumores davam conta que
Kolônia seria, na verdade, obra de outra civilização, que haveria, no local, uma espécie de 'Portão Estelar', que ligaria estes dois mundos, local por onde este medicamento chegaria à Nova Terra
para sorte dos peregrinos enfermos. Todavia…
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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II
Kyrie
“Poder Ilimitado”
(Darth Sidious, Star Wars III)
Justamente no período de transição da Era do Barro para a Era do Fogo, três grupos misteriosos,
detentores de um considerável poder bélico e nova tecnologia, ascenderam ao poder, dividindo a
Nova Terra entre si. Muralhas de mais de cinquenta metros de altura foram erguidas, separando,
assim, os Três Reinos. Para impedir (mais um tipo de reforço) que a população de um Reino
migrasse para outro, criaturas visagentas com asas e língua de cobra, chamadas de morceganjos,
foram acionadas para funcionar com sentinelas das Muralhas (fronteiras), impedindo qualquer
movimento migratório – a morte era a punição para quem tentasse transgredir a regra.
Os três grupos misteriosos foram além. Tomaram o controle de Kolônia, impedindo que o tal
medicamento, que a tudo curava, fosse distribuído aos peregrinos. Estes nem mais podiam se
dirigir livremente até Kolônia. Os Imperadores dos Três Reinos formaram um cartel e passaram a
explorar as propriedades do vilarejo, unicamente, para benefício próprio – perpetuação de poder.
Desde então, só se podia chegar até o vilarejo, no alto de Kuarup, por ferrovias que eram,
igualmente, vigiadas pelos morceganjos. Esta estrutura de negócio durou, com efetividade, por
mais de dois mil anos. Entretanto, depois deste período...
Os Três Reinos, em questão, estavam, justamente, passando por um momento de transição. Da
Era do Fogo para a Era da Água. Não à toa, um momento de muita turbulência. Toda transição é
turbulenta, (a última, inclusive, foi o que havia propiciado a emergência dos Três Reinos) a
estabilidade de outrora se foi. O Fogo desvanecia e as cinzas, oriundas deste processo, cobriam a
atmosfera da Nova Terra. Ao passo (prestem atenção!) que a liquidez da Água permeava não só
as relações dentro como entre cada Reino. Por não entenderem o Sistema Operacional desta
Nova Era, muitos a interpretaram de modo errôneo. Como consequência: a confiança na palavra
de cada homem havia se perdido. Tempos de paranoia e traição.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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III
Sequentia
Olha só, que cara estranho
Que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que deus lhe
Encarnou
(Cara Estranho, Los Hermanos)
Evidente que parte dos habitantes da Nova Terra não aceitou a Nova Ordem imposta a partir da
emergência dos Três Reinos. Uma resistência havia sido formada por insatisfeitos para combater
esta estrutura de poder que havia permeado a Era do Fogo. Estes resistentes foram chamados de
variantes. Para combatê-los, os Imperadores agiram com rapidez e criaram um exército
específico para dar conta desta situação: os lunáticos. Seres agressivos, eles eram responsáveis
por sequestrar os variantes, levando-os aos vagões que os conduziam até Kolônia.
O vilarejo havia se transformado em uma espécie de presídio para os rebeldes. Contudo, sua
função foi mudando ainda mais conforme o passar do tempo. Qualquer pessoa que, por alguma razão, não se enquadrasse ao padrão de vida, imposto pelos Imperadores, também, era levada para Kolônia. E, igualmente, chamada de variante. Tímidos, epiléticos, autistas, invertidos
(homossexuais), prostitutas, adoradores da Era do Barro, adolescentes grávidas, escritores
'subversivos' deficientes físicos, drogados, não eram bem vistos pela sociedade da Era do Fogo.
O que muitos se perguntavam: por que tais características incomodavam os Imperadores? Será
que não podiam admitir que tudo aquilo que consideravam como estranho e abjeto fazia parte,
também, de sua constituição mental?
Esta condução desses deserdados sociais não era função prioritária dos lunáticos (especialistas em rebeldes políticos); geralmente, as próprias famílias destas pessoas eram
responsáveis por conduzi-las até o 'trem de doido'. Esta expressão era típica entre os moradores
de Britannia, local de morada de Sorôco, sua mãe e sua filha.
https://www.youtube.com/watch?v=jcTMe7wrXUE
***
A desolação de Sorôco... Sua mãe, Vilma, havia desenvolvido uma doença mental grave e nada
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podia ser feito por ela em Britannia. Sua filha, a jovem Juliana, era outro motivo de preocupação,
pois descobriu que ela havia se envolvido com a facção rebelde deste Reino e desejava
fortemente a queda do Sistema, criado pelos Imperadores. Sem sombra de dúvida, Juliana
tornara-se uma variante. Antes de tomar sua decisão final, Sorôco consultou familiares e todos
tinham a mesma opinião: se algo não fosse feito, toda a família seria vítima dos lunáticos.
Sem opção, resolveu levar sua filha e mãe até a Estação Lady Inácia, local de partida pra Kolônia.
Era costume da dita população 'normal' se aglomerar nos portões da Estação pra conferir o
embarque dos variantes. Num misto de indiferença e ódio, algumas pessoas levavam placas com
dizeres: 'tchau, queridos!', 'tchau, doidos!', 'tchau, escória!'; outras faziam discursos inflamados de
posse do Livro Sagrado dos Três Reinos, que continha, em suas páginas, o mito de formação
daquela estrutura. Pra Juliana, um show de horrores, mas nada podia fazer diante dos lunáticos.
Qualquer resistência, só iria acelerar seu destino derradeiro, um destino certo, já que sabia que
era muito difícil retornar de Kolônia. E quanto ao 'trem de doido'? Eis a impressão de Sorôco:
“Bem, não era um vagão comum de passageiros (até porque não eram passageiros 'comuns'.
Ora, um variante era um renegado, o que se podia esperar? Gozar de conforto?), A gente,
reparando, notava as diferenças. Assim, repartido em dois, num dos cômodos, as janelas sendo
de grades, feito as de cadeia, para os presos. Ia servir pra levar duas mulheres, minhas mulheres,
para longe, para sempre” (*)
Após o embarque de Vilma e Juliana, os populares consolaram Sorôco. Sua mãe estava alheia a
tudo ao seu redor em função de sua doença mental, Juliana se manifestava, demonstrando sua
revolta por estar presa a esta situação. A viagem era longa e quanto mais próximo de Kolônia,
mais frio fazia. Como curiosidade, os trilhos eram adornados, de cada lado, por rosas. Cada Reino
tinha sua cor específica: Ashaninka, rosas vermelhas; Britannia, rosas pretas e Baraka, rosas
brancas.
O apito do trem era o sinal que, finalmente, estavam chegando ao vilarejo que outrora era o lugar
da cura de todos os males, mas que, durante a Era do Fogo, não passava de um presídio. Os
portões dos vagões se abriram. Juliana e os demais variantes saíram e, para surpresa de todos,
encontraram um local praticamente em ruínas. Havia fogo e pedaços de construções de casas e
Igreja para todo lado. E para complementar o cenário caótico, criaturas disformes vagavam por
entre os escombros, aparentando total falta de controle.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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IV
Offertorium
“Eu sou uma contradição
E foge da minha mão fazer
Com que tudo que eu digo
Faça algum sentido”
(Pitty, Memórias)
Diante do caos, só restava a Juliana e Vilma fugir. Mas, para onde? Na correria, a filha de Sorôco
observou com mais atenção as criaturas misteriosas. Os lunáticos e os morceganjos foram
acionados para evitar a fuga dos variantes (descontrolados) de Kolônia. Na correria, Juliana não
pôde se defender e um dos morceganjos capturou sua avó, levando-a para o alto, para além. Não
havia tempo pra lamento. Ela só podia correr, tentar sobreviver.
Foi aí que encontrou refúgio na impressionante Igreja, de arquitetura gótica, localizada na região
central do vilarejo. Uma edificação nova para ela. Não havia algo assim nos Três Reinos,
evidentemente, já que o mito de Cristo não fazia parte daquele mundo. Havia variantes por toda
instalação. Repousavam seus respectivos joelhos nos genuflexórios, orando pra esta entidade,
desconhecida da moça. Perto da mesa do altar, podia-se ver outro ‘suposto’ variante que vestia
uma roupa gótica e não possuía cabelos, mas, sim, pregos espetados em sua cabeça e face.
Olhando com mais atenção, Juliana percebeu que se tratava de uma indumentária. Ao notar a
presença da moça, este sujeito, que mais parecia o líder de todos, saudou-a:
- Bem vinda! Eu, Pinhead, quero saber de você: quem é o mestre? Quem é o escravo?
Juliana, ansiosa, relatou sobre o que estava acontecendo do lado de fora, queria uma explicação.
Pinhead se aproximou da jovem e lhe entregou um cubo misterioso, denominado ‘cubo das
revelações’, um artefato místico capaz de abrir brechas no tempo-espaço. Ela pegou o objeto e,
instintivamente, moveu seus dedos sobre ele, abrindo-o. Isso permitiu que Pinhead tivesse acesso
aos seus pensamentos e memórias mais profundas.
- Ah, sim, a jovem faz parte da Aliança Rebelde. Luta contra o Sistema imposto pelos
Imperadores. Que bonito! Quanto altruísmo! Pena que só se esquece que também faz parte do
Sistema. Não há nada fora do Sistema. Ele é Um e não há como fugir. Mas há dois avatares
possíveis, duas propostas de vida. Ou se é mestre ou se é escravo do Sistema. Veja:
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Pinhead pegou um dos variantes e o agrediu com chutes, tapas e chicotadas. Vítima de sadismo,
não esboçou reação. Como recompensa por esta ‘obediência’, recebeu de Pinhead, moedas,
simbolizando dinheiro, e retornou ao genuflexório.
- O que as pessoas não fazem por dinheiro, minha jovem? Este variante, que eu chamo de
cenobita, meu cenobita, fez sua opção: escravo do Sistema! Tão mais confortável. O mínimo
esforço é tão sedutor, não concorda? Agora, se quiser se tornar Mestre em alguma coisa é
necessário sustentar a alta tensão em sua mente por maior tempo possível. Compreende? Bem,
este é meu mundo, minha reconstrução, reorganização diante do caos. E você? Conseguirá fazer
o mesmo? – Sem resposta por parte de Juliana, Pinhead prosseguiu:
- Ah, sim, há algo mais em sua mente. Vamos ver o que é. Uma festa? Mulheres seminuas?
Homens, vestidos de mulheres e vice-versa? E que dança é essa? Não reconhece? Claro que
não, afinal isso não existe nos Três Reinos da Nova Terra. Como isso foi parar dentro de sua
cabeça? Só se... Claro, uma falha! Uma falha do Sistema! O Carnaval poderá nascer de você,
menina. Resta saber se terá estrutura para permitir este nascimento.
- Carnaval?
- Não ouve os sinos? Sinalizam a passagem de Eras. Da Era do Fogo para a Era da Água. Pois,
muito bem. Você quer saber o que aconteceu com este vilarejo, não é mesmo? – Pinhead pegou-
a pelo braço e a levou até a mesa de altar que servia de passagem secreta para se chegar a outra
localidade de Kolônia.
V
Sanctus
Que dia solitário!
E é só meu.
É um dia que fico feliz
Por ter sobrevivido.
(Lonely Day, System of a Down)
A quinhentos metros à direita da Igreja de Kolônia, havia um pavilhão destinado aos variantes
mulheres. Quinhentos metros à esquerda, outro pavilhão, destinado aos variantes homens. Após
a triagem, eram separados por sexo, sobretudo para evitar reprodução desnecessária. A
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quinhentos metros da parte traseira da Igreja, havia outro pavilhão, chamado de ‘Teatro da
Readaptação’. Neste lugar, os variantes passavam por uma série de procedimentos físicos e
mentais que visavam readaptá-los ao padrão de comportamento, imposto pelos Imperadores.
Túneis subterrâneos ligavam estas quatro estruturas entre si. Poucos tinham conhecimento e
acesso a eles. Por acaso, Pinhead tinha. E ele fez questão de levar Juliana, por um destes túneis,
até o ‘Teatro de Readaptação’. Segundo ele, ela precisava ser testemunha do que, de fato,
acontecia ali, tudo em prol do despertar... Assim, visitaram as principais salas do lugar e Juliana
não escondia suas emoções, um misto de perplexidade e ódio.
O calabouço: os variantes permaneciam presos, acorrentados, esperando a vez para
participar do ‘tratamento’. Não havia saneamento no local. Os prisioneiros conviviam,
momentaneamente, com esgoto e ratos. Além de enfrentarem, sem proteção, a baixa
temperatura.
Sala do ‘Ponto Elétrico’: a eletroconvulsoterapia, o popular ‘eletrochoque’, era uma forma
de tratamento que visava acalmar os variantes mais rebeldes, deixando-os catatônicos,
sem força suficiente pra se rebelar ou gerar qualquer tipo de manifestação.
Sala do Cérebro reajustado: eis a lobotomia, clássica intervenção cirúrgica no cérebro
que também tinha função de deixá-los catatônicos, inertes. Geralmente, procedimento
mais utilizado caso o método anterior não surtisse efeito.
Sala da Engenharia Social: os variantes eram amarrados e cadeiras e uma ferramenta
impedia que fechassem suas pálpebras. Desse jeito, não tinham como escapar de ver os
vídeos motivacionais, por meio de óculos de realidade virtual, que enalteciam os Três
Reinos e seus Imperadores. Havia vídeos específicos para homens e mulheres. Para
homens: como ser machos provedores. Para mulheres: o que deveriam fazer pra
desempenharem o papel de belas, recatadas e do lar. Geralmente, os variantes menos
rebeldes eram levados pra esta sala. Uma sugestão psíquica era suficiente.
https://www.youtube.com/watch?v=EkyRqgC-9mY
Juliana ficou sabendo que muitos variantes não suportavam passar por estes ‘tratamentos’ e
faleciam. Os administradores dos Pavilhões precisavam fazer alguma coisa com os cadáveres,
então, a saída foi vendê-los para as Faculdades de Medicina dos Três Reinos. Um grande
negócio surgiu a partir desta engrenagem. Inclusive, corpos eram dissolvidos via ácido e seus
ossos, igualmente, eram vendidos, servindo como instrumentos musicais e utensílios para casa
das pessoas ditas ‘normais’. Percebendo que a fúria só aumentava, Pinhead encontrou o
momento ideal pra revelar a Juliana o que havia ocorrido naquela localidade. Assim, levou-a a um
lugar secreto, uma espécie de laboratório, incrustado em algum ponto da montanha Kuarup,
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distante do território habitável do vilarejo.
VI
Benedictus
Os experimentos ainda diminuíram
Consideravelmente o apelo ao culto ao corpo
Como razão única de vida
Ao sugerir que tais invólucros realmente
Não passam de uma artimanha
Dissimulada do mestre de todos
Os arquitetos da realidade:
O cérebro humano
(Miguel Nicolelis, Muito Além do Nosso Eu)
Antes de entrarem no tal laboratório, Pinhead contou a jovem todo o acontecido:
- Traição, minha cara. O Imperador de Britannia, na ânsia por mais poder, resolveu estender seu
território, quebrar o contrato que havia sido firmado com o Início da Era do Fogo e, para isso, era
necessário dominar todos os Reinos: Nova Terra teria assim um único Imperador sob as bênçãos
da Era da Água. Desse modo, desenvolveu um projeto, de nome ‘Projeção Astral’, com uma
tecnologia nova e avançada, chamada ‘Motor Morfogênico’. Essa máquina potencializa a
capacidade da mente humana de tal forma que não há a necessidade do corpo para se
‘materializar’. Compreende? No momento que a pessoa entra na máquina, esta separa a mente
de seu corpo, uma espécie de ‘projeção da consciência’. Já imaginou uma tecnologia dessas num
campo de batalha? Os corpos dos ‘soldados’ de Britannia estariam protegidos em um local
seguro, enquanto seus ‘espíritos’, digamos assim, iriam dilacerar o exército adversário e este nada
poderia fazer.
- Os cientistas tiveram muita dificuldade para obter, digamos, êxito com esta experiência. Eles
extraviavam os variantes recém chegados dos Três Reinos, levando-os direto para este
laboratório. Mas, num primeiro momento, os resultados não foram promissores, não conseguiam
libertar suas mentes. Logo perceberam que o desejo era uma parte muito importante no
processo, era ele que acionava o algoritmo computacional do ‘Motor’.
- Como assim?
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- Escuta! Nós, ops, os cientistas de Britannia, observando os variantes que passavam pelo ‘Teatro
da Readaptação’, viam que eles, não suportando o tratamento pelo qual eram submetidos,
frequentemente, diziam que, se pudessem, abdicavam do próprio corpo, pois não aguentavam
mais sentir dor. O desejo não surge do nada, muitas vezes, surge de uma experiência traumática.
Os cientistas, então, passaram a usar este tipo de variante nos experimentos.
- E?
- Deu certo!
- Nem tanto. Está um caos lá fora.
- É verdade. O que ocorre é que a gente sempre acha que tem o controle sobre as coisas, mas
isso é uma falácia. Posso confiar nas minhas habilidades, nas dos meus companheiros, mas nunca sei o resultado desta confiança.
- Então, o que houve?
- Ciata! A primeira variante, a passar pelo Motor após passagem pelo ‘Teatro da Readaptação’,
rebelou-se. Engraçado esta história, não, Juliana? Uma Rebelião (Ciata) dentro de uma Rebelião
(Imperador Britannia) dentro de outra Rebelião (Três Imperadores). Mas quem sabe você não
possa fazer a sua Rebelião, evitando, assim, que o Sistema seja reiniciado mais uma vez?
- Do que você está falando?
- Vamos até o Motor!
***
E, assim, após toda esta contextualização, Pinhead e Juliana, finalmente, entraram no laboratório.
Era extenso. Havia motores morfogênicos tanto do lado direito, quanto esquerdo e, ainda, era
possível ver alguns variantes dentro deles. Encontravam-se inativos, todavia. O cenário era de
parcial destruição em função da rebelião da variante ‘Ciata’. Seu motor estava localizado no fundo
do laboratório numa espécie de altar. Ao lado, havia outro, vazio e de bom estado: a máquina
ideal para Juliana. O primeiro passo era desligar o motor de ‘Ciata’, evitando mais caos em
Kolônia. Foi feito. Em seguida, Pinhead convenceu-a a entrar no motor, acreditava que esta
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tecnologia pudesse ajudá-la a despertar o Carnaval, desconhecido por ela e adormecido em sua
mente. A moça topou passar pela experiência. Entrou na máquina, os controles foram acionados,
porém nada acontecia. Uma situação inesperada por parte de Pinhead que imaginava que o
‘Teatro da Readaptação’ fosse o suficiente para despertar nela o ódio e a indignação, elementos
fundamentais para que fosse possível a separação mente-corpo por intermédio do Motor. Pinhead
percebeu logo o óbvio. Juliana soubera dos horrores, cometidos no ‘Teatro’, não os experimentara
e a experiência sempre é algo mais importante do que lampejos teóricos ou imaginativos. Por
mais indignada que estivesse, ela não havia sentido nada daquilo a vera, ‘na carne’.
Para azar ou sorte dos dois, neste momento de confabulação, os Três Imperadores apareceram
no laboratório, deixando Pinhead incrédulo. Ora, uniram-se novamente? Formaram um novo
pacto? O Imperador de Britannia desistiu de tomar a Nova Terra pra si? Será que esta nova
configuração é porque, no fundo, temem o Carnaval? Não querem que a ‘Festa da Transgressão
e Inversão’ desperte naquela localidade?
O Imperador de Britannia retirou sua espada da bainha e apontou para Pinhead. Sem saída, teve
que aceitar o desafio e, assim, retirou uma espada do ‘Cubo das Revelações’. Precisava ganhar
tempo para que a filha de Sorôco conseguisse separar sua mente do corpo. Uma luta desigual, já
que o Imperador era bem mais forte e, com o avançar do combate, Pinhead foi perdendo suas
forças até que, não resistindo mais, ofereceu uma brecha em sua defesa e foi morto pelo
Imperador. Esta morte não foi em vão, pois aumentou, em um grau máximo, a indignação de
Juliana, permitindo-a liberar sua mente. Um ‘espírito’, ligado ao Carnaval adormecido na moça, a
tal ‘falha’, mencionada por Pinhead. Nascia, então, Arlequina.
Os poucos ‘motores’, que ainda estavam em bom estado, passaram a funcionar e respectivos
variantes também liberaram sua mente, só que seus ‘espíritos’ fundiram-se com o de Arlequina.
Esta passou a funcionar com uma força atratora. Tal fenômeno permitiu que ela não dependesse
mais do ‘motor’ para existir. Separação definitiva de software e hardware. Que tipo de existência
seria essa? Sem perder tempo, espantou os Imperadores do laboratório, pegou o corpo de
Pinhead e partiu em direção ao...
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VII
Agnus Dei
É Carnaval
O Rio abre as portas pra Folia
É tempo de sambar
Mostrar ao mundo nossa alegria
(Portela, 1995)
E partiu em direção ao centro do vilarejo, poucos metros a frente da Igreja. Ela deixou o corpo de
Pinhead no chão e o absorveu, espécie de fusão. Tal como o que havia acontecido no laboratório,
Arlequina continuava a funcionar como força atratora. As almas dos variantes, mortos com os
procedimentos, adotados no ‘Teatro da Readaptação’; apareceram do nada, quebra de
dimensões, e se fundiram ao corpo de Arlequina. Isto lhe conferiu uma energia extraordinária,
potencialidade criadora e, sem perder tempo, ela mudou a configuração comportamental e
estética de Kolônia. Tempo de criação!
Raios de luz saíram de seu corpo, atingindo pessoas e objetos, modificando-os, carnavalizando-
os. A arquitetura gótica deu espaço a uma arquitetura boêmia, típica do bairro da Lapa (Rio de
Janeiro). O ‘Teatro da Readaptação’ tornou-se uma quadra de Escola de Samba, bares do tipo
‘pés sujos’ surgiram por toda parte. As cores soturnas deram lugar a cores fortes e vibrantes. O
réquiem saiu de cena; eis a vez do samba! Variantes, lunáticos e morceganjos transformaram-se
em Zé Pilintras, pombas giras, drag queens, arlequins, colombinas, pierrots, passistas, baianas.
Incorporação e euforia radicais tomaram conta de Kolônia, todos ligados ‘em rede’, um contágio
que ultrapassava os limites do vilarejo e ‘descia’ montanha abaixo.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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VIII
Communio
Acorde pra ver...
Sua verdadeira emancipação
É uma fantasia
Políticas se levantaram e superaram
O corajoso
(Supremacy, Muse)
A Festa parecia não ter fim. Arlequina continuava carnavalizando os elementos de Kolônia, até
que todos avistaram uma forte luz no Céu. Com mais acuidade, perceberam que se tratava de
uma espécie de portal que estava, pouco a pouco, se abrindo. E, de lá, duas gigantes mãos
robóticas traziam uma criatura com asas, imponente, uma espécie de Anjo Metalizado. Todos que
avistaram tal cena tornaram-se pedras, com exceção de Arlequina. A figura se apresentou e foi
direto ao ponto:
https://www.youtube.com/watch?v=aXJ_Ub1xbhw
- Sou o ‘Anjo da Reinstalação’. Assim é, Arlequina. Toda vez que o Sistema é fortemente
ameaçado como agora, sou convocado para reiniciá-lo. Como pode ver, o ‘Portão Estelar’ é uma
realidade e seu mundo só existe, porque meu mundo permite. Não é de bom tom você continuar
carnavalizando tudo por aí. A Nova Terra não foi feita para isso. É claro que se você continuar com este, digamos, processo, teremos que reagir e uma guerra sem precedentes terá início. Repito: uma guerra sem precedentes. Mas, no fundo, ninguém quer isso, por isso tenho
uma proposta ideal para você. Na verdade, ideal para todos.
- É mesmo?
- O Sistema é reiniciado mais uma vez, corrigimos os bugs, e você, Arlequina, ganha o direito de
formar um Reino todo seu. Será a primeira Imperatriz da Nova Terra. Já imaginou? Claro que,
assim como os outros Imperadores, você usará uma máscara para resguardar sua identidade. E se quiser, inserimos no programa esta Festa, chamada Carnaval. Estipulamos um período para a celebração. Quatro dias, que tal? No meu mundo, é assim que funciona. Estendemos
esta ideia para todos os Reinos, isso não é problema, creio que os antigos Imperadores não irão
se importar. A escolha é sua, caríssima!
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Arlequina esboçou um leve sorriso, pegou um charuto para ‘fumar a proposta’ do ‘Anjo da
Reinstalação’ para, em seguida, pronunciar:
- Brasil, Brasil, Brasil!
https://www.youtube.com/watch?v=yVDOrlugfBI
Observações:
1 – (*) Trecho adaptado do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de Guimarães Rosa.
2 – Atenção: Este ‘Argumento’ é elaborado de acordo com as características de um Concurso
deste tipo, ele é avaliado e, por isso, precisa conter todas as informações necessárias para que
jurados entendam completamente a proposta. Não confundir com as sinopses entregues pelas
escolas para os compositores criarem um samba. Muitas vezes, os carnavalescos escondem
informações, o que é compreensível, já que surpresas são ‘guardadas’ para o desfile a vera.
3 – Réquiem é a Missa Fúnebre, típica da liturgia Católica. Do latim, requies, significa repouso ou
descanso. Seria, então, um repouso aos mortos. Mas o termo também é utilizado pela Cultura, em
geral, para designar a queda de alguma ideia, ideologia ou qualquer outro elemento similar.
Exemplos: o filme ‘Réquiem para um Sonho’ (2000), de Darren Aronofsky e a animação japonesa
‘Requiem for the Phantom’ (2009), de Koichi Mashimo. No caso do título deste enredo, serve para
anunciar a queda de Kolônia. Há vários compositores brilhantes da ‘Missa de Réquiem’ como
Verdi, Salieri, Brahms, Dvorak, porém, no caso aqui, o Argumento é estruturado de acordo com o
‘réquiem em ré menor’, de Wolfgang Amadeus Mozart.
https://www.youtube.com/watch?v=neDnpgZPPvY
4 – ‘Easter eggs’: tradução literal: ovos de Páscoa. No mundo dos games, por exemplo, é quando
um jogo faz referências a outros jogos, séries, filmes em seu roteiro. Uma espécie de transa entre
produções. Neste enredo, quando houver ‘easter eggs’, eles serão sinalizados.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Justificativa
Como foi dito na ‘Apresentação’, este enredo é uma ‘alegoria’ e é baseada nos fatos ocorridos no
Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais – o maior hospício do Brasil –, durante o século
passado. Tem como base principal de consulta o livro ‘Holocausto Brasileiro’ (2013) da jornalista
Daniela Arbex que denuncia, por meio de 255 páginas, os horrores cometidos em suas
dependências e resgata histórias de sobreviventes desta, digamos, sucursal da intolerância e falta
de respeito para com o ser humano em grau máximo. Segundo Arbex, mais de 60 mil pessoas
morreram no Colônia entre 1930 e 1980 e um detalhe importante: 70% das pessoas que foram
internadas não sofriam de qualquer doença mental, provavelmente, eram pessoas que, apenas,
não se enquadravam ao padrão comportamental da sociedade da época, os chamados
‘deserdados sociais’, nomeados, por mim, para este enredo, de variantes.
Então, como este enredo foi pensado?
Após jogar o game de terror ‘Outlast’ (2013), desenvolvido pela Red Barrels, que se passa em um
manicômio (Mont Massive Asylum), controlado por uma grande multinacional, Corporação
Murkoff, fiquei com vontade de trazer algo deste universo, porém, por se tratar de um jogo bem
violento, tive que esperar a emergência de outras conexões para que a ideia pudesse, enfim,
ganhar vida.
https://www.youtube.com/watch?v=F80Wv66GYSs
Nas minhas pesquisas, descobri os fatos, ocorridos no Colônia de Barbacena, por intermédio do
livro da Daniela, trazendo rememorações de minha infância e adolescência. Explico. Meus
parentes são mineiros, de São João Del Rei e, durantes as férias, íamos para lá. Para se chegar
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
19
em São João (pra quem vem do Rio), é necessário passar por Barbacena. Em certo ponto, na
estrada, era possível ver algumas edificações do Colônia e sempre escutei a história de que uma
tia da minha mãe, a Tia Inácia (por isso, o nome da Estação de Britannia – Lady Inácia), havia
sido internada algumas vezes lá, entretanto não tinha ainda noção do que, de fato, havia
acontecido em suas instalações. Após saber, há três anos, que 70% dos internos não sofriam de
esquizofrenia ou qualquer outra doença mental, questionei se a tal Tia Inácia era, como se diz no
jargão, ‘louca’ ou, nas palavras do enredo, tratava-se, na verdade, de uma ‘variante’.
Mais sobre o Colônia: os ‘ignorados’ sociais (epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas,
tímidos, surdos-mudos, jovens grávidas) chegavam, geralmente, de trem até as instalações do
hospício, não à toa, o escritor Guimarães Rosa, em algumas de suas obras, chamava-o de ‘trem
de doido’. O conto ‘Sorôco, sua mãe e sua filha’ retrata, justamente, este universo. Os ‘ignorados’,
então, passavam por uma triagem, pelo conhecido processo de higienização (banho coletivo) e
eram separados por sexo. Uma separação não muito eficiente, porque, vez ou outra, mulheres
apareciam grávidas e seus filhos eram levados para adoção. Muitas se utilizavam de uma
estratégia escatológica: passavam fezes em seu ventre na tentativa de impedir o rapto de seus
bebês. O nível de escatologia atingia outros níveis: não havia saneamento básico eficiente e os
internos, muitas vezes, chegavam a beber água de esgoto, convivendo com ratos, insetos e, claro,
com o frio, típico da Serra da Mantiqueira. A morte era uma questão de tempo. E o que faziam
com os cadáveres? Arbex explica:
“Entre 1969 e 1980, 1853 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para dezessete
faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de
cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio do Colônia,
na frente dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Nada se perdia”. A
loucura como negócio...
Jornalistas do século XX não ficaram alheios aos acontecimentos do Colônia. Em 1961, a revista
‘O Cruzeiro’ enviou dois profissionais para lá (repórter José Franco e fotógrafo Luiz Alfredo), que
retrataram os horrores, cometidos naquelas instalações. O título da matéria não podia ser mais
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
20
emblemático: ‘Sucursal do Inferno’. Em 1979, ‘O Estado de Minas’, também, enviou os
profissionais Hiram Firmino (repórter) e Jane Faria (repórter) para o Colônia, sobretudo, porque,
nesta época, nascia um movimento no mundo contra este modelo antimanicomial; o psiquiatra
italiano, no mesmo ano, de nome Franco Basaglia, visitou o lugar e também fez uma denúncia. O
documentário de Helvécio Ratton, ‘Em Nome da Razão’, foi mais um instrumento contra as
práticas, adotadas no manicômio.
https://www.youtube.com/watch?v=1xBQr5zFAHs
https://www.youtube.com/watch?v=t8Hn-jWbAao
Aqui vale uma observação. Uma das razões de utilizar elementos do game ‘Outlast’ para
composição deste enredo tem a ver com o protagonista (o personagem que a gente controla), um
jornalista, que recebeu e-mail de um funcionário (engenheiro de software) da Corporação Murkoff
que havia se rebelado contra seus superiores após perceber que os experimentos, que a empresa
conduzia com os internos, desrespeitavam os direitos humanos; e, então, este jornalista resolveu
investigar o Mont Massive Asylum e encontrou um cenário muito pior do que o de Colônia. Claro,
trata-se, afinal, de um jogo de terror, mas o que importa é que há um caráter de denúncia aí. Aliás,
o próximo jogo da Red Barrels, ‘Outlast 2’, que será lançado no fim de 2016, também, tem um
jornalista como protagonista só que, desta vez, a denúncia será contra o fanatismo religioso em
um Estado pobre americano. Outro jogo que serviu como inspiração foi o ‘Town of Light’ (2016)
que se passa em um manicômio, história baseada em fatos reais e também funciona como
denúncia do sistema psiquiátrico, só que, desta vez, o italiano. Como pode ver, Colônia tinha
‘irmãos’, espalhados pelo mundo.
https://www.youtube.com/watch?v=fRXrndVSLxE
Com todas estas informações, a forma como eu ia tratar o enredo estava ficando mais clara em
minha cabeça, mas ainda não era o suficiente. De certo, sabia que não ia optar por contar a
história do Colônia de forma literal, afinal estamos numa festa, chamada ‘Carnaval’, o delírio e a
metáfora são muito bem vindos, não é mesmo? Pensei, inicialmente, utilizar lendas gregas, algo
envolvendo o mundo de Hades e Perséfone, sobretudo após conhecer esta música do grupo de
metal sinfônico sueco Therion. Confiram:
https://www.youtube.com/watch?v=u8DgBhBkEyg
Mas logo desisti, pois, vira e mexe, a cultura grega é retratada na Avenida. Assim, procurei outros
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
21
mundos e tive conhecimento de outros dois jogos, desenvolvidos pela mesma empresa, a
FromSoftware, do diretor artístico Hidetaka Myazaki, que me chamaram atenção São eles:
“Bloodborne” (2015) e “Dark Souls 3 (2016). Do primeiro, retirei a ideia de um vilarejo, de
arquitetura gótica, que possui um medicamento capaz de curar todas as enfermidades. E do
segundo, retirei a ideia de Eras (no caso do game, Era dos Antigos, Era do Fogo), sem contar que
o protagonista do jogo (um morto-vivo, amaldiçoado) pode ser considerado um ‘variante’. Assim,
diante destas macro-referências, me dei por satisfeito e o enredo, finalmente, ‘saiu do papel’.
https://www.youtube.com/watch?v=2Crk_GpxGQE
https://www.youtube.com/watch?v=6KdkhkKm7xU
Alguém poderia perguntar: mas, Akagi, por que você se inspira em ‘games’ da atualidade para
compor seus enredos? A resposta é simples: porque tenho tesão em fazer isso, é uma
característica minha, talvez herança por ter sido torcedor da Mocidade, década de 90. Por outro
lado, temos que pensar que o Carnaval Carioca deve transar com diferentes indústrias, não pode
ficar preso num gueto como se fosse auto-sustentável. As coisas não são assim, fora que as
agremiações precisam formar mercado consumidor e, para isso, o diálogo com outras tribos é
necessário. Trago questões do Brasil, cito escritores de nossa literatura, mas também permito que
haja uma conversa com manifestações de outras partes do mundo até porque o Brasil, fato óbvio,
é um grande caldeirão cultural, miscigenação total.
Mais detalhes: Pinhead é um personagem, criado pelo escritor britânico Clive Barker, e que
apareceu, pela primeira vez, em sua obra “The Hellbound Heart”, que depois foi adaptada para o
cinema, originando uma sequencia de filmes, de nome ‘Hellraiser’. Trata-se de uma figura que se
situa entre a loucura e a sanidade, tudo depende do ponto de vista do espectador. Não á toa,
serviu como inspiração para este enredo já que um dos temas abordados é justamente a linha
tênue entre uma coisa e outra: os loucos são aqueles que foram internados ou as ‘forças’ que têm
a prerrogativa de internar as pessoas num esquema como o do hospício Colônia?
Rosas: o motivo de haver rosas, adornando as ferrovias que ligavam a planície da Nova Terra até
Kolônia, é porque o município de Barbacena é conhecido como ‘cidade das rosas’.
Kolônia com k: a primeira razão desta mudança (C > K) foi para despistar, já que gosto que as
pessoas saibam do que se trata realmente o enredo no momento em que é apresentado. A
segunda razão é uma homenagem ao compositor Mozart. Todas suas obras foram catalogadas
pelo musicólogo austríaco Ludwig Von Köchel, o chamado Catálogo Köchel. Assim, o réquiem,
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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que estrutura o Argumento, é identificado pelo índice K 626.
O Final: a última palavra de Arlequina – a repetição da palavra Brasil –, é interpretativa e o motivo
desta repetição é porque foi inspirada na repetição da palavra ‘horror’, proferida pelo personagem
de Marlon Brando no filme “Apocalypse Now” (1979), de Francis Ford Copolla. Filme este,
inspirado na obra ‘Coração das Trevas’ (1902), de Joseph Conrad.
Vilma e Juliana: Por que estas protagonistas foram nomeadas com estes nomes? Simples: são
nomes de familiares do escritor Guimarães Rosa. Vilma é sua filha e Juliana, sua sobrinha.
Atenção (2): Não sou artista plástico, logo as descrições dos elementos cenográficos servem,
apenas, para se ter uma ideia do que pode ser trabalhado nas Alas e Carros. Pelo Regulamento,
o Concurso não pede detalhamento do uso de materiais, tipos, tamanhos, entre outras coisas.
Embarquem na história e, mais uma vez, divirtam-se!
Desenvolvimento (setores, alas, alegorias)
Abertura (Setor 0)
Comissão de Frente“Segura a marimba, porque o ‘circo’ vai recomeçar”
Significado: Circo ou Teatro das Marionetes? Tanto faz. Fato é que todo começo é um recomeço.
Esta Comissão se refere a seguinte informação, contida no ‘Argumento’: “Recarregando… Versão
do novo Sistema Operacional: 6.0. Percentual de bugs da versão anterior: 3,99%”. Como podem
ver, meu caros, esta história, que terá início a partir deste momento, será narrada pela sexta vez.
Um novo Sistema Operacional foi programado, uma Nova Terra, criada e os ‘programadores’
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
23
tinham fé que desta vez o ciclo das Eras seria cumprido. Inocentes, não?
Descrição: A Comissão de Frente se desenvolverá a partir do Tripé ‘O despertar das Marionetes’, que será composto da seguinte forma: há um monolito retangular*, todo constituído
por telões de ‘led’ por onde se passarão imagens do Universo de forma geral (planetas, estrelas,
galáxias, supernovas, buracos negros) e dos quatros elementos que simbolizam as Eras. O
monolito estará incrustado em uma semi-esfera, representando um cérebro eletrônico. Das bordas
desta semi-esfera, partirão dez cápsulas e, dentro delas, dez componentes, representando as
‘marionetes’ que irão despertar. Do lado de fora, haverá outros cinco componentes: três,
representando os ‘programadores’, um, representando o ‘arquiteto’ (seria uma espécie de
‘programador-chefe) e um, representando os ‘bugs’ (erros) que sempre estão presentes em
qualquer Sistema a começar pelo cérebro humano. Como a tradução literal de ‘bug’ é inseto, este
componente, em questão, estará vestido de inseto, no caso, mosca.
Ao comando do ‘arquiteto’, os dez componentes (quase pelados e usando um nariz de palhaço)
sairão de suas cápsulas, o momento do despertar, e se posicionarão, um do lado do outro, à
frente do tripé. Neste instante, serão examinados pelos programadores (que estarão vestidos com
uma roupa semelhante a de Neo e Trinity, quando estavam dentro da Matrix, com um acréscimo:
usarão uma espécie de capacete, repleto de ferramentas do tipo cirúrgicas). Será que estas
‘novas’ criações estão ‘nos conformes’? Tudo certo? Um outro comando fará com que as
marionetes vistam diferentes tipos de roupa, enquanto, os ‘programadores’ montam uma estrutura
(3 metros de altura, 2 metros de largura) que de um lado tem um espelho e do outro o símbolo da
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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agremiação. Após, a montagem, as marionetes irão se posicionar de acordo com a figura abaixo e
irão repetir todos os movimentos, gerados pelo arquiteto que, obviamente estará à frente de todos
eles.
O público terá impressão que eles estão em uma aula de dança de uma academia qualquer. Não
é isso o que acontece? Os alunos, de frente para um imenso espelho, tentam repetir os passos do
professor? Pois bem, os programadores continuarão examinando as marionetes, porém, teremos,
também, a presença do componente, vestido de mosca e bebendo cachaça (elemento
cenográfico, claro), que irá passar por entre elas e, por esta razão, algumas não conseguirão mais
seguir exatamente os movimentos do arquiteto: a simbologia do ‘erro’, da falha do Sistema. É
evidente que este ponto da encenação (o cenário da academia) é uma grande metáfora. Após
esta performance, retornarão às cápsulas em função do preparo para a próxima cabine de
julgamento.
Setor Um: Era do Barro – peregrinação
Este Setor corresponde ao Introitus do Argumento. Tem como finalidade apresentar as
características da Nova Terra (contextualização), seus mitos e rumores e os acontecimentos mais
importantes da chamada Era do Barro: a peregrinação de pessoas enfermas até o misterioso
vilarejo de Kolônia, localizado quase no topo da montanha Kuarup.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Grupo Performático (1):“Primeira Anunciação”
Oito componentes, travestidos de totens, que alcançam quase três metros de altura, simbolizando
típicas estruturas de Kolônia; anunciam a Era do Barro. O adereço de cabeça destes totens serão
réplicas de gárgulas.
Primeiro Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira“Minha ‘Dama’, por que não o Nirvana?”
Significado: Durante a Era do Barro, os habitantes da Nova Terra se dirigiam até Kolônia em
busca de um medicamento capaz de curar qualquer doença, seja ela física ou mental. O mestre-
sala representa os peregrinos e a porta-bandeira, Kolônia. Serve como metáfora da relação
entre estes dois personagens tão importantes no universo das Escolas de Samba. No instante em
que o mestre-sala corteja sua dama, o que mais ele pode querer? No rodopio da porta-bandeira,
um instante de Nirvana para o mestre-sala.
Descrição: A fantasia do mestre-sala é inspirada nos peregrinos do jogo ‘Dark Souls 3’ e, por
isso, tem um aspecto de maltrapilho e é tingida, majoritariamente, com as cores ocre, vermelho
indiano e detalhes de marrom rosado. Penas de faisão, na cor verde, no costeiro, completam a
indumentária. Já a fantasia da porta-bandeira é trabalhada na estética gótica, logo sua saia tem
inspiração em elementos de Catedrais deste estilo. Na ‘cabeça’, pílulas e plumas com a
tonalidade verde-escuro (como se fossem ervas medicinais) representam o ‘misterioso
medicamento’, oferecido em Kolônia.
Ala 1:“A jornada dos Peregrinos”
Significado: A primeira ala da agremiação representa a jornada dos peregrinos até Kolônia, em
busca do famoso medicamento que a tudo cura. Um percurso difícil, que leva dias em função da
localização do vilarejo. Muitos não chegam, com vida, ao destino.
Descrição: Esta ala é composta por 80 componentes e sua fantasia também é inspirada nos
peregrinos do jogo ‘Dark Souls 3’. Todos carregam uma vela (feita com sebo de animais) na mão,
já que não havia eletricidade durante a Era do Barro. O espectador, também, poderá observar
‘flocos de neve’ por toda indumentária, representando o clima frio do vilarejo. A frente de todos,
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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há um componente em perna de pau, com uma indumentária gótica, representando Kolônia.
Ala 2:“No meio do caminho, havia pedras” (easter egg)
Significado: Como foi dito anteriormente, a caminhada até Kolônia não era fácil. Além do clima e
algumas espécies de animais, que traziam dificuldades para a conclusão da jornada dos
peregrinos, havia saqueadores, (pertencentes a diversas milícias) que estavam prontos a roubar
seus mantimentos (água e comida). É importante salientar que não se pode considerar a Era do
Barro como a Era da Paz, sucursal do paraíso, isenta de violência e conflitos. É bem verdade que,
apesar destes contratempos, não havia padrão de comportamento.
Descrição: Os componentes desta ala estarão vestidos de saqueadores e animais. Para aqueles
que vão representar os saqueadores, a indumentária será composta por um chapéu do tipo
mariachi, um pano vermelho (pra cobrir parte da face, deixando, apenas, os olhos a mostra) e
uma túnica com um tipo de material que lembra lã de ovelha. Já para os que vão representar os
animais perigosos, adereços que lembram características físicas de ‘feras’ como tigre-dente-de-
sabre.
Ala 3:“Portão Estelar – conexão entre mundos”
Significado: Por ter uma arquitetura inusitada, complexa e tecnologia avançada, sobretudo em
função da existência do medicamento milagroso; os habitantes da Nova Terra achavam que
Kolônia era obra de outra civilização e que haveria uma espécie de ‘portão estelar’, no local, que
serviria como elo entre mundos. Logo, a fantasia representa como os peregrinos, em sua maioria,
imaginavam a constituição física dos supostos criadores do vilarejo.
Descrição: A indumentária é inspirada na vestimenta e elementos de adorno dos guerreiros de
Amon-Ra do filme “StarGate’ (1994), de Roland Emmerich.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Abre-Alas“O que é que Kolônia tem?” (easter egg)
Significado: O Abre-Alas do ‘Império do Espírito’ apresentará a interação entre os peregrinos e o
vilarejo de Kolônia. Um lugar misterioso para os habitantes da Era do Barro; tempo de superstição
e, por isso, acreditavam que tais edificações góticas eram uma criação de deuses. Não à toa, as
gárgulas eram tidas como materialização destes deuses e, por tal motivo, não era incomum ver
peregrinos louvando-as, espécie de agradecimento pela existência do medicamento miraculoso.
Para outros, de posse de mais sapiência, o vilarejo só podia ser obra de outra civilização.
Descrição: Alegoria vazada. O espectador poderá observar uma procissão de peregrinos que
caminharão até a parte final da alegoria, onde haverá um telão de led, formato oval, representado
o ‘Portão Estelar’. Logo a frente deste ‘Portão’, haverá duas mãos estendidas que serão
‘complementadas’ a partir de imagens do telão. Por meio destas mãos, os componentes pegarão
seus medicamentos. Tanto do lado direito, quanto esquerdo do Abre-Alas; há grandes esculturas
(quatro de cada lado), representando gárgulas, estruturas típicas da arquitetura gótica.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Devido à superstição, já mencionada, alguns peregrinos acreditavam que as gárgulas eram a
representação de deuses e, por isso, espectadores poderão ver alguns peregrinos louvando-as.
Entre estas esculturas, componentes, com a indumentária dos ‘saqueadores’, estarão em cima de
gigantes hastes-curvas, utilizadas, por exemplo, na Comissão de Frente da Ilha (2014), no filme
MadMax – Fury Road (2015) e na performance da música ‘Illuminati’ para o show da ‘Rebel Heart
Tour’ (2015), de Madonna; e roubarão os mantimentos dos peregrinos, lançando-os para o
público. Para o enredo, simboliza mantimento, mas, na real, são pacotes que contém souvenirs da
agremiação: uma forma de interatividade para com os espectadores.
Setor Dois:“Vira virou, a Era do Fogo chegou, mas...” (easter egg)
Kyrie, ode ao Senhor! O segundo setor apresenta o início da chamada ‘Era do Fogo’ e a,
subsequente, ascensão dos Três Imperadores que dividiram o território da Nova Terra entre si,
dando origem a Três Reinos: Ashaninka, Britannia e Baraka. Apresenta as principais
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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características desta Era – controle, disparidade, padrão de comportamento –, mas, também,
mostra que uma nova transição está a caminho, perturbando a estabilidade do ‘Fogo’. As águas vão rolar?
Grupo Performático (2):“As labaredas”
Artistas circenses, equilibrando-se em pernas de pau, com uma vestimenta vermelho-escarlate,
‘cospem fogo’, anunciando a chegada da referida Era.
Ala 4 (BAIANAS):A divisão da Nova Terra entre Três Reinos
Significado: Com a emergência da Era do Fogo, três grupos misteriosos, dotados de tecnologia
avançada, dividiram o território da Nova Terra entre si, dando origem a Três Reinos: Ashaninka,
Britannia e Baraka. Os habitantes, herdeiros do ‘Barro’, nada podiam fazer, já que não tinham
armamentos para enfrentá-los e, assim, submeteram-se, a princípio, a esta nova estrutura de
poder.
Descrição: A maior superfície de decoração da fantasia das gloriosas baianas, a ‘saia’, será
dividida em três partes, representando, obviamente, os Três Reinos. Cada Reino tem um símbolo
e características próprias (ver abaixo). No adereço de cabeça, será possível ver um material (com
luz de led no seu interior), imitando a pedra preciosa ‘Rubi’ e, logo acima, plumas vermelhas e
amarelas, em formato de chamas, completam o adorno, simbolizando, assim, a Era em questão.
Ashaninka: Ode à Natureza! Cor: verde
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Britannia: Ode à Indústria! Cor: vermelho
Baraka: Ode ao Comércio! Cor: azul
Ala 5:“Tudo escuro, tudo em volta é Muro” (easter egg)
Significado: A cultura nômade, típica da Era do Barro, perdeu espaço com a Era do Fogo, já que
os Imperadores ergueram muralhas gigantes, separando os Três Reinos, impedindo, assim, a livre
circulação entre os habitantes da Nova Terra.
Descrição: Os componentes vestirão um tipo de malha e, nela, haverá desenhos em 3D, feitos à
mão, representando uma sequência de tijolos que culmina na formação de uma muralha. A
inspiração para estes desenhos vem do jogo Minecraft (que faz bastante sucesso em vários
canais no YouTube), pois este permite a construção de qualquer coisa, utilizando blocos (cubos).
Ainda nesta malha, será possível ver rostos, com uma expressão agoniada, ‘saindo’ dos tijolos,
representando a insatisfação dos habitantes da Nova Terra com o cerceamento do seu direito de
‘ir e vir’. No adereço de cabeça, dois martelos (easter egg), cruzados, formando um ‘X’
representam o desejo mais do que consciente de destruição das muralhas. Plumas verdes,
vermelhas e azuis (as cores dos Três Reinos) completam o adorno.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Ala 6:“Morceganjos”
Significado: Criaturas aladas, com rosto de cobra, responsáveis pela segurança das muralhas,
erguidas com a emergência dos Três Reinos. Sua principal finalidade é impedir o fluxo migratório
populacional entre um Reino e outro caso as muralhas sejam insuficientes.
Descrição: A fantasia é inspirada na lenda ‘Morceganjo’ da tribo indígena ‘Maraguá’ e que foi
apresentada pelo boi Caprichoso no Festival de Parintins, em 2012. Logo, a indumentária será
multi-colorida, com asas (um tipo de corda permitirá que os componentes possam movimentá-las)
e, por fim, o adereço de cabeça terá um formato de cobra com plumas, igualmente, coloridas.
Ala 7:“O Fogo desvanece”
Significado: A estrutura de poder, criada pelos Imperadores, havia se mantido firme durante, pelo
menos, dois mil anos. Porém, Nova Terra passava por mais uma transição de Eras, desta vez, do
‘Fogo’ para ‘Água’. As ‘cinzas’, que indicavam o fim de um período, traziam novas características
dos Três Reinos: instabilidade, incerteza, ‘falta de chão’ e traição.
Descrição: Ala coreografada. O adereço de cabeça é composto por plumas acinzentadas, com
detalhes em laranja, vermelho, em combinação com outros materiais, simbolizando, obviamente
as ‘cinzas’, indicando o fim da Era do Fogo. O resto da fantasia segue esta concepção: panos
retalhados que mesclam as cores cinza, vermelho e laranja com o acréscimo da luz de led (cor
azul), simbolizando a emergência da ‘Era da Água’. Os componentes desfilarão como se
estivessem bêbados, de lá pra cá, representando a instabilidade da referida Era.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Alegoria 2:“Bamboleo, bambolea”
Significado: A segunda alegoria da agremiação traz os significantes da Era do Fogo
(Imperadores, muralhas, morceganjos), mas, também, mostra que uma nova transição de Eras
está em curso.
Descrição: A figura acima, que retrata a divisão da Nova Terra (o ponto vermelho é Kolônia) terá
uma representação em 3D e, no lugar dos trigramas, símbolos dos Três Reinos, haverá grandes
bonecos articulados, representando os Imperadores. A indumentária destes bonecos será
composta por túnicas (cada uma com a cor específica de seu Reino) e máscaras (identidade não
revelada), inspiradas na do personagem Kyle Ren de ‘Star Wars VII – o despertar da Força
(2015). As muralhas, também, serão representadas via estética do jogo Minecraft. A base da
alegoria será formada por um emaranhado de aquedutos tubulares transparentes e, alguns deles,
sofrerão uma torção vertical de 90º, atingindo de sete a oito metros de altura. A ideia original é
que haja água, de fato, nestes aquedutos; caso não seja possível, será substituída por outras
soluções, materiais, que simulem o mesmo efeito. Como podem ver, trata-se de uma metáfora do
período de transição entre Eras, prenúncio de que ‘as águas vão rolar’. Por este motivo,
componentes e esculturas serão balançados por meio de engrenagens, como se estivessem em
uma embarcação; representando a instabilidade que se anuncia: bamboleo, bambolea! Preferem
viver assim?
https://www.youtube.com/watch?v=m2imepmjQSg
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Setor Três:“Um destino para os Variantes”
Sequentia. Com a emergência dos Imperadores, o vilarejo Kolônia ganhou uma nova
funcionalidade. Tornou-se uma espécie de presídio para os variantes. Assim eram denominadas
as pessoas que se rebelaram contra o Sistema Operacional da Era do Fogo. Este setor conta um
pouco desta história com destaque para a trajetória de ‘Sorôco, sua mãe e sua filha’ e encerra
com um acontecimento inesperado para os prisioneiros: Kaos em Kolônia.
Ala 8:“Variantes do tipo 1”
Significado: Parte dos habitantes da Nova Terra não aceitou a divisão da mesma, nem o
sistema, imposto pelos Imperadores; formando, assim, alianças rebeldes. Estes rebeldes foram
chamados de variantes. Um fenômeno que atingiu os Três Reinos, quase ao mesmo tempo, por
mais que não existisse contato entre as populações. Mas, como já foi dito, tudo é programado! Os
componentes desta Ala estarão vestidos com a indumentária dos variantes de Britannia.
Descrição: A fantasia é inspirada nas vestimentas dos personagens principais do jogo ‘Assassin’s
Creed – Syndicate’ (2015), pois a trama se passa durante a Revolução Industrial, na Inglaterra, e
seus protagonistas (os irmãos Jacob e Evie Frye) lutam contra o sistema imposto por um
industrialista de nome Crawford Starrick.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Ala 9:“Lunáticos – what a lovely day (easter egg)”
Significado: Exército, criado pelos Imperadores para combater os variantes, capturando-os e os
encaminhando para Kolônia.
Descrição: Ala coreografada. Os integrantes farão acrobacias, somadas a golpes de artes
marciais, simulando combate e captura de variantes do tipo 1. A caracterização dos componentes
é inspirada na dos ‘kamicrazies’, soldados do Imperador Immortan Joe do filme ‘MadMax – Fury
Road’ (2015).
https://www.youtube.com/watch?v=4KlSuGNt8e4
Ala 10:“Variantes do tipo 2”
Significado: Com o passar do tempo, qualquer pessoa que não se adaptou ao padrão de
comportamento, imposto pela sociedade da Era do Fogo, era considerada um ‘variante’. E,
também, levada para Kolônia, só que por suas próprias famílias. O caso de: tímidos, epiléticos,
autistas, invertidos (homossexuais), prostitutas, adoradores da Era do Barro, adolescentes
grávidas, escritores 'subversivos', deficientes físicos, drogados, isto é, os deserdados sociais.
Descrição: Para representar diferentes tipos e personalidades, recorro à metáfora com doses
surrealistas. Assim, os componentes usarão perucas ‘black power’ (inspiradas na performance
‘Deeper and Deeper’ da cantora Madonna, de 1993) e óculos escuros coloridos. A fantasia será,
ainda, composta por escamas de peixe, representando aquela velha e conhecida expressão:
“peixe fora d’água’, pois era assim que os variantes do tipo 2 se consideravam.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
35
https://www.youtube.com/watch?v=Sk6LRXAQQ-s
Tripé (2) + Grupo Performático (3)“Trem de doido + a decisão de Sorôco”
Significado: Vilma desenvolveu uma doença mental, sem tratamento em Britannia e Juliana, sua
neta, integrou-se a Aliança Rebelde; ambas, portanto, consideradas variantes. Por isso, Sorôco,
após consultar familiares, decidiu entregá-las ‘aos cuidados’ de Kolônia.
Descrição: Este tripé representa a Estação Lady Inácia + uma locomotiva e um vagão. Os
espectadores poderão ver Sorôco entregando sua mãe e filha para os administradores de Kolônia.
E há outros que fazem o mesmo com seus familiares. No vagão, no lugar de janelas, há grades e,
em sua base, ao lado dos trilhos, será possível ver rosas pretas como adorno (Ver Argumento). As
paredes externas do vagão serão decoradas com polvos, representando a visão alucinada de
Vilma. Do lado de fora do tripe, componentes (grupo performático) representarão as ‘pessoas
normais’, zombando dos variantes com uso de placas (serão viradas para o público como forma
de provocação), contendo os seguintes dizeres: “tchau, queridos!”, “tchau, doidos!”, “tchau,
escória!”.
Ala 11:“O perfume das Rosas”
Significado: Antes do calvário, uma paisagem acolhedora. Por que não sustentar oposições, não
é mesmo? Piada de mau gosto? Quem sabe? Mas o fato é que as ferrovias que ligavam a planície
da Nova Terra até Kolônia eram ornamentadas por rosas. Havia rumores, espalhados por
variantes paranoicos, que tais rosas, na verdade, exalavam alguma espécie de entorpecente para
acalmar os ânimos dos prisioneiros mais exaltados. Cada Reino tinha uma cor específica:
vermelha, preta e branca.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Descrição: Os noventa componentes desta ala estarão vestidos de rosas, 30 para cada Reino.
Estarão dispostos verticalmente em relação à pista de desfile. Entre estes três grupos, que
representam as três cores de rosas, será possível ver elementos que representam trilhos
ferroviários. Gelo seco será utilizado para simbolizar o clima frio presente durante a viagem até
Kolônia.
Alegoria 3:“Kaos em Kolônia”
Significado: A terceira alegoria retrata o desembarque de Juliana e Vilma (e demais variantes)
em Kolônia. Elas encontraram um cenário caótico, vilarejo em ruínas; criaturas, vagando a esmo e
outras descontroladas. O que se sucedeu, afinal? Só assim, diante do imponderável, que a tal da
liberdade pode ser experimentada?
Descrição: Primeiro: a ‘saia’ da alegoria será adornada com materiais que lembram linhas
férreas, que estarão retorcidas e as rosas estarão com um aspecto de queimadas. Na parte frontal
da alegoria, haverá um portão, igualmente, distorcido. Para compor o resto do Carro, o público
verá os escombros das edificações góticas, incluindo as gárgulas. Variantes, descontrolados,
correrão por toda alegoria e enfrentarão ‘lunáticos’ e ‘morceganjos’, que foram acionados para
controlar esta ‘rebelião’ e, claro, impedir uma provável fuga para os Três Reinos. Claro, que duas
componentes estarão na alegoria, representando Vilma e Juliana. Estarão em constante
movimento, já que, afinal, precisam fugir do caos. Em função da condição de Vilma, a alegoria
apresentará algumas imagens que, aparentemente, serão desconexas com o contexto
apresentado. Trata-se de sua visão peculiar sobre este acontecimento como ocorreu com o Tripé
deste Setor. Que imagens são essas? Figuras de composição irão segurar adereços de mão que,
em sua extremidade, haverá peixes. Em cima de quatro colunas góticas decaídas, haverá sereias
(uma em cada coluna), tocando violino, um réquiem para Kolônia, certo? Vilma, por estar mais
desprendida, conseguia perceber a iminência da chegada da Nova Era.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Setor Quatro:“Por trás das palavras e ações batidas...”
Offertorium. O Quarto Setor mostra a fuga de Vilma e Juliana pela caótica Kolônia. A primeira é
levada por um ‘morceganjo’ e a segunda, sem opções, teve que se refugiar em uma Igreja gótica
do vilarejo, encontrando uma figura misteriosa e repleta de ‘frases de efeito’, de nome Pinhead.
Um encontro que mudaria a vida de Juliana de forma definitiva. A partir deste Setor, os
espectadores ficarão sabendo o que aconteceu com Kolônia. E detalhe: as alegorias 4, 5 e 6
estarão estruturadas sobre uma série de tubulações, simbolizando os túneis secretos do vilarejo
conforme descrito no ‘Argumento’ e a parte inferior das fantasia (próximo dos pés) destes Setores
terá uma coloração amarronzada pelo mesmo motivo.
Ala 12:“Ruínas góticas”
Significado: Esta ala é uma continuação da alegoria anterior, pois ainda retrata a fuga de Juliana
e Vilma pelas ruas do decaído vilarejo. Entre os obstáculos, encontrados, as próprias ruínas do
lugar. É evidente que Vila e Juliana viam este cenário de forma diferente e esta visão contraditória
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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será retratada na fantasia. O mesmo irá ocorrer na ala seguinte.
Descrição: A fantasia será composta por cacos, representando os escombros do vilarejo, o que
sobrou dele. No adereço de cabeça, haverá plumas azuis e peixes, simbolizando a visão peculiar
de Vilma, retratada na alegoria anterior.
Ala 13:“Berserk”
Significado: Por algum motivo, os variantes, que eram mantidos presos em Kolônia, perderam o
controle e passaram a destruir tudo que viam pela frente e ameaçavam fugir do local, descendo a
montanha, ameaçando, assim, a falsa estabilidade dos Três Reinos. O nome ‘berserk’ é inspirado
em um anime japonês homônimo e significa nada mais do que um estado ‘frenético’, furioso que
um indivíduo pode atingir.
Descrição: Ala coreografada. Os componentes masculinos e femininos usarão apenas uma calça
branca e terão seus rostos, pintados de vermelho e, finalmente, irão utilizar lentes de contato
brancas. Farão acrobacias, demonstrando irritabilidade. Duas componentes femininas,
representando Vilma e Sara poderão ser vistas, nesta ala, tentando fugir destes ‘variantes
descontrolados’.
Tripé (3):“Vilma capturada”
Neste tripé, haverá um ‘boneco’, articulado (tecnologia de Parintins), representando a criatura
‘morceganjo’, de pelos menos quatro metros de altura e, em suas mãos, uma componente,
simbolizando Vilma.
Ala 14:“BATERIA - Pinhead”
Significado: Após Vilma ter sido capturada por um ‘morceganjo’, Juliana refugiou-se na Igreja do
vilarejo. E lá encontrou uma figura misteriosa, chamada Pinhead. Os componentes da bateria
estarão caracterizados deste personagem.
Descrição: A fantasia terá inspiração gótica, na cor preta, com alguns detalhes em vermelho, e
lembrará um tipo de vestido. Os instrumentos, decorados de acordo com a estética do ‘Cubo das
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Revelações’. Os componentes serão maquiados: base branca e batom preto (Observação: caso
haja resistência dos integrantes masculinos, sobretudo em função do batom, basta oferecer uma
grana, afinal $$ dissolve sintomas e preconceitos infantis). Para complementar a indumentária,
usarão uma máscara para cabeça, composta de pregos como pode ser observado na figura a
seguir.
Ala 15:“PASSISTAS - Cenobitas”
Significado: Cenobita é uma palavra, originada do ‘latim arcaico’ e significa “membro de uma
comunidade religiosa”. No caso do enredo, eram os asseclas de Pinhead. Nada mais do que
variantes que tentaram encontrar na religião, nos sermões de seu líder, uma forma de não pirar
ainda mais diante dos horrores, cometidos em Kolônia. Lembrando que todos os ‘sintomas
positivos’ (as chamadas ‘alucinações’) de um ‘louco’ são, na verdade, uma tentativa de
reconstrução do mundo, trata-se de uma defesa do cérebro. (Freud, Caso Schreber).
Descrição: Os passistas usarão uma calça comprida preta e colete, igualmente, preto. Correntes,
cruzes, colares e outros adornos, típicos da estética gótica, irão compor a fantasia. Para o
‘adereço de cabeça’, uma réplica do ‘Cubo das Revelações’. Já as passistas usarão uma bota
preta de cano longo e um biquíni. Estarão de seios de fora. Em suas cabeças, perucas que
lembram o ‘cabelo’ da cantora já falecida Amy Whinehouse.
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Alegoria 4:“A Conjuração de Pinhead – eu sou o caminho”
Significado: A quarta alegoria representa o encontro entre Juliana e Pinhead em uma Igreja. Por
via de um aspecto de aparente loucura, sua função foi prepará-la para os fatos vindouros: a
verdadeira rebelião estava a caminho.
Descrição: Alegoria teatralizada. Reproduz o interior de uma Igreja de arquitetura gótica. O
público verá uma componente, representando Juliana, caminhando por entres os bancos (repletos
de variantes do tipo ‘cenobitas’, que repousam seus joelhos nos genuflexórios para fins de
oração), em direção à mesa de altar, onde se encontra Pinhead. O componente que o representa
vai ao encontro da jovem. Há dois telões de led (um, voltado para o lado esquerdo e outro, para o
lado direito e estarão ornados de acordo com o padrão estético da alegoria), localizados na parte
final do carro e em um ponto alto e visível para o público. Para quê estes telões? Para reproduzir
o diálogo (na verdade, mais o monólogo de Pinhead, as principais mensagens) entre os dois
personagens centrais em questão. Tal diálogo estará sincronizado com as ações de Pinhead e
Juliana, utilizando, assim, o mesmo artifício do cinema mudo. É um algo a mais, já que,
felizmente, tanto o público de casa como o da Sapucaí (Roteiro de Desfiles) tem acesso a todas
informações sobre um desfile.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Seguindo o que foi proposto no ‘Argumento’, o componente, representando Pinhead, entregará o
cubo das revelações à Juliana para ter acesso aos seus pensamentos. Outros seis telões de led,
(três para cada lado da alegoria) mostrarão o que se passa em sua cabeça, suas memórias. É,
por aí, que ele descobriu que a moça fazia parte da Aliança Rebelde. Em seguida, o público verá
Pinhead, maltratando um ‘cenobita’ e este nada fará, pois está recebendo grana para isso (avatar:
escravo. Ver argumento). Dando sequência, os telões mostrarão imagens de Carnaval, a tal ‘falha’
do Sistema, mencionada por Pinhead e tem mais: belos passistas (homens e mulheres) e ‘drags’
irão percorrer por toda alegoria, simbolizando (é uma metáfora) igualmente esta ‘falha’. Diante
deste cenário, para finalizar, Pinhead levará Juliana até a ‘mesa de altar’, que possui um
compartimento secreto e, então, irão desaparecer diante do público. Nas laterais da alegoria, no
chão, o público verá artistas ‘cuspidores de fogo’, representando o caos do vilarejo.
Setor Cinco:“Tratamento Especial”
Sanctus. O Quarto Setor mostra a ida de Juliana e Pinhead até o ‘Teatro da Readaptação’, local,
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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onde os ‘variantes’ recebiam dos administradores de Kolônia um ‘tratamento especial’, proposta
de readaptação ao padrão comportamental dos Três Reinos. Como mostrado no ‘Argumento’,
Pinhead tinha ‘segundas intenções’ com esta visita.
Ala 16:“Ratos que correspondem aos fatos”
Significado: Antes de passar pelos ‘tratamentos’, os variantes eram mantidos presos em
calabouços e lá sofriam com a falta de saneamento básico e tinham que conviver com ratos e
insetos.
Descrição: Os componentes estarão, obviamente, vestidos de ratos. O ‘adereço de cabeça’ desta
ala é a cabeça deste animal. Centenas de elementos que simbolizam baratas compõem a malha
da indumentária. O preto, marrom e cinza são as cores predominantes.
Ala 17:“Vai um ‘choque’, aí?”
Significado: A eletroconvulsoterapia, o popular ‘eletrochoque’, era uma forma de tratamento
que visava acalmar os variantes mais rebeldes, deixando-os catatônicos, sem força suficiente
pra se rebelar ou gerar qualquer tipo de manifestação.
Descrição: A fantasia é composta por um emaranhado de fios que culminam no ‘adereço de
cabeça’ que representa um cérebro sendo pressionado por duas mãos e, nestas, é possível
ver parte da máquina, utilizado neste tipo de ‘tratamento’.
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Ala 18:“Cérebro Revirado – Zumbitomia”
Significado: Eis a lobotomia, clássica intervenção cirúrgica no cérebro que também tinha
função de deixar os variantes catatônicos, inertes. Geralmente, este procedimento era
utilizado caso o método anterior (eletrochoque) não surtisse efeito.
Descrição: Como a lobotomia deixa os variantes catatônicos, sem rumo, os componentes
estarão fantasiados de zumbis, aquele estilo característico, apresentado em jogos e séries. O
rosto dos integrantes será maquiado para ‘entrar no clima’ do personagem em questão. O
‘adereço de cabeça’ terá uma cabeça (oh!! Jura?) com olhos esbugalhados, língua pra fora e,
a parte superior do crânio, estará aberta. No lugar do cérebro, macarrão e será possível ver
garfo e faca, ‘mexendo neste macarrão’. Uma metáfora, claro.
Ala 19:“Seja macho provedor! Seja recatada e do lar! Ui!”
Significado: Os variantes menos rebeldes eram submetidos a um tipo de ‘tratamento’ por via
de Engenharia Social. Eram obrigados a assistir, por horas a fio, vídeos motivacionais, que
enalteciam os Três Reinos e seus Imperadores. Havia vídeos específicos para homens e
mulheres. Para homens: como ser ‘machos provedores’. Para mulheres: o que deveriam fazer
pra serem ‘belas, recatadas e do lar’.
Descrição: Será possível ver, por toda fantasia, cristais, representando os símbolos do sexo
feminino (♀), do masculino (♂) – visão sexista, imposta pelos Imperadores –, e dos Três
Reinos. No adereço de cabeça, haverá um ‘óculos de realidade virtual’, por onde os variantes
assistem aos vídeos. Nesta Ala, haverá, também, mulheres, caracterizadas de uma figura
pública que gosta do papel ‘bela, recatada e do lar’; e homens com terno, gravata, ‘bombado’
e com um topete considerável. Como curiosidade, eles estarão usando coleiras e serão
puxados por elas. Como podem permitir isso ‘machos provedores’? Quem diria, hein? (kkk).
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Alegoria 5:“Teatro da Readaptação”
Significado: A quinta alegoria se apropria de uma estética surrealista para representar o
chamado ‘Teatro da Readaptação’. Neste local, os variantes passavam por uma série de
procedimentos físicos e mentais que visavam readaptá-los ao padrão de comportamento, imposto
pelos Imperadores. Os diferentes tipos de tratamento serão apresentados. Pinhead fez questão de
mostrar o ‘Teatro’ para Juliana, pois acreditava que ela se indignaria a tal ponto, diante das cenas
de horror e iniquidade, que este processo facilitaria seu despertar...
Descrição: A alegoria terá formato de um retângulo vazado e só será possível ver suas estruturas
de sustentação, obviamente, metálicas. Nas laterais (simetria, lado direito e esquerdo com as
mesmas informações e decorações), duas esculturas, voltadas para o público, que representam a
cabeça de um ser humano. Os olhos estarão meio esbugalhados e a língua estará para fora. Um
destas esculturas representará o eletrochoque e a outra, a lobotomia; seguindo o modelo,
apresentando nas alas. Entre estas cabeças, esculturas menores, representando picolés e,
dentro destes, o público verá seres humanos: o frio do calabouço, ora. No ‘chão’ do Carro, haverá
ratos, água suja e, claro, variantes; andando de um lado pro outro, sem rumo, nem direção. Do
meio da alegoria, partem quatro estruturas que terminam em bancos (altura de oito a nove metros)
que atingirão até a parte mais alta do Carro. Os variantes, sentados nestes bancos, estarão
amarrados e usarão os óculos de realidade virtual – técnica da Engenharia Social. A frente da
alegoria, uma outra escultura de cabeça, só que de dentro dela (da parte do crânio) haverá dois
componentes, simbolizando Pinhead e Juliana. Ele estará tomando um chá (inclusive, em alguns
momentos, oferece para o público), só observando a reação da jovem e ela fará movimentos
bruscos com a mão para demonstrar sua indignação. E para reforçar, ainda mais, este
sentimento, a componente usará uma peruca ‘black power’ vermelha. Nos quatro vértices
superiores desta estrutura retangular, o público verá esqueletos, com algumas peças de roupa
que lembram músicos (Ver Argumento). E, por fim, nas laterais do Carro, no chão, o público verá
componentes, trajados de ‘médicos’, segurando uma espécie de ‘coletores’ de dinheiro (parecidos
com o dízimo das Igrejas), simbolizando o lucro que tinham com Kolônia – o comércio da ‘loucura’.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Setor Seis:“Motor Morfogênico”
Benedictus. Após o contato com o ‘Teatro da Readaptação’, Pinhead resolveu contar para
Juliana o que, de fato, havia se sucedido em Kolônia, por que o vilarejo se encontrava naquele
caos. Tudo ocasionado pelo desejo de poder do Imperador de Britannia que criou um projeto de
exército, baseado no uso de alta tecnologia, mas que, por algum motivo, a experiência saiu do
controle. Este Setor mostra, portanto, a ida dos dois até o laboratório, incrustado em algum lugar
da Montanha Kuarup.
Ala 20:“Poder Ilimitado”
Significado: Dizem que o tal do ‘poder’ é um vício como qualquer outro. Quando se tem algum,
quer se ter mais, mais e mais. Não satisfeito de ter um Reino só para si, o Imperador de Britannia
desejou todo o território da Nova Terra e investiu pesado para atingir seu objetivo. Sintomas da
emergência da Era da Água, relações efêmeras, individualismo... Para que serve o ‘outro’
mesmo?
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Descrição: Talvez uma das fantasias mais luxuosas da agremiação, já que ela representa o
Imperador e seu desejo por ‘poder ilimitado’. Os componentes estarão vestidos com uma túnica
vermelha e vários colares e pulseiras como acessórios + plumas e faisões.
Ala 21:“Projeção Astral”
Significado: Para atingir o seu objetivo de domínio da Nova Terra, o Imperador Britannia e seus
cientistas desenvolveram o projeto, de nome ‘Projeção Astral’, com uma tecnologia nova e
avançada, chamada ‘Motor Morfogênico’. Essa máquina potencializa a capacidade da mente
humana de tal forma que não há a necessidade do corpo para se ‘materializar’. Seu exército
desfrutaria desta nova tecnologia, tornando-se praticamente imbatível. Ah, mas os outros dois
Imperadores não perceberam o movimento de Britannia? Resposta simples: zona de conforto!
Resposta secundária: quem disse que não sabiam? ‘Jogo é jogo’, certo?
Descrição: Esta fantasia é repleta de fios metalizados e os componentes usarão um capacete
que possui uma viseira da cor azul, representando o ‘motor’. Das costas dos desfilantes, partirão
fios (grossos) que sustentam um boneco, como se fosse um títere às avessas, representando esta
‘projeção astral’ – ‘alma’ saindo do corpo. Como se trata de um tipo de exército e Britannia é um
Reino sexista, os integrantes desta ala são exclusivamente masculinos.
Ala 22:“A dor como método”
Significado: Pinhead explicou a Juliana que os primeiros testes com variantes (e a subsequente
interação com o Motor Morfogênico) não deram certo, pois o método só funcionava se as ‘cobaias’
passassem por uma experiência traumática. Assim, os cientistas resolveram ‘usar’ os variantes
que já haviam passado pelos ‘tratamentos’ do ‘Teatro da Readaptação’. O sofrimento era tão
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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grande que eles desejavam, espontaneamente, abandonar o próprio corpo – chega de dor. Desejo
essencial para o funcionamento da máquina.
Descrição: A indumentária é constituída por estruturas metálicas, grades, com a finalidade de
passar a impressão de aprisionamento corporal. Entre as lâminas, partem pequenas esculturas de
cabeças, inspiradas no quadro ‘O Grito’, de Edvard Munch.
Ala 23:“A Rebelião de Ciata”
Significado: Eis a primeira variante a passar pela experiência com o ‘Motor’ após passagem pelo
‘Teatro da Readaptação’. Os cientistas comprovaram a tese da ‘dor como método’ e conseguiram
extrair sua alma de seu corpo. Entretanto, certo dia, sem motivo aparente, ela se rebelou, sendo a
principal causa da destruição, e subsequente, caos do vilarejo (esse ‘caos’ foi retratado na
alegoria 3).
Descrição: Ala exclusiva para mulheres. A fantasia será composta por fios metalizados,
elementos que lembram ‘bombas’ e, no ‘adereço de cabeça’, a máscara clássica que ficou
conhecida co o filme ‘V de Vingança’. Tudo isso costurado com matérias típicos (vime, palha) da
chamada estética africana do Carnaval Carioca.
“Alegoria 6:“O despertar de Arlequina”
Significado: A sexta alegoria apresenta como se deu o despertar desta, digamos, ‘entidade’, de
nome ‘Arlequina’. A partir do ‘Cubo das Revelações’, Pinhead havia descoberto que Juliana
guardava, nas profundezas de seu inconsciente, ‘programas’, relacionados ao Carnaval, ou seja,
‘falha do Sistema’. Desde então, via necessidade do afloramento desta ‘falha’ e nada melhor do
que utilizar o ‘Motor’ para se atingir este objetivo. As razões para este desejo de Pinhead nunca
foram esclarecidas, afinal, para quê mais confusão diante de um cenário já caótico, não é
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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mesmo? Certamente, tinha algum interesse ou, então, foi movido por uma destas qualidades de
sentimento que as pessoas não gostam de admitir que possuem como o ‘rancor’ ou, até mesmo,
em nível mais radical: o ódio. Será que era mais um que se incomodava radicalmente com o
Sistema, imposto pelos Imperadores? Ou não passava de uma marionete e isso tudo não passou
de um jogo, já conhecido? Bem, fato é que Arlequina despertou.
Descrição: Alegoria teatralizada. Tanto do lado direito, quanto esquerdo; haverá três motores
morfogênicos do mesmo tamanho. Na parte final do Carro, haverá mais dois de tamanho maior do
que os outros seis. Em um deles, teremos Ciata; já o outro, estará vazio. Pinhead e Juliana vão se
dirigir até a este ’Motor’ vazio. A componente que representa Juliana entrará na máquina, mas por
mais que Pinhead faça, ela não conseguirá fazer sua ‘projeção astral’. Logo após esta cena, os
Três Imperadores aparecerão na frente da alegoria, ameaçando os planos de Pinhead. Este, sem
alternativa, vai enfrentá-los. A disputa será entre ele e o Imperador de Britannia. Armas pro
combate? Espadas. Os dois integrantes, que representam os personagens em questão, estarão
numa espécie de elevador hidráulico que os elevará até sete metros de altura. O público verá uma
disputa ferrenha entre eles, mas o Imperador de Britannia levará a melhor e matará Pinhead.
Cena forte o suficiente para Juliana transformar sua indignação em algo produtivo. Muita fumaça e
gelo seco anunciarão a emergência de Arlequina. Como o laboratório estava incrustado em algum
canto da Montanha Kuarup, a saia do carro será enfeitada com um tipo de material que simulará a
textura e cor desta formação rochosa.
Setor Sete:“Incorporação”
Agnus Dei. O sétimo Setor mostra as mudanças que Arlequina provocou em Kolônia após a
passagem de sua matriz, Juliana, pelo ‘Motor Morfogênico’. E o réquiem ‘caiu’ no samba, quem
diria? Do gótico às cores vivas do Carnaval!
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Ala 24 (4x1):“ValeTudo”
Significado: Em latim, ‘valetudo’, significa saúde e isto é o objetivo fundamental desta Festa,
chamada Carnaval. Inversão, transgressão, ‘piração’... Todo o sintoma é considerado, é válido, é
colocado pra jogo. Nada se perde, inclusão radical de todas as manifestações da mente humana.
Arlequina, em seu exercício criativo, propiciou uma nova realidade para aqueles variantes, afinal,
como já cantava o Salgueiro, em 1997, “de poeta, carnavalesco e louco... Todo mundo tem um
pouco”. Assim, abram alas para pombas giras, drag queens, arlequins, colombinas, pierrots,
passistas, mendigos, ricos, pobres. Todos, sambando e se divertindo na mesma ‘frequência’.
Descrição: Quatro alas em Uma. Essa é a proposta. No total, são 320 componentes. A ‘ala das
crianças’ com a fantasia “Todo dia é dia de índio” (40 jovens) será o primeiro contingente deste
Setor. As outras 280 pessoas estarão caracterizadas com os elementos citados acima e, também,
com fantasias e adereços que a gente vê nos blocos do Rio; um tipo de Carnaval que já se
consolidou e é mais uma atração para cariocas e turistas. Pra quê competição, não é mesmo? A
gente incorpora, traz as características dos blocos para dentro da Avenida. Alguns integrantes
trarão adereços de mão, simbolizando urubus (easter egg), outros, em pernas de pau,
representando Titãs (easter egg), e, outros, representando ‘jegues’ (easter egg). Sobreviventes
(filhos de) do Hospital Colônia de Barbacena e de outros manicômios, muitos já desativados, irão
desfilar neste Setor. Observação: evolução livre, nada de fila, espontaneidade total. Os diretores
da Agremiação irão distribuir para o público, no momento de passagem desta Ala, fantasias
típicas de blocos e lançarão fitas, em verde amarelo, reproduzindo o efeito de ‘carnavalização’ de
Arlequina.
Alegoria 7:“Um pouco de Carnaval em sua vida”
Significado: A sétima alegoria mostra as transformações, sofridas em Kolônia após o ‘exercício
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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de criação’ de Arlequina. O clima soturno da estética gótica deu espaço para o da alegria e
confraternização.
Descrição: Logo a frente da Alegoria, será possível ver uma componente, caracterizada de
Arlequina com parte da indumentária de Pinhead, afinal este foi incorporado por ela. Alguns fios
luminosos sairão de suas costas e terminarão em túmulos que estarão localizados nas laterais do
carro (lado direito e esquerdo) para representar a fusão entre ela e as ‘almas’ dos variantes,
conforme descrito no Argumento. Outros fios luminosos sairão da espinha desta destaque, que
representa a personagem em questão, e findarão em estruturas que lembram os casarios e bares
da Lapa e do subúrbio do Rio: rodas de pagode, de samba, ‘comidas de boteco’ (simulação),
‘cervejinha’ (simulação), rebolado das mulatas, a ‘pinta’ das drags, a malemolência dos
‘malandros’. E a estética (sobretudo no que se refere à forma e cores) será inspirada nos quadros
‘Carnaval em Madureira’, de Tarsila do Amaral; ‘A Carioca’ e ‘Samba’, de Di Cavalcanti. Mais dois
detalhes: nas mãos de ‘Arlequina’ haverá luzes e ela apontará para Ala logo a frente e também
para o público, simbolizando seu efeito de ‘carnavalização’.
Setor Oito:“Sua Supremacia é uma fantasia!”
Communio. O Último Setor mostra o aparecimento do ‘Anjo da Reinstalação’ após a
carnavalização de Kolônia, iniciada por Arlequina. Toda vez que o ‘Sistema’ é ameaçado, ele
precisa ser ‘reinstalado’. Tal como na Comissão de Frente, todo começo é um recomeço...
Ala 25:“SKYFALL”
Significado: O Carnaval em Kolônia estava ‘bombando’, porém, em certo momento, os foliões
observaram que um Portão, localizado no Céu, estava se abrindo e duas gigantes mãos metálicas
traziam um ser mimético, uma espécie de ‘anjo robotizado’. Neste instante, os variantes foram
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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petrificados, exceto Arlequina.
Descrição: O ‘adereço de cabeça’ trará uma escultura, simbolizando os variantes petrificados e
este tipo de tratamento se estende por toda indumentárias, intercalando com fios metalizados,
representando as ‘luzes do céu’, o ‘Portão Estelar’ se abrindo.
https://www.youtube.com/watch?v=DeumyOzKqgI
Ala 26:“Nada é orgânico. É tudo programado!”
Significado: Com o aparecimento do ‘Anjo da Reinstalação’, ficou claro para Arlequina que
estava dentro de um jogo, de um Sistema e que sua autonomia praticamente não existia.
Descrição: Engrenagens, roldanas, parafusos compõem esta fantasia. É inspirada na
personagem ‘Gally’, do mangá japonês “Hyper Future Vision Gunn’. No lugar do ‘coração’, um
emulador robótico.
Segundo Casal de MS e PB“A dança entre Arlequina e o Anjo da Reinstalação”
Significado: O segundo Casal da agremiação representa a proposta do acordo, feita pelo ‘Anjo
da Reinstalação’ à Arlequina. Se ela continuasse a carnavalizar todo território da Nova Terra iria
sofrer uma forte resistência por parte de outros Poderes, o que poderia gerar uma guerra sem
precedentes. Para evitar isso, ele fez uma proposta a ela, que tal ter um Reino exclusivo?
Descrição: A porta-bandeira representa Arlequina, uma fantasia carnavalizada que mistura
elementos do Carnaval Carioca – plumas e faisões –, com a da estética da Arlequina do filme
‘Esquadrão Suicida’, que estreará em breve. Já o mestre-sala representa o ‘Anjo da Reinstalação’.
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Em seu costeiro, haverá asas e o resto da indumentária mescla plumas com estruturas metálicas.
Ala 27:“Bugs corrigidos”
Significado: Para o Sistema ser reiniciado, os ‘bugs’ precisam ser corrigidos. Mais uma tentativa
de se buscar a perfeição, o Nirvana. Já repararam que a ‘toada’ é a mesma? Bate-se com a cara
na porta, vê que o Nirvana não há, mas, ainda assim, tenta-se construir algo mais robusto com a
finalidade de encontrar a tal perfeição. Perda de tempo, não?
Descrição: Os componentes estarão vestidos de insetos. Tal como aquele componente da
Comissão de Frente, lembram-se dele? O público poderá ver, em suas mãos, uma espécie de
mata-mosquito, naturalmente, metáfora de que os ‘bugs’ serão eliminados.
Ala 28:“Qual vai ser, Arlequina?”
Significado: De acordo com o ‘Argumento’, Arlequina após ter recebido a proposta, deu um leve
sorriso, ‘fumou um charuto’ e repetiu, por três vezes, a palavra ‘Brasil’. O que será que ela quis
dizer com isso?
Descrição: Esta Ala só terá componentes mulheres, que representarão este momento enigmático
de Arlequina. Carregarão um elemento cenográfico, simbolizando charuto; no ‘adereço de
cabeça’, uma peruca ‘black power’ preta e, para o resto da fantasia, a predominância das cores
verde, azul e amarelo.
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Alegoria 8:“Brasil, Brasil, Brasil”
Significado: E, finalmente, a última alegoria do Império do Espírito, retrata o surgimento do ‘Anjo
da Reinstalação’ que, literalmente, pôs um fim na Festa Carnavalesca que acontecia em Kolônia.
O seu aparecimento foi para evitar o colapso do Sistema, o anúncio de que Ele precisava, mais
uma vez, ser reiniciado. Mas como Arlequina havia atingido um outro nível de existência, o ‘Anjo’
ofereceu a ela um Reino exclusivo, o papel de Imperatriz, a primeira da Nova Terra.
Descrição: Na parte final da Alegoria, duas grandes mãos, que lembram as do Abre-Alas da
Mocidade, em 1996, só que, neste caso, são metálicas, estarão sobre o grande destaque, que
simboliza o ‘Anjo da Reinstalação’. Várias esculturas (na coloração cinza), que simbolizam os
variantes petrificados, serão posicionadas em vários pontos do Carro. À frente, haverá uma
escultura de Arlequina, que reproduzirá o modelo da Ala 28, segurando três leviatãs (criaturas
mitológicas, mas também utilizadas, sobretudo por Thomas Hobbes, como símbolo de um
governo Central e totalitário), que representarão a repetição da palavra Brasil. Tais criaturas serão
ornadas com significantes do Brasil e, também, do Hospital Colônia de Barbacena. A ‘saia’ da
Alegoria terá a sequencia binária (0/1) como enfeite.
Ala 29:“Velha-Guarda”
“Porque o importante é estar bem vestido, com classe”
Roupa tradicional da ‘velha-guarda’, pois, afinal, para dar seu recado não precisa de penduricalhos,
nem excesso.
Ala 30: “Compositores”
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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Referências
Livros/ Contos/ Games/ Filmes/ Animes/ Músicas:
- A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud
- Caso Schreber, Sigmund Freud
- Hyper Future Vision Gunnm, de Yukito Kishiro
- História da Loucura, Michel Foucault
- Holocausto Brasileiro, Daniela Arbex
- Muito Além do Nosso Eu, Miguel Nicolelis
- Modernidade Líquida, Zygmunt Bauman
- The Hellbound Heart, Clive Barker
- Sorôco, sua mãe, sua filha, Guimarães Rosa
- Assassin’s Creed – Syndicate, Ubisoft
- Bloodborne, Hidetaka Myazaki, FromSoftware
- Dark Souls 3, Hidetaka Myazaki, FromSoftware
- Minecraft, Markus Persson, Microsoft
- Outlast, J.D.Petty, Red Barrels
- Towns of Light, Luca Dalco, LKA
- 2001, Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick
- Berserk, de Naohito Takahashi/ OLM
- Brazil, de Terry Gilliam
- Code Geass: a Rebelião de Lelouch, de Goro Taniguchi/ Sunrise
- Hellraiser, de Clive Barker
- Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick
- MadMax: Fury Road, de George Miller
- Star Wars III: A Vingança dos Sith, de George Lucas
- Star Wars VII: O despertar da Força, de J.J Abrams
- Admirável Chip Novo, Pitty
- Cara Estranho, Los Hermanos
- Deeper and Deeper, Madonna
- Filho do Dono, Flávio José
- Gosto que me enrosco, Portela (1995)
#Réquiem para Kolônia E o despertar do Carnaval
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- Lonely Day, System of a Down
- Morceganjo, Caprichoso
- O Muro, Herbert Vianna
- Réquiem em ré menor, Mozart
- Sagarra Jô, Kalakan
- Supremacy, Muse
- The Wall, Pink Floyd
Internet:
#http://www.geledes.org.br/holocausto-brasileiro-50-anos-sem-punicao-hospital-colonia-
barbacena-mg/
#https://www.youtube.com/watch?v=1xBQr5zFAHs
#https://www.youtube.com/watch?v=t8Hn-jWbAao
#https://www.youtube.com/user/Zangado
#https://www.youtube.com/user/BRKsEDU
#https://www.youtube.com/user/SinXplays
#https://www.youtube.com/user/LuckySalamand3r
* Akagi Azzuma é jogador profissional de poker e mahjong e autor dos enredos ‘O homem e suas
extensões – a comunicação no mundo contemporâneo’, ‘Laranja Mecânica’, ‘Sunset Phantom’,
‘Samsara – uma jornada ao Oriente’ e ‘Revirão Geni – para além do bem e do mal’.